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PARECER JURÍDICO

TEMA:

O ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL – Avanço ou nova


discriminação?

PARECER:

A relação entre raças na sociedade brasileira tem


representado um desafio histórico. Na prática, o que se busca
como questão essencial é propiciar que todo o cidadão,
independente de sua raça ou cor, possa ter igualdades de
condições na empreitada de crescimento individual.
Visando chegar a uma melhoria considerável no tocante às
desigualdades raciais, foi sancionado o Estatuto da Igualdade
Racial em 24 de novembro de 2003.
É válido ressaltar que ao acusar desigualdade racial, não
nos referimos à pratica indiscriminada de preconceito para com
a cor do indivíduo.
O que se busca é a análise aprofundada da história de um
país que tem como raiz a subordinação de uma classe pelo tom
de sua pele.
O Estatuto em análise tem, mesmo que
incompreendidamente, uma visão ampla e profunda desse
período que vem a manchar de sangue a história do
desenvolvimento no Brasil.
É fácil achar absurda a alegação de inclusão racial, se
colocarmos como embasamento a sociedade atual, onde todos
convivem pacificamente, mesmo porque não há tempo para
pensar muito em detalhes como a cor da pele.
Mas como em todas as sociedades, somos a evolução de
gerações anteriores.
Tal evolução depende de todo um contesto para chegar ao
ponto em que nos encontramos.
Um jovem branco que é filho de ‘doutor’, neto de ‘doutor’,
e assim sucessivamente, tem um leque de condições e
possibilidades diferente de um jovem, normalmente negro ou
pardo, que vem de uma família na qual, todos trabalham desde
os 05 anos para conseguir colocar comida na mesa. É fácil
imaginar aonde chegará o jovem vindo de família privilegiada,
bem como suas próximas gerações, mas chega a ser heróico
pensar no que seria necessário ao jovem menos favorecido para
que este conseguisse chegar a algum lugar no atual mercado de
trabalho.
As condições de acesso à educação e cultura que temos na
atualidade, são conquistas recentes. Há 20 ou 30 anos atrás, só
tinha acesso à educação e cultura, quem tivesse condições de
pagar caro, além da disponibilidade quase que integral para
concluir uma faculdade. É utopia achar que existe outra
maneira, senão pela educação, de conseguir se destacar e
adquirir condições para proporcionar às gerações posteriores,
alternativas para disputar as mesmas possibilidades que
qualquer outro cidadão.
Daí vem a função social do Estatuto da Igualdade Racial.
Toda uma geração pormenorizada historicamente chegou
à atualidade sem muitos avanços de paridade de recursos e
possibilidades. Trilhando, geração após geração, um caminho de
subsistência básica. Sem condições de deixar de trabalhar o
quanto agüentar para dar o mínimo de conforto aos seus.
Claro que não se exclui deste contesto, os demais cidadãos
que sofrem com a disparidade social. Mas este parecer se limita
a análise da sociedade negra sob o ponto de vista do Estatuto
da Igualdade Racial.
Há um atraso de pelo menos cinco décadas na
implementação dos princípios e dispositivos constantes no
referido Estatuto, o que não dificulta ou sequer impossibilita sua
adequação às necessidades sócio-econômicas atuais.
Desta forma, vemos a instituição do Estatuto da Igualdade
Social como um avanço que certamente acarretará, a médio e
longo prazo, uma modificação significante nas vidas das
próximas gerações, proporcionando oportunidades iguais a
todos aqueles que buscam uma vida melhor.
Assim, não pode deixar de conhecer do tema analisando
intimamente o desenvolvimento social de toda uma geração
culturalmente e socialmente excluída, primando pela
aplicabilidade do princípio Constitucional da Equidade que
consiste na adaptação da regra existente à situação concreta,
observando-se os critérios de justiça e igualdade.
Pode-se dizer, então, que a equidade adapta a regra a um
caso específico, a fim de deixá-la mais justa. Ela é uma forma de
se aplicar o Direito, mas sendo o mais próximo possível do justo
para as duas partes.
Essa adaptação, contudo, não pode ser de livre-arbítrio e
nem pode ser contrária ao conteúdo expresso da norma. Ela
deve levar em conta a moral social vigente, o regime político
Estatal e os princípios gerais do Direito. Além disso, a mesma
"não corrige o que é justo na lei, mas completa o que a justiça
não alcança".
Sem a presença da equidade no ordenamento jurídico, a
aplicação das leis criadas pelos legisladores e outorgadas pelo
chefe do Executivo acabariam por se tornar muito rígidas, o que
beneficiaria grande parte da população; mas ao mesmo tempo,
prejudicaria alguns casos específicos aos quais a lei não teria
como alcançar. Esta afirmação pode ser verificada na seguinte
fala contida na obra "Estudios sobre el processo civil" de
Piero Calamandrei:

“[...] o legislador permite ao juiz


aplicar a norma com eqüidade, ou
seja, temperar seu rigor naqueles
casos em que a aplicação da mesma
(no caso, "a mesma" seria "a lei")
levaria ao sacrifício de interesses
individuais que o legislador não pôde
explicitamente proteger em sua
norma”.

Teófilo Otoni, 10 de setembro de 2010.

Júlia Carolina Grateki Santos Santana


Parecerista

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