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FATEC – SP

FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SÃO PAULO


CURSO DE CAPACITAÇÃO EM TECNOLOGIAS AMBIENTAIS
DISCIPLINA: POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

PARTE I - INTRODUÇÃO AO CONTROLE DA POLUIÇÃO DO AR:


CONCEITOS, DEFINIÇÕES, POLUENTES ATMOSFÉRICOS,
COMBUSTÍVEIS, FATOS HISTÓRICOS E GENERLIDADES

Sérgio Rancevas
Março de 2002
ÍNDICE

1. Conceito de poluição do ar..........................................................................................pg. 1

2. Poluentes atmosféricos................................................................................................pg. 3

3. Combustíveis...............................................................................................................pg. 5

4. Episódios críticos de poluição do ar...........................................................................pg.12

Referências bibliográficas................................................................................................pg.14

Anexos à primeira parte...................................................................................................pg.15


INTRODUÇÃO AO CONTROLE DA POLUIÇÃO DO AR: CONCEITOS,
DEFINIÇÕES, POLUENTES ATMOSFÉRICOS, COMBUSTIVEIS, FATOS
HISTÓRICOS E GENERALIDADES.

1. CONCEITO DE POLUIÇÃO DO AR

Existem dois conceitos a se considerar: o denominado de popular e o técnico.

Entende-se por conceito popular a maneira pela qual a pessoa comum, sem formação técnica
específica, reconhece determinado problema de poluição do ar. Evidentemente, o faz de uma forma
apenas sensitiva, o que determina considerar, desta forma, poluição do ar como qualquer substância
“estranha”, normalmente não presente no ar atmosférico, que causa alguma espécie de percepção,
em geral desagradável, como a da presença de odores, ruídos ou simplesmente de algo que impede
a observação ou torna menos bonita a paisagem observada em determinado local (presença de
fumaça, poeiras, névoas, etc.).

Uma vez que acima considerou-se a possibilidade da existência do ar impuro, é dever lembrar que o
“ar puro” corresponde a uma mistura de gases, principalmente o oxigênio (O2) e o nitrogênio (N2), o
primeiro presente em aproximadamente 21% em volume e o segundo em 79%; existindo também a
presença de outros gases em proporção bem menores, totalizando todos cerca de 1%,
correspondendo principalmente ao gás carbônico (CO2), vapor d’água e gases nobres.

Por outro lado, o conceito dos técnicos especialistas é muito mais abrangente e incorpora definições
que, no fundo, formam a base da execução do controle moderno da poluição do meio ambiente,
neste caso não só da poluição do ar como também das águas e do solo, pois refere-se à definição
geral de poluição tal qual encontrada na nossa Legislação Estadual (2001) e que procuramos, a
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seguir, resumir e adaptá-la ao nosso interesse imediato, que é o controle da poluição do ar.
Entende-se por poluição do ar a liberação para o ar atmosférico ou a presença neste de matéria ou
energia em quantidades tais que possam a vir causar incômodos ou danos à saúde da população,
bem como danos aos materiais, à fauna e à flora.

Acima destaca-se em negrito as palavras consideradas importantes e merecedoras de comentários


adicionais. Matéria ou energia são destacadas por ser muito comum associar-se poluição do ar
como sendo matéria, mas e energia também não pode ser poluição do ar? Claro que pode ser
poluição, só não é seguro considerá-la como poluição do ar, coisa que os especialistas no assunto
fazem questão de não admitir como tal. Segundo estes, poluição do ar é aquilo que é propagado
somente pelo ar e não também através dos sólidos e líquidos como a energia consegue realizar.
Portanto, para estes especialistas, a poluição por energia deve ter um destaque específico como
possuem a poluição do ar, das águas e do solo. O que é plenamente justificável, principalmente, ao
se considerar os problemas já identificados como relacionados especificamente com a poluição na
forma de energia e que, até então, foram muito pouco estudados, sabendo-se muito pouco sobre os
reais efeitos nocivos que possam causar. Estamos nos referindo, por exemplo, aos efeitos das ondas
eletromagnéticas transmitidas pelas antenas de rádios, televisões e aparelhos celulares, do qual
muito se fala mas pouco se sabe sobre os reais danos que possam causar.

Destaca-se também a palavra quantidade e aqui tem-se uma abertura importantíssima para a base
do controle da poluição do ar, pois já no conceito temos embutido a definição de padrões ou seja,
das quantidades mínimas de determinado poluente que se podem admitir nas chaminés ( padrão de
emissão) ou no meio ambiente ( padrão de qualidade), sem que as mesmas possam causar algum
tipo de efeito danoso e se constituírem em poluição propriamente dita. Isto é muito importante, pois
a poluição vai realmente existir a partir de determinada quantidade. Pode-se admitir a presença de
quantidades residuais, que não causam efeitos danosos e que também devem ser tecnicamente
admitidas, pois não existem controles absolutos para os poluentes atmosféricos. Não existem
equipamentos de controle da poluição do ar com 100% de eficiência!

Quanto às palavras incômodos e danos, pode-se dizer que a primeira é até mais importante, pois as
reclamações quanto à poluição do ar e portanto, com a determinação do respectivo controle, estão
muito associados com o incômodo que a presença dos diversos poluentes atmosféricos podem
causar. Na maioria das vezes os incômodos não causam efeitos diretos à saúde, mas pela próprio
conceito técnico são considerados poluição do ar devendo ser controlados. Muito do controle
corretivo exercido pelos órgãos ambientais estão baseados numa sistemática de atendimento a
reclamação da população. Esta reclama e muitas vezes o faz pelo incômodo que a poluição causa,
desta forma aciona-se o órgão ambiental, que através da inspeção de alguns dos seus técnicos,
determinará a procedência ou não da reclamação e portanto, da existência de um problema para o
qual um controle poderá ser exigido, começando-se assim os procedimentos necessários para a
tentativa de resolução de um determinado problema de poluição do ar.

Finalmente, destaca-se os materiais, fauna e flora, que evidentemente em muitas ocasiões devem
ser preservados, pois são considerados bens ou patrimônios da humanidade e também, por outro
lado, não devem ser deteriorados ou contaminados, pois se o forem poderão causar danos indiretos
às próprias pessoas. Neste particular, lembra-se, por exemplo, a possibilidade de uma determinada
indústria recuperadora de chumbo, localizada na zona rural, possuindo como vizinhos fazendas,
onde hortaliças são plantadas e comercializadas. A contaminação das mesmas por partículas de
chumbo poderá ter como receptor final as pessoas que se alimentarem do produto, podendo assim as
mesmas indiretamente sofrerem os danos daquela emissão de poluente, que não foi devidamente
controlada.

Para o transcorrer desta introdução até sua finalização, basta permanecer-se no conceito popular de
poluição do ar. Voltaremos ao conceito técnico nos itens posteriores, quando for tratado
especificamente do controle da poluição do ar, sua execução e tecnologias correspondentes
aplicadas.

2. POLUENTES ATMOSFÉRICOS

A presença de poluentes no ar atmosférico é mais antiga do que a própria presença do homem na


face da Terra!

Sem dúvida a afirmação acima é verdadeira. Naquelas épocas, se alguém aqui pudesse estar
presente, fatalmente perceberia e até poderia ficar incomodado com os gases provenientes das
erupções vulcânicas, ou das poeiras oriundas dos ventos batendo contra as areias das praias ou dos
desertos e até mesmo poderia perceber a fumaça originada das queimas espontâneas, quando dos
raios atingindo os galhos secos da vegetação existente durante as tormentas e tempestades daqueles
tempos remotos, que não voltam mais. Tudo isto é poluição. Não resta a menor dúvida, basta, pelo
menos, considerar o conceito popular de poluição visto no item anterior. Não é mesmo?

Falamos em queima e isto é muito importante. Basta deslocarmos para o presente e constatarmos a
importância atual da queima para o bem estar da população, gerando evidentemente também os seus
transtornos, que são os relacionados com a emissão de poluentes atmosférico. Os problemas de
poluição atmosférica dos grandes centros urbanos estão, sem dúvida, relacionados com a queima de
combustível, seja ela nas fontes de poluição denominadas estacionárias, correspondendo aos
fornos, caldeiras, incineradores ou outros equipamentos fixos constantes dos arranjos físicos dos
nossos ambientes industriais, comerciais ou institucionais ; ou seja ela nas fontes de poluição
denominadas móveis, constituindo-se estas dos nossos veículos automotores, ônibus, caminhões,
trens, aviões, etc. Sem dúvida ! A grande vilã da poluição do ar dos grandes centros urbanos é a
queima dos diversos combustíveis atualmente comercializados.

Mas por que a queima é tão importante? Por que a queima gera poluição do ar? Para responder estas
questões, temos que conhecer o processo de combustão, que nada mais é do que uma reação de
oxidação, ou seja a reação de alguns compostos presentes nos diversos combustíveis com o
denominado comburente, o oxigênio presente no ar atmosférico. Dos compostos presentes nos
combustíveis, o mais importante é o carbono ( C ), que ao reagir, de modo completo, com o
oxigênio produz gás carbônico ( CO2 ) e liberando calor, que pode ser aproveitado para
aquecimento de ambientes, cozimento de alimentos, etc. Porém, é muito difícil ser esta
transformação realizada totalmente de forma completa. Por melhor que o combustível se misture
com o comburente, sempre haverá uma parcela do carbono presente que não consegue se oxidar,
dando origem à fumaça, que é constituída por aquelas partículas pretas muito pequenas, que
notamos nas saídas das diversas chaminés como também nos tubos de descargas de gases dos
veículos. Poderá haver também uma oxidação apenas parcial, originando-se o monóxido de
carbono ( CO ), que pode, dependendo da concentração que alcançar, apresentar-se como um
poluente terrível, causando efeitos muitos graves ao organismo humano, pois tem a capacidade de
ocupar o lugar do oxigênio transportado, pela hemoglobina do sangue, para os diversos órgãos do
corpo humano, que necessitam de oxigênio para o desempenho das sua funções e não da substância
indesejável e tóxica que é o monóxido de carbono.

Devido a alta volatilidade, podem existir compostos nos combustíveis que são liberados antes de
poderem ser oxidados, são os denominados compostos orgânicos voláteis (VOC). Dentre estes
destacam-se os hidrocarbonetos, como os presentes na gasolina dos veículos automotores e os
aldeídos, substância presente no álcool etílico, que foi muito utilizado, durante algum tempo, aqui
no nosso país, por ocasião do programa alternativo de utilização do álcool em substituição à
gasolina para economizar o petróleo, que se apresentava na época com preço muito elevado.

São também formado por oxidação completa ou não, os denominados óxidos de enxofre ( SOx) e
óxidos de nitrogênio ( NOx). Os primeiros por causa da existência do enxofre em alguns
combustíveis, é o caso dos óleos derivados do petróleo e do carvão mineral. Os segundos,
principalmente, pela sua presença no ar (comburente). Todos estes óxidos dependendo da
concentração podem causar danos diretos à saúde da população exposta aos mesmos. Os mesmos
também podem causar danos indiretos, os SOx contribuindo para a formação das chuvas ácidas e
os NOx para a formação de oxidantes fotoquímicos, poluentes secundários conforme abaixo
considerado.

Todos os poluentes até então considerados são chamados de poluentes primários, pois são
formados no próprio local onde a queima se processa, ou seja no próprio espaço delimitado por
aquilo que denominamos de fonte de poluição do ar. Existem outros poluentes que são chamados de
secundários, pois são formados no meio ambiente, como conseqüência de reações entre outros
poluentes primários e também, em alguns casos, com a colaboração da luz solar. Dentre os
poluentes secundários específicos, os mais importantes são os denominados oxidantes fotoquímicos,
cujo o ozônio ou ozona ( O3) é o mais conhecido, sendo formado por reações complexas no meio
ambiente envolvendo, entre outros, os VOC’s e NOx, . Este ozônio, a qual se refere neste momento,
é conhecido como o ozônio troposférico ou ozônio maléfico, que pode causar danos à saúde da
população exposta. Existe, por outro lado, o ozônio mesosférico ou benéfico, que possue a
qualidade de funcionar como filtro para a radiação ultravioleta proveniente do sol e que pode causar
males (câncer de pele) na população exposta aos raios solares.

A fumaça, cuja formação na queima foi discutida acima, é um dos poluentes que se apresentam na
forma de partículas muito pequenas, com diâmetro médio abaixo de 100 micras, denominação no
plural de mícron, que eqüivale a milésima parte do milímetro. Os outros poluentes particulados são
classificados, de acordo com a forma como são gerados, em poeiras, névoas e fumos (1993) . 1

As poeiras são formadas por “ação mecânica”, por exemplo, pela ação do vento contra as areias das
praias ou dos desertos ou, no caso da queima, pelo arraste provocado pela expansão dos gases,
produtos da combustão, em fornos, como, por exemplo, nos fornos de produção de clinker, que dará
origem ao cimento. Como nesta produção a matéria prima é previamente triturada, é grande o
arraste de partícula (poeiras) de granulometria variada presente no efluente gasoso de saída nas
chaminés correspondentes, mesmo existindo equipamentos de controle implantados.

As névoas são partículas líquidas (gotículas) formadas por condensação de vapores, normalmente
vapor d’água e os fumos partículas sólidas muito pequenas, formadas pela sublimação de vapores,
principalmente vapores de metais leves, por exemplo, zinco, cobre, alumínio e latão nos processos
onde estes materiais são recuperados ou primariamente produzidos.

Para finalizar este item, que considera os poluentes mais importantes ou os mais presentes na
atmosfera dos grandes centros urbanos, deve-se comentar alguma coisa referente ao dióxido de
carbono ( CO2 ). Afinal de contas pode ou não tal composto constituir-se num poluente atmosférico
?

Para a questão acima ser respondida temos que considerar dois aspectos: a poluição localizada e a
poluição generalizada ou global, referindo-se esta aos possíveis efeitos gerais, que a massa total de
todos os poluentes atmosféricos gerados nas diversas fontes, quer sejam móveis ou estacionárias,
existentes nos diversos países do nosso planeta, poderiam ocasionar.

Localmente não existem efeitos consideráveis na presença do CO2 , mesmo podendo ser alta a
concentração deste composto, pois o mesmo é o que se deseja formar numa queima de combustível,
refletindo queima completa, portanto menor emissão de outros poluentes e melhor aproveitamento
energético. Trata-se de um composto incolor, inodoro e não tóxico como o é, por exemplo, o
monóxido de carbono, obtido por queima incompleta. O efeito danoso do CO2 estaria restrito a uma
condição muito difícil de ocorrer em ambientes com ventilação razoável, pois seria a sua presença
em local confinado, com pouco oxigênio presente e queima se processando. O composto poderia
ocupar o lugar do oxigênio no local e assim poderia causar asfixia nas pessoas presentes, que
necessitam de O2 para a respiração e não de CO2.

Globalmente, há quem considere o CO2 como um dos responsáveis pelo efeito estufa, ou seja a
presença do mesmo e de outros gases, como o metano (CH4), poderia funcionar como uma tampa
nas camadas superiores da atmosfera, impedindo um melhor dissipação de calor do globo e
contribuindo para o aumento da temperatura média do mesmo, o que poderia causar a antecipação
do fenômeno natural de degelo das calotas polares, causando isto o efeito negativo de elevação do
nível dos oceanos, efeito este que arrasaria as nossas cidades litorâneas. Tal situação é muito
discutida entre os diversos cientistas, pois há também quem pense que se o CO2 produz o efeito de
impedir a dissipação de calor, contrariamente, existem outros poluentes, como o material
particulado, cuja presença produz efeito contrário, impedindo, por exemplo, o aumento da
temperatura da atmosfera da terra por impedir maiores trocas de calor por irradiação solar.

3. COMBUSTÍVEIS
No item anterior, acredita-se ter demonstrado que toda a queima origina poluentes atmosféricos.
Apesar disto, em determinado ponto da história da humanidade, o homem aprendeu a produzir o
fogo!

Maravilhosa ou terrível descoberta?

Maravilhosa descoberta ao se considerar os benefícios que a queima proporcionou e vem


proporcionando para toda a humanidade. Outrora, de imediato, oferecendo a oportunidade de
melhorar a alimentação através da prática do cozimento e também oferecendo proteção quanto ao
frio, evitando que as sociedades tivessem que fugir do mesmo e, portanto, contribuindo para que
estas, gradativamente, deixassem de ser nômades para se tornarem cada vez mais sedentárias. Mais
recentemente, agregando também os benefícios da industrialização, eletrificação e da locomoção
através da queima de combustíveis em motores a explosão interna em automóveis, ônibus ,
caminhões e outras fontes móveis, que hoje são as grandes responsáveis pela presença de poluentes
atmosféricos nas nossas grandes cidades e regiões metropolitanas.

Terrível descoberta se considerarmos a poluição que pode ser gerada e seus efeitos correspondentes.
Evidentemente, de imediato, o homem não tinha conhecimento deste problema e , na verdade,
demorou muita a adquiri-lo! A consciência quanto aos verdadeiros danos da poluição do ar e a
necessidade do seu controle é muito recente. A dificuldade de se chegar a esta plena consciência
está relacionada com os efeitos que, normalmente, são crônicos e não agudos (1990). Ou seja a
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poluição se compõe com outros fatores causais das doenças respiratórias e, de modo geral, contribui
para “matar aos poucos” (efeito crônico), sendo difícil por causa disto a percepção dos seus efeitos
diretos à saúde. Somente quando as nossas cidades se organizaram de tal forma a aglomerar as
fontes de poluição é que as concentrações chegaram a patamar elevadíssimos, contribuindo para
efeitos agudos, causando internações hospitalares e mesmo óbitos, fatores decisivos para alcançar-se
a plena convicção da existência do problema e da necessidade do controle correspondente.

Não somente a plena conscientização dos problemas de poluição ar é recente, mas também a
conscientização de todos os problemas ambientais o é. Na verdade, a plena conscientização ainda
não se concretizou: O homem ainda não conseguiu controlar todos os impulsos naturais para a
ganância, procurando desenfreadamente a riqueza, o poder e sendo imoral com relação a natureza.

Imoral ! Imoral por quê?

A moral pertence a uma das mais antigas disciplinas da filosofia (400 AC) e, segundo Lordas
(2001) , trata da busca e respeito à Verdade do que nos rodeia, incluindo-se a Natureza e, portanto, o
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respeito à mesma, que deve e pode ser usada pelo homem, mas sem fazer com que perca a sua
dignidade. Por exemplo, o lixo é a natureza que perdeu sua dignidade. O homem difere dos animais
porque raciocina e não age somente pelo instinto, portanto, o raciocínio deve ser usado no sentido
de aproveitar a natureza de forma mínima e recompô-la da melhor maneira possível para que tudo
não seja destruído rápidamente, o que já aconteceu em partes e poderá continuar a acontecer se a
falta de consciência, o desrespeito e esta imoralidade toda prevalecerem.

Com referência à reflexão que acabamos de concluir, recomenda-se a leitura dos dois textos anexos
às últimas páginas deste primeiro item. O primeiro é muito conhecido pelos ambientalistas
referindo-se a um indígena da América do Norte, que de forma brilhante, respondeu aos “homens
brancos” que queriam ocupar as terras pertencentes a sua tribo. O segundo nunca foi publicado em
lugar algum, faz-se aqui pela primeira vez, tratando-se meramente de reflexões deste que lhes
escreve, quando era adolescente nos idos anos de 1965 a 1969 e quando o homem acabava de pisar
na lua, lembrando-se, para quem não a viveu, tratar-se de uma época em que os aspectos de
controle da poluição e preservação do meio ambiente eram quase que inteiramente desconhecidos
pelo grande público, pouco aparecendo na imprensa e demais meios de comunicação.

Bem, é hora de voltar ao assunto principal. A utilização de combustíveis é muito importante para as
nossas diversas sociedades. Desta forma, analisaremos os principais tipos de insumos que são
utilizados para a queima. Neste particular abordaremos aspectos positivos e negativos relacionados
com cada um dos tipois existentes para comercialização. Aspectos ligados ao calor gerado e a
maior ou menor quantidade de poluentes que cada um pode gerar.

O calor liberado está relacionado com a grandeza definida como poder calorífico para cada
combustível. Tal grandeza mede o calor, expresso em quilocalorias (Kcal), gerado pela queima de
uma unidade do combustível considerado, geralmente unidade de volume para combustíveis
gasosos (Nm3 – normal metro cúbico) e unidade de massa (Kg – quilogramas) para combustíveis
líquidos ou sólidos.

O poder calorífico é medido em laboratórios através de calorímetros, que são recipientes revestidos
com material refratário, que proporcionam perda mínima de calor para o ambiente, quando no
interior dos mesmos se processam a queima de uma unidade dos diversos combustíveis em
condições padrões para a determinação do Poder Calorífico Superior (PCS), que assim é
denominado por considerar no seu valor o calor latente de vaporização da água presente ou formada
durante a queima.

O PCS é o que realmente é obtido experimentalmente, pois tal determinação é feita após a queima
da unidade do combustível, que provoca um aumento da temperatura no interior do calorímetro com
perdas de calor para o exterior, como dissemos, menores possíveis. Após a queima, o resfriamento
do interior do calorímetro para a temperatura inicial, realizado através da circulação de água em
serpentinas (contato indireto), produz um aquecimento desta água de refrigeração, cujo o calor
correspondente é determinado através do conhecimento da sua vazão mássica, do calor específico a
pressão constante da água e da diferença de temperatura entre as condições mais fria e aquecida ( ).
Q mc p  t

Após este resfriamento a água do combustível e a formada na queima estarão no estado líquido,
cujo o calor latente correspondente estará, portanto, contabilizado no aquecimento da água de
circulação.

A outra grandeza denominada Poder Calorífico Inferior (PCI) não é determinada diretamente nos
calorímetros e sim calculada a partir do PCS, subtraindo-se do valor o calor latente de vaporização
da água presente no combustível e originada durante a queima.

Com referência a maior ou menor possibilidade de provocar a geração de poluentes atmosféricos,


em primeiro lugar, deve-se considerar a regra geral para o estado em que se encontrará o
combustível em utilização. Considerando os aspectos já discutidos de geração de poluentes por
queima incompleta, é fácil antecipar-se que os combustíveis gasosos se misturam muito mais
facilmente com o comburente ( ar ), proporcionando queima mais completa com menor excesso de
ar e consequentemente, menor emissão de poluentes atmosféricos. Por outro lado os combustíveis
sólidos, dentro deste aspecto, serão os piores, exigindo maior excesso de ar para a queima, que
ainda assim poderá ser mais incompleta. Os combustíveis líquidos se comportam de forma
intermediária, dentro deste aspecto, em relação aos combustíveis gasosos e sólidos.

Uma vez que acima foi citado, lembra-se que o excesso de ar se refere a quantidade acima da
estequiométrica que deve ser considerada ao queimar os diversos combustíveis. A quantidade
estequiométrica é a quantidade certa de ar, determinada a partir do oxigênio exato e necessário
para a efetivação das reações de combustão correspondentes necessária para a realização da queima
de determinado combustível. Para os combustíveis gasosos geralmente utilizam-se cerca de 5% de
excesso de ar, para os sólidos 40% e, intermediariamente, para os líquidos cerca de 20%.
A própria composição dos diversos combustíveis também é outro fator para a geração de maior ou
menor tipo e quantidades de poluentes atmosféricos.

Após as considerações acima, focamos o primeiro combustível utilizado pelo homem, que foi de
natureza vegetal, mais precisamente os galhos secos das plantinhas, posteriormente a lenha e a
madeira. Combustíveis que possuem PCS na ordem de 2000 a 2500 Kcal/Kg, o que é baixo
considerando outros insumos energéticos atualmente utilizados. Porém, tais combustíveis não
podem ser desprezados. Foram largamente utilizados domesticamente e nos primórdios da
industrialização e ainda permanecem em uso apresentando a grande vantagem de não possuírem
enxofre na sua composição, o que determina a não emissão de compostos de enxofre para a
atmosfera. Grande vantagem em relação à utilização de combustíveis fósseis, em particular o óleo
combustível e o carvão mineral.

Posteriormente, ao longo da história, ganhou importância o uso do carvão vegetal, que nada mais é
do que uma lenha processada para retirar desta grande parte dos seus compostos orgânicos voláteis.
O que é feito através de um processo denominado pirólise, sendo esta nada mais do que uma
queima realizada em atmosfera reduzida, ou seja, uma queima feita propositadamente incompleta.
Imagina-se quão poluente é este processo! Dissemos anteriormente que a queima mesmo realizada
de forma bem controlada ainda emite poluentes, pois toda queima nunca se processará de modo
totalmente completa. Imaginem uma queima propositadamente incompleta!

O carvão vegetal apresenta a mesma vantagem da lenha em relação a não presença de enxofre,
porém é mais vantajoso com relação ao PCS, atingindo este cerca de 7000 Kcal/Kg.

Ainda na seqüência histórica, ganhou importância o carvão mineral, inicialmente com grande
emprego industrial e posteriormente na geração de energia elétrica. É o combustível da chamada
Primeira Revolução Industrial, que teve início na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra,
logo após a invenção da máquina à vapor, quando a máquina pode substituir em grande parte a mão
de obra do trabalhador (1998) . O carvão mineral era, então, muito utilizado nas caldeiras para
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produzir o vapor e este, à alta pressão, ser a força motriz para as máquinas.

O PCS dos carvões minerais é muito variado. Depende dos diversos tipos de carvões,
particularmente da sua idade. O mesmo é material vegetal soterrado pela natureza, que se
encarregou de processá-lo ao longo dos muitos anos transcorridos, enriquecendo lentamente o
material vegetal em teor de carbono. Quanto maior este teor, mais velho o carvão e mais alto o seu
PCS, podendo alcançar valores próximos aos 10000 Kcal/Kg para o então denominado carvão
antracitoso. As classificações inferiores, consideram o teor de carbono variando decrescentemente,
o mesmo ocorrendo com o PCS. Assim chega-se aos carvões semi-antracitosos , betuminosos e
semi-betuminosos, alcançando-se PCS’s tão baixos quanto 4000 a 4500 Kcal/Kg. Infelizmente este
é o caso dos nossos carvões nacionais, obtidos em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

O carvão mineral, mais recentemente, teve e ainda tem a sua importância na geração de energia
elétrica nas denominadas Unidades Termoeléctricas. A queima de carvão produz vapor a alta
pressão nas caldeiras, que acionam os geradores para assim produzir energia elétrica, o que também
pode ser feita em Unidades Hidroelétricas, onde a queda d’água substitui o vapor para acionar as
turbinas, sem emissão de poluentes atmosféricos. Quando utiliza-se a queima de carvão mineral, as
quantidades deste insumos utilizadas são enormes, pois está diretamente relacionada como o
potência energética produzida, o que é elevada. Portanto é alta a emissão de material particulado,
óxidos de enxofre e óxidos de nitrogênio, entre outro poluentes; mesmo considerando a queima de
carvões melhores, com alto PCS e baixo teor de enxofre. O enxofre está sempre presente nos
carvões como também certa quantidade de material inerte (cinzas), estas responsáveis pelo aumento
da emissão de partículas. Infelizmente também por este aspecto os nossos carvões não apresentam
vantagens. Possuem alto teor de enxofre, cerda de 3%, enquanto os melhores carvões apresentam
teor na ordem de 0,8 %, Quanto ao teor de cinzas, nossos carvões alcançam 43% em peso, enquanto
os carvões superiores chegam a 3%.

A segunda metade do século XIX apresentou alguns acontecimentos importantes considerando as


fontes de energia e o desenvolvimento das indústria e das ciências de um modo geral. Tais
acontecimentos determinam o que se tem chamado como a Segunda Revolução Industrial. A
obtenção da eletricidade, da forma como acima mencionado, é um dos grandes acontecimentos.
Outro foi a descoberta do Petróleo e o seu refino, dando origem a outro tipos de combustíveis como
o Gás Natural, a gasolina, óleos combustíveis, óleo Diesel , o querosene, além de outros produtos da
então denominada indústria petroquímica.

Dos derivados do petróleo destacamos primeiramente os combustíveis líquidos. Começando pelos


líquidos mais pesados (mais densos), devem ser destacados os óleos combustíveis, que podem ser
obtidos com variações na composição de acordo com o tipo de petróleo de que são derivados, bem
como de acordo com a variação dos processos de obtenção. O PCS, de modo geral, encontra-se
próximo às 10000 Kcal/Kg e o teor de enxofre pode variar de 0,5% a 6% em peso. Por exemplo, os
óleos combustíveis nacionais, até fins da década de 80, chegavam a ter 5% em peso de teor de
enxofre. O que é uma desvantagem, pois acarretavam enormes contribuições para a presença do SO2
no meio ambiente dos grandes centros industriais, como a Região Metropolitana de São Paulo
(RMSP). Cerca de 80% do SO2 , presente nesta região naquelas épocas, tinham as industrias como
principais contribuidoras. Felizmente, atualmente estes teores abaixaram consideravelmente com a
participação maior do petróleo nacional no refino, que determina teores de enxofre para o óleo
combustível na faixa de 1 a 2%.

O óleo Diesel corresponde às frações mais leves de óleos derivados do petróleo, sendo utilizado
principalmente em ônibus, para o transporte de passageiros e em caminhões, para o transporte
pesado. Embora o teor de enxofre do mesmo não seja superior a 1%, atualmente a contribuição
destas categorias de fontes são importantes na formação do SO2 presente na atmosfera, alcançando,
por exemplo, valores acima de 60 % na RGSP.

O querosene, fração mais leve ainda, teve no passado, antes da eletrificação, sua importância na
iluminação das nossas cidades e residências, hoje o uso é mais restrito à aviação. O PCS supera os
valores de 10000 Kcal/Kg.

A gasolina ganhou importância enorme, pois durante a Segunda Revolução Industrial desenvolveu-
se também o motor de explosão interna, conseguindo-se desenvolver os veículos automotores, que
são largamente utilizados em transporte nas grandes cidades, constituindo-se nos grandes
problemas de poluição do ar dos centros urbanos modernos. O principal poluente proveniente da
gasolina é o monóxido de carbono, cujo o controle ocorre através do complemento da oxidação
para o dióxido de carbono através da utilização de conversores catalíticos no tubo de descarga dos
produtos da combustão dos veículos automotores ou através de injeção eletrônica de gasolina nos
cilindros de explosão dos motores.

Finalizando os combustíveis líquido, tem-se que considerar também o álcool etílico, que não é
derivado do petróleo, possuindo a característica de ser um combustível renovável, pois pode ser
obtido de produtos agrícolas, como a cana de açúcar. Deve-se citá-lo, pois chegou a ter boa
utilização neste país, quando por ocasião da crise do petróleo, ter-se implantado o Programa
Nacional do Álcool, através do qual chegou-se ao desenvolvimento de bons motores de automóveis
operados com este combustível. O PCS alcance valores na ordem de 7.200 Kcal/Kg.

Com referência aos menores problemas de poluição do ar, os melhores combustíveis derivados do
petróleo são os combustíveis gasosos. Emitem menos poluentes, pois os gases se misturam melhor
com o ar atmosférico, determinando melhor chance para a queima completa. Os combustíveis
gasosos também possuem a vantagem de terem baixo teor de enxofre. Os teores existentes, em
geral, referem-se a necessidade de incorporar mercaptanas na composição para que exista odores
característicos para a percepção , quando houver vazamento deste tipo de combustível, que possui,
neste caso como desvantagem, a característica de poder ser explosível ao se acumular em ambientes
com pouca ventilação. Os principais combustíveis gasosos são o Gás Natural ( PCS= 9.800
Kcal/Nm3), que utiliza-se atualmente como gás de rua e que vem alcançando cada vez mais o
emprego industrial na RGSP; bem como o Gás Liqüefeito do Petróleo (GLP), com emprego mais
restrito às residência e ao comércio. O Gás de Nafta, que corresponde ao gás de rua antigo,
felizmente foi substituído paulatinamente, como gás de rua, pelo gás natural. Felizmente, pois este
gás tinha a desvantagem de possuir CO na sua composição, que pode ser, como já foi dito, uma
substância extremamente tóxica a partir de determinadas concentrações. A literatura registra
ocorrência, no passado, de problemas gravíssimo, inclusive com determinação de óbitos, referentes
ao vazamento em residências do gás de rua antigo.

Ao se considerar a vantagem de emitir menos poluentes, o gás natural, recentemente, também tem
se apresentado como excelente alternativa para uso em ônibus e caminhões em substituição ao óleo
Diesel, requerendo para tal o desenvolvimento de motores específicos para poderem operar com
este combustível.

Deve-se também ainda citar o combustível sólido bagaço de cana, que é utilizado em algumas
indústrias no interior deste Estado de São Paulo, pois trata-se de um resíduo da obtenção do açúcar
ou do álcool, sendo portanto abundante sua presença por causa das inúmeras destilarias existentes. É
um combustível aproximadamente equivalente à lenha no que se refere ao PCS e à não presença de
enxofre na sua composição.

Finalizando esta parte, uma outra importante descoberta, iniciada na denominada Segunda
Revolução Industrial e finalizada já no início do século XX, foi a radioatividade. Principalmente,
a fissão nuclear teve aplicação imediata, infelizmente não só para fins pacíficos. Ë o caso da sua
utilização, ao findar a Segunda Guerra Mundial, no bombardeamento de Yroshima e Nagasaki pelos
Estados Unidos da América do Norte. A fissão é uma reação nuclear provocada pelo choque de
eletrons contra o núcleo de átomo do chamado urânio 235 com liberação de calor e de mais de dois
outros elétrons, que poderão, em uma reação em cadeia provocar o choque em outros átomos do
mesmo urânio. Esta reação em cadeia, sem controle, é o que ocorre na explosão da bomba atômica,
utilizadas nas acima mencionadas cidades japonesas. A reação pode ser controlada nos reatores
nucleares, sendo o calor gerado aproveitado, por exemplo, na geração de vapor superaquecido em
substituição às caldeiras convencionais, operadas à queima de combustível. Ë o que se processa nas
Usinas Nucleares para geração de energia elétrica. Tal processo não gera poluentes atmosféricos,
sendo vantajoso sobre este aspecto, porém gera o lixo radioativo e a operação de tais usinas tem os
seus riscos, principalmente levando-se em conta a possibilidade de ocorrências de acidentes, onde o
controle da reação nuclear poderia ser comprometido com a possibilidade de ocorrências
desastrosas para o meio ambiente, pois as substâncias radioativas emitidas, nestes casos, seriam
ionizantes podendo causar danos irreparáveis nas células humanas receptoras das mesmas.

Alguns historiadores denominam esta fase de transição do século XX para o XXI como Terceira
Revolução Industrial, devido a grande evolução das ciências e da tecnologia nestes últimos tempos.
Isto fica claro ao considerarmos, por exemplo, a informação, seu armazenamento e rapidez na
comunicação. Porém, como ambientalistas, gostaríamos que esta época também ficasse marcada
pela definitiva conscientização quanto a necessidade preservação do meio ambiente entre aqueles
que detém os meios produtivos; o que, de certa forma, vem ocorrendo com os recentes
desenvolvimentos na área de Qualidade Total, onde o controle ambiental passa a ser incorporado na
qualidade do produto final (selos verdes, etc.)
4. EPISÓDIOS CRÍTICOS DE POLUIÇÃO DO AR

Apesar de serem, até certo ponto, eventos considerados catastróficos, os principais episódios
críticos de poluição do ar merecem ser abaixo citados pela importância, como já foi dito, que
tiveram como fatores que determinaram a plena consciência para a implantação do controle efetivo
da poluição do ar nas diversas regiões deste Planeta.

Destacam-se as seguintes ocorrências (1992) (1982) :


3 5

1930 – Vale de Meuse (Bélgica)


Episódio com duração de cinco dias. Grande número de pessoas adoeceram com a seguinte
sintomatologia: dores no peito, tosse, dificuldade de respiração, irritação nasal e dos olhos. Sessenta
pessoas morreram, principalmente pessoas idosas que já eram portadoras de doenças do coração e
pulmões. Houve morte também de gado. Presumiu-se que uma combinação de poluentes esteve
associada como episódio; é destacada a presença de gotículas de ácido sulfúrico resultante de altas
concentrações de dióxido de enxofre em presença de gotículas de água.

1948 – Donora (Pensilvania – USA)


Episódio com duração de cinco dias. Adoeceram 43% da população (14.000 habitantes), cuja
sintomatologia era de irritação do trato respiratório e dos olhos. Vinte pessoas morreram,
principalmente pessoas que já eram portadoras de doenças cardíacas e do sistema respiratório.
Presumiu-se que a presença de dióxido de enxofre e material particulado em suspensão no ar esteve
associada com o episódio.

Década de 40 – Los Angeles (Califórnia - USA)


Nesta década ocorreram os primeiros “smogs” fotoquímicos na cidade de Los Angeles, ocasionados
pela reação de hidrocarbonetos, compostos orgânicos voláteis e óxidos de nitrogênio na atmosfera,
provenientes principalmente de veículos automotores, em presença de luz solar e condições
meteorológicas desfavoráveis à dispersão de poluentes (inversão térmica, calmaria e topografia
adversas). Deve-se ressaltar que já em 1940 eram colocados no mercados dos EUA mais de quatro
milhões de veículos.

1950 – Poza Rica (México)


Duração de 25 minutos, ocasionando a morte de 22 pessoas e 320 hospitalizações. A presença de
gás sulfídrico na atmosfera, lançado acidentalmente por uma indústria de recuperação de enxofre de
gás natural, foi responsável pelo episódio.

Agosto de 1952 – Bauru (São Paulo – Brasil)


Apesar de bastante localizado, este episódio teve como conseqüência nove óbitos e o aparecimento
de 150 casos de doença respiratória aguda do tipo obstrutivo. A causa foi a presença de poeira de
indústria que processava semente de mamona (Ricinus communis) Houve nesta época uma
reprodução experimental das crises respiratórias no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da USP.

Dezembro de 1952 – Londres (Inglaterra)


Episódio com duração de quatro dias tendo como conseqüência o aumento de 4000 óbitos no
número médio normal, principalmente na faixa etária de idosos. Este episódio, um exemplo clássico
na literatura, denominado SMOG LONDRINO, deveu-se a altas concentrações de fumaça e dióxido
de enxofre na atmosfera, decorrente de condições meteorológicas desfavoráveis (inversão térmica
mais calmaria e neblina). Este episódio foi o mais danoso smog londrino.

1953 – Nova Iorque ( Nova Iorque - USA )


Duração cinco dias. Excesso de mortes, acima do esperado, em todos os grupos etários causadas
pela presença de dióxido de enxofre (2 mg/m3).

1955 – Nova Orleans ( Louiziana – USA)


Ocorreu aumento da freqüência de casos de asma. Presumiu-se que o poluente deste episódio foi
poeira de uma indústria de farinha.

1956 – Mineápolis ( Minnesota – USA )


Epidemia de asma em população vizinha à indústria de cereais.

Novembro e dezembro de 1962


Episódios espalhados pelo mundo inteiro, dentre os quais: Leste dos USA, Londres ( 100 mortes em
5 a 7 de dezembro) e Roterdã (2 a 7 de dezembro).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA PRIMEIRA PARTE

(1) ASSUNÇÃO, J. V. et . al . Apostila do curso “Seleção de equipamentos de controle de


poluição do ar. CETESB - PROCOP – 1993 . São Paulo – S.P.

(2) CETESB . Caderno de Legislação Estadual . 2001. São Paulo – S. P.

(3) DERÍSIO, J. C. Introdução ao controle da poluição ambiental. CETESB . 1992 . São


Paulo – S. P.

(4) LORDAS, J. L. Moral: a arte de viver . Editora Quadrante. 2001. São Paulo – S. P.

(5) PHILIPPI JÚNIOR, A . Saneamento do meio. FUNDACENTRO- Faculdade de Saúde


Pública da USP. 1982 . São Paulo – S. P.

(6) RANCEVAS, S. Associação da poluição do ar com agravos à saúde por doenças respira
tórias. In: Tese de mestrado em Saúde Pública – Faculdade de Saúde Pública da
USP . 1990 . São Paulo – S. P.

(7) STERN. A . C . et. al. Fundamentals of air pollution control . Academic Press. 1998 .
New York – USA.
ANEXOS À PRIMEIRA PARTE

• “Quem é o dono do céu, do brilho das águas”- Tradução do texto considerado autêntico da carta
do chefe Seattle, que, em 1855, respondeu a proposta dos Estados Unidos de comprar a terra dos
índios. O texto nos foi enviado pela UNEP – Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente.

• Reflexões de um adolescente ao findar dos anos sessentas.

• Cópias das transparências apresentadas durante as aulas referentes à primeira parte do curso.
“O que ocorrer com a terra, recairá sobre
os filhos da terra.
Há uma ligação em tudo.”

Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da


terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o
frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?

Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada
punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são
sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega
consigo as lembranças do homem vermelho.

Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas.
Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte
da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande
águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do
potro, e o homem - todos pertencem à mesma família.

Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede
muito de nós.

O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai
e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas
isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.

Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos
antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem
ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de
acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus
ancestrais.

Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas
crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são
nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a
qualquer irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele,
tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra
aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista,
prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta
da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus
filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser
compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra,
deixando somente um deserto.

Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do
homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o
desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou
um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos.

E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos
sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio
prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma
chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.

O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o
animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não
sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas
se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar
compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro
inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la
intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento
açucarado pelas flores dos prados.

Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei
uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir.

Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou
de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de
ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem o homem morreria de uma grande
solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma
ligação em tudo.

Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que
respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem
as suas crianças o que ensinamos as nossas que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra,
acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.

Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as
coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.

O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele
é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar
isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa
estamos certos - e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus.
Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o
Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra
lhe é preciosa, e ferí-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que
todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.

Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que
os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem
vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos
sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa
impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam.

Onde está o arvoredo? Desapareceu.

Onde está a águia? Desapareceu.

É o final da vida e o início da sobrevivência.

REFLEXÕES DE UM ADOLESCENTE AO FINDAR DOS ANOS SESSENTAS*

Foi assim...

Com um leve sopro, o Criador deu vida àquele boneco de barro.

Chamou-o Adão.

Dele retirou uma costela, surgindo Eva, o complemento indispensável.

Tendo a expulsão como motivação, ofereceu-lhes um mundo maravilhoso para viverem. Um mundo
de céu, mar, luar, florestas e tantas outras coisas lindas, que os poetas, em muitas ocasiões, cantaram
em vão...

Veio a ciência. Com esta o homem aprendeu a construir e a destruir. Entre estes destruir e construir,
chegou à Lua e até sorriu e glorificou-se por descobrir o nada!

Ao nada chegamos aqui mesmo, muitos anos após. Aí, o homem sentiu-se muito só, sem que a
natureza muito lhe pudesse oferecer. Resolveu, então, destruir definitivamente a própria espécie:
Transformavam-se uns aos outros em estátuas. De estátua em estátuas o mundo terminou em
estátuas!

Mas, como acabou!? E Deus?

Claro, jamais poderia terminar! O Criador vendo a sua Terra inanimada, voltou a agir: Escolheu
dentre as estátuas, a mais perfeita. Levou-a consigo ao Paraíso...

Um novo sopro, uma nova vida.

Outra costela a menos, uma nova mulher.

Outra maçã a menos no pomar do Paraíso, o mesmo mundo, igualmente maravilhoso, foi oferecido.

E agora? O que fará este novo homem? Agirá da mesma forma que o seu antecessor?

E se as costelas se esgotarem?

Talvez um novo boneco de barro!

S. R.
(*) escrito em 1969, alguns dias após o homem, pela primeira vez na história, pisar na Lua.

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