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= Qualificação é o nome dado ao fato ou à infração penal pela doutrina ou pela lei.
- Qualificação da infração é o nome que recebe a modalidade a que pertence o fato: crime
ou contravenção. A “lesão corporal” é qualificada crime; o porte de arma branca,
contravenção.
Há também a qualificação doutrinária (é o nome dado ao fato delituoso pela doutrina,
como crime formal, de dano, permanente, próprio etc).
* Crimes comuns e especiais = crime comuns são os descritos no Direito Penal Comum;
especiais, os definidos no Direito Penal Especial.
*Crimes comuns e próprios = comum é o que pode ser praticado por qualquer pessoa. Ex;
homicídio, furto, estelionato etc. Próprio é o que só pode ser cometido por uma categoria
de pessoas, pois pressupõe no agente uma particular condição ou qualidade pessoal. Pode
exigir do sujeito uma particular condição jurídica (acionista, funcionário público),
profissional (comerciante, empregador, empregado, médico, advogado), de parentesco (pai,
mãe, filho) ou natural (gestante, homem).
* Crimes de mão própria ou de atuação pessoal = só podem ser cometidos pelo sujeito em
pessoa. Ex: falso testemunho, incesto e prevaricação. Estão descritos em figuras típicas
que, diante de seu injusto, são necessariamente formuladas de tal maneira que o autor só
pode ser quem esteja em situação de realizar imediata e corporalmente a conduta punível.
Assim, a testemunha não pode pedir a terceiro que deponha falsamente em seu lugar. O
funcionário público não pode pedir a terceiro que deixe de realizar ato de ofício em seu
lugar, a fim de atender sentimento pessoal (prevaricação). O soldado não pode solicitar a
terceiro que fuja em seu lugar (crime de deserção).
* Crimes de dano e de perigo = crimes de dano são aqueles que só se consumam com a
efetiva lesão do bem jurídico. Ex: homicídio, lesões corporais etc. Crimes de perigo são
os que se consumam tão-só com a possibilidade do dano. Ex: perigo de contágio venéreo
(art. 130); rixa (art. 137); incêndio (art. 250) etc. O perigo pode ser presumido ou concreto
(perigo presumido é o considerado pela lei em face de determinado comportamento, como
no caso do artigo 135. No caso do art. 134, o perigo não é presumido, mas, ao contrário,
precisa ser investigado e comprovado. Perigo individual é o que expõe ao risco de dano o
interesse de uma só pessoa ou de limitado número de pessoas, como no caso de perigo de
contágio venéreo. Já o crime de perigo comum (coletivo) é o que expõe ao risco de dano
interesses jurídicos de um número indeterminado de pessoas, a incolumidade pública (art.
250). Perigo atual é que está ocorrendo (art. 24 – estado de necessidade). Perigo iminente
é o que está prestes a desencadear-se (art. 132).
Materiais = a lei reclama a verificação do resultado querido pelo agente, que consiste na
lesão de fato do bem.
Formais = a lei reclame que a vontade do agente se dirija à produção de um resultado que
constituiria uma lesão do bem, mas não exige para a consumação que esse resultado se
verifique. Ex: art. 158.
Progressivo = quando um tipo contém outro, de modo que sua realização não
ocorre senão passando-se pela realização do que ele contém.
{ O art. 100 do CP diz que a “ação penal é pública, salvo quando a lei
expressamente a declara privativa do ofendido”.
{ A ação penal pública se inicia mediante denúncia do órgão do Ministério Público.
{ A ação penal privada se inicia mediante queixa do ofendido ou de seu
representante legal
{ Critério de exclusão: o crime é de ação penal privada quando a lei expressamente
o declara. Ex: fraude à execução (art. 179, § único). Quando a lei silencia, o crime
é de ação penal pública.
{ Ação penal pública = condicionada
incondicionada
{cumulativa = o tipo prevê várias ações do sujeito, como ocorre no caso do art. 40,
§ 1º, da Lei nº 6.538/78 (não basta o simples apossamento de correspondência alheia,
exigindo-se sua sonegação ou destruição). “Devassar indevidamente o conteúdo de
correspondência fechada dirigida e outrem. ... § 1º - Incorre nas mesmas penas quem se
apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada, para sonegá-la ou
destruí-la, no todo ou em parte”.
Crimes conexos = O mesmo sujeito pode praticar vários crimes sem que entre eles haja
qualquer ligação. Assim, o sujeito pode praticar um furto; dias depois, um homicídio. Não
há qualquer circunstância em comum entre os dois crimes, a não ser a identidade do
agente. São independentes. Pode acontecer que exista um liame, um nexo entre os delitos.
Fala-se, assim, em crimes conexos. Assim, o sujeito pode cometer uma infração para
ocultar outra (os crimes estão ligados por um liame subjetivo).
Conexão ocasional = o crime é cometido por ocasião da prática de outro. Ex: o furto é
praticado por ocasião do cometimento do estupro (não há entre eles relação de meio e fim).
O art. 61, II, b, dispõe que a pena é sempre agravada pela circunstância de “ter o agente
cometido o crime para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime”. Trata-se de agravante proveniente da conexão teleológica ou
consequencial (a ocasional não é considerada agravante genérica).
A conexão ideológica ou consequencial pode constituir agravante genérica ou
circunstância legal específica (qualificadora) do homicídio (artigo 121, § 2º, V).
Não impede o concurso material, quando pelo menos o crime-fim é tentado. A conexão
ocasional leva ao concurso de delitos.
Crimes de tendência = são crimes que condicionam a sua existência à intenção do sujeito.
Caracterizam-se pela direção do motivo ou da vontade, sendo que, não encontrando reflexo
real no tipo objetivo, exigem imprescindível verificação do estado anímico do agente no
momento do fato para a constituição da imagem delitiva. Assim, somente a verificação da
ocorrência de intenção lasciva permite discernir se o toque nas partes genitais de uma
criança constitui ou não comportamento antijurídico.
Crimes pluriofensivos = lesam ou expõem a perigo de dano mais de um bem jurídico. Ex:
latrocínio (art. 157, § 3º, in fine), em que há ofensa à vida e ao patrimônio.
Crime em trânsito = o sujeito desenvolve a atividade em um país sem atingir qualquer bem
jurídico de seus cidadãos, como no envio de uma carta injuriosa que passa pelo nosso
território.
Crimes internacionais = referidos no artigo 7º, II, a, do CP, como tráfico de mulheres,
difusão de publicações obscenas, danificação de cabo submarino, entorpecentes etc.
Crimes de tipo fechado e de tipo aberto = tipo fechado são aqueles que apresentam a
definição completo (a norma de proibição descumprida aparece de forma clara); os de tipo
aberto são os que ao apresentam a descrição típica completa: delitos culposos (é preciso
estabelecer qual o cuidado objetivo necessário descumprido pelo sujeito); crimes omissivos
impróprios (dependem do descumprimento do dever jurídico de agir); delitos cuja
descrição apresenta elementos normativos (“sem justa causa”, “indevidamente”, “sem as
formalidades legais” etc).
Tentativa branca = o objeto material não sofre lesão (o sujeito, tentando matar a vítima,
dispara em sua direção tiros de revólver, errando o alvo).
Crime de flagrante esperado = quando o indivíduo sabe que vai ser vítima de um delito e
avisa a Polícia, que põe seus agentes de sentinela, apanhando o autor no momento da
prática ilícita. A diferença em relação ao crime putativa é que neste caso não há
provocação. No flagrante esperado há prévio conhecimento da iniciativa dolosa do
agente, e a ele apenas se dá o ensejo de agir. Se se trata de crime formal, há consumação;
se, entretanto, se trata de crime material, haverá apenas tentativa.
Sujeitos do delito = ativo (pratica a figura típica); passivo (é o titular do bem jurídico
lesado ou ameaçado; pessoa física ou jurídica).