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A Bíblia dos Católicos e a Bíblia dos Protestantes. Qual é a diferença?

O estudo do primeiro capítulo da revista Em Marcha nos inspirou a destacar uma informação importante: a
diferença entre a Bíblia dos Católicos e a Bíblia dos Protestantes. Qual seria a razão de os católicos terem dotado
alguns livros a mais como sagrados, Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), I e II Macabeus,
além de textos acrescentados aos livros de Ester (10.4-16) e Daniel (13-14), e os Protestantes não terem aceitado tais
livros como sagrados.

Para compreender esse fato, temos que voltar a antiguidade. Essas duas bíblias, de certo modo, nasceram antes da era
cristã. Os Judeus da Palestina, próximos ao templo de Jerusalém, consideravam como sagrados somente os livros
originalmente escritos em hebraico ou aramaico, os quais coincidem com a atual Bíblia Protestante. Mas também
existiam os Judeus da diáspora (ou dispersão), que se espalharam pelo mundo antigo por decorrência das sucessivas
deportações (exílios), tão bem contadas nos relatos bíblicos, como também por outras razões próprias do mundo
antigo que favoreciam a intensa circulação de mercadorias e pessoas. Os Judeus da diáspora, embora preservassem a
religião, com a prática do culto nas Sinagogas, adotaram a língua grega. Para atender a necessidade desses Judeus
espalhados pelo mundo bem como daqueles que não eram judeus e que consideravam os livros sagrados judaicos
como importante fonte de sabedoria, setenta sábios gregos traduziram a Bíblia para o grego. A Bíblia dos Setenta
(LXX), como hoje é chamada, passou então a circular no mundo antigo antes de Jesus e favoreceu o crescimento do
judaísmo, inclusive com a conversão de pessoas de outras nações e culturas ao judaísmo. No livro dos Atos dos
Apóstolos esses judeus convertidos são chamados de prosélitos. A Bíblia dos Setenta adotou todos os livros sagrados
do Judaísmo mais tradicional da Palestina e também outros textos não originalmente escritos em hebraico ou
aramaico, dentre eles, aqueles hoje aceitos como sagrados pelos Católicos, não incluídos na Bíblia Protestante.

Embora os protestantes, no seu valioso esforço de voltar às origens, tenham optado pelo cânon dos Judeus da
Palestina (fixado por volta do ano 100 d. C.), que tinham o papel de zelar pela manutenção da ortodoxia nas
Sinagogas distantes da sede religiosa, precisamos considerar que a Igreja Cristã cresceu e prosperou a partir dos
Judeus da diáspora. Toda a simpatia que os antigos tinham pelo judaísmo, alimentada pela Bíblia dos Setenta, mais
ampla, favoreceu a posterior adesão ao cristianismo. As Sinagogas menos vigiadas pela ortodoxia judaica liam essa
Bíblia mais ampla. Foi a partir dessas Sinagogas, que abriram suas portas para não Judeus e para a pregação do
apóstolo Paulo, que brotou forte a Igreja Cristã. Portanto, precisamos considerar que os católicos também têm boas
razões por adotar uma Bíblia mais ampla.

O que podemos concluir disso tudo? Embora Católicos e Protestantes, em dado momento solene e após intensos
debates, ambos crendo na orientação do Espírito Santo, decidiram quais seriam seus livros sagrados, sabemos que por
traz disso há uma influência histórica, por meio da qual, talvez, também o Espírito Santo nos queira dizer algo. E eu
ousaria dar um palpite: que Deus está acima de nossas divisões. Às vezes travamos intensos debates sobre nossas
diferenças, afirmando que aquilo que nos difere é algo absoluto, verdade pura, quando, na verdade, é apenas uma
herança histórica, portanto, nem tanto nossa. Deus nos fala por meio da Bíblia Sagrada, porém, também por meio dos
fatos da vida, precisamos ficar atentos.

GILBERTO TERRA

http://ipiranga.metodista.org.br/conteudo.xhtml?c=55

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