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Ensinar ou Pesquisar

No bojo dessa polêmica sobre “ensinar ou pesquisar” relativa à carreira docente


universitária, um fato relevante não pode ser esquecido. Atualmente, nos concursos
públicos para a tal carreira em universidades federais e estaduais, os candidatos são
triplamente avaliados por uma banca especialmente constituída para essa finalidade:
prova de títulos, prova de conhecimentos e prova didática. A prova didática em
particular consiste, por regulamento (que deve constar no próprio edital do concurso),
de aula expositiva sobre tema sorteado com antecedência de 24 horas, (ATENÇÃO) em
nível de cursos de graduação. Assim fica claro que a obrigação contratual do candidato
aprovado é a de dar aulas de graduação. Essa é a função precípua e histórica das
universidades. Os cursos de graduação, gratuitos e com elevado contingente de alunos,
representam de fato o maior retorno à sociedade que em última análise paga, via
impostos, os salários dos professores universitários. Cantado em verso e prosa nas
décadas de 70 e 80 do século passado, o famoso tripé “ensino-pesquisa-extensão” em
que deveria se apoiar a universidade, esta torto e a razão parece clara: a “perna” da
“pesquisa” sofre de hipertrofia. Dar aula em cursos de graduação tornou-se um estorvo
para muitos professores de nossas universidades públicas. Eles não têm tempo.
Precisam elaborar relatórios semestrais dos projetos de pesquisa e/ou consultorias que
coordenam ou de que participam como consultores, precisam orientar seus mestrandos e
doutorandos em reuniões quinzenais bem como analisar os resultados parciais dos
trabalhos de cada um deles, precisam escrever artigos para congressos nacionais e
internacionais (de preferência internacionais, pois aí dá para pegar um dos pacotes
turísticos que agora vêm sempre acoplados a tais eventos científicos, com passagens e
diárias devidamente custeadas por aqueles projetos e/ou consultorias), precisam
escrever artigos de alto nível para publicação em periódicos de alto impacto, precisam
ler os novos editais do CNPq, FINEP etc., etc., elaborar e submeter novos projetos de
pesquisa, caso contrário sua produtividade irá cair, seu Lattes empobrecer, com prejuízo
direto de sua competitividade acadêmica, precisam dar aula em um curso de pós-
graduação, se possível em dois, pois é deles que virão, eventualmente, os novos
mestrandos e doutorandos. Chega! Ficam duas perguntas: (1) como chegamos a isso?
(2) o que será dos nossos cursos de graduação?

Assinale-se que alguns concursos de departamentos onde existem cursos de pós-


graduação, exigem dos candidatos a apresentação de um projeto de pesquisa e, em
alguns casos, de uma proposta de criação de uma nova disciplina de graduação, eletiva,
a ser ministrada por ele caso aprovado no concurso. Isso, como princípio, é muito
questionável. Além da pouca maturidade de um recém doutor típico para efetuar tal
proposta, a criação de novas disciplinas, ainda que eletivas, deveria se basear em
necessidades atuais ou futuras do mercado de trabalho onde os alunos irão se colocar
após formarem-se. Ocorre que freqüentemente os candidatos são instados a propor
disciplinas eletivas para setores do departamento onde haja necessidade das mesmas e
não necessariamente no setor de sua especialização para o qual ele prestou concurso.

e dela brotou um galho chamado “consultoria”

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