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Provavelmente nem este último consenso existe. De facto, a estas propostas seguiram-se
análises críticas, por vezes severas, quanto aos efeitos perversos das associações a nível
político geral. Eric Olin Wright sintetiza bem essas críticas: “Ao reforçar o papel político das
associações, arriscamo-nos a minar a sua autonomia face ao Estado transformando-as em
instrumentos de controlo social em vez de vectores de participação democrática; as
associações reclamam muitas vezes, e ilegitimamente, o monopólio da representação de
interesses, e qualquer institucionalização formal dessa representação só viria agravar essa
ilegitimidade; a mudança de orientação da primazia da representação territorial para a
representação funcional arrisca-se a incentivar as entidades particularistas, o que vai
incrementar a fragmentação política” (Wright, 1995: 2,3).
No fundamental, as críticas apontam, por um lado, para o efeito de facção que as associações
geram, em detrimento da defesa do interesse geral (essa crítica, lembremo-nos, remonta a
Rousseau); por outro lado, as críticas apontam também para os efeitos perniciosos da diluição
do político no social, o que poderia levar a situações totalitárias (Arendt, 1951: 303).
Viegas, José Manuel Leite (2010), “Envolvimento dos cidadãos e dos parlamentares nas
associações”, in Freire, André e José M. Viegas (orgs.), Representação Política. O Caso
Português em Perspectiva Comparada, Lisboa, Sextante Editora, pp. 119-120
Documento 1 – Participação cívica
Quadro 2. Pertença associativa por modalidades em oito países europeus (2001-2003) (%)
Modalidades de
Portugal Espanha Alemanha Holanda Suécia Dinamarca Moldávia Roménia
associação
movimentos
Novos
Organizações de
4,1 9,4 23,7 64,6 58,4 25,9 3,3 1,6
acção cívica
sociais
Organizações
Integração social
Associações
1,3 2,5 2,8 7,2 4,5 4,6 1,3 0,8
profissionais
Organizações
2,1 2,5 2,1 9,6 11,2 11,2 3,9 1,6
patronais
Fonte: CID Project 2001-2003 (retirado de: Viegas, José Manuel Leite (2010), “Envolvimento dos cidadãos e dos parlamentares nas associações”, in
André Freire e José M. Viegas (orgs.) (2010), Representação Política. O Caso Português em Perspectiva Comparada, Lisboa, Sextante Editora, p.
127)
5. Calcule a média dos valores relativos à pertença associativa de cada país, em função
das três categorias ou modalidades identificadas, e analise os resultados.
Documento 3 – Confiança nos parlamentos nacionais
Dinamarca 42 -- 65 75
Estónia 68 42 -- 46
Finlândia 54 32 -- 66
Irlanda 50 -- 55 40
Letónia 72 24 41 29
Lituânia 65 23 -- 15
Reino Unido 44 -- 33 34
Suécia 47 44 54 54
Média da Europa
55 33 50 45
Setentrional
Alemanha 46 32 40 40
Áustria 40 -- 46 51
Bélgica 42 -- 44 45
França 48 -- 40 34
Luxemburgo -- -- 63 54
Holanda 53 44 53 50
Média da Europa
46 38 48 45
Central
Espanha 39 35 49 46
Grécia -- -- 55 44
Itália 32 -- 35 30
Portugal 36 -- 44 38
Média da Europa
35 46 40
do Sul
Bulgária 48 42 -- 21
Rep. Checa 45 20 -- 18
Eslováquia -- 28 -- 30
Eslovénia -- 24 -- 33
Hungria 40 37 -- 27
Polónia 78 31 -- 13
Roménia 22 18 -- 21
Média da Europa
47 28 -- 23
do Leste
Fonte: World Values Survey (1981-1983 e 1994-1999); Eurobarómetro (2000-2004 e 2005-2008) (retirado de:
Teixeira, Conceição Pequito e André Freire (2010), “Declínio, transformação e confiança nos parlamentos: uma
perspectiva longitudinal e comparada”, in André Freire e José M. Viegas (orgs.), Representação Política. O
Caso Português em Perspectiva Comparada, Lisboa, Sextante Editora, p. 69)
Nota: No World Values Surveys, a pergunta que mede o grau de confiança no parlamento nacional encontra-se
formulada nos seguintes termos: "How much confidence do you have in parliament, is it a great deal, quite a lot,
not very much or none at all?"