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D.

Eleitoral
Dr. Rodrigo Souza
Data: 08/07/10.

INTRODUÇÃO

A democracia no Brasil é conceituada como semidireta, considerando a


possibilidade do cidadão participar da formação da vontade política nacional, seja
através de seus representantes eleitos, seja diretamente. Tal afirmação pode ser retirada
da análise do art. 1º §único da Constituição Federal:

Parágrafo único - Todo o poder emana do povo,


que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.

Nesse sentido, o direito eleitoral é o ramo do Direito Público composto por um


conjunto de normas destinadas a regular os deveres dos cidadãos em suas relações
políticas com o Estado. O foco principal do estudo do direito eleitoral recai sobre os
direitos políticos. Tais direitos estão disciplinados nos art. 14 a 16 da Constituição
Federal1. Os direitos políticos podem ser classificados em positivos ou negativos,
conforme tradicional divisão nos apresentada por José Afonso da Silva:

• Direitos Políticos Positivos

São as normas que asseguram a participação no processo político. Garantem a


participação do povo na gestão e controle da coisa pública, seja pelo direito de
participação popular: através da iniciativa legislativa popular, o direito de propor a
ação popular e o direito de organizar e participar de partidos políticos, seja através das
várias modalidades de direito de sufrágio: direito de voto nas eleições, direito de
elegibilidade (de ser votado), direito de voto nos plebiscitos e referendos.

Os direitos políticos positivos podem ser divididos na capacidade eleitoral


ativa (direito de votar) ou capacidade eleitoral passiva (direito de ser votado).

• Direitos Políticos Negativos

Tratam-se das normas constitucionais restritivas e impeditivas do direito do


cidadão de participar do processo político e nos órgãos governamentais, privando o
cidadão do direito de eleger e ser eleito, de exercer atividade político partidária ou de
exercer função pública.

_____________________________________________________________________________
__

O capítulo IV da Constituição Federal (arts. 14 a 16) trata dos direitos políticos,


que nada mais são do que o conjunto de normas reguladoras do exercício da soberania
popular. Dentre tais normas despontam aquelas destinadas ao efetivo exercício dos
direitos políticos e as que, por razões de ordem pública, de forma permanente ou

1
Conforme lembra Pedro Henrique Távora Neles, citando, José Afonso da Silva, “embora a Constituição
conceba os direitos políticos, em sentido estrito, o conceito é mais amplo, indo além do direito de sufrágio
para alcançar o direito de propor ação popular e o direito de organizar e participar de partidos políticos.
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temporária, restringem o exercício desses mesmos direitos, razão de ser da dicotomia


entre direitos políticos positivos e direitos políticos negativos.

Dispõe o art. 14 da Constituição Federal:


Art. 14. A soberania popular será exercida pelo
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante:
I – plebiscito;
II – referendo;
III – iniciativa popular.
(...)
Nas palavras de José Afonso a Silva, “as instituições fundamentais dos direitos
políticos que configuram o direito eleitoral”, ou seja, são instituições fundamentais do
direito eleitoral: 1) o sufrágio (ativo e passivo); 2) os sistemas eleitorais; e 3) os
procedimentos eleitorais. Também se concebe formas especiais de exercício da
soberania popular, mediante consultas (voto) ou iniciativa direta da população,
capazes de interferir no labor legislativo, quais sejam: a) o plebiscito; b) o referendo; e
c) a iniciativa popular. Em se tratando de consulta mediante voto, convém lembrar que
impera o princípio do sufrágio universal.

Como ferramenta básica do exercício da soberania popular desponta o


“sufrágio universal”, daí sobrevindo o “direito de sufrágio”. A palavra sufrágio, que
deriva do latim suffragium, de sufragari (favorecer, interceder, aprovar por votos), no
sentido do direito público exprime, como destaca De Plácido e Silva, a manifestação da
vontade de um povo, para escolha de seus dirigentes, por meio do voto. Já na
observação de José Afonso da Silva ao citar Carlos S. Fayt, “trata-se de um direito
público subjetivo de natureza política, que tem o cidadão de eleger, ser eleito e de
participar da organização e da atividade do poder estatal”.

A representação política, na definição de Bobbio significa um mecanismo


político particular para a realização de uma relação de controle (regular) entre
governados e governantes. Contempla-se a idéia de que um único indivíduo não pode
exercer pessoalmente o poder, podendo fazê-lo em nome da coletividade ou
universalidade que representa. A Representação política pode definir-se então como
uma representação eletiva. Não é suficiente porém um tipo qualquer de eleições. Trata-
se de eleições competitivas e que ofereçam um mínimo de garantias de liberdade para
expressão do sufrágio.

AQUISIÇÃO DA CIDADANIA

(a) Alistamento Eleitoral e Voto

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O alistamento eleitoral, para a maioria da doutrina configura-se como a


primeira fase do processo eleitoral. É a formalização da aquisição de direitos políticos
pelo nacional. Com o alistamento eleitoral o cidadão adquire a capacidade eleitoral
ativa (direito de votar)

De acordo com a Constituição Federal, que o alistamento e o voto são


obrigatórios para os maiores de 18 anos. Obviamente, não para todos. No art. 14 §1º, II,
a Constituição Federal dispõe acerca da facultatividade do alistamento e do voto:

• Maiores de 70 anos
• Analfabetos
• Maiores de 16 anos e maiores de 18 anos
֠ A Resolução 21538/2003 dispõe no art. 80 §6º que existe a dispensa de
apresentação de justificativa para os acima mencionados, salvo quando maiores de
80 anos. Todavia, o TSE decidiu no Acórdão 649 afastar a expressão “ maiores de 80
anos”. O que nos parece o mais lógico, ou seja, um idoso com 71 anos, alistado, que
não votar, não precisaria justificar. Agora, uma pessoa com 82 anos que não
comparecesse para justificar a ausência do voto, poderia ter o cancelamento da
inscrição como eleitor.2

Deve-se destacar que para os acima estabelecidos, caso sejam alistados perante
a Justiça Eleitoral, permanecerá facultativo o voto. No que diz respeito aos analfabetos
é correto afirmar que esses possuem capacidade eleitoral ativa, não possuem,
entretanto, capacidade eleitoral passiva.

O alistamento eleitoral é vedado para os estrangeiros e para os conscritos3, que


são os militares durante o serviço militar obrigatório. Também é vedado o alistamento
eleitoral dos menores de 16 anos. Entretanto, o menor com quinze anos poderá alistar-
se como eleitor, desde que complete 16 anos até o dia da eleição.

֠ O Código Eleitoral dispõe que não podem ser eleitores aqueles que não saibam
exprirmir-se na língua nacional. (Art. 5, II, CE/65)

Analisando-se, ainda, a situação do conscrito, o TSE apreciando a Consulta nº


9.881/90 entendeu que “o eleitor inscrito, ao ser incorporado para a prestação do
serviço militar obrigatório, deve ter sua inscrição mantida, porém ficará impedido de
votar”, fundamentando a v. decisão com o art. 6º, inciso II, alínea ‘c’ do CE – Resolução
15.072, de 28.2.89.

Em seu artigo 6.º, o Código Eleitoral (Lei n. 4.737/65) também faculta o


alistamento do inválido e dos que se encontram fora do país. Faculta, ainda, o voto dos
enfermos, dos que se encontram fora de seu domicílio e dos servidores públicos em
serviço que os impeça de votar.

2
Desde que deixasse de votar e justificar por três eleições consecutivas.
3Conscrição é o alistamento das pessoas nascidas em determinadas épocas , que, estando aptas para o serviço
militar, a ele são obrigadas (Pinto Ferreira, Curso de Direito Constitucional, p. 168)

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O eleitor obrigado a votar, que se encontra no exterior no dia da votação, tem o


prazo de 30 dias contados de seu ingresso no país para justificar sua falta perante o juiz
de sua zona eleitoral. No caso de estar no país, o eleitor, que tinha obrigação de votar e
não o fez, tem o prazo de 60 dias para justificar sua ausência.

Sobre o prazo máximo para o requerimento de alistamento deve-se analisar o


art. 91 da Lei 9504/97: “nenhum requerimento de alistamento eleitoral ou
transferência de domicílio eleitoral será recebido dentro dos cento e cinqüenta dias
anteriores à eleição”. Desse modo o prazo máximo para os nacionais efetivarem o
alistamento eleitoral é o 151º dia anterior à eleição.
Nos arts. 71 a 81 O Código Eleitoral elenca as hipóteses de cancelamento e
exclusão do alistamento eleitoral. Segundo Pinto Ferreira: “O Cancelamento se realiza
quando a inscrição de que se trata deixa de existir, como nas hipóteses de pluralidade
de inscrições, quando elas são canceladas, ou na de transferência do eleitor para outra
zona ou circunscrição . A exclusão é feita contra o próprio eleitor, que deixa de ser
eleitor, até que cesse o motivo da exclusão, quando poderá novamente pleitear e
requerer a sua inscrição.”

Para Djalma Pinto: “O cancelamento é a retirada do nome do cidadao do rol dos


eleitores. Exclusão, por sua vez, é o processo através do qual se realiza o cancelamento
da inscrição.” Durante o processo e até a exclusão pode o eleitor votar validamente
(art. 72). Saliente-se que a ocorrência de exclusão ou cancelamento não prejudica a
aplicação das sanções penais correspondentes.

As causas de cancelamento da inscrição eleitoral (o alistamento eleitoral é uma


das condições de elegibilidade) estão explicitadas no artigo 71 do Código Eleitoral. São
elas:

I – infração do artigo 5.º do Código Eleitoral, que veda o alistamento como eleitores dos
que não saibam exprimir-se na língua nacional (conceito que não restringe o
alistamento e o voto dos deficientes que têm capacidade de expressar sua vontade) ou
que estejam privados dos seus direitos políticos;

II – infração do artigo 42 do Código Eleitoral, que veda o alistamento dos que estão
privados temporária ou definitivamente dos direitos políticos;

III – a suspensão ou perda dos direitos políticos;

IV – a pluralidade de inscrições;

V – o falecimento do eleitor, devendo o cartório de registro civil, até o dia 15 de cada


mês, enviar ao Juiz eleitoral a comunicação dos óbitos dos cidadãos alistados;

VI – deixar de votar em três eleições consecutivas.

Nesse último caso será cancelada a inscrição do eleitor que se abstiver de votar
em três eleições consecutivas, salvo se houver apresentado justificativa para a falta ou
efetuado o pagamento da multa, ficando excluídos do cancelamento os eleitores que,
por prerrogativa constitucional, não estejam obrigados ao exercício do voto.

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JURISPRUDÊNCIA DO TSE SOBRE ALISTAMENTO !

Alistamento eleitoral. Exigências. São aplicáveis


aos indígenas integrados, reconhecidos no pleno
exercício dos direitos civis, nos termos da
legislação especial (Estatuto do Índio), as
exigências impostas para o alistamento eleitoral,
inclusive de comprovação de quitação do serviço
militar ou de cumprimento de prestação
alternativa.. (Res. no 20.806, de 15.5.2001, rel.
Garcia Vieira.)
.(...) Cabimento de recurso contra decisão de juiz
eleitoral. Arts. 29, II, a, e 80 do Código Eleitoral.
Recurso provido. I . Ao delegado de partido é
facultado recorrer não só da sentença de exclusão,
mas ainda da que mantém a inscrição eleitoral (art.
80 c.c. o art. 29, II, a, do Código Eleitoral). II . O
Ministério Público Eleitoral é parte legítima para
interpor o recurso de que trata o art. 80 do Código
Eleitoral (Ag no 4.459/SP, rel. Min. Luiz Carlos
Madeira, DJ de 21.6.2004). (...). (Ac. no 21.644, de
2.9.2004, rel. Min. Peçanha Martins.)

Alistamento eleitoral. Impossibilidade de ser


efetuado por aqueles que prestam o serviço militar
obrigatório. Manutenção do impedimento ao
exercício do voto pelos conscritos anteriormente
alistados perante a Justiça Eleitoral, durante o
período da conscrição.. (Res. no 20.165, de 7.4.98,
rel. Min. Nilson Naves.)

Alistamento eleitoral. Militares. Obrigatoriedade.


CF, art. 14 § 2o. O alistamento eleitoral é
obrigatório para os militares, exceto os conscritos,
enquanto durar o serviço militar obrigatório.. (Res.
no 15.945, de 16.11.89, rel. Min. Octávio Gallotti.)
.1. Eleitor. Serviço militar obrigatório. 2.
Entendimento da expressão .conscrito. no art. 14, §
2o da CF. 3. Aluno de órgão de formação da
reserva. Integração no conceito de serviço militar
obrigatório. Proibição de votação, ainda que
anteriormente alistado. 4. Situação especial
prevista na Lei no 5.292. Médicos, dentistas,
farmacêuticos e veterinários. Condição de serviço
militar obrigatório. 5. Serviço militar em
prorrogação ao tempo de soldado engajado.
Implicação do art. 14, § 2o da CF.. NE: .(...) Nessa

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situação, estão abrangidos pela proibição do art.


14, § 2o da CF, isto é, não podem se alistar. (...).
(Res. no 15.850, de 3.11.89, rel. Min. Roberto
Rosas.)
.(...) 2. Alistamento. Policiais militares. CF, art.14, §
2o. Os policiais
militares, em qualquer nível de carreira são
alistáveis, tendo em vista a inexistência de
vedação legal.. (Res. no 15.099, de 9.3.89, rel. Min.
Villas Boas.)

(b) Domicílio eleitoral. Conceito, transferência e prazos.


O conceito de domicílio eleitoral não se confunde com o de domicilio civil.
Nesse sentido, dispõe o artigo 42 do Código Eleitoral: “caso o alistando tenha mais de
uma residência, qualquer uma delas será considerada como domicílio eleitoral..”
Assim dispõe a jurisprudência do TSE:
“Domicílio eleitoral. O domicílio eleitoral não se
confunde, necessariamente, com o domicílio civil.
A circunstância de o eleitor residir em
determinado município não constitui obstáculo a
que se candidate em outra localidade onde é
inscrito e com a qual mantém vínculos (negócios,
propriedades, atividades políticas).” ( Ac. n°
18.124, de 16.11.2000, rel. Min. Garcia Vieira, red.
designado Min. Fernando Neves.)

“(...). 1. O TSE, na interpretação dos arts. 42 e 55 do


CE, tem liberalizado a caracterização do domicílio
para fim eleitoral e possibilitado a transferência –
ainda quando o eleitor não mantenha residência
civil na circunscrição – à vista de diferentes
vínculos com o município (histórico e
precedentes). (...)” NE : Histórico da exigência de
prazo mínimo de domicílio eleitoral na
circunscrição. ( Ac. n° 18.803, de 11.9.2001, rel. Min.
Sepúlveda Pertence.)

Com relação ao conceito de domicílio eleitoral para fins de pretensão aos cargos
eletivos, a Lei 9504/97 em seu artigo 9º assevera que os candidatos devem possuir
domicílio eleitoral na circunscrição em que pretendem concorrer pelo prazo mínimo de
um ano antes da eleição. Desse modo, um governador deverá possuir domicílio
eleitoral no Estado, pelo prazo mínimo de um ano. Por outro lado o prefeito, deverá
possuir domicílio no respectivo município pelo prazo de um ano.
Importante observar que, conforme entende o TSE, o detentor de mandato
eletivo que transferiu seu domicílio eleitoral para outra unidade da Federação pode ser

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candidato para o mesmo cargo pelo seu novo domicílio. A transferência do domicílio
eleitoral, nesse caso, não irá acarretar a perda do mandato.
A transferência do domicílio eleitoral deverá ser requerida ao juiz do novo
domicílio, antes dos 150 dias anteriores à eleição. Registre-se, desde logo, que o
eleitor não é obrigado a transferir o domicílio eleitoral. Entretanto, caso o eleitor não
compareça para votar, deverá justificar sua ausência no prazo de 60 dias contados da
eleição.
Os requisitos para transferência estão previstos no art. 55 do Código Eleitoral
e atualizados pela Resolução 21538/03 do TSE:
1. Residência mínima de três meses no novo domicílio, declarada pelo eleitor sob
as penas da lei.
2. Decurso de um ano do alistamento ou da última transferência.
3. Requerimento até o 151º dia anterior à eleição.
4. Quitação com as obrigações eleitorais
O eleitor que teve indeferido o requerimento de transferência poderá recorrer
ao Tribunal Regional Eleitoral no prazo de 3 dias. No caso de deferimento, os
delegados de partidos poderão recorrer no prazo de 10 dias ao Tribunal Regional
Eleitoral.
No caso de remoção de servidor público ou militar, os requisitos 1 e 2 são
dispensados. Essa regra aplicar-se-á aos membros da família.

Outro ponto a ser destacado é a possibilidade de recursos no processo de


transferência do domicílio eleitoral. O eleitor que teve indeferido o requerimento de
transferência poderá recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral no prazo de 5 dias. No
caso de deferimento, os delegados de partidos poderão recorrer no prazo de 10 dias ao
Tribunal Regional Eleitoral. Esse Tribunal irá julgar os recursos no prazo de cinco dias.
(Resolução 21538/2003)

JURISPRUDÊNCIA DO TSE SOBRE DOMICÍLIO ELEITORAL:

“Consulta. Prefeito municipal. Outro município.


Eleição. Período subseqüente. Afastamento.
Município desmembrado. Burla à regra da
reeleição. Impossibilidade. Domicílio eleitoral.
Inscrição eleitoral. Transferência. Esposa. Mesmo
cargo. Cargo diverso. (...) 3. Prefeito em exercício
pode transferir o seu domicílio eleitoral para outra
comarca. As eventuais conseqüências que esse ato
possa acarretar não são examinadas pela Justiça
Eleitoral. (...)”
( Res. n° 21.297, de 12.11.2002, rel. Min. Fernando
Neves.)

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(c) Perda ou Suspensão dos direitos políticos


O art. 15 da Constituição Federal dispõe que os direitos políticos não podem ser
cassados. O cidadão pode, excepcionalmente, ser privado definitivamente de seus
direitos políticos – ocorre através da perda dos direitos políticos. Pode ocorrer,
excepcionalmente, a privação temporária dos direitos políticos do cidadão – o que
ocorre através da suspensão dos direitos políticos.
Registre-se que o art. 15 da Constituição Federal não dispõe quais seriam as
causas de perda ou suspensão. Adoto, portanto, abstraindo-se posições doutrinárias
divergentes, o posicionamento dado pela Resolução 21538/03 do Tribunal Superior
Eleitoral:4
Art. 15 I – Perda
Art. 15 II ao V – Suspensão dos direitos políticos
Saliente-se que vige o princípio da plenitude de gozo dos direitos políticos
positivos, sendo certo que a Constituição veda a cassação dos direitos políticos.
Contudo, admite – nos termos do art. 15 – a perda e a suspensão. Portanto, se frise que
nas hipóteses de perda e suspensão dos direitos políticos, estas devem ser
interpretadas restritivamente como ocorre com todas as normas que importam em
limitação a algum direito fundamental
No caso dos direitos políticos suspensos, uma vez cessados os motivos que
geraram a suspensão dos direitos políticos (incapacidade civil ou condenação
criminal), dar-se- á sua reaquisição integral. Já na hipótese dos direitos políticos
perdidos: cancelamento da naturalização – apenas por ação rescisória, uma vez
readquirida deverá proceder a novo alistamento eleitoral para reaver seus direitos
políticos.

JURISPRUDÊNCIA DO TSE SOBRE SUSPENSÃO DE DIREITOS POLÍTICOS:

Recurso ordinário. Registro. Candidatura. Matéria.


Constitucional. Recepção. Recurso especial.
Condenação. Ação Cível. Improbidade
administrativa. Suspensão. Direitos políticos.
Inelegibilidade. Arts. 15, V, e 37, § 4º, da CF/88.
Improcedência.
1) Primeiramente, a norma constitucional que cuida
da suspensão dos direitos políticos tornou-se
aplicável com a entrada em vigor da Lei nº 8.429/92
e concretizou, em seu art. 12, o comando
constitucional que estabelece as sanções aplicáveis
de acordo com o grau de ofensa à probidade
administrativa. No caso dos autos não há sequer
capitulação legal da improbidade administrativa

4
Posicionamento também adotado por Antônio Carlos Martins Soares. Direito Eleitoral. Questões
controvertidas. P. 196. 2006
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alegada, de modo a aferir qual o prazo de


inelegibilidade, caso fosse esta à hipótese.
2) Demais disso, as sanções decorrentes de ato de
improbidade administrativa, aplicadas por meio da
ação civil, não têm natureza penal, e a suspensão
dos direitos políticos depende de aplicação expressa
e motivada por parte do juízo competente, estando
condicionada sua efetividade ao trânsito em julgado
da sentença condenatória, consoante previsão legal
expressa no art. 20 da Lei nº 8.429/92. Na situação
delineada não há referência expressa à suspensão
dos direitos políticos do candidato.
3) Recurso conhecido e provido para o fim do
deferimento do registro.
( Acórdão 811, de 25.11.2004, rel. Min. Caputo
Bastos.)

Agravo de Instrumento - Ação de impugnação de


mandato eletivo -Art. 14, § 9º da Constituição
Federal - Rejeição de contas - Improbidade
administrativa - Art. 15, inciso V da Carta Magna -
Suspensão de direitos políticos - Art. 20 da Lei nº
8.429/92 - Fraude.
1. A rejeição de contas não implica, por si só,
improbidade administrativa, sendo necessária
decisão judicial que assente responsabilidade por
danos ao erário.
2. A suspensão dos direitos políticos só se efetiva
com o trânsito em julgado da sentença
condenatória, nos termos do art. 20 da Lei nº
8.429/92.
3. A fraude que pode ensejar ação de impugnação
de mandato é aquela que tem reflexos na votação
ou na apuração de votos.
4. Agravo a que se nega provimento.
( Acórdão 3009, de 09.10.2001, rel. Min. Fernando
Neves)

DO SUFRÁGIO UNIVERSAL

(a) Voto Universal, direto e secreto

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O artigo 14 da Constituição Federal explicita que no Brasil a soberania popular


é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
todos (democracia indireta), e, nos termos da lei, mediante iniciativa popular,
referendo e plebiscito, instrumentos da democracia direta (também denominada
participativa). A esse exercício misto da soberania popular, eleição direta dos
parlamentares e dos chefes do executivo – democracia indireta ou representativa - e
iniciativa popular, plebiscito e referendo – democracia participativa -, dá-se o nome de
democracia semidireta.

A democracia indireta, como vimos, é representativa. Conforme nos ensina o


grande mestre Kildare Gonçalves “o fundamento jurídico da representação política é o
procedimento eleitoral que vem definido na Constituição e nas Leis”.

Excepcionalmente, poderemos ter eleições indiretas no Brasil, conforme


previsto no art. 81 §1º da Constituição Federal. Tal fato ocorrerá no caso de vacância
dos cargos de Presidente e Vice nos dois últimos anos do mandato. Nesse caso, deverá
ser realizada uma nova eleição pelo Congresso Nacional no prazo de 30 dias da
última vaga. O eleito somente completará o mandato.

Nesse contexto, cabe trazer jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral acerca


desse tema:

AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE


SEGURANÇA. Liminar. Pressupostos. Ausência.
Indeferimento. Vacância. Arts. 80 e 81 da CF.
Inaplicabilidade.
Aplica-se o art. 224 do CE quando a anulação
superar 50% dos votos.
A decisão fundada no art. 41-A da Lei nº 9.504/97
há de ser executada imediatamente.
A eleição indireta prevista nos arts. 80 e 81 da
Constituição Federal pressupõe a vacância por
causa não eleitoral.
Concessão de liminar em mandado de segurança
requer demonstração, desde logo, da presença do
direito líquido e certo a ser amparado pela medida.
O provimento do agravo regimental pressupõe o
afastamento de todos os fundamentos da decisão
impugnada.
MS-3427 – Relator: HUMBERTO GOMES DE
BARROS. 09/03/2006

Questão interessante reside em sabe se essa regra será aplicada no caso de


vacância dos cargos de Gov / vice e Prefeito e Vice ? A jurisprudência do TSE admite,
por analogia, que, havendo vacância dos cargos de prefeito e vice-prefeito, nos dois
últimos anos do mandato, há de ser realizada a eleição indireta, como recomenda o art.
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Data: 08/07/10.

81 §1º da Constituição Federal. (Ag nº 2133/SP, rel. Ministro Garcia Vieira, DJ de


4.8.2000)

No que diz respeito à diferença entre sufrágio e voto. Aquele representa o


direito de participar do processo político e o voto seria um dos modos de externar esse
direito. O sufrágio é universal na medida que a possibilidade de participar do processo
político é conferida aos cidadãos, sem que haja restrições de cunho intelectual ou
econômico. Desse modo:

Sufrágio Universal – ocorre quando não há discriminação para seu exercício em função
do grau de instrução, do patrimônio e do sexo, como no caso do Brasil.

Sufrágio Restrito – ao contrário, somente é exercido por indivíduos que possuam


determinada qualificação econômica ou de capacidades especiais, sendo
discriminatório. Pode ser censitário (restrito a indivíduos que apresentem determinada
qualificação econômica, como o pagamento de imposto, renda mínima etc.) ou
capacitário (baseado em capacitação intelectual, como exigir determinado grau de
instrução)

• SISTEMAS ELEITORAIS

Sistema eleitoral na concepção de José Afonso da Silva é o conjunto de técnicas


e procedimentos que se empregam na realização das eleições, destinados a organizar a
representação do povo no território nacional. Nossa Carta Política adotou, para as
eleições à Câmara dos Deputados e Casas Legislativas dos Estados, Distrito Federal e
Municípios, o sistema proporcional.

Sistema Proporcional:
O sistema proporcional é o que prevê a “representação proporcional” do
eleitorado, ou seja, a distribuição proporcional, em determinado território, das variadas
correntes ideológicas, com ênfase à igualdade do voto.

O art. 45 da Constituição Federal define a adoção do sistema proporcional para


a Câmara dos Deputados, dispondo que ela compõe-se de “representantes do povo,
eleitos, pelo sistema proporcional”, em cada Estado, em cada Território e no Distrito
Federal. O número de representantes, proporcionalmente à população, é definido por
lei complementar (LC 78, de 30.12.93). Quanto aos Estados e Municípios, a disciplina
está nos arts. 27 e 29, incs. I e IV da Constituição Federal.

O sistema proporcional demanda aplicação de regras disciplinadoras da


efetivação da representação, regras estas previstas nos arts. 106 a 113 do Código
Eleitoral e art. 5º da Lei 9.504, de 30.09.1997 (Lei Eleitoral). Insta verificar, portanto, o
significado de “votos válidos”, “quociente eleitoral”, “quociente partidário” e
“distribuição dos restos”,

a) votos válidos: nas eleições proporcionais contam-se como válidos apenas os


votos dados a candidatos regularmente inscritos e às legendas partidárias. Por
exclusão, não são computados o voto branco e o voto nulo;
b) quociente eleitoral: calcula-se o quociente eleitoral através da divisão do
número de votos válidos pelo número de lugares a preencher na Casa
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Legislativa (exceto Senado), desprezando-se a fração igual ou inferior a meio,


bem assim arredondando-se para um (1) a fração superior a meio (1/2);
c) quociente partidário: calcula-se o número de lugares que cabe ao partido
dividindo-se o número de votos obtidos para a legenda pelo quociente
eleitoral, desprezando-se a fração;
d) distribuição dos restos: no caso de sobra de lugares a preencher na Casa
Legislativa, adota-se o método da maior média para definir qual partido terá
direito ao preenchimento dos lugares vagos. É a disciplina contida no art. 109 do
Código Eleitoral.

Vejamos um exemplo hipotético de cálculo do quociente eleitoral e distribuição das


vagas:

Em uma eleição municipal, o número total de votos válidos foi 25.320, sendo 15
o número de vagas a se preencher na Câmara Municipal. Assim, teremos o seguinte
cálculo:

25.320 / 15 = 1.688 Quociente eleitoral (QE) = 1.688

Uma vez obtido o QE, passa-se à distribuição das vagas a serem preenchidas.

Na primeira fase, a distribuição das vagas é feita através do quociente


partidário (QP), que é a divisão do número de votos válidos de um partido pelo
quociente eleitoral. Supondo que 3 partidos (PX, PY e PW) tenham alcançado o
quociente eleitoral, com a seguinte votação:

PX 10.200 votos
PY 6.300 votos
PW 5.250 votos

Teremos então a seguinte distribuição de vagas:

PX 10.200 / 1.688 = 6
PY 6.300 / 1.688 = 3
PW 5.250 / 1.688 = 3

Assim, 12 vagas foram distribuídas através do QP.

Pelo sistema de médias serão distribuídas as vagas restantes (não preenchidas


pelo QP), dividindo-se o total de votos válidos de cada partido pelo número de vagas
já preenchidas mais 1. O partido que obtiver a maior média ficará com a vaga. O
cálculo se repetirá para a distribuição de cada um dos lugares restantes. Neste exemplo
serão 3 rodadas de cálculos.

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Assim teremos:
PX 10.200 / (6+1) =
1.457
PY 6.300 / (3+1) = 1.575
PW 5.250 / (3+1) = 1.312 A primeira vaga fica com o PY
PX 10.200 / (6+1) =
1.457
PY 6.300 / (4+1) = 1.260
PW 5.250 / (3+1) = 1.312 A segunda vaga fica com o PX
PX 10.200 / (7+1) = 1.275
PY 6.300 / (4+1) = 1.260
PW 5.250 / (3+1) = 1.312 A terceira vaga fica com o PW

OBS. O preenchimento das vagas com que cada partido ou coligação for contemplado
obedecerá à ordem de votação recebida por seus candidatos.

Sistema Majoritário:
O sistema majoritário contempla a “representação por maioria”, ou seja,
considera-se representante eleito, em determinado território ou circunscrição, aquele
que obtiver a maioria absoluta ou relativa dos votos.

Como estatuído na Constituição Federal (arts. 77, 28 e 29), vigora no Brasil o


sistema majoritário por maioria absoluta e por maioria relativa. Para os cargos do
Poder Executivo, nas três esferas (Presidente da República e Vice, Governador e Vice e
Prefeito e Vice), adota-se o sistema majoritário por maioria absoluta, com possibilidade
de realização de dois turnos nos casos previstos. Registre-se que o sistema por maioria
absoluta, no caso de prefeito e vice, aplica-se somente quando o município tiver mais
de duzentos mil eleitores. O sistema majoritário por maioria simples será aplicado nas
eleições para o cargo de Senador da República e para Prefeito e Vice, quando o
município tiver menos de duzentos mil eleitores.

(b) Nacionalidade e Cidadania. Direitos Políticos. Cargos privativos de brasileiro


nato.

A nacionalidade representa um requisito para a aquisição da cidadania, haja


vista que só podem alistar-se como eleitores os brasileiros. A Constituição proíbe o
alistamento eleitoral dos estrangeiros.5

Podemos conceituar nacionalidade como o vínculo jurídico político que liga um


indivíduo a um Estado. Adquiri-se a nacionalidade através de dois critérios: jus solis e
jus sangüinis. Pelo primeiro critério, leva-se em conta o território do Estado e
nascimento da pessoa. Já o segundo, o indivíduo adquire a nacionalidade em razão de

5É possível o alistamento eleitoral dos portugueses equiparados. A esses são assegurados os


mesmos direitos conferidos a um brasileiro naturalizado.
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sua filiação, de seus laços e sangue. No Brasil adota-se o critério territorial para
definição da nacionalidade. O conceito de estrangeiro é correlato ao de nacional: é
estrangeiro todo aquele que não possua nacionalidade brasileira.

De acordo com a Constituição Federal são brasileiros natos (art. 12, I):

 a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,


desde que estes não estejam a serviço de seu país;

 b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que


qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

 c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãebrasileira, desde que sejam


registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República
Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade,
pela nacionalidade brasileira;

Registre-se alteração efetivada pela Emenda Constitucional 54/07, a qual


restabeleceu a possibilidade do registro de brasileiros nascidos no estrangeiro, mesmo
que os pais não estejam a serviço do Brasil. A opção é a declaração unilateral da
vontade de conservar a nacionalidade; e esta terá efeitos retroativos, ao ser praticada.

De acordo com a Constituição Federal, são privativos de brasileiros natos os


seguintes cargos:

CF / 88 art. 12 . . . §3º
I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
V - da carreira diplomática;
VI - de oficial das Forças Armadas;
VII - de Ministro de Estado da Defesa.

(c) Plebiscito e referendo. Iniciativa Popular


Os principais institutos da democracia direta (participativa) no Brasil são a
iniciativa popular, o referendo popular e o plebiscito6.

6
Lei 9709/98 Art. 2º. Plebiscito e referendo são consultas formuladas ao povo para que delibere
sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa.
(...)
§1º. O plebiscito é convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao
povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido..
§ 2º. O referendo é convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo,
cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição.

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A iniciativa popular configura-se como a possibilidade de início do processo


legislativo pelo povo, desde que atendidos os requisitos previstos no art. 61 §2º de
nossa Constituição:

CF – 88
Art. 61§ 2º - A iniciativa popular pode ser exercida
pela apresentação à Câmara dos Deputados de
projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por
cento do eleitorado nacional, distribuído pelo
menos por cinco Estados, com não menos de três
décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
O referendo é a forma de manifestação popular pela qual o eleitor aprova ou
rejeita uma atitude governamental já manifestada (exemplo: quando uma emenda
constitucional ou um projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo é submetido à
aprovação ou rejeição dos cidadãos antes de entrar em vigor).

O plebiscito é a consulta popular prévia pela qual os cidadãos decidem ou


demonstram sua posição sobre determinadas questões. A convocação de plebiscitos é
de competência exclusiva do Congresso Nacional quando a questão for de interesse
nacional.

A autorização e a convocação do referendo popular e do plebiscito são da


competência exclusiva do Congresso Nacional, nos termos do artigo 49, inciso XV, da
Constituição Federal, combinado com a Lei n. 9.709/98 (em especial os artigos 2.º e 3.º).

DA ORGANIZAÇÃO DO ELEITORADO

As circunscrições eleitorais são unidades criadas para organizar territorialmente


o eleitorado, considerada a espécie de eleição. Nos termos do art. 86 do Código
Eleitoral, a circunscrição será:

- nas eleições presidenciais: o País;


- nas eleições federais e estaduais:o Estado; e
- nas eleições municipais: o Município.
As Zonas eleitorais são unidades territoriais municipais, de natureza
administrativa e jurisdicional. São criadas para controle de alistamento/transferência
eleitoral e recepção de registros de candidaturas, bem assim para definição de
competência jurisdicional, cuja titularidade cabe ao Juiz de Direito na função de Juiz
Eleitoral (arts. 23, inciso VIII; 30, inciso VI; 32 a 34 e 35 inciso X, todos do Código
Eleitoral).

As Seções eleitorais são unidades de agrupamento de eleitores


inscritos(alistados) em determinada Zona Eleitoral, criadas para facilitar o exercício do
voto segundo o domicílio eleitoral(definição de locais de votação/proximidade do
domicílio do eleitor/bairro), bem como para a racionalização do escrutínio (arts. 117,
118 e 119 e s.s. do Código Eleitoral).

(a) Seções, zonas e circunscrições eleitorais


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Os Estados serão divididos em zonas eleitorais pelo Tribunal Regional Eleitoral.


Essa divisão, assim como a criação de novas zonas eleitorais deverão ser aprovadas
pelo Tribunal Superior Eleitoral. (23 VIII CE/65).

As zonas eleitorais representam a área de atuação do juiz eleitoral. Em cada


zona eleitoral haverá um juiz eleitoral, esse juiz eleitoral exercerá as funções eleitorais,
cumulativamente com as funções da Justiça Comum. As atribuições dos Juízes
Eleitorais estão previstas no art. 35 do Código Eleitoral. Dentre elas, cabe ao juiz
eleitoral dividir a respectiva zona eleitoral em seções eleitorais.

Cada seção eleitoral corresponderá a uma mesa receptora de votos (art. 119 do
CE/65). Os membros das mesas receptoras de votos serão designados pelo Juiz
Eleitoral.

(b) Fraude no alistamento eleitoral e revisão do eleitorado

O Código Eleitoral dispõe no art. 289 que constitui crime inscrever-se


fraudulentamente eleitor. Durante o processo eleitoral, a maioria dos crimes eleitorais
são praticados no processo de alistamento e transferência de domicílio eleitoral.

Revisão do Eleitorado

Quando houver denúncia fundamentada de fraude no alistamento junto a uma


zona ou Município, o Tribunal Regional Eleitoral, observadas as regras determinadas
pelo Tribunal Superior Eleitoral, poderá determinar correição e, provada a fraude em
proporção comprometedora, ordenará a revisão do eleitorado com o cancelamento dos
títulos que não foram apresentados à revisão (§ 4.º do artigo 71 do Código Eleitoral).

O Tribunal Superior Eleitoral determinará de ofício a revisão sempre que o total


de transferências ocorridas no ano em curso for 10% superior ao do ano anterior,
quando o eleitorado for superior ao dobro da população entre 10 e 15 anos somada à
de idade superior a 70 anos do território daquele Município, ou ainda, na hipótese de o
eleitorado ser superior a 65% da população projetada pelo IBGE para aquele ano
(artigo 92 da Lei n. 9.504/97 e artigo 58 da Resolução n. 21538/2003 do Tribunal
Superior Eleitoral).

Por fim, registre-se que o não comparecimento na revisão do eleitorado irá


acarretar o cancelamento da inscrição e a exclusão do eleitor.

(c) Votação. Voto Eletrônico. Mesas Receptoras. Fiscalização

Atualmente, em nosso sistema eleitoral, a regra é a aplicação do sistema


eletrônico de votação A exceção é o sistema manual de votação.

LEI 9504/97 Art. 59. A votação e a totalização dos


votos serão feitas por sistema eletrônico, podendo o
Tribunal Superior Eleitoral autorizar, em caráter

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excepcional, a aplicação das regras fixadas nos arts.


83 a 89.

Nas seções em que for adotado o sistema eletrônico somente poderão votar os
eleitores que estiverem com o nome na respectiva folha de votação. Não há, portanto, a
possibilidade do voto em trânsito.

Conforme citamos, cada seção eleitoral corresponderá a uma mesa receptora.


Os membros das mesas receptoras serão nomeados sessenta dias antes da eleição em
audiência pública anunciada com pelo menos cinco dias de antecedência.. A lei das
Eleições prevê a possibilidade de impugnação dessa designação:

LEI 9504/97 - Art. 63. Qualquer partido pode


reclamar ao Juiz Eleitoral, no prazo de cinco dias,
da nomeação da Mesa Receptora, devendo a
decisão ser proferida em 48 horas.
§ 1º Da decisão do Juiz Eleitoral caberá recurso para
o Tribunal Regional, interposto dentro de três dias,
devendo ser resolvido em igual prazo.
Com relação à fiscalização perante as mesas receptoras, os partidos e as
coligações poderão credenciar delegados de partidos e fiscais, vejamos:

LEI 9504/97 - Art. 65. A escolha de fiscais e


delegados, pelos partidos ou coligações, não poderá
recair em menor de dezoito anos ou em quem, por
nomeação do Juiz Eleitoral, já faça parte de Mesa
Receptora.
§ 1º O fiscal poderá ser nomeado para fiscalizar
mais de uma Seção Eleitoral, no mesmo local de
votação.
§ 2º As credenciais de fiscais e delegados serão
expedidas, exclusivamente, pelos partidos ou
coligações.
§ 3º Para efeito do disposto no parágrafo anterior, o
presidente do partido ou o representante da
coligação deverá registrar na Justiça Eleitoral o
nome das pessoas autorizadas a expedir as
credenciais dos fiscais e delegados.

DA JUSTIÇA ELEITORAL

(a) Jurisdição e competência. Peculiaridades da Justiça Eleitoral. Consultas,


instruções, administração e contencioso.

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A Constituição Federal de 1988 determina que a organização e a competência


dos órgãos da Justiça Eleitoral devem ser reguladas em lei complementar (art. 121).
Todavia, não houve edição de Lei Complementar, restando as normas da própria Carta
Magna e a recepção do Código Eleitoral (Lei 4.737/65). Desse modo qualquer alteração
no Código Eleitoral, nessa matéria, deverá ser realizada através de lei complementar.

Considerando-se a ausência de edição da Lei Complementar exigida na Carta


Magna (art. 121-CF), o que demandou a recepção das normas do Código Eleitoral e
legislação extravagante, a competência dos órgãos da Justiça Eleitoral é determinada
pelo Código Eleitoral.

A composição das duas espécies de órgãos colegiados com jurisdição eleitoral é


híbrida, já que são formados por juizes de outros tribunais, de integrantes da classe dos
advogados e de cidadãos comuns sem formação jurídica(no caso das Juntas Eleitorais).

Os integrantes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servem


(mandato legal) por dois(2) anos, no mínimo, permitida uma recondução, devendo os
substitutos serem escolhidos na mesma ocasião, mediante o mesmo processo de
escolha e com igualdade numérica de cada categoria.

Para cada membro efetivo haverá um substituto que será escolhido na mesma
ocasião e pelo mesmo processo. Sobre esse tema, assim pensa o Tribunal Superior
Eleitoral:

“Consulta. TRE/TO. Juízes eleitorais. Inexistência


de previsão legal determinando vinculação entre
juiz substituto e juiz titular no caso de afastamento
do ocupante do cargo efetivo. Em face do
estabelecido no art. 7o da Res.-TSE no 20.958/2001,
nos afastamentos ou impedimentos de qualquer dos
juízes titulares de determinada classe, a substituição
cabe ao juiz substituto mais antigo, dentro da
mesma classe, não ocorrendo vinculação do
substituto ao titular.”
(Res. no 21.761, de 13.5.2004, rel. Min. Ellen
Gracie.)

Conforme nos ensina o grande mestre Tito Costa: “Além de suas atribuições
judicantes, a Justiça Eleitoral, por meio do Tribunal Superior Eleitoral, possui
competência normativa ou regulamentar e, até mesmo, de certa forma, legislativa,
resultante da competência privativa desse órgão para expedir instruções que julgar
convenientes à execução do Código Eleitoral.”

Também ao responder às consultas que lhe sejam dirigidas, sobre matéria


eleitoral, em tese, a Justiça Eleitoral está exercendo atividade normativa e
regulamentar, completada pela competência, que lhe advém da lei, para elaborar seu
próprio regimento interno.

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O Código Eleitoral, em seu art. 23, XII, dispõe que cabe ao Tribunal Superior
Eleitoral:

CE/ 65 XII - responder, sobre matéria eleitoral, às


consultas que lhe forem feitas em tese por
autoridade com jurisdição, federal ou ]órgão
nacional de partido político;
As respostas a tais consultas têm caráter normativo na Justiça Eleitoral, delas
não cabendo recurso.Conforme defende Roberto Rosas, a força normativa do
posicionamento dos tribunais eleitorais, quando respondem as consultas, resulta de
uma postura de coerência, pois não teria sentido uma resposta num determinado
sentido que viesse a ser alterada pelo próprio tribunal quando se lhe apresentarem
questões idênticas.

A competência da Justiça Eleitoral cessa com a expedição do diploma aos


eleitos. A partir daí, qualquer questão relativa ao exercício do mandato tem seu
deslinde confiado à Justiça comum, exceto, na Constituição Federal de 1988, a ação de
impugnação de mandato eletivo, prevista no art. 14 §§ 10 e 11.7

As competências do Tribunal Superior Eleitoral estão disciplinadas nos artigos


22 e 23 do Código Eleitoral. Sendo que cabe tecer algumas palavras sobre algumas.
Vejamos:

 Conflitos de Jurisdição – O TSE irá julgar conflito de jurisdição entre TREs ou


entre juízes eleitorais de Estados diferentes. Ao TRE cabe julgar os conflitos
entre juízes eleitorais do mesmo Estado.

 Ação Rescisória – Em matéria eleitoral a ação rescisória somente é cabível


contra acórdão do Tribunal Superior Eleitoral, conforme se depreende da
leitura do art. 22, I , j do Código Eleitoral. Deve-se destacar, também, que a ação
rescisória não tem efeito suspensivo. Somente possibilitará o exercício do
mandato após a decisão final da ação rescisória. O STF, na Adin 1459-5,
suspendeu a eficácia da parte final do dispositivo em comento.

O prazo para a ação rescisória no direito eleitoral é de 120 dias. A ação será
julgada pelo próprio TSE. O Código de Processo Civil aplica-se subsidiariamente à
ação rescisória. (art. 485 CPC)

E assim pensa o TSE sobre a ação rescisória:

“Ação rescisória. Cabimento. Justiça Eleitoral. Art.


22, inciso I, alínea j, do Código Eleitoral. Decisões.
Tribunal Superior Eleitoral. Interpretação restritiva.
Constitucionalidade. Art. 101, § 3o, e, da Lei
Complementar no 35/79. Não-aplicação. 1. A ação
rescisória somente é admitida neste Tribunal

7
Há a possibilidade do Recurso contra a diplomação, o qual está previsto no art. 262 do Código Eleitoral.
Tanto a ação de impugnação de mandato eletivo, quanto o Recurso contra a diplomação têm como marco
inicial a data da diplomação.
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Superior contra decisões de seus julgados (CF, arts.


102, I, j, e 105, I, e). Interpretação restritiva que não
contraria o texto constitucional. Precedente:
Acórdão no 106. 2. O art. 101, § 3o, e, da Lei
Complementar no 35/79 (Lei Orgânica da
Magistratura) diz respeito à competência das seções
existentes nos tribunais de justiça para exame de
ações rescisórias, o que não se aplica à Justiça
Eleitoral, que segue a regra específica do art. 22, I, j,
do Código Eleitoral. (...)”
(Ac. no 4.627, de 6.5.2004, rel. Min. Fernando
Neves.)
“Agravo regimental contra decisão que negou
seguimento a ação rescisória. A ação rescisória
prevista no art. 22, j, do Código Eleitoral, somente é
cabível para desconstituir decisão do TSE que
resulte em declaração de inelegibilidade. Agravo a
que se nega provimento.”
(Ac. no 164, de 13.5.2004, rel. Min. Ellen Gracie.)

Compete ao Tribunal Superior


o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus
diretórios nacionais e de candidatos à Presidência e vice-presidência
da República
os conflitos de jurisdição entre Tribunais Regionais e juizes eleitorais
de Estados diferentes
a suspeição ou impedimento aos seus membros, ao Procurador Geral
Processar e julgar originariamente

e aos funcionários da sua Secretaria


os crimes eleitorais e os comuns que lhes forem conexos cometidos
pelos seus próprios juizes e pelos juizes dos Tribunais Regionais
o habeas corpus em matéria eleitoral, relativos a atos do Presidente da
República, dos Ministros de Estado e dos Tribunais Regionais; ou,
ainda, o habeas corpus, quando houver perigo de se consumar a
violência antes que o juiz competente possa prover sobre a
impetração
as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos
políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus
recursos
as impugnações á apuração do resultado geral, proclamação dos
eleitos e expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-
Presidente da República
os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos nos Tribunais
Regionais dentro de trinta dias da conclusão ao relator, formulados
por partido, candidato, Ministério Público ou parte legitimamente
interessada

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as reclamações contra os seus próprios juizes que, no prazo de trinta


dias a contar da conclusão, não houverem julgado os feitos a eles
distribuídos
a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada
dentro de cento e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se
o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado
julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais
nos termos do Art. 276 inclusive os que versarem matéria
administrativa
elaborar o seu regimento interno (eleger seus órgãos diretivos e
elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de
processo e das garantias, processuais das partes, dispondo sobre
competência e funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e
administrativos)
organizar a sua Secretaria (e serviços auxiliares e dos juízos que lhes
forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional
respectiva) e a Corregedoria Geral, propondo ao Congresso Nacional
a criação ou extinção dos cargos administrativos e a fixação dos
respectivos vencimentos, provendo-os na forma da lei
conceder aos seus membros licença e férias assim como afastamento
do exercício dos cargos efetivos
Compete privativamente, ao Tribunal Superior

aprovar o afastamento do exercício dos cargos efetivos dos juizes dos


Tribunais Regionais Eleitorais
propor a criação de Tribunal Regional na sede de qualquer dos
Territórios
propor ao Poder Legislativo o aumento do número dos juizes de
qualquer Tribunal Eleitoral, indicando a forma desse aumento
(ausência de previsão de aumento do número de membros dos TRE’s,
porquanto não se refere à composição mínima)
fixar as datas para as eleições de Presidente e Vice-Presidente da
República, senadores e deputados federais, quando não o tiverem
sido por lei (fixadas pela constituição e pela lei 9.504/97)
aprovar a divisão dos Estados em zonas eleitorais ou a criação de
novas zonas
expedir as instruções que julgar convenientes à execução deste
Código
fixar a diária do Corregedor Geral, dos Corregedores Regionais e
auxiliares em diligência fora da sede
enviar ao Presidente da República a lista tríplice organizada pelos
Tribunais de Justiça nos termos do ar. 25 (escolha dos membros dos
TRE’S)
responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas
em tese por autoridade com jurisdição, federal ou ]órgão nacional de
partido político
autorizar a contagem dos votos pelas mesas receptoras nos Estados
em que essa providência for solicitada pelo Tribunal Regional
respectivo;
requisitar a força federal necessária ao cumprimento da lei, de suas
próprias (independente de intermediação do presidente do STF)
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decisões ou das decisões dos Tribunais Regionais que o solicitarem, e


para garantir a votação e a apuração
organizar e divulgar a Súmula de sua jurisprudência
requisitar funcionários da União e do Distrito Federal quando o exigir
o acúmulo ocasional do serviço de sua Secretaria
publicar um boletim eleitoral
tomar quaisquer outras providências que julgar convenientes à
execução da legislação eleitoral
assistir às sessões do Tribunal Superior e tomar parte nas discussões
Compete ao Procurador Geral, como Chefe do

exercer a ação pública e promovê-la até final, em todos os feitos de


competência originária do Tribunal
oficiar em todos os recursos encaminhados ao Tribunal
Ministério Público Eleitoral

manifestar-se, por escrito ou oralmente, em todos os assuntos


submetidos à deliberação do Tribunal, quando solicitada sua
audiência por qualquer dos juizes, ou por iniciativa sua, se entender
necessário
defender a jurisdição do Tribunal
representar ao Tribunal sobre a fiel observância das leis eleitorais,
especialmente quanto à sua aplicação uniforme em todo o País
requisitar diligências, certidões e esclarecimentos necessários ao
desempenho de suas atribuições
expedir instruções aos órgãos do Ministério Público junto aos
Tribunais Regionais
acompanhar, quando solicitado, o Corregedor Geral, pessoalmente ou
por intermédio de Procurador que designe, nas diligências a serem
realizadas

Compete aos Tribunais Regionais Eleitorais


o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e
Competências originárias do TRE,processar e julgar

municipais de partidos políticos, bem como de candidatos a


Governador, Vice-Governadores, e membro do Congresso Nacional e
das Assembléias Legislativas;
os conflitos de jurisdição entre juizes eleitorais do respectivo Estado;
a suspeição ou impedimentos aos seus membros ao Procurador
Regional e aos funcionários da sua Secretaria assim como aos juizes e
escrivães eleitorais;
os crimes eleitorais cometidos pelos juizes eleitorais;
o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral,
contra ato de autoridades que respondam perante os Tribunais de
Justiça por crime de responsabilidade e, em grau de recurso, os
denegados ou concedidos pelos juizes eleitorais; ou, ainda, o habeas
corpus quando houver perigo de se consumar a violência antes que o
juiz competente possa prover sobre a impetração;
as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos
políticos, quanto a sua contabilidade e à apuração da origem dos seus
recursos;

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os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos pelos juizes


eleitorais em trinta dias da sua conclusão para julgamento,
formulados por partido candidato Ministério Público ou parte
legitimamente interessada sem prejuízo das sanções decorrentes do
excesso de prazo.8

julgar os recursos interpostos:


dos atos e das decisões proferidas pelos juizes e juntas eleitorais.
das decisões dos juizes eleitorais que concederem ou denegarem
habeas corpus ou mandado de segurança.

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Compete aos Tribunais Regionais Eleitorais, privativamente


elaborar o seu regimento interno;
organizar a sua Secretaria e a Corregedoria Regional provendo-lhes
os cargos na forma da lei, e propor ao Congresso Nacional, por
intermédio do Tribunal Superior a criação ou supressão de cargos e a
fixação dos respectivos vencimentos;
conceder aos seus membros e aos juizes eleitorais licença e férias,
assim como afastamento do exercício dos cargos efetivos submetendo,
quanto aqueles, a decisão à aprovação do Tribunal Superior Eleitoral;
fixar a data das eleições de Governador e Vice-Governador,
deputados estaduais, prefeitos, vice-prefeitos , vereadores e juizes de
paz, quando não determinada por disposição constitucional ou legal;
constituir as juntas eleitorais e designar a respectiva sede e jurisdição;
indicar ao tribunal Superior as zonas eleitorais ou seções em que a
contagem dos votos deva ser feita pela mesa receptora;
apurar com os resultados parciais enviados pelas juntas eleitorais, os
Competências privativas dos TREs

resultados finais das eleições de Governador e Vice-Governador de


membros do Congresso Nacional e expedir os respectivos diplomas,
remetendo dentro do prazo de 10 (dez) dias após a diplomação, ao
Tribunal Superior, cópia das atas de seus trabalhos;
responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas,
em tese, por autoridade pública ou partido político;
dividir a respectiva circunscrição em zonas eleitorais, submetendo
essa divisão, assim como a criação de novas zonas, à aprovação do
Tribunal Superior;
aprovar a designação do Ofício de Justiça que deva responder pela
escrivania eleitoral durante o biênio;
requisitar a força necessária ao cumprimento de suas decisões
solicitar ao Tribunal Superior a requisição de força federal;
autorizar, no Distrito Federal e nas capitais dos Estados, ao seu
presidente e, no interior, aos juizes eleitorais, a requisição de
funcionários federais, estaduais ou municipais para auxiliarem os
escrivães eleitorais, quando o exigir o acúmulo ocasional do serviço;
requisitar funcionários da União e, ainda, no Distrito Federal e em
cada Estado ou Território, funcionários dos respectivos quadros
administrativos, no caso de acúmulo ocasional de serviço de suas
Secretarias;
aplicar as penas disciplinares de advertência e de suspensão até 30
(trinta) dias aos juizes eleitorais;
comprir e fazer cumprir as decisões e instruções do Tribunal
Superior;

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determinar, em caso de urgência, providências para a execução da lei


na respectiva circunscrição;

organizar o fichário dos eleitores do Estado.

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Compete aos Juízes Eleitorais


cumprir e fazer cumprir as decisões e determinações do Tribunal
Superior e do Regional
processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem
conexos, ressalvada a
competência originária do Tribunal Superior e dos Tribunais
Regionais
decidir habeas corpus e mandado de segurança, em matéria eleitoral,
desde que essa
competência não esteja atribuída privativamente a instância superior
fazer as diligências que julgar necessárias a ordem e presteza do
serviço eleitoral
tomar conhecimento das reclamações que lhe forem feitas
verbalmente ou por escrito,
reduzindo-as a termo, e determinando as providências que cada caso
exigir
indicar, para aprovação do Tribunal Regional, a serventia de justiça
que deve ter o anexo da
Compete aos juizes Eleitorais

escrivania eleitoral
dirigir os processos eleitorais e determinar a inscrição e a exclusão de
eleitores
expedir títulos eleitorais e conceder transferência de eleitor
dividir a zona em seções eleitorais
XI mandar organizar, em ordem alfabética, relação dos eleitores de
cada seção, para remessa a
mesa receptora, juntamente com a pasta das folhas individuais de
votação
ordenar o registro e cassação do registro dos candidatos aos cargos
eletivos municiais e
comunicá-los ao Tribunal Regional
designar, até 60 (sessenta) dias antes das eleições os locais das seções
nomear, 60 (sessenta) dias antes da eleição, em audiência pública
anunciada com pelo
menos 5 (cinco) dias de antecedência, os membros das mesas
receptoras; (vedada a nomeação de presidente e mesários menores de
18 anos)
instruir os membros das mesas receptoras sobre as suas funções;

providenciar para a solução das ocorrências para a solução das


ocorrências que se verificarem nas mesas receptoras
tomar todas as providências ao seu alcance para evitar os atos viciosos
das eleições
XVIII -fornecer aos que não votaram por motivo justificado e aos não
alistados, por dispensados
do alistamento, um certificado que os isente das sanções legais

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comunicar, até às 12 horas do dia seguinte a realização da eleição, ao


Tribunal Regional e
aos delegados de partidos credenciados, o número de eleitores que
votarem em cada uma das
seções da zona sob sua jurisdição, bem como o total de votantes da
zona
I - apurar, no prazo de 10 (dez) dias, as eleições realizadas nas zonas
Compete à

eleitorais sob a sua jurisdição


Eleitoral
Junta

II - resolver as impugnações e demais incidentes verificados durante


os trabalhos da contagem e da apuração
III - expedir os boletins de apuração mencionados no Art. 178
IV - expedir diploma aos eleitos para cargos municipais

(b) Juntas, Juízes e Tribunais Regionais Eleitorais. Tribunal Superior Eleitoral

CF – ART. 118 - São órgãos da Justiça Eleitoral:


I - o Tribunal Superior Eleitoral;
II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
III - os Juízes Eleitorais;
IV - as Juntas Eleitorais.
Art. 119 - O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-
á, no mínimo, de sete membros, escolhidos:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) três juízes dentre os Ministros do Supremo
Tribunal Federal;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior
Tribunal de Justiça;
II - por nomeação do Presidente da República, dois
juízes dentre seis advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
Supremo Tribunal Federal.
Parágrafo único - O Tribunal Superior Eleitoral
elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os
Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o
Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do
Superior Tribunal de Justiça.
Art. 120 - Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na
capital de cada Estado e no Distrito Federal.
§ 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-
ão:
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de dois juízes dentre os desembargadores do
Tribunal de Justiça;

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b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos


pelo Tribunal de Justiça;
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com
sede na capital do Estado ou no Distrito Federal, ou,
não havendo, de juiz federal, escolhido, em
qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal
respectivo;
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de
dois juízes dentre seis advogados de notável saber
jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
Tribunal de Justiça.
§ 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu
Presidente e o Vice-Presidente dentre os
desembargadores.

A competência da Justiça Eleitoral não foi apresentada pela Constituição


Federal; porém, o Código Eleitoral foi recepcionado pelo texto constitucional. A Justiça
Eleitoral tem como órgãos:

• Juízes Eleitorais e Juntas Eleitorais (primeiro grau);

• Tribunais Regionais Eleitorais (segundo grau);

• Tribunal Superior Eleitoral (terceiro grau).

a) Tribunal Superior Eleitoral

O Tribunal Superior Eleitoral é o órgão máximo da Justiça Eleitoral, com sede


no Distrito Federal. É composto por sete ministros, sendo três do Supremo Tribunal
Federal, dois do Superior Tribunal de Justiça e dois advogados, escolhidos pelo
Presidente da República, indicados pelo próprio Supremo Tribunal Federal.

b) Tribunais Regionais Eleitorais

Cada Tribunal Regional Eleitoral é composto por sete juízes, sendo dois
desembargadores do Tribunal de Justiça, dois juízes estaduais, um juiz federal9 e dois
advogados nomeados pelo Presidente da República e indicados pelo Tribunal de
Justiça.

c) Juízes Eleitorais

Os juízes eleitorais são juízes de direito estaduais que exercem jurisdição nas
zonas eleitorais. Têm competência eleitoral, civil e penal, além do encargo
administrativo.10

d) Juntas Eleitorais
9
O membro da Justiça Federal que integra o Tribunal Regional Eleitoral será um Juiz Federal do TRF,
quando o Estado for sede do TRF.
10
É possível que o exercício das funções eleitorais seja atribuído a Juiz de Direito, mesmo que não vitalício.
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As juntas eleitorais são presididas por um Juiz de Direito (seja ou não Juiz
Eleitoral) e compostas por dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade. À junta
eleitoral compete apurar as eleições, resolver as impugnações e incidentes verificados
durante a apuração de votos, expedir os boletins respectivos e o diploma aos eleitos
para cargos municipais.

Os membros das Juntas Eleitorais serão nomeados pelo Presidente do


Tribunal Regional, após aprovação do pleno do Tribunal.

(c) Recursos Eleitorais.

No processo eleitoral, assim como no processo comum, as decisões judiciais


podem ser impugnadas no todo ou em parte por recurso ou outros meios, como a ação
rescisória, o habeas corpus, o mandado de segurança e a reclamação.

O direito recursal eleitoral tem prazos exíguos para o interessado recorrer. Há


recursos que devem ser interpostos imediatamente. Tratando-se de direito de resposta,
por exemplo, podemos citar o disposto no art. 58 §5º da Lei 9504/97:

§ 5º Da decisão sobre o exercício do direito de


resposta cabe recurso às instâncias superiores, em
vinte e quatro horas da data de sua publicação em
cartório ou sessão, assegurado ao recorrido oferecer
contra-razões em igual prazo, a contar da sua
notificação.

A contagem do prazo para recorrer, no processo eleitoral, irá obedecer ao que


dispõe a legislação eleitoral, que não segue necessariamente as mesmas disposições
que regem o processo civil, onde se exclui o dia do começo e inclui o do final, nunca
podendo ter início, reinício ou fim em dia em que não haja expediente forense. Nesse
sentido cabe transcrever o disposto no art. 16 da Lei das Inelegibilidades:

Art. 16. Os prazos a que se referem os arts. 3o e


seguintes desta Lei Complementar são
peremptórios e contínuos e correm em Secretaria ou
Cartório e, a partir da data do encerramento do
prazo para registro de candidatos, não se
suspendem aos sábados, domingos e feriados.

O art. 258 do Código eleitoral dispõe que não havendo previsão de prazo para
recorrer, considera-se como de três dias.

Outro ponto importante a ser analisado diz respeito à preclusão no direito


eleitoral, nesse sentido o art. 259 do Código Eleitoral:

Art. 259. São preclusivos os prazos para


interposição de recurso, salvo quando neste se
discutir matéria constitucional.

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Parágrafo único. O recurso em que se discutir


matéria constitucional não poderá ser interposto
fora do prazo. Perdido o prazo numa fase própria,
só em outra que se apresentar poderá ser
interposto.
Percebe-se, pois, que o recurso no direito eleitoral, em que se discuta matéria
constitucional, possa ser interposto fora do prazo. Na verdade, tal matéria poderá ser
alegada em outro momento processual adequado.

No que diz respeito aos efeitos dos recursos eleitorais, assim dispõe o art. 257
do Código Eleitoral:

Art. 257. Os recursos eleitorais não terão efeito


suspensivo.

Parágrafo único. A execução de qualquer acórdão


será feita imediatamente, através de comunicação
por ofício, telegrama, ou, em casos especiais, a
critério do presidente do Tribunal, através de cópia
do acórdão.
Portanto, como regra, os recursos eleitorais não têm efeito suspensivo,
ressalvada a apelação criminal e o recurso do candidato que teve decretada sua
inelegibilidade. Nesse último caso aplica-se o art. 15 da Lei Complementar 64/90:

Art. 15. Transitada em julgado a decisão que


declarar a inelegibilidade do candidato, ser-lhe-á
negado registro, ou cancelado, se já tiver sido feito,
ou declarado nulo o diploma, se já expedido.
Outro recurso que tem efeito suspensivo é apelação criminal (362 CE) no caso
de condenação por crime eleitoral.

Organização Recursal

A organização recursal da Justiça Eleitoral está prevista na Constituição Federal


nos artigos 121 §3º e 121 §4º.

Conforme dispõe o art. 121 §3º da Constituição Federal:


CF – ART. 121 § 3º - São irrecorríveis as decisões do
Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que
contrariarem esta Constituição e as denegatórias de
habeas corpus ou mandado de segurança.
No caso de decisão que contrariar a Constituição Federal caberá recurso
extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, no prazo de 3 dias, conforme previsto na
Súmula 728 do Supremo Tribunal Federal.

Registre-se que o Supremo Tribunal Federal não faz parte da Justiça Eleitoral,
ainda que julgue os recursos interpostos contra as decisões do Tribunal Superior
Eleitoral.
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Data: 08/07/10.

Tratando-se de decisão denegatória de HC ou MS caberá recurso ordinário ao


Supremo Tribunal Federal também no prazo de três dias. Sobre o mandado de
segurança em matéria eleitoral cabe transcrever algumas ementas do TSE, vejamos:

“Mandado de segurança. Decisão interlocutória.


Cabimento. (...) 1. É admissível a impetração de
mandado de segurança contra decisão
interlocutória em ação de impugnação de mandato
eletivo. (...)” (Ac. no 20.724, de 12.12.2002, rel. Min.
Fernando Neves.)

“Mandado de segurança. Atos de membros de


Tribunal Regional Eleitoral. Indeferimento liminar.
Ausência de competência. Tribunal Superior.
Súmula no 267 do Supremo Tribunal Federal.
Aplicação. 1. Esta Corte Superior não tem
competência para julgamento de mandado de
segurança contra os atos de membros de Tribunal
Regional Eleitoral. 2. O mandamus não é cabível
contra ato judicial passível de recurso, nos termos
da Súmula no 267 do egrégio Supremo Tribunal
Federal, não se prestando, portanto, para atacar
liminar concedida por Tribunal Regional. Agravo
regimental a que nega provimento.” (Ac. no 3.159,
de 5.2.2004, rel. Min. Fernando Neves.)

֠ No caso de decisão de Tribunais eleitorais tratando-se de HC ou MS, somente


caberá recurso quando a decisão for denegatória. Ao passo que das decisões dos
juízes eleitorais caberá recurso quando a decisão for denegatória ou concessiva.

֠ Somente cabe recurso ordinário ao Supremo Tribunal Federal contra decisão do


Tribunal Superior Eleitoral que, em processo de sua competência originária, denegar
habeas corpus ou mandado de segurança, mas não contra as denegatórias de habeas
data ou mandato de injunção, contra as quais poderá caber, se for o caso, apenas o
recurso extraordinário.

Analisaremos agora as hipóteses constitucionais de recurso das decisões dos


Tribunais Regionais Eleitorais para o Tribunal Superior Eleitoral:

CF – ART. 121 § 4º - Das decisões dos Tribunais


Regionais Eleitorais somente caberá recurso
quando:
I - forem proferidas contra disposição expressa
desta Constituição ou de lei;
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre
dois ou mais Tribunais Eleitorais;

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Data: 08/07/10.

III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de


diplomas nas eleições federais ou estaduais;
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de
mandatos eletivos federais ou estaduais;
V - denegarem habeas corpus, mandado de
segurança, habeas data ou mandado de injunção.
֠ No caso dos incisos I e II o recurso cabível é o Recurso Especial. Nos incisos III ,
IV e V o Recurso cabível é o Ordinário. Portanto, das decisões do TRE que forem
contrárias a Constituição Federal cabe recurso Especial ao TSE. Ok ?

No âmbito da Justiça Eleitoral, que é especial, em nenhuma hipótese cabe


recurso contra decisão de Tribunal Regional Eleitoral para o Supremo Tribunal Federal,
mesmo quando haja matéria constitucional, porque os tribunais eleitorais não são
órgãos de instância final, mas apenas intermediária entre o Tribunal Superior Eleitoral
e os juízes e juntas eleitorais.

Assim, contra decisão de Tribunal Regional Eleitoral são admitidos os seguintes


recursos:
 Embargos de declaração
 Agravo Regimental
 Agravo de Instrumento
 Recurso Ordinário
 Recurso Especial

Sobre os embargos de declaração, assim dispõe o art. 275 do Código Eleitoral:

CE – 65 - Art. 275. São admissíveis embargos de


declaração:

I - quando há no acórdão obscuridade, dúvida ou


contradição;
II - quando fôr omitido ponto sôbre que devia
pronunciar-se o Tribunal.
§ 1º Os embargos serão opostos dentro em 3 (três)
dias da data da publicação do acórdão, em petição
dirigida ao relator, na qual será indicado o ponto
obscuro, duvidoso, contraditório ou omisso.
§ 2º O relator porá os embargos em mesa para
julgamento, na primeira sessão seguinte proferindo
o seu voto.
§ 3º Vencido o relator, outro será designado para
lavrar o acórdão.
§ 4º Os embargos de declaração suspendem o prazo
para a interposição de outros recursos, salvo se
manifestamente protelatórios e assim declarados na
decisão que os rejeitar.

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Data: 08/07/10.

Acórdãos-TSE nºs 12.071, de 8.8.94, e 714, de 11.5.99: a hipótese é de


interrupção.

O procedimento dos embargos declaratórios no processo eleitoral difere em


parte do processo civil, vez que será designado outro relator para lavrar o acórdão,
quando vencido o originário.

Tabela - Comparação
Justiça Direito
Comum Eleitoral
Recurso 15 dias 3 dias
Extraordinário
Embargos Declaração 5 dias 3 dias
Agravo 10 dias 3 dias
Ação Rescisória 2 anos 120 dias
Apelação criminal 15 dias 10 dias

JURISPRUDÊNCIA DO TSE – RECURSOS ELEITORAIS

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE


INSTRUMENTO No 6.501/SP RELATOR:
MINISTRO CARLOS AYRES BRITTO
EMENTA: Embargos de declaração, recebidos como
agravo regimental. Precedentes. Agravo de
instrumento. Eleições 2004. Medida cautelar. Efeito
suspensivo. Recurso eleitoral. Procedência. Ação de
impugnação de registro. Inelegibilidade. Art. 15 da
LC no 64/90. Incidência. Necessidade de trânsito
em julgado. Fundamentos não infirmados.
Embargos de declaração opostos contra decisão
monocrática do relator devem ser recebidos como
agravo regimental. Conforme estabelece o art. 15 da
LC no 64/90, o exercício do mandato eletivo fica
assegurado, enquanto não se der o trânsito em
julgado da decisão que declara a inelegibilidade.
Precedentes do TSE. Decisão agravada que se
mantém pelos seus próprios
fundamentos. Agravo regimental a que se nega
provimento.

REspe no 19.983/SP, rel. Min. Fernando Neves,


sessão de 27.8.2002. Ementa: “Registro de
candidatura. Condição de elegibilidade. Filiação
partidária. Recurso especial. Cabimento. Ofensa
ao art. 5o, LV, da Constituição Federal. Alegação
não examinada pela Corte Regional. Falta de
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prequestionamento. Reexame de matéria fática.


Impossibilidade.
1. O recurso cabível contra decisão que versa sobre
condição de elegibilidade é o especial, enquanto o
que cuida de inelegibilidade é o ordinário.
2. O recurso especial não se presta para reabrir
discussão acerca da prova e dos fatos. Sua
finalidade é verificar se questão federal foi decidida
pela Corte Regional contra expressa disposição da
Constituição da República ou de lei, ou se aquela
decisão divergiu de julgado de outro Tribunal
Eleitoral.
Recurso especial não conhecido.” Grifei.

(d) Ação de Impugnação de mandato eletivo

A AIME não possui natureza penal, mas sim natureza civil-eleitoral, tendo
como finalidade a perda do mandato ilegítimo, pois tem o efeito de cassar o mandato e
anular os votos recebidos pelo ex-candidato eleito. Trata-se de uma ação de
conhecimento constitutiva negativa, haja vista que a aspiração com a sua propositura é
que o juiz, dando-lhe provimento, desconstitua uma relação jurídica, extinguindo um
estado jurídico indevidamente criado, com a determinação da cassação do mandato
político conferido ao candidato eleito impropriamente.

No campo constitucional está prevista no art. 14, § 10, da Carta Magna, que
dispõe: “O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de
quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
econômico11, corrupção ou fraude.”

Ainda na Carta Magna, o § 11 do art. 14 dispõe que a ação tramitará em segredo


de justiça e, se temerária ou de manifesta ma-fé, responderá o autor na forma da lei. O
ajuizamento da AIME independe de sentença anterior em investigação judicial, ou
mesmo de sua proposição. Não serve ao fim de se obter recontagem de votos, nem
para abolir os prazos de preclusão e os sistemas de recursos estabelecidos na legislação
eleitoral.

O significado das expressões abuso de poder econômico, corrupção e fraude


não é tão restrito quanto o significado que possuem referentes à tipicidade do Direito
Penal, ficando a critério do juiz, diante do sistema da livre convicção motivada,
analisar cada caso.

Segundo o entendimento dominante na doutrina e jurisprudência, podem


propor a AIME :
 Ministério Público
 Partidos políticos
 Coligações

11
Registre-se que para a configuração do abuso de poder econômico exige-se a demonstração
da potencialidade do fato narrado em influenciar no resultado do pleito.
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 Candidatos

A Carta Magna nao prevê qual o rito a ser seguido na AIME. Atualmente,
contudo, o TSE editou resolução fixando o procedimento do art. 3º da LC 64/90 (rito da
impugnação de registro) aplicando-se as normas do CPC apenas em carater
subsidiário. A justificativa por tal opção foi a celeridade exigida pelo processo eleitoral,
que guarda suas peculiaridades, respeitadas, porém, as garantias do contraditório e da
ampla defesa. (Resolução 21635/2004).

Julgada procedente e cassado o mandato eletivo, com o trânsito em julgado da


decisao, será diplomado e empossado o segundo colocado ( eleições majoritárias ou o
suplente (eleições proporcionais). O TSE vem decidindo reiteradamente que, mesmo se
o candidato cassado tiver obtido mais de 50% dos votos, não se aplicará o art. 224 do
Código Eleitoral, ou seja, não haverá renovação das eleições.

Outro ponto importante a ser destacado é contaminação do mandato do vice,


no caso de procedência da AIME. O Entendimento do TSE é que a cassação do
mandato eletivo quando fundamentada na inelegibilidade decorrente de abuso de
poder econômico, corrupção ou fraude atingirá, necessariamente, como demonstrado,
o seu vice na chapa, seu litisconorte passivo necessário na ação de impugnação de
mandato eletivo. No entanto, a regra inserta no art. 18 da LC nº 64/90, que estabelece a
intangibilidade da declaração de inelegibilidade, não se aplica aos diplomados, eis que
restrita à situação de candidatos.

JURISPRUDÊNCIA DO TSE – AIME

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO


ESPECIAL. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE
MANDATO ELETIVO. CONDUTA VEDADA
(ART. 73, VI, B, DA LEI Nº 9.504/97). REEXAME
DE PROVA. IMPOSSIBILIDADE.
DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO
CONFIGURADA. FUNDAMENTOS NÃO
INFIRMADOS. SEGUIMENTO NEGADO.
AGRAVO REGIMENTAL. DESPROVIDO.
- Tendo o Tribunal Regional afirmado, depois de
detida análise do conjunto fático-probatório, que
não houve a publicidade institucional, para se
chegar a conclusão diversa, é necessário incursão na
prova, o que é vedado na via especial.
- Na ação de impugnação de mandato eletivo (art.
14, § 10, da CF), aprecia-se abuso do poder
econômico, corrupção ou fraude. A prática de
conduta vedada será apurada na representação, a
qual, como firmado por esta Corte, deve ser
proposta até a data da eleição (REspe nº 25.935/SC).
- Agravo regimental desprovido.
(AG 6522/07 – 09-08-07)

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INELEGIBILIDADE

(a) Inelegibilidades constitucionais e infraconstitucionais

As normas gerais sobre inelegibilidades estão previstas no corpo do texto


constitucional, mais especificamente do parágrafo quarto ao nono do artigo quatorze.
As causas de inelegibilidade, dessa feita, de acordo com o mandamento constitucional,
só podem estar previstas na própria Constituição ou na Lei Complementar 64/90, a
chamada lei das inelegibilidades, tal diploma legal regulamentou o parágrafo nono da
Constituição da República.

Inicialmente, cabe conceituar institutos primordiais para o estudo de


inelegibilidades. Um dos institutos que mais geram confusão ao estudante de direito
eleitoral é o que trata das condições de elegibilidade, ou seja, ser inelegível é não
possuir uma das condições genéricas de elegibilidade? Não, definitivamente não há
que se confundir inelegibilidade e condições de elegibilidade.

As condições de elegibilidade representam requisitos indispensáveis para


àqueles que pretendem concorrer aos pleitos que se apresentam, tais condições estão
previstas no art. 14 §3º da Constituição Federal. Por outro lado, as inelegibilidades
representam, conforme aduz José Afonso da Silva, revela impedimento à capacidade
eleitoral passiva (direito de ser votado), seria, portanto, um impedimento à
elegibilidade. Para o mesmo autor, elegibilidade consiste no direito de postular, através
das eleições, o exercício dos mandatos eletivos no executivo e no legislativo.

Pelo que foi dito acima, podemos concluir ser possível um cidadão possuir
todas as condições de elegibilidade, mas, ainda assim, ser inelegível, por exemplo, o
filho do prefeito que exerce o segundo mandato consecutivo na mesma circunscrição é
inelegível para o cargo de prefeito naquele município, ainda que haja a renúncia,
percebemos, pois, que mesmo que o filho do atual prefeito cumpra os requisitos de
elegibilidade previstos na Constituição Federal, ainda assim será inelegível.

Iremos nos aprofundar, à frente, na discussão acerca das inelegibilidades dos


parentes do chefe do executivo, sobretudo, sobre a questão de mandatos consecutivos
na mesma circunscrição.

Outro ponto que merece uma atenção especial do candidato funda-se na


questão do alfabetismo como condição imprópria de elegibilidade, conforme leciona o
eminente professor Adriano Soares da Costa. Assim sendo, ainda que ser alfabetizado
não esteja previsto expressamente como condição de elegibilidade configura-se como
tal, sem sombra de dúvida.

Por agora, importa dividir e conceituar as espécies de inelegibilidades


existentes em nosso sistema jurídico pátrio. Um primeiro critério divide as
inelegibilidades em absolutas ou relativas, àquelas proíbem a candidatura a qualquer
cargo eletivo, enquanto as últimas aplicam-se somente a certos pleitos.

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A inelegibilidade absoluta está prevista, taxativamente, na Constituição Federal,


quando dispõe em seu artigo 14§4º serem inelegíveis absolutamente os analfabetos e os
inalistáveis. No que tange aos analfabetos não há ressalva a ser feita, não podem, em
hipótese alguma lançar seus nomes como candidatos às eleições.

Entretanto, com relação aos inalistáveis, cabe lançar algumas palavras sobre a
inelegibilidade dos conscritos, na medida que esta só persiste enquanto estiverem
vinculados ao serviço militar obrigatório. A meu ver, portanto, a inelegibilidade do
conscrito só é absoluta enquanto no período de conscrição, visto que ao passar por essa
etapa o militar se torna plenamente elegível, conforme dispõe o parágrafo oitavo do
artigo quatorze da CRFB. Registre-se, ademais, que o §único do artigo 5º do código
eleitoral, ao dispor que “os militares são alistáveis desde que oficiais, aspirantes a
oficiais, guardas-marinha...” não foi recepcionado pela nossa carta magna,
considerando, conforme já comentado, que o alistamento eleitoral é vedado apenas
para os conscritos durante o período de serviço militar obrigatório.

Os militares, salvo os conscritos, podem candidatar-se a quaisquer cargos


eletivos, porém, considerando serem impedidos enquanto na ativa de filiação
partidária, são dispensados do prazo mínimo de filiação partidária para a candidatura
aos cargos eletivos. De acordo com posição já firmada no Tribunal Superior Eleitoral,
para o militar basta o registro da candidatura, devendo o militar, nesta data, afastar-se
do exercício do cargo. Esse afastamento será definitivo para os militares que contam
com menos de dez anos de serviço; para aqueles que possuem mais de dez anos, ao
registrar a candidatura deverão ser agregado à autoridade superior, e, sendo eleito,
passará para a inatividade no ato da diplomação.

As inelegibilidades relativas estão previstas na Constituição Federal ou na lei


complementar 64/90, vejamos um exemplo de inelegibilidade relativa:

Norma, Governadora em um Estado, exercendo o


seu segundo mandato eletivo, quer saber se ela
renunciando ao cargo até seis meses antes do
pleito, se seria possível a sua candidatura ao cargo
de Presidente da República? O que você
responderia ?
Resposta: A essa indagação você poderia responder
que norma só é inelegível para o cargo de
governador no Estado dela, trata-se, pois de
inelegibilidade relativa. Para outros cargos Norma
poderá candidatar-se, porém, além de cumprir
outras condições, deverá renunciar até seis meses
antes da eleição.
Na questão acima, Norma poderia ser candidata ao cargo de Presidente da
República, bastando que renuncie ao cargo de governador até seis meses antes do
pleito.
Podemos evidenciar, na própria Constituição Federal, algumas hipóteses de
inelegibilidades relativas, a primeira delas prevista no art. 14 §5º da Constituição
Federal, vejamos:

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CF - Art. 14. §5º - O Presidente da República, os


Governadores de Estado e do Distrito Federal, os
Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído
no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para
um único período subseqüente.

O dispositivo constitucional acima foi inserido pela emenda constitucional nº


16/97, muito discutida à época da promulgação, permitiu em nosso ordenamento
jurídico que uma mesma pessoa exercesse, na mesma circunscrição, a chefia do
executivo por duas vezes consecutivas.

O Tribunal Superior Eleitoral por diversas vezes vem sendo compelido a


manifestar-se acerca de questionamentos que versam sobre reeleições, podemos
resumir os principais posicionamentos de nossa corte superior eleitoral acerca deste
tema:

• O titular da chefia do executivo por duas vezes consecutivas na mesma


circunscrição, não poderá concorrer ao cargo de titular, muito menos ao de
vice-chefe do executivo.
Exemplo
Caio, Prefeito eleito (2000) e reeleito (2004) no município de Niterói, nas próximas
eleições (2008) não poderá concorrer ao cargo de Prefeito em Niterói, assim como
não poderá ao cargo de vice-prefeito, pois o vice é um eventual prefeito.

Nosso Tribunal Superior proíbe que uma mesma pessoa exerça o cargo por três
vezes consecutivas na mesma circunscrição. E os parentes ? No exemplo acima o filho
de Caio poderia se candidatar a prefeito de Niterói ? E a vice ?

Não, o exercício de três mandatos na chefia do executivo, repita-se, em uma


mesma circunscrição, por pessoas integrantes de uma mesma família é vedado pelo
Tribunal Superior Eleitoral. No caso em tela, os parentes até o 2º grau de Caio, afim ou
consangüíneos, assim como o cônjuge, não podem se candidatar ao cargo de Prefeito,
muito menos ao de vice, naquela circunscrição. E o filho de caio poderia ser candidato
a vereador ? Sim, desde que houvesse a renúncia de Caio até seis meses antes da
eleição.

Cabe transcrever entendimento recente do Tribunal Superior Eleitoral, acerca


da reeleição:.

Inelegibilidade. Prefeito reeleito. Candidatura.


Município diverso. Caracterização. Terceiro
mandato.
A partir do julgamento do Recurso Especial no
32.507/AL, em 17.12.2008, o Tribunal Superior
Eleitoral deu nova interpretação ao § 5o do art. 14
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da Constituição Federal, passando a entender que,


no Brasil, qualquer chefe de Poder Executivo –
presidente da República, governador de estado e
prefeito de município – somente pode exercer dois
mandatos consecutivos nesse cargo. Assim,
concluiu que não é possível o exercício de terceiro
mandato subsequente para o cargo de prefeito,
ainda que em município diverso. A faculdade de
transferência de domicílio eleitoral não pode ser
utilizada para fraudar a vedação contida no § 5º do
art. 14 da Constituição Federal, de forma a permitir
que prefeitos concorram sucessivamente e
ilimitadamente ao mesmo cargo em diferentes
municípios, criando a figura do “prefeito
profissional”.
Embora não haja ilicitude formal no ato de
transferência do domicílio eleitoral, tal faculdade
não pode ser utilizada para burlar a vedação
constitucional. A fraude à lei constitui justamente a
utilização de expedientes aparentemente lícitos
para frustrar a aplicação da lei. A nova
interpretação do § 5o do art. 14 da Constituição
Federal adotada pelo TSE no julgamento dos
recursos especiais nos 32.507/AL e 32.539/AL em
2008 é a que deve prevalecer, tendo em vista a
observância ao princípio republicano, fundado nas
ideias de eletividade, temporariedade e
responsabilidade dos governantes. O primado da
ideia republicana – cujo fundamento ético-político
repousa no exercício do regime democrático e no
postulado da igualdade – rejeita qualquer prática
que possa monopolizar o acesso aos mandatos
eletivos e patrimonializar o poder governamental,
comprometendo, desse modo, a legitimidade do
processo eleitoral.
A mudança de entendimento jurisprudencial não
implica ofensa a direito subjetivo da parte ante a
ausência de violação aos princípios da segurança
jurídica e da irretroatividade de lei. A mutabilidade
é própria do entendimento jurisprudencial, o que
não implica, por si só, violação a direitos e garantias
consagrados pelo ordenamento jurídico. Nesse
entendimento, o Tribunal, por maioria, desproveu
os agravos regimentais.
Agravos Regimentais no Recurso Especial
Eleitoral no 41.980-06/RJ, rel. Min. Aldir
Passarinho Junior, em 27.5.2010.

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De acordo com o TSE, o art. 14 §5º, da Constituição, na redação da Emenda


Constitucional nº 16/97, é norma que prevê hipótese de elegibilidade do presidente da
República, dos governadores de estado e do Distrito Federal e dos prefeitos, bem como
dos que os hajam sucedido ou substituído no curso dos mandatos, para um único
período subseqüente; a natureza de regra de elegibilidade não se modifica pelo fato de
dispor que a reeleição é para um único período subseqüente. O mesmo dispositivo, por
via de compreensão, assegura, também aos vices a elegibilidade aos mesmos cargos,
para um único período subseqüente.

Entretanto, ouso discordar do posicionamento exarado por nosso egrégio TSE


no que tange a impossibilidade do exercício de três mandatos consecutivos como vice-
chefe do executivo. É sabido que ao interprete da constituição é vedado interpretar
restritivamente a aplicação dos direitos políticos. Sendo assim, cabe analisar a
hipótese do vice-chefe ao exercer durante dois mandatos consecutivos tal cargo, em
momento alguma exerceu efetivamente o cargo de titular. A meu ver, visto que a
Constituição dispõe que a reeleição por uma vez só é permitida para quem substituiu
ou sucedeu no curso do mandato. Acredito ser possível, nesse caso, a reeleição por
mais uma vez, ou seja, ainda por dois períodos subseqüentes.

Caso interessante ocorreu em um município do norte do país, no qual a prefeita


mantinha uma relação homoafetiva, e após está exercendo o seu segundo mandato
consecutivo, sua companheira teve o pedido de registro de candidatura à prefeitura
indeferido, sob o argumento que consubstanciar-se-ia um terceiro mandato na chefia
do executivo por membros de uma mesma família o que é vedado pela Carta Magna.

Nas eleições de 2006 duas situações merecem algumas reflexões


pormenorizadas de nossa parte, a primeira relaciona-se a possibilidade, ou não, de
candidatura do casal garotinho ao governo do Estado do Rio de Janeiro, a segunda
trata-se da possibilidade, ou não, da candidatura à reeleição do governador de São
Paulo Geraldo Alckmin.

(b) Condições de Elegibilidade

São condições de elegibilidade (capacidade eleitoral passiva), na forma da lei:

• nacionalidade brasileira (observada a questão da reciprocidade quanto aos


portugueses e que apenas alguns cargos são privativos de brasileiros natos);

• pleno exercício dos direitos políticos (veremos oportunamente as


inelegibilidades);

• alistamento eleitoral (só pode ser votado quem pode votar, embora nem
todos que votam podem ser votados – como o analfabeto e o menor de 18 e
maior de 16 anos);

• domicílio eleitoral na circunscrição (pelo prazo que a lei ordinária federal


fixar; hoje é de um ano antes do pleito, nos termos do artigo 9.º da Lei n.
9.504/97);

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• a filiação partidária (pelo menos um ano antes das eleições, nos termos do
artigo 18 da Lei n. 9.096/95 e artigo 9.º da Lei n. 9.504/97);

• a idade mínima de 35 anos para Presidente da República, Vice-Presidente


da República e Senador; a idade mínima de 30 anos para Governador e
Vice-Governador; a idade mínima de 21 anos para Deputado (Federal,
Distrital ou Estadual), Prefeito, Vice-Prefeito e Juiz de Paz (mandato de
quatro anos – artigo 98, inciso II, da Constituição Federal); a idade mínima
de 18 anos para Vereador.

(c) Registro de candidaturas.Impugnação. Legitimidade.

Em nosso sistema eleitoral, a escolha em convenção partidária é indispensável


para o registro da candidatura. Tais convenções configuram-se como reuniões
partidárias nas quais são homologados os nomes dos pré-candidatos.

De acordo com a legislação em vigor, a realização das convenções partidárias é


permitida entre os dias 10 a 30 de junho do ano eleitoral. Os partidos políticos poderão
utilizar prédios públicos, responsabilizando-se por eventuais danos.

Assim dispõe a lei 9504/97 acerca das convenções partidárias:


Art. 7º. As normas para a escolha e substituição
dos candidatos e para a formação de coligações
serão estabelecidas no estatuto do partido,
observadas as disposições desta Lei.
§ 1º Em caso de omissão do estatuto, caberá ao
órgão de direção nacional do partido estabelecer
as normas a que se refere este artigo, publicando-
as no Diário Oficial da União até cento e oitenta
dias antes das eleições.
§ 2º Se a convenção partidária de nível inferior se
opuser, na deliberação sobre coligações, às
diretrizes legitimamente estabelecidas pela
convenção nacional, os órgãos superiores do
partido poderão, nos termos do respectivo
estatuto, anular a deliberação e os atos dela
decorrentes.
§ 3º Se, da anulação de que trata o parágrafo
anterior, surgir necessidade de registro de novos
candidatos, observar-se-ão, para os respectivos
requerimentos, os prazos constantes dos §§ 1º e 3º
do art. 13.
Cabe aqui, analisar também o disposto no art. 8 §1º da Lei 9504/97, vejamos:
§ 1º Aos detentores de mandato de Deputado
Federal, Estadual ou Distrital, ou de Vereador, e
aos que tenham exercido esses cargos em qualquer
período da legislatura que estiver em curso, é

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assegurado o registro de candidatura para o


mesmo cargo pelo partido a que estejam filiados.
Percebe-se da leitura do dispositivo acima que o legislador ordinário, quando
da edição da Lei 9504/97, criou a chamada “candidatura nata”. Vedando, pois, o
partido vetar o candidato que no curso de seu mandato representativo não tenha agido
conforme as diretrizes partidárias.

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADIN-2530-9, entendeu que a


candidatura nata afronta o princípio da igualdade, inserto no art. 5º da Constituição
Federal. Desse modo, a candidatura nata não subsiste no processo eleitoral pátrio,
todos os candidatos devem passar pelo crivo da convenção partidária. A eficácia desse
dispositivo foi suspensa, em sede cautelar.

 Onde são registrados os candidatos?

A competência para processar e julgar o pedido de registro depende do tipo de


eleição. Nas eleições municipais o registro é processado pelo juiz eleitoral titular da
zona eleitoral. Nas eleições federais e estaduais o registro dos candidatos é atribuição
do Tribunal Regional Eleitoral. Tratando-se de eleição presidencial o registro cabe ao
Tribunal Superior Eleitoral.
Registre-se que a competência para o julgamento das ações de argüições de
inelegibilidade corresponderá à competência para o registro das candidaturas.
 Quando?
De acordo com a Lei 9504/97, o pedido de registro poderá ser apresentado até
às dezenove horas do dia 05 de julho do ano eleitoral. (art. 11)
O candidato escolhido em convenção partidária que não tiver o seu pedido de
registro efetivado pelo partido poderá fazê-lo nas 48 h seguintes, vejamos:
LEI 9504/97 §4º Na hipótese de o partido ou
coligação não requerer o registro de seus
candidatos, estes poderão fazê-lo perante a Justiça
Eleitoral nas quarenta e oito horas seguintes ao
encerramento do prazo previsto no caput deste
artigo.
Nesse contexto, cabe tecer algumas palavras sobre as implicações no processo
eleitoral, da data do pedido de registro. Vejamos:
LEI 9504/97
Art. 41-A. Ressalvado o disposto no art. 26 e seus
incisos, constitui captação de sufrágio, vedada por
esta Lei, o candidato doar, oferecer, prometer, ou
entregar, ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto,
bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza,
inclusive emprego ou função pública, desde o
registro da candidatura até o dia da eleição,
inclusive, sob pena de multa de mil a cinqüenta mil
Ufir, e cassação do registro ou do diploma,

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observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei


Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990.
No entendimento do Tribunal Superior Eleitoral configuram captação de
sufrágio quaisquer das condutas acima mencionadas realizadas a partir do pedido de
registro da candidatura.
Outro ponto importante a ser destacado diz respeito a partir de que data pode
ser instaurada a investigação judicial eleitoral prevista na Lei Complementar 64/90?
Seria a partir do pedido de registro?
A maioria da doutrina, acertadamente, dispõe ser a data do deferimento o
marco inicial para a instauração de investigação judicial eleitoral.
 Quantos candidatos?
Cada partido poderá registrar candidatos para as eleições proporcionais
(Deputado e Vereador) até 150% do número de lugares a preencher. As coligações
podem registrar candidatos até o dobro dos lugares a preencher.
Nas unidades da Federação em que a população elege até vinte Deputados
Federais, cada partido poderá registrar candidatos a Deputado Federal e Estadual (ou
Distrital) até o dobro das vagas a preencher; havendo coligação, esses números podem
ser acrescidos de até mais 50%.
Cada partido ou coligação deverá reservar o mínimo de 30% e o máximo de
70% para candidaturas de cada sexo.
Cada candidato poderá indicar, além do seu nome completo, até três variações
pelas quais é mais conhecido. Não havendo preferência entre os candidatos que
pretendem o registro da mesma variação nominal (§ 1.º do artigo 12 da Lei n.
9.504/97), defere-se o pedido do primeiro que o tenha requerido (Súmula n. 4 do
Tribunal Superior Eleitoral).
Nos termos do artigo 13 da Lei n. 9.504/97, o partido ou coligação poderá
substituir o candidato que for declarado inelegível, renunciar ou falecer após o
encerramento do prazo para registro. O pedido de substituição deve ser formalizado
até dez dias após o fato que lhe deu origem, sendo que, nas eleições proporcionais,
deve ser apresentado até sessenta dias antes do pleito.
 Todas as condições de elegibilidade devem estar cumpridas na data do registro?

O domicílio eleitoral e a filiação partidária são analisados no momento do


registro da candidatura, porém, terão como referência a data da eleição.
LEI 9504/97 Art 9º. Para concorrer às eleições, o
candidato deverá possuir domicílio eleitoral na
respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo
menos, um ano antes do pleito e estar com a
filiação deferida pelo partido no mesmo prazo.
Parágrafo único. Havendo fusão ou incorporação
de partidos após o prazo estipulado no caput, será
considerada, para efeito de filiação partidária, a
data de filiação do candidato ao partido de origem.
A idade mínima tem como referência a data da posse. Nesse sentido,
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Dr. Rodrigo Souza
Data: 08/07/10.

“Registro. Recurso especial. Condição de


elegibilidade. Candidato a deputado estadual com
idade inferior ao exigido pelo art. 14, § 3o, VI, c, da
Constituição Federal, porém emancipado.
Impossibilidade. Recurso não conhecido.” NE: “(...)
o candidato deve apresentar a idade mínima
exigida na Constituição Federal na data da posse
dos eleitos, nos termos do art. 11, § 2o, da Lei no
9.504/97 (Consulta no 554, de 9.12.99, relator
Ministro Edson Vidigal), e não na ocasião de
eventual exercício do mandato como suplente”. (Ac.
no 20.059, de 3.9.2002, rel. Min. Fernando Neves.)
 Impugnação ao registro da candidatura

De acordo com o artigo 97 do Código Eleitoral, protocolado o pedido de


registro, a Justiça Eleitoral providenciará a imediata expedição de edital, o qual será
publicado na imprensa oficial (na capital) ou afixado no Cartório Eleitoral (no interior).
Da publicidade do pedido de registro começa a correr o prazo de 5 dias para a
impugnação (artigo 3.º da Lei Complementar n. 64/90), que será apresentada ao juiz ou
tribunal competente para o registro e terá por base fatos verificados até aquele
momento, e que poderá ser formalizada pelo Ministério Público, partidos, coligações e
candidatos já indicados nas convenções. Caso não atue como parte, o Ministério
Público participará do processo na condição de fiscal da lei.
Não poderá impugnar o pedido de registro o membro do Ministério Público
que nos dois anos anteriores à impugnação tenha disputado cargo eletivo, integrado
Diretório de Partido ou exercido atividade político-partidária. A regra do artigo 3.º, §
2º, da Lei Complementar n. 64/90, que previa o prazo de quatro anos, foi derrogada
pelo artigo 80 da Lei Complementar n. 75/93.
O impugnante, desde logo, deve especificar suas provas e arrolar até seis
testemunhas. O prazo para contestar é de sete dias, contados da notificação do
candidato, partido ou coligação.
Superada a fase instrutória, será aberto o prazo comum de cinco dias para as
partes apresentarem suas alegações finais e para o Ministério Público apresentar o seu
parecer. Em seguida, os autos seguem para o juiz ou para o tribunal decidir, em três
dias. O prazo para recurso será de três dias. As contra-razões também devem ser
protocoladas em três dias, contados do protocolo da petição do recurso.
O recurso contra a decisão do juiz eleitoral é o inominado previsto no artigo 265
do Código Eleitoral, admitindo inclusive a retratação (artigo 267, § 7.º). Contra a
decisão do Tribunal Regional Eleitoral, o recurso é denominado ordinário, nos termos
dos incisos III e IV do § 4.º do artigo 121 da Constituição Federal combinados com os
artigos 276, incisos I e II, e 277 do Código Eleitoral. Pode ser cabível mandado de
segurança contra decisão originária do Tribunal Superior Eleitoral, desde que não haja
recurso previsto.
Os prazos correm em cartório (independentemente de intimação), são
peremptórios, contínuos e não se suspendem aos sábados, domingos e feriados, nos
termos do artigo 16 da Lei Complementar n. 64/90.
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Dr. Rodrigo Souza
Data: 08/07/10.

Nos termos da Súmula n. 10 do Tribunal Superior Eleitoral, caso a sentença seja


entregue em cartório antes dos três dias disponibilizados para o juiz decidir e não haja
intimação pessoal do interessado, o prazo para o recurso (três dias) contra decisão só
começa a correr do termo final daquele tríduo. Vejamos a questão do 22º concurso para
o Ministério Público Federal:
(MPF – 22º - Q85) Nas eleições municipais de 2004,
o juiz eleitoral recebeu do cartório ação de
impugnação de registro de candidatura no dia
02/08/2004, segunda-feira, tendo o magistrado
devolvido os autos, com sentença julgando
procedente a impugnação, no dia 04/08/2004,
quarta-feira. Diante de tal situação, indaga-se:
quando ocorreu o termo final do prazo para a
interposição de recurso para o Tribunal Regional
Eleitoral?
(a) 07 de agosto de 2004 (sábado)
(b) 08 de agosto de 2004 (domingo)
(c) 09 de agosto de 2004(segunda)
(d) No 3º dia da publicação da sentença por edital,
em cartório.

Gabarito – Letra B – Aplica-se a súmula 10 do TSE


A declaração de inelegibilidade do candidato a chefe do Poder Executivo não
afeta o candidato a vice, e a declaração de inelegibilidade do vice não afeta o candidato
à chefia do Executivo, nos termos do artigo 18 da Lei das Inelegibilidades (Lei
Complementar n. 64/90).
De acordo com a Súmula n. 11 do Tribunal Superior Eleitoral, “no processo de
registro de candidato, o partido que não o impugnou não tem legitimidade para
recorrer da sentença que o deferiu, salvo se se cuidar de matéria constitucional”.
 Legitimados para propor a ação de impugnação ao registro?

São legitimados:
 Partido Político
 Coligações
 Ministério Público
 Candidatos

Conforme salienta Antônio Carlos Martins Soares, é irrelevante o deferimento


do registro da candidatura para que seja recebida a impugnação oferecida por
candidato. (na verdade pré-candidato). Considerando-se que antes do deferimento não
há que se falar em candidato.
Outro ponto interessante diz respeito à possibilidade de um candidato a
deputado impugnar o registro de um candidato a presidente da república? A meu ver
só estariam legitimados os candidatos ao mesmo cargo. Entretanto, para o eminente
professor Joel J. Cândido um candidato a deputado estadual pode impugnar o pedido

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de registro de um candidato a senador, este pode faze-lo em relação a um candidato a


governador ou a deputado federal e assim reciprocamente.
Assim assevera Emerson Garcia “A lei 9504´97, ao falar em candidato,
pretendeu a norma referir-se àqueles que concorreriam às eleições caso tivessem seu
registro de candidato deferido.” De acordo com Joel J Cândido a única exceção em que
seria possível a candidato (já com candidatura deferida) impugnar terceiros seria no
caso de pedido de registro tardio, por substituição. Nesse caso o impugnante já seria
candidato.

Registre-se que enquanto não transitada em julgado a decisão sobre a ação de


impugnação de registro (no caso de procedência) o candidato poderá permanecer no
cargo. Os recursos desse candidato terão efeito suspensivo.
Importante observar também que o partido político coligado a outro não
poderá impugnar, isoladamente, registro de candidaturas Considerando que perante a
Justiça Eleitoral a coligação funciona como um partido, quem deve impugnar é
coligação através de seu representante ou delegados.
 Existe a necessidade de representação por advogado para a AIRC?

Levando-se em conta tratar-se de processo de julgamento de jurisdição


contenciosa, onde se opera a coisa julgada., torna-se indispensável que a ação de
impugnação seja ajuizada através de advogado habilitado. Registre-se que existe
doutrina em sentido diverso. Todavia, a majoritária assevera a obrigatoriedade da
representação por advogado.
 Efeitos da Procedência da AIRC ?

Na AIRC a decisão tem natureza declaratória negativa, haja vista que impede o
deferimento do registro da candidatura. Os efeitos dessa ação só se darão efetivamente
após o trânsito em julgado da decisão que cancelar ou negar o registro.
 Rejeição de Contas e Inelegibilidade

Assim dispõe a Lei das Inelegibilidades em seu artigo 1º, I, g


g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício
de cargos ou funções públicas rejeitadas por
irregularidade insanável e por decisão irrecorrível
do órgão competente, salvo se a questão houver
sido ou estiver sendo submetida à apreciação do
Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem
nos 5 (cinco) anos seguintes, contados a partir da
data da decisão;
O dispositivo acima está intimamente ligado ao teor da Súmula 1 do Tribunal
Superior Eleitoral, vejamos:
Súmula TSE 01 - Proposta a ação para desconstituir
a decisão que rejeitou as contas, anteriormente à
impugnação, fica suspensa a inelegibilidade (Lei
Complementar nº 64/90, art. 1º, I, g).
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Ocorre que o Tribunal Superior Eleitoral, recentemente entendeu que para se


aplicar a Súmula no 1 do TSE, é mister que tenha sido concedida eficácia à ação
proposta contra a decisão que rejeitou as contas, por meio de tutela antecipada (RO
912).
Desse modo, não basta a simples propositura da ação para a desconstituição
perante o poder judiciário.
Nesse sentido, no RO no 912/RR, sessão de
24.8.2006, rel. o e. Min. Cesar Rocha, este Tribunal
assentou:
Recurso ordinário. Eleição 2006. Impugnação.
Candidato. Deputado estadual. Rejeição de contas.
Ação anulatória. Burla. Inaplicabilidade do
Enunciado no 1 da súmula do TSE. Recurso
desprovido. A análise da idoneidade da ação
anulatória é complementar e integrativa à aplicação
da ressalva contida no Enunciado no 1 da súmula
do TSE, pois a Justiça Eleitoral tem o poder-dever
de velar pela aplicação dos preceitos constitucionais
de proteção à probidade administrativa e à
moralidade para o exercício do mandato (art. 14, §
9o, CF/88).
Cabe asseverar de outra parte, que o TSE entende que “Compete ao Tribunal de Contas
da União examinar as contas relativas à aplicação de recursos federais recebidos por
prefeituras municipais em razão de convênios” (Recurso Ordinário nº 681, rel. Min.
Fernando Neves, de 16.9.2003).

ABUSO DE PODER NO PROCESSO ELEITORAL

(a) Abuso do Poder Econômico, Político e dos Meios de Comunicação


Social. Representação à Justiça Eleitoral

 Conceito de Abuso de Poder Econômico


Haverá abuso do poder econômico sempre que os recursos financeiros,
materiais ou humanos significarem desequilíbrio na obtenção de votos, mormente
quando se considera a apartação social existente no Brasil, circunstância que fragiliza a
consciência do eleitorado.12

O abuso de poder econômico pode ocorrer em diferentes ocasiões do processo


eleitoral. Poderíamos exemplificar três momentos principais:
• Na convenção partidária
• Na propaganda eleitoral

12
Direito Eleitoral. Teoria e Prática. Armando Antonio Sobreiro Neto.
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• Na votação
 Abuso de Poder Político
No que diz respeito ao abuso de poder político, é correto afirmar que este se
relaciona com os detentores de funções públicas, os quais deviam agir de acordo com
o princípio da legalidade.
Podemos citar algumas formas de abuso de poder político durante o processo
eleitoral, vejamos:
 Uso de servidores públicos em campanhas eleitorais
 Uso de bens públicos em campanhas eleitorais
 Uso de verbas públicas

Nesse sentido, importante analisar o disposto no art. 74 da lei 9504/97:


Art. 74. Configura abuso de autoridade, para os fins
do disposto no art. 22 da Lei Complementar nº 64,
de 18 de maio de 1990, a infringência do disposto
no § 1º do art. 37 da Constituição Federal, ficando o
responsável, se candidato, sujeito ao cancelamento
do registro de sua candidatura.

No processo eleitoral deve existir a lisura entre aqueles que pretendem a


investidura nos cargos políticos. Nesse sentido, o legislador infraconstitucional
estabeleceu procedimento tendente a apurar a interferência do poder econômico nos
pleitos eleitorais.
Lei Complementar 64/90 - Art. 19. As transgressões
pertinentes a origem de valores pecuniários, abuso
do poder econômico ou político, em detrimento da
liberdade de voto, serão apuradas mediante
investigações jurisdicionais realizadas pelo
Corregedor-Geral e Corregedores Regionais
Eleitorais.
A apuração da interferência do poder econômico nas eleições se dará através
das investigações judiciais eleitorais, tema recorrente em provas de direito eleitoral.
Registre-se, desde logo, que Para procedência da AIJE, é necessária a
demonstração da potencialidade para influir no resultado do pleito, em decorrência
do abuso praticado; ou, simplesmente, potencialidade em prejudicar a lisura do
certame. Nesse sentido, o Acórdão nº 692/2004 do Tribunal Superior Eleitoral, “para
que se julgue procedente representação baseada no caput do art. 22 da Lei
Complementar 64/90, é necessário que os atos ou fatos narrados tenham
potencialidade para influir no resultado do pleito”.
Considerando o objetivo desse trabalho iremos colacionar as principais
características dessa ação, ou melhor, representação tendente a equacionar as
condições de captação de votos entre os candidatos. Vejamos:

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 Legitimidade para a AIJE?


Assim dispõe o art. 22 da LC 64/90:
Art. 22. Qualquer partido político, coligação,
candidato ou Ministério Público Eleitoral poderá
representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao
Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e
indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir
abertura de investigação judicial para apurar uso
indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou
do poder de autoridade, ou utilização indevida de
veículos ou meios de comunicação social, em
benefício de candidato ou de partido político,
obedecido o seguinte rito:
Percebe-se, pois, que o eleitor, assim como na ação de impugnação ao
registro, não detém legitimidade para iniciar tal procedimento judicial.

 A partir de quando e até quando?


As investigações judiciais poderão ser instauradas do deferimento do registro
até a data da diplomação. Sendo esse o entendimento majoritário da doutrina e a
posição do Tribunal Superior Eleitoral.
 Prazo final para a instauração de investigação judicial eleitoral

Considerando que a lei complementar 64/90 foi omissa nesse ponto, coube a
doutrina e a jurisprudência determinar o prazo máximo para que a investigação
judicial eleitoral fosse instaurada.

Atualmente, a maioria dos doutrinadores assevera que a diplomação constitui o


termo final para a instauração de investigação judicial eleitoral. Registre-se que tal
ponto foi objeto de prova no 22º concurso para o Ministério Público Federal:

(MPF – 22º - Q84) Em sede investigação judicial


eleitoral:
I. O abuso do poder econômico, quanto a fatos
ocorridos anteriormente à fase do registro, deve
ser apurado na ação de impugnação de registro
de candidaturas (AIRC), sob pena de preclusão,
sendo, por outro lado, apurado por meio de
investigação judicial eleitoral (IJE) em relação aos
ocorridos posteriormente àquela fase.
II. O termo final para o ajuizamento da investigação
judicial eleitoral é o da data da eleição, inclusive.
III. A decisão julgando procedente IJE ajuizada com o
fito de apurar a utilização indevida de meios de
comunicação social em benefício de candidato não
necessita de trânsito em julgado para a sua
execução.

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IV. Não tendo havido, ainda, o julgamento de


investigação judicial eleitoral ajuizada , em face
de candidato, para apurar abuso do poder
econômico quando já transcorridos os prazos para
a interposição de recurso contra a expedição do
diploma (RCED) e o ajuizamento de ação de
impugnação de mandato eletivo (AIME), deve ela,
por flagrante perda de objeto, ser julgada extinta,
sem julgamento do mérito.
Das assertivas acima:
a. Todos
b. I e II
c. II e III
d. Todos Incorretos (gabarito)
Ocorre que em 2006 o Tribunal Superior Eleitoral, no RESPE 25966 passou a
entender que se os fatos ocorreram antes da eleição, a investigação judicial eleitoral
somente poderia ser instaurada até o dia da eleição. Vejamos:
RESPE-25966 - RECURSO ESPECIAL
ELEITORAL. AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO
JUDICIAL ELEITORAL. AUSÊNCIA DE
LEGITIMIDADE DA PARTE AUTORA. FATOS
ACONTECIDOS ANTES DAS ELEIÇÕES. AÇÃO
INTENTADA UM MÊS APÓS O PLEITO.
1. Ausente a legitimidade da parte autora para
promover ação de investigação judicial eleitoral, em
período posterior às eleições (trinta e um dias após),
visando a apurar fatos públicos e notórios
(publicidade institucional dita ilegal feita em jornais
de grande circulação) que ocorreram em momentos
anteriores ao pleito.
2. A estabilidade do processo eleitoral deve ser
assegurada quando não há denúncia maculadora
do pleito apresentada tempestivamente.
3. A AIJE deve ser proposta até o dia das eleições
quando visa a apurar fatos ocorridos antes do
pleito.
4. Recurso provido para acolher a preliminar de
ausência de legitimidade para agir, em razão do
decurso do tempo, extinguindo-se o processo sem
julgamento de mérito.

Desse modo, atualmente , caso os fatos sejam conhecidos antes da eleição a


investigação judicial eleitoral somente poderá ser instaurada até o dia da eleição.
Permanecendo o dia da diplomação como prazo fatal, caso o conhecimento do abuso
ocorra após a eleição.
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Importa dizer também, que a representação do art. 22 não se confunde com


aquelas a que se refere o art. 96 da lei 9504/97, cuja apuração não induz
inelegibilidade, mas aplicação de multa. Registre-se, ainda que haja posições
minoritárias em contrário, que o art. 96 §5º não se trata de caso de inelegibilidade,
mesmo cassando o registro de candidatura.
 Efeitos da procedência da AIJE.
LC 64/90 – ART. 22
XIV – julgada procedente a representação, o
Tribunal declarará a inelegibilidade do
representado e de quantos hajam contribuído para a
prática do ato, cominando-lhes sanção de
inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos
3 (três) anos subseqüentes à eleição em que se
verificou, além da cassação do registro do
candidato diretamente beneficiado pela
interferência do poder econômico e pelo desvio ou
abuso do poder de autoridade, determinando a
remessa dos autos ao Ministério Público Eleitoral,
para instauração de processo disciplinar, se for o
caso, e processo-crime, ordenando quaisquer outras
providências que a espécie comportar;
XV – se a representação for julgada procedente após
a eleição do candidato, serão remetidas cópias de
todo o processo ao Ministério Público Eleitoral, para
os fins previstos no art. 14, §§ 10 e 11, da
Constituição Federal, e art. 262, inciso IV, do
Código Eleitoral.

Conforme dispõe o art. 22, XIV supracolacionado, ocorrendo a procedência


antes da eleição, há que se cassar o registro dos candidato envolvidos. Entretanto, haja
vista o teor do art. 15 da LC 64/90 somente após o trânsito em julgado é que o
candidato será impedido de participar do pleito.

Cabe, nesse ponto, analisar importante jurisprudência do TSE:


RO-795 Eleições 2002. Investigação judicial. Art. 22
da Lei Complementar nº 64/90. Decisão regional.
Improcedência. Recurso ordinário. Perda de
objeto. Ação. Decurso. Prazo. Três anos. Sanção.
Inelegibilidade. Providência. Remessa. Cópias.
Ministério Público. Fins. Art. 22, XV, da LC nº
64/90. Prejudicada. Precedentes.
1. Decorridos mais de três anos das eleições, o
recurso ordinário interposto em investigação
judicial está prejudicado pela perda superveniente
de objeto, uma vez que o termo inicial para a
aplicação da sanção de inelegibilidade de que cuida

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o inciso XIV do art. 22 da Lei Complementar nº


64/90 é a data do pleito.
2. De igual modo, há perda superveniente de objeto
e, via de conseqüência, está prejudicada a
providência de remessa de cópia do processo ao
Ministério Público Eleitoral, para os fins indicados
no inciso XV do art. 22 do referido diploma legal.
Recurso ordinário que se julga prejudicado.
Ro – 725 Eleições 2002. Investigação judicial. Art.
22 da Lei Complementar nº 64/90. Abuso de poder.
Utilização indevida dos meios de comunicação
social. Jornal. Suplementos. Matérias. Publicidade
Institucional. Entrevista. Governador.
1. Não cabe à Justiça Eleitoral julgar eventual
prática de ato de improbidade administrativa, o que
deve ser apurado por intermédio de ação própria.
Precedente: Acórdão nº 612.
2. Tratando-se de fato ocorrido na imprensa escrita,
tem-se que o seu alcance é inegavelmente menor em
relação a um fato sucedido em outros veículos de
comunicação social, como o rádio e a televisão, em
face da própria característica do veículo impresso
de comunicação, cujo acesso à informação tem
relação direta ao interesse do eleitor.
3. Na investigação judicial, é fundamental se
perquirir se o fato apurado tem a potencialidade
para desequilibrar a disputa do pleito, requisito
essencial para a configuração dos ilícitos a que se
refere o art. 22 da Lei de Inelegibilidades.
Recurso ordinário a que se nega provimento.

RESPE-12106
1. INVESTIGACAO JUDICIAL POR ABUSO DE
PODER ECONOMICO: COMPETENCIA DO JUIZ
ELEITORAL PARA JULGAMENTO DO FEITO
NAS ELEICOES MUNICIPAIS (LC 64/90, ART. 22
E 24).
2. PROVA EMPRESTADA. RECURSO CONTRA A
EXPEDICAO DE DIPLOMA EM CUJO
JULGAMENTO APROVEITOU O REGIONAL
PROVA PRODUZIDA EM INVESTIGACAO
JUDICIAL EM QUE O RECORRIDO NAO FORA
PARTE. OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL
ASSEGURADO SUBSTANTIVAMENTE NA
CONSTITUICAO COM OS CONSECTARIOS
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FORMAIS MINIMOS DA AMPLA DEFESA E DO


CONTRADITORIO.
3. RECURSO ESPECIAL;
PREQUESTIONAMENTO. NAO CONDIZ COM A
NATUREZA INTRINSECAMENTE CELERE DO
PROCESSO ELEITORAL, E MUITO MENOS COM
SEU PROPOSITO CONSTITUCIONAL
SUBSTANTIVO, QUE SE ACOLHA, SEM
TEMPEROS, O RIGOROSO CANONE
PROCESSUAL DAS OUTRAS JURISDICOES.
3.1. A OFENSA AO DEVIDO PROCESSO LEGAL
MEDIANTE USO DE PROVA EMPRESTADA
(TOPICO 2 "SUPRA") SO SURGIU QUANDO DO
JULGAMENTO ORIGINARIO DE RECURSO
CONTRA A EXPEDICAO DE DIPLOMA, DONDE,
MAIS DO QUE INEXIGIVEL, NA VERDADE
IMPOSSIVEL QUALQUER
PREQUESTIONAMENTO POR PARTE DO
CANDIDATO RECORRIDO.
4. RECURSOS ESPECIAIS DA PROCURADORIA
REGIONAL ELEITORAL E DE CHARLES
COZZOLINO NAO CONHECIDOS. RECURSO
ESPECIAL DE LUIZ NOLIN PROVIDO
PARCIALMENTE PARA AFASTAR A
DECLARACAO DE SUA INELEGIBILIDADE.

Ocorrendo a procedência após a eleição, será cominada a sanção de


inelegibilidade por três anos a contar da eleição. Entretanto, para que haja a perda do
mandato se faz necessária ação de impugnação de mandato eletivo ou o recurso contra
a diplomação.

(b) Recurso contra a diplomação. Ação de Impugnação de Mandato


Eletivo

 Do Recurso contra a diplomação


O diploma, instrumento certificador do resultado das urnas, poderá ser atacado no
prazo de três dias através do recurso contra a diplomação nas hipóteses previstas no
art. 262 do CE. Vejamos:
Art. 262. O recurso contra expedição de diploma
caberá somente nos seguintes casos:
I - inelegibilidade ou incompatibilidade de
candidato;
II - errônea interpretação da lei quanto à aplicação
do sistema de representação proporcional;

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III - erro de direito ou de fato na apuração final,


quanto à determinação do quociente eleitoral ou
partidário, contagem de votos e classificação de
candidato, ou a sua contemplação sob determinada
legenda;
IV - concessão ou denegação do diploma em
manifesta contradição com a prova dos autos, nas
hipóteses do art. 222 desta Lei, e do art. 41-A da Lei
no 9.504, de 30 de setembro de 1997.13
O recurso contra a diplomação de candidato eleito não impede sua posse e o
exercício regular do mandato. Haja vista que enquanto o Tribunal Superior Eleitoral
não julgar o recurso apresentado, o diplomado exercerá o mandato em toda a sua
plenitude, tal como determina o art. 216 do Código Eleitoral.
 Inelegibilidade decorrente da procedência da AIME
Somente haverá decretação de inelegibilidade cominada na procedência da
AIME, caso essa seja decorrente de representação prevista no art. 22 da LC 64/90.
Nesse mesmo sentido Tito Costa
 DA AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO
De acordo com o disposto no art. 14 §10 da Constituição Federal, o mandato
eletivo poderá ser impugnado no prazo de quinze dias contados da data da
diplomação. Diversamente do recurso contra a diplomação, a AIME não exige prova
pré-constituída, mas ao menos indícios razoáveis de provas do alegado, a fim de que a
ação seja recebida.

O mandato eletivo poderá ser impugnado nos casos de abuso de poder


econômico, corrupção ou fraude. Cabe dizer que, conforme entendimento do Tribunal
Superior Eleitoral, a fraude que pode ensejar ação de impugnação de mandato eletivo é
aquela que tem reflexos na votação ou na apuração de votos (Acórdão 3009 Relator.
Fernando Neves)

Com relação ao procedimento a ser adotado na ação de impugnação de


mandato eletivo, considerando que tal matéria não foi regulamentada, aplica-se o
entendimento do TSE, ou seja, a AIME seguirá o rito estabelecido para a ação de
impugnação ao registro da candidatura.

Resolução21634 – Relator : Fernando Neves


O rito ordinário que deve ser observado na
tramitação da ação de impugnação de mandato
eletivo, ate a sentença, é o da Lei Complementar
64/90, não o do Código de Processo Civil, cujas
disposições são aplicáveis apenas subsidiariamente.

13
Redação dada pela Lei n 9.840, de 28.09.99.
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Podem propor essa ação os partidos políticos, as coligações, os candidatos e o


Ministério Público Eleitoral. Alguns autores admitem o eleitor como legitimado para
propor essa ação.14

De acordo com o TSE, o julgamento caberá ao órgão responsável pela


diplomação dos eleitos. Entretanto, nas eleições municipais tal entendimento não
prevalece, haja vista que os diplomas na eleições municipais serão expedidos pela junta
eleitoral e o registro das candidaturas será processado pelo juiz eleitoral. Desse modo,
acredito que o correto seria atribuir ao órgão responsável pelo registro da
candidatura, o julgamento da ação de impugnação de mandato eletivo.

Recurso especial. Ação de impugnação de mandato


eletivo. Art. 14, § 10, da Constituição Federal.
Divulgação de pesquisa eleitoral sem registro.
Abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
Nãoocorr ência. Aplicação da multa prevista no art.
33, § 3o, da Lei no 9.504/97. Impossibilidade.
Recurso conhecido e provido. 1. A ação de
impugnação de mandato eletivo se destina
unicamente à apuração de abuso do poder
econômico, corrupção ou fraude. 2. Eventual
divulgação de pesquisa sem registro, com violação
do art. 33 da Lei no 9.504/97, deve ser apurada e
punida por meio da representação prevista no art.
96 da Lei no 9.504/97.. (Ac. no 21.291, de 19.8.2003,
rel. Min. Fernando Neves.)
Questão interessante diz respeito a possibilidade de interposição de ação de
impugnação de mandato eletivo contra os suplentes partidários. Vejamos o
posicionamento do TSE:
Impugnação de mandato. Suplente. Embora não
seja titular de mandato, o suplente encontra-se
titulado a substituir ou suceder quem o é. A ação de
impugnação de mandato poderá, logicamente,
referir-se, também, ao como tal diplomado.. (Ac. no
1.130, de 15.12.98, rel. Min. Eduardo Ribeiro.)
Insta analisar outros julgados:

.(...) Ação de impugnação de mandato eletivo


julgada improcedente. Inexistência de obstáculo à
condenação criminal. 2. A circunstância de ter sido
julgada improcedente ação de impugnação de
mandato eletivo acerca dos mesmos fatos, não
constitui obstáculo à condenação criminal, desde
que fundada no que apurado no curso da instrução

14
Para Antônio Sobrereiro Neto, em se tratando de ação constitucional, somente se a própria Constituição
houvesse limitado a legitimação ativa poder-se-ia cogitar de restrição dos eleitores para propor essa ação.
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do processo crime.. (Ac. no 2.577, de 1o.3.2001, rel.


Min. Fernando Neves.)
.(...) Ação de impugnação de mandato eletivo.
Alegações de ilegitimidade ativa e irregularidade
de representação da coligação que propôs a ação.
Rejeição. (...) 1. As coligações partidárias têm
legitimidade para a propositura de ação de
impugnação de mandato eletivo, conforme pacífica
jurisprudência desta Corte (Acórdão no 19.663). (...).
(Ac. no 4.410, de 16.9.2003, rel. Min. Fernando
Neves.)

Recurso especial. Ação de impugnação de mandato


eletivo. Art. 14, § 10, da Constituição Federal.
Divulgação de pesquisa eleitoral sem registro.
Abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
Nãoocorrência. Aplicação da multa prevista no art.
33, § 3o, da Lei no 9.504/97. Impossibilidade.
Recurso conhecido e provido. 1. A ação de
impugnação de mandato eletivo se destina
unicamente à apuração de abuso do poder
econômico, corrupção ou fraude. 2. Eventual
divulgação de pesquisa sem registro, com violação
do art. 33 da Lei no 9.504/97, deve ser apurada e
punida por meio da representação prevista no art.
96 da Lei no 9.504/97.. (Ac. no 21.291, de 19.8.2003,
rel. Min. Fernando Neves.)
.(...) Ação de impugnação de mandato eletivo. Art.
14, § 9o, da Constituição Federal. (...) 3. A fraude
que pode ensejar ação de impugnação de mandato é
aquela que tem reflexos na votação ou na apuração
de votos. 4. (...). (Ac. no 3.009, de 9.10.2001, rel.
Min. Fernando Neves.)
.(...) II . Já assentou esta Corte que, em se tratando
de ação de investigação judicial eleitoral, recurso
contra expedição de diploma e ação de impugnação
de mandato eletivo, quando fundadas as ações nos
mesmos fatos, a procedência ou improcedência de
uma não é oponível à admissibilidade da outra a
título de coisa julgada. Precedentes.. (Ac. no 21.229,
de 16.9.2003, rel. Min. Peçanha Martins.)

(...) Ação de impugnação de mandato eletivo


julgada improcedente. Inexistência de obstáculo à
condenação criminal. 2. A circunstância de ter sido
julgada improcedente ação de impugnação de
mandato eletivo acerca dos mesmos fatos, não

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constitui obstáculo à condenação criminal, desde


que fundada no que apurado no curso da instrução
do processo crime.. (Ac. no 2.577, de 1o.3.2001, rel.
Min. Fernando Neves.)

(...) Ação de impugnação de mandato eletivo.


Alegações de ilegitimidade ativa e irregularidade
de representação da coligação que propôs a ação.
Rejeição. (...) 1. As coligações partidárias têm
legitimidade para a propositura de ação de
impugnação de mandato eletivo, conforme pacífica
jurisprudência desta Corte (Acórdão no 19.663). (...).
(Ac. no 4.410, de 16.9.2003, rel. Min. Fernando
Neves.)

.(...) Ação de impugnação de mandato.


Legitimidade ativa. (...) I . Na ausência de
regramento próprio, esta Corte assentou que,
tratando-se de ação de impugnação de mandato
eletivo, são .legitimadas para a causa as figuras
elencadas no art. 22 da Lei de Inelegibilidade. (Ag
no 1.863-SE, rel. Min. Nelson Jobim, DJ 7.4.2000).
(...). (Ac. no 21.218, de 26.8.2003, rel. Min. Peçanha
Martins.)

RECONSIDERAÇÃO. PROVA PRÉ-


CONSTITUÍDA. RECURSO CONTRA
EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA (RCEd).
POSSIBILIDADE. LIMITAÇÃO. NECESSIDADE
DE COLHEITA EM AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO
JUDICIAL ELEITORAL (AIJE). ART. 19, LEI Nº
64/90.
1. Este Tribunal fixou a possibilidade de se valer o
recorrente, no RCEd, de provas pré-constituídas em
outro feito, ainda que sobre ele não haja
pronunciamento definitivo.
2. Para instruir o Recurso Contra Expedição de
Diploma, no qual se persiga a declaração de
inelegibilidade, a prova deve advir de Ação de
Investigação Judicial Eleitoral (art. 19 da LC nº
64/90), e não de representações eleitorais.
Precedentes.
3. Agravo regimental não provido.

(c) Condutas vedadas aos agentes públicos nas campanhas eleitorais.


Captação de Sufrágio

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A Lei das Eleições a partir do artigo 73, dispõe acerca das condutas vedadas aos
agentes públicos durante o processo eleitoral, sempre objetivando a lisura do pleito e a
igualdade entre os concorrentes.

Nesse sentido, há que se mencionar que ocorrida qualquer uma das práticas
tipificadas como proibidas, incidirão as respectivas sanções, independentemente de se
caracterizar o desequilibro da disputa e sem que haja a necessidade do trânsito em
julgado da decisão.

Registre-se o teor do Acórdão nº 20353/2003 do Tribunal Superior Eleitoral:

“não consiste em nova hipotese de inelegibilidade a


previsão no indigitado art. 73 §5º, da Lei 9504/97,
da pena de cassação do diploma, que representou
tao-somente o atendimento, pelo legisladoro, de um
anseio da sociedade de ver diligentemente punidos
os candidatos beneficiados pelas condutas ilícitas
desse artigo.”

Não há que se confundir o abuso de poder apurado nos termos da Lei de


Inelegibilidade, com as condutas vedadas previstas na Lei das Eleições. Assim, a
decisão que tenha por objeto a declaração de inelegibilidade, no regime da Lei de
Inelegibilidades, só surte efeitos após seu trânsito em julgado, conforme previsto no
art. 15. Desse modo, caso a causa seja julgada após as eleições, o que o mais provável,
os autos serão remetidos ao Ministério Público Eleitoral para a propositura de Recurso
contra a diplomação ou Ação de Impugnação de Mandato Eletivo, a fim de que sejam
cassados os diplomas ou os mandatos dos candidatos beneficiados pelas condutas
abusivas e também para que seja declarada a inelegibilidade do candidato beneficiado
e de quantos hajam contribuído para a prática do ato, para as eleições que se
realizarem nos três anos à eleição em que se verificou o abuso.

Do outro lado, a Lei das Eleições, sanciona as condutas vedadas com multa,
perda do registro ou do diploma, conforme a gravidade da conduta, a ser apurada
através de procedimento do art. 96 da mesma lei, que tem natureza sumária, sendo
possível a execução imediata da decisão judicial, independentemente da propositura
de Recurso de Diplomação ou Ação de Impugnação de Mandato Eletivo, mesmo se a
representação for julgada após as eleições.

 Quais seriam as condutas vedadas ?


LEI 9504-97 - Art. 73. São proibidas aos agentes
públicos, servidores ou não, as seguintes condutas
tendentes a afetar a igualdade de oportunidades
entre candidatos nos pleitos eleitorais:
I - ceder ou usar, em benefício de candidato,
partido político ou coligação, bens móveis ou
imóveis pertencentes à administração direta ou
indireta da União, dos Estados, do Distrito

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Federal, dos Territórios e dos Municípios,


ressalvada a realização de convenção partidária;
Verificar a exceção prevista no parágrafo segundo desse mesmo artigo, o qual
dispõe que essa vedação não se aplica ao uso, em campanha, de transporte oficial pelo
Presidente da República, desde que obedecido o disposto no art. 76. Esse artigo por sua
vez determina que haja o ressarcimento das despesas com uso de transporte oficial do
Presidente da república.

II - usar materiais ou serviços, custeados pelos


Governos ou Casas Legislativas, que excedam as
prerrogativas consignadas nos regimentos e
normas dos órgãos que integram;
III - ceder servidor público ou empregado da
administração direta ou indireta federal, estadual
ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus
serviços, para comitês de campanha eleitoral de
candidato, partido político ou coligação, durante o
horário de expediente normal, salvo se o servidor
ou empregado estiver licenciado;
IV - fazer ou permitir uso promocional em favor
de candidato, partido político ou coligação, de
distribuição gratuita de bens e serviços de caráter
social custeados ou subvencionados pelo Poder
Público;
V - nomear, contratar ou de qualquer forma
admitir, demitir sem justa causa, suprimir ou
readaptar vantagens ou por outros meios dificultar
ou impedir o exercício funcional e, ainda, ex
officio, remover, transferir ou exonerar servidor
público, na circunscrição do pleito, nos três meses
que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob
pena de nulidade de pleno direito, ressalvados:
a) a nomeação ou exoneração de cargos em
comissão e designação ou dispensa de funções de
confiança;
b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do
Ministério Público, dos Tribunais ou Conselhos
de Contas e dos órgãos da Presidência da
República;
c) a nomeação dos aprovados em concursos
públicos homologados até o início daquele prazo;
d) a nomeação ou contratação necessária à
instalação ou ao funcionamento inadiável de
serviços públicos essenciais, com prévia e expressa
autorização do Chefe do Poder Executivo;

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e) a transferência ou remoção ex officio de


militares, policiais civis e de agentes
penitenciários;
VI - nos três meses que antecedem o pleito:
a) realizar transferência voluntária de recursos da
União aos Estados e Municípios, e dos Estados aos
Municípios, sob pena de nulidade de pleno
direito, ressalvados os recursos destinados a
cumprir obrigação formal preexistente para
execução de obra ou serviço em andamento e com
cronograma prefixado, e os destinados a atender
situações de emergência e de calamidade pública;
b) com exceção da propaganda de produtos e
serviços que tenham concorrência no mercado,
autorizar publicidade institucional dos atos,
programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos federais, estaduais ou municipais,
ou das respectivas entidades da administração
indireta, salvo em caso de grave e urgente
necessidade pública, assim reconhecida pela
Justiça Eleitoral;
c) fazer pronunciamento em cadeia de rádio e
televisão, fora do horário eleitoral gratuito, salvo
quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de
matéria urgente, relevante e característica das
funções de governo;
VII - realizar, em ano de eleição, antes do prazo
fixado no inciso anterior, despesas com
publicidade dos órgãos públicos federais,
estaduais ou municipais, ou das respectivas
entidades da administração indireta, que excedam
a média dos gastos nos três últimos anos que
antecedem o pleito ou do último ano
imediatamente anterior à eleição.
VIII - fazer, na circunscrição do pleito, revisão
geral da remuneração dos servidores públicos que
exceda a recomposição da perda de seu poder
aquisitivo ao longo do ano da eleição, a partir do
início do prazo estabelecido no art. 7º desta Lei e
até a posse dos eleitos.
§ 1º Reputa-se agente público, para os efeitos
deste artigo, quem exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função nos órgãos ou entidades
da administração pública direta, indireta, ou
fundacional.
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§ 2º A vedação do inciso I do caput não se aplica


ao uso, em campanha, de transporte oficial pelo
Presidente da República, obedecido o disposto no
art. 76, nem ao uso, em campanha, pelos
candidatos a reeleição de Presidente e Vice-
Presidente da República, Governador e Vice-
Governador de Estado e do Distrito Federal,
Prefeito e Vice-Prefeito, de suas residências
oficiais para realização de contatos, encontros e
reuniões pertinentes à própria campanha, desde
que não tenham caráter de ato público.
§ 3º As vedações do inciso VI do caput, alíneas b e
c, aplicam-se apenas aos agentes públicos das
esferas administrativas cujos cargos estejam em
disputa na eleição.
§ 4º O descumprimento do disposto neste artigo
acarretará a suspensão imediata da conduta
vedada, quando for o caso, e sujeitará os
responsáveis a multa no valor de cinco a cem mil
UFIR.
§ 5º Nos casos de descumprimento do disposto
nos incisos I, II, III, IV e VI do caput, sem prejuízo
do disposto no parágrafo anterior, o candidato
beneficiado, agente público ou não, ficará sujeito
à cassação do registro ou do diploma.
Assim sendo, mesmo que haja a procedência da representação após a eleição.
Nesse caso o efeito será imediato.

§ 6º As multas de que trata este artigo serão


duplicadas a cada reincidência.
§ 7º As condutas enumeradas no caput
caracterizam, ainda, atos de improbidade
administrativa, a que se refere o art. 11, inciso I, da
Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e sujeitam-se
às disposições daquele diploma legal, em especial
às cominações do art. 12, inciso III.
§ 8º Aplicam-se as sanções do § 4º aos agentes
públicos responsáveis pelas condutas vedadas e
aos partidos, coligações e candidatos que delas se
beneficiarem.
§ 9º Na distribuição dos recursos do Fundo
Partidário (Lei nº 9.096, de 19 de setembro de 1995)
oriundos da aplicação do disposto no § 4º, deverão
ser excluídos os partidos beneficiados pelos atos
que originaram as multas.

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§ 10. No ano em que se realizar eleição, fica


proibida a distribuição gratuita de bens, valores
ou benefícios por parte da Administração Pública,
exceto nos casos de calamidade pública, de estado
de emergência ou de programas sociais
autorizados em lei e já em execução orçamentária
no exercício anterior, casos em que o Ministério
Público poderá promover o acompanhamento de
sua execução financeira e administrativa.15
Art. 74. Configura abuso de autoridade, para os
fins do disposto no art. 22 da Lei Complementar
nº 64, de 18 de maio de 1990, a infringência do
disposto no § 1º do art. 37 da Constituição Federal,
ficando o responsável, se candidato, sujeito ao
cancelamento do registro de sua candidatura.
A Constituição Federal, em seu artigo 37 §1º , dispõe acerca da propaganda
oficial de atos, programas, serviços, obras e campanhas dos órgãos governamentais,
que deverão ter caráter informativo e educativo. Nesse caso, aplica-se o princípio da
impessoalidade, visando a resguardar os cofres públicos dos gastos com publicidade
ilícita, incluindo-se as que possuírem contornos eleitorais.

Art. 75. Nos três meses que antecederem as


eleições, na realização de inaugurações é vedada a
contratação de shows artísticos pagos com recursos
públicos.
Art. 76. O ressarcimento das despesas com o uso
de transporte oficial pelo Presidente da República
e sua comitiva em campanha eleitoral será de
responsabilidade do partido político ou coligação
a que esteja vinculado.
§ 1º O ressarcimento de que trata este artigo terá
por base o tipo de transporte usado e a respectiva
tarifa de mercado cobrada no trecho
correspondente, ressalvado o uso do avião
presidencial, cujo ressarcimento corresponderá ao
aluguel de uma aeronave de propulsão a jato do
tipo táxi aéreo.
§ 2º No prazo de dez dias úteis da realização do
pleito, em primeiro turno, ou segundo, se houver,
o órgão competente de controle interno procederá
ex officio à cobrança dos valores devidos nos
termos dos parágrafos anteriores.
§ 3º A falta do ressarcimento, no prazo estipulado,
implicará a comunicação do fato ao Ministério
Público Eleitoral, pelo órgão de controle interno.

15
Acrescentado pela Lei nº 11.300, de 10.05.06.
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§ 4º Recebida a denúncia do Ministério Público, a


Justiça Eleitoral apreciará o feito no prazo de trinta
dias, aplicando aos infratores pena de multa
correspondente ao dobro das despesas, duplicada
a cada reiteração de conduta.
Art. 77. É proibido aos candidatos a cargos do
Poder Executivo participar, nos três meses que
precedem o pleito, de inaugurações de obras
públicas.
Parágrafo único. A inobservância do disposto
neste artigo sujeita o infrator à cassação do
registro.
Art. 78. A aplicação das sanções cominadas no art.
73, §§ 4º e 5º, dar-se-á sem prejuízo de outras de
caráter constitucional, administrativo ou
disciplinar fixadas pelas demais leis vigentes.

A Lei Eleitoral prevê, também, hipóteses de cancelamento e cassação do


registro. Ocorrerá o cancelamento do registro até a data da eleição, em caso do
candidato ser expulso do partido, após regular procedimento (onde deve se garantir a
ampla defesa), segundo a previsão do estatuto do partido político. O cancelamento do
registro será decretado pela Justiça Eleitoral, por solicitação do partido político. Já a
cassação do registro configura-se em uma penalidade aplicada nas seguintes hipóteses
previstas em lei:

(1) quando o candidato, agente público ou não, pratica ou se beneficia de certos


atos;

(2) quando o candidato à reeleição a cargos do Poder Executivo participa de


inaugurações de obras públicas nos três meses que antecedem as eleições, (art. 77 da
LE);

(3) quando o candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor, com o


fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
emprego ou função pública, desde o dia do registro da candidatura até o dia da eleição,
inclusive. (art.41A da LE)

O artigo 73 da LE apresenta as demais hipóteses em que o candidato fica sujeito


à cassação:

(4) ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens


móveis ou imóveis pertencentes à Administração direta ou indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, ressalvada a realização
de convenção partidária;

(5) usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas,


que excedam a prerrogativa consignada nos respectivos regimentos e normas dos
órgãos que integram;

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(6) ceder servidor público ou empregado da Administração direta ou indireta


federal, estadual ou municipal do Poder Executivo ou usar de seus serviços para
comitês de coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou
empregado estiver licenciado;

(7) fazer ou permitir o uso promocional em favor de candidato, partido político


ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social. custeados ou
subvencionados pelo Poder Público;

(8) realizar transferência voluntária de recursos da União ns Estados e


Municípios, e dos Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito,
ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para
execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os
destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública;

(9) com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham


concorrência no mercado, autorizar publicidade institucional dos atos, programas,
obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou
das respectivas entidades da Administração indireta, salvo em caso de grave e urgente
necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral;

(10) fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário


eleitoral gratuito, salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria
urgente, relevante e característica das funções de governo.

Perante a legislação eleitoral, reputa-se agente público quem exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo. emprego ou
função nos órgãos ou entidades da administração pública direta, indireta ou
fundacional. (§1º, art.73 LE)

CRIMES ELEITORAIS

 Crimes Eleitorais. Jurisdição e competência

Os crimes eleitorais estão previstos em capítulo próprio do código


eleitoral. Entretanto, iremos encontrar alguns tipos penais eleitorais nas chamadas “leis
penais eleitorais extravagantes”. No Código Eleitoral estão previstos nos arts. 289 até o
354.

No que diz respeito à competência para julgamento dos crimes


eleitorais, faz-se necessário, inicialmente, determinar a natureza de tais crimes. Nesse
sentido, os crimes eleitorais, pela maioria da doutrina, e no entendimento do Supremo
Tribunal Federal são considerados crimes comuns.

Alguns entendem que os crimes eleitorais seriam crimes especiais,


cabendo somente aos órgãos da Justiça Eleitoral o seu julgamento. Defendem que os
crimes eleitorais praticados pelos detentores de mandatos eletivos devem ser julgados
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pelos órgãos responsáveis pelo registro das candidaturas. Segundo entendimento de


Fávila Ribeiro, os crimes eleitorais compõem subdivisão dos crimes políticos. Para ele
os crimes políticos estariam divididos em crimes eleitorais e crimes militares.

Conforme já mencionamos esse não é o entendimento que prevalece, a


expressão crimes comuns abrange todos os crimes que não sejam crimes de
responsabilidade.

 Natureza e tipicidade dos crimes eleitorais. Bem Jurídico


protegido. Código Eleitoral e legislação esparsa.
“O crime eleitoral, conquanto seja também da categoria de crime
político, restringe-se às infrações penalmente sancionadas e que dizem respeito,
especificamente, às várias e diversas fases da formação do eleitorado e do processo
eleitoral, incluindo-se neste, claro, as eleições” (Tito Costa).

Os bens jurídicos tutelados pelo direito penal eleitoral são a liberdade de


exercício dos direitos políticos e autenticidade das eleições. A objetividade jurídica, em
se tratando de crimes eleitorais, está expressa no interesse público de proteger a
liberdade e a legitimidade do sufrágio, o exercício em suma dos direitos políticos, de
modo a que os pleitos eleitorais sejam realizados dentro da mais completa
regularidade e lisura (SUZANA DE CAMARGO GOMES).

Importante mencionar que não existe previsão de qualquer tipo penal


eleitoral na modalidade culposa, mas apenas dolosa.

No crime comum conexo com crime eleitoral verifica-se a competência da


Justiça Eleitoral. Já no crime doloso contra a vida conexo com crime eleitoral, existem
dois entendimentos:

a) Cisão do processo – crime doloso contra a vida será de competência do Tribunal


do Júri e o crime eleitoral, da Justiça Eleitoral (posicionamento majoritário)
b) Competência única da justiça eleitoral.

As regras gerais do Código Penal (parte geral) são aplicadas


subsidiariamente aos fatos incriminados no Código Eleitoral e nas Leis Eleitorais
extravagantes, como dispõe o artigo 287 do C.E., mesmo tendo este usado a expressão
”nesta lei”16.

No Código Eleitoral há três regras gerais em matéria criminal:

1ª - art. 283 - quanto ao conceito de funcionário da Justiça Eleitoral e


funcionário público, inclusive por equiparação;

2ª - arts. 284, 285 e 286 - quanto às penas e sua aplicação17; e

16
Art. 287. Aplicam-se aos fatos incriminados nesta Lei as regras gerais do Código Penal.
17
De acordo com o art. 284 do C.E., sempre que não for indicado o grau mínimo de apenamento, a
pena mínima privativa de liberdade será: se detenção = 15 dias; se reclusão = 1 ano. - Na pena de
multa, por se tratar de lei especial, devem ser aplicadas as disposições do Código Eleitoral, não as da
parte geral do Código Penal.
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3ª - art. 288 - quanto aos crimes eleitorais cometidos por meio da


imprensa18, rádio e televisão.

A maioria dos crimes eleitorais são considerados de menor potencial


ofensivo. Alguns delitos eleitorais, inclusive, são punidos exclusivamente com pena de
multa.
Deve-se atentar, também, o disposto no art. 336, parágrafo único do
Código Eleitoral, o qual dispõe a penalidade de suspensão das atividades eleitorais
como pena principal, vejamos:
Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela
infração de qualquer dos artigos. 322, 323, 324, 325,
326,328, 329, 331, 332, 333, 334 e 335, deve o juiz
verificar, de acôrdo com o seu livre
convencionamento, se diretório local do partido,
por qualquer dos seus membros, concorreu para a
prática de delito, ou dela se beneficiou
conscientemente.
Parágrafo único. Nesse caso, imporá o juiz ao
diretório responsável pena de suspensão de sua
atividade eleitoral por prazo de 6 a 12 meses,
agravada até o dôbro nas reincidências.
Percebe-se que o Código Eleitoral já previa a responsabilidade da pessoa
jurídica. De qualquer forma, conformes no ensina o eminente professor Marcos
Ramayana, “a admissão da regra da responsabilidade penal dos partidos políticos
tornou-se de rarefeita sustentação, especialmente diante do disposto no artigo 90 §1º,
da Lei 9504/97.” Vejamos:
LEI 9504 – Art. 90 § 1º Para os efeitos desta Lei,
respondem penalmente pelos partidos e
coligações os seus representantes legais.
Ação penal. Propositura. Processo e julgamento. Recursos.
O Código Eleitoral tem um capitulo destinado às disposições penais, contendo
matéria de direito substantivo, quando define os delitos de natureza eleitoral e se
refere ás penas a eles correspondentes, assim como matéria de direito adjetivo, ao
tratar do processo das infrações. Em relação a este, determina que se aplique como lei
subsidiária ou supletiva o CPP.
Habeas corpus. Trancamento. Ação penal.
Inexistência. Ofensa. Coisa julgada. Independência.
Esferas cível-eleitoral e criminal. Apuração.

18
Única exceção à regra, embora não prevista no Código Eleitoral, nos crimes cometidos pela
imprensa(jornais e periódicos), aplica-se a Lei de Imprensa para definição da competência do Juízo
Eleitoral, na hipótese de jornal ou periódico que tenha distribuição em mais de um município, ou seja,
será competente o Juízo Eleitoral onde funcionar a “oficina de impressão”, não o Juízo do lugar onde
foi a vítima atingida pela ofensa, conforme posição jurisprudencial dominante.

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Igualdade. Fatos: ação de investigação judicial


eleitoral e ação penal. CE, art. 299. Existência. Justa
causa. Prosseguimento. Denúncia. Descrição. Crime
em tese. Não prospera a argumentação de ofensa à
coisa julgada sob a alegação de que os fatos
narrados na denúncia já foram apurados em ação
de investigação judicial eleitoral. As esferas de
responsabilização cível-eleitoral e criminal são
independentes e os mesmos fatos que não foram
hábeis a demonstrar abuso em sede de investigação
judicial eleitoral, podem vir a configurar crime
eleitoral. A jurisprudência do TSE é pacífica no
sentido de que a possibilidade de trancamento da
ação penal, na via estreita do habeas corpus, só é
possível em situações de evidente falta de justa
causa, consubstanciada na ausência de suporte
probatório mínimo de autoria de materialidade,
extinção da punibilidade ou atipicidade manifesta
do fato, de modo que não se tranca a ação penal
quando a conduta narrada na denúncia configura,
em tese, crime. Nesse entendimento, o Tribunal
denegou a ordem. Unânime.
Habeas Corpus no 535/RO, rel. Min. Cesar Asfor
Rocha, em 13.9.2006.

Ação Penal. Corrupção eleitoral. Art. 299 do Código


Eleitoral. Admissibilidade. Representação. Captação
ilícita de sufrágio. Improcedência. Trânsito em
julgado. Irrelevância. A absolvição na representação
por captação ilícita de sufrágio, na esfera cível-
eleitoral, ainda que acobertada pelo manto da coisa
julgada, não obsta a persecutio criminis pela prática
do tipo penal descrito no art. 299 do Código
Eleitoral. Nesse entendimento, o Tribunal negou
provimento ao agravo regimental. Unânime.
Agravo Regimental no Agravo de Instrumento no
6.553/SP, rel. Min. Cezar Peluso, em 27.11.2007.

 Polícia Judiciária Eleitoral

Os crimes eleitorais são contra o interesse da União, cabendo à Polícia Federal,


subordinada ao Ministério da Justiça, prevenir e reprimir essas infrações.
A Polícia Federal atua como polícia judiciária da União, sendo por esta
organizada e mantida, cabendo-lhe atuar na investigação e apuração de crime eleitoral.

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Apesar da divergência anterior quanto à exclusividade da atuação da PF em


matéria eleitoral, ficou decidido que onde não houver órgão da Polícia Federal, a
polícia civil agirá de ofício, já que as infrações são ação penal pública, ou por requisição
da Justiça Eleitoral, do Ministério Público Eleitoral, ou por solicitação da própria
Polícia Federal, instaurando inquéritos policiais ou praticar atos investigatórios
referentes a crimes de competência da Justiça Eleitoral. Joel Cândido discorda que a PF
possa requisitar inquéritos à Polícia Civil, por esta instituição não estar subordinada
àquela.
Assim, não se há de falar em violação ao Princípio da Exclusividade da Polícia
Federal como polícia judiciária da União. Há delegação tácita de atribuições desta para
atuação daquela, por incidência do art. 4º, do CPP.

Considerando que os crimes eleitorais são de ação penal pública (art. 355), CE,
serão eles investigados por inquérito policial instaurado de ofício, aplicando-se todos
os expedientes tradicionais de investigação criminal (aplicação subsidiária do CPP
determinada pelo art. 364 do CE).

 Processo Penal Eleitoral


Não existe, em nossa legislação, um código de processo penal eleitoral. No CE
encontram-se normas mais ou menos vagas sobre o processo das infrações criminais
(arts. 355-364).
Na Lei das Inelegibilidades, o art. 22 contém regras específicas de investigação
judicial para apuração de fatos, em campanhas eleitorais ou mesmo fora delas, em
matéria de abuso ou desvio do poder econômico ou de autoridade, assim como pela
utilização indevida de meios de comunicação social, em benefício de candidato ou
partido político. Porém, nada muito específico, devendo, no processo e julgamento dos
crimes eleitorais e nos crimes comuns que lhes sejam conexos, aplicar-se,
subsidiariamente, regras do CPP (art.364, CE).
É desnecessário mencionar que todas aquelas regras fundamentais de garantias
processual, previstas na CF, aplicam-se ao processo civil-eleitoral e ao penal-eleitoral,
como por exemplo, algumas das que estão contidas no art. 5º e 93, de nossa Lei Maior.
Atualmente o Tribunal Superior Eleitoral não possui competência criminal
originária, haja vista que o previsto no art. 22, I, d, do Código Eleitoral não foi
recepcionado.
 Ação Penal Pública

A ação penal é sempre pública no Direito Eleitoral, não estando, em nenhuma


hipótese, condicionada à representação do ofendido.
No entanto, inerte o ministério Público, ou a autoridade policial, a comunicação
do interessado a que alude o art. 356 do CE será o ponto inicial da deflagração do
procedimento indispensável à apuração do delito. Também aqui, e como exceção,
aplicar-se-á o princípio geral do CP que estabelece a possibilidade de intentar-se ação
privada, nos crimes de ação publica, se o MP não oferecer denúncia no prazo legal.

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Quando a comunicação prevista no art. 356 do CE for verbal, mandará a


autoridade judicial reduzi-la a termo, assinado pelo apresentante e por duas
testemunhas, e a remeterá ao órgão do MP local, para as providências legais
necessárias. Caso este órgão não apresente denúncia no prazo legal, a autoridade
judiciária representará contra ele, sem prejuízo de apuração da responsabilidade penal.
Neste caso, o juiz solicitará ao Procurador Regional a designação de outro promotor
que, no mesmo prazo, oferecerá denúncia. Ressalte-se que qualquer eleitor poderá
provocar a representação, caso o juiz não a faça.
Se a ação penal for de competência originária dos Tribunais eleitorais, além do
procedimento do CE será aplicado, segundo entendimento do TSE, o rito da Lei nº
8.038/90, aplicável aos Tribunais Regionais pelo disposto na Lei nº 8.658/93.

 Processo dos crimes eleitorais

Rito processual penal eleitoral

O rito processual penal eleitoral é disciplinado pelos arts. 357 a 363 do Código
Eleitoral, com aplicação subsidiária do Código de Processo Penal (art. 364), podendo
ser assim resumido:

1. Oferecimento da denúncia – 10 dias. A denúncia deve contar a exposição do


fato criminoso com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou
esclarecimentos pelos quais se possa identifica-lo, a classificação do crime, além
do rol de testemunhas, podendo o MP arrolar de 5 a 8 testemunhas. Conforme o
art. 358, a denúncia será rejeitada quando: a) o fato narrado evidentemente não
constituir crime; b) já estiver extinta a punibilidade, pela prescrição ou outra
causa; ou c) faltar alguma condição para a ação penal, como a legitimidade da
parte; em redação idêntica à do art. 43, do CPP.

2. Recebimento da denúncia, designação de interrogatório e citação – A Lei n.


10.732, de 05 de setembro de 2003, alterou o art. 359 do CE, passando a
estabelecer a necessidade de depoimento pessoal do acusado, o qual era
dispensado. Agora, recebida a denúncia, o juiz designará dia e hora para o
depoimento pessoal do acusado, ordenando a citação deste e a notificação do
Ministério Público. Assemelhou-se o processo à sistemática do CPP.

3. Defesa prévia - A Lei n. 10.732/2003 também alterou o parágrafo único do


art. 359 do CE, passando a estabelecer que, uma vez citado, o réu ou seu
defensor terá o prazo de 10 (dez) dias para oferecer alegações escritas e arrolar
testemunhas. Entenda-se por “alegações escritas” a “defesa prévia”

4. Instrução – Todos os princípios que regem a instrução criminal comum se


aplicam à eleitoral, já que o Código Eleitoral não dispôs de modo diverso. Por
isso, os Título de VII a XI do Código de Processo Penal incidem aqui sem
reservas. Assim, nos moldes do art. 360 do CE, o juiz ouvirá as testemunhas da
acusação e da defesa e determinará as diligências requeridas pelas partes.

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Data: 08/07/10.

OBS: Embora o art. 360 dê a entender que só o MP pode pedir


diligências, a defesa também poderá faze-lo, sob pena de afronta ao
princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV).

5. Alegações finais – Encerrada a colheita da prova, o juiz abrirá o prazo de 5


dias para as partes apresentarem alegações finais (art. 360, CE).

6. Sentença – 10 dias – art. 361. Decorrido o prazo das alegações, os autos serão
conclusos ao juiz em 48 horas, para que, em 10 dias, profira sentença, contra a
qual caberá recurso para o TRE, no prazo de 10 dias (art. 362).

7. Execução – Transitando em julgado a sentença condenatória, os autos


baixarão à instância inferior para execução (art. 363, CE), que será feita em 5
dias, contados da data da vista do MP, a este cabendo promovê-la.

OBS.1: Se a ação penal for de competência originária dos Tribunais eleitorais,


além do procedimento do CE será aplicado, segundo entendimento do TSE, o
rito da Lei nº 8.038/90, aplicável aos Tribunais Regionais pelo disposto na Lei nº
8.658/93.

OBS.2: No caso de crime eleitoral que possua pena privativa de liberdade


máxima de 2 anos, será o mesmo apreciado normalmente pela Justiça Eleitoral,
garantindo-se ao acusado, porém, a aplicação dos institutos despenalizadores
dos Juizados compatíveis com seu crime. É o que se dessume dos julgados
abaixo do TSE:

“É possível, para as infrações penais eleitorais cuja pena não seja superior a dois
anos, a adoção da transação e da suspensão condicional do processo, salvo para
os crimes que contam com um sistema punitivo especial, entre eles aqueles a
cuja pena privativa de liberdade se cumula a cassação do registro se o
responsável for candidato, a exemplo do tipificado no art. 334 do Código
Eleitoral” (Ministro NELSON JOBIM, presidente – Ministro SÁLVIO DE
FIGUEIREDO, relator, 7.11.02).”

“Habeas corpus. Concurso de crimes. Arts. 299 e 312 do Código Eleitoral. Penas
individuais que possibilitam a proposta do art. 89 da Lei nº 9.099/95. Soma
aritmética. Inviabilidade. Concessão do sursis processual. Possibilidade.
Inteligência do art. 119 do Código Penal”( Ministro SEPÚLVEDA PERTENCE,
presidente em exercício – Ministro LUIZ CARLOS MADEIRA, relator,
15.08.02)”

 Aplicação da Lei 9099/95


Para Joel J. Cândido, dos institutos da Lei dos Juizados Criminais, só a
suspensão condicional do processo se aplica ao Direito Eleitoral, não se cogitando da
incidência da composição civil, da transação e da representação.

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Tito Costa afirma que o sursis processual não implica na inelegibilidade


de candidato a cargo eletivo, como se dá na suspensão condicional da pena. Isto
porque, ela pode ocorrer enquanto houver apenas uma denúncia formal oferecida pelo
Ministério Público contra o cidadão, mas não uma condenação. Pois é certo que,
apenas uma condenação transitada em julgado, trás como conseqüência a suspensão
dos direitos políticos, enquanto durarem os efeitos da condenação. E com ela, a
inevitável inexigibilidade (art.15, III, CF).

 Resolução 23222/2010

O Tribunal Superior Eleitoral regulamentou a apuração pré-processual


dos crimes eleitorais através da Res. 23222/2010/2006, abaixo transcrita:.

RESOLUÇÃO Nº 23.222

INSTRUÇÃO Nº 452-55.2010.6.00.0000 – CLASSE 19 – BRASÍLIA – DISTRITO


FEDERAL.

Dispõe sobre a apuração de crimes eleitorais.

O Tribunal Superior Eleitoral, usando das atribuições que lhe conferem o artigo 23,
inciso IX, do Código Eleitoral e o artigo 105 da Lei

nº 9.504, de 30 de setembro de 1997, resolve expedir a seguinte instrução:

CAPÍTULO I

DA POLÍCIA JUDICIÁRIA ELEITORAL

Art. 1º O Departamento de Polícia Federal ficará à disposição da Justiça Eleitoral


sempre que houver eleições, gerais ou parciais, em qualquer parte do Território
Nacional (Decreto-Lei nº 1.064/68, art. 2º e Resolução-TSE nº 11.218/82).

Art. 2º A Polícia Federal exercerá, com prioridade sobre suas atribuições regulares, a
função de polícia judiciária em matéria eleitoral, limitada às instruções e requisições do
Tribunal Superior Eleitoral, dos Tribunais Regionais ou dos Juízes Eleitorais
(Resolução-TSE nº 8.906/70 e Lei nº 9.504/97, art. 94, § 3º).

Parágrafo único. Quando no local da infração não existirem órgãos da Polícia Federal, a
Polícia Estadual terá atuação supletiva

(Resolução-TSE nº 11.494/82 e Acórdãos nos 16.048, de 16 de março de 2000 e 439, de


15 de maio de 2003).

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CAPÍTULO II

DA NOTÍCIA-CRIME ELEITORAL

Art. 3º Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração


penal eleitoral em que caiba ação pública deverá, verbalmente ou por escrito,
comunicá-la ao Juiz Eleitoral local (Código Eleitoral, art. 356 e Código de Processo
Penal, art. 5º, § 3º).

Art. 4º Recebida a notícia-crime, o Juiz Eleitoral a encaminhará ao Ministério Público


ou, quando necessário, à polícia judiciária eleitoral, com requisição para instauração de
inquérito policial (Código de Processo Penal, art. 356, § 1º).

Art. 5º Verificada a incompetência do juízo, a autoridade judicial a declarará nos autos


e os encaminhará ao juízo competente (Código de Processo Penal, art. 78, IV).

Art. 6º Quando tiver conhecimento da prática da infração penal eleitoral, a autoridade


policial deverá informar imediatamente o Juiz Eleitoral competente (Resolução-TSE nº
11.218/82).

Parágrafo único. Se necessário, a autoridade policial adotará as medidas acautelatórias


previstas no artigo 6º do Código de Processo Penal (Resolução-TSE nº 11.218/82).

Art. 7º As autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja
encontrado em flagrante delito pela prática de infração eleitoral, comunicando o fato
ao juiz eleitoral competente em até 24 horas (Resolução-TSE nº 11.218/82).

Parágrafo único. Quando a infração for de menor potencial ofensivo, a autoridade


policial elaborará termo circunstanciado de ocorrência e providenciará o
encaminhamento ao Juiz Eleitoral competente (Resolução-TSE nº 11.218/82).

CAPÍTULO III

DO INQUÉRITO POLICIAL ELEITORAL

Art. 8º O inquérito policial eleitoral somente será instaurado mediante requisição do


Ministério Público ou da Justiça Eleitoral, salvo a hipótese de prisão em flagrante,
quando o inquérito será instaurado independentemente de requisição (Resoluções-TSE
nos 8.906/70 e 11.494/82 e Acórdão nº 439, de 15 de maio de 2003).

Art. 9º O inquérito policial eleitoral será concluído em até 10 dias, se o indiciado tiver
sido preso em flagrante ou preventivamente, contado o prazo a partir do dia em que se
executar a ordem de prisão, ou em até 30 dias, quando estiver solto (Acórdão nº 330, de
10 de agosto de 1999 e Código de Processo Penal, art. 10, § 3º).

§ 1º A autoridade policial fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará
os autos ao Juiz Eleitoral competente (Código de Processo Penal, art. 10, § 1º).

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§ 2º No relatório, poderá a autoridade policial indicar testemunhas que não tiverem


sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas (Código de
Processo Penal, art. 10, § 2º).

§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade


poderá requerer ao Juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão
realizadas no prazo marcado pelo Juiz (Código de Processo Penal, art. 10, § 3º).

Art. 10. O Ministério Público poderá requerer novas diligências, desde que necessárias
ao oferecimento da denúncia (Acórdão nº 330, de 10 de agosto de 1999).

Art. 11. Quando o inquérito for arquivado por falta de base para o oferecimento da
denúncia, a autoridade policial poderá proceder a nova investigação se de outras
provas tiver notícia, desde que haja nova requisição, nos termos dos artigos 4º e 6º
desta resolução.

Art. 12. Aplica-se subsidiariamente ao inquérito policial eleitoral o disposto no Código


de Processo Penal (Resolução-TSE

nº 11.218/82).

Art. 13. Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 4 de março de 2010.

ARNALDO VERSIANI – RELATOR

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