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Análise
Econométrica
em Cross-Section
da Demanda por
Medicamentos
no Brasil
[Estudo de Casos]
Coordenação geral: Ciro Mortella
Coordenação técnica OF: Consultoria Econômica
Fridman, Silvia V.
Análise Econométrica em cross-section
da demanda por medicamentos no Brasil: estudo de
casos / Silvia V. Fridman, Fabiana Rocha. --
São Paulo Febrafarma - Federação Brasileira da
Indústria Farmacêutica, 2004
04-4837 CDD-615.10151
PA R T E I
Sumário executivo 5
Apresentação 7
PA R T E I I
Estabelecimento da equivalência entre dosagens 11
de medicamentos de uma mesma classe terapêutica
1. Objetivo 11
2. Material utilizado 11
3. Procedimento 11
4. Critérios adotados 12
5. Resultados 14
6. Comentários 15
PA R T E I I I
Características da demanda por medicamentos no Brasil 16
Resultado da regressão 18
Analgésicos 18
Antibióticos 20
Antiinflamatórios 22
Anti-hipertensivos 24
Gasto com medicamentos 25
Comentários finais 29
ANÁLISE ECONOMÉTRICA EM CROSS-SECTION DA DEMANDA
POR MEDICAMENTOS NO BRASIL: ESTUDO DE CASOS
PA R T E I
Sumário executivo
estudosFEBRAFARMA [ 5 ]
Silvia V. Fridman
Fabiana Rocha
[ 6 ] estudosFEBRAFARMA
ANÁLISE ECONOMÉTRICA EM CROSS-SECTION DA DEMANDA
POR MEDICAMENTOS NO BRASIL: ESTUDO DE CASOS
Apresentação
1
Por exemplo, U.S. House of Representatives, Committee on Government Reform and Oversight.
Minority Staff Report, Prescription Drug Pricing in the 1st Congressional District in Maine: An
International Price Comparison. October 24, 1998.
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SILVIA V. FRIDMAN | FABIANA ROCHA
dos países pequenos passam a gerar um problema mundial. Este quadro permite
especular que, em breve, os países centrais irão se aperceber dos benefícios de
conclamar uma rodada internacional de negociação sobre os limites das regu-
lações nacionais de preços de medicamentos, o que vai exigir, dos países
pequenos e de suas respectivas indústrias, capacitação técnica e informação
para tais negociações.
A política oficial de preço, pela regra do custo marginal, em países que não
oferecem garantia de escala de produção, como o Brasil, afeta as empresas
nacionais que não têm, por questões de externalidades e tributárias, a mesma
produtividade das internacionais.
Ao mesmo tempo, as empresas locais, apesar de concentradas no estágio de
produção de especialidades farmacêuticas, ou seja, operam pouco em produção
de fármacos e praticamente nada em P&D, ao terem seus custos nivelados pelo
custo das empresas internacionais, sem a oportunidade de segmentar merca-
dos, ficam impossibilitadas de dividir perdas. Desta forma, são desestimuladas
a participar de projetos em P&D.
O controle de preço implementado no Brasil não segue exatamente a regra
do custo marginal (marginal cost pricing), mas a de aproximação do custo
médio de produção, sem o componente da taxa de lucro (que teoricamente
deveria compor o custo médio). Mais grave ainda, a fórmula paramétrica, que
vigorou de 2000 a 2002, generalizava o custo médio para todos os produtos,
sem a preocupação de distingüir, por ponderação, os custos referentes aos dife-
rentes processos produtivos. Naturalmente, este procedimento seria impra-
ticável e o controle tentava acertar na média do conceito equivocado de custo,
sabendo que errava na variância.
O resultado foi o barateamento relativo dos medicamentos que, ao lado da
queda no nível de atividade da economia brasileira e do poder de compra das
famílias, implicou uma significativa redução nas margens do setor.
Há várias justificativas formais para o controle de preços, variando desde o
argumento de produto credencial, ao lado da elegância teórica da informação
imperfeita, como se os protocolos de tratamento pudessem ser desconsiderados,
até o tradicional argumento de oligopólio, cujo modelo teórico de comporta-
mento nunca foi explicitado. Em uma indústria com mais de 400 empresas
operando sob regime de livre importação para produtos acabados, dificilmente se
pode ver um oligopólio com poder significativo sobre o mercado. Ainda que
2
assim fosse, como entender o tabelamento de produtos não tarjados, tipo OTC ?
2
OTC (over-the-counter) é a denominação que se dá aos medicamentos que podem ser adquiridos sem
prescrição médica.
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ANÁLISE ECONOMÉTRICA EM CROSS-SECTION DA DEMANDA
POR MEDICAMENTOS NO BRASIL: ESTUDO DE CASOS
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ANÁLISE ECONOMÉTRICA EM CROSS-SECTION DA DEMANDA
POR MEDICAMENTOS NO BRASIL: ESTUDO DE CASOS
PA R T E I I
Estabelecimento da Equivalência
entre Dosagens de Medicamentos de
uma mesma Classe Terapêutica
Subsídio à Fase de Estudo Econométrico
Silvia V. Fridman
2. Material utilizado
3. Procedimento
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SILVIA V. FRIDMAN | FABIANA ROCHA
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IMS Health é um instituto de pesquisas especialista na coleta e análise de informações farmacêuticas.
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POR MEDICAMENTOS NO BRASIL: ESTUDO DE CASOS
4.2.4. Para cada uma das classes terapêuticas analisadas, foi selecionado um
princípio ativo que serviu como base para expressar as quantidades dos
medicamentos adquiridos naquela classe terapêutica, como segue:
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5. Resultados
A pesquisa realizada pela Toledo & Associados apresenta uma relação com
1.074 citações de marcas ou nomes dos princípios ativos de medicamentos.
Devido aos critérios adotados (ver item 4), a equivalência entre as dosagens
dos medicamentos foi estabelecida para aproximadamente 42% dos medicamen-
tos relacionados, da seguinte forma:
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ANÁLISE ECONOMÉTRICA EM CROSS-SECTION DA DEMANDA
POR MEDICAMENTOS NO BRASIL: ESTUDO DE CASOS
6. Comentários
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Parte III
Características da Demanda
por Medicamentos no Brasil
Fabiana Rocha
Qi = a + b1Xi + b2Zi + ei
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POR MEDICAMENTOS NO BRASIL: ESTUDO DE CASOS
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“dummy” é uma variável que mede uma característica qualitativa dos indivíduos da amostra.
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foram feitas as estimativas com a renda pessoal, uma vez que a resposta à per-
gunta sobre a renda pessoal tem menos ruído do que a resposta à pergunta
sobre a renda familiar.
Resultados da Regressão
Analgésicos
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POR MEDICAMENTOS NO BRASIL: ESTUDO DE CASOS
Os resultados indicam:
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Antibióticos
nº obs. 36 36 36 36 36
Notas: Estatísticas t entre parênteses. *, ** e *** indicam que as variáveis são estatisticamente
significantes
_ nos níveis de 1%, 5% e 10%, respectivamente.
R2: R2 ajustado.
Renda corresponde à renda familiar.
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POR MEDICAMENTOS NO BRASIL: ESTUDO DE CASOS
Log (quantidade) = 4,3490 – 0,3613 Log (preço) + 0,3499 Log (renda pessoal)
(2,4171) (-2,2449) (1,8868)
R = 0,2343
2
estudosFEBRAFARMA [ 21 ]
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Antiinflamatórios
nº obs. 64 64 64 64 64
Notas: Estatísticas t entre parênteses. *, ** e *** indicam que as variáveis são estatisticamente
significantes
_ nos níveis de 1%, 5% e 10%, respectivamente.
R2: R2 ajustado. Como ninguém da classe E consumiu antiinflamatório, a classe D aparece como
classe-base.
Renda corresponde à renda familiar.
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POR MEDICAMENTOS NO BRASIL: ESTUDO DE CASOS
estudosFEBRAFARMA [ 23 ]
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Anti-Hipertensivos
n.obs. 52 52 52 52
Notas: Estatísticas t entre parênteses. *, ** e *** indicam que as variáveis são estatisticamente
significantes
_ nos níveis de 1%, 5% e 10%, respectivamente.
R2 : R2 ajustado.
Renda corresponde à renda familiar.
1. A demanda mais uma vez parece ser preço inelástico, sendo o coeficiente
da elasticidade-preço igual a -0,46.
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ANÁLISE ECONOMÉTRICA EM CROSS-SECTION DA DEMANDA
POR MEDICAMENTOS NO BRASIL: ESTUDO DE CASOS
notar que os controles para genérico e domicílio aparecem com o sinal contrário
ao esperado. De qualquer forma, eles não apresentam significância estatística. O
mesmo ocorre quando a renda pessoal é utilizada, em vez da renda familiar.
3. Não foi possível testar o modelo 2, pois todas as pessoas que compraram
anti-hipertensivos o fizeram por indicação médica. Assim, não houve possibili-
dade de se definir a “dummy” para prescrição médica, e esta variável não pôde
ser usada como controle.
Foi estimada ainda uma equação para o gasto total com medicamentos.
Neste caso, foram estimados, inicialmente, quatro modelos diferentes. No
primeiro foi utilizada somente a renda como variável explicativa; no segundo,
além da renda foi utilizado o número de pessoas no domicílio; no terceiro, adi-
cionalmente, as “dummies” de classe socioeconômica e, no último, também as
“dummies” de região. Reportam-se abaixo somente os resultados do último
modelo, uma vez que nos demais somente a renda aparece como significante.
Gasto total = 19,4912 + 0,0010 Renda familiar* – 0,5253 Domicílio – 1,1895 Norte – 5,6785 Nordeste**
(4,8600) (1,9543) (-1,0129) (-0,3521) (-1,8849)
+ 0,7124 Centro-Oeste – 4,2660 Sudeste + 6,6829 Classe A + 3,9846 Classe B + 0,8407 Classe C – 2,6487 Classe D
(0,2141) (-1,5346) (1,4237) (0,9375) (0,1947) (-0,5944)
R2 = 0,044
Obs: Estatística t entre parênteses. * e ** indicam que os coeficientes são estatisticamente significantes
nos níveis de 5% e 10%, respectivamente.
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Notas: Estatísticas t entre parênteses. *, ** e *** indicam que as variáveis são estatisticamente
significantes
_ nos níveis de 1%, 5% e 10%, respectivamente.
R2: R2 ajustado.
Renda corresponde à renda pessoal.
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SILVIA V. FRIDMAN | FABIANA ROCHA
Gasto total = 16,4693 + 1,5810 Cômodos – 12,2444 Primário – 9,5413 Ginásio – 7,1017 Colegial
(3,9818) (2,2351) (-3,7263) (-3,2340) (-2,3750)
– 7,4930 Superior
(-3,3012)
R2 = 0,0391
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ANÁLISE ECONOMÉTRICA EM CROSS-SECTION DA DEMANDA
POR MEDICAMENTOS NO BRASIL: ESTUDO DE CASOS
4. Ainda que a equação de gasto total não seja a ideal, ela parece indicar
que educação é também importante para explicar consumo de medicamento.
Assim, além de ampliar o acesso, aumentar o grau de instrução dos con-
sumidores faria com que estes passassem a consumir mais.
Comentários Finais
a. Analgésicos: -0,609
b. Antibióticos: -0,377
c. Antiinflamatórios: -0,828
d. Anti-hipertensivos: -0,465
Vale dizer que uma redução nos preços em 10% aumentaria a demanda por
analgésico em 6,1%, por antibióticos em 3,8%, por antiinflamatórios em 8,3%,
e por anti-hipertensivos em 4,6%.
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No início dos anos 1990, estabeleceu-se a polêmica sobre o preço das mensalidades escolares, sob a ale-
gação de ser a educação um serviço essencial e de haver barreiras à entrada. A liberação dos preços, a
partir de 1995, fez aumentar a taxa de retorno no setor, no curto prazo, e o significativo aumento no
número de escolas, no médio prazo, retirando o preço das mensalidades do rol das preocupações oficiais.
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ANÁLISE ECONOMÉTRICA EM CROSS-SECTION DA DEMANDA
POR MEDICAMENTOS NO BRASIL: ESTUDO DE CASOS
j. O controle estatístico por classes sociais mostra que esta distinção não é
relevante para o mercado como um todo, uma vez que não há gradação no con-
sumo médio, à medida que se mudem as faixas de renda. Entretanto, a classe A
consome 50% a mais de antibiótico do que a classe mais pobre, e as classes B e
C consomem 13% a mais de antiinflamatórios do que a classe mais pobre.
Nestes resultados confirma-se a hipótese de que o nível de renda filtra a
amostra de consumidores com acesso à farmácia.
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