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JA: Alguns até acabam por morrer no país sem sequer beneficiar
da junta médica de que precisavam. Não há mecanismos para dar
maior celeridade, sobretudo para aqueles casos pontuais
ARS: Quer dizer que, em muitos casos, a doença podia ter uma
solução ideal se o paciente saísse um ano antes. Vejam, por
exemplo, o caso de pessoas que têm doenças malignas. A doença
vai progredindo e, muitas vezes, o diagnóstico até foi feito cedo,
mas acabam por ter dificuldades. Então, somos obrigados a criar
programas de especialização dos nossos técnicos para podermos
estar à altura de reduzir o peso que a Junta Nacional da Saúde tem
no Orçamento Geral do Estado (OGE). Daí que nasceu o programa
do Governo chamado “Melhoria de Assistência Médica” que os
hospitais nacionais e provinciais têm estado a dar. Nós temos,
depois, programas concretos de especialização em certos domínios,
nomeadamente a Neufrologia, a qual está acoplada à Hemodiálise
e os Cuidados Intensivos, que é uma especialidade vital para a
assistência das pessoas em situação crítica, pelo que temos um
programa que já está prestes a ser activado. Temos a Oftalmologia,
numa parceria com a República de Cuba e, também, com o Reino
de Espanha. Estamos, neste momento, a trabalhar e a estudar
formas de intervir noutras especialidades, nomeadamente, a
Cardiologia, a Gastrienterologia e a Urologia. Só para dizer aquelas
que, neste momento, nos ocorre.
ARS: Desde que Angola está em clima de paz, foram feitas dez
grandes obras de reabilitação a nível da Saúde. Podemos falar dos
hospitais Josina Machel, Pediátrico de Luanda e da Maternidade
Lucrécia Paím. Está ainda em fase de conclusão mais cinco grandes
obras. Temos ainda obras que foram iniciadas de raiz. Nesta
vertente, em fase de conclusão, temos 18 grandes obras. Temos,
também, obras que já foram concluídas. Por exemplo, o Instituto
Nacional de Luta contra a Sida, o Centro de Saúde da Carreira de
Tiro, em Malanje, e as obras que estão no mapa que nós temos.
Temos ainda obras que acabaram de ser iniciadas nos últimos
meses, como as dos hospitais municipais de Viana, Cacuaco e de
Camabatela (Kwanza-Norte). A par disso, cada governo provincial
está também a reabilitar as unidades de menor dimensão como,
por exemplo, centros de saúde, postos de saúde e hospitais
municipais. E o número de estruturas que, neste momento, estes
governos construíram ou estão em fase de construção ultrapassa
de longe estes números. Avaliamos que, pelo menos, deve ser cinco
vezes mais do que o número que acabámos de referir. Neste
momento, o ministério tem equipas que estão em circulação em
diversas províncias para conferir obra por obra para ver quais são
as obras que estão definitivamente concluídas, as que estão
exactamente em construção e as que estão em reabilitação.
ARS: Não. Este valor não inclui o montante gasto pelas províncias,
porque os governos provinciais têm um plano de investimento
público previsto nos seus orçamentos e de incidência provincial.
De todas as maneiras, nós queremos uma reabilitação funcional.
Para lá do edifício, tem de haver pessoal qualificado que responda
às solicitações dos utentes. Este é um trabalho que está a ser feito e
que levará o seu tempo. Mas o Ministério da Saúde não vai desistir
de fazer isso.
ARS: Acho que aqui era preciso, numa parceria com a Direcção
Provincial da Saúde, que encontrássemos fórmulas de
desconcentração de assistência para outros locais, contando
também com a pediatria. Há muitas crianças que “saltam” certas
unidades, também com serviços de pediatria, e vão sobrecarregar o
Hospital Pediátrico de Luanda. Felizmente, neste momento, ja
existe um Banco de Urgências para crianças no Hospital Américo
Boavida, que está a aliviar, e muito, a carência que se fazia sentir
nesse aspecto. Assim, é possível aquele hospital receber mais
crianças e aliviar o peso que o Hospital Pediátrico de Luanda está a
ter. Isso também reduz a mortalidade .
ARS: Sim, a taxa de mortalidade é alta. Isso quer dizer que nós
temos que ter condições ideais para receber os queimados. Nos
diversos hospitais da nossa cidade tem de ter camas reservadas
para queimados, pelo menos os hospitais com serviços de
urgências. E é possível organizar isso. Mas o apoio médico aos
doentes queimados é algo muito importante. Depois, nós não
temos médicos em quantidade que possam fazer funcionar o
serviço de cirurgia plástica no nosso país. Então, temos uma
parceria com uma equipa portuguesa, que tem um projecto de
prestação de serviços, no sentido em que recebe, vê e trata dos
doentes. Este projecto é extensivo à formação do pessoal angolano,
isto é, de médicos e enfermeiros que estiverem a trabalhar com
eles. Estarão lá, não só para os ver fazer, mas também para fazer. É
um projecto de formação de três anos. Depois, esses técnicos
formados ficam em condições de formar outros médicos. O nosso
país estará em condições de se transformar num centro de
formação de médicos em cirurgia plástica. Devo dizer que isso é
apenas um exemplo. Temos um programa de cuidados intensivos,
que é outra coisa muito, mas muito útil. Nós temos tido
dificuldades, principalmente quando queremos evacuar doentes
para o estrangeiro, porque os cuidados intensivos são coisa
caríssima. Por isso existe esse programa que vamos dar início
brevemente, e pensamos que ele vai iniciar com a prestação de
serviço e com a formação. Este programa vai comportar etapas
intercaladas com a ida do pessoal a algumas unidades no exterior.
JA: Perfil