Vous êtes sur la page 1sur 38

TÍTULOS DE CRÉDITO

1. NOÇÕES HISTÓRICAS

Os títulos de crédito surgiram nas épocas medievais. Cada cidade


(feudo) possuía tudo para manter sua estrutura básica, inclusive
moedas.
O crédito era considerado tão importante que, no início, o credor
poderia, até mesmo, condenar o devedor à morte. Esquartejavam esse
devedor e as partes eram divididas entre os credores que as
penduravam na porta de seu estabelecimento comercial, como medida
intimidadora.
Mais tarde, principalmente no Egito, continua a importância do
pagamento das dívidas, só que o devedor era transformado em
escravo.
Posteriormente, já na Idade Média, o crédito passa a ser pago
através das propriedades. No início, o credor poderia tomar posse de
todos os bens que quisesse do devedor, indiscriminadamente.
Atualmente, a contrapartida é mais justa, mas ainda há muito o que
mudar.
Voltando à Época Medieval: como cada feudo possuía a própria
moeda, cada vez que os mercadores entravam nas cidades precisavam
fazer o câmbio.
Com o aumento da mercancia, aumenta, também, o fluxo de
mercadores viajando com dinheiro e, consequentemente, o número de
assaltos. Para evitá-los os mercadores começaram a diminuir a
mercancia entre os feudos.
As pessoas já acostumadas com as mercadorias trazidas dos outros
lugares pelos mercadores exigem o retorno do comércio e, assim, foi
criada uma sociedade para fazer o câmbio para os comerciantes, ou
seja, os BANQUEIROS.
Os banqueiros inventaram um papel chamado de lettera di cambium
e cada vez que os mercadores entravam em um feudo eles trocavam a
lettera pela moeda local e, ao saírem, faziam o procedimento inverso.
Esse tipo de título que era usado, se parece mais com a atual nota
promissória do que propriamente com a letra de câmbio.

• COMENTÁRIOS:
• LETRA DE CÂMBIO - é uma ordem de pagamento.
• NOTA PROMISSÓRIA - teve suas origens nos romanos e

1
desenvolveu-se através dos gregos que tinham os chirographos,
que eram uma casta especial, pois sabiam ler e escrever (o que
não era comum na época) e tinham a permissão de emitir as
notas promissórias - eram simples obrigações de dívidas
formuladas por escrito.
• CHEQUE - teve suas origens na Idade Média.
• DUPLICATA - é especialíssima para o Direito brasileiro, pois é
criação nossa e surge com o art. 219 do Código Comercial
brasileiro.
• Existem outros títulos de crédito: os títulos de crédito chamados
impróprios, entre eles o warrant, o conhecimento de frete, ações,
debêntures, etc. O nosso estudo se baseará nos títulos
cambiariformes ou próprios (Letra de Câmbio, Nota Promissória,
Duplicata e Cheque).

2. CONCEITO

“Título de Crédito é o documento necessário para o exercício de um


direito literal e autônomo, nele contido”. (Césare Vivante in Trattado
di Dirritto Commerciale - Milão - 1812.

• DOCUMENTO - é representado por um papel que era chamado de


cartula - logo, é através da cartularidade que é possível exercer
esse direito.
• NECESSÁRIO - é obrigatória a apresentação do documento para que
o direito possa ser exercido.
• LITERAL - tem que estar escrito no documento. Literalidade = vale
o que está escrito.
• AUTÔNOMO - não está vinculado a nada, ou seja, as obrigações nele
contidas são independentes entre si.
• NELE CONTIDO - o direito literal é que está contido no título de
crédito.

• PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO:

O título de crédito que possui todas as características é considerado


um título perfeito e são a Letra de câmbio e a nota promissória.

a) Literalidade - é a subordinação do Direito ao teor específico do


título - vale o que está escrito - deve estar expresso em moeda

2
nacional, a não ser que tenha se originado de uma exportação (é um
requisito do título de crédito).
b) Autonomia - significa que as obrigações cambiais são autônomas e
independentes uma da outra - se divide em dois subprincípios:
b.1) abstração - significa que o título, uma vez endossado, liberta-
se da causa que lhe deu origem.
b.2) inoponibilidade das exceções aos terceiros de boa fé -
não posso propor nenhuma defesa contra o pagamento, ao portador
de boa-fé, do título.

c) Cartularidade - é a necessidade de apresentar o título para


exercer o Direito Cambial (= documento necessário).

3. CLASSIFICAÇÃO

A classificação dos títulos de crédito se faz através de quatro


princípios:

3.1) Quanto ao modelo:

a) LIVRE - a forma não precisa observar um padrão


normativamente estabelecido, ou seja, pode-se elaborar um
título de crédito até mesmo em casa - ex.: nota promissória
e letra de câmbio.
b) VINCULADO - o direito definiu um padrão para o
preenchimento dos requisitos específicos de cada um - ex.:
duplicata mercantil (nasce de uma compra e venda a prazo
ou da prestação de um serviço, logo, está vinculada à nota
fiscal) e cheque (uniformes, atendendo às normas de
formatação do BACEN).

3.2) Quanto à estrutura:

a) ORDEM DE PAGAMENTO - o saque cambial dá nascimento a


três situações distintas: a de quem dá a ordem, a do
destinatário da ordem de pagamento e ao beneficiário - ex.:
letra de câmbio, cheque, duplicata mercantil.
b) PROMESSA DE PAGAMENTO - onde apenas duas situações

3
jurídicas emergem do saque cambial: a de quem promete
pagar e ao beneficiário da promessa - ex.: nota promissória.

3.3) Quanto às hipóteses de emissão (quanto à natureza dos direitos


incorporados nos títulos):

a) CAUSAIS - possuem causa necessária, isto é, só existem em


função de um determinado negócio fundamental e esse
negócio especial influencia a sua existência; sendo assim, os
documentos trazem, nas declarações literais que contêm,
referência ao negócio - são os títulos que somente podem ser
emitidos se ocorrer o fato que a lei elegeu como causa possível
para sua emissão - ex.: duplicatas, warrant, conhecimento de
frete.
b) NÃO CAUSAIS ou ABSTRATOS - são aqueles em que os direitos
incorporados no título não se ligam ou dependem do negócio
que deu lugar ao nascimento do título - assim, ao portador ou
qualquer obrigado não é permitido inquirir a causa do título, já
que esse vale por si mesmo - podem ser criados por qualquer
causa, para representar obrigação de qualquer natureza no
momento do saque - ex.: letra de câmbio, nota promissória,
cheque.

3.4) Quanto à forma de circulação

Em relação ao ato jurídico que opera a transferência da


titularidade do crédito representado pela cartula, os títulos circulam:

a) AO PORTADOR - são aqueles em que não é expressamente


mencionado o nome do beneficiário da prestação - nessas
condições, será considerada titular dos direitos incorporados no
documento a pessoa que com ele se apresentar (transmissível
por mera tradição).
b) NOMINATIVOS - são os títulos cuja circulação se faz mediante
um termo de cessão ou de transferência - esses títulos trazem
, sempre, o nome da pessoa indicada como beneficiária da
prestação a ser realizada.
c) À ORDEM - em tal caso, eles trazem os nomes dos
beneficiários e, contendo a cláusula esclarecedora de que o
direito à prestação pode ser transferido pelo beneficiário à

4
outra pessoa - circulam mediante tradição - ex.: Pague ao
Sr. F., ou à sua ordem, ...).
d) NÃO À ORDEM - a clausula não à ordem retira do título uma
das suas principais funções (a livre circulação), fazendo com
que o crédito não seja facilmente usado pela circulação através
de endosso - entretanto, o título não à ordem também pode
circular, através de uma cessão, que requer um termo de
transferência, assinado pelo cedente e pelo cessionário -
como conseqüência da cessão, o cedente se obriga apenas
com o cessionário, não em relação aos posteriores possuidores
do título - circulam mediante a tradição acompanhada da
cessão civil de crédito.

4. ESPÉCIES

4.1) PRÓPRIOS - são aqueles que encerram uma verdadeira operação


de crédito, subordinada, a sua existência, à confiança que
inspiram os que dele participam - são aqueles que preenchem
todos os requisitos e princípios do Direito Cambiário, bem como
os seus atributos - ex.: letra de câmbio e nota promissória.
4.2) IMPRÓPRIOS - são aqueles que não representam uma verdadeira
operação de crédito, mas, que revestidos de certos requisitos dos
títulos de crédito propriamente ditos, circulam com as garantias
que caracterizam esses papéis - ex.: ações, debêntures,
conhecimento de depósito, warrant, conhecimento de frete.

• CARACTERÍSTICAS
• Dinamismo
• Formalismo
• Simplicidade
• Negociabilidade
• Executividade

PONTO II - LETRA DE CÂMBIO

1. Conceito

5
Entende-se por Letra de Câmbio uma ordem dada, por escrito, a uma
pessoa, para que pague a um beneficiário indicado, ou à ordem
deste, uma determinada importância em dinheiro. A letra de câmbio
é um título de crédito, dotado de literalidade e de autonomia das
obrigações. Desempenha importantíssima função econômica pela
ampla utilização do crédito que proporciona.

2. Diplomas legais que regulam a Letra de Câmbio, vigentes no


Brasil:

• Decreto 2.044/1908 nas partes não derrogadas;


• Decreto 57.663/1966 que introduziu no Direito brasileiro a Lei
Uniforme da Convenção de Genebra de 07/06/1930, constante do
Anexo I, excetuados alguns artigos do Anexo II.

Tanto a lei brasileira n. 2.044, como a Lei Uniforme tratam da


Letra de Câmbio e da Nota promissória - são esses títulos
diferentes, se bem que tenham muitos princípios em comum - dada
a existência de tais princípios, a letra de câmbio e a nota promissória
são chamadas de títulos cambiários ou, simplesmente, cambiais.

3. Figuras intervenientes

Na letra de câmbio os intervenientes possuem, no título, funções


diversas:

3.1) SACADOR, SUBSCRITOR ou EMITENTE - é aquele que dá a ordem,


aquele que cria e emite a letra, dando a ordem de pagamento -
é também denominado credor.
3.2) SACADO ou DEVEDOR - é aquele a quem a ordem é dada, contra
quem a ordem é dirigida.
3.3) TOMADOR ou BENEFICIÁRIO - é aquele a favor de quem é
emitida a ordem - é aquele que porta o título e que fica no lugar
do credor.

Em virtude do princípio da autonomia das obrigações cambiárias,


e sendo diversas as funções exercidas na letra por cada um desses
elementos, uma mesma pessoa, física ou jurídica, pode figurar no título
como sacador, como sacado e mesmo como tomador.

6
• COMENTÁRIOS:
• Muitas vezes o sacador é também beneficiário - neste caso o
sacado aceitante pagará àquele que criou a letra de câmbio -
ocorre nos contratos de alienação fiduciária, por exemplo, onde a
financeira emite o título de crédito para que o sacado (a pessoa
que está alienando o carro) pague a ela mesma.
• Muitas vezes o sacador ocupa o lugar do sacado - A dá uma
ordem para que B pague e este não dá o aceite - o beneficiário
vai cobrar do sacador.
• Todos os que fazem parte da obrigação cambiária são
coobrigados (quem emite a letra é que é o obrigado a pagar
quando o sacado não paga).
• A letra de câmbio é muito usada no comércio de importação e
exportação.
• A letra de câmbio é sempre nominativa.
• Enquanto não houver o aceite não há qualquer obrigação por
parte do sacado se houver uma dívida entre o sacador e o
sacado, o primeiro tem outras formas admitidas em Direito para
buscar o cumprimento da obrigação - se o sacador pagar ao
beneficiário há o direito de regresso, mas não no Direito
Cambiário, ou seja, nesse caso não há o que se falar em
execução.
• Quando houver o aceite, o sacado passa a ser coobrigado, mas o
sacador também o é, e se o primeiro não pagar é ele quem
assume essa responsabilidade.
• Todos se obrigam na relação, ou seja, são coobrigados e a
responsabilidade pelo pagamento é subsidiária e autônoma. Não
confundir (o que é muito comum) SUBSIDIARIEDADE e
SOLIDARIEDADE - ex.: responsabilidade solidária é aquela do pai
e da mãe na criação e sustento dos filhos, ou seja, ambos são
responsáveis - responsabilidade subsidiária é aquela dos
padrinhos ou tutores, que na falta dos pais são responsáveis pela
criação e sustento das crianças.

4. NATUREZA JURÍDICA

Documento de uma garantia formal de dívida abstrata de uma


obrigação pecuniária.

7
PONTO III - SAQUE

A Lei Uniforme, no Capítulo I do Título I, trata da criação e forma da


letra de câmbio, tendo a tradução brasileira, adotada pelo Decreto n.
57.663, substituído a palavra criação por emissão. A Lei n. 2.044,
intitulava o Capítulo I, DO SAQUE. Em ambas as leis, nesses capítulos, é
regulada a criação da letra, com os requisitos essenciais para a sua
validade. A criação, segundo tais dispositivos legais, é equivalente à
emissão.
Em resumo, temos que criar a letra é dar a forma escrita ao título e
emitir é fazer o título, já criado, entrar em circulação. Com a criação da
letra de câmbio, alguém, denominado sacador, ordena a outra pessoa,
chamada sacado, que pague a um terceiro, designado tomador, em
certa época, uma importância determinada.
Sacador, sacado e tomador têm, na letra, posições definidas e
diversas. E, como ao participarem do título, assumem direitos e
obrigações autônomas (não dependentes dos demais direitos ou
obrigações dos que estão vinculados à letra), sacado e tomador podem
ser a mesma pessoa física ou jurídica que deu a ordem (sacador). Não
regesse o título o princípio da autonomia das obrigações cambiárias,
certamente isso não seria possível; mas, como a figura e a
responsabilidade do sacador, do tomador e do sacado divergem, pode,
uma mesma pessoa, física ou jurídica, constar na letra como aquele que
dá a ordem (sacador), beneficiário da letra (tomador) e o indicado para
cumprir a ordem dada (sacado).

REQUISITOS ESSENCIAIS NAS LETRAS DE CÂMBIO (art. 1o da


Lei Uniforme)

• A denominação “letra de câmbio”, inserta no próprio texto do título e


expressa na língua empregada para a redação desse título.
• O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada - na
realidade a palavra mandato está mal empregada; deveria mandado,
pois trata-se de uma ordem - puro e simples significa não sujeito a
condição alguma.
• O nome da pessoa que deve pagar (ou seja, do sacado) - pode
conter ou não, mais abaixo, a sua assinatura.
• O nome da pessoa a quem, ou à ordem de quem a letra deve ser

8
paga (ou seja, tomador) - não se admite ao portador.
• A indicação da data em que a letra é passada - somente poderá ser
considerado um título que vale por si mesmo, independente da
causa que lhe deu origem, a partir da data em que foi passado.
• A assinatura do sacador - contendo, o título, uma ordem de
pagamento, necessário é que alguém responda por esse pagamento
se a pessoa a quem ele foi ordenado não o realizar - o sacador, que
deve lançar sua assinatura na letra, necessita ser capaz para poder
responder pela obrigação.

REQUISITOS NÃO ESSENCIAIS NAS LETRAS DE CÂMBIO

• Época do pagamento - a Lei Uniforme admite a existência e


validade do título sem esse requisito, uma vez que,
semelhantemente à lei brasileira, dispõe que “a letra em que não se
indique a época do pagamento será pagável à vista”, ou seja, no ato
da apresentação (art. 2o, 2).
• Lugar do pagamento - quando se executa uma letra, pode-se faze-
lo ou no lugar do aceite ou onde deveria ser paga.
• Lugar da emissão - tem por finalidade saber qual a lei a aplicar nas
relações internacionais - só é permitida a ausência do lugar de
emissão se constar da letra o lugar do domicílio do sacador, que é o
que vem ao lado do seu nome - havendo omissão de ambos a letra
não terá os efeitos da letra de câmbio.

• Quantia determinada - letra de câmbio indexada - proibição


somente para as cambiais vinculadas a contrato de aquisição da
casa própria pelo SFH em razão de normas próprias autorizadas e
aos contratos de crédito nacionais.

• Os requisitos devem estar totalmente cumpridos antes da cobrança


do título ou do protesto, não precisando constar do instrumento no
momento do saque (art. 3o do Decreto n. 2.044 em consonância com
a súmula 387 do STF) - caso contrário, o sacado pode alegar defeito
formal do título.

PONTO IV - ACEITE (ato unilateral de vontade do sacado = não está


obrigado a aceitar a letra, mas se o fizer, passa a ser o obrigado

9
principal)

É ato cambial pelo qual o sacado concorda em acolher a ordem


incorporada pela letra de câmbio. É de livre iniciativa do sacado aceitar
ou não a ordem recebida. O aceite é ato exclusivo de sua vontade.
Resulta da simples assinatura do sacado no anverso do título; no verso,
a assinatura vem seguida da palavra “aceito” ou qualquer outra
equivalente. O aceitante é o devedor principal da letra de câmbio.
• Vencimento antecipado da letra - a recusa do aceite é
comportamento lícito - neste caso, poderá o credor ou o tomador
cobrar o título de imediato, pois o vencimento, obrigatoriamente
fixado pela cambial, é antecipado com a recusa do aceite.
• Recusa parcial ou aceite parcial - também provocam o
vencimento antecipado da letra. Pode ser:
• Aceite limitativo - o aceitante concorda em pagar uma parte
do valor do título;
• Aceite modificativo - é o aceite em que o sacado adere à
ordem, alterando parte das condições fixadas na letra, como
por exemplo, a época do vencimento.
• Art.22 da Lei Uniforme - como evitar que a recusa do aceite
produza o vencimento antecipado da letra: o sacado poderá
valer-se do expediente previsto na lei, consiste na cláusula “não
aceitável” (salvo nas hipóteses proibidas pelo dispositivo legal) -
a cláusula “não aceitável” faz com que o portador não possa
antecipar o pagamento e não possa protestar por aceite.
Assim, o credor somente poderá apresentar o título ao sacado no
seu vencimento e para pagamento, portanto. Não tendo nenhuma
conseqüência excepcional para o sacador pois a recusa do aceite
ocorre após o vencimento do título, época em que ele, o sacador,
já deveria estar preparado para honrá-lo.

• COMENTÁRIOS:
• Exemplo: José (SACADOR) Antônio (SACADO) Pedro
(TOMADOR)
Se Antônio aceitar o título ele passa a ser o sacado aceitante,
tornando-se, assim, o obrigado principal - se não aceita está fora
da obrigação cambial
• Existe um prazo para que o tomador do título vá buscar do sacado
o aceite: 1 ano a contar da data do saque.
• Exemplo: A letra de câmbio mais usada é a financeira:

10
EMPRESA FINANCEIRA PÚBLICO
Quando a Empresa emite a letra de câmbio é porque ela já
recebeu da Financeira; se esta não pagar, o Público vai à
Empresa.
• PROTESTO - ato notarial que significa a comunicação da falta do
aceite.
• Exemplo: Aceite sob condição - limitativo ou modificativo.
Marcos Carlos Ana = R$
100,00
Ana pode ir direto a Marcos e pedir os R$ 100,00.
Carlos pode dar um aceite limitativo, afirmando poder pagar
somente R$ 80,00 (de valor).
Carlos pode dar um aceite modificativo, afirmando que só poderá
pagar no prazo de 30 dias, ou em outra localidade, por exemplo
(de forma).

PONTO V - ENDOSSO

Para que a letra de câmbio possa facilmente ser transferida e se


opere a circulação dos direitos de crédito nela incorporados, emprega-
se um meio próprio dos títulos de crédito chamado de endosso, que
consiste na simples assinatura do proprietário no verso ou anverso da
letra, antecedida ou não de uma declaração indicando a pessoa a quem
a soma deve ser paga - com essa assinatura a pessoa que endossa o
título, chamada endossante, transfere a outrem chamado endossatário,
a propriedade da letra (L.U., art. 14) - nessa condição, o endossatário
ao receber a letra torna-se o titular dos direitos emergentes nela
contidos, podendo, assim, praticar todos os atos que se fizerem
necessários para resguardar a sua propriedade.

O endosso é ato cambiário que opera a transferência do crédito,


representado por título “à ordem”. A alienação do crédito fica
condicionada, também, à tradição do título, levando-se em conta o
Princípio da Cartularidade. Já que se está transferindo um direito, quem
pode faze-lo é o possuidor do título.

• Partes: Endossante ou endossador = alienante do crédito.


Endossatário = adquirente.

11
• Somente o credor poderá ser o endossador - assim, o primeiro
endossante em qualquer letra de câmbio será sempre o tomador.

• Não há limites para o número de endossos - quando o


documento não é suficiente, é possível anexar um papel que
servirá como sua extensão - prolongamento da letra.

• O endosso produz dois efeitos:


a) Transfere a titularidade do crédito
b) Vincula o endossante ao pagamento do título na qualidade de
coobrigado (L.U., art. 15).

• COMENTÁRIOS:
• SOLIDARIEDADE - todos são responsáveis pela totalidade do
pagamento. Na cadeia de anterioridade pode-se desobrigar
alguns e nos casos de limitação (aceite, aval, intervenção).
• SUBSIDIARIEDADE - cada um é responsável pela totalidade do
pagamento e tem ação de regresso contra o(s) anterior(es) (uns
contra os outros).

Espécies de endosso:
1 - ENDOSSO PRÓPRIO
a) ENDOSSO EM BRANCO - quando não identifica o nome do
beneficiário transformando o título nominativo em ao portador,
transferindo o crédito por mera tradição - a assinatura é feita
no verso com a expressão “pague-se”, hipótese em que o
endossante não fica como coobrigado - desonera os demais
coobrigados.
b) ENDOSSO EM PRETO - indica o nome do endossatário - pode
ser feito no verso ou no anverso.
2 - ENDOSSO IMPRÓPRIO (aquele que não transfere a
titularidade do título, mas, somente o título) - Tipos:
a) ENDOSSO MANDATO - é aquele em que, por cláusula especial,
o portador do título o transfere a outra pessoa, que passa a
exercer todos os direitos emergentes da letra, mas só pode
endossá-la na qualidade de procurador (L.U., art. 18) -
legitima a posse - fica com a posse do título mas não é
proprietário dele.
b) ENDOSSO CAUÇÃO - cumprida a obrigação pelo penhor, deve

12
a letra retornar à posse do endossante - dado como garantia;
pago o débito a instituição devolve o título.
c) ENDOSSO SEM GARANTIA - efeitos similares à cessão civil de
crédito - o endossante transfere a titularidade da letra sem se
obrigar com o seu pagamento.

• O endosso de uma letra na qual foi inserida a cláusula “não à


ordem” também terá o efeito de uma cessão civil de crédito.
• É proibido o endosso parcial (L.U., art. 12).
• Tanto a cessão civil de crédito como o endosso são transferências
de um crédito a um determinado tomador.

• Diferença entre endosso e cessão civil de crédito:

ENDOSSO
• Instituto do Direito Cambiário.
• O endossante se obriga com a existência do crédito e pela
solvência do devedor.
• O endossante não poderá se opor ao pagamento total da letra
alegando não possuir mais fundos pois já pagou ao anterior
endossador - essa alegação não pode ser feita levando-se em
conta o princípio da autonomia (abstração e inoponibilidade das
exceções aos terceiros de boa fé).

CESSÃO CIVIL DE CRÉDITO


• Instituto do Direito Civil.
• O cedente só se obriga com a existência do crédito.
• Pode se opor ao pagamento da letra alegando as relações
anteriores entre os coobrigados no título.
• Ocorre quando no título de crédito o endossador coloca a cláusula
“não à ordem”, ou seja, ele não se obriga com os posteriores
endossantes - ex.: “endosso à Simone e não à ordem” -
quando se coloca “sem garantia” não se garante nem a quem
estamos passando o título - quando é feito após o protesto é
chamado de endosso póstumo ou posterior.

PONTO VI - AVAL

13
Entende-se por aval a obrigação cambiária assumida por alguém no
intuito de garantir o pagamento da letra de câmbio nas mesmas
condições de um outro obrigado. É uma garantia especial, que reforça o
pagamento da letra, podendo ser prestada por um estranho ou mesmo
por quem já se haja anteriormente obrigado no título. A pessoa que dá
tal garantia tem o nome de avalista e aquela a quem ele se equipara, e
por intermédio da qual é assumida a obrigação de pagar o título,
denomina-se avalizado.
Para assumir tal obrigação o avalista necessita ser capaz, como,
aliás, deve acontecer com todos quantos se obrigam cambialmente.
Aval é a garantia pessoal de dívida (pagamento), de que a obrigação
constante do título de crédito será paga por um terceiro ou por um dos
signatários (muitas vezes o endossante ou o próprio sacador avalizam o
título), prestada mediante assinatura do avalista no anverso do próprio
título ou em folha anexa.
O avalista é solidariamente responsável com aquele em favor de
quem deu o seu aval. a sua obrigação é autônoma e equivalente (ele é
devedor do título da mesma maneira que o avalizado - L.U., art.32) à
obrigação do avalizado.

OBS.:
1) O aval pode ser prestado mediante a assinatura do avalista no
anverso do título ou no verso da letra com as seguintes
expressões: “por aval”, “bom para aval” ou qualquer outra
expressão equivalente. Numa folha anexa, o aval será dado
através do prolongamento da letra.
2) Na falta de indicação (aval em branco) de quem está sendo
avalizado, entende-se que o aval foi dado em favor do sacador
(L.U., art. 31)

• COMENTÁRIOS:
• Se o aval for dado no verso com somente a assinatura do avalista
(em branco), ele estará avalizando o sacador.
• Pode haver uma cadeia de avalistas da mesma forma que se tem
uma cadeia de endossantes.
• O avalista pode aparecer em qualquer lugar do título, avalizando
qualquer uma das pessoas e, com isso, aumentando a garantia do
pagamento.
• O aval, como obrigação do Direito Cambiário, faz com que o

14
avalista se obrigue no pagamento integral; logo, o direito de
regresso é em relação ao pagamento total do título e não em
cotas partes como no Direito Civil.

• DA SOLIDARIEDADE CAMBIÁRIA E DA SOLIDARIEDADE


PASSIVA NO DIREITO CIVIL

A obrigação cambiária em geral (sacador, aceitante, endossantes ou


qualquer avalista) é, muitas vezes, conceituada como solidária porque o
credor pode exigir a totalidade do valor do título a qualquer um dos
devedores. Deve-se acentuar que essa noção doutrinária não é tão
apropriada no Direito Cambiário, pois o exercício do direito de regresso
neste não segue as mesmas regras da solidariedade passiva do Direito
Civil (assim, regressivamente, obedecendo a uma ordem na satisfação
da obrigação).

• DA SOLIDARIEDADE ENTRE AVALISTAS NO CASO DE AVAIS


SIMULTÂNEOS

Existem duas correntes: a majoritária fala que inexiste solidariedade


entre avalistas no caso de avais simultâneos uma vez que as obrigações
cambiárias são independentes entre si; cada avalista responde
somente, ele próprio, pelo valor integral da dívida. Isso significa que, se
um avalista pagar sozinho o valor do título, não lhe assistirá o direito de
exigir dos demais avalistas a divisão proporcional do valor pago.

Deve-se distinguir o que seja aval simultâneo de aval sucessivo:

• AVAL SIMULTÂNEO - mais de um avalista assume a


responsabilidade de pagamento do título em favor de um mesmo
devedor - neste caso, os dois se encontram na mesma situação
jurídica - obrigação solidária - pagamento total - não é
permitida a divisão proporcional do valor pago.
• AVAL SUCESSIVO - o avalista garante o pagamento de um título
em favor de um devedor que tem a sua obrigação garantida por
um outro aval e assim por diante na cadeia dos signatários ou
coobrigados no título - obrigação subsidiária.

15
OBS.: a equivalência nas obrigações do avalista e do avalizado será
sempre observada como uma obrigação autônoma. Quando se fala
nesta equivalência é que o portador do título tanto pode executar o
aceitante como o avalista, mas isso não se refere à mesma extensão
da obrigação do avalizado - ex.: pedido de concordata preventiva
pelo devedor - com a concordata o devedor tem uma diminuição no
pagamento dos seus débitos através de um acordo com os seus
credores. O avalista, que não tem nada a ver com este acordo, se for
executado, deverá pagar o valor integral do débito e o seu direito de
regresso contra o devedor se fará pelo menor valor, ou seja, com o
valor diminuído pelo acordo.

Exceções que o avalista poderá argüir em juízo (não poderá invocar


matéria pertinente ao direito do avalizado):
1 - Direito pessoal próprio;
2 - Defeito formal do título;
3 - Falta de uma das condições da ação.

PONTO VII - VENCIMENTO (término do prazo estabelecido na letra


tornando-a exigível)

O vencimento da letra pode ser extraordinário ou ordinário:

• EXTRAORDINÁRIO - se opera pela recusa do aceite ou pela


falência do aceitante (pois este é o obrigado principal),
produzindo o vencimento antecipado - o art. 43 da Lei Uniforme
não considera a antecipação do vencimento - o Professor Fran
Martins assim o admite, mas Rubens Requião (como a maioria dos
doutrinadores) tem visão contrária.
• ORDINÁRIO - é aquele que se opera quando o título atinge o
prazo nele marcado, ou seja, que se opera pelo fato jurídico do
tempo ou pela apresentação da letra ao sacado, quando à vista.
A letra de câmbio pode ser passada: à vista, a certo tempo de
vista, a um certo tempo da data e a dia certo.
• À VISTA - o vencimento da letra se verifica no ato da
apresentação ao sacado, para que ele a pague imediatamente
- aceite e pagamento têm o mesmo vencimento, ou seja, se
confundem na mesma data - ex.: “À vista desta única via de

16
letra de câmbio, pagará V.S.a a importância de . . .”
• A CERTO TEMPO DE VISTA - a letra vence para pagamento a
tantos dias ou meses da data do aceite - inicia-se a contagem
desse prazo no dia seguinte à data do aceite - ex.: “Três
meses após o aceite, V.S.a pagará, por esta única via de letra
de câmbio, a Fulano, a importância de . . .”
• A CERTO TEMPO DA DATA - aquele em que o dia do
pagamento será determinado a partir do momento em que a
letra é sacada - em termos de aceite, o prazo fica
estabelecido entre a data do saque e a data do vencimento -
sendo o vencimento fixado para o “princípio”, o “meado” ou o
“fim” do mês, essas expressões devem ser entendidas como o
dia primeiro, o dia quinze e o último dia do mês - ex.: “Seis
meses desta data pagará, V.S.a a Fulano, por esta única via de
letra de câmbio, a importância de Um mil reais. Rio de Janeiro,
31 de Janeiro de 2.000 - esta letra vencerá em 31 de Julho de
2.000 - caso o mês não tenha o dia 31, vencerá no último dia
do mês.
• A DIA CERTO - o vencimento da letra de câmbio vem
expressamente indicado na letra - é a modalidade mais
comum - ex.: “Aos 31 dias do mês de Agosto de 2.000,
pagará, V.S.a a Fulano, por esta única via de letra de câmbio, a
importância de . . .”

PONTO VIII - PAGAMENTO

Pelo pagamento extinguem-se uma, algumas ou todas as obrigações


representadas por um título de crédito - uma ou algumas = quando o
pagamento é feito por um dos coobrigados, desobrigando os
posteriores e tendo ação de regresso quanto aos anteriores; todas =
ocorre quando a letra é paga pelo devedor principal.
O pagamento de uma letra de câmbio deve ser feito no prazo
estipulado pela lei, que difere segundo o lugar de sua realização. Para
uma letra de câmbio pagável no exterior, o credor deve apresentar o
título ao aceitante no dia do vencimento ou num dos dois dias úteis
seguintes. No Brasil, recaindo este num dia não útil, no primeiro dia útil
seguinte (L.U., art. 38).
OBS.: o Professor Fran Martins diz que tanto no Brasil quanto no

17
exterior a apresentação para pagamento deve ser feita na mesma data,
isto é, dois dias após o vencimento - é o único que adota este
pensamento, mas já existem alguns julgados admitindo essa posição.
Para fins de pagamento no Direito Cambiário/Comercial, considera-se
dia útil aquele em que há expediente bancário - excetuam-se os dias
de greve, os dias de meio expediente ou quando existe alguma medida
do governo e é determinado um feriado bancário.
O pagamento de uma cambial deve se cercar de cautelas próprias.
Em virtude do princípio da cartularidade, o devedor que paga a letra
deve exigir que lhe seja entregue o título e em decorrência do princípio
da literalidade, deverá exigir que se lhe dê quitação no próprio título -
caiu em desuso pois o carimbo do banco já é comprovante
suficiente para comprovar o pagamento.
É admissível o pagamento parcial da letra de câmbio, observadas as
cautelas que a lei e a doutrina impõem neste caso.
Uma obrigação cambial é de natureza quezível, ou seja, cabe ao
credor a iniciativa para a obtenção da satisfação do crédito.

• PAGAMENTO - ORDEM DE CÁLCULO - CADEIA DE ANTERIORIDADE


E POSTERIDADE

A letra de câmbio, como ordem de pagamento, deve ser apresentada


segundo o seguinte critério:
1 - O devedor principal (aceitante) é o primeiro a ser cobrado - se
pagar esgotam-se todas as obrigações - o avalista estará sempre
imediatamente após o avalizado.
2 - Se o devedor principal (aceitante) não pagar, apresenta-se a letra
ao sacador (ao seu avalista) e aos endossantes (e seus avalistas)
seguindo um critério cronológico.
3 - Alternativamente apresenta-se a letra ao avalista do devedor
imediatamente posterior ao avalizado.

OBS.: João Eunápio Borges diverge de Fran Martins quanto à


apresentação da letra ao sacado aceitante em primeiro lugar. Para o
primeiro “a apresentação da letra ao aceitante é ato preliminar e
obrigatório a que se encontra condicionado o pagamento do título de
crédito”.
Problema: Antônio, sacador, emite uma letra de câmbio contra
Benedito, que aceita o título para pagamento em favor de Carlos. Carlos

18
endossa o título para Darci que endossa para Evaristo. Fabrício presta
aval em branco. Germano avaliza Benedito. Hebe Camargo avaliza
Carlos e Irene Ravache avaliza Darci. Pergunta-se:
1) Forme a cadeia de anterioridade e posterioridade.
2) Quem é o credor do título e a quem ele deverá se dirigir primeiro
para obter a satisfação de seu crédito ?
3) O que ocorre com a cadeia de obrigações caso o aceitante pague a
letra ?
4) Se o aceitante não paga a letra e Carlos paga, o que ocorre com a
cadeia de anterioridade e posterioridade ?

PONTO IX - INTERVENÇÃO

É o ato pelo qual uma pessoa, indicada ou não, aceita ou paga a


letra por honra de outrem. A essa pessoa dá-se o nome de
interveniente; procura, a intervenção, evitar que a letra caia em
descrédito pelo não acatamento da ordem dada ou pelo não
cumprimento da obrigação assumida (L.U., arts. 55 a 63).
O interveniente que paga a letra por honra do aceitante exonera de
responsabilidade os coobrigados regressivos uma vez que o aceitante é
o obrigado principal; tem ele (o interveniente) direito de ação contra o
próprio aceitante que não se livrou da obrigação cambial pelo fato de
outro haver pago por ele.
Se o pagamento é feito por honra de qualquer obrigado de regresso,
ficam desonerados os obrigados posteriores, permanecendo o direito de
ação contra por quem pagou e contra todos quantos na letra são
obrigados anteriores a esse (L.U., art. 63).

PONTO X - AÇÃO DE COBRANÇA E PROTESTO

A lei que regulamenta o protesto é a Lei 9.492/97.


Um título não aceito ou não pago no seu vencimento incidirá em uma

19
ação de cobrança que poderá ser provada por protesto cambial - ato
notarial extrajudicial de responsabilidade do portador do título.
Entende-se por protesto o ato solene destinado principalmente a
comprovar a falta ou recusa do aceite ou do pagamento da letra - o
protesto apenas atesta esses fatos, não cria direitos e é um simples
meio de prova para o exercício do Direito Cambiário - com o protesto o
juiz tem o convencimento de que o credor esgotou todas as tentativas
para a cobrança do título.
Se não forem observados os prazos fixados na lei para a extração do
protesto, o portador do título perderá o direito de regresso contra os
coobrigados da letra, permanecendo o direito contra o devedor principal
- diante dessas conseqüências da lei, a doutrina costuma chamar o
protesto de necessário ( = contra os coobrigados) ou facultativo ( =
contra o devedor principal e seu avalista).
Tais conseqüências não se aplicam no caso da letra de câmbio
contemplar a cláusula “sem despesa”, “sem protesto” ou outra
equivalente (L.U., art. 46), que dispensa o portador de fazer um
protesto por falta de aceite ou de pagamento, para poder exercer os
seus direitos de ação.

OBS.: Em uma letra de câmbio a certo tempo de vista que não


contenha a data do aceite deve, o portador, protestá-la para que o
termo inicial do respectivo prazo seja definido caso o aceitante,
procurado, se recuse a datá-lo.

Compelido a comparecer em cartório para datar o título, se não o


fizer, a data do aceite pode ser pautada a partir da data do protesto ou
considerar o aceite praticado no último dia do prazo para a
apresentação da letra (ou seja, um ano da data do saque).

• AÇÃO DE LOCUPLETAMENTO OU AÇÃO CAUSAL

Quando a letra de câmbio (e a nota promissória) encontra-se ligada a


um contrato original (ou seja, a existência do título fica presa ao
cumprimento do contrato de que resultou o título como condição para a
perfeição daquele), encerram-se todas as questões de direito abstrato
(isto é, o título se desprende da causa que lhe deu origem).
Em tais casos é admissível a oposição do devedor ao pagamento
pelo não cumprimento do contrato original - para comprovar esse
direito o réu poderá invocar a causa da obrigação, ou seja, o contrato

20
de que a emissão do título era condição - se tal contrato não foi
cumprido, ao emissor não caberá atender ao pagamento, pois, se assim
o fizer, provocará um enriquecimento indevido por parte do credor.
A admissão da ação causal por locupletamento ou enriquecimento
ilícito por parte do credor é aceita pela doutrina e pela jurisprudência.

• AÇÃO CAMBIAL E PRESCRIÇÃO

• AÇÃO CAMBIAL
Se não for pago no vencimento, o credor poderá promover a
execução judicial do título de crédito contra qualquer devedor cambial,
observadas as condições de exigibilidade do crédito e a cadeia de
anterioridade e posterioridade, já examinada.
Assim como a nota promissória, a duplicata e o cheque, a letra de
câmbio vem definida pela Lei Processual (art. 585, CPC) como título
executivo extrajudicial (ou seja, não é preciso provar nada, salvo na
ação de locupletamento), cabendo a execução do crédito
correspondente.
• PRESCRIÇÃO
Para o exercício do direito de cobrança por via de execução a lei
determina prazos prescricionais (L.U., art.70) de:
• 3 anos - contra o sacado aceitante, o avalista do
aceitante e sacador;
• 1 ano - endossantes e avalistas dos demais
coobrigados;
• 6 meses - dos coobrigados contra os demais
coobrigados.

PONTO XI - NOTA PROMISSÓRIA

É uma promessa de pagamento que uma pessoa faz em favor de


outra.

1. Figuras Intervenientes (somente duas pessoas intervêm na


relação jurídica envolvendo a nota promissória):

a) SACADOR, emitente, subscritor ou devedor - na NP, sacador e

21
sacado se confundem na mesma pessoa e é o devedor principal
da obrigação.
b) TOMADOR, beneficiário ou credor - em favor de quem o sacador
fez a promessa.
2. Requisitos (L.U., arts. 75 e 76)

São considerados requisitos não essenciais a data do pagamento, a


indicação do local de emissão do título ou, também, do domicílio do
subscritor. Assim, considera-se que o local da emissão seja o mesmo do
pagamento, ou vice-versa.

3. Regime Jurídico

A Nota Promissória está sujeita às mesmas normas aplicadas com


relação à Letra de Câmbio, com as exceções estabelecidas pela Lei
Uniforme (arts. 77 e 78) - são elas:
• Não há o que se falar em aceite pois ele se confunde com o
próprio saque e nem em vencimento antecipado por falta de
aceite, pois ela já nasce com ele - não é a corrente aceita por
todos os autores - Fran Martins, João Eunápio Borges e Waldemar
Ferreira dizem que a NP, realmente, já nasce aceita, mas que no
momento em que o sacador emite a NP ele pode propor uma data
para a vista.
• O subscritor da NP é o seu devedor principal
• A lei prevê a mesma responsabilidade para o aceitante da letra e
o subscritor da promissória.
• PRESCRIÇÃO - o exercício do direito de crédito contra o emitente
prescreve em 3 anos contados a partir da data do vencimento.
• Também encontramos a previsão da Ação Cambial ou de
Locupletamento quando a NP encontra-se ligada a um contrato
individual e onde for observado o enriquecimento ilícito por parte
do credor.

OBS.:
1) Todas as normas relativas à Letra de Câmbio serão aplicadas
à Nota Promissória naquilo que não desnaturar a essência do
Título (L.U., art. 77) - ex.: as normas relativas ao aceite, ao
vencimento antecipado por falta do aceite e ao protesto por
falta do pagamento.
2) VENCIMENTO A CERTO TERMO DE VISTA - a lei, em seu art.

22
77, ajusta o regime da Nota Promissória ao da Letra de
Câmbio - pelas conclusões já analisadas, decorreria o
entendimento de que tal vencimento seria incompatível com
a natureza do título, qual seja: promessa de pagamento - o
ajuste funciona a partir do visto na NP - ex.: “30 dias após o
visto, pagarei, por esta única via de Nota Promissória, a
quantia de . . .” - o portador da nota tem o prazo de 1 ano a
contar da data do saque para apresentá-la ao visto do
subscritor - praticado o ato, começa a fluir o termo
mencionado no título - se, por outro lado, o visto é negado
pelo subscritor, caberá ao portador protestar a NP, correndo o
prazo do vencimento a partir da data do protesto.

• DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE A LETRA DE CÂMBIO E A NOTA


PROMISSÓRIA:
• A Letra de Câmbio é uma ordem de pagamento e a Nota
Promissória é uma promessa de pagamento;
• Figuras intervenientes: Na Letra de Câmbio: sacador,
sacado e tomador.
Na Nota Promissória: sacador e
tomador.
• Aceite: Letra de Câmbio: é ato facultativo e
prerrogativa do sacado.
Nota Promissória: aceite e saque se confundem,
ou seja, a NP já nasce com o aceite.

PONTO XII - DUPLICATA

1) Conceito

É um título de crédito formal, que consiste em um saque fundado em


crédito concedido pelo vendedor ao comprador, baseado em contrato
de compra e venda mercantil ou de prestação de serviços celebrado
entre ambos, cuja circulação é possível mediante endosso.
É promessa de pagamento do preço estipulado numa compra e
venda (contrato consensual = se perfaz no momento em que o preço é
estipulado) mercantil ou na prestação de serviços.

23
Além da duplicata comum, existem também a duplicata de prestação
de serviços e a duplicata rural.

• É um título de natureza vinculada, ou seja, apesar de serem


autônomas as relações, o princípio da autonomia não se perfaz
totalmente por estar, a duplicata, vinculada a um contrato de
compra e venda mercantil ou de prestação de serviços.

2) Fatura

É o documento representativo do contrato de compra e venda


mercantil, de emissão obrigatória pelo comerciante, por ocasião da
venda de produto ou de serviço, descrevendo o objeto do fornecimento,
quantidade, qualidade e preço além de outras circunstâncias de acordo
com os usos da praça.

3) Nota Fiscal - Fatura

É o documento que resultou do convênio firmado, em 1970, entre o


Ministério da Fazenda e as Secretarias de Fazenda dos Estados e do
Distrito Federal, pelo qual a nota fiscal passa a funcionar, também,
como fatura comercial contendo as informações necessárias às
finalidades tributárias.

4) Requisitos Essenciais

• Lei 5.474/68 (art. 2o) e Lei 6.068/75 (art. 3o).

5) Registro

A emissão da duplicata é facultativa. Somente será obrigatória se o


comerciante operar por meio de instituição financeira.
Alternativamente, poderá cobrar a fatura comercial de forma direta do
comprador quando a venda for à vista.
Emitindo a duplicata, esta deverá ser registrada ou escriturada em
livro próprio do comerciante denominado Livro de Registro de
Duplicatas.

6) Remessa e Devolução

24
A duplicata deverá ser apresentada ao devedor dentro de 30 dias da
sua emissão. Entretanto, se a remessa for feita por instituição
financeira, o prazo será de 10 dias.
Quando não for à vista, o prazo para o devedor devolver a duplicata
ao comerciante será de 10 dias, com o aceite ou acompanhada de
documento escrito explicando os motivos da não aceitação, se este for
o caso.

7) Aceite e Pagamento

O aceite é obrigatório se a mercadoria for entregue de acordo com o


especificado ou o serviço prestado corretamente - nestes casos, pode
haver protesto para pagamento se a pessoa não pagar o título.
Motivos que podem ser alegados pelo sacado para recusar-se a
pagar a duplicata:
a) mercadoria não entregue;
b) mercadoria entregue, porém avariada, quando o transporte corre
por conta e risco do vendedor;
c) defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das
mercadorias;
d) divergências nos prazos ou preços pactuados.

8) Retenção

É permitido ao sacado reter a duplicata até a data do vencimento do


título desde que haja concordância expressa do sacador ( = vendedor)
e da instituição financeira, devendo o sacado comunicar por escrito que
a aceitou e que irá rete-la.
Caso na data do vencimento o sacado não pagar a importância
devida, poderá o sacador promover a ação executiva ou protestar o
título, fundado na comunicação do sacado que aceitou o título e irá
rete-lo. Esta comunicação substitui a duplicata retida, para essas
finalidades.

9) Protesto e Ação de Cobrança

A duplicata poderá ser protestada por falta de aceite, por falta de


devoluçõ e por falta de pagamento. O prazo para protesto é de 30 dias

25
a contar da data do vencimento. O protesto pode ocorrer mediante a
prova de remessa ou entrega de mercadoria. Essa forma de protesto
supre a falta de aceite, podendo servir de subsídio para fundamentar a
ação de cobrança, pois é sabido que, de acordo com a Lei 5.474/68, a
duplicata é Título Executivo Extrajudicial.
A ação fundada na duplicata é a Ação de Execução, conforme o
disposto no art. 585, I, CPC.

10) Prescrição

O prazo de prescrição da ação de cobrança da duplicata é de:


• 3 anos - contra o sacado e respectivos avalistas, contados da
data do vencimento do título;
• 1 ano - contra endossante e seus avalistas, contado da data do
protesto;
• 1 ano, de qualquer dos coobrigados, contra os demais exercendo
o direito de regresso, contado da data em que haja sido efetuado
o pagamento do título.

11) Triplicata

É a reprodução da duplicata mercantil ou da prestação de serviços


em caso de perda ou extravio (Lei 5.474/68, art. 23). Caso o sacador
emita uma triplicata tendo o sacado pago a duplicata, este poderá
entrar com uma ação para repetição de indébito.

12) Duplicata Simulada

É aquela expedida e/ou aceita sem que, efetivamente, tenha


correspondência à uma mercadoria vendida em quantidade ou
qualidade ou a um serviço prestado.
CONSEQÜÊNCIA JURÍDICA DA EXPEDIÇÃO OU DA ACEITAÇÃO DA
DUPLICATA SIMULADA: aquele que expedir ou aceitar duplicata
simulada, bem como o que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro
de Registro de Duplicatas, incorrerá no crime de emissão de duplicata
simulada, delito tipificado no art. 172 do Código Penal.

PONTO XIII, XIV - CHEQUE

26
É uma ordem de pagamento, sempre à vista (ou seja, na data da
apresentação deve ser liquidado), sacada contra um banco ou
instituição financeira que seja reputada como tal, com suficiente
provisão de fundos, pelo sacador em mão do sacado ou decorrente do
contrato de abertura de crédito.
• É o título de crédito mais utilizado nas práticas mercantis atualmente
- o Professor Fran Martins o considera um título de crédito impróprio
porque não atende a todos os requisitos dos títulos, mas esse
pensamento é minoritário.

1. Diplomas Legais

O cheque é disciplinado pela Lei 7.357/85 e subsidiariamente pela


Lei Uniforme do Cheque promulgada pelo Decreto 57.595/66, naquilo
que não foi derrogada.

• Devemos observar, além dessas, todas as outras normas que


regulam o cheque: tributárias, CDC, instruções do BACEN, etc.
• De acordo com a Medida Provisória de 14/out/99, o extrato bancário
de abertura de crédito é considerado como título de crédito.

2. Requisitos - Art. 1o da Lei 7.357/85.

3. Figuras Intervenientes

• EMITENTE - é a pessoa autorizada a emitir cheques sobre os fundos


disponíveis, em virtude de um contrato (de abertura de conta
corrente, depósito ou abertura de crédito) - é quem dá a ordem de
pagamento para o sacado, após verificação de fundos, pagar - é,
pois, o sacador da ordem.
• SACADO - é o banco ou instituição financeira a ele equiparado, que
detém os fundos à disposição do sacador.
• BENEFICIÁRIO - é a pessoa a quem o sacado deve pagar a ordem
emitida pelo sacador.

• O EMITENTE é que se obriga com o BENEFICIÁRIO.

• SACADO - EMITENTE - realizou com o banco um contrato de


depósito, de conta-corrente ou de abertura de crédito ( = cheque

27
especial).

4. Pressupostos da Emissão (Lei 7.357/85, arts. 3o e 4o)

• O cheque é emitido contra banco ou instituição financeira que lhe


seja equiparada, sob pena de não valer como cheque.
• O emitente deve ter fundos disponíveis em poder do sacado e estar
autorizado a, sobre eles, emitir cheque, em virtude de contrato
expresso ou tácito. A infração desses preceitos não prejudica a
validade do título como cheque.
• Art. 4o, §1o - a existência de fundos disponíveis é verificada no
momento da apresentação do cheque para pagamento.
• Art. 4o, § 2o - consideram-se fundos disponíveis:
a) os créditos constantes de conta-corrente bancária não
subordinados a termo (ou de C/C, ou de depósito ou de abertura
de crédito);
b) o saldo exigível de conta corrente contratual;
c) a soma proveniente dos dois.

5. Espécies

a) Quanto à circulação:
a.1 - AO PORTADOR (com valores de até R$ 100,00);
a.2 - NOMINATIVOS;

b) Quanto à forma:
b.1 - CHEQUE VISADO - Lei 7.357/85, art. 7o - é aquele em
que o sacado deve reservar, da conta corrente do sacador, em
benefício do credor, quantia equivalente ao valor do cheque,
durante o prazo de apresentação - esse tipo de cheque é visado
pelo banco e não pode ser endossado.
É o cheque nominal, cujo montante é tranferido, no
momento da emissão, da conta do correntista para o próprio
banco, ficando a quantia à disposição do beneficiário legitimado.
Se o cheque visado não for apresentado dentro do prazo
para a apresentação, o banco devolve, para a conta do
correntista, o montante reservado.

b.2 - CHEQUE ADMINISTRATIVO - é aquele emitido contra a


própria instituição financeira (que é a sacadora). É também

28
denominado cheque de tesouraria, de caixa ou bancário e é muito
utilizado entre instituições financeiras.
b.3 - CHEQUE CRUZADO - destina-se a possibilitar a
identificação da pessoa em favor de quem o cheque foi liquidado
- tem-se o cruzamento geral (entre os dois não há identificação)
e o especial (quando, entre os dois traços, existir a identificação
do nome do banco).

b.4 - CHEQUE PARA DEPÓSITO EM CONTA - é aquele em que se


escreve transversalmente a expressão “para ser creditado em
conta” - é cheque escritural, apenas para ser contabilizado, e
não para ser pago em dinheiro.

OBS: a doutrina tem o cheque cruzado pelo cheque para


depósito em conta.

6. Endosso

O cheque tem a vocação de circular como título pela simples


tradição; quando não traz a menção do beneficiário circula ao portador.
O endosso é meio de transmissão do cheque, normalmente
nominativo; quando contiver a cláusula à ordem, mesmo que esta
cláusula não conste do título, será possível a sua transmissão através
de endosso. Caso o cheque contenha a cláusula não à ordem, sua
transferência poderá ser dificultada pois esta só se fará na forma de
uma cessão ordinária de crédito, aplicando-se a ela as mesmas regras
do Direito comum.
O endosso somente poderá ser feito ao beneficiário do cheque ou a
qualquer pessoa que tenha capacidade para recebe-lo, visto que,
conceitualmente, endossar significa transferir a titularidade de seu
título - não é permitido o endosso ao sacado e, se feito, valerá apenas
como quitação, isto é, como prova de que o pagamento da ordem foi
feito pelo banco.
O endosso deve ser puro e simples, não podendo ficar subordinado à
condição alguma - é também nulo o endosso parcial.

7. Aval

Do mesmo modo que acontece com a letra de câmbio, o cheque


pode ser avalizado. O aval constitui uma garantia suplementar do título.

29
O aval, no cheque, pode ser dado de forma total ou parcial, assim como
na letra de câmbio. Se o aval não trouxer essa limitação, entende-se
que ele foi dado na totalidade do cheque. O avalista se responsabiliza
pelo pagamento do cheque e não pelo pagamento de uma certa pessoa
(o avalizado), daí dizer-se que o “pagamento de um cheque pode ser
garantido, no todo ou em parte, por um aval prestado por terceiro ou
mesmo por signatário do título”.

8. Apresentação de Pagamento e Uso Indevido

O prazo para apresentação do cheque na mesma praça é de 30 dias.


Em praça diferente o prazo é de 60 dias.
Quando o cheque é apresentado e não há provisão de fundos no
prazo de apresentação, caracterizado está o crime previsto no art. 171,
CP.
A inobservância do prazo para a apresentação não acarreta a perda
do direito de executar os endossantes e seus avalistas caso o cheque
não tenha provisão de fundos. A Súmula 600 do STF prevê que “cabe
ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não
apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não
prescrita a ação cambiária”.
A exceção é feita quando durante o prazo para apresentação o
sacador dispunha de fundos e o cheque não foi apresentado. Após o
prazo o beneficiário apresenta o cheque e não encontra a provisão de
fundos. Neste caso, não dispõe mais o portador da execução para
receber o valor do título (mas isto não quer dizer que o cheque
prescreveu, pois a prescrição só ocorre decorridos 6 meses a partir do
prazo da última apresentação).
O banco não tem nenhuma obrigação cambial, não garante o
pagamento do cheque, nem pode garanti-lo, pois a lei proíbe o aceite, o
endosso e o aval parcial de sua parte (Lei 7.357/85, arts. 6o; 18, § 1o e
29).
Se o emitente pagar o cheque antes da denúncia, não ficará
configurado o crime de estelionato (art. 171, CP), mas, após a denúncia
o fato ficará tipificado como crime.

9. Cheque Pós-datado

Mesmo que a sua emissão seja de data posterior, o cheque é pagável


na sua apresentação, ou seja, à vista. No caso de falta de provisão de

30
fundos e observada a boa-fé, a jurisprudência tem um entendimento
uniforme quanto a absolvição criminal do sacador, embora a execução
do título seja sempre cabível pois é título executivo extra-judicial.

OBS.:
1) Princípio que assenta na Teoria da Responsabilidade Contratual
- obrigação de não fazer em virtude de acordo firmado entre o
emitente e o credor;
2) Apresentado ao banco, deverá ser pago à vista pois a
instituição desconhece o acordo e mesmo que tivesse ciência
não estaria obrigada a respeitá-lo pois o contrato “só faz lei
entre as partes”.
3) Cabe indenização ao emitente pelo descumprimento da
obrigação de não fazer (oral ou escrita) - (Direito do
Consumidor - Tutela):
3.1) Tendo provisão de fundos - indenização pela perda dos
juros, cheque especial, aplicações, etc.
3.2) Não tendo provisão de fundos - promovida a execução,
terá, o consumidor, o direito de, nos embargos, exigir a
redução proporcional do valor da cobrança para
compensação dos prejuízos que sofreu, em particular
com o pagamento da taxa de serviço de compensação
bancária e demais encargos contratuais, além de
suportar o ônus da sucumbência prosseguindo a
execução pelo saldo remanescente, se houver, além do
pagamento sobre o dano moral sofrido pelo emitente
pelo constrangimento de ter seu nome incluído no
SERASA, TELE-CHEQUE, CCF (Cadastro de Cheques sem
Fundo), etc.
4) CONCLUSÃO - as partes deverão, sempre, honrar os seus
acordos, pois tal prática existe como alternativa de
documentação de um crédito no interesse das partes que
poderiam adotar outros títulos.

OBS.: no intuito de solucionar controvérsias quanto à prática


da emissão de cheques pós-datados, onde não há possibilidade
para o Direito Comercial, acatá-lo como costume, tendo força
de lei pois estaria ferindo a lei do cheque que nos fala de uma

31
ordem de pagamento à vista. Assim, ao invés de ferir a lei,
deveria haver um entendimento no sentido de não se permitir
a liquidação bancária com data posterior à da apresentação.
Assim, sem desconfigurar a natureza do título, resolve-se a
questão de tal prática mercantil sem os constrangimentos que
ela acarreta.

O efeito do cheque é pro solvendo ( = o que deve ser pago), isto


é, até a sua liquidação não extingue a obrigação a que se refere. As
partes podem pactuar efeito pro soluto ( = a título de pagamento, ou
seja, quando é pago resolve-se a obrigação), mas apenas para o Direito
Cambial.

10. Protesto

• AÇÃO DE COBRANÇA - a lei do cheque (Lei 7.357/85) declara que “o


portador pode promover a execução do cheque” (art. 47):
• Contra o emitente e seu avalista;
• Contra os endossantes e seus avalistas se o cheque for
apresentado em tempo hábil e a recusa do pagamento é
comprovada pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e
datada sobre o cheque, com a indicação do dia de apresentação,
ou ainda, por declaração escrita e datada por câmara de
compensação.
Qualquer destas declarações previstas na lei dispensa o protesto
e produz o mesmo efeito deste. O protesto deve ser feito antes de
expirado o prazo para apresentação (30 ou 60 dias dependendo se é
ou não na mesma praça).

Os cheques pós-datados podem ser protestados pois são ordens de


pagamento à vista. O prazo prescricional da ação contra os obrigados
no cheque, se inicia a partir da expiração do prazo fixado para
apresentação, que é contado tendo-se por base a data do cheque. Tira-
se, então, o protesto “antes de extinto o prazo para apresentação”, mas
o exercício da ação ao portador só prescreve decorridos 6 meses
contados da expiração do prazo para apresentação.
O protesto pode ser dispensado quando no cheque é aposta a
cláusula “sem protesto” ou “sem despesas” ou outra equivalente,
assinada pelo emitente, endossante e/ou avalista. Também nos casos
de insolvência comprovadamente declarada, intervenção, liquidação ou

32
falência do emitente.

• AÇÃO REGRESSIVA (responsabilidade solidária dos coobrigados) -


Lei 7.357/85, art. 51 - a responsabilidade desses coobrigados
(endossantes e seus avalistas) é cambiariamente solidária, o que
faculta ao portador agir contra um, alguns ou todos os coobrigados
já que eles estão ligados pelo vínculo da solidariedade imposto por
lei.

11. Rito da Execução

O rito da ação do cheque é executivo e está regulado nos termos do


art. 585, I, CPC e o valor a receber é o da importância do cheque não
pago, acrescida de juros moratórios, taxa legal e das despesas que
houver feito com o protesto. A proibição da lei na cobrança de juros é
com relação aos compensatórios (art. 10) e a permissão contida em
seus arts. 52 e 53 se referem a juros moratórios, isto é, devidos pela
falta de pagamento.

12. Ação de Enriquecimento Indevido

O portador que não exerceu a competente ação executiva (6 meses


a partir da expiração do prazo de apresentação) no prazo legal, contra o
sacador ou endossantes, tem o direito de agir, já não mais
cambiariamente, mas em ação comum, contra o sacador ou
endossantes que hajam feito lucros ilegítimos às suas custas. Não
poderá agir contra os avalistas pois estes são sempre obrigados
cambiários e, prescrito o cheque, o documento perde a sua natureza
cambiária.

• Art. 51, Lei 7.357/85 - a ação de enriquecimento pode, também, ser


proposta pelo réu (devedor) contra o autor. Se houver motivo para
que a obrigação do emitente não seja cumprida em favor deste (réu
ser credor do autor, p. ex.), tal defesa pode ser apresentada com o
intuito de liberar o réu do pagamento do cheque (Ação de
Locupletamento Ilícito ou Indevido, Repetição de Indébito).

33
13. Prescrição (Lei 7.357/85, arts. 59 a 62)

A ação de execução prescreve em 6 meses a contar da data em que


expirou o prazo para a apresentação ou da data do protesto.
A ação de enriquecimento decorrente do não pagamento do cheque
prescreve em 2 anos do dia em que se consumar a prescrição da ação
de execução.
Não interposta a ação nos prazos acima mencionados, prescreveu os
direitos do portador à dita ação, perdendo o cheque a sua natureza
cambiária. Poderá o portador, alegando enriquecimento de outrem à
sua custa (rito ordinário), entrar com uma ação ordinária de
locupletamento cujo prazo prescricional é de 20 anos, contando-se a
partir dos 6 meses contados da expiração do prazo para apresentação.

14. Revogação (art. 35) e Oposição ao Cheque Sustado (art.


36)

• REVOGAÇÃO - também chamada de CONTRA-ORDEM;


• Não precisa da previsão de fundos para revogar o cheque;
• O prazo para revogação começa a contar após expirado o prazo
da apresentação do cheque;
• A revogação não precisa ser motivada.

• OPOSIÇÃO OU CHEQUE SUSTADO - também chamada simplesmente


OPOSIÇÃO;
• Tem que haver provisão de fundos;
• Tem que ser realizada durante o prazo de apresentação do
cheque;
• A oposição precisa ser motivada (R.O., perda, furto, etc.).

OBS.: Geralmente paga-se ao Banco dois reais por cada folha do


cheque sustado durante 6 meses, renováveis até 5 anos da
comunicação da oposição.

PONTO XV - CONHECIMENTO DE DEPÓSITO E WARRANT

1) Introdução

34
O empresário que deposita suas mercadorias em um armazém-geral
e deseja mobilizar o crédito correspondente ao valor das mercadorias
antes de vende-las, solicita dois títulos representativos de suas
mercadorias contra a entrega dos recibos de depósito: o Conhecimento
de Depósito e o Warrant, o primeiro representando as mercadorias
depositadas e que legitima seu portador como proprietário e o segundo
que se destina à operação de crédito, dando sobre as mercadorias o
direito de penhor. O conhecimento de depósito e o warrant nascem
ligados um ao outro, mas podem ser separados, circulando
separadamente. Mas, a entrega da mercadoria só é feita a quem exiba
ambos os documentos.
São títulos representativos e de legitimação e sob essa denominação
costuma-se designar o instrumento jurídico que representa a
titularidade de mercadorias custodiadas, e que se encontram sob os
cuidados de um terceiro, não proprietário (o Armazém Geral).
A emissão do Conhecimento de Depósito e do Warrant depende da
solicitação do depositante e substituem o recibo de depósito. Ambos
são regidos pelo Decreto n.º 1.102/1.903.

2) Armazéns Gerais

São empresas mercantis cujo objeto é a guarda e a conservação


de mercadorias pertencentes a terceiros que, não desejando vende-las
imediatamente, deixam-nas estocadas, emitindo recibo de depósito.

3) Recibo de Depósito

São recibos de entrega das mercadorias e o documento pelo qual o


armazém-geral meramente reconhece sua condição de depositário da
mercadoria - atesta o contrato de depósito mercantil, firmado entre o
depositante e o armazém-geral - não é passível de endosso.

4) Conhecimento de Depósito

É o título de crédito emitido exclusivamente pelos armazéns-gerais,


que representa as mercadorias lá depositadas e legitima seu portador
como proprietário dessas mercadorias - sua transferência é feita
através de endosso.

35
5) Warrant

É o título causal, emitido exclusivamente pelos armazéns-gerais, que


representa o crédito e o valor das mercadorias depositadas,
constituindo uma promessa de pagamento. O endosso do warrant
deve ser mencionado no conhecimento de depósito para que o
endossatário deste saiba que está adquirindo mercadoria onerada,
dada em garantia pignoratícia de obrigação assumida pelo
endossante - é o verdadeiro título de crédito e se sobrepõe ao
conhecimento de depósito, ou melhor, os direitos do portador do
warrant preponderam sobre os do portador do conhecimento de
depósito.

6) Circulação e Negociação

Como já foi dito, os títulos podem ser negociados juntos ou


separados, sendo passíveis de endosso. Endossados, o conhecimento de
depósito transmite a propriedade das mercadorias depositadas e o
warrant confere ao cessionário o direito de penhor sobre essas
mercadorias.

7) Liberação das Mercadorias

A liberação das mercadorias depositadas em armazéns-gerais, em


relação às quais foram emitidos estes títulos representativos, poderá
ser feita apenas ao legítimo portador de ambos os títulos.
Mas essa regra admite exceções:
a) liberação em favor do titular do conhecimento de depósito
endossado em separado, antes do vencimento da obrigação
garantida pelo endosso do warrant, desde que se deposite, junto
ao armazém-geral, o valor desta obrigação (warrant);
b) execução da garantia pignoratícia, após protesto do warrant,
mediante leilão realizado no próprio armazém - cabe ação de
regresso do titular do conhecimento de depósito para apurar o
valor proporcional do crédito em relação às mercadorias.

36
PONTO XVI - CONHECIMENTO DE FRETE

1) Introdução

É o título representativo de mercadorias transportadas, emitido


pela empresa que recebe as mercadorias sendo contratada para
transportá-las por via aérea, marítima ou terrestre, até o seu destino.
Em princípio, o conhecimento de transporte era mero documento
que se destinava a comprovar o recebimento de uma carga pela
empresa transportadora. Como as empresas passaram a colocá-lo em
circulação, mediante endosso, com o objetivo de mobilizar os créditos
nele contidos, esse documento passou a ter feição de título de crédito.

2) Legislação

Os principais diplomas legais vigentes no Brasil que regulam o


conhecimento de transporte são o Decreto 19.473/30, o Decreto
20.454/31 e o Código do Ar (Decreto-lei 32/66).

3) Figuras Intervenientes

Como a finalidade originária deste instrumento é a prova do


recebimento da mercadoria pela empresa transportadora e da
obrigação que ela assume de entrega a certo destino, surgem as
seguintes figuras:
a) EMPRESA EMISSORA (TRANSPORTADORA) - pode ocupar,
também, o lugar de consignatário;
b) O DONO DAS MERCADORIAS que vão ser transportadas pode
negociar o valor delas, mediante endosso;
c) O TITULAR DO CRÉDITO, PORTADOR, BENEFICIÁRIO ou
CONSIGNATÁRIO ( = credor);
d) Lançada a cláusula de penhor ou garantia, temos as figuras do
ENDOSSATÁRIO, que é o credor signatário do ENDOSSADOR
(remetente ou consignatário).

4) Requisitos - Art. 2o, Decreto 19.473/30.

5) Mercadorias em Trânsito

37
De acordo com o art. 7o do referido Decreto, o remetente,
consignatário, endossatário ou portador, pode, exibindo o
conhecimento, exigir o desembarque e a entrega da mercadoria em
trânsito, pagando o frete por inteiro e as despesas extraordinárias a
que der causa. Extingue-se o contrato de transporte e recolhe-se o
respectivo conhecimento. O endossatário em penhor ou garantia não
goza dessa faculdade.

6) Negociabilidade

Em algumas circunstâncias, no entanto, a lei veda a negociabilidade


do conhecimento de frete (inclusão da cláusula não à ordem no título),
como p. ex., o transporte de mercadorias perigosas ou de cargas
destinadas a armazéns-gerais (Decreto 51.813/63).
Em se tratando de conhecimento de frete negociável, o seu endosso
transfere a propriedade da mercadoria transportada, que deverá ser
entregue pela empresa transportadora, no seu destino, ao seu portador
legitimado.

7) Perda ou Extravio - Art. 91 e parágrafos, Decreto 51.813/63.

38

Vous aimerez peut-être aussi