Vous êtes sur la page 1sur 6

RELAÇÃO ENTRE MATÉRIA ORGÂNICA E TEXTURA DE SOLOS SOB

CULTIVO DE ALGODÃO E CANA-DE-AÇÚCAR, NO ESTADO DE SÃO


PAULO (1)
IGO F E R N A N D O L E P S C H , Seção de Pedologia, N E L S O N M A C H A D O DA SILVA, Seção de Al-
godão, e ADEMAR ESPIRONELO, Seção de Cana-de-Açúcar, Instituto Agronômico.

No solo, o teor de carbono orgânica deverão ser encontrados


em equilíbrio com determinado ti- no solo. Contudo, mesmo em con-
po de vegetação é função das adi- dições semelhantes de clima, dre-
ções e da taxa de decomposição nagem e manejo, é comum obser-
da matéria orgânica. Essa relação var considerável variação nos teo-
pode ser expressa pela fórmula: res de húmus, isto porque os solos
c — bm/k, onde c é a quantidade têm diferentes capacidades de re-
de carbono orgânico em equilíbrio tenção e proteção à decomposição
no solo (t/ha) ; b, a quantidade da matéria orgânica, em função de
anual de matéria orgânica (%) suas superfícies específicas, ou
adicionada ao solo; m, a taxa de seja, quanto maior for esta super-
conversão, do material orgânico fície, mais húmus poderão adsor-
fresco em carbono orgânico do so- ver e proteger (1). Como GROH-
lo ( t / h a ) , e k, a taxa de decom- MANN (3) encontrou, para solos
posição anual da matéria orgânica de São Paulo, positiva relação en-
[%) (5). tre superfície específica e quanti-
dades de argila, é de esperar que
A taxa de decomposição da os teores de matéria orgânica este-
matéria orgânica varia em função jam relacionados com a textura do
das condições de temperatura e solo, desde que sejam semelhantes
umidade. Para idênticas adições,
quanto mais frio e úmido for o clima, tipo (ou atividade) de argi-
local, menor é essa taxa e, por- la, vegetação, manejo e drenagem.
tanto, maiores teores de matéria De fato, LEPSCH (4) encontrou

(l) Recebido para publicação a 26 de agosto de 1981.


elevada correlação entre os teores peneiras de 2mm de abertura de
de carbono e os de argila do hori- malha (TFSA). A análise granu-
zonte superficial de certos solos de lométrica foi efetuada pelo método
São Paulo, cultivados com eucalip- do densímetro, sem pré-tratamen-
tos, pinheiros e sob vegetação ori- to para eliminação da matéria or-
ginal de cerrado. Assim, se essa gânica, usando-se dispersão por
relação for verdadeira também pa- agitação lenta de doze horas, com
ra outros tipos de cultivos, seria 20g em 100ml de solução de
prudente considerar a textura do NaOH misturada com hexameta-
solo, para efeito de classificar seus fosfato de sódio. Foram determi-
teores de matéria orgânica, tal nadas as frações argila (menor
como se faz em Trinidade para a que 2jx) e silte (2-20^). O carbono
cultura de cana-de-açúcar (7). A foi determinado pela oxidação da
presente nota trata da relação matéria orgânica de l g de TFSA
entre teor de matéria orgânica e utilizando-se 10ml de dicromato,
textura de solos de São Paulo, sob 20ml de ácido sulfúrico e calor
dois tipos de cultivos. da própria reação e, titulando-se,
por fim, com solução de sulfato
ferroso. A matéria orgânica (%)
Material e método: Em 87 foi calculada, multiplicando-se a
locais paulistas foram coletadas porcentagem de carbono assim ob-
amostras compostas da camada tida por 1,724.
arável (0-20cm) do solo em áreas
aproximadas de 0,5 ha, sendo que Resultados e discussão: No
em 42 dessas glebas cultivava-se quadro 1 estão registrados os me-
o algodoeiro e, em 45, a cana-de- lhores valores dos coeficientes de
-açúcar, de forma contínua por correlação linear encontrados no
mais de cinco anos. As citadas estudo de regressão entre resulta-
áreas não receberam incorpora- dos de matéria orgânica e de di-
ção de adubos orgânicos e situa- versas características de solo, bem
vam-se em declives suaves, sendo como as equações respectivas. No
pouco sujeitas à erosão. Os solos caso da relação matéria orgânica
estudados pertenciam aos grupos x argila, foi observada alta signi-
Latossolo Vermelho-Amarelo, La- ficância para o coeficiente corres-
tossolo Vermelho-Escuro (textura pondente. Considerando-se os teo-
média ou argilosa), Latossolo Ro- res de argila e de silte, em conjun-
xo (distrófico e eutrófico), Podzó- to, o valor do coeficiente cresceu
líco Vermelho-Amarelo (textura de forma similar, quer para solos
argilosa e média) e Podzolizado cultivados com o algodoeiro, quer
de Lins e Marília, todos com argila com a cana-de-açúcar. Por essa
de baixa atividade e situando-se razão, as relações entre matéria
em locais com clima "Cwa", do- orgânica e argila -f- silte foram
minante no Estado. expressas em um estudo conjunto
para valores obtidos nos solos cul-
No laboratório, as amostras tivados com ambas as culturas,
foram secas ao ar e passadas por
cujos resultados são expostos na a despeito da possibilidade de cul-
figura 1. turas, como a da cana-de-açúcar e
Nota-se grande semelhança das essências florestais, poderem
da relação carbono-argila entre fornecer ao solo quantidade maio-
solos cultivados com cana e algo- res de material orgânico fresco do
dão (quadro 1), e também com que o algodoeiro, que exige culti-
os dados descritos por LEPSCH vos intensivos e tem parte de seus
(4), para solos sob cerrado ou cul- restos culturais queimados após a
tivados com pinheiro e eucalipto, colheita.
Esses resultados indicam que, tas anteriores (2), principalmen-
para condições dos solos estudados te no caso de solos arenosos ou
(argila de atividade baixa, pro- muito argilosos.
fundos, bem drenados, sob clima Para essa classificação, su-
tropical "Cwa"), a matéria orgâ- põe-se que a maior parte dos solos
nica em equilíbrio com o solo (c) estudados tenham teores médios
provavelmente pouco dependa da de carbono, uma vez que estavam
quantidade adicionada (6), por ser sendo cultivados, por muitos anos,
elevada a sua taxa de decompo- em locais pouco sujeitos à ero-
sição (k). Nessas condições, é são. Os limites expostos (Qua-
conveniente considerar, na classi- dro 2) foram assim determinados:
ficação do teor de matéria orgâ- por tentativa, traçou-se uma faixa
nica de um solo, além dos fatores de probabilidade em torno de reta
clima e drenagem, também a sua englobando cerca de 80% dos pon-
textura, a exemplo do que é feito tos em estudo (Figura 1), proje-
em Trinidade (7). Para isso, é tando-se, sobre a referida faixa,
sugerida, tentativamente, uma uma reta oriunda do ponto médio
classificação aos solos paulistas de cada classe textural do solo,
bem drenados, quanto a teores de classe essa estabelecida segundo
matéria orgânica (baixo, médio e a classificação do SOIL SURVEY
alto), tendo como base as suas STAFF adaptada pela SOCIEDA-
texturas, conforme quadro 2, que DE BRASILEIRA DE CIÊNCIA
podem diferir bastante de propos- DO SOLO (6).

ORGANIC MATTER AS RELATED TO TEXTURE IN SOILS CROPPED WITH


COTTON AND SUGARCANE IN SÃO PAULO STATE, BRAZIL

SUMMARY
In the plow layer (0-20cm) of well drained low activity clay soils (mostly Oxisols
and Ultisols) under "Cwa" tropical climate and long term cropped with cotton (42 sites)
or sugarcane (45 sites), organic matter (y) was found to be similarly and highly related
to soil texture. Best relations were found with clay (<2m) plus silt (2-20m) contents
(x); (y = 0.773 + 0.0325x; r = 0.810***). A classification of soil organic matter
contents, into low, medium and high levels, with different values for four major textural
Classes is suggested. Ranges of medium levels of organic matter suggested were: 0.6 to
1.2% for sand and sandy loam; 1.0 to 1.8% for sandy loam and sandy clay loam; 1.5 to
2.8% for sandy clay and clay; 2.4 to 3.8% for heavy clay.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ALLISON, F. E.; SHERMAN, M. S.; PINK, L. Maintenance of sou organic matter.


I. Inorganic soil colloid as a factor in retention of carbon during formation of
humus. Soil Science, 68:463-478, 1949.
2. CATANI, R. A.; GALLO, J. R.; GARGANTINI, H. Amostragem de solo, métodos de
análise, interpretação e indicações gerais para fins de fertilidades. Campinas,
Instituto Agronômico, 1955. 29p. (Boletim, 69)
3. GROHMANN, F. Correlação entre superfície específica e outras propriedades de
solos de São Paulo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, 1:9-12, 1977.
4. LEPSCH, I. F. Influência do cultivo de Eucalyptus e Pinus em propriedades de solo
sob cerrado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, 4:103-107, 1980.
5. SANCHEZ, P. A. Soil organic matter. In: PROPERTIES and management of soils in
the tropics. New York, John Wiley, 1976. p.618.
6. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO. Comissão Permanente de Méto-
dos de Trabalho de Campo. Manual de método de trabalho de Campo: 2.a aproxi-
mação. Rio de Janeiro, Divisão de Pedologia e Fertilidade do Solo, 1967. 33p.
7. WATSON, R. G. T. Organic matter and sugar cane agronomy, improving the level
under field conditions. The South African Sugar Journal, 38:319-327, 1954.

Vous aimerez peut-être aussi