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Gestão Adequada de Resíduos Sólidos como Diferencial Competitivo

na Indústria de Papel

Denis Dias Guimarães (Universidade Paulista) denisguim@hotmail.com


José Roberto da Silva Justino (Universidade Paulista) jrsjust@hotmail.com
Antonio Carlos Estender (Universidade Paulista) estender@uol.com.br

Resumo:
Este artigo tem por objetivo identificar quais práticas devem ser adotadas para administrar
adequadamente as relações da indústria de papel sanitário com o meio ambiente. Para isso, as
indústrias devem adotar uma postura pró-ativa na gestão ambiental agregando essas práticas em suas
políticas internas envolvendo todos os níveis da organização. Analisa também a gestão adequada dos
resíduos sólidos que deve ocupar posição de destaque entre as prioridades discutidas no âmbito das
políticas ambientais. Sabemos que a geração de resíduos oriundos de diferentes processos produtivos,
sejam industriais, mineração, serviços e até mesmo gerados em processos não produtivos como os
resíduos residenciais constituem um problema eminente em nossa sociedade. São raríssimas as
práticas onde não tenhamos perdas e desperdícios pela ineficiência nos processos. As indústrias,
através de suas atividades produtivas, geram grandes quantidades de resíduos que, quando dispostos
incorretamente, provocam impactos ambientais negativos. As organizações industriais que procuram
manter-se ativas ou até mesmo sobreviver em um ambiente de negócios turbulento devem perceber a
importância da Gestão Ambiental e reconhecê-la como diferencial competitivo, assim estarão ao
mesmo tempo cumprindo as legislações impostas e colaborando com a sociedade, apostando cada vez
mais em tecnologias limpas e produtos que causem um menor impacto ecológico.
Palavras chave: Gestão Ambiental, resíduos sólidos, competitividade, estratégia

Proper management of solid waste as a competitive paper industry

Abstract
This article aims to identify which practices should be adopted to adequately manage the relationship
of the sanitary paper industry with the environment. To achieve this, industries must adopt a proactive
stance in environmental management by aggregating these practices in their internal policies involving
all levels of the organization. It also analyzes the proper management of solid waste that must occupy
a prominent position among the priorities discussed in the context of environmental policies. We know
that the generation of waste from different processes, whether industrial, mining, services and even
generated in processes of production and residential waste is a problem prominent in our society. Are
very few practices where we have no losses and waste by inefficient processes. Industries, through
their productive activities generate large amounts of waste that, when prepared incorrectly, causing
negative environmental impacts. Industrial organizations seeking to remain active or even survive in a
turbulent business environment should realize the importance of Environmental Management and
recognize it as a competitive, so will be at the same time complying with the laws enforced and
collaborating with the company, betting increasingly on clean technologies and products that cause
less ecological impact.
Key-words: Environmental Management, Solid Waste, competitiveness, strategy

1 Introdução

Sabemos que a geração de resíduos oriundos de diferentes processos produtivos, sejam


industriais, mineração, serviços e até mesmo gerados em processos não produtivos como os resíduos
residenciais constituem um problema eminente em nossa sociedade. São raríssimas as práticas onde
não tenhamos perdas e desperdícios pela ineficiência nos processos.
No presente estudo abordamos um tema que está em constante discussão e evidência, a
gestão ambiental industrial, especificamente trataremos sobre a gestão de resíduos sólidos
gerados no processo produtivo de papel sanitário.
Num momento em que o ambiente de negócios é de extrema concorrência, as
empresas que buscam manter-se ativas no mercado percebem que a adoção de práticas
ambientais se tornou um diferencial, porém é preciso mais do que práticas regulamentadas, as
organizações devem adotar novas posturas e desenvolver novas maneiras de lidar com os
problemas ambientais e incorporar essas práticas no modelo de gestão estratégica da empresa.
A Gestão Ambiental é considerada um elemento importante nos negócios entre os
países e os clientes estão cada vez mais conscientes quanto à preservação do meio ambiente.
Agregando a Gestão Ambiental em suas políticas internas, as empresas estarão ao mesmo
tempo cumprindo as legislações impostas e colaborando com a sociedade, apostando cada vez
mais em tecnologias limpas e produtos que causem um menor impacto ecológico.
Para minimizar os impactos das operações industriais ao meio ambiente, as empresas
devem investir em atualização tecnológica de gestão de resíduos e realizar monitoramento
constante dos seus processos a fim de, melhorar a qualidade desses resíduos e transformá-los
em subprodutos aproveitáveis.
O tratamento de resíduos é um processo caro. Como obter menos resíduos e melhores
resultados? Nas próximas seções procuraremos apresentar os estudos desenvolvidos nesse
sentido.
Este artigo está dividido em cinco seções, além desta Introdução. A primeira seção
versa sobre o referencial teórico, composto de Gestão Ambiental, Resíduos Sólidos e Gestão
Ambiental como função administrativa. Após, teremos os aspectos metodológicos, seguido do
estudo de caso na empresa Santher – Fábrica de Papel Santa Therezinha, na seção 4 a
proposta e por último as considerações finais.
2 Referencial Teórico.

2.1 Gestão ambiental

De acordo com Naime (2004, p.13), “O Gerenciamento Ambiental é o conjunto de


procedimentos e normas para gestão das questões legais, éticas e práticas das relações com os
meios físico, biológico e antrópico que constituem o meio ambiente”. A Gestão Ambiental
tem como objetivo identificar as ações mais adequadas ao atendimento das imposições legais
e das soluções reais e práticas de todo processo.
A grande motivação para que as indústrias adotem práticas de gestão ambiental é a
visão de que as empresas podem se inserir competitivamente no mercado através de uma
atitude responsável com o meio ambiente, preservando os recursos necessários para a
sobrevivência das gerações futuras, otimização do uso de recursos hídricos, eficiência
energética, tratamento de águas, efluentes, gestão de resíduos sólidos, monitoramento
atmosférico e ações de responsabilidade sócio-ambiental.
Segundo Donaire (1999); no princípio, as organizações precisavam preocupar-se
apenas com a eficiência dos sistemas produtivos. Até certa altura, que se pode situar nos anos
60, essa foi a mentalidade predominante na prática da administração, refletindo a noção de
mercado e recursos ilimitados.
Nas últimas décadas tem ocorrido uma mudança muito grande no ambiente em que as
empresas operam; as empresas que eram vistas apenas como instituições econômicas com
responsabilidades referentes a resolver os problemas econômicos fundamentais (o que
produzir, como produzir e para quem produzir) têm presenciado o surgimento de novos papéis
que devem ser desempenhados, como resultado das alterações no ambiente em que operam.
Fatos como transformações na economia, no ambiente de negócios e a preocupação
ecológica da sociedade tem ganhado um destaque significativo em face de sua relevância para
a qualidade de vida das populações e influenciado nas mudanças dos hábitos dos
consumidores, uma vez que estes, por meio do seu poder de compra, estão buscando
variedades de produtos demonstrando a sua preocupação não só pela qualidade, mas
manifestando uma constante exigência por produtos e escolha de empresas que mantenham
práticas sustentáveis.
Ainda segundo Donaire (1999); “quando considerarmos a questão ambiental do ponto
de vista empresarial, a primeira dúvida que surge diz respeito ao aspecto econômico. A idéia
que prevalece é de que qualquer providencia que venha a ser tomada em relação ambiental
traz consigo o aumento de despesas e conseqüente acréscimo dos custos do processo
produtivo.”, mas este paradigma está sendo quebrado pelas profundas modificações globais,
dando origem a um novo panorama de relações, demandas, instrumentos e respostas aos
problemas ambientais, mais abrangente, mais integrado ao negócio e ao social.
De modo análogo à evolução da gestão da qualidade, a fase inicial da gestão ambiental
também é de caráter corretivo, as exigências estabelecidas pela legislação ambiental são vistas
como problemas a serem resolvidos pelos órgãos técnicos e operacionais da empresa sem
autonomia decisória e esse trabalho é visto como um custo interno adicional. Do ponto de
vista ambiental, as práticas de controle da poluição apresentam-se como soluções pobres por
estarem focadas nos efeitos e não nas causas da poluição e alcançam poucos efeitos sobre o
montante de recursos que a empresa utiliza. Na fase seguinte, as soluções para tais problemas
ambientais são vistas como meios para aumentar a produtividade da empresa, sendo
necessário rever os produtos e processos para reduzir a poluição na fonte, reutilizar e reciclar
o máximo de resíduos. Essa abordagem permite reduzir a poluição e o consumo de recursos
para a mesma quantidade de bens e serviços produzida. Por fim, numa etapa mais avançada, a
empresa passa a considerar as questões ambientais como questões estratégicas, minimizando
problemas que podem comprometer a competitividade da empresa, capturando oportunidades
mercadológicas (BARBIERI , 2006).
No Brasil, a gestão do meio ambiente caracteriza-se pela desarticulação dos diferentes
organismos envolvidos, pela falta de coordenação e pela escassez de recursos financeiros e
humanos para gerenciamento das questões relativas ao meio ambiente. Essa situação é o
resultado de diferentes estratégias adotadas em relação à questão ambiental no contexto do
desenvolvimento econômico do Brasil, como enfatiza Monteiro apud Donaire (1999) ao
afirmar que a economia brasileira, desde os tempos coloniais, caracterizou-se historicamente
por ciclos que enfatizavam a exploração de determinados recursos naturais.

2.2. Resíduos Sólidos

Segundo as normas da ABNT, resíduos sólidos industriais são todos os resíduos no


estado sólido ou semi-sólido resultantes das atividades industriais, incluindo lodos e
determinados líquidos, cujas características tornem inviável seu lançamento na rede pública
de esgotos ou corpos d´água ou que exijam para isso soluções técnica e economicamente
inviáveis.
A gestão inadequada dos resíduos acaba acarretando a degradação do solo, assim
como a sua contaminação, podendo chegar a atingir lençóis freáticos através da lixiviação
diminuindo os recursos naturais disponíveis (MOURA, 2002).
O manuseio, acondicionamento, armazenagem, coleta, transporte e destinação final
dos resíduos, devem estar fundamentadas em sua classificação. Conforme a classificação, são
definidos os controles necessários em todas as fases envolvidas no processo (ROCCA, 1993).
Os resíduos sólidos representam quase sempre grandes problemas de diversas
conseqüências negativas que podem representar contaminações do solo, da água, do ar,
doenças para a população, entre outros. Esse cenário é bastante crítico e parte integrante do
setor de papel, que é grande gerador de resíduos sólidos industriais que não podem de forma
alguma serem negligenciados pelas indústrias desse setor.
Um correto gerenciamento dos resíduos sólidos numa indústria, com a implementação
de técnicas de minimização dos mesmos, contribui significativamente para sua redução e para
a diminuição dos custos da disposição destes resíduos.
Segundo Kinlaw (1997), as palavras “reciclagem”, “reutilização” e “recuperação” são
usadas para descrever as ações e processos pelos quais resíduos, aparas e elementos inteiros
de produção voltam para o mesmo sistema ou para outro na forma de input.
A gestão dos resíduos sólidos é um desafio ao negócio das indústrias papeleiras e
também uma oportunidade estratégica quando corretamente realizada.
Neste sentido, as empresas necessitam empenhar-se na contenção ou eliminação dos
volumes de resíduos, decorrentes de seu processo produtivo e do uso ou consumo de seus
produtos, de forma a não agredir o meio ambiente.
Ainda conforme Kinlaw (1997), uma maneira de se reduzir a quantidade de material
usado na produção (e consequentemente a quantidade de resíduos gerados) é fazer com que as
coisas durem mais.
Segundo a Norma ABNT NBR 10 004 de 09/1987, os resíduos sólidos industriais são
classificados nas seguintes classes:
a) Resíduos de Classe I - Perigosos - Resíduos que, em função de suas propriedades físico-
químicas e infecto-contagiosas, podem apresentar risco à saúde pública e ao meio ambiente.
Devem apresentar ao menos uma das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade e patogenicidade.
b) Resíduos de Classe II - Não Inertes - Aqueles que não se enquadram nas classificações de
resíduos classe I ou classe III. Apresentam propriedades tais como: combustibilidade,
biodegrabilidade ou solubilidade em água.
c) Resíduos de Classe III - Inertes - Quaisquer resíduos que submetidos a um contato estático
ou dinâmico com água, não tenham nenhum de seus componentes solubilizados a
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água definidos pelo Anexo H da
Norma NBR 10.004.
Como mostra Silva et al. (2006), os resíduos sólidos industriais gerados no processo
de fabricação do papel são da classe II - Não Inertes, logo não são considerados da classe dos
perigosos. No processo produtivo de fabricação do papel ocorre a geração de um resíduo em
forma líquida com alto teor de sólidos em suspensão. O efluente líquido é submetido a um
tratamento primário e desaguamento, gerando assim a forma sólida denominada lodo
primário. Esse resíduo é composto basicamente de água, caulim, celulose e resíduos com
volume não significativo de substâncias químicas oriundas das aparas de papel utilizadas no
processo e água. Esse tipo de lodo é também extremamente variável em qualidades e
quantidades. Isso em função dos diferentes tipos de papel, das matérias primas utilizadas e se
o papel é feito a partir de fibras virgens ou recicladas. A geração de lodo é muito mais
abundante em papéis reciclados, especialmente para papéis reciclados brancos ou coloridos.
Entretanto, na fabricação de papéis sanitários a partir de aparas mistas de papel, a
geração de lodo é enorme. Somam-se ainda as perdas de fibras, o lodo do destintamento mais
o material residual da limpeza e depuração da massa. Isso acaba resultando em um lodo
fibroso e com alto conteúdo de cargas minerais, as mesmas que estavam presentes nas aparas
de papel utilizadas no processo de fabricação.

2.3 Gestão Ambiental como função administrativa

Sem dúvida o tema Gestão ambiental é relevante no contexto empresarial. Clientes,


consumidores ou até mesmo os fornecedores tem assumido uma postura no sentido de cobrar
das empresas com as quais se relacionam ações e políticas voltadas para a preservação do
meio ambiente, bem como para um desenvolvimento sustentável. O que passa a ser
importante neste contexto é o cuidado com a imagem da empresa. Essa nova e crescente
cultura vem tomando forma e espaço, o que reforça o fato da gestão ambiental ser um fator
para o sucesso das empresas.
De acordo com Moreira (2001), a empresa que apresenta um nível mínimo de Gestão
Ambiental geralmente possui um departamento de meio ambiente, responsável pelo
atendimento às exigências do órgão ambiental e indicando os equipamentos ou dispositivos de
controle ambiental mais apropriados à realidade da empresa e ao potencial de impactos
ambientais. Ou seja, a empresa demonstra quase sempre uma postura reativa, procurando
evitar os riscos e limitando-se ao atendimento dos requisitos legais, o que normalmente
significa investimentos.
Essa visão apontada pelo autor tem sido mudada, uma vez que as empresas percebem
que não basta apenas se preocupar com questões normativas e a postura em relação a Gestão
ambiental deve ser de pró atividade.
Para Meyer (2000), a gestão ambiental é apresentada da seguinte forma: Objeto de
manter o meio ambiente saudável (à medida do possível), para atender as necessidades
humanas atuais, sem comprometer o atendimento das necessidades das gerações futuras; Meio
de atuar sobre as modificações causadas no meio ambiente pelo uso e/ou descarte dos bens e
detritos gerados pelas atividades humanas, a partir de um plano de ação viável técnica e
economicamente, com prioridades perfeitamente definidas; Instrumentos de monitoramentos,
controles, taxações, imposições, subsídios, divulgação, obras e ações mitigadoras, além de
treinamento e conscientização; Base de atuação de diagnósticos (cenários) ambientais da área
de atuação, a partir de estudos e pesquisas dirigidos em busca de soluções para os problemas
que forem detectados.
Para Shigunov Neto, Campos e Shigunov (2007), A gestão ambiental é o conjunto de
atividades da função gerencial que determinam a política ambiental, os objetivos, as
responsabilidades e os colocam em prática por intermédio do sistema ambiental, do
planejamento ambiental, do controle ambiental e da melhoria do gerenciamento ambiental.
Dessa forma, a gestão ambiental é o gerenciamento eficaz do relacionamento entre a
organização e o meio ambiente.
Nesse sentido as indústrias vêm incorporando uma nova função administrativa, que
conta com técnicos específicos e sistema gerencial. Essa função administrativa ou
departamento ambiental na estrutura organizacional permite a administração adequada da
relação da indústria com o meio ambiente, avaliando e corrigindo os problemas ambientais
presentes, minimizando os impactos negativos, integrando todos os setores da empresa, com a
realização de um trabalho de comunicação ativo interna e externamente.
Ainda segundo Shigunov Neto, Campos e Shigunov (2007) A Gestão Ambiental é
uma dessas áreas recentes da Ciência Administrativa que começa a tomar grandes dimensões
e ser objeto de estudo de pesquisadores. A partir do momento em que as questões ambientais
passaram a ser preocupação cada vez maior nas organizações, deslocando-se da função de
proteção para se tornarem uma função administrativa, a gestão ambiental deixou de ser um
“tema da moda” para ingressar na Ciência Administrativa, enquanto importante área de
conhecimento.
Ainda seguindo a tendência da importância da Gestão Ambiental na função
Administrativa:
A expansão da consciência coletiva em relação ao meio ambiente e a complexidade
das atuais demandas ambientais que a sociedade repassa às organizações induzem um
novo posicionamento por parte das organizações diante de tais questões. Tal
posicionamento, por sua vez, exige gestores empresariais preparados para fazer frente
a tais demandas ambientais, que saibam conciliar as questões ambientais com os
objetivos econômicos de suas organizações empresariais. Fica evidente que a
formação de recursos humanos, dentre eles a do profissional generalista ou aquele
especializado, ambos graduado pro escolas de Administração, é requerida em todas as
direções e níveis nos quais se processa o novo padrão da gestão ambiental em suas
dimensões de conteúdo, forma e sustentação (ANDRADE, TACHIZAWA e
CARVALHO, 2002, p. 179)

É importante salientar que para o sucesso dessa função administrativo ambiental é


necessário a ligação entre a área e o comprometimento dos gerentes e diretores, por meio de
relações de parceria e cooperação. As informações quanto a metas ambientais precisam ser
claras e envolver todos os níveis da organização.
Segundo Kinlaw (1997), o conhecimento das principais estratégias, como o
conhecimento dos princípios e características do desenvolvimento sustentável, é fundamental
aos líderes que irão gerenciar o desempenho de suas empresas na era ambiental. Eles precisam
conhecer os marcos que devem ser atingidos por suas empresas em sua jornada rumo ao
desenvolvimento sustentável. Os líderes precisam também entender as pressões a serem
respondidas pelas empresas e os atuais níveis de resposta de suas empresas ao desafio
ambiental. Devem também conhecer as ferramentas que são elementos essenciais a qualquer
plano de desenvolvimento sustentável.
Empresas que adotam uma postura de pró-atividade em relação ao meio ambiente
procuram continuamente se capacitar melhor para enfrentar desafios ambientais e promover a
proteção e a responsabilidade ambientais, bem como garantir que os negócios sejam bem
sucedidos economicamente.
3. Aspectos Metodológicos

A metodologia utilizada neste trabalho foi a de Estudo de Caso para o qual foi
escolhida a empresa Santher – Fabrica de papel Santa Terezinha, indústria brasileira que atua
há mais de setenta anos no mercado, na produção de papel tissue destinado ao uso sanitário. O
Método Estudo de Caso pode ser utilizado em estudos empíricos que investigam fenômenos
atuais e permite realizar uma investigação em profundidade de uma realidade, preservando as
características significativas dos eventos da vida real. Este método permite a união de
conhecimentos advindos de teorias com experiências práticas e pesquisas de campo. É
adequado para investigar fenômenos sociais e baseia-se em várias fontes de evidência para
estudar e explicar fenômenos sociais complexos, dentro de seu contexto real (YIN, 2001).
O estudo de casos é um método de pesquisa que tem várias aplicações, dentre as quais
se destacam procurar explicar as variáveis causais de determinado fenômeno por meio de uma
intervenção em uma situação da realidade que é muito complexa para ser identificada por
meio de um levantamento ou experimento, descrever a situação real do contexto no qual está
sendo feita a intervenção e pode, também, ser usado para estudar e explorar situações da vida
real cujos limites não estão claramente definidos (PATTON, 1980).
Este método de estudo tornou-se mais convincente quando apresentado na forma de
casos múltiplos em detrimento do estudo de caso único (GODOY, 2005).
Realizou-se um levantamento sobre o processo produtivo e a geração dos resíduos
gerados na Santher, através da coleta de informações junto ao departamento técnico e de
produção da empresa. Posteriormente foram identificadas as medidas adotadas pela empresa
na gestão desses resíduos.
Por meio da análise dos resultados apresentados e das ações existentes,
identificaremos o nível de importância com que a empresa trata assuntos relacionados a
gestão ambiental, quais são as deficiências e sugestões de melhoria para se englobar as
questões ambientais no modelo de gestão estratégica da empresa.

4 Estudo de caso

A empresa deste estudo está inserida no segmento de fabricação de papéis e


denomina-se Santher – Fábrica de papel Santa Therezinha; teve sua história iniciada em 1938,
quando fundou sua primeira fábrica no bairro da Penha, na cidade de São Paulo. A empresa
possui outras três unidades fabris localizadas nas cidades de Bragança Paulista/SP,
Governador Valadares/MG e Guaíba/RS, mais um escritório central localizado na cidade de
SP.
O sistema de gestão dos resíduos sólidos gerados na fabricação de papéis é de alta
importância para a empresa, pela necessidade de atender à legislação vigente, as constantes
fiscalizações e o interesse dos acionistas pelas questões ambientais e, para isso, a empresa
monitora a gestão com indicadores, faz coleta seletiva de lixo, possui processo para reduzir
impacto ambiental e garantia de conformidade legal no manuseio, transporte, tratamento e
destinação dos resíduos.
A Santher tem como objetivo a excelência de seus produtos, o respeito ao consumidor
e ao meio ambiente, ouvindo as necessidades de seus clientes e acompanhando as mudanças
do setor, como também o constante aperfeiçoamento, estabelecendo parcerias sólidas e
geradoras de negócios.
Dentro do seu sistema de gestão de resíduos sólidos, a Santher recicla anualmente
mais de 60 milhões de quilos de papéis velhos em seu processo produtivo o que significa que
mais de 1 milhão de árvores deixam de ser cortadas todo ano, reduzindo a utilização dos
recursos naturais. Desta forma, a Santher contribui para a preservação da biodiversidade e
equilíbrio do ecossistema, além da geração de renda para o mercado de coleta e aparistas.

5 Resultados/ Proposta.

Através da análise dos resultados do estudo de caso, constatou-se que a Santher em


relação à Gestão dos resíduos sólidos tem a preocupação em atender a legislação vigente,
controlando a destinação final desses materiais. A empresa gerencia o tratamento de todos os
resíduos sólidos gerados, efluentes líquidos, emissões gasosas e mostra grande preocupação
com a reciclagem. A empresa possui um dos maiores centros de reciclagem de papel da
América latina, e uma das destinações para os resíduos provenientes dos lodos das estações de
tratamento de efluentes é como matéria prima para tijolos cerâmicos.
A estratégia adotada na Gestão atende a legislação, porém um aspecto que observamos é que
a empresa não possui programas para a redução dos resíduos, possui apenas os programas de
gestão para a destinação final dos mesmos. Também, não há uma área estruturada de Gestão
Ambiental.
Segundo Kinlaw (1997), As cinco estratégias gerais a seguir estão sendo usadas pelas
empresas para responder ao desafio ambiental: 1) Prática da conservação e atenção aos
detalhes associados com os processos de trabalho; 2) Modificação ou substituição de
processos, produtos e serviços existentes; 3) Recuperação de produtos secundários, tais como
produtos químicos, papel, plástico, metal e água; 4) Redução de uso de materiais e 5)
Descoberta de nichos novos e “verdes” no mercado.
A sugestão para a melhoria na Gestão dos resíduos é a minimização na geração, ou
seja, a redução das quantidades de resíduos sendo geradas pela fábrica através de
procedimentos tais como maiores cuidados operacionais, treinamento e conscientização dos
operadores, reutilizações internas e retornos de perdas aos processos e principalmente
mudanças de tecnologias ou de matérias-prima, pois na produção do papel na empresa além
de celulose virgem é utilizado um grande volume de aparas, que por sua vez produz um
volume enorme de material fibroso que não é aproveitado no processo, resultando em
resíduos.
Obviamente para isso, é necessário que a empresa tenha estruturado uma política
ambiental, pois atualmente a empresa possui um profissional técnico que está inserido no
SSMA – Sistema de Saúde, Segurança e Meio Ambiente e não existe uma área exclusiva que
responde pela Gestão Ambiental.

6 Considerações Finais

A gestão ambiental nas organizações pode ser definida como um conjunto de políticas,
programas e práticas administrativas e operacionais, que levam em conta a proteção do meio
ambiente por meio da eliminação ou minimização de impactos e danos ambientais decorrentes
de suas operações. Abordamos neste artigo a Gestão Ambiental e os resíduos sólidos gerados
no processo produtivo da Santher. Entendemos através do estudo que para um plano efetivo
de controle de resíduos o foco deve ser a prevenção da geração através da implantação de
procedimentos, matérias primas, processos e tecnologias limpas nos quais a empresa deve
investir. Entende-se por Tecnologia Limpa como qualquer medida técnica tomada para
reduzir, ou mesmo eliminar na fonte, a produção de qualquer incômodo, poluição ou resíduo e
que ajude a economizar matérias-primas, recursos naturais e energia.
Diminuir a quantidade de material não aproveitado no ciclo produtivo é muito mais
viável economicamente do que tratar os resíduos e gerenciar a destinação final. No entanto
não é apenas a implementação de novas tecnologias ou processos que irá assegurar o sucesso
dos projetos ambientais, mas a apropriada gestão e por isso a Gestão Ambiental deve estar
inserida na organização como função administrativa, dessa forma a empresa poderá
administrar de forma correta e efetiva suas relações com as questões ambientais.
Para os próximos estudos nossa sugestão é exploração das tecnologias limpas para a
minimização na geração dos resíduos sólidos nos processos produtivos.

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