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verve
Revista Semestral do Nu-Sol — Núcleo de Sociabilidade Libertária
Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, PUC-SP
9
2006
VERVE: Revista Semestral do NU-SOL - Núcleo de Sociabilidade Libertária/
Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, PUC-SP.
Nº 9 ( maio 2006 - ). - São Paulo: o Programa, 2006 -
Semestral
1. Ciências Humanas - Periódicos. 2. Anarquismo. 3. Abolicionismo Penal.
I. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Programa de Estudos
Pós-Graduados em Ciências Sociais.
ISSN 1676-9090
Editoria
Nu-Sol – Núcleo de Sociabilidade Libertária.
Nu-Sol
Acácio Augusto S. Jr., Anamaria Salles, Andre R. Degenszajn, Edson Lopes
Jr., Edson Passetti (coordenador), Eliane Knorr de Carvalho, Guilherme C.
Corrêa, Gustavo Ferreira Simões, Lúcia Soares da Silva, Márcio Ferreira
Araújo. Jr., Martha C. Lossurdo, Natalia M. Montebello, Gilvanildo Avelino,
Rogério H. Z. Nascimento, Salete Oliveira, Thiago M. S. Rodrigues, Thiago
Souza Santos.
Conselho Editorial
Adelaide Gonçalves (UFC), Christina Lopreato (UFU), Clovis N. Kassick
(UFSC), Guilherme C. Corrêa (UFSM), Guilherme Castelo Branco (UFRJ),
Margareth Rago (Unicamp), Roberto Freire (Soma), Rogério H. Z. Nascimen-
to (UFPB), Silvana Tótora (PUC-SP).
Conselho Consultivo
Alexandre Samis (Centro de Estudos Libertários Ideal Peres – CELIP/RJ),
Christian Ferrer (Universidade de Buenos Aires), Dorothea V. Passetti
(PUC-SP), Francisco Estigarribia de Freitas (UFSM), Heleusa F. Câmara
(UESB), José Carlos Morel (Centro de Cultura Social – CSS/SP), José Eduar-
do Azevedo (Unip), José Maria Carvalho Ferreira (Universidade Técnica de
Lisboa), Maria Lúcia Karam, Paulo-Edgar Almeida Resende (PUC-SP), Silvio
Gallo (Unicamp, Unimep), Vera Malaguti Batista (Instituto Carioca de
Criminologia).
ISSN 1676-9090
verve
revista de atitudes. transita por limiares e ins-
tantes arruinadores de hierarquias. nela, não
há dono, chefe, senhor, contador ou progra-
mador. verve é parte de uma associação livre
formada por pessoas diferentes na igualdade.
amigos. vive por si, para uns. instala-se numa
universidade que alimenta o fogo da liberda-
de. verve é uma labareda que lambe corpos,
gestos, movimentos e fluxos, como ardentia.
ela agita liberações. atiça-me!
A filiação de Proudhon
Daniel Colson 23
As políticas do pós-anarquismo
Saul Newman 30
Os anarquistas e as prisões:
notícias de um embate histórico
Acácio Augusto 129
Tolerância e conquista,
alguns itinerários na Declaração Universal dos Direitos Humanos
Salete Oliveira 150
A “ordem” do Estado,
as peculiaridades humanas e anarquia!
Edgar Rodrigues 170
Uma história do anarquismo:
o surgimento da Federação Libertária Argentina
Pablo M. Perez 189
O apelo desejante
ou o roteiro improvável para uso
dos ratos de biblioteca
Nilson Oliveira 271
RESENHAS
É o bastante?
ou a conveniência de se manter na moda.
Ana Salles 285
Thoreau, um andarilho
Ana Godoy 306
canibal não é mais a designação colonialista suplemen-
tar aos selvagens, aos outros, aos anormais, aos perigo-
sos. o antropólogo claude lévi-strauss, num gesto rápido e
certeiro, mostra que somos todos canibais: rompimento
com o etnocentrismo.
o iluminismo não é mais a referência inquestionável
da anarquia. práticas anarquistas contemporâneas, sem
perder o vigor das lutas e pensamentos passados, dissol-
vem universais, problematizam o poder, terrorismos e a
propagação da idéia de europa pacífica.
os novos campos de concentração urbanos reafirmam
os etnocídios e levam o abolicionismo penal a se revirar e
a decompor o controle de jovens infratores a céu aberto, os
posicionamentos anarquistas sobre prisioneiros, os con-
tingentes de pessoas tidas como inúteis e as declarações
universais humanistas relacionadas à tolerância zero.
é preciso federação anarquista? conheça a federação
libertária argentina.
Jo
mulheres corajosas atualizam outras discussões: emma
goldman, fala do petrel buenaventura durruti na guerra
civil espanhola; e por dentro desta luta, amparo poch y
gascón (dra. salud alegre) da revista mujeres libres, comba-
te a tirania do amor; margareth rago e tania fonseca de-
sassossegam pelo cuidado de si e a experimentação de
habitar entre.
leitor e livro corpo a corpo: escritas que queimam sel-
vagens e sem paz, tendo o sangue como tinta. são mos-
tradas as conexões entre a anarquia e as artes, mesmo
com um silêncio sobre o dadaísmo. por isso, partituras do
anarquista john cage não deixam cessar o ruído do silên-
cio em verve 9.
as resenhas interceptam deslizes, relacionam ficção
científica e sociedade de controle, comentam a obra de
uma anarquista contundente, analisam os encontros so-
bre foucault ocorridos em 2004, e saúdam os andarilhos
que ladeiam henry david thoreau.
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Somos todos canibais
claude lévi-strauss*
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Somos todos canibais
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Notas
1
“Nous sommes tous des cannibales”, publicado em Lévi-Strauss, Michel Izard
(org.). Éditions de L’Herne. Paris, 2004, pp. 34-36. A publicação original é em
língua italiana: “Siamo tutti cannibali”, La Republica, 10 de outubro de 1993.
2
O termo inglês scrapie é também usado no Brasil para designar essa doença
neurodegenerativa que afeta o gado bovino e caprino, que em francês é conhe-
cida como tremblement du mouton (NT).
3
Século XX (NT).
4
William Arens. The man-Eating Myth. New York, Oxford University Press,
1979.
5
Idem, pp. 111-112.
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Somos todos canibais
RESUMO
ABSTRACT
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A filiação de Proudhon
a filiação de proudhon
daniel colson*
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As ondas Proudhon
Embora seja certo que ele recusaria tal distinção, a
importância de Proudhon é de duas ordens. Ela é em pri-
meiro lugar histórica e política. De fato, é impossível com-
preender o que quer que seja sobre a natureza e signifi-
cação dos movimentos revolucionários ocorridos a partir
da segunda metade do século XIX sem conhecer a obra
de Proudhon. Uma obra que esteve em parte na origem
desses movimentos, mas que é, sobretudo, expressão e
fonte de inspiração para a riqueza, diversidade e origina-
lidade de sua realidade e significação emancipadoras.
Durante mais de setenta e cinco anos (quatro gerações
operárias), desde a fundação da 1ª Internacional, em Lon-
dres em 1865, até o fim da revolução espanhola em 1939,
o conjunto de países em vias de industrialização foi atra-
vessado por surpreendentes movimentos operários e re-
volucionários, mas freqüentemente ignorados, duplamen-
te massacrados, tanto em sua realidade quanto em sua
lembrança, pelas ulteriores configurações do comunis-
mo marxista. A influência de Proudhon passa por múlti-
plas ondas e histórias diferentes, que se recobrem e se
reforçam mesmo quando são muito diversas. Temos por
exemplo, os movimentos cooperativos — esse ramo du-
radouro, mas negligenciado do movimento operário in-
ternacional. Ou ainda a 1ª Internacional (AIT), uma pri-
meira vez, com as posições moderadas dos “proudhonia-
nos” de estrita observância (os “mutualistas”), e depois,
contra os primeiros, através da radicalidade revolucio-
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Notas
1
Pierre Birnbaum, Le Monde, de 18 de janeiro de 1987; Roger Pol-Droit, Le Monde
de 12 de setembro de 2003, etc.
2
Piere Ansart. Naissance de l’anarchisme. Paris, ed. PUF, 1970.
3
Sophie Chambost. Proudhon et la norme. Pensée juridique d´un anarchiste. Rennes, ed.
Presses universitaires de Rennes, 2004.
4
Vários autores. Lyon et l´esprit proudhonien. Lyon, Atelier de création libertaires,
2003.
5
Spinoza. Éthique, livro I, def. 7.
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A filiação de Proudhon
RESUMO
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as políticas do pós-anarquismo
saul newman*
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Políticas do pós-anarquismo
O momento anarquista
Talvez devido ao desarranjo no qual a esquerda en-
contra-se atualmente, tem-se articulado uma renova-
ção do interesse no anarquismo como uma alternativa
radical possível ao marxismo. De fato, o anarquismo foi
sempre uma espécie de ‘terceira via’ entre liberalismo
e marxismo, e agora, com o desencanto geral diante do
liberalismo do livre mercado e com o socialismo centra-
lizador, o apelo, ou pelo menos o interesse, pelo anar-
quismo tende a crescer.
Esse revival do anarquismo é devido também à proe-
minência do vagamente definido movimento anti-glo-
balização, que contesta a dominação da globalização neo-
liberal em todas as suas manifestações — da ganância
corporativa à degradação ambiental e aos alimentos
geneticamente modificados. O movimento está alicer-
çado numa ampla agenda de protestos, que incorpora
uma multidão de diferentes assuntos e identidades po-
líticas. Porém, o que testemunhamos é uma nova for-
ma de política radical, que é fundamentalmente dife-
rente de ambas as políticas de identidade particulariza-
das que têm prevalecido nas sociedades liberais do
ocidente e no velho estilo de política marxista de lutas
de classe. De um lado, o movimento anti-globalização
unifica diferentes identidades numa luta comum; e ain-
da assim, esse campo comum não é determinado de
antemão ou baseado na priorização dos interesses par-
ticulares de classe. Ao contrário, ele se articula de for-
ma contingente no decorrer da própria luta. O que torna
esse movimento radical é a sua imprevisibilidade e in-
determinação — o modo pelo qual ligações e conexões
inesperadas são constituídas entre diferentes identida-
des e entre grupos que de outra maneira teriam pouco
em comum. Assim, enquanto este movimento é uni-
versal, no sentido de que ele evoca um horizonte eman-
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Políticas do pós-anarquismo
A problemática do pós-anarquismo
O pós-anarquismo pode ser visto como a tentativa de
revisar a teoria anarquista desprendida das abordagens
essencialistas e dialéticas, por meio da elaboração e
aplicação de pensamentos provenientes do pós-estrutu-
ralismo e da análise do discurso. Este exercício serve
para destacar o que há de inovador e importante no anar-
quismo — precisamente a teorização da autonomia e a
especificidade do domínio político, assim como a crítica
desconstrutiva da autoridade política. São estes aspec-
tos cruciais da teoria anarquista que devem ser evi-
denciados, e cujas implicações devem ser exploradas.
Eles devem ser desprendidos das condições espistemo-
lógicas que os criaram, mas que atualmente o restrin-
gem. O pós-anarquismo atua por meio de uma operação
de resgate no anarquismo clássico, extraindo seus prin-
cípios centrais sobre a autonomia política e explora as
suas implicações nas políticas radicais contemporâne-
as.
O ímpeto desta intervenção pós-anarquista surgiu do
meu entendimento de que a teoria anarquista era in
nuce pós-estruturalista, assim como o pós-estruturalis-
mo era in nuce anarquista. Assim, o anarquismo permi-
tiu, como eu havia argumentado, a teorização da auto-
nomia do político com seus múltiplos espaços de domi-
nação e poder, bem como em suas múltiplas identidades
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Notas
1.
Ver a discussão elaborada por David Graeber a respeito de algumas destas
estruturas anarquistas e formas de organização em “The New Anarchists”.
New Left Review 13 (Jan/Feb 2002): 61-73.
2.
Ernesto Laclau e Chantal Mouffe. Hegemony and socialist strategy: towards a
radical democratic politics. London, Verso, 2001. p. 159.
3.
Idem, p. 160.
Mikhail Bakunin. Political philosophy: scientific anarchism (Organizado por G. P.
4.
188.
6.
As duas últimas permanecem resistentes ao pós-estruturalismo e pós-moder-
nismo. Ver, por exemplo, John Zerzan. “The catastrophe of postmodernism”.
In Anarchy: A Journal of Desire Armed, Fall 1991, pp. 16-25.
7.
Ver Jean-Francois Lyotard. The postmodern condition: a report on knowledge. Tra-
dução de Geoff Bennington e Brian Massumi. Manchester, Manchester Uni-
versity Press, 1984.
8.
Ver Judith Butler, Ernesto Laclau e Slavoj Zizek. Contingency, hegemony, univer-
sality: contemporary dialogues on the left. London, Verso, pp. 112-113.
9.
Ver Gilles Deleuze e Felix Guattari. Anti-oedipus: capitalism and schizophrenia.
Tradução de R. Hurley. New York, Viking Press, 1972. p. 58.
10.
Para uma discussão aprofundada das implicações políticas da abordagem
lacaniana sobre a identidade, ver Yannis Stavrakakis. Lacan and the political.
London, Routledge, 1999. pp 40-70.
11.
Piotr Kropotkin, por exemplo, acreditava no instinto natural de sociabilida-
de no homem, que constituía as bases para relações éticas, enquanto Bakunin
argumentava que a moralidade e a racionalidade do sujeito emergia do seu
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Políticas do pós-anarquismo
Blackwell, 1999.
17.
A questão de que Lacan possa ser visto como um ‘pós-estruturalista’ levanta
um ponto central de discussão entre pensadores como Laclau e Zizek, já que
ambos são fortemente influenciados pela teoria lacaniana. Ver Butler et al, op.
cit.
18.
Esta noção de ‘significante vazio’ é central na teoria lacaniana da articulação
hegemônica. Ver Judith Butler et al, op. cit.. Ver Ernesto Laclau. “Why do
empty signifiers matter to politics?” in (Jeffrey Weeks org.) The lesser evil and the
greater good: the theory and politics of social diversity. Concord, Rivers Oram Press,
1994. pp. 167-178.
Ver Giorgio Agamben. Homo sacer: sovereign power and bare life. Tradução de
19.
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Paixão russa de destruir
georges nivat*
*
Professor emérito na Universidade de Genebra, publicou Vers la fin du mythe
russe e Russie-Europe, la fin du schisme. Lausane, Ed. L´Âge d´Homme, 1988;
Impressions de Russie, l´an I, e Regards sur la Russie de l´an VI. Paris, Ed. De
Fallois, 1993.
verve, 9: 51-59, 2006
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A luta ou a fuga
Assim, o Catecismo revolucionário enunciava no pará-
grafo sexto: “Duro para consigo mesmo, o revolucioná-
rio também deve ser duro com os outros. Todos os senti-
mentos de ternura que tornam o homem efeminado,
como os laços de parentesco, a amizade, o amor, a grati-
dão, e mesmo a honra, devem ser sufocados pela paixão
única e fria pela causa revolucionária.” Foi só a contra-
gosto que Bakunin abriu os olhos para os aspectos in-
quietantes e mesmo pérfidos de Nietcháiev. Sua longa
carta de ruptura enviada de Locarno em dois de junho
de 1870 (e publicada pelo historiador Michael Confino) é
notável pelo sentimento de constrangimento e de pusi-
lanimidade do autor da carta, um nobre russo libertá-
rio, ainda embaraçado em suas noções de honra, mas
fascinado por um louco saído do povo. Nessa longa decla-
ração de amor frustrado, Bakunin afirma: “Se fosse pre-
ciso escolher entre a bandidagem e o roubo daqueles
que ocupam o trono, e o roubo e a bandidagem do povo,
sem hesitar eu me colocaria ao lado desse último.” A
ditadura será coletiva e invisível. “Pequenos grupos não
desejando nada para si”, conduzirão o oceano popular
desenfreado para “a organização da mais completa li-
berdade popular”.
O príncipe Kropotkin, outro grande anarquista, conta,
em suas Notas de um revlucionário, que o irmão do czar
Alexandre II veio visitá-lo na sua cela da fortaleza Pedro-
e-Paulo. Dirigia-se a ele chamando-o de “príncipe”, e ti-
nha dificuldade de entender o engajamento de Kropok-
tin. O príncipe conheceu muitas outras prisões, entre as
quais a de Lyon em 1882, após a explosão do café Belle-
cour. Tanto na França como em outros lugares, ele se
via rodeado de um enxame de agentes da polícia secreta
czarista, a Okhrana. Kropotkin conheceu todos os dra-
mas do anarquismo russo: a “degoevtchina”, do nome de
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Os negros e os vermelhos
O anarquismo foi um componente da revolução rus-
sa que a historiografia soviética naturalmente mini-
mizou, e mesmo mascarou. No Journal de Russie de
Pierre Pascal,7 que fundou em Moscou o grupo bolche-
vista francês, vê-se que os anarquistas estão muito
presentes. Ele mesmo tinha dois amigos anarquistas
italianos que vieram para Moscou, e juntos eles fun-
daram uma espécie de comuna, numa vila requisita-
da de Ialta. Ali discutiam à exaustão para decidir se
tinham o direito de ter um caseiro para o inverno, ou
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Notas
1
Nicolas Berdiaeff. L´idée russe. Problèmes essentiels de la pensée russe au XIXe. et
début du XXe. siècle. Tradução e notas de H. Arjakowsky. Paris, Ed. Marne,
1969.
2
Diz-se das insurreições dos camponeses contra a nobreza.
3
O mir é a comuna camponesa.
4
O livro foi publicado sob o pseudônimo de Jules Elysard.
5
Alexandre Herzen. Passe et méditations. Tradução e apresentação de Daria
Olivier. Lausanne, Ed. L´Âge d´Homme, 1974.
6
Os principais documentos que permitem avaliar a amplidão do domínio que
Nietcháiev exerceu sobre Bakunin foram publicados pelo historiador Michael
Confino em Cahiers du monde russe et soviétique. Paris, Ed. Mouton, La Haye,
1966-1967.
7
Pierre Pascal. “Mon Journal de Russie, 1918-1921”, in Communisme. Lausan-
ne, Ed. L´Âge d´Homme, 1977.
8
Diz-se do chefe eleito dos clãs cossacos, na época de sua independência.
9
Cf. Ante Ciliga. L´Insurrection de Cronstadt et la destinée de la révolution russe.
Paris, Ed. Allia, 1998. Esse curto texto, escrito por um comunista desencanta-
do, foi inicialmente publicado na revista de Boris Souvarine, Le Contrat social.
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Notas
1
Claude Lévi-Strauss. “Raça e história” in Antropologia estrutural dois. Tradução
de Maria do C. Pandolfo. Rio de Janeiro, Tempo brasileiro, 1993, p. 334.
2
Claude Lévi-Strauss. Tristes Trópicos. Tradução de Rosa F. D´Aguiar. São
Paulo, Cia. das Letras, 2004, p. 71.
3
Edson Passetti. Nise da Silveira, uma vida como obra de arte. http://
www.museuimagensdoinconsciente.org.br
4
Pierre Clastres. “Do etnocídio” in Arqueologia da violência – ensaio de antropologia
política. Tradução Carlos E. M. de Moura. São Paulo, Brasiliense, 1982, p. 55.
5
Michel Foucault. História da loucura na idade clássica. Tradução de José T. C.
Netto. São Paulo, Perspectiva, 1999, p. 56.
6
Segundo Foucault, em 1606 a cidade de Paris possuía 30.000 mendigos para
uma população inferior aos 100.000 habitantes, idem, p. 64.
7
Eugène Buret apud Louis Chevalier. Classes laborieuses et classes dangereuses a
Paris pendant la première moitié du XIXe siècle. Paris, Éditions Perrin, 2002, pp.
451-452.
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8
Idem, p. 452.
9
Ibidem, p. 453, grifo do autor.
10
Adolphe Thiers apud Louis Chevalier, 2002, op. cit., p. 459.
11
Louis Chevalier, 2002, op. cit., p. 460.
12
Idem, p. 462.
13
Michel Foucault. Sécurité, territoire, population. Cours au Collège de France, 1977-
1978. Paris, Gallimard/Seuil, 2004, p. 20.
14
Cf. Giovanna Procacci. Gouverner la misère. La question sociale em France (1789-
1848). Paris, Seuil, 1993.
15
Salvatore Palidda. Polizia Postmoderna. Etnografia del nuovo controllo sociale. Mi-
lão, Ed. Feltrinelli, 2000, p. 32.
16
Michel Foucault. Le pouvoir psychiatrique. Cours au Collège de France, 1973-
1974. Paris, Gallimanrd/Seuil, 2003, p. 71.
17
Pierre Clastres, 1982, op. cit., p. 57.
Zygmunt Bauman. Europa. Uma aventura inacabada. Tradução de Carlos A.
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28
Pierre-Joseph Proudhon. La guerra e la pace. Lanciano, Ed. R. Carabba, 1974,
p. 46.
29
Frédéric Gros. États de violence. Essai sur la fin de la guerre. Paris, Gallimard,
2006, p. 231.
30
Zygmunt Bauman, 2006, op. cit., p. 25.
31
Denis Dues. “Immigration clandestine et sécurité dans l’Union européenne:
la sécurité intérieure européenne à l’épreuve des théories de Michel Foucault?”
in Alain Beaulieu (org.). Michel Foucault et le controle social. Saint-Nicolas (Qué-
bec), Presses de l’Université Laval, 2005, p. 6.
32
Os Centros de Permanência Temporária [Centri di Permanenza Temporanea]
foram instituídos em 1998 atendendo às exigências do acordo comum europeu
Schengen, destinados a “hospedar” imigrantes ilegais em procedimento de ex-
pulsão ou, para aqueles desprovidos de documento, imigrantes em procedi-
mento de identificação. Existem 12 CPT espalhados pela Itália, dentre os quais
o da Ilha de Lampedusa que recebe as populações norte-africanas (marroqui-
nos, argelinos, tunisianos, egípcios, etc.).
33
Fabrizio Gatti. “Io, clandestino a Lampedusa”, L’Espresso, http://
www.espressonline.it.
34
Apud Salvatore Palidda, 2000, op. cit., p. 227.
35
Denis Dues, 2005, op. cit., p. 16.
36
Idem, p. 26.
37
Edson Passetti. “Sociedade de controle e abolição da punição” in São Paulo em
Perspectiva, vol.13, n.3, São Paulo, jul-set/1999, p. 56.
38
Michel Foucault, 2004, op. cit., p. 64.
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Ensaio sobre um abolicionismo penal
Um abolicionismo
Diante dos reformadores em geral, podemos nave-
gar outro fluxo, ainda pouco caudaloso e freqüentado
pelos rebeldes.1 Não se trata de compreendê-lo a par-
tir da histórica oposição entre revolucionários e re-
formistas, pois desde os desdobramentos socialistas
estatistas advindos do início do século XX, mais pre-
cisamente após a Revolução Russa, constata-se que
os revolucionários, como lembrava Proudhon,2 no sé-
culo XIX, nada mais são do que novos reformadores,
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Ensaio sobre um abolicionismo penal
Notas
1
Max Stirner. O único e a sua propriedade. Tradução de João Barrento. Lisboa,
Antígona, 2004; Albert Camus. O homem revoltado. Tradução de Valerie Rumi-
anek, São Paulo/Rio de janeiro, Record, 1996.
2
Paulo-Edgar A. Resende & Edson Passetti. Proudhon. Política. Tradução de
Célia Gambini e Eunice Ornelas Setti. São Paulo, Ática, 1986.
3
Michel Foucault. “Uma introdução à vida não-fascista”. Tradução de Fernan-
do José Fagundes Ribeiro. In Cadernos de Subjetividade. Gilles Deleuze, São Paulo,
Núcleo de Estudos e Pesquisas da Subjetividade/PUC-SP, 1996, pp. 197-200.
111
9
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112
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Ensaio sobre um abolicionismo penal
17
Noam Chomsky. Notas sobre o anarquismo. Tradução de Vários. São Paulo;
Imaginário/Sedição, 2004.
18
Giorgio Agamben. Homo sacer, o poder soberano e a vida nua. Tradução de
Henrique Burigo. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2002. Estado de exceção.
Tradução de Iraci D. Poleti. São Paulo, Boitempo Editorial, 2004.
19
Jean Maitron. Ravachol e os anarquistas. Tradução de Eduardo Maia. Lisboa,
Antígona, 1981. É importante salientar também a diferença entre este terroris-
mo anarquista europeu e, em especial, o russo. Ver: Os demônios de Dostoievski
e Georges Nivat, neste número.
20
Megan Comfort. “‘A casa do papai’: a prisão como satélite doméstico e
social”, in Discursos Sediciosos. Rio de Janeiro, ICC-Instituto Carioca de Crimi-
nilogia/Revan, 2004, v. 13, pp. 77-100. Loïc Wacquant. “O curioso eclipse da
etnografia prisional na era do encarceramento de massa”. in Discursos Sediciosos,
op. cit., pp. 11-34.
113
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RESUMO
ABSTRACT
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Notas
1
Este artigo decorre de uma pesquisa de Iniciação Científica intitulada Liberda-
de Assistida: uma tolerância intolerável. Aconteceu com o auxílio de bolsa PIBIC-
CNPq, no período de agosto de 2003 a agosto de 2004, e faz parte do projeto
Políticas Libertadoras, Tolerância e Experimentação de Liberdade, Prodoc-CAPES.
2
Roberta Pompêo de Camargo Carvalho. A abordagem da ação educativa na
liberdade assistida sob a ótica do orientador, Dissertação de Mestrado. São Paulo,
PUC-SP, 2003, p. 19.
3
“Art. 38. Aplicar-se-á o regime de Liberdade Assistida nas hipóteses previstas
nos incisos V e VI do art. 2º desta lei, para o fim de vigiar, tratar e orientar o
menor. Parágrafo único. A autoridade judiciária fixará as regras de conduta do
menor e designará pessoa capacitada ou serviço especializado para acompanhar
o caso.” Ana Valderez A. N. de Alencar e Carlos Alberto de Sousa Lopes. Código
de Menores. Brasília, Senado Federal, 1982, p. 14.
4
“Art. 1º - Este Código dispõe sobre a assistência, proteção e vigilância a
menores: I – até dezoito anos de idade, que se encontrem em situação irregular;
II – entre dezoito e vinte e um anos, nos casos expressos em lei. Parágrafo único
– As medidas de caráter preventivo aplicam-se a todo menor de dezoito anos,
independentemente de sua situação.” Ana Valderez A. N. de Alencar e Carlos
Alberto de Sousa Lopes, op. cit. 1982, p. 9.
5
Idem, p. 83.
6
Ibidem.
7
Edson Passetti. “O Menor no Brasil Republicano” in Mary del Priori e Fer-
nando Londoño (orgs) História da Criança no Brasil. São Paulo, Contexto, 1991,
pp. 150-151.
8
Idem.
125
9
2006
9
Salete Oliveira. Inventário de Desvios – os direitos dos adolescentes entre a penalização
e a liberdade. Dissertação de Mestrado. São Paulo, PUC-SP, 1996.
10
“Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou
contravenção penal”. Estatuto da Criança e do Adolescente. Brasília-DF, Im-
prensa Nacional, 1997.
11
Título V – Das Medidas de Assistência e Proteção. Capítulo I – Das Medidas
Aplicáveis ao Menor. (...) Art. 14 – São medidas aplicáveis ao menor pela
autoridade judiciária: (...) IV – imposição do regime de liberdade assistida.
Código de Menores. Brasília, Senado Federal, 1982.
12
Hedwig Knist. O adolescente infrator em regime de liberdade assistida: uma reflexão
psicossocial sobre reintegração. Dissertação de Mestrado apresentada na Pontifícia
Universidade Católica, São Paulo, 1996, p. 16.
13
Dom Luciano Mendes. “O que é a liberdade assistida comunitária (L.A.C)” in
Anote, http://www.anote.org.br/desta/index.asp?cod=51, 17/09/2002. Aces-
sado em set. 2003.
14
Dados e indicadores para análise da situação do adolescente de ato infracional no Estado
de São Paulo. São Paulo, CONANDA/FEBEM-SP, 1996.
15
Folha Online. 11/03/2005. http://www1.folha.uol.com.br/folha/especi-
al/2005/febem/perfil.shtml. Acesso em jan. 2005.
16
Francisca Silva. Liberdade Assistida, uma proposta sócio-educativa? Dissertação
de Mestrado. São Paulo, PUC-SP, 1998.
17
Folha On line, op. cit.
18
Uma primeira discussão sobre a ligação entre medida sócio-educativa e o seu
correlato, pena, foi feita no livro Violentados – crianças, adolescentes e justiça.
Edson Passetti (coord.). São Paulo, Imaginário, 1999, 2° ed.
19
Segundo o ECA, a medida de privação de liberdade não deveria ser imposta
a jovens que cometessem infrações consideradas leves, como o furto. O estudo
realizado por Enid Rocha Andrade Silva e Simone Gueresi, Adolescentes em
conflito com a lei: situação do atendimento institucional no Brasi, forneceu dados a
respeito da internação dos jovens segundo os delitos praticados. Percebe-se,
então, que muitos jovens são internados por delitos, que segundo o ECA,
deveriam receber medida sócio-educativa mais branda. Um exemplo é o alto
número de jovens internados por furto (14,8%). Enid Rocha Andrade Silva e
Simone Gueresi. Adolescentes em conflito com a lei: situação do atendimento instituci-
onal no Brasil. Brasília, s/n, 2003.
20
Essa diferenciação aparece em um estudo realizado por Nilton Ken Ota, em
pesquisa encomendada pela UNICEF. Em seu estudo, o autor faz uma reflexão
da percepção do adolescente acerca da lei. Na página 53 de seu relatório,
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RESUMO
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Os anarquistas e as prisões: noticias de um embate...
As CNA’s
As CNA‘s compreendem diversas associações que
prestam apoio a presos no planeta, em especial pre-
sos políticos e de guerra. No Brasil praticamente ine-
xiste. Constitui-se como federação de associações au-
tônomas que se articulam, como grupos de afinida-
de,11 exclusivamente na defesa de casos.
Cada associação age na sua localidade e conta com
as demais para divulgação das suas ações. As infor-
mações entre elas são trocadas por via postal, mas
principalmente pela Internet. É desta maneira que re-
alizam uma de suas principais atividades, a CRE (Ca-
deia de Resposta de Emergência). Esta ação consiste
em enviar cartas, e-mails, fax e realizar manifesta-
ções diante de embaixadas ou outras instituições pú-
blicas, vinte e quatro horas após a notícia de uma pri-
são, como maneira de pressionar autoridades para ga-
rantir a comunicação ou mesmo a liberação de uma
pessoa presa.
Não há nenhum tipo de financiamento governamen-
tal ou privado para sustentação das CNA‘s. As associ-
ações vivem da colaboração de pessoas ligadas ao mo-
vimento, contribuições espontâneas e rendas decor-
rentes da venda de livros, revistas, jornais, camisetas,
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A CNA Madri
A CNA Madri foi dissolvida em janeiro de 2006 por pro-
blemas internos, mas suas campanhas prosseguiram por
outras regiões da Espanha. O documento que notícia sua
dissolução argumenta a incapacidade material e huma-
na (dinheiro, material, militantes, repressão da polícia)
para prosseguir as campanhas na cidade de Madri, des-
locando esforços para as associações da Galícia, Albace-
te, Barcelona e a recém criada Federação Ibérica de Asso-
ciações da Cruz Negra Anarquista, que agrega as associa-
ções existentes em Portugal.17
A principal campanha das associações espanholas, que
tinha como núcleo Madri, é a de combate a uma medida
administrativa veiculada nas prisões espanholas chama-
da FIES (Fichero de Internos de Especial Segmento).18
Campanha de expressão planetária, rendeu um embate
direto das CNA‘s com o governo espanhol, chegando a
associação de Madri ser declarada ilegal — sob a acusa-
ção de ser grupo terrorista — pelo juiz Baltazar Garzon,19
que ainda decretou a prisão de diversos integrantes da
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Notas
1
Este artigo apresenta resultados da pesquisa de iniciação científica “Cruz Negra
Anarquista (CNA). Embates com o sistema penal: controle e experimentações de
liberdade”; apresentada, em 2005, ao Departamento de Política da Faculdade de
Ciências Sociais da PUC-SP e à Comissão de Pesquisa e Extensão da PUC-SP,
financiada pelo CNPq e premiada como melhor trabalho de iniciação científica do
Departamento de Política em 2005.
2
Michel Foucault. Vigiar e punir. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis,
Vozes, 2002, pp. 195-254.
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Os anarquistas e as prisões: noticias de um embate...
3
Willian Godwin. “Crime e punição” Tradução de Maria Abramo Caldeira Brant in
Verve, n° 5. São Paulo, Nu-Sol, 2004, pp. 11-84.
4
Michel Foucault, 2002, op. cit., pp. 228-242.
5
Pierre-Joseph Proudhon. O que é a propriedade. Tradução de Marília Caeiro. Lisboa,
Editorial Estampa, 1975.
6
Jean Matrion. “Émile Henry, o benjamim da anarquia” Tradução Eduardo Maia.
in Verve n° 7, São Paulo, Nu-Sol, 2005, pp.11-41.
7
Piotr Kropotikin. As prisões. Tradução Martin La Batalha. São Paulo, Index
Librorum Prohibitorum, 2002.
8
Ver em especial Errico Malatesta. Escritos revolucionários. Tradução Plínio Augusto
Coelho São Paulo, Imaginário/Nu-Sol/Soma, 2000; Errico Malatesta. “Incompa-
tibilidade” in Francesco Saveiro Merlino & Errico Malatesta. Democracia ou anar-
quismo. Tradução Júlio Carrapato. Lisboa, Ed. Sotavento, 2001.
9
Cesare Lombroso. Los anarquistas. Tradução J.M. Domínguez. Madrid, Jucar,
1977; Michel Foucault. Os anormais. Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo,
Martins Fontes, 2002, pp.173-206.
10
Gilles Deleuze. “Post-scriptum sobre as sociedades de controle” Tradução de
Peter Pál Pelbart in Conversações. Rio de Janeiro, Ed. 34, 2000, pp.219-226. .
11
A noção de grupos de afinidades dentro das práticas anarquistas orienta que as
associações são formadas a partir da proximidade e preferências dos indivíduos,
garantindo que as relações entre as associações se fundem pela afinidade que cada
associação tem com as práticas anarquistas específicas. Edgar Rodrigues. Pequeno
Dicionário de Idéias Libertárias. Rio de Janeiro, CCeP Editores, 1999, pp.35-36.
Também em Murray Bookchin. “Grupos de Afinidade” in Geoorge Woodcock.
Grandes Escritos Anarquistas. Porto Alegre: LPeM, 1999, pp.162-164. Um outro
uso da prática de afinidades entre os anarquistas pode ser encontrada em Edson
Passetti. “Atravessando Delueze” in Verve, n° 8, São Paulo, Nu-Sol, 2005, pp. 42-
48.
www.anarchistblackcross.org; www.nodo50.org/federacioniberica_cna/;
12
139
9
2006
sua maioria composta por ex-militantes dos Black Panters, fato evidente inclusive
pela cidade em que está localizada. www.anarchistblackcross.org
16
Michel Foucault. A vontade de saber — vol. 1 da História da sexualidade. Tradu-
ção de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio
de Janeiro. Graal, 2001, p. 136.
17
Conforme comunicado recebido por e-mail de janeiro de 2006. Os grupos de
Albacete, Barcelona e a recente CNA Ibérica, que reúne associações da Espa-
nha e Portugal, prosseguem os trabalhos descritos aqui, especialmente junto
aos presos inclusos no FIES.
18
Para cartas, escritos e documentos de combate ao FIES em espanhol, francês
e inglês, ver: www.ecn.org/breccia/dossier/;www.ucm.es/info/eurotheo/nor-
mativa/fies.htm; www.toutmondehors.free.fr/fies.html; www.ainfos.ca/01/
feb/ainfos00368.html.
19
Baltazar Garzon, iminente juiz espanhol famoso mundialmente por coman-
dar o julgamento do ditador chileno Augusto Pinochet. Chegou a ser indiacdo
ao prêmio Nobel da paz com assinatura de figuras ilustres como a do escritor
português José Saramago.
20
Michel Foucault, 2001, op. cit., pp. 127-149.
21
A discussão encontra-se no texto: “Breve história da luta contra o FIES”,
publicada no site da CNA Nova Jersey. “A transição do facismo ditatorial para
uma “democracia de Estado” no meio dos anos setenta não fez dirferença neste
ponto: a repressão continua severa, e as prisões superlotadas. A luta pela liber-
tação de presos políticos se alterou então para uma luta pela a libertação de
todos os prisioneiros e a abolição do sistema penal”. Cf.
www.anarchistblackcroos.org.
22
Para Foucault a sociedade moderna se carateriza por posicionamentos nas
relações de vizinhança dentro de grades, redes ou organogramas, os contra-
posicionamentos atravessam essas redes e estratificações, desestabilizando-as.
Isso aparece na noção de heterotopia apresentada por Foucault, Michel. “Ou-
tros espaços” in Ditos e Escritos III. Tradução de Inês A. D. Barbosa. São Paulo,
Forense, 2001, pp. 411-422. Essa noção é utilizada por Edson Passetti para
problematizar práticas anarquistas, entendendo-as como contraposicionamen-
tos heterotópicos. Edson Passetti. “Heterotopias anarquistas” in Verve, n° 2,
São Paulo, Nu-Sol, 2002, pp. 141-173.
23
Edson Passetti. Anarquismos e sociedade de controle. São Paulo, Cortez, 2003, p.
251.
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RESUMO
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Notas
1
Salete Oliveira. “A grandiloqüência da tolerância, direitos e alguns exercícios
ordinários” in Verve, vol. 8. São Paulo, Nu-Sol, 2005, p. 279.
2
Zygmunt Bauman. Europa. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro,
Jorge Zahar Editor, 2006, p. 84.
3
Edson Passetti. Anarquismos e sociedade de controle. São Paulo, Editora Cortez,
2003, pp. 47-48.
4
Zygmunt Bauman, 2006, op. cit., p. 85.
5
Eduardo Viveiros de Castro. “O nativo relativo” in Mana. Rio de Janeiro, vol.
8 abril de 2002, p. 6.
6
Edson Passetti, 2003, op. cit., p. 2.
7
Eduardo Viveiros de Castro, 2002, op. cit., p. 6.
8
Dorothea Voegeli Passetti. “Intolerável tolerância intolerante” in Edson Pas-
setti e Salete Oliveira (orgs). A tolerância e o intempestivo. São Paulo, Ateliê
Editorial, 2005, p. 205.
9
V. R. Silvério. “O multiculturalismo e o reconhecimento: mito e metáfora.” In
Revista Brasileira de Cultura, vol. 94, nº 5. Rio de Janeiro, 2000, p. 86.
10
Luiz Alberto Oliveira Gonçalves & Petronilha Beatriz Gonçalvez e Silva.
“Multiculturalismo e educação: do protesto de rua a porpostas e políticas” in
Educação e pesquisa, vol 29, nº 1. São Paulo, janeiro/junho de 2003, p. 20.
11
D. Martuccelli. “As contradições políticas do multiculturalismo“ in Revista
Brasileira de Educação. São Paulo, maio/agosto de 1996.
12
Salete Oliveira, 2005, op. cit., p. 287.
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Contigentes de homens inúteis
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“Artigo 16°.
1- Os homens e mulheres de maior idade, sem qual-
quer restrição de raça, nacionalidade ou de religião, têm
o direito de contrair matrimônio e fundar uma família.
Gozam de iguais direitos ao casamento, sua duração e
sua dissolução.
2- O casamento não será válido senão com o livre e
pleno consentimento dos nubentes.
3- A família é o núcleo natural e fundamental da so-
ciedade e tem direito à proteção da sociedade e do Esta-
do.”24
O segundo trajeto específico parte do direito à propri-
edade no 17° artigo, multiplicando-se em liberdade in-
dividuais até o 20° artigo: liberdade de pensamento e
opinião; liberdade de consciência e religiosa, liberdade
de reunião e associação pacífica. Do 21° ao 25° artigos
as referências contemplam variações da liberdade soci-
al vinculadas no 21° aos direitos de representação e
sufrágio universal; no 22° à segurança social garantida
pelo esforço nacional e cooperação internacional; nos
23°, 24° e 25° à regulamentação trabalhista associada à
dignidade humana, à presença de sindicatos, ao lazer e
bem-estar.
No espaço entre o julgamento e a educação que co-
bre o intervalo do 11° ao 26° artigo, o primeiro trajeto
específico, entre o 12° e 16° artigos, pode ser apreendido
pela equação tribunal, família, sociedade e Estado en-
quanto o segundo trajeto, compreendido entre o 17° e
26° artigos, mostra-se parametrado pela propriedade, li-
berdade, segurança e educação. Os quatro artigos finais
da Declaração prescrevem em linhas gerais a reafir-
mação da própria declaração, contudo conectam a pes-
soa humana, a comunidade e a própria ONU, valendo
destacar os dois últimos.
163
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2006
Artigo 29°
1- Toda pessoa tem deveres para com a comunidade,
na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua persona-
lidade é possível.
2- No exercício de seus direitos e liberdades, toda
pessoa estará sujeita apenas às limitações determina-
das pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o
devido reconhecimento e respeito dos direitos e liber-
dades de outrem e de satisfazer as justas exigências da
moral, da ordem pública e do bem-estar de uma socie-
dade democrática.
3- Esses direitos e liberdades não podem, em hipóte-
se alguma, ser exercidos contrariamente aos objetivos
e princípios das Nações Unidas.
Artigo 30. Nenhuma disposição da presente Declara-
ção pode ser interpretada como o reconhecimento a qual-
quer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qual-
quer atividade ou praticar qualquer ato destinado à des-
truição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui
estabelecidos.25
O atual programa de tolerância zero não foi um erro
de percurso. Ele tão somente constitui um dos efeitos
destes itinerários, ou ainda o itinerário mais recente
deste passado que de tão fraco não tem força nem para
morrer: o homem.
O espaço do cultivo da obediência vai da educação ao
julgamento. Sobreposição de itinerários na disputa da
verdade verdadeira no espaço de uma cultura embasa-
da no valor da tolerância, em nome, não mais de deus,
mas da demarcação de territórios, domínios e campos da
universalidade do humano e dos direitos universais. É
possível que tanta persistência em falar do humano seja
a maneira mais eloqüente de manter viva, por outras
164
verve
Tolerância e conquista, alguns intinerários...
Notas
1
Utilizo-me aqui dos termos território: noção jurídico-política; domínio: no-
ção jurídico-política e campo: noção econômico-política, a partir da sugestão
fornecida por Michel Foucault. Isto não significa se voltar para uma reflexão
filosófico-jurídica, mas a uma análise histórico-política travada no espaço, dis-
tante, tanto do recorte de períodos, etapas e idades temporais, quanto de uma
hermenêutica do direito. “A descrição espacializante dos fatos discursivos de-
semboca na análise dos efeitos de poder que lhe estão ligados.” Michel Fou-
cault. “Sobre a geografia” in Roberto Machado (Org. e trad.) Microfísica do
poder. Rio de Janeiro, Edições Graal, 1979, p.159.
2
William Godwin. “De crimes e punições”, Tradução de Maria Abramo Caldei-
ra Brant, in Verve. São Paulo, Nu-Sol, vol. 5, 2004, pp. 11-86.
3
Pierre-Joseph Proudhon. Sistema das contradições econômicas ou Filosofia da misé-
ria. Tradução de José Carlos Morel. São Paulo, Ícone, tomo I, p. 427.
4
Voltaire. Tratado sobre a tolerância: a propósito da morte de Jean Calas. Tradução de
Paulo Neves. São Paulo, Martins Fontes, 1999.
5
John Locke. “Carta acerca da tolerância”, tradução de Anoir Aiex in Locke.
São Paulo, Abril Cultural, Col. Os pensadores, 1983.
6
John Stuart Mill. Sobre a liberdade. Tradução de Alberto da Rocha Barros.
Petrópolis, Vozes, 1991.
165
9
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7
Immanuel Kant. “Resposta à pergunta o que é ´esclarecimento`?” in Textos
Seletos. Tradução de Raimundo Vier e Floriano de Souza Fernandes. Petrópolis,
Vozes, 1974; A paz perpétua e outros opúsculos. Lisboa, Edições 70, 1990.
8
A este respeito ver Salete Oliveira. “A grandiloqüência da tolerância, direitos
e alguns exercícios itinerários” in Verve. São Paulo, Nu-Sol, vol. 8, 2005, pp.
276-389; “Tolerar, julgar, abolir” in Edson Passetti e Salete Oliveira (orgs.). A
tolerância e o intempestivo. São Paulo, Ateliê Editorial, 2005, pp. 191-201; “Tribu-
nal, fragmento mínimo, palavra infame” in Edson Passetti (org.). Kafka, Fou-
cault: sem mdos. São Paulo, Ateliê Editorial, 2004, pp. 115-122.
9
Daniel Lins. “Tolerância ou imagem do pensamento?” in Edson Passetti e
Salete Oliveira (orgs.), 2005, op. cit., pp.19-33.
10
Idem, p. 24-25.
11
Ibidem, p. 20.
12
William Godwin, 2004, op. cit.; Pierre-Joseph Proudhon. Do princípio federa-
tivo. Tradução de Francisco Trindade. São Paulo, Nu-Sol & Imaginário, 2001.
13
Michel Foucault. Em defesa da sociedade: curso no Collége de France (1975-1976).
Tradução de Maria Ermantina Galvão. São Paulo, Martins Fontes, 1999,
14
“Declaração Universal dos Direitos Humanos”. in Zélia Maria Mendes Bia-
soli-Alves e Roseli Fischmann (orgs.). Crianças e adolescentes: construindo uma
cultura da tolerância. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 2001, pp.
197-198.
15
Idem, p. 198.
16
Ibidem, p. 199.
17
Ibidem, p. 199.
18
Voltaire, ao defender o zelo da humanidade, afirmava que devido à fraqueza
humana não só a religião se faz necessária como a educação cumpre papel o
papel de desenvolvimento da tolerância que se fundamenta em um valor supre-
mo: “o bem físico e moral da sociedade”. Trata-se da prevenção ao intolerável
promovida pelo fortalecimento da razão como meio indispensável para a inter-
venção de um julgamento justo. Voltaire, op. cit., 1999.
19
“Declaração Universal dos Direitos Humanos”, 2001, op. cit., pp. 199-200.
20
A este respeito ver Edson Passetti. Anarquismos e sociedade de controle. São
Paulo, Cortez, 2003; Silvana Tótora. “Devires minoritários: um incômodo” in
Verve. São Paulo, Nu-Sol, vol. 6, 2004.
21
No âmbito internacional coaduna-se com as diretrizes atuais da ONU para-
metradas pela Declaração sobre os Princípios da Tolerância, promulgada pela
UNESCO em 1995, implementadas em redes regionais, nacionais e locais por
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Tolerância e conquista, alguns intinerários...
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RESUMO
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edgar rodrigues*
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Notas
1
Alfredo Calderón desenha o governo-Estado como pai-mãe da desordem! Prova
duplamente que seus servidores putrificam tudo em que botam as mãos!
2
Enciclopédia Universalis Mumdaneum. Bruxelas, Paul Otlet.
3
ONU – Relatório da Comissão Palme, Independent Commision on Disarmament
and Security Issues. Common Security, 1982.
4
A primeira greve no Egito data de 1170 aC. Benjamin Cano Ruiz. ¿Qué es el
anarquismo? México, Nuevo tiempo, 1985.
5
Victor Garcia. Escarceos sobre China. México, Tierra y Libertad, 1962, e La sabidu-
ría oriental. México, Tierra y Libertad, 1985. Robert Scalapio. Anarquism in China.
Seattle, University Washington Press, 1972.
6
Aníbal Vaz de Mello. Cristo, o maior dos Anarquistas. São Paulo, Editora Piratininga,
1956. Everardo Dias, espanhol de nascimento, maçom, anti-clerical, em seu opús-
culo Cristo era Anarquista, São Paulo, 1919, também tinha a mesma opinião. Só
mudou depois que se tornou comunista, sogro de Astrojildo Pereira, dirigernte do
P.C.B..
7
Max Beer. História do Socialismo e das Lutas Sociais. São Paulo, Editora Expres-
são Popular, 1968. Edgar Rodrigues. Universo Ácrata, Santa Catarina, Editora
Insular, 1999.
8
Henrique Martins. Socialismo. Porto, Portugal, 1912, 3 vols.
9
Idem.10
10
Piotr Kropotkin. O Estado e o seu papel histórico. Portugal, Porto, 1922.
11
G. Etiévant. “Declaração de Princípios Anarquistas – Comunistas” in A
Revolta. Portugal, Lisboa, 1893.
12
Edgar Rodrigues. Jornal de Almada, 8-2. Portugal, 1977.
13
O autor diferencia a autoridade racional, do saber, da irracionalidade, da
força, do poder!
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RESUMO
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I
O movimento anarquista argentino, que emerge na
segunda metade do século XIX, cresceu continuamente
durante várias décadas. A formação de clubes culturais,
bibliotecas, companhias filodramáticas, escolas e a Federa-
ção Operária fizeram do anarquismo a expressão de am-
plos setores operários e populares. Milhares de imigran-
tes e argentinos silenciados, submetidos a jornadas de tra-
balho humilhantes, amontoados em cortiços, encontram
um espaço para suas reivindicações. Para eles, não há
redenção no céu, mas aqui, no banquete da vida, afirman-
do práticas de liberdade, prescindindo de hierarquias ou
patrões. Assim vivem, inventando suas próprias respos-
tas, desenvolvendo um movimento cultural alternativo,
arrancando conquistas nos seus lugares de trabalho. Não
se pode esquecer a passagem de Errico Malatesta, na dé-
cada de 1880, ou a de Pietro Gori, em 1900,1 com confe-
rências por toda a Argentina e seminário na Faculdade de
Direito.2 Ambos imprimem vitalidade ao movimento local.
Mas é em abril de 1902 quando começa a aparecer de
maneira mais contundente o anarquismo. Nesta data se
definem os delegados socialistas da Federação Operária
Argentina, FOA, e se afirma a Federação Operária Regio-
nal Argentina, FORA, tornando-se rapidamente o setor
mais forte do movimento operário. Paralelamente, no dia
23 de novembro, o Estado Argentino sanciona a Lei de Re-
sidência, dirigida aos anarquistas, e que os submetem a
centenas de detenções e deportações. A ordem conservado-
ra não se detém em perseguições, e isto não impede que
em 7 de novembro de 1903 apareça La Protesta,3 o maior
jornal anarquista argentino e um dos mais importantes
do mundo.
O anarquismo não deixa de crescer, protagonizando
todos os conflitos sociais e lutas populares daquela pri-
meira década do século. As crônicas sobre as enormes
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2006
II
No dia 6 de setembro de 1930, o General José Félix
Uriburu inaugura a história dos golpes de Estado na
Argentina do século XX. O presidente Hipólito Yrigoyen
entregará um trunfo aos anarquistas meses antes de
ser derrocado: o indulto a Simón Radowitzky. Mas isto
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Notas
1
As atividades de Malatesta e Gori na Argentina, assim como seu pensamento,
aparecem bem retratados em: Hugo Mancuso & Armando Minguzzi. Pensami-
ento social italiano en Argentina: utopias anarquistas y programas socialistas (1870-
1920). Buenos Aires, Ediciones Biblioteca Nacional, 1999, p. 12. Também ver:
Hector Adolfo Cordero. Alberto Ghiraldo, precursor de nuevos tiempos. Buenos
Aires, Editorial Claridad, 1962.
2
Na revista Ciencia Social n° 15, fevereiro de 1900, reproduz-se o seminário
ministrado por Pietro Gori na Universidade de Buenos Aires.
3
Tinha surgido antes como La Protesta Humana. Ver Pablo M. Pérez (Coord.).
Catálogo de Publicaciones Políticas, Sociales y Culturales Anarquistas (1890-1945).
Colección Archivo. Federación Libertaria Argentina. Biblioteca Archivo de
Estudios Libertarios. Buenos Aires, Editorial Reconstruir, 2002.
4
A publicação anti-organizadora por excelência foi El Perseguido, que aparece
em 18 de março de 1890. O porta-voz máximo da tendência anarco-individu-
alista foi Germinal, que por sua vez aparece em 14 de novembro de 1897. E a
tendência organizadora inicia-se com força em 1894, com três publicações: El
Obrero Panadero, El Oprimido e La Questione Sociale.
5
Em 1898 o grupo Progreso y Libertad, de La Plata, organiza um Encontro
Socialista Libertário, onde um dos temas propostos mostra a importância deste
debate: “(...) o coletivismo, o comunismo e o individualismo, origem e impor-
tância atual e futura destas teorias socialistas. Qual delas está mais em harmo-
nia com os princípios da anarquia?”. Folheto do grupo Progreso y Libertad, na
biblioteca José Ingenieros.
6
Ver Samuel L. Baily. Movimiento obrero, nacionalismo y política en la Argentina.
Buenos Aires, Editorial Paidós, 1984.
7
Sobre esta definição ver Andrés Doesswijk. Entre camaleones y cristalizados: los
anarcobolcheviques rioplatenses, 1917-1930. Tese de Doutorado. Universidade de
Campinas, 1998.
8
Foi consultado o trabalho de Fernando López Trujillo, “El anarquismo en los
´30: la FACA”, apresentado em: I Jornadas de Historia de lãs Izquierdas, organiza-
ção do Centro de Documentación e Investigación de la Cultura de Izquierdas,
CeDInCI, em Buenos Aires, em dezembro de 2000. O autor afirma a hipótese
de que o conflito entre a USA e a FORA pode ser entendido como uma disputa
ideológica no interior do próprio movimento anarquista. Também ver núm. 7
de Vía Libre, abril de 1920. No artigo intitulado “Federación Obrera Argenti-
na, apuntes de historia y critica del movimiento obrero argentino”, assinado
por Armando Flogueral, é criticada duramente a constituição da FORA V. Este
grupo é acusado diretamente de ter realizado um golpe interno no anarquismo,
e de atentar contra a unidade do movimento operário e lhe retirar, ao mesmo
211
9
2006
IX, mas em menor número em relação a outros grupos, até que a FORA IX,
perdida em sua linha de ação, foi presa de negociações oportunistas. Desde o
anarquismo, e referenciando a Malatesta e Bakunin, rejeita a tática da FORA V
e adere à moção de omitir a definição de anarco-comunismo dos estatutos
internos, segundo o argumento de que não é possível chegar à “Idéia” através
da luta econômica sindical, mas sim em um momento posterior, sendo que esta
luta proporciona apenas a solidariedade operária e o reconhecimento como
grupo.
9
Em 1916 acontecera um rompimento no interior de La Protesta, que provo-
cou a saída de Antilli e Rodolfo González Pacheco, que fundam La Protesta
Humana, La Obra, depois Tribuna Proletária, e mais tarde La Antorcha.
10
Atitude acentuada pela matança de anarquistas em Kronstadt, perpetrada
pelo Exército Vermelho, comandado por Trotsky.
11
A década fora inaugurada em 1919, com os acontecimentos da Semana
Trágica. Ver Edgardo Bilsky. La Semana Trágica. Buenos Aires, CEAL, 1984, e
Julio Godio. La Semana Trágica... Buenos Aires, Hyspamerica, 1985.
12
Ver Osvaldo Bayer. Los anarquistas expropiadores, Simon Radowitzky y otros
ensayos. Buenos Aires, Editorial Galerna, 1975. Na década de 1920 sucedem-se
os assassinatos de trabalhadores, assim como na grande greve de La Floreetal,
na região do Chaco em Gualeguaychu, cometidos pela Liga Patriótica.
13
No dia 27 de março de 1931, nove dias depois da famosa fuga do presídio de
Punta Carretas, de Montevidéu, quando conseguiram fugir Vicente Moretti e
três anarquistas catalães, Ros.igna é capturado pela policia em seu alojamento
na rua Curupí. No dia 31 de dezembro de 1936 chega ao fim sua reclusão no
Uruguai e é deportado para a Argentina, onde o aguardam vários processos,
mas, apesar de anulados, é transladado de delegacia em delegacia, até que se
perde qualquer pista dele. Supõe-se que tenha sido lançado ao Rio da Prata.
Em 10 de maio de 1935, Juan Antonio Moran, secretario geral da União
Operária Marítima e também anarquista, sofreu uma morte similar, quando foi
seqüestrado ao ser libertado da prisão de Caseros, mas encontrado morto e
torturado dois dias depois em General Pacheco.
14
Vale lembrar o ataque ao jornal Pampa Libre, de General Pico, em agosto de
1924, efetuado por gente de La Protesta, ou o assassinato de López Arango em
1929, praticado, supostamente, por gente de Severino Di Giovanni. Ver Jorge
Etchenique. Pampa Libre., anarquistas en la Pampa argentina. Buenos Aires, Ame-
ríndia, 2000.
15
Na década seguinte, a repressão estatal será feroz durante a ditadura e,
entretanto, o movimento se dispõe a encontrar outros mecanismos parar solu-
cionar as diferenças; ali começa a Federação Libertária Argentina.
212
verve
Uma história do anarquismo: o surgimento...
16
Curiosamente, a primeira publicação que consegue ser editada na clandestini-
dade é Anarchia, elaborada por Di Giovanni e América Scarfó. Mas a sua
atitude insubmissa acabará em pouco tempo, quando Di Giovanni é capturado
e fuzilado.
17
No dia 1o. de fevereiro de 1931 será fuzilado Di Giovanni e, no dia seguinte,
Paulino Scarfó.
Ver José Grunfeld. Memorias de un anarquista. Buenos Aires, Editorial Nuevo
18
213
9
2006
27
Fernando López Trujillo, em seu trabalho antes citado, reproduz uma nota de
La Protesta, de 24 de setembro de 1932, na qual aparecem todos os grupos
participantes.
28
A FORA sempre combateu a formação de uma organização específica do
anarquismo. Neste período o fará com maior força a partir do Congresso de
Rosario, de 1932. Ver Antonio López. La FORA en el movimiento obrero. Tomo
I. Buenos Aires, Centro Editor de América Latina, 1987
29
A secretaria geral do CRRA funcionou na clandestinidade, na casa do mili-
tante Enrique Balbuena.
30
Será necessário esperar até a Reunião Geral da FORA, realizada em 1962,
para que aconteça uma abertura neste sentido. Na ocasião, uma resolução
estabelece a formação de grupos inter-sindicais de orientação forista em asso-
ciações alheias ao movimento. Ver Antonio López, op. cit.
31
Ver Pablo M. Pérez, op. cit.
32
Em um ato em Santa Fe é assassinado o militante Salvatierra por um grupo
fascista. Ver Jacobo Maguid, op. cit.
33
Ver Antonio López, op. cit.
“O anti-Édipo: uma introdução à vida não fascista”. Prefácio à edição norte-
34
214
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Uma história do anarquismo: o surgimento...
RESUMO
ABSTRACT
215
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Durruti está morto, contudo vivo
emma goldman*
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Durruti está morto, contudo vivo
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Durruti está morto, contudo vivo
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Durruti está morto, contudo vivo
223
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Não, Durruti não está morto! Ele está mais vivo que
os vivos. Seu exemplo glorioso será agora emulado por
todos os camponeses e trabalhadores catalães, por todos
os oprimidos e desamparados. As lembranças da cora-
gem e da força de Durruti os incitarão a grandes feitos
até que o fascismo seja destruído. Aí então começará o
verdadeiro trabalho — o trabalho sobre uma nova estru-
tura social de valor humano, justiça e liberdade.
Não, não! Durruti não está morto! Ele vive em nós
para todo sempre.
Notas
1
“Durruti is dead, yet living”, Hoover Institution on War, Revolution and
Peace, Stanford, 1936.
224
verve
Durruti está morto, contudo vivo
RESUMO
ABSTRACT
225
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226
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Elogio do amor livre
227
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Elogio do amor livre
Casamento e amor
Quando o homem perdeu a fresca graça de seus amo-
res sem travas, ingênuos e primitivos; quando se consu-
miu a inocente naturalidade de suas paixões e se afogou
em regras morais a sincera, a cordial simplicidade do
desfrute em plena marcha sobre a Natureza; quando o
hálito perfumado e voluptuoso das “Canções da Bílis” foi
totalmente esquecido... desceu o amor à categoria de
pecado. Mas como a vida, sem ele, estancava-se com sua
fadiga inexplicável, os homens, com um insano desejo
de vingança, lutaram contra Eros e lhe cuspiram no ros-
to.
O condenaram ferozmente, sem pensar que se fazi-
am desgraçados. Por uma paixão, toda uma vida de tortu-
ra. Pela atração de um dia, incontáveis anos de repug-
nância. Eros foi despojado de suas asas.
Por um doce olhar espontâneo é obrigado a estar olhan-
do sempre o mesmo objeto; por um generoso e cândido
abraço é forçado a abraçar sempre a mesma pessoa. A
Alma humana, imóvel; e a Vontade, solidificada em gelo!
Do gesto amoroso se fez um minucioso código, morto e
frio; do mais grato e ardente presente, uma compra-ven-
da em parcelas, inclusive com sua regulamentação; ou à
vista, com seu contrato em regra, e a um preço muito
mais elevado, porque além do dinheiro, que conta para
muito pouco, entram em compromisso o Coração e a Li-
berdade, que são tudo para o Amor.
Quando, roubada a nobreza de toda manifestação amo-
rosa, já feita dever, os homens se envergonharam, tal-
229
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Elogio do amor livre
A mulher em defesa
Quando perdeu sua louçania graciosa de lírio ereto,
a mulher, estritamente monogâmica por imposição, jun-
to ao homem, essencialmente poligâmico por natureza,
e sinceridade cuidadosamente mantidas, percebeu um
fato: a Propriedade. A Casa se fechava como uma boca
ansiosa e havia nela muito que fazer. A realidade eco-
nômica enterrou a mulher, completamente ignorante
já do ingênuo prazer da vida primitiva, de que a Casa a
excluía de todas as tarefas de produção, de todos os tra-
balhos públicos que dão direito à subsistência. Esta lhe
vinha por meio do homem, a quem rendia seus serviços
privados, inclusive os sexuais; e se defendeu em sua
nova posição, preocupando-se por consolidar os laços que
a uniam ao homem.
Este homem é meu e eu sou sua, disse. A Proprieda-
de encolheu seu pontudo nariz de agiota, piscou seus
repugnantes olhos e todos os regimes de opressão au-
mentaram as cifras de suas vítimas.
Foi a venda da Consciência, da Liberdade, da Espon-
taneidade, pela Irresponsabilidade e a negação a produ-
zir.
231
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232
verve
Elogio do amor livre
Amor livre!
E então, mulher, apaixonadamente apaixonada, não
peça por seu amor. Grane-o, como a videira; floresça-o,
como a roseira; levante-o, como o eucalipto; sem pergun-
tar nada, sem pedir nada para o amanhã.
Nem a videira, nem a roseira, nem o eucalipto, an-
tes de granar, antes de florescer, antes de se levan-
tar, pedem um jardineiro que os atenda, nem exigem
promessa de que o sol não haverá de secá-los, nem o
vento haverá de quebrar seus talos, nem a água im-
petuosa haverá de afogar suas raízes. Eles são gene-
rosos, e quando um deles perece, muitos mais nas-
cem para a vida. Ame, ame, mas que os braços não
lhe sirvam como amarras, mas como coroa. Deixe que
tudo vá e volte; e você, sorria sempre, tenaz procura-
dora de todas as alegrias terrenas. Sorria sempre, ágil
e sentimental, doce e reflexiva, através do esqueci-
mento, do desprezo, da critica. Alente sua criação: lan-
ce à Vida uma nova medida para estimação de seu
sexo. A Vida está cansada já da Mulher-esposa, pesa-
da, demasiado eterna, que já perdeu as asas e o gosto
pelo deliciosamente pequeno e pelo nobremente gran-
de; está cansada da Mulher-prostituta, à que resta ape-
nas a raiz sucintamente animal; está cansada da Mu-
lher-virtude, séria, branca, insípida, muda...
Invente o novo tipo; ponha o sal na Vida; a cor e a
chama nos beijos desiguais. Ame, fale, trabalhe. Com-
preenda, ajude, console.
Aprenda a desaparecer e a desobrigar de sua pre-
sença; e a conhecer o valor do “eu” livre. Sem nada;
nem por dinheiro, nem por paz, nem por sossego...
Amor Livre!
233
9
2006
Remessa
Eu não tenho a Casa, que o arrasta como uma in-
transigente e implacável garra; nem o Direito, que o
limita e o nega. Mas tenho, Amado, um carro de flores e
horizonte, onde o sol se põe como roda quando você me
olha.
Quando você me beija...
Notas
1
Extraído de Antonina Rodrigo. Amparo Poch y Gascón. Textos de una médica
libertaria. Zaragoza, Alcaraván, 2002, pp. 95-101.
234
verve
Elogio do amor livre
RESUMO
ABSTRACT
Amparo Gascon talks about the Good love. The love that is free
from chains, ties and prisons. She criticizes monogamy as an anti-
natural relation, an institutionalized imposition that strikes harder
woman than man and turns her into the protector of the House,
guardian of her own prison in opposition to the regularization of
the body, the feelings and relationships, pointing out adultery as
a natural and human protest.
235
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margareth rago*
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Narcisismo, sujeição e estéticas da existência
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Narcisismo, sujeição e estéticas da existência
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Notas
1
Michel Foucault. História da sexualidade – o uso dos prazeres. Tradução de Maria
Thereza da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro, Graal, 1985 ; História da sexualidade
– o cuidado de si. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro,
Graal, 1985 e A hermenêutica do sujeito. Tradução de Márcio Alves da Fonseca e
Salma Tannus Muchail. São Paulo, Martins Fontes, 2004.
248
verve
Narcisismo, sujeição e estéticas da existência
2
Christopher Lasch. A cultura do narcisismo. Tradução de Ernani Pavaneli. Rio de
Janeiro, Imago Editora Ltda., 1983.
3
Idem, p. 51.
4
Richard Sennett. El declive del hombre publico. Tradução de Gerardo di Masso.
Barcelona, Ediciones Peninsula, 1978.
5
Jurandir Freire Costa. A aura e o vestígio. Rio de Janeiro, Relume Dumará, 2004, p.
192.
6
George Mosse. La révolution fasciste. Paris, Seuil, 2003, p. 89.
7
Hannah Arendt. Origens do totalitarismo. Totalitarismo, o paroxismo do poder. Tradução
de Roberto Burigo. Rio de Janeiro, Editora Documentário, 1979, pp. 50-51.
8
Michel Foucault. Vigiar e punir. Tradução de Raquel Ramalhete. Rio de Janeiro,
Vozes, 1976.
9
André Duarte. À sombra da ruptura. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2000, p. 51.
10
Giorgio Agamben. Infância e História. Destruição da experiência e origem da história.
Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte, Editora da UFMG, 2005, p. 21.
11
Idem, p. 22
12
Michel Foucault. Dits et ecrist, vol II. Paris, Gallimard, 1994, p. 1551.
13
Diz Frédéric Gros: “Esta história do sujeito na perspectiva das práticas de si, dos
procedimentos de subjetivação se separa nitidamente do projeto formulado, nos
anos setenta, da história da produção das subjetividades, dos procedimentos de
sujeição pelas máquinas do poder. A história que Foucault quer descrever, em 1982
é a das técnicas de ajuste da relação de si para consigo: história que leva em conta os
exercícios pelos quais eu me constituo como sujeito, a história das técnicas de
subjetivação, história do olhar a partir do qual eu me constituo para mim mesmo
como sujeito.” In Margareth Rago e Alfredo Veiga-Neto (orgs.). Figuras de Foucault.
Rio de Janeiro, DPA, 2005, no prelo.
14
Foucault, op. cit, 1994, p. 1550
15
Jean-Pierre Vernant. L´individu, la mort, l´amour. Soi-même et l´autre en Grèce ancien-
ne. Paris, Gallimard, 1981, p. 224.
16
Idem.
17
Foucault, op. cit., 1994, p. 1531.
18
Gros, op. cit., 2005.
19
Idem.
20
Foucault, op. cit., 2004, p. 332.
21
Idem, p. 335.
22
Gros, op. cit., 2005.
249
9
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RESUMO
ABSTRACT
250
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Poéticas do virtual e os processos de subjetivação
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Poéticas do virtual e os processos de subjetivação
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Poéticas do virtual e os processos de subjetivação
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Poéticas do virtual e os processos de subjetivação
A imagem-labirinto
No contexto das NTCI, a noção de labirinto passa a
ser positivada, passando dos sentidos de prisão e desori-
entação para o de uma arquitetura de complexidade
máxima, desafiadora de uma imaginação radical para
encontrar-lhe as possíveis saídas ou “resoluções”, como
nos diria Simondon. Metáfora do próprio pensamento, o
labirinto se opõe às estradas amplas e pavimentadas da
razão segura e certa, iluminada pelas verdades e pelo já
conhecido. Nele, os caminhos dobrados, redobrados em
circunvoluções, nos fazem dar atenção aos próprios
modos de andar, que nos indicam caminhos no ato de
seu próprio acontecer. Constituído por volteios, idas e
vindas em sentido inverso, expandido em diversas dire-
ções, tal como a construção das cidadelas medievais, o
labirinto-rizoma nos impulsiona a uma exploração sem
mapas e nos convoca para uma vista desarmada. Nada
nele permite prever e calcular a geometria do lugar. Ele
instiga a uma geometria dos acasos e a uma inteligên-
cia astuciosa. Percorrê-lo significa investigar, explorar-
lhe as entranhas, cartografá-lo naquilo que se faz pre-
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Notas
1
Arlindo Machado. Máquina e imaginário. São Paulo, Edusp, 1996.
2
Idem, p. 18.
3
Gilles Deleuze & Félix Guattari. “Como criar para si um corpo-sem-órgãos”,
in Mil platôs. Capitalismo e Esquizofrenia, vol.3. Tradução de Aurélio Guerra
Neto. Rio de Janeiro, Editora 34, 1996. pp. 9-29.
4
Félix Guattari. “Da produção de subjetividade”, in André Parente (org.).
Imagem-máquina. Rio de Janeiro, Ed.34, 1993. pp. 177-191.
5
Idem, p. 177.
6
O termo “capitalístico” foi forjado por Félix Guattari durante os anos 1970
para designar um modo de subjetivação que não se acha apenas ligado a socie-
dades ditas capitalistas, mas que caracteriza também as sociedades, até aquele
momento ditas socialistas, bem como as do Terceiro Mundo. Entende o autor
que todas vivem uma espécie de dependência/contradependência do modelo
capitalista e, por isso, do ponto de vista de uma economia subjetiva não há
diferença entre elas, pois todas reproduzem um mesmo tipo de investimento
do desejo no campo social.
7
Guattari, Félix. “Da produção de subjetividade”, in André Parente (org.), op.
cit., 1993. p. 186.
8
Idem, pp. 190-191.
9
“Subtrair o único da multiplicidade a ser constituída; escrever a n-1. Tal
sistema poderia ser chamado rizoma. Diferentemente das árvores ou de suas
raízes, o rizoma conecta um ponto qualquer, e cada um de seus traços não
remete necessariamente a traços de mesma natureza, ele põe em jogo regimes
de signos muito diferentes, inclusive estados de não-signos. O rizoma não se
deixa reduzir nem ao Uno nem ao múltiplo... Ele não é feito de unidades, mas
de dimensões, ou antes, de direções movediças. Não tem começo nem fim, mas
sempre um meio, pelo qual ele cresce e transborda. Ele constitui multiplicida-
des”. François Zourabichvili. O vocabulário de Deleuze. Tradução de André Tel-
les. Rio de Janeiro, Relume-Dumará, 2004. p. 97.
10
Gilbert Simondon. L’individu et sa genèse physico-biologique. Paris, PUF, 1964.
11
Gilbert Simondon. “A gênese do Indivíduo”, in Cadernos de Subjetividade/
Reencantamento do Concreto. São Paulo, Hucitec, 2003. pp. 97-117.
12
Luis Antonio Fuganti. “Saúde, Desejo e Pensamento”, in Saúdeloucura, nº3.
São Paulo, Hucitec. 1990. pp. 19-82.
13
André Parente (org.), op. cit., 1993. p. 11.
14
Gilbert Simondon, op. cit., 1964.
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15
André Parente (org.), op. cit., 1993. p. 14.
16
Durval Muniz de Albuquerque Jr. “No castelo da história só há processos e
metamorfoses, sem veredicto final”, in Edson Passetti (org.). Kafka, Foucault:
sem medos. Cotia-SP, Ateliê Editorial, 2004. p. 17.
17
Gilles Deleuze. A Imagem-tempo. Tradução de Eloisa de Araújo Ribeiro. São
Paulo, Brasiliense, 1990. pp. 11.
18
Idem, p. 29.
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Nota
1
Maria Gabriela Llansol. Escritora portuguesa. Escreveu alguns livros em
forma de diário, entre eles: Finita. Diário II. Lisboa, Rolim, 1987 e Um Falcão em
Punho. Diário I. Lisboa, Rolim, 1985. Fragmentária, singular, a escrita de Llan-
sol fratura os limites entre a memória e a ficção, fazendo de suas obras espaços
de experimentações que buscam o além da linguagem, o impronunciável, a
palavra em estado libidinal. Em uma de suas narrativas nos diz: “nada se pode
dizer com o sexo, mas é com ele que se diz, tal a folha com o lápis.”
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A arte pela (an)ar(q)
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Pintores engajados
E embora em 1903 o doce romancista dos humil-
des, Charles-Louis Philippe (1874-1917), pronuncian-
do-se sobre o assassinato de McKinley, presidente dos
Estados Unidos, levante algumas dúvidas sobre a eficá-
cia política dessa prática, ele não deixa de esclarecer,
em uma de suas Chroniques du Canard Sauvage: “Não
quero absolutamente condenar a filosofia anarquista,
clara e bela, impregnada de amor e de fraternidade, e
ensinada por santos, desde o sapateiro Jean Grave até
o príncipe Kropotkin. Isso seria uma má ação, pois ela
contém um pouco da grande esperança humana.”
Entre os pintores neo-impressionistas, Pissarro era
sem dúvida o que possuía a mais sólida formação políti-
ca. Paul Signac dizia, no entanto, ter sido formado por
Kropotkin, Élisée Reclus e Jean Grave. Ambos, assim
como Seurat e Maximilien Luce, eram colaboradores dos
jornais anarquistas. Classificado como suspeito após o
assassinato do Presidente Carnot, Pissarro teve até que
se refugiar na Suíça.
Oscar Wilde e Alfred Jarry também reclamavam a
anarquia, tanto por suas atitudes e provocações quanto
por suas obras.
Embora o simbolismo e o neo-impressionismo tenham
sido estreitamente ligados às teorias anarquistas, a te-
oria libertária encontra-se de modo mais evidente no
romancista popular Michel Zevaco, que se dizia discípu-
lo de Louise Michel e de Jules Vallès, e que foi preso em
1892 por seu elogio da ação direta. Colaborador do jornal
Le Libertaire, de 1893 a 1918, ele fará passar em sua
série de Pardaillan a idéia do herói sem mestre. A filo-
sofia anarquista, veiculada por romances de capa e espa-
da, irá assim marcar muitos leitores populares e mesmo
infantis, como Jean-Paul Sartre, que dirá, em As Pala-
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É o bastante? ou...
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William Gibson e cyberpunk: reflexão ou antecipação?
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Para além do gênero
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Para além do gênero
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Michel Foucault: um rosto desenhado na areia
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um rosto desenhado na areia tony hara*
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mantida a custa de permanecermos sempre prisionei-
ros do já dito, do já visto e sentido, ou ainda os cami-
nhos já dados pelas leis que não cessamos de criar,
pela razão necessária que nos induz a determinar pon-
tos de chegada e de partida, aqueles pelos quais nos
levam os guias impelindo-nos à retidão moral e dos
sentidos. “Cada um de vocês cuidará bem disso” (p.
67), declara Thoreau, logo no primeiro parágrafo, aler-
tando-nos quanto ao hábito que adquirimos de procu-
rar reconhecer em qualquer lugar as marcas do já co-
nhecido, do já sabido.
É deste modo que Thoreau distingue-se dos trans-
cendentalistas norte-americanos, seus contemporâ-
neos, mas é sobretudo deste modo que Thoreau dis-
tingue seus leitores. Aqueles cuja rebeldia há muito
se separou da selvageria e seus percursos, confun-
dindo-se com as trajetórias seguras da política e da
moral, e aqueles para quem caminhar é tomar a pai-
sagem como meio a ser explorado, experimentando
outros funcionamentos com os elementos dados, uma
paisagem que comporta, aquém e além do que é dado,
um certo regime de intensidades, não determináveis;
paisagens táteis, sonoras, auditivas e visuais que se fa-
zem e desfazem nos percursos inventados na errância.
Pois trata-se, como afirma Thoreau no início de Cami-
nhando, de “dizer uma palavra em favor da natureza,
da liberdade e da selvageria; uma palavra que não se
reduza às acusações e queixas de uma época, aos la-
mentos chorosos dos impotentes para quem o “mundo
termina aqui, no leste implacável no qual vivem de
compreender a história e refazer os passos da raça”
(p. 84); uma palavra que exprima o furor, a selvageria,
que nenhuma civilização poderia suportar, uma pala-
vra que somente aqueles que se lançam à errância
não cessam de inventar.
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NU-SOL
Publicações do Núcleo de Sociabilidade Libertária, do Programa de Estudos
Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP.
hypomnemata
Boletim eletrônico mensal, 1999-2006
vídeos
Libertárias, 1999
Foucault-Ficô, 2000
Um incômodo, 2003
Foucault, último, 2004
Manu-Lorca, 2005
A guerra devorou a revolução. A guerra civil espanhola, 2006
CD-ROM
Um incômodo, 2003 (artigos e intervenções artísticas do Simpósio Um
incômodo)
Coleção Escritos Anarquistas, 1999-2004
1. a anarquia Errico Malatesta
2. diálogo imaginário entre marx e bakunin Maurice Cranston
3. a guerra civil espanhola nos documentos anarquistas C.N.T.
4. municipalismo libertário Murray Bookchin
5. reflexões sobre a anarquia Maurice Joyeux
6. a pedagogia libertária Edmond-Marc Lipiansky
7. a bibliografia libertária — um século de anarquismo em língua portugue-
sa Adelaide Gonçalves & Jorge E. Silva
8. o estado e seu papel histórico Piotr Kropotkin
9. deus e o estado Mikhail Bakunin
10. a anarquia: sua filosofia, seu ideal Piotr Kropotkin
11. escritos revolucionários Errico Malatesta
12. anarquismo e anticlericalismo Eduardo Valladares
13. do anarquismo Nicolas Walter
14. os anarquistas e as eleições Bakunin, Kropotkin, Malatesta, Mirbeau,
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Berkman
Colombo
Enckell
Livros
Edson Passetti (org.). Kafka-Foucault, sem medos. São Paulo, Ateliê Editorial,
2004.
Editora/Nu-Sol, 2003.
Imaginário/Nu-sol, 2001.
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2006
Identificação:
Resumo:
Notas explicativas:
Citações:
I) Para livros:
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Revista Verve
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