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O Efeito Mozart é um termo usado para fazer referência aos poderes de transformação da música
na saúde, educação e bem-estar. Representa, de uma maneira genérica, o uso da música para
reduzir o estresse, a depressão e a ansiedade; induzir o relaxamento e o sono; restaurar o corpo;
melhorar a memória e o estado de alerta.
A MÚSICA DE MOZART
O Dr.Tomatis descobriu que a música de Mozart acalmava e melhorava a percepção espacial e
permitia que o ouvinte se expressasse com maior clareza, comunicando-se com o coração e a
mente. O ritmo, a melodia, a excelência de execução e as altas freqüências da música de Mozart
claramente estimulavam e impregnavam as áreas criativa e motivacional do cérebro. Mas talvez o
segredo da sua magnitude seja porque ela soa pura e simples. Mozart não tece uma tapeçaria
deslumbrante como o grande gênio matemático de Bach. Não provoca ondas de emoções como o
epicamente torturado Beethoven. Sua obra não tem a rígida simplicidade de um Canto Gregoriano.
Não acalma o corpo como uma boa música folclórica, nem atira em movimento como um astro de
rock. Ele é, ao mesmo tempo, profundamente misterioso e acessível e, acima de tudo, destituído
de malícia. Daí a sua aura de Eterna Criança. Sua graça, seu encanto e sua simplicidade nos
permitem divisar uma sabedoria mais profunda dentro de nós.A expressão estrutural e emocional
ajuda a esclarecer a percepção tempo/espaço. A estrutura do rondó e da sonata-allegro constitui a
forma básica na qual o cérebro torna-se familiar com o desenvolvimento das idéias.
O tira-teima veio mais recentemente, quando Shaw e colegas usaram aparelhos de ressonância
magnética para mapear as áreas do cérebro que são ativadas pela música – ressonância
magnética funcional. Percebeu-se então que, além do córtex auditivo, onde o cérebro processa os
sons, a música também ativa partes associadas com a emoção e, com Mozart, o cérebro todo se
“acende”. Apenas ele ativa áreas do cérebro envolvidas com a coordenação motora, visão e outros
processos mais sofisticados do pensamento. Infelizmente, tal aparelho não explica a razão desse
fenômeno.
De todo modo, esse trabalho científico provou indubitavelmente que o ensino da música aumenta
muito a capacidade mental das crianças. Se elas forem apresentadas a Mozart bem cedo, quando
ainda estão desenvolvendo sua rede neural, o resultado positivo pode durar para toda a vida,
alegam os especialistas.A composição usada como carro-chefe das pesquisas é a Sonata para
dois pianos, em Ré Maior, K.448. Há grande destaque, também, para os Concertos para violino nºs
3 , em Sol Maior K.216 e nº 4, em Ré Maior K.218.
O Efeito Mozart é a pedra de Rosetta para o código ou linguagem internas de funções cerebrais
superiores.
O PODER DA MÚSICA
A idéia de que a música tem certas propriedades e poderes que podem aguçar nossa mente e
transformar nossa alma é muito antiga. Essa era a base da civilização de Confúcio, de Pitágoras e
seus seguidores e do Estado Ideal de Platão.Pitágoras dizia que a música era divina, pois era
formada/construída por intervalos musicais que podiam ser definidos por proporções matemáticas.
Os pitagóricos acreditavam que os números eram o centro do universo. Como os números não
mudam, eles eram de origem divina. Logo, os intervalos musicais eram também divinos, pois
representavam a expressão de um número.Platão foi quem colocou a música no patamar mais
alto. Em “A República”, ele desenvolve a teoria da “doutrina de ethos”. Nessa obra, Platão
descreve a idéia de um Estado Ideal e como educar os meninos de maneira a se tornarem líderes.
Segundo ele, duas coisas eram necessárias na educação fundamental dessas crianças: ginástica,
para treinar o corpo, e música, para moldar o espírito. Somente a música do modo Dório e Frígio
era permitida, pois só ela desenvolveria a bravura nas crianças.
Apesar do Estado Ideal de Platão nunca ter sido colocado em prática, suas idéias musicais nunca
foram esquecidas.
“ALÉM DE AMADEUS”
O Canto Gregoriano usa os ritmos da respiração natural para criar uma sensação de amplidão
descontraída. É excelente para o estudo e a meditação silenciosas e pode reduzir o estresse.
A música barroca mais lenta (Bach, Handel, Vivaldi, Corelli) comunica uma sensação de
estabilidade, ordem, previsibilidade e segurança e cria um ambiente mentalmente estimulante para
o estudo e o trabalho.
A música clássica (Haydn e Mozart) tem clareza, elegância e transparência. Pode melhorar a
concentração, a memória e a percepção espacial.
Jazz, blues, Dixieland, soul, calipso, reggae e outras formas de música e dança provenientes
da expressiva herança africana, podem animar e inspirar, liberar profunda alegria e tristeza,
transmitir agudeza e ironia e afirmar nossa humanidade comum.
Salsa, rumba, merengue, macarena e outras formas de música latina têm um ritmo vivo e uma
batida que pode fazer o coração disparar, aumentar a respiração e coloca em movimento o corpo
inteiro. O samba, entretanto, tem a rara capacidade de acalmar e despertar ao mesmo tempo.
As músicas de big bands, pop, top 40 e country podem inspirar movimentação leve a
moderada, engajar as emoções e criar uma sensação de bem-estar.
O rock e o pop de artistas como Elvis Presley, Rolling Stones ou Michael Jackson podem sacudir
as paixões, estimular uma movimentação ativa, liberar tensões, mascarar dores e reduzir o efeito
de outros sons, altos e desagradáveis, no ambiente. Também podem criar tensão, dissonância,
estresse e dor no corpo quando não estamos dispostos a ser entretidos de forma enérgica.
A música ambiente ou New Age, sem ritmo dominante (por exemplo, a música de Steven Halpern
ou Brian Eno), prolonga nossa sensação de espaço e tempo e podem induzir um estado de alerta
descontraído.
Heavy metal, punk, rap, hip hop e grunge podem estimular o sistema nervoso, levando a um
comportamento dinâmico e à auto-expressão. Também podem sinalizar a outras pessoas (em
especial adultos que vivem na mesma casa que seus adolescentes musicalmente invasivos), a
profundidade e a intensidade do tumulto interior da geração mais jovem e sua necessidade de
liberação.
Músicas religiosas e sacras, inclusive tambores xamânicos, hinos de igreja, música gospel e
spirituals, podem nos levar a sentimentos de profunda paz e consciência espiritual. Elas também
podem ser notavelmente úteis para nos ajudar a transcender – e aliviar – nossa dor.