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Vendar os Olhos:
A Simbologia da Venda na Iniciação Maçônica
Introdução
A Visão
“Os olhos são a janela da alma, o espelho do mundo” (Leonardo Da Vinci).
Temos cinco sentidos sensoriais que nos ligam ao mundo exterior, dos
quais a visão é o mais importante.
A Ilusão
“Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”. (Saint-Exupéry).
O filósofo grego Platão, nascido em 428 a.C (há quase 2.500 anos!),
acreditava que o mundo que conhecemos não é o verdadeiro. Para ele, a
realidade não está no que podemos ver e que, para atingir a verdade e o bem,
devemos nos libertar da sedução da visão e nos guiar pela razão. Platão nos
mostrou a distinção entre aparência e realidade. Na sua Alegoria da Caverna ele
disse que as pessoas vivem como se estivessem aprisionadas, desde a infância,
numa caverna escura, acorrentadas de frente para uma parede e de costas para
a entrada, onde tem uma fogueira acesa que projeta sombras de coisas e de
pessoas que estão do lado de fora. É tudo o que podem ver e, erradamente,
consideram as sombras como sendo verdadeiras. Porém, se um dos prisioneiros
conseguisse se libertar e saísse da caverna, de início seus olhos seriam
ofuscados pela luz, mas aos poucos perceberia que o que via no interior da
caverna eram apenas sombras e começaria, então, a ter consciência de que vivia
num mundo de aparências, de ilusão e de ignorância. Platão ainda pergunta o
que aconteceria a esse homem se ele descesse novamente à caverna para
contar a seus amigos o que havia descoberto. Em princípio seus olhos
demorariam a acostumar-se às trevas novamente e certamente ele seria
ridicularizado, hostilizado e até ameaçado de morte pelos prisioneiros que não
acreditariam nas suas “fantasias”.
Esta Alegoria ainda hoje pode nos mostrar que aquilo que acreditamos
como real pode ser uma ilusão. Portanto, é importante ter a consciência de que
os nossos olhos não podem nos revelar a verdade e a essência do que vemos.
Esta é a maneira mais segura de formar uma concepção mais fiel do mundo em
que vivemos, porque a visão clara da realidade só é obtida através da percepção
da verdadeira Luz, que é o ponto de partida para o crescimento e o
aperfeiçoamento humano, que são obtidos por intermédio da razão, pela busca
do conhecimento, da justiça e da Verdade.
Como veremos mais adiante, é bom prevenir que há uma distinção entre
a caverna platônica e a maçônica: Dentro da caverna de Platão estão as trevas e
as ilusões, e fora dela existem a luz e a realidade. Na Caverna Iniciática, segundo
Guenon, ao invés de ser um lugar tenebroso, é iluminada interiormente. Fora
dela, ao contrário, reina as trevas, as aparências e a ignorância. Isto porque, de
acordo com o mesmo autor, no simbolismo maçônico as “Luzes” encontram-se no
interior na Loja, e não é por acaso que a palavra Loja [do sânscrito loka, que
significa mundo] deriva de uma raiz cujo sentido designa a Luz.
Vendar os Olhos
“Conheça-te a ti mesmo” (Sócrates).
prolongada e profunda para que tenha uma compreensão mais realista e coerente
de si mesmo.
Mas para refletir sobre nós mesmos é necessário que estejamos isolados
e abstraídos. É preciso olhar unicamente para “dentro” sem se distrair com o que
se passa lá fora. Neste contexto, o uso da venda contribui para fugirmos das
“idéias prontas”, isto é, das nossas crenças, preconceitos e prejulgamentos.
local em que passará pela sua primeira morte e o seu primeiro renascimento
ritualístico. Concluída esta primeira prova o candidato, agora recipiendário, terá
novamente os olhos vendados para ser conduzido à porta do Templo ― lugar que
separa o mundo profano da realidade sagrada vivenciada em Loja (“Quem é o
temerário que ousa interromper os nossos AAug.·. TTrab.·.?). Em seguida ele
deverá transpor as demais provas para confrontar-se com os dilemas da
existência humana e passar pelas purificações. Finalmente, e se tiver passado
incólume por todas as provas, ele adquire o direito de receber a Luz e o privilégio
de, já como neófito, ser admitido às revelações dos Augustos Mistérios.
Conclusão
“Não, não tenho caminho novo. O que tenho de novo é o jeito de caminhar”.
(Thiago de Mello).
Dizem que o pior cego é aquele que não que ver. É o insensível que,
deliberadamente, “venda” os próprios olhos e passa a ignorar as aflições dos
seus semelhantes e as preocupações do mundo em que vivemos.
Referência Bibliográfica
Consultas na Internet
1. “A Percepção do Mundo”. Antonio Rogério. Consulta em 10/08/2005. In:
http://an.locaweb.com.br/Webindependente/CienciaCognitiva/cognitiva_da_perce.
htm
2. “A Teoria da Cognição”. Consulta em 03/08/2005. In:
http://www.jornalinfinito.com.br/series.asp?cod=6
3. “O Sétimo Sentido”. Consulta em 01/09/2005. In:
http://www.cerebronosso.bio.br/paginas/expsete.html
4. “Ilusões: O Olho Mágico da Percepção”. Marcus Vinícius C Baldo e Hamilton
Haddad. Consulta em 15/08/2005. In:
http://www.neuroinfo.fm.usp.br/cursos/mpt5775/Baldo%20&%20Haddad%202003.pdf
5. “O Belo”. Michel Random. Consulta em 30/08/2005. In:
http://www.suigeneris.pro.br/filo_obelo.htm
6. “A Natureza da Experiência Mística”. Joy Mills. Consulta em 15/08/2005. In:
http://www.sociedadeteosofica.org.br/
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