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Artroplastia Bilateral da Tacícula Radial – Caso Clínico

Teresa Magalhães1, Carlos Dias1, Gonçalo Martinho1, Rui Faustino1, Francisco Infante2

Serviço de Ortopedia – Hospital de Santarém

(Director - Dr. Francisco Luís)

1
Interno do Internato Complementar de Ortopedia
2
Assistente Hospitalar Graduado de Ortopedia

Introdução

As fracturas da tacícula radial constituem aproximadamente 30% de todas as fracturas


do cotovelo.1 O tipo de fractura, as lesões associadas e a qualidade óssea são
importantes factores a ter em conta na tomada de decisão sobre o tratamento. As
opções terapêuticas incluem o tratamento conservador com imobilização gessada, a
redução aberta com fixação interna, a taciculectomia e a artroplastia. Para fracturas
muito cominutivas, a tentativa de osteossíntese pode resultar em grandes dificuldades
e complicações graves2. A taciculectomia, muito advogada durante anos nos casos em
que a redução anatómica não era possível, está actualmente a cair em desuso.
Apesar de vários casos com bons resultados, estão descritas complicações
resultantes deste procedimento, nomeadamente a instabilidade em valgo, a rigidez
articular e a migração proximal do rádio2. A literatura actual recomenda a artroplastia
da tacícula radial quando, à fractura cominutiva da tacícula, se associa lesão do
ligamento colateral interno, da membrana interóssea ou luxação do cotovelo3,4. Alguns
autores recomendam a artroplastia mesmo nas fracturas cominutivas isoladas da
tacícula radial sem lesões associadas, sempre que não seja possível a reconstrução
anatómica e quando se trata de doentes jovens e saudáveis3.

1
Caso Clínico

Os autores apresentam o caso clínico de um doente de 44 anos de idade, sexo


masculino, sem antecedentes pessoais relevantes, que recorreu ao Serviço de
Urgência no dia 06/06/2008 por queda de bicicleta com apoio bilateral sobre as mãos
com os cotovelos em flexão. À entrada apresentava-se consciente e orientado,
eupneico, hemodinamicamente estável, com deformidade de ambos os cotovelos
compatível com luxação posterior. Sem défices neurocirculatórios de ambos os
membros superiores. As radiografias realizadas mostraram fractura bilateral da
tacícula radial tipo IV de Mason (fig. 1 e 2).

Fig.1 – Cotovelo direito (RX inicial) Fig.2 – Cotovelo esquerdo (RX inicial)

O doente foi submetido inicialmente a redução incruenta das luxações e imobilização


com talas gessadas posteriores braquipalmares durante 3 semanas. Dada a
cominução das fracturas associada a instabilidade bilateral dos cotovelos, optou-se
pela artroplastia bilateral das tacículas radiais, efectuada à 3ª semana pós-acidente,
com boa evolução pós-operatória (fig. 3 e 4). Iniciou fisioterapia ao 4º dia pós-
operatório, com excelente recuperação funcional. Foi seguido regularmente em
consulta de Ortopedia.

2
Fig.3 – RX pós-operatório (AP) Fig.4 – RX pós-operatório
(perfil)

Actualmente, com 22 meses de follow-up, apresenta uma excelente mobilidade


bilateral dos cotovelos, sem défices de extensão. O doente não refere queixas e
retomou a sua actividade profissional e os seus hobbies, nomeadamente a prática
desportiva. Apresenta neuropatia do cubital à direita (fig. 5).

Fig. 5 – Mobilidade actual

Discussão

Este caso clínico constitui uma situação relativamente invulgar, na qual o mesmo
doente, no mesmo acidente, sofreu uma fractura cominutiva de ambas as tacículas
radiais com luxação posterior dos cotovelos. Optou-se pela artroplastia de substituição
das tacículas radiais, cada vez mais apoiada pela literatura2,3,4, com um excelente
resultado funcional que, seguramente, não seria atingido com outra opção terapêutica.
Estudos recentes defendem a artroplastia da tacícula radial neste tipo de fracturas e
mostram bons resultados, nomeadamente cotovelos estáveis, indolores e sem
deformidades angulares, o que se verificou neste caso.

Bibliografia

1. Grewal, R, MacDermid, JC, Faber, KJ, Drosdowech, DS, King, GJW. Comminuted
Radial Head Fractures Treated with a Modular Metallic Radial Head Arthroplasty.
Study of Outcomes. J Bone Joint Surg Am. 2006; 88:2198-2200.

3
2. Shore, BJ, Mozzon, JB, MacDermid, JC, Faber, KJ, King, GJW, Chronic
Posttraumatic Elbow Disorders Treated with Metallic Radial Head Arthroplasty. J Bone
Joint Surg Am. 2008; 90:271-280.

3. Antuña, SA, Sánchez-Márquez, JM, Barco, R. Long-Term Results of Radial Head


Resection Following Isolated Radial Head Fractures in Patients Younger Than Forty
Years Old. J Bone Joint Surg Am. 2010; 92:558-556.

4. Bain GI, Baird AR, Unni R, Management of Mason tipe-III Radial Head Fractures
with a Titanium Prosthesis, Ligament Repair and Early Mobilization, J Bone Joint Surg
Am. 2005; 87: 136-147.

5. Ring D, Jupiter JB, Current Concept Review – Fracture-Dislocation of the Elbow. J


Bone Joint Surg. 1998; 80: 566-580.

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