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I – INTRODUÇÃO

II – GENERALIDADES AO ESTUDO

II.1 – ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO

II.1.a – CULPA

II.1.b – DOLO

II.2 – CRIMES COMUNS E PRÓPRIOS

II.3 – REPONSABILIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA

II.4 – CRIME OMISSIVO E COMISSIVO

III – RESPONSABILIDADE MÉDICA

III.1 – NATUREZA JURÍDICA DA RELAÇÃO ENTRE MEDICO E PACIENTE

III.2 – ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE MÉDICA

III.3 – CONSENTIMENTO DO CLIENTE PARA REALIZAR O TRATAMENTO

III.5 – ERRO DE TÉCNICA

III.6 – ERRO MÉDICO

IV – RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA DO MÉDICO

V – REPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO

VI – RESPONSABILIDADE PENAL DO MÉDICO

VII – CONCLUSÃO

VIII – BIBLIOGRAFIA
Direito Penal II Responsabilidade Médica Administrativa, Civil e Penal

I – INTRODUÇÃO

No campo médico, onde os mais variados fatores influem direta ou indiretamente, é lógico esperar
a ocorrência de erros, não só da parte do médico, mas também de todo o sistema de saúde. Isso abrange desde a falta
de materiais básicos para tratamento de urgência até o modo de planejamento sanitário.

O paciente, diante do médico, o tem como uma figura mágica, que lhe sanará todos os males,
sendo a possibilidade divina de expurgar o "mal", trazer nova vida ou matar, através da intervenção cirúrgica. Este
médico, detém a força sobre a vida e a morte. Analogamente, tem o poder de salvar e reparar o mal. Freud, em seu
artigo intitulado "O Futuro de Uma Ilusão", enfoca a busca incessante do Homem aos mitos, crenças, religiões e
deuses, quando se vê diante da escassez de seus próprios recursos.

Porém, sabemos que maus profissionais existem e é para eles que o direito deve convergir suas
força, visando uma garantia maior da saúde e da vida dos cidadãos. Reprimindo condutas despreocupadas com as
responsabilidades inerentes a cada homem que se pós a viver em coletividades.

II – GENERALIDADES AO ESTUDO

Para iniciarmos nosso estudo, trataremos primeiramente de alguns conceitos inerentes a ele com o
escopo de não ocorrermos em tropeços durante o caminho. Por não serem os conceitos expostos nesta fase de nosso
trabalho, o nosso objetivo, trataremos rapidamente de cada um.

III.1 - ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO

As condutas descritas no tipo penal somente serão criminosa quando ocorrerem por culpa do
agente que as praticar. Culpa aqui usamos no sentido lato, onde encontramos o dolo e a culpa "stricto sensu". O
crime par ser imputado ao agente exige que a conduta por ele praticada seja dolosa ou culposa; não sendo, não
poderá se falar em conduta criminosa, pois o tipo penal exige o elemento subjetivo e não aceitando em nenhuma
hipótese a teoria da Responsabilidade Objetiva. Vejamos o conceito de dolo e culpa.

III.1.A – DOLO

No magistério de Damásio, dolo é “a vontade de concretizar as características objetivas do tipo” e


continua esclarecendo que é o dolo “elemento subjetivo do tipo (implícito)” 1. É, dessa forma, o dolo, a vontade
consciente de realizar a conduta descrita no tipo penal.

Pelo conceito retiramos os dois elemento do dolo: vontade e consciência. Na falta de qualquer dos
dois, não ocorrerá o agente em conduta típica. A consciência é o conhecimento do fato que constitui a ação típica;
deve o agente ter conhecimento que sua conduta é tipifica pelo Direito Penal. A vontade é a intenção livre de realizar
a figura do tipo; havendo alguma força externa agindo sobre a vontade do agente, não será ele responsável pela
conduta ou será responsabilizado em parte. É o que tiramos dos ensinamento do mestre Mirabette2.

O dolo pode ser direto ou indireto. Será direto quando o agente praticar a conduta com vontade
consciente querendo o resultado; e será indireto “quando a vontade do sujeito não se dirige a certo e determinado
resultado”3. O dolo indireto pode ser alternativo (quando a vontade do agente está dirigida a produzir um ou outro
resultado) e eventual (quando o agente pratica um conduta não querendo o resultado conseguindo mas também não
se importando com a sua consumação, ainda que sabendo da probalidade de sua ocorrência). Este para este trabalho
o mais importante. Mirabette esclarece que “há dolo eventual, portanto, quando o autor trem seriamente como
possível a realização do tipo legal se praticar a conduta e se conforma com isso”4.

1
JESUS, Damásio E. de; DIREITO PENAL – 1.º Volume, Parte Geral; Editora Saraiva; 1999; SÃO PAULO-SP; p. 283.
2
MIRABETTE. Júlio Fabbrini; MANUAL DE DIREITO PENAL – Volume 1, Parte Geral; Editora Atlas S.A.; 1999; SÃO PAULO-SP; p. 140.
3
JESUS, Damásio E. de; ob. cit.; p. 286.
4
MIRABETTE. Júlio Fabbrini; ob. cit.; p. 141.

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Por fim, temos o conceito do Código Penal pátrio, que assim dispões em seu art. 18, I: “doloso (o
crime), quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”.

II.1.B – CULPOSO

Fabbrini Mirabette adota o seguinte conceito de crime culposo “conduta voluntária(ação ou


omissão) que produz resultado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que podia,
com a devida atenção ser evitado”5.

Dessa maneira conseguimos saber que culpa estrita é o dever de diligência6.

Elemento que forma a culpa e de importância para nosso estudo é inobservância do cuidado
necessário e suas formas de manifestação: imprudência, neglig6encia e imperícia.

Imprudência é a prática de um fato perigoso. Negligência é a ausência de precaução ou indiferença


em relação ao ato realizado. Damásio as distingui da seguinte maneira: “enquanto na negligência o sujeito deixa de
fazer alguma coisa que a prudência impõe, na imprudência ele realiza uma conduta que a cautela indica que não
deve ser realizada”7. Imprudência é uma conduta positiva(dirigir em alta velocidade) enquanto a negligência,
negativa(não realizar revisão periódica no veículo). Fica restando a imperícia que Mirabette bem conceitua como
sendo “a incapacidade, a falta de conhecimento técnicos no exercício de arte ou profissão, não tomando o agente em
consideração o que sabe ou deve saber”8. O mestre ainda esclarece que a imperícia não se confunde com o erro
profissional, “este ocorre quando, empregando os conhecimentos normais da Medicina, por exemplo, chega o
médico à conclusão errada no diagnóstico, intervenção cirúrgica etc., não sendo o fato típico”9.

A culpa pode ser de espécie consciente e inconsciente. Será inconsciente quando “o resultado não
previsto pelo agente, embora previsível. É a culpa comum, que manifesta na imprud6encia negligência ou
imperícia”10. Será consciente a culpa quando “o resultado é previsto pelo sujeito, que espera levianamente que não
ocorra ou que possa evitá-lo”11. Devemos aqui diferenciar a culpa consciente do dolo eventual. Neste o agente prevê
o resultado, mas não se importa com sua ocorrência; na culpa consciente o agente prevê o resultado, mas,
levianamente, não acredita na sua ocorrência.

II.2 – CRIMES COMUNS E PRÓPRIOS

O crime é comum quando puder ser ele praticado por qualquer pessoa.

“Crime próprio é aquele que só pode ser cometido por determinada categoria de pessoas, pois
pressupõe no agente uma particular condição ou qualidade pessoal”12. É a mãe no infanticídio, o motorista nos
crimes de trânsito, o médico na omissão de notificação de doença que exige sua notificação.

II.3 – REPONSABILIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA

Responsabilidade subjetiva é aquele é fundamentada na culpa “stricto sensu” e no dolo. Para sua
comprovação, indispensável é a demonstração dolo ou da culpa e suas espécies. Jurandi Sebastião esclarece que
“nas relações individuais diretas com dano decorrente de ação ou omissão do agente contra a vítima, instala-se a
5
Idem; p.145.
6
Mirabette apresentam os elementos que compõe a culpa da seguinte forma: “conduta; inobservância do dever de cuidado objetivo; resultado
lesivo involuntário; previsibilidade; tipicidade”(ob. cit.; p. 145). Damásio inclui, ainda, a “ausência de previsão, além de deixar claro que a
inobservância do cuidado objetivo manifesta-se através da imprudência, negligência e imperícia” (ob. cit.; p. 294).
7
JESUS, Damásio E. de; ob. cit.; p. 296.
8
Ob. cit.; p. 149.
9
Idem; p. 150.
10
JESUS, Damásio E. de; ob. cit.; p. 297.
11
Idem; idem.
12
Idem; p. 188.

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responsabilidade com assento na culpa subjetiva. Ou seja, o causador do dano é responsável pela reparação porque
agiu diretamente com negligência, ou imprudência, ou imperícia. Nesta modalidade o agente não quer o resultado,
mas a ele deu causa direitamente”13. Na responsabilidade subjetiva deve o autor provar o dano, o nexo causal, que
não agiu com culpa própria e a culpa do agente.

“A característica fundamental do conceito de culpa objetiva reside na impossibilidade da vítima se


defender”14. E continua Jurandi dizendo que “por isso, nos casos de fato, o conceito de culpa objetiva emerge de
plano na percepção de todos, porque a vítima não tinha como se defender(exemplo de avião em pleno vôo) ou como
evitar por antecipação, quer pela imprevisibilidade do fato danos, quer pela impossibilidade de resultado diverso”15.
Na responsabilidade objetiva deve o interessado provar apenas o dano, o nexo causal e que não agiu com culpa
própria, não sendo necessário a comprovação de culpa do agente.

II.4 – CRIME COMISSIVO E OMISSIVO

O crime será comissivo quando for ele dotado de ação. Por ação entende Damásio ser “a que se
manifesta por intermédio de um movimento corpóreo tendente a uma finalidade” 16. E será omissivo quando falecer
de ação.

Os crimes comissivos não causam maiores complicações, o mesmo não se pode dizer dos
omissivos.

A omissão pode ser própria e imprópria. “Crimes omissivos próprios ou de pura omissão se
denominam os que se perfazem com a simples abstenção da realização de um ato, independentemente de um
resultado posterior. O resultado é imputado ao sujeito pela simples omissão normativa” 17.assim, percebe-se que os
omissivos próprios são tipificado. Já Mirabette bem conceitua os omissivos impróprios ou comissivos por omissão
da seguinte forma: “a omissão consiste na transgressão do dever jurídico de impedir o resultado, praticando-se o
crime que, abstratamente, é comissivo. A omissão é forma ou meio de se alcançar um resultado”18.

III – RESPONSABILIDADE MÉDICA

A vida em sociedade depende de normas que viabiliza. “o descumprimento das normas


estabelecidas acarreta sanção penal ou reposição material, ou ambas. Essa relação direito/dever denomina-se
responsabilidade, desde que presente a imputabilidade do agente, ou seja, consciência da conduta adotada”19. Pela
definição de Jurandi, observamos ser a responsabilidade da pessoa física, subjetiva. Depende da comprovação do
dano, do nexo causal, e da vontade consciente do agente.

III .1 – NATUREZA JURÍDICA DA RELAÇÃO ENTRE MÉDICO E PACIENTE

A responsabilidade médica é o objeto de nosso estudo. Para iniciarmos, devemos saber qual a
natureza do vínculo que liga o paciente ao médico. É através do conhecimento da natureza do vínculo que une o
médico ao paciente, que podemos saber qual o grau de responsabilidade imputada a cada um.

O vínculo que ume médico e paciente apresenta-se de natureza contratual tendo como objeto ora
os meios e ora os fins. O contrato pode ser verbal ou escrito, sendo o primeiro mais comum que o segundo,
especialmente nos contratos de meios. O contrato de meio, como observa Walter Boise, “o objeto não é a cura,
obrigação do resultado, mas a prestação de cuidados conscienciosos e atentos” 20. O mesmo autor apresenta exceção:
a cirurgia estética. Esta é de um contrato de fins. Em alguns casos pode ocorrem uma relação extracontratual, mas é

13
SEBASTIÃO, Jurandi; RESPONSABILIDADE MÉDICA CIVIL, CRIMINAL E ÉTICA; Editora Del Rey; 1998; BELO HORIZONTE-MG;
P. 22.
14
Idem; p. 23.
15
Idem; idem.
16
JESUS, Damásio E. de; ob. cit.; p. 237.
17
Idem; p. 193.
18
MIRABETTE. Júlio Fabbrini; ob. cit.; p. 131.
19
SEBASTIÃO, Jurandi; ob. cit.; p.20.

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a exceção. Como exemplo temos o médico que passando por um local onde ocorreu um acidente de trânsito, vê-se
compelido a prestar socorro sem nenhuma expectativa de retorno patrimonial.

A natureza contratual da relação que vincula médico paciente é de mister importância para se
apurar a responsabilidade civil do médico. Porém, a responsabilidade administrativa (que é uma responsabilidade
ética-profissional) e a responsabilidade penal onde impera o interesse público, não valem-se apenas dessa do ilícito
apurado no contrato. A peculiaridade do profissional da medicina lhe impõe deveres de solidariedade maiores que
aos cidadãos comuns e responsabilidades éticas, axiológicas, inerentes à seu conhecimento.

III.2 – ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE MÉDICA

De França apresenta-nos os cinco requisitos necessários à caracterização da responsabilidade


médica21:
1) o agente, médico, deve estar habilitado legalmente para exercer a medicina;
2) o resultado danoso deverá ser de um ato lícito, ou será imputada uma infração mais grave;
3) a culpa deve ser profissional, deve ela existir da atividade profissional;
4) o dano deve ser real e não de perigo;
5) deverá existir o nexo causal entre a conduta culposa e o resultado danoso.

Devemos ressaltar aqui que a responsabilidade médica deriva somente da culpa(imprudência,


negligência e imperícia). Querendo o resultado não há que se falar em responsabilidade médica stricto sensu, mas
em conduta dolosa e rigorosamente punível (eutanásia, envenenamento...).

III. 3 – CONSENTIMENTO DO CLIENTE PARA REALIZAR O TRATAMENTO

Extremamente sensível é saber quando o consentimento do cliente prepondera sobre a necessidade


do tratamento. Walter Bloise diz que o consentimento “é regra para toda operação que oferece perigo. Em alguns
casos, não pode ser dado, quando se trata da impossibilidade de manifestação da vontade do cliente” 22. A vontade do
paciente pode ser suprida pela da família nos casos de incapacidade volitiva e legal para tal.

III.4 – ERRO DE TÉCNICA

Já dissemos acima que erro profissional não se confunde com a imperícia. Teceremos mais alguns
comentários a respeito, sob a ótica do erro de técnica do profissional médico, o que não se confunde com erro
médico.

Bloise inicia o assunto dizendo ser “a matéria discutível. O juiz não deve entrar em apreciações de
ordem técnica quanto aos métodos científicos”23. Realmente tem o médico autonomia e conhecimento para saber
qual a técnica que deve ser usada naquela situação. Pode ocorrer que mesmo com esse conhecimentos, o profissional
faça um análise equivocada do quadro clínico do paciente e passe a prescrever tratamento errado. “É difícil se
configurar esse elemento caracterizador do erro médico. Isto porque a prescrição feita pelo médico vai depender da
reação orgânica do paciente. E cada um tem ou pode ter reações diversas dependendo do organismo. Em casos
clínicos, é quase impossível definir um erro de técnica, e em caso cirúrgico, a possibilidade é raríssima” 24; é o que
bem apresenta Bloise.

III.5 – ERRO MÉDICO

Emprestamo-nos do conceito de França, que apresenta o erro médico da seguinte forma: “o erro
médico, quase sempre por culpa, é uma forma atípica e inadequada de conduta profissional que supõe uma

20
BLOISE, Walter; A RESPONSABILIDADE CIVIL E O DANO MÉDICO, Legislação, Jurisprudência, Seguros e
o Dano Médico; 2.ª edição; Editora Forense; 1998; RIO DE JANEIRO-RJ; p. 89
21
FRANÇA, ; MEDICINA LEGAL; 4.ª edição; Editora Guanabara Koogan; 1995; RIO DE JANEIRO-RJ; p. 324.
22
BLOISE, Walter; ob. cit.; p. 90.
23
Idem; p.91
24
Idem p. 91.

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inobservância técnica, capaz de produzir um dano à vida ou à saúde do paciente” 25. O núcleo da conduta está na
inobservância técnica. Porém, para bem avaliar se há ou não erro médico “devem ser levados em conta as condições
do atendimento, a necessidade de ação e os meios empregados”26. Não se pode falar em erro médico quando o
profissional não dispunha de outros meios para realizar o tratamento; um acidente de avião, por exemplo, onde o
médico não disponha de meios para realizar testes em sangue que será empregado para transfusão num acidentado
que dependa urgentemente dessa providência, e esse sangue esteja com alguma contaminação, não há que se falar
em erro médico, pois, não era exigida ou conduta.

De França diferencia erro médico do acidente imprevisível e do mal incontrolável27. Aquele é


derivado caso fortuito ou força maior(a queda da força elétrica durante uma operação); já o mal incontrolável é
aquele decorrente de uma situação grave e de curso inexorável (doença cancerígena). Como podemos observar, nem
todo mal resultado é um erro médico.

O erro médico pode ser argüido sob duas formas de responsabilidade: a legal e a moral. A
responsabilidade legal dividi-se em duas: civil e penal; e são atribuídas especificamente ao Poder Judiciário. Já a
moral cabe ao Conselho de Medicina, por se tratar da ética profissional.

IV – RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA DO MÉDICO

Para ao exercício da medicina na exigível apenas a formação técnica na área. Deve o portador do
diploma em medicina, registrar-se no Conselho de Medicina e só a partir daí que será ele capaz de exercer a
profissão. A falta dessa exigência, causa o exercício ilegal de profissão.

Registrado, tem o médico que se conduzir dentro das premissas axiológicas de sua profissão.
Apesar da ética ser íntima de cada uma, não pode, e não poderia, o médico agir conforme seus conceitos éticos
próprios. O Código de Ética Médica, aprovado pela Resolução do Conselho Federal de Medicina n.º 1.246, de 08 de
janeiro de 1988, discrimina comportamentos que o médico ao se registrar no conselho, deverá passa a adotar e
respeitar. E no caso de descumprimento, sofrerá punições disciplinares que vão da advertência à cassação da
autorização para o exercício da profissão.

O CEM exigi do médico algumas condutas como por exemplo: obter consentimento prévio do
paciente para o procedimento médico ou prática terapêutica; ser comedido e eficiente, evitando exageros no
diagnóstico e no tratamento; tratar o paciente, ainda contra sua vontade, quando houver perigo de vida; não interpor
outra pessoa entre ele e paciente, durante o tratamento, exceto se fizer parte da equipe ou com o consentimento do
paciente; não exercer a medicina com forma comercial; não ter vínculo com farmácia, laboratório e ótica(o que
contraria o não comércio da medicina), entre outros. A desatenção ou o menoscaso para com esse preceitos,
ocasionará a abertura de procedimento administrativo para apurar o grau de culpabilidade ética do médico infrator.

A punição administrativa imposta pelo conselho, como bem ensina Jurandi Sebastião 28, não gera
qualquer título executivo na área civil ou responsabilidade penal. Mesmo condenado na via administrativa, terá o
profissional todo o direito de recorrer ao Judiciário para que não se executem as punições impostas pelo conselho
como terá o paciente direito de pedir na Justiça, mesmo quando absolvido pelo conselho, reparação patrimonial e
punição penal para o profissional culpado pelo erro.

O processo administrativo é meio idôneo que dispõe o Conselho de Medicina para julgar a
responsabilidade do médico frente a uma infração ética. O Código de Processo Ético-Profissional foi aprovado pela
resolução n.º 1.464, de 06 de março de 1996, e trás as diversas fase e procedimentos, que são as seguintes:
sindicância (art. 4.º a 7.º); instrução (art.8.º a 13); Depoimentos (art. 14 a 27); julgamento (art. 28 a 39); recursos
(art. 40 a 43); execução (art. 44 a 45); intimações e notificações (art. 46); nulidade (art. 47 a 53); revisão do processo
(art. 54 a 56); prescrição (art. 57 a 60).

25
FRANÇA, ; MEDICINA LEGAL; ob. cit.; p. 324.
26
Idem; idem.
27
Idem; idem.
28
SEBASTIÃO, Jurandi; ob. cit.; p. 30.

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V – RESPONSABILIDADE CIVIL DO MÉDICO

“O fundamento da responsabilidade civil está na alteração do equilíbrio social, produzida por um


prejuízo causado a um dos seus membros. O dano sofrido por um indivíduo preocupa todo o grupo porque,
egoisticamente, todos se sentem ameaçados pela possibilidade de, mais cedo ou mais tarde, sofrerem os mesmos
danos, maiores, iguais e até maiores. ‘(Hermes Rodrigues de Alcântara, Responsabilidade Médica, José Konfino
editor, Rio de Janeiro, 1971)’ ”29. Com essa introdução De França apresenta o assunto.

É a responsabilidade civil do médico é a reparação patrimonial do dano causado por sua culpa, por
meio de erro profissional, em virtude de relação de natureza contratual e excepcionalmente extracontratual de meios
ou fins.

A responsabilidade civil gira em torno de duas teorias: a subjetiva e a objetiva, que já expusemos
acima. Comprovando que o erro do profissional reuniu todos os elementos da responsabilidade, será atribuída a ele o
dever de reparar o dano sofrido pelo paciente. Como apresentamos acima, a responsabilidade pelo erro médico
ocorre somente quando identificada a existência de culpa stricto sensu. Porém, De França apresenta-nos nova
tendência dizendo que “o certo é que os tribunais até há algum tempo somente caracterizavam a responsabilidade
médica diante de um erro grosseiro ou de uma forma indiscutível de ignorância. Hoje, a tendência é outra: apenas a
força maior, aos atos de terceiros ou a culpa do próprio paciente isentariam o médico da responsabilidade” 30. É a
adoção da teoria de responsabilidade objetiva.

A nova tendência tem um caráter mais humanista para alguns e extremamente desumano para
outros. De França apresenta que “seus aspectos se voltam exclusivamente para o caráter político-econômico, tendo
como princípio mais aceito o da ‘repartição dos danos’”. A nova tendência se firma na natureza da relação jurídica
que ume paciente e médico: a natureza contratual. Assim, tiram de um plano subjetivo, onde é necessário provar-se a
conduta culposa, e põe-se a responsabilidade do médico em um plano material, objetivo, onde é necessário provar
apenas o dano e nexo causal.

De França dá término a este tópico com um certo ar de lamento a nova tendência, dizendo: “só nos
acode uma solução para o grave problema das demandas civis, contra médicos, oriundas do exercício da profissão:
a criação do seguro social médico”.

Mas dentro da doutrina tradicional, a responsabilidade médica civil deverá reunir todos os
elementos e comprovar a culpa.

Devemos lembrar, que a responsabilidade do hospital não se liga à do médico e vice-versa, exceto
quando solidários.

VI – RESPONSABILIDADE PENAL DO MÉDICO

Não há no Código Penal pátrio figura típica específica para o erro médico. A figura típica do art.
302 do Código Penal, “dar atestado falso”, somente será praticado por médico.

O aborto consentido quando praticado por médico, a eutanásia (auxílio ao suicídio), a omissão de
socorro não se classificam como erro médico, são crimes dolosos comuns.

O importante é lembramos que o erro médico para fins de aplicação do Direito Penal, será sempre
culposo.
Para se apurar a responsabilidade penal do médico é imprescindível a apuração da culpa. Se na
responsabilidade civil existe tendência de se aceitar a teoria da responsabilidade objetiva, no Direito Penal ninguém
pode ser sancionado sem que sua vontade consciente seja dirigida ao resultado. No caso do erro médico, essa
vontade consciente será culposa “stricto sensu”, na forma de imprudência, negligência ou imperícia. Se houver dolo

29
FRANÇA, ; ob. cit.; p. 329
30
Idem, idem.

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na conduta médica com o fim de causar o resultado, ainda que esse dolo seja eventual, deverá ser imputada a pena
do resultado doloso, além da qualificadora se houver.

Os crimes culposos não aceitam qualificadora. Se o médico por imprudência, negligência ou


imperícia, causa o resultado morte, não haveria que se falar em qualificadora. Porém temos o § 4, do art. 121 do CP
diz que é qualificado o “homicídio culposo ´se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou
ofício, ou se deixa de prestar imediato socorro ‘a vítima, não procurar diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge
para evitar a prisão em flagrante´”31, comprovado o erro médico, deverá o juiz aplicar a qualificadora. Como
exemplos podemos dar o exemplo por Mirabette onde o “médico não esteriliza os instrumentos que vai utilizar na
cirurgia ou empregar técnica não usual na execução desta”32.

O médico pode praticar, com sua conduta imprudente, negligente ou imperita, da lesão corporal
leve ao homicídio. O que dificulta a apuração do erro médico é saber se a técnica empregada pelo médico foi ou não
a condizente, como já dissemos acima. Um caso que será possível a identificação do erro médico, será quando o
médico deixa algum objeto no interior da vítima após uma cirurgia (imprudência). Nos casos de negligência como
no exemplo dano por Mirabette e que apresentamos no parágrafo anterior, dificilmente seria provado, uma simples
esterilização após, e a materialidade desapareceria e como o resultado disso apresentaria somente dias ou meses
depois, seria quase impossível provar. Já na imperícia a dificuldade é ainda maior, sendo o médico profissional
habilitado para o exercício da profissão, não haveria que se falar nessa forma de culpa, exceto se o profissional
utilizar de técnica não dominada ou aprovada pela medicina.

Enfim, o médico somente será responsabilizado penalmente quando for comprovada sua culpa
“stricto sensu”, o que torna essa via a menos procurada pelas vítimas.

VII – CONCLUSÃO

De uma relação humana entre médico e paciente a uma relação contratual, o médico deixou de ser
o amigo para ser o prestador, o contratado. O direito não pode e não fica apático a essa realidade. Deve o direito
evoluir frente as novas realidades sociais.

Por ser o médico pertencente a uma elite cultural, tem ele maior responsabilidade que o cidadão
comum. Não pode em seu exercício quase divino, aceitar a comercialização de seu serviço. É a medicina uma
profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e, em benefício dos quais deverá agir com o máximo
zelo e o melhor de sua capacidade profissional, consciente de que o doente não é uma mercadoria.

Deve o direito reprimir condutas despreocupas com os resultados danos aos cidadãos e ainda mais
quando esses resultados atingem o bem maior do homem: a vida e a vida com alegria, porque não é possível existir
felicidade sem saúde física e psíquica.

VIII – BIBLIOGRAFIA

- JESUS, Damásio E. de; DIREITO PENAL – 1.º Volume, Parte Geral; Editora Saraiva; 1999; SÃO PAULO-SP.
- MIRABETTE. Júlio Fabbrini; MANUAL DE DIREITO PENAL – Volume 1, Parte Geral; Editora Atlas S.A.;
1999; SÃO PAULO-SP.
- MIRABETTE. Júlio Fabbrini; MANUAL DE DIREITO PENAL – Volume 2, Parte Especial – art. 121 a 234 do
CP ; Editora Atlas S.A.; 1998 SÃO PAULO-SP.
- SEBASTIÃO, Jurandi; RESPONSABILIDADE MÉDICA CIVIL, CRIMINAL E ÉTICA; Editora Del Rey; 1998;
BELO HORIZONTE-MG.
-BLOISE, Walter; A RESPONSABILIDADE CIVIL E O DANO MÉDICO, Legislação, Jurisprudência, Seguros e o
Dano Médico; 2.ª edição; Editora Forense; 1998; RIO DE JANEIRO-RJ.
- FRANÇA, ; MEDICINA LEGAL; 4.ª edição; Editora Guanabara Koogan; 1995; RIO DE JANEIRO-RJ

31
MIRABETTE. Júlio Fabbrini; MANUAL DE DIREITO PENAL – Volume 2, Parte Especial – art. 121 a 234 do CP ; Editora Atlas S.A.; 1998
SÃO PAULO-SP; p. 79
32
Idem; p. 80

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