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Um dos poucos obstáculos que talvez possa arranhar a expansão das vendas de camphones em massa está na
bateria. Salgado observa que os celulares ainda consomem muita carga quando usados como câmeras. Por isso, as
câmeras digitais “puras” ainda podem manter seu espaço, mesmo sem crescimento geométrico. Outro ponto a favor
das câmeras digitais, é a possibilidade de o usuário contar com mais recursos. “Elas vão continuar com a preferência
dos hobbistas, por exemplo”.
Apesar dos números expressivos relacionados à multiplicação das camphones, Flávio Takeda, da Fujifilm, diz não
há possibilidade de substituição total das câmeras digitais “puras” pelas camphones porque as duas categorias são
dirigidas a mercados distintos.
Francisco Tadeu da Silva, gerente de vendas da T.Tanaka, distribuidora da Nikon, também não acredita nessa
possibilidade. “As camphones são para fotos eventuais, ninguém vai fazer fotos de férias ou da lua-de-mel, por
exemplo, com esse tipo de equipamento”.
A explosão do mercado de camphones assusta alguns fabricantes de câmeras digitais “puras”, mas não todos. Quem
fabrica câmeras, mas também atua no mercado de suprimentos para impressão, como é o caso da Kodak, está
comemorando. A empresa vê na convergência uma gente oportunidade de negócios e não uma ameaça.
“Nunca se fotografou tanto quanto agora. Para a Kodak quanto mais celulares com câmera que possam tirar fotos
de qualidade (pelo menos 2.0 Megapixels) melhor. A nossa aposta é que o consumidor ao clicar mais com o celular,
necessariamente imprimirá muito mais também”, afirma Fernando Bautista, diretor geral da divisão de fotografia da
Kodak Brasil.
Além disso, ele diz que a Kodak tem a chance de vender a tecnologia de fotografia para as empresas que fabricam
celulares com câmera. Hoje a maioria da tecnologia usada por essas empresas já é da Kodak.
Mudança de hábito
“A foto digital tornou o hábito de fotografar símbolo de status. Antes as pessoas escondiam as câmeras e hoje as
ostentam assim como o fazem com o celular. Isso influenciou os jovens que passaram a fotografar mais pela mesma
razão”, afirma Bautista, da Kodak.
Esse é um exemplo de como a tecnologia digital está mudando os hábitos das pessoas com relação à fotografia e
conquistando novos segmentos de mercado. É surpreendente o desejo de fotografar que a tecnologia desperta nos
usuários de todos os segmentos sociais.
“Antigamente, quem “sacasse” uma câmera fotográfica em um restaurante, barzinho ou estação de trem era visto
como cafona. Também as pessoas só se lembravam de suas câmeras quando iam viajar. Hoje é normal você ver as
pessoas se fotografando ou tirando fotos com amigos em qualquer tipo de ambiente. O produto passou a fazer parte do
dia-a-dia do consumidor”, afirma Cláudio Rosenbaum.
A fotografia digital que inicialmente era consumida principalmente pelas classes A e B, começa a fazer parte
também do dia-a-dia das pessoas da classe C, graças à queda nos preços e às facilidades de pagamento. “Com a
variedade de modelos e opções de preços e de pagamento disponíveis no mercado muitas pessoas já têm condições de
adquirir sua primeira câmera digital”, afirma Tadeu da Silva.
Pesquisas indicam os usuários de câmeras digitais tiram em média 480 fotos/ano contra 120 fotos/ano tiradas pelos
usuários de câmeras analógicas. Em 2005 a estimativa é que o número de fotos tiradas com câmeras digitais,
excluindo as camphones, chegue a um total de 1,5 bilhão de fotos. Somando os mercados de fotografia clássica -como
alguns fornecedores preferem chamar a tecnologia analógica- e a fotografia digital o mercado global de fotografia
deverá faturar US$ 105 bilhões, em 2008.