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PRORROGAÇÃO DO PRAZO DA LICENÇA-

MATERNIDADE
Leone Pereira da Silva Junior1

A Lei n. 11.770, de 9 de setembro de 2008, publicada no DOU


de 10.9.2008, cria o Programa Empresa Cidadã, destinado à prorrogação da
licença-maternidade mediante concessão de incentivo fiscal.
O aludido programa tem por objetivo a prorrogação por 60
(sessenta) dias da duração da licença-maternidade prevista no inciso XVIII
do art. 7º da Constituição Federal de 1988 – 120 (cento e vinte) dias.
Com efeito, a prorrogação será garantida à empregada da
pessoa jurídica que aderir ao Programa, desde que a empregada a requeira
até o final do primeiro mês após o parto. Se houver o requerimento, a
prorrogação será concedida imediatamente após a fruição da licença-
maternidade constitucional.
Neste diapasão, com fulcro no consagrado princípio da
isonomia, a prorrogação também será garantida, na mesma proporção, à
empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de
criança.
Ademais, a Administração Pública Direta e Indireta fica
autorizada a instituir programa que garanta prorrogação da licença-
maternidade para suas servidoras, o que já vem ocorrendo em alguns
Estados e Municípios.
Vale ressaltar que, durante esse período de elastecimento, a
empregada terá direito à sua remuneração integral, nos mesmos moldes
devidos no período de percepção do salário-maternidade pago pelo Regime
Geral da Previdência Social.
Outrossim, no referido período, a empregada não poderá
exercer qualquer atividade remunerada e a criança não poderá ser mantida
em creche ou organização similar. Em caso de descumprimento dessa
assertiva, a empregada perderá o direito à prorrogação.
A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá
deduzir do imposto devido, em cada período de apuração, o total da
remuneração integral da empregada pago nos 60 (sessenta) dias de
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Leone Pereira da Silva Junior é Advogado. Pós-Graduado em Direito do Trabalho e Direito Processual
do Trabalho pela Universidade Cândido Mendes – UCAM / RJ. Especialista em Direito do Trabalho com
Capacitação para o Ensino no Magistério Superior pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus
(FDDJ) / SP. Mestrando em Direito pela Pontifícia Universidade Católica – PUC / SP. Professor de
Direito do Trabalho e Direito Processual do Trabalho do Complexo Jurídico Damásio de Jesus (CJDJ) e
da Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus (FDDJ). Professor de Direito do Trabalho, Direito
Processual do Trabalho e Direito Processual Civil do Curso Robortella. Professor de Direito do Trabalho,
Direito Processual do Trabalho e Direito Processual Civil do Curso Unilearn. Professor de Direito do
Trabalho e Direito Processual do Trabalho do Instituto de Desenvolvimento Jurídico e Aperfeiçoamento
Cultural – IDEJUR. Professor de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Direito
Processual Civil do Curso Formação.

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prorrogação de sua licença-maternidade, vedada a dedução como despesa
operacional.
Esse dispositivo seria aplicável às pessoas jurídicas
enquadradas no regime de lucro presumido e às optantes pelo Sistema
Integrado de Pagamentos de Impostos e Contribuições das Microempresas
e Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES. Não obstante, esse ideário foi
vetado pelo Presidente da República, nos termos do § 1º do art. 66 da
CF/88, por contrariedade ao interesse público e inconstitucionalidade.
Diante dessa exposição dos principais dispositivos da lei em
comento, procurarei consignar pontos favoráveis e desfavoráveis, fruto de
reflexões preliminares sobre o tema. O meu objetivo não é o de esgotar o
estudo, mas apenas incitar a reflexão.
Como pontos favoráveis, podemos citar: maior contato da mãe
com a criança, trazendo indubitáveis benefícios para a formação emocional
e biológica da criança (crianças mais saudáveis e estáveis
emocionalmente), além do bem-estar da empregada; coaduna-se com o
princípio da função social da empresa e sua responsabilidade social; caráter
social da norma jurídica; redução de custos para a empresa através dos
incentivos fiscais.
De outra sorte, como pontos desfavoráveis, destaco a minha
maior preocupação, que é a discriminação da mulher no ambiente de
trabalho. Conseqüência de uma interpretação histórica, somente com o
advento da Constituição Cidadã de 1988 a mulher passou a ter os mesmos
direitos do homem, conforme está delineado no art. 5º, I, do Texto Maior
como direito fundamental sob o manto de cláusula pétrea.
Com a eficácia dessa lei, a mulher poderá ser alvo de
discriminações na contratação e, especialmente, no curso do contrato de
trabalho, podendo até mesmo ser vítima de assédio moral. Na prática, as
mulheres que engravidam são alvo de comentários desrespeitosos de
colegas de profissão e de superiores hierárquicos. Na contratação, uma das
clássicas perguntas é se a mulher tem a intenção de engravidar. Exames de
esterilidade e gravidez são realizados no ato da contratação e durante a
vigência do contrato, mesmo com a expressa vedação do art. 373-A da
CLT, fruto da Lei n. 9.799/99.
Nesta linha de raciocínio, o art. 10, II, b, do ADCT traz a
estabilidade provisória da gestante, que tem início na confirmação da
gravidez e estende-se até cinco meses após o parto. Com a licença-
maternidade de 180 dias, inevitavelmente, o retorno da mulher dar-se-á
após o término da aludida estabilidade. Ela não terá condições de
demonstrar para o empregador que, mesmo parada durante todos esse dias,
tem condições de rapidamente se integrar na engrenagem empresarial. A
defasagem intelectual será inevitável à luz de um mercado cada vez mais
competitivo.

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Ainda nesse sentido, a efetivação de um trabalhador
temporário contratado para suprir a sua ausência do posto de trabalho é
outra preocupação.
Outros argumentos desfavoráveis poderão ser apontados, como
a perda de arrecadação tributária pelo Estado com a concessão de
incentivos fiscais e aumento de custos para a empresa com a contratação
prolongada de um trabalhador temporário.
Por derradeiro, entendo que muitas reflexões ainda deverão ser
realizadas nessa temática. Teremos que aguardar o impacto na prática dessa
lei, tanto em relação à adesão empresarial ao Programa quanto em relação à
arrecadação tributária. Mas reiterarei a minha preocupação com a
discriminação da mulher no ambiente de trabalho. Talvez uma solução
seria a ampliação da estabilidade provisória da gestante até sete meses após
o parto, limitada essa prorrogação às empresas que aderirem ao Programa
Empresa Cidadã.

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