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17 de Novembro de 2009
A metodologia que iremos abordar será a dos Grupos de Referência. Sendo de uma
contribuição americana e que explica a Teoria dos Papeis e a Sociologia do
Conhecimento, este grupo é aquele para o qual alguém orienta as suas ações, é a
coletividade cujas opiniões, convicções e rumos de ação são decisivos para a formação
de nossas próprias opiniões, convicções e rumos de ação. Funciona como um modelo ao
qual nos podemos comparar constantemente.
Assim sendo, para darmos início a este estudo, comecemos a falar um pouco sobre a
Teoria dos Papeis, onde Berger diz que, o significado desta teoria poderia ser sintetizada
dizendo-se, numa perspectiva sociológica, que a identidade é atribuída socialmente,
sustentada socialmente e transformada socialmente, ou seja, a sociedade proporciona
um script, e os papeis já pré-definidos neste surgem como os modelos para resolver os
conflitos e podem ser entendidos como uma resposta tipificada a uma expectativa
tipificada. É válido ressaltar que os papeis não regulam apenas os aspectos externos,
visíveis, mas trazem os modelos para as ações, as emoções e as atitudes de cada
indivíduo. Este papel dá forma e constrói tanto a ação como o ator, que o incorpora, e
como conseqüência garante e acarreta uma identidade, identidade essa que será o foco
principal para análise do nosso objeto de estudo, que são os presidiários.
Mencionado este tema relacionado aos Grupos de Referência, podemos agora dar a
devida ênfase no nosso objeto de estudo. Como diz Berger, e já citado aqui no texto,
essa tal identidade é criada e, principalmente, transformada pela sociedade, fato este que
vem comprovar o quão importante é o ambiente em que vivemos. Logo, se para
Goffman a identidade se constitui na administração e representação dos mais diversos
papéis na vida civil, juntando à análise anterior de Berger, no caso do indivíduo preso
(ou de outro que vive em uma instituição total) a representação de outros papéis é
limitada: não há liberdade de escolha entre os papéis e a possibilidade de representação
simultânea de mais de um papel é afetada pela própria internação.
Como cita Berger e outros autores como Stuart Hall, a identidade do indivíduo, ou
sujeito, está em constante formação ao longo de sua vida e do seu conviver com a
sociedade. Com isso, para Goffman, as mudanças nas crenças do indivíduo sobre si
mesmo e dos outros em relação a ele dentro desta “instituição total” levam ao que ele
denomina processo de mortificação do eu. A institucionalização compromete o
referencial identitário do indivíduo, ao lhe privar das disposições sociais estabelecidas
nas suas relações anteriores.
Com isso, fica notável a importância do estudo de tal formação da identidade presidiária
junto aos grupos de referência, onde este objeto nos possibilita compreender sobre o
método de punição adotado pelo Estado ao qual somos submetidos e como esses
indivíduos são influenciados por este modelo de punição, modelo este atual que
implica, na maioria de suas vezes, numa piora de comportamento, levando assim à uma
contradição: ao invéz de uma correção pelo erro cometido, uma escola para aprimorar
os mesmos. Portanto, surge-se a pergunta: será realmente que este modelo atual de
punição,o sitema presidiário, é realmente eficaz para o fim em que foi criado? E se não,
quais as medidas que deveriam ser adotadas para tais melhoras?