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II
que aqui não pode ser exposta. Importa apenas referir, para o
afastar como base possível de um conceito material de crime, o
conceito metódico de bem jurídico, propugnado por Honig (1919),
Grünhut (1930) e Schwinge (1930), que consideravam o bem
jurídico apenas uma forma abreviada de exprimir o sentido e a
finalidade de um conceito legal, ou seja: uma expressão sintética
do espírito da lei, da "ratio legis".
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Por outro lado, ela abre o caminho para a solução a dar à questão
de saber se podem ser aplicadas uma sanção disciplinar e uma pena
a um agente, pelo mesmo facto, sem ofensa do princípio "ne bis in
idem". É certo que a garantia contida no art. 29, nº5, da
Constituição, literalmente só proíbe que alguém seja julgado mais
do que uma vez "pela prática do mesmo crime". Mas a simples
diversidade de denominações - "crime", por um lado, e "falta
disciplinar" ou "ilícito disciplinar", por outro - não pode ser
decisiva para afastar a aplicação desse preceito constitucional. O
que importa são as valorações materiais a ele subjacentes.