0 évaluation0% ont trouvé ce document utile (0 vote)
198 vues5 pages
O documento descreve uma peça teatral encenada por estudantes em um colégio interno. Os alunos escolhidos para os papéis principais decidem manter em segredo a história que estão ensaiando e inventam outra para contar aos demais colegas. No dia da apresentação, a confusão entre as diferentes versões da peça faz com que ninguém mais saiba qual é a verdadeira história.
O documento descreve uma peça teatral encenada por estudantes em um colégio interno. Os alunos escolhidos para os papéis principais decidem manter em segredo a história que estão ensaiando e inventam outra para contar aos demais colegas. No dia da apresentação, a confusão entre as diferentes versões da peça faz com que ninguém mais saiba qual é a verdadeira história.
Droits d'auteur :
Attribution Non-Commercial (BY-NC)
Formats disponibles
Téléchargez comme DOC, PDF, TXT ou lisez en ligne sur Scribd
O documento descreve uma peça teatral encenada por estudantes em um colégio interno. Os alunos escolhidos para os papéis principais decidem manter em segredo a história que estão ensaiando e inventam outra para contar aos demais colegas. No dia da apresentação, a confusão entre as diferentes versões da peça faz com que ninguém mais saiba qual é a verdadeira história.
Droits d'auteur :
Attribution Non-Commercial (BY-NC)
Formats disponibles
Téléchargez comme DOC, PDF, TXT ou lisez en ligne sur Scribd
Os problemas de sempre ao se articular arte e teoria psicanalítica;
nossa proposta é fazer o caminho inverso, articular psicanálise à teoria da arte: nesse sentido pesquisaremos o engajamento dos sujeitos na criação artística. Depreender-se-á fragmentos de ‘verdade histórica’ que será saber recortado para a ciência social. Isto será resto da operação subjetiva de transformação do real. Isto é papel da ciência e da arte. Mas a arte se faz com estilo, arrancado da história, os sujeitos se desprendendo do ‘pano-de-fundo’, aparecendo e caíndo, modificando a própria (duplo sentido) história, saíndo transformados do outro lado. A arte como um modo de engajamento do sujeito. Sujeito histórico, historicizado como sujeito do inconsciente. Cai a boca de cena da realidade psíquica, revela-se ‘uma outra cena’ que se repete e é motor da história. A arte como uma organização de traços... (de memória, de presença, ...) O espaço da arte é o lugar em que isto pode acontecer numa coletividade. Estará, portanto, com o recalque na espreita. Pensamos então em uma política da arte. (Benjamin: “à esteticização da política no fascismo o comunismo responde com a politização da arte”). Para que aconteça o ato revolucionário é preciso que alguma peça do esquema recalcante seja movida. Ou melhor, para que não aconteça a ação revolucionária é necessário que o movimento todo esteja coordenado e dominado pelo recalque de modo que haja uma arte controlada, regulada e inibida.
A questão da arte é também a questão da representação, mas no
nível do representante de representações.
O desafio é poder articular aquilo que a arte traz, como ruptura,
como arte do sujeito, para a psicanálise, e não o contrário.
Por que Guimarães Rosa? Seus textos são também teóricos. O
cientista que se mistura, que extrai, recolhe, organiza, se colocando. Em ato, um ato que fala do ato. Existiria ali, pronta e em construção uma teoria da arte? ‘O espelho’ é a narrativa de um experimento científico com o sujeito. Pelo menos é muito mais científico do que filosófico. É pouco especulativo.
É interessante um texto sobre os efeitos da representação no
sujeito.
Lembranças de infância: o trauma de uma montagem teatral num
colégio interno de meninos. Os grupos: os escolhidos, segundo critérios de bom comportamento e de boa filiação. Os ensaios. A necessidade de segredo. Zé Boné: os protagonistas ‘desviantes’ da norma de JGR: o louco, o bobo, a puta, a criança, o sensitivo, o velho. Do outro lado, os delegados da norma: tutores, jagunços, médicos. O encontro do mais elaborado, na direção da Weltanschauung científica com o atrasado: modernização brasileira. Mas é sempre um personagem do lado do ‘rural’, do ‘primitivo’ que realiza os atos mais iluminados. Tem sempre como parceiro o narrador, que é o cientista.
Cenário: instituição de educação
Os papéis sociais já estão distribuídos. Dois tempos: aparecem
alguns dos meninos depois de adultos.
Descolar-se do papel que nem se sabia que era seu. Travessia da
angústia. No final, a queda de quem? Do sujeito? Apresenta-se toda a questão da atuação.
Representar-se. Quem representa o quê para o o quê?
“Ao que sei, ao que se saiba, niguém soube direito o que houve” corresponde à noção de aletosfera.
“Ainda, hoje adiante, anos, a gente se lembra: mas, mais do
repente do que da desordem, e menos da desordem do que do rumor.” a interpretação repressiva do ato como desordem.
Alfeu- pretinho, filho da cozinheira
Astramiro- aeroviário Joaquincas- bookmaker e adjazidas atividades.
nós. “os escolhidos para representar”
a peça: “Os filhos do Doutor Famoso”
Ensaiador: Dr. Perdigão, lente de corografia e história pátria
Regente: Seu Siqueira, o Surubim
“Éramos onze, digo, doze”: o autor se inclui. Escolhidos entre os
alunos para a representação.
Aparece mais um personagem, o Padre Prefeito, provavelmente o
diretor da escola. Trata-se de um colégio interno.
1- Zé Boné, “preenchido beócio”. Passava o recreio encenando fitas
de cinema, todos os personagens e objetos. A ele cabe o papel de “um policial”.
“Os dois mais decididos e respeitados”:
2- Ataualpa: Dr. Famoso; filho de deputado.
3- Darcy: O filho capitão Eles, os chefes, decidem: “ninguém conta nada aos outros, do drama”.
4- Eu, o narrador, que para o teatro era preterido até ao Zé Boné,
por ‘retraído e mal-à-vontade’. O critério de escolha pode ter sido o de bom comportamento, assim como nas prisões. um prêmio. Eu era aluno aplicado, e o padre Diretor me arranja um ofício a altura de meus dotes de bom recitador: passo a ser o ponto.
5- Joaquincas: o Filho Padre. Há, pela segunda vez, troca de objetos
entre os escolhidos, como que para celebrar o pacto. Unniam-se em torno da escolha.
6- Araujinho: o outro policial.
Os outros alunos: os fortões, destaques nos esportes, “mal
comportados incorrigíveis”, Tãozão e Mão-na-lata.
Inventava-se, então, uma outra história, arranjada para consumo
dos demais alunos, despiste do drama ensaiado. Zé Boné incorporava o drama às suas encenações de recreio, “descrevivendo” as faécias e peripécias.
Tãozão e Mão-na-Lata fingiam não dar importância ao teatro.
A outra estória se desdobrava, ganhava vida própria, com outros
temas: “o fuzilado”, o “trem de duelo”, “fuça de cachorro”, o “estouro da bomba”.
O pretinho Alfeu: filho da cozinheira era espantado pelo Surubim.
Entre nós, nos dividíamos entre a “nossa estória” e a “estória de verdade”.
Frase na boca do Perdigão”: “Representar é aprender a viver além
dos levianos sentimentos, na verdadeira dignidade”.
7- Mesquita: “O filho poeta”
8- Rutz: “O amigo” 9- Gil: “O homem que sabia o segredo” 10- Nuno: “O delegado”
Dr. Perdigão eufemizava o texto. O “criado” passa a ser “o fâmulo”.
O “filho criminoso”, o redimido. Trabalho de aparar as arestas do texto, de tentar esconder melhor o pouco que o recalque deixa de fora.
Condição para a realização da peça era a garantia de bom
comportamento. Nada de transgressões sob pena de eliminação. Havia entre nós os ‘filhos de maria’.
Começa a circular outra versão do drama, bem aprontada,
completa, mas sobretudo mentirosa. Inventada pelo Gamboa.
O Alfeu furtava tanto guloseimas da cozinha dos padres quanto as
falas dos ensaios. “tínhamos de alugar-lhe o silêncio?”
Zé Boné, afinal, proibido de abrir a boca no palco, instado a atuar
mudo.
No dia da encenação, diante dos parentes, o Alfeu aparece de roupa
nova, de marinheiro, levado pela mãe, que o faz usar as muletas. Parte do traje. Emblema, galões.
Ataualpa: filho de deputado, é retirado de cena pela iminente morte
do pai. A partir daí há um vazio, depois do qual Zé Boné começa a representar a estória do Gamboa, e todos começam a representar, a nossa estória, a estória do Gamboa, ninguém mais sabe qual é a verdadeira estória, tudo é pura representação, até que eu caio, para sair da representação. O que é que cai no final?
“E, me parece, o mundo se acabou”.
“Ao menos o daquela noite. Depois, no outro dia, eu são, e glorioso,
no recreio, então o Gamboa veio, falou assim: ‘Eh, eh, hein? Viu como era que a minha estória também era a de verdade?’ Pulou-se, ferramos fera briga.”
Aqui ninguém pula sozinho, a verdade está em disputa.
Antes:
“Mas -de repente- eu temi? A meio, a medo, acordava, e daquele
estro estrambótico. O que: aquilo nunca parava, não tinha começo nem fim? Não havia tempo decorrido. E como ajuizado terminar, então? Precisava. E fiz uma força, comigo, para me soltar do encantamento. Não podia, não me connseguia – para fora do corrido, contínuo, do incessar. Sempre batiam, um ror, novas palmas. Entendi. Cada um de nós se esquecera de seu mesmo, e estávamos transvivendo, sobrecrentes, disto: que era o verdadeiro viver? E era bom demais, bonito – o milmaravilhoso– a gente voava, num amor, nas palavras: no que se ouvia dos outros e no nosso próprio falar. E como terminar? Então, querendo e não querendo, e não podendo, senti: que– só de um jeito. Só uma maneira de interromper, só a maneira de sair– do fio, da roda, do representar sem fim. Cheguei para a frente, falando sempre, para a beira da beirada. Ainda olhei, antes. Tremeluzi. Dei a cambalhota. De propósito, me despenquei. E caí.”