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Calcado, inicialmente, num protocolo de acesso conhecido como CSMA/CD – Carrier Sense Multiple Access /
Collision Detection (através do qual a interface de comunicação da estação de trabalho, que deseja transmitir,
envia pacotes pela rede continuamente, caso o barramento de comunicação esteja ocioso, ou aguarda por in-
tervalos sucessivamente maiores de tempo, caso o barramento esteja ocupado ou caso tenha ocorrido colisão
entre pacotes enviados no instante imediatamente anterior), o Ethernet passou por uma série de aperfeiçoa-
mentos ao longo dos últimos anos, que privilegiaram, basicamente:
Simplicidade
É uma plataforma que apresenta baixo custo por volume de informação transportada, é confiável e de
fácil manutenção.
Flexibilidade
Implementações de diferentes fornecedores são interoperáveis, lida-se com pouco software de apoio e
a adição de novos elementos de rede é relativamente simples.
Benefícios
Um dos principais objetivos a serem atingidos, com a escolha do Ethernet para o transporte metropo-
litano (e, eventualmente, para acesso), é a redução do gargalo de largura de banda que, via de regra,
caracteriza esses segmentos das redes de telecomunicações – devido ao excesso de investimentos
históricos na infra-estrutura de longa distância e ao custo, ainda muito elevado, do emprego de tec-
nologia óptica no acesso.
Entre outros benefícios obteníveis com a adoção do Ethernet nas redes das
operadoras, podemos mencionar ainda:
•Viabilização de uma plataforma multisserviços unificada
• Funcionalidades avançadas, como seleção dinâmica de largura de banda (aumento e contração)
• Suporte a classes diferenciadas de serviços
• Aprovisionamento e ativação acelerada de serviço
• Custos por Mbps mais competitivos do que aqueles experimentados no uso de tecnologias legadas,
baseadas em comutação de circuitos
• Custos operacionais reduzidos (números preliminares levantados pelo MEF − Metro Ethernet Forum,
em pesquisa com operadoras, apontam para um potencial de economia superior a 20%)
• Libertação das “amarras“ da hierarquia digital de taxas de transmissão, impostas por plataformas de
transmissão tradicionais como SDH − Synchronous Digital Hierarchy (maior granularidade de banda)
Resiliência
O protocolo Spanning Tree (IEEE 802.1D) foi desenvolvido para permitir a construção de redes Ethernet
resilientes, por meio da utilização de conexões alternativas, que podem ser utilizadas em caso de falha
de uma conexão principal. Para tal, esse protocolo elimina os loops topológicos em redes complexas
Ethernet. O desenvolvimento dos padrões IEEE802.1w (Rapid Spanning Tree) e IEEE802.1s (Shared
Spanning Tree) permitiram, respectivamente, a redução dos tempos de convergência e a flexibilidade
de caminhos necessários a este novo cenário.
Segurança
O desenvolvimento de funcionalidades como 802.1x, controles de tráfego e filtros de BPDUs − Bridge
Protocol Data Units propiciaram a segurança necessária ao atendimento das necessidades das operadoras
de telecomunicações.
A propósito, em switches Ethernet habilitados a trabalhar com o conceito de VLANs, os cabeçalhos dos
quadros Ethernet são estendidos com uma “etiqueta“ (tag) de 16 bits, que inclui um identificador da
VLAN (VLAN ID). Essa etiqueta inclui 3 bits para determinação do grau de prioridade daquele tráfego na
rede. Até 8 níveis de prioridade podem ser desenhados, possibilitando fornecer tratamento diferenciado
para diversos tipos de tráfego.
Apesar de ainda existirem algumas restrições (por exemplo, limitação no número de VLANs passíveis de se-
rem criadas, tempos de convergência de Spanning Tree relativamente longos, tamanho elevado de tabelas
de endereçamento Ethernet a serem aprendidas pelos switches), o impacto em escalabilidade da rede não
é significativo, desde que seja realizado um bom projeto de engenharia de rede – daí a importância de uma
equipe de integração de sistemas altamente capacitada e experiente na condução dos projetos. Muitas das
limitações já estão sendo endereçadas, através de propostas feitas no fórum de padronização de novas
funcionalidades na tecnologia aplicada ao mundo das operadoras (Metro Ethernet Forum).
Os avanços em taxas de transmissão possíveis com o Ethernet também não param. Em 2000, o IEEE
formou um novo comitê de padronização (802.3ae) para especificar as características técnicas do
Ethernet operando a 10 Gbps (10GigE). O padrão foi aprovado em junho de 2002. Acompanhando
Topologias e arquiteturas
Duas topologias principais são tipicamente contempladas em redes Metro Ethernet:
Anel
Segue a tradição das redes SDH implementadas nos anos de 1990, com base, principalmente, no racional
dos modelos de tráfego da época (em que havia menor necessidade de conectividade entre sites locais
e a maior parte do tráfego de acesso era direcionada para os POPs principais) e na redução dos custos
associados com a rede de fibra óptica.
Mesh
Topologia hub & spoke, com conexão lógica entre todos os sites, é atualmente a forma mais utilizada,
embora implique altos custos devido à intensa utilização de fibra óptica.
Puras
Formadas estritamente por switches Ethernet (ou seja, usando uma referência do modelo OSI − Open
System Interconnection para descrição lógica de redes, operando somente em nível 2-enlace). Interes-
sante para redes pequenas, com reduzido número de clientes e sites.
Interoperabilidade de tecnologias
e equipamentos
Avanços recentes nas especificações do Ethernet caminham para viabilizar, por completo, a interopera-
bilidade (interworking), ou seja, a conexão funcional entre redes Metro Ethernet e outras redes WAN −
Wide Area Network existentes. Através de um conjunto de técnicas de mapeamento e suporte a faci-
lidades diversas, é possível interligar redes Metro Ethernet com sistemas ATM – Asynchronous Transfer
Mode, Frame Relay e backbones IP/MPLS.
Esforços também vêm sendo conduzidos visando promover interoperabilidade entre os diferentes
equipamentos produzidos por um grande conjunto de fornecedores de tecnologia voltada para redes
Metro Ethernet. Recentemente, o Metro Ethernet Forum certificou o primeiro grupo de sistemas que
atendem de forma completa todos os modelos de serviços Ethernet, como EPL − Ethernet Private Line,
EVPL − Ethernet Virtual Private Line e E-LAN − Ethernet Multipoint-to-Multipoint. Ao todo foram certi-
ficadas 16 empresas, incluindo importantes fabricantes como a Cisco Systems.
Assim, capitaliza-se especialmente na alavancagem da largura de banda das fibras ópticas, concretizada
pela abertura de lambdas em WDM e no poder de redundância e controle (via monitores, sistema de alar-
mes e de gerência), refletidos na proposição de valor do SDH. Outra importante vantagem do transporte
Ethernet sobre redes SDH é a eliminação das limitações geográficas das redes puramente Ethernet.
Estuda-se hoje a oferta de serviços Circuit Emulation sobre a tecnologia Metro Ethernet, possibilitando
a criação de uma infra-estrutura única de dados para os serviços novos e legados.
Dessa forma, a vida útil dos sistemas existentes é prolongada, obtendo-se, ao mesmo tempo, benefí-
cios como gerência e resiliência aperfeiçoadas, sem perder de vista a transição gradual para plataforma
Ethernet pura, com suas vantagens intrínsecas, como custos mais competitivos de capital e de operação
e maior aptidão para transporte eficiente de tráfego intensivo em dados.
Serviços básicos
O Metro Ethernet Forum definiu dois serviços básicos, tidos como “canônicos”, sobre cujas bases po-
dem ser elaborados outros serviços mais sofisticados:
Esses modelos de serviço são definidos logicamente, de modo fundamental, através de duas carac-
terísticas: UNI – User Network Interface (interface usuário-rede) e EVC – Ethernet Virtual Connection
(conexão virtual). A primeira representa um ponto de demarcação entre a rede local de uma localidade
do usuário e a rede da operadora (qualificando mídia, velocidade e modo de transmissão), enquanto a
segunda representa a associação de duas (ponto-a-ponto) ou mais (multipontos) UNIs.
A combinação de alguns atributos possibilita os “toques finais“ que qualificam, univocamente, os servi-
ços canônicos. São eles:
Multiplexação
Possibilita que uma UNI esteja associada a múltiplos EVCs, como acontece em redes de comutação de
pacotes, concretizando também o mapeamento entre VLANs e EVCs.
Transparência
Simplifica a operacionalização da rede através do uso do mesmo identificador de VLAN para pacotes
ingressos no EVC e egressos do EVC.
Perfil de Banda
Delimitação de “tetos“ em Mbps para pacotes ingressarem nas UNIs e EVCs e delas saírem, similarmente
ao conceito de CIR/EIR em redes Frame Relay.
Alguns fornecedores, como a Cisco Systems por exemplo, criaram uma terminologia e classificação um
pouco mais rica para identificar os serviços canônicos:
Na prática, a partir dos serviços canônicos surgiram e popularizaram-se três serviços principais oferecidos,
no varejo, pelas carriers, que utilizam o Metro Ethernet para fornecer acesso e agregação:
Surgiram também produtos voltados para o mercado de atacado, como, por exemplo, serviços para
interligação de POPs através de circuitos Ethernet, no estilo EPL.
• Telefonia IP
• Broadcast de vídeo e vídeo sob demanda
• Videoconferência
• Educação à distância
• Transmissão e controle de procedimentos médicos (telemedicina)
• Multimídia e entretenimento
• Produção e transmissão de conteúdo publicitário
• Monitoramento e vigilância remota (tele-surveillance)
• Interconexão de sistemas de armazenamento de alta capacidade
• Pesquisa e desenvolvimento distribuídos
• Suporte a design, modelagem e manufatura auxiliados por computador
• Redes lógicas privadas para interligação de Intra/Extranets
• Colaboração entre equipes de empresas e universidades
Segmentos-Alvo
Em se falando de Metro Ethernet reconhecem-se, portanto, alguns segmentos de clientes como alvos
naturais dos principais serviços de conectividade delineáveis por essa plataforma.
Precificação
As operadoras de serviços implementados em Ethernet têm adotado abordagens agressivas no que
tange a seu preço, alavancando as vantagens de custo por volume associadas a essa nova tecnologia.
De fato, as vantagens de custo por porta, em hardware Ethernet, são expressivas, especialmente em
comparações diretas com custos de ADMs – Add Drop Multiplexers SDH. Isso se deve à estrutura
eletrônica simplificada, somada às economias de escala na produção daqueles equipamentos. A partir
da disponibilização e adoção, em mais larga escala, dos serviços baseados em redes Metro Ethernet,
os modelos de precificação também devem evoluir bastante, conferindo aos serviços uma atratividade
ainda maior para os potenciais usuários.
Mercado
O crescimento global estimado nos mercados de infra-estrutura e serviços baseados em Metro Ethernet
é bastante significativo. Segundo o instituto de pesquisa Infonectics, a venda, no mundo, de equipa-
mentos dessa tecnologia atingiu US$3,8 bi em 2004 e a expectativa é de que esse valor duplique para
US$7,6 bi até 2008. Já a receita com serviços prestados sobre uma plataforma Metro Ethernet foi de
US$2,5 bi em 2004, e espera-se que ela dobre em 2005, atingindo US$22,2 bi em 2009.
Esse movimento suscitou uma reação mais lenta, porém consistente, das operadoras incumbentes que, pri-
mordialmente em 2003, começaram a lançar uma diversidade de serviços utilizando Metro Ethernet como
tecnologia de acesso e de agregação de tráfego. É interessante ressaltar que a atividade neste campo no
continente asiático, especialmente na Coréia, em Taiwan e na China, é também bastante expressiva.
Nesse ínterim, players novos (por exemplo, B2, Neos, FastWeb, Acantho) também adentraram mer-
cados no hemisfério norte para explorar o potencial dessa tecnologia, com enfoques diferenciados
no que se refere a táticas mercadológicas (por exemplo, segmentos de pequenas/médias empresas,
SoHo e residencial como alvos; precificação variável; comercialização de triple-play bundles envolven-
do serviços de voz, vídeo e dados) e uso de tecnologias complementares (por exemplo, Telefonia IP e
Wireless LANs). Mesmo administrações de cidades inteiras (por exemplo, Dubai, nos Emirados Árabes
Unidos) decidiram pela construção de redes Metro Ethernet englobando toda a área metropolitana,
com gerência do governo local, para catalisar troca de informações em educação, saúde, turismo e
serviços públicos.
O Brasil não está fora desse jogo e as primeiras redes Metro Ethernet começam a surgir através de
iniciativas de incumbentes, como a Telemar, e novas operadoras de nicho, como a Iqara Telecom.
ISPs Ganhar escalabilidade e capitalizar na velocidade Enlaces entre POPs nas cidades ou sites
de aprovisionamento, além de reduzir custo por em Colocation; DIA – Dedicated Internet
volume de tráfego. Access.
Grandes corporações Escalabilidade, conectividade metropolitana, EPL, TLS, VAS (por exemplo, banda sob
unificação na comunicação WAN, custos, acesso demanda, segurança gerenciada, storage,
a novos serviços/convergência. CDNs, telefonia sobre pacotes, backup
remoto, espelhamento, vídeo, VPNs etc).
Operadoras de Capilaridade, redução de lead-time para viabilizar Conexão entre POPs nas cidades ou sites
telecomunicações serviços, capacidade, redução de custos/volume. em Colocation.
Órgãos governamentais Conectividade de sites na mesma região urbana. TLS, DIA, VAS selecionados.
Nos últimos anos, a tecnologia Ethernet recebeu atenção especial de diversos órgãos de padronização,
que se complementaram no objetivo comum de transformar o Ethernet numa tecnologia carrier-class,
ou seja, uma tecnologia preparada para satisfazer os rigorosos padrões de qualidade exigidos por uma
rede pública de serviços.
Vários trabalhos, concluídos ou em andamento, podem ser destacados como resultado dessa força-
tarefa. O IEEE deu sua contribuição desenvolvendo importantes especificações, como:
Engana-se, porém, quem acha que Metro Ethernet se reduz somente à utilização dos protocolos criados
pelo IEEE diretamente relacionados com as camadas 1 e 2 do modelo OSI contempladas pelo Ethernet.
Para conferir alta escalabilidade e robustez demandadas por redes de serviços à tecnologia originalmente
criada para o ambiente corporativo, diversos grupos de trabalho deram a sua contribuição. O próprio
IEEE trabalha na especificação do padrão 802.17 − Resillient Packet Rings (RPR), tecnologia de anéis que
permite o transporte de pacotes Ethernet ou IP/MPLS com alta disponibilidade e eficiência.
O IETF − Internet Engineering Task Force, órgão responsável pela especificação dos protocolos IP e MPLS,
também deu sua contribuição com dois trabalhos recentes e diretamente relacionados ao Ethernet:
Com os quadros sendo transportados pelo backbone MPLS, a contribuição do IETF aumenta ao conside-
rarmos os mecanismos de QoS, Traffic Engineering, Fast Reroute e OA&M − Operations, Administration &
Maintenance que contribuem fortemente para a escalabilidade e robustez das redes Metro Ethernet.
Falando em OA&M, não podemos nos esquecer dos diversos desenvolvimentos realizados pelo ITU-T
– International Telecommunications Union. O foco do ITU-T, através do grupo SG15, está na utilização
de redes SDH para o transporte de quadros Ethernet.
Por último, um destaque especial deve ser dado ao trabalho do MEF − Metro Ethernet Forum, que se pre-
ocupa com a relação entre a rede Metro Ethernet e o usuário. Para isso, o MEF cuida da padronização dos
serviços Ethernet e de mecanismos que facilitem a sua oferta, como o ELMI − Ethernet Link Management
Interface, que simplifica o aprovisionamento e a gerência da interface de acesso do usuário.
Como pode ser observado, o Ethernet atingiu sua fase adulta preparado para privilegiar a WAN com
os benefícios já bastante conhecidos pela LAN. O sucesso dessa nova fase depende da combinação
correta dessas diferentes tecnologias.
Considerações finais
A tecnologia Ethernet amadureceu e hoje já representa uma importante solução de conectividade, que
deve ser considerada para emprego tanto em expansões de redes como na criação de redes novas. O
momento é especialmente propício, pois os prestadores de serviços de telecomunicações vivenciam
uma série de desafios, entre eles:
Espera-se que as redes Gigabit Ethernet possam cumprir esse importante papel e auxiliar na tangibili-
zação de uma nova safra de serviços de telecomunicações, com o mesmo sucesso que alcançaram nas
últimas décadas no mundo das redes locais.
Colaboração Ilustrações
Mauricio Suga Mauro Nakata
Marcio Zapater Caio Borges
Coordenação Revisão
Danilo Sella Escrita
Supervisão
Renata Randi
Jorge Leonel
Brasil
www.promon.com.br
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