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HAITI UM PAÍS EM BUSCA DE (RE) AFIRMÇÃO: POLÍTICA, ECONÔMICO E

AMBIENTAL: NESTE CENÁRIO QUEM AJUDA QUEM?

Renel Prospere1
Daniela Conceição2

Resumo
No inicio do século XIX (1804), este país rompeu mais de dois séculos de opressão o
povo negro liderados por Toussaint L´Ouverture e outros rebeldes venceram o mais
poderoso exército do mundo, da época, e expulsaram os franceses que exploravam as
terras, as águas, os minérios e dominavam toda a população negra e nativa pobre. A
mesma França, que na Europa, lutava em defesa das idéias de “liberté, igualité,
fraternité”, e que inspiraram os revolucionários haitianos, mantinha enormes latifúndios,
escravidão, exploração e opressão em sua colônia caribenha. Tal contradição, pela
rebeldia e luta do povo haitiano, gerou uma revolução negra, popular, anti-escravagista e
anti-colonialista da humanidade, constituindo-se no primeiro país independente da
América Latina. Portanto, radicalmente diferente da maioria das independências que
seguiram, sejam aquelas lideradas por elites nativas ou arranjadas, como a do Brasil
(1822). No entanto, isto não foi aceito ou admitido pelas classes dominantes nativas bem
como as coloniais, seja pelos interesses concretos que perderiam em decorrência da
exploração da riqueza das terras, águas, minérios e da população; enfim, da vida e do
ambiente natural. Mas, também a destruição da revolução deveria servir de exemplo ao
inculcar medo e servir de aviso para os demais explorados e dominados em todo o
continente e demais colônias. O resgate destas lutas, da inclusão desta rebeldia e de
suas utopias, da produção de seu destino de forma autônoma e pelo próprio povo
haitiano, e portanto, a superação desta trágica história de 2 séculos deve fazer parte de
uma projeto político, ambiental e social para o povo do Haiti no século XXI. Portanto,
queremos ampliar aspectos desta história e destas lutas e de sua derrota, pois
acreditamos não poderemos construir um país mais justo, solidário, autônomo,
democrático e independente e com menos desigualdade para todos e todas “sem um
acerto de contas” com este passado. No entanto, se de um lado, podemos identificar as
raízes mais profundas da situação atual do Haiti nesta época, mais recentemente, a
miséria e a exploração ampliou-se, seja pela ditadura e à opressão dos últimos 50 anos,
agravada nas últimas décadas com as políticas selvagens de cunho neoliberal a partir de
Ronald Reagan, pós anos 1980. Tais políticas tiveram nas diretrizes do “Plano Americano
para o Haiti” baseados nos Documentos de Santa Fé, e sua ratificação nas políticas
macroeconômicas e geopolíticas de Ronald Reagan, a partir dos anos 1980, suas
diretrizes fundamentais para a América Latina e Caribe. O economista haitiano Fritz
Deshommes (2006), destaca e discute os quatro pilares deste documento relacionados a

1
Filosofo Haitiano, mestrando em Educação no PPGE/Universidade Federal de Pelotas e do mestrado do em
Educação Ambiental no PPGEA/Universidade Federal do Rio Grande. Ambos no Rio Grande do Sul, Brasil.
e-mail: rentinp@hotmail.com
2
Agrônoma e Mestre em Ciências (Área de Concentração em Produção Vegetal). E-mail:
daniceicao@hotmail.com
atuação dos Estados Unidos no Haiti: em breve citaremos as 4 fases deste trabalho,
ampliamos as informações e a discussão destes documentos (Documento de Santa Fé e
das Diretrizes do Plano Americano para o Haiti), como pano de fundo pregresso da
conjuntura atual em que o povo haitiano vive com a intervenção brasileira através da
Organização das Nações Unidas. No entanto, a história de rebeldia do povo haitiano, e
das intervenções estrangeiras em decorrência disso é secular. Assim, mostrar que,
através da recente “ajuda humanitária” e da “Força de Paz” (los cascos azules de la
Minustah - Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti), o país está
novamente sendo invadido, e que são outros os interesses, e não a criação/produção de
um país soberano, igualitária, solidário, democrático com participação popular, justiça,
enfim, um “outro mundo possível”, tornado possível pelo povo organizado e em luta como
apregoam os Fóruns Sociais Mundiais, desde 2001. O terror entre a população, a pretexto
de combate as gangues e grupos violentos, que matam e ferem gente inocente em zonas
empobrecidas como “Cite Soleil”, na maior favela da capital Porto Príncipe; das
indefinições sobre o futuro político, da falta de alternativas econômicas, educacionais e
ambientais ao país quando da retirada das “forças de paz” é um dilema fundamental a ser
problematizado. Mas, resgatando a história do tempo da independência (1804),
lembramos que, novamente, as elites mundiais e latino-americanas, colocam o povo
haitiano como “uma ameaça para a paz e a segurança internacional na região" (Conselho
de Segurança das Nações Unidas, Resolução 1743, ao prorrogar o mandato da Minustah,
em ano 2005). Diz o professor haitiano Didier Dominique que, é em nome de
“nacionalismos” que tropas formadas por brasileiros, uruguaios, argentinos,etc, provocam
terror em bairros populares, metralhando e matando, denuncia o professor. “Tem toque de
guerra, cobre-fogo, todo dia no Haiti. O Haiti completou mais que 200 anos de
Independência que, com seus múltiplos significados históricos representou a formação do
Estado, a independência colonial, o fim da escravidão e a formação da Primeira Republica
Negra no continente americano que se conformava não apenas pelo fato de os negros
representarem mais 85% da população, mas pela consciência política de que a raça
negra não poderia permitir que sua essência de liberdade e majestade fosse
antropofagizada por vícios e interesses da raça branca”. Portanto, mantém, como há
duzentos anos atrás, os haitianos como escravos modernos. Mas, de outro lado, diz o
professor, se a “miséria dos haitianos, a fome e a questão ambiental é quase está cada
vez caindo no esquecimento” é porque, “esse é o interesse das transnacionais” que
mantém suas “zonas francas” e “estão até construindo outras. Finalmente, afirma o
professor haitiano à articulação entre a “ajuda humanitária”, as “forças de paz” e os
interesses econômicos, ambientais e internacionais, através das tropas militares em
beneficio de países como os estadunidense e outros. E, até poderíamos levantar uma
hipótese de fundo, e de caráter estratégico na geopolítica caribenha e latino-americana:
impossibilitar que Haiti se torne a semelhança de Venezuela, Equador, Bolívia e Cuba
uma alternativa a ser seguida, como fizeram os povos destes paises ao se contraporem
aos projetos hegemônicos, de exploração e dominação das elites nativas e internacionais.
Portanto, a Haiti e as políticas e a intervenção que ai se desenvolvem estão nesta
intersecção e conflito de dois grandes projetos para as Américas nesta inicio do século
XXI. Em fim, apresentaremos os balizadores macro da história e do contexto atual, para
resenhar brevemente as políticas nacionais em desenvolvimento no Haiti, focando em
especial a estrutura educacional e suas políticas bem como as políticas ambientais e a
estrutura política constituída para sua implementação. Nestas destacaremos os limites e
as contradições visando destacar a necessidade de serem aprofundadas em estudos
futuros, e em confronto com a realidade e com a participação do próprio povo haitiano.
Palavras-chaves: Haiti, política, educação, meio ambiente e invasão.
1. INTRODUÇÃO
O ponto de partida deste trabalho pretende ser o compromisso assumido comigo
mesmo, jovem negro, pertencente a um grupo racial/étnico, que vem construindo sua
história através de um duro processo. No meu percurso esse processo foi marcado pela
necessidade de ter de provar a minha capacidade para meus amigos, meus colegas,
meus professores, meus pais e irmãos. Na realidade, eu queria ser eu mesmo, sem
precisar impor minha presença nos lugares aonde chegava. Mas, quem sou eu? um
jovem haitiano, que teve uma infância igual a de todos, cresci num bairro que chama
Calvaire, onde comecei a jogar. Tornei-me um jogador profissional, com mais estrutura, o
primeiro time que pertencia chama J.B.C, Jeune Buteur de Calvaire logo passei para o
F.I.C.A (Futebol, Inter Clube, Associação) um dos mais famoso do país. Assim, eu fui
escolhido para participar na Operação de 2006, isto é, preparação para o Mundial de
2006.
Haiti:

Croix-des-Bouquets

Oranger

CRONOLOGIA DA HISTÓRIA HAITIANA


1492 Cristóvão Colombo, a 6 de dezembro, desembarca em Saint Nicolas, na
ilha que denominou “Espanha”.
1492- 1503 A população indígena (Arawake, Tainos e Caribes) é escravizada e
dizimada pelo trabalho nas minas.
1520 Os primeiros escravos africanos são levados para o Haiti.
1629 Piratas franceses e bucaneiros tomam Tortuga e os bucaneiros fazem
dali a sua base.
1685 Publicação do Código Negro: uma série de regulamentações com o
objetivo de organizar o comércio de escravos e os métodos coloniais de produção.
1697 O Tratado de Ryswick confirma a soberania da França sobre a parte
ocidental da ilha de Espanhola, com o nome de Saint Domingue.
1749 Fundação de Port-au-Prince, hoje capital do Haiti.
1770-1790 Saint Domingue, conhecido na época como “La Petite France” (A
Pequena França), é responsável por 2/3 do comércio exterior da França. A população é
formada por 40 mil colonos brancos, 28 mil mulatos e 450 mil escravos negros.
1791 Levante geral dos escravos.
1793 A escravidão é abolida em Saint Domingue
1795 Tratado de Basel, pelo qual a Espanha cede a parte oriental da ilha à
França. A guerra na Europa impede a transferência da posse.
1801 Toussaint Louverture, ex-escravo, estabelece a autonomia da ilha sob a
suserania da França.
1802 Napoleão Bonaparte manda uma expedição punitiva para restabelecer o
poder colonial e reintroduzir a escravidão. Guerra de independência. Toussaint é
capturado e exilado em junho de 1802. Morre em uma prisão na França no dia 7 de abril
de 1803.
1804 1º de janeiro: Dessalines proclama a independência de toda a ilha. O
país adota novamente seu nome indígena original: Haiti (terra montanhosa).
1806 17 de outubro: Dessalines é assassinado e Henry Christophe toma o
poder.
1807- 1818 Alexandre Petion governa uma república separada, no oeste.
Levante de camponeses no sul.
1808 Com a ajuda da Inglaterra, a Espanha recupera a parte leste da ilha, com
o nome de Santo Domingo.
1807- 1820 Henri Christophe governa a parte norte do país e se proclame rei.
1820 O Haiti é reunificado pelo sucessor de Petion, Jean Pierre Boyer.
1822- 1824 O Haiti ocupa Santo Domingo.
1825 A independência do Haiti é reconhecida pela França, em troca de uma
indenização de 150 milhões de francos-ouro, o equivalente ao orçamento anual da França
à época.
1844 Os haitianos são expulsos de Santo Domingo.
1844- 1908 Grande instabilidade política no país, com sucessivas revoltas de
camponeses contra latifundiários e a burguesia comercial.
1862 Terminada a Guerra de Sucessão, os Estados Unidos reconhecem a
independência do Haiti, 58 anos depois.
1908- 1915 Numerosas rebeliões contra o poder de Porto Principie, dirigidas
principalmente por latifundiários do norte do país. Aumenta a instabilidade política, por
trás da qual há uma violenta crise econômica.
1915- 1934 Ocupação do Haiti por fuzileiros navais norte-americanos. Os
Estados Unidos afirmam que é necessária a ocupação “para serem restabelecidos a
ordem e os interesses norte-americanos”.
1915- 1919 Resistência de guerrilheiros camponeses, liderados por
Charlemagne Péralte.
1957 François “Papa Doc” Duvalier é “eleito” presidente, com apoio dos
Estados Unidos.
1958 Papa Doc organiza os “Tonton Macoutes” (bicho-papão).
1964 Papa Doc se proclama presidente vitalício.
1971 Duvalier morre, após proclamar seu filho de 19 anos, Jean -Claude,
sucessor e presidente vitalício.
1986 Jean- Claude “Baby Doc” Duvalier é obrigado a deixar o poder, após
semanas de levantes populares. Uma junta militar é formada para substituir o ditador que
sai. A junta é chefiada pelo tenente-general Henri Namphy, chefe do Exército.
1987 29 de março: o Parlamento aprova a nova Constituição.
29 de novembro: o massacre de dezenas de eleitores que estavam na
fila para votar faz com que as eleições sejam canceladas.
1988 7 de fevereiro: Leslie Manigat é escolhido presidente pelo Exército, após
eleições manipuladas.
19 de junho: Manigat é derrubado pelo Exército, liderado pelo general
Henry Namphy.
11 de setembro: a igreja de São João Bosco, cujo vigário é o padre
Aristide, é atacada e inteiramente queimada por capangas de Namphy. Pelo menos doze
pessoas morrem e 73 ficam feridas. Policiais, apesar de haver um distrito próximo,
chegam ao local somente após a igreja estar destruída pelo fogo.
17 de setembro: Namphy é derrubado por soldados rebelados e
substituído pelo general Prosper Avril, ex-assessor da família Duvalier.
1989 17 de setembro: no dia em que Avril completou um ano no poder, duas
organizações de direitos humanos, a America’s Watch e a Coalizão Nacional pelos
Refugiados Haitianos, ambas com sede em New York, lançam um uniforme detalhado das
violações dos direitos humanos praticadas pelo general Avril. Acusam-no de querer
instaurar uma “ditadura irreversível” no Haiti.
1990 10 de março: Prosper Avril é obrigado a deixar o poder, após protestos
da multidão. O brigadeiro-general Hérard Abrahams, chefe-em-exercício do Estado-Maior,
é indicado sucessor, para entregar o poder após um governo inteiro.
13 de março: Ertha Pascal-Trouillot, juíza da Corte Suprema, assume o
poder, com um conselho de Estado de 19 membros.
16 de dezembro: são realizadas eleições presidenciais sob a supervisão
de instituições internacionais como a OEA, ONU e CARICOM. O candidato Jean-
Bertrand Aristide é eleito com 67% dos votos.
1991 7 de janeiro: forças comandadas por Roger Lafontant, ex-ministro do
Interior de Duvalier, derrubam Ertha Trouillot. Tropas do Exército a reempossam no cargo.
7 de fevereiro: o padre Jean- Bertrand Aristide toma posse como
presidente do Haiti.
30 de setembro: o presidente Aristide é derrubado por um golpe militar,
comandado pelo general Raoul Cedras.
8 de outubro: os militares nomeiam Jean Nerette como presidente
provisório.
1993 3 de julho: Aristide e o líder do golpe militar assinam acordo provisório
pelos Estados Unidos, com a intermediação de Dante Caputo, em nome da ONU,
prevendo o retorno do presidente e a renúncia de Cedras.
19 de outubro: começa o embargo de armas, petróleo e suprimentos
militares autorizado pela ONU.
30 de outubro: termina o prazo previsto para a renúncia de Cedras, que
não sai. Aristide, exilado nos Estados Unidos, não pode voltar.
1994 6 de maio: a ONU aprova sanções comerciais mais rígidas.
8 de maio: Clinton anuncia que os Estados Unidos deixarão de repatriar
refugiados, sem ouvir seus pedidos de asilo.
11 de maio: militares nomeiam o juiz do Supremo Tribunal, Émile
Jonassaint, como presidente provisório.
21 de maio: entra em vigor embargo mais rígido apoiado pela ONU.
5 de julho: os Estados Unidos proíbem a entrada de refugiados no país.
31 de julho: o Conselho de Segurança da ONU decide, por 12 votos a 0,
com duas abstenções, autorizar o uso de força para invadir o Haiti.
15 de setembro: na televisão, o presidente Clinton explica seus motivos
para a invasão e dá ultimato aos líderes golpistas haitianos, rechaçado por Cedras.
16 de setembro: Cedras aceita debater sua saída do poder com uma
delegação dos Estados Unidos, chefiada pelo ex-presidente norte-americano Jimmy
Carter.
18 de setembro: a junta militar concorda em deixar o poder até o dia 15 de
outubro.
19 de setembro: tropas norte-americanas ocupam o Haiti.
15 de outubro: o presidente Aristide retorna ao país.

De outubro de 1994- fevereiro de 2004, com o retorno do Aristide, começaram


aparecer novas desilusões, oportunidades, rupturas e perversões.
2004, 01 de junho até dia de hoje, a ONU enviou a Minustah- Missão das
Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, comandada por tropas do Brasil, país irmão,
que tantos haitianos amam.

A República do Haiti atualmente tem aproximadamente 8.000.000 habitantes que


ocupam uma superfície de 27.700 km² segundo os dados preliminares do censo de 2003.
A população está repartida em 10 departamentos geográfico: Norte, Nordeste, Noroeste,
l’Artibonite3, Centro, Oeste, Sul, a Grand’Anse4, les Nippes5 e Sudoeste. O Haití
representa a região da América Latina e do Caribe que tem a mais alta densidade
demográfica de 318, 47 hab/ km². A taxa de crescimento anual da população é de 2,08
aproximadamente. A explosão demografica e a crise economica fazem com que se
desitengrem o mundo rural, propiciando o êxodo massivo as grandes cidades e aos
países vizinhos. Sua maior cidade é a capital, Port-au-Prince (Porto Príncipe), com cerca
de 2 milhões de habitantes. Isto é, o que desencana enormes problemas de urbanismo,
transporte público, moradia, água potável, eletricidade e saneamento básico etc. Pode-se
observar o fenômeno que chama “superpopulação do espaço urbano”, devido
principalmente à explosão demográfica, o êxodo rural e a ausência de políticas publicas

3
Nome do departamento no Haití
4
Idem.
5
Idem.
adequadas em matérias de urbanismo e população. Os índices de mortalidade infantil e o
analfabetismo estão os números mais dolorosos e cruéis da realidade haitiana, morem
107 crianças haitianas a cada mil que nascem. A expectativa de vida dos homens é de 60
anos, e a das mulheres e cinco anos a mais, atingindo 65. É um país de negros, que
representam 85% da população. Somente 5% são brancos e 10% são mulatos (ROCHA,
1995).
A situação econômica traz para o setor social conseqüências graves que põem em
perigo a sobrevivência da nação. A baixa da produção em quase todos os ramos da
economia, e a deteriorização do sistema produtivo agrava cada vez mais o problema do
desemprego. Estima-se mais de 75% a taxa de desemprego da população
economicamente ativa. Em conformidade, a implantação das políticas econômicas
neoliberais impostas pelo fundo internacional agrava ainda mais o quadro de
vulnerabilidade social. O vazio político criado pela caída do regime Lavalas6, as cenas de
saques nas empresas, do tesouro público pelo funcionário do Estado, a violência política,
a proliferação de bandidos armadas na região metropolitana de Porto Príncipe, os nexos
com o narcotráfico do antigo poder Lavalas, foi afundando o país num verdadeiro caos,
onde a situação é incerta e ultrapassa totalmente aos responsáveis políticos atuais.
O índice de abandono ao nível de ensino fundamental é muito elevado, isto é, 34%
para o sexto ano de primário, de 100 crianças haitianas que entravam no primeiro ano de
primório somente 66 tinham a chance de chegar ao sexto ano. Durante o ano acadêmico
1998/1999, fizeram a prova oficial ou Nacional, passou somente 64% do sexto ano; 27%
de Bac I e 38% de Bac II ( primeiro e segundo grau do ensino médio ). Estes dados
mostram as falhas do sistema Educativa no Haiti: a debilidade do marco familiar, a
ausência de infra-estruturas de base nas escolas (banheiros, lugares de recreios,
eletricidade, espaço físico pelo esporte, biblioteca, água potável, etc.) para acolher as
crianças, e, é evidente que o número de estabelecimento escolares são insuficiente. A
pesar dos esforços realizados estes quinze anos na educação no Haiti, o Estado não
chega todavia a definir e colocar em marcha uma política adaptada na área educacional.
Os problemas fundamentais do sistema continuam sem resolução.

Minha trajetória Acadêmica ao nível superior é recente, teve início na Universidade


Católica de Pelotas-RS no ano de 2005, quando iniciei o curso de Filosofia. Meus
interesses iniciais foram obter conhecimentos acerca das questões mais pertinentes do

6
Nome do Partido Político do Ex-presidente J. Bertrant Aristide deposto.
envolvimento do homem com o meio em que ele se encontra inserido. A formação que
tive foi de forma integrada, pois permitiu uma verdadeira mudança de pensamento, capaz
de formar cidadãos atentos à pensar e refletir acerca dos problemas de nosso tempo;
além de gerar saberes, idéias e valores que permitiram com que eu sentisse e analisasse
os verdadeiros problemas do mundo em crise, que nos deparamos neste início de século.
Nesse período participei de semanas acadêmicas, seminários e eventos relacionados à
área de filosofia. Portanto, carrego comigo uma história fascinante. Portanto, quem pode
acreditar que um jogador de futebol, após uma cirurgia tem de abandonar o seu amor
profissional e se vê apaixonado pela filosofia?
No processo de elaboração do Projeto de pesquisa, respeitando os limites
temporais e acadêmicos, procuro dar visibilidade a um conhecimento produzido pelos
teóricos adotados ao tema proposto. Portanto, as considerações apresentadas não
devem ser tomadas como prontas e acabadas. Com isso, entendemos que este trabalho
suscitará novos questionamentos e reflexões que podem contribuir de forma relevante
para entender de forma especial a importância da educação numa sociedade, assim,
como compreender que o processo educacional da população haitiana está imerso na luta
por uma educação democrática e de qualidade social. Gostaria de ressaltar que essa
investigação relaciona-se com minha trajetória acadêmica, que busca compreender e
explicar os diferentes fatores implicantes nesse processo.

O Haiti nasceu com a vontade dos escravos de cambiar a realidade colonial para
viver em liberdade, igualdade e fraternidade. A sociedade de hoje, não tem praticamente
as mesma características da sociedade de santo-dominguense, isto é antiga nome da ilha
espanhola. Um pequeno grupo privilegiados que têm todo e são capazes de integrar-se
nas sociedades mais desenvolvidas como cidadãos do século XXI em comparação a uma
minoria que não tem praticamente nada, a falta de políticas educacionais, na Constituição
de 1987 haitiana consta no ARTIGO 22 : O Estado reconhece o direito de cada cidadão à
moradia digna, educação, alimentação e segurança social. ARTIGO 32: O Estado
garante o direito à educação. Veja para o desenvolvimento físico, intelectual, moral,
profissional, social e de formação cívica da população.
ARTIGO 32-1: A educação é da responsabilidade do Estado e as suas divisões
territoriais. Eles devem fazer escolaridade à disposição de todos, gratuitamente, e
garantir que os organismos públicos e privados, os professores são devidamente
treinados.
ARTIGO 32-2: A primeira responsabilidade do Estado e as suas divisões territoriais é a
educação das massas, que é a única forma do país podem ser desenvolvidas. O Estado
deve incentivar e facilitar a iniciativa privada neste domínio.
ARTIGO 32-3: Ensino primário é obrigatório sob sanções a serem prescritos por lei. Na
aula instalações e matérias pedagógicos devem ser fornecidos pelo Estado aos
estudantes do ensino fundamental de forma gratuita. E falta de Políticas ambientais.
Como salienta Christophe Wagny7 no seu artigo “Haiti/Reconstrução: ainda muito longe
da normalidade. Ele menciona que: A insegurança não está na violência das ruas de
Porto Príncipe, muito exagerado pela mídia. Ela é até menor que do violência de
metrópoles como Cidade de México e o Rio de Janeiro. A insegurança reside, isto sim,
numa precariedade: alimentar, sanitária, educacional, profissional e eu acrescentaria
ambiental. Agora o problema a ser levantado. É possível, através das políticas
educacionais, ambientais que devem ser fornecidos pelo Governo haitiano cientes das
diferenças do panorama que se encontra o país hoje, pode trazer novos benefícios à
população no futuro?

O objetivo geral deste trabalho no futuro é propor uma releitura que buscam refletir a
situação educacional e ambiental do Haiti, buscando desvelar a falta de participação de
forma efetiva do governo haitiano e identificar as potencialidades e fragilidades
ambientais do país. Somente assim, poderemos iniciar a simples prática do “pensar
globalmente e agir localmente”.

• Verificar se há política voltada ao meio ambiente, e sua repercussão no meio escolar,


se não há por que? E se a medida que está sendo tomada em relação a isso;
• Analisar a participação dos grupos sociais em relação aos problemas ambientais e
educacionais, bem como a construção de uma metodologia de educação a fim de
adquirir novas perspectivas no processo de construção de uma sociedade
democráticas, participativa, sustentável e socialmente justa;
• Observar a relação entre a sociedade e a natureza, a fim de introduzir conceitos sobre
preservação e a importância da conservação ambiental;
• Estimular a participação dos indivíduos a comprometerem-se com uma série de
valores, bem como o interesse e preocupação pelo meio ambiente, motivando-os de

7
Enviado especial ao Haiti, é autor de Haiti n’existe pás, deux cents ans de solitude (Paris, Autrement, 2008).
tal modo que possam participar ativamente na melhoria e na proteção do meio
ambiente.

Justificando este trabalho, na evidência da necessidade de inclusão da dimensão


ambiental na educação, aponta para a emergência do pensar a crise socioambiental, para
o reconhecimento mundial da complexidade dos problemas que afetam o meio ambiente
e para a busca de novos estilos de desenvolvimento no caso do Haiti.
A questão de meio ambiente foi um dos temas mais discutidos do final do século
XX no mundo inteiro. Um dos aspectos mais criticados é o antropocentrismo, pois a
sociedade moderna deu uma ênfase preponderante ao sujeito.
O momento atual suscita uma articulação dos princípios teóricos filosóficos da
educação ambiental de forma contextualizada com o pensamento contemporâneo. Falar
sobre os desafios da educação de modo geral é falar também dos desafios do educador.
Compete a nós, educadores discutir com seriedade as bases conceituais que sustentarão
a educação deste século.
Esse problema se agrava na medida em que os recursos naturais são limitados e,
por isso, não podem ser tratados como simples mercadorias; não se justifica sua
utilização para o enriquecimento de uma minoria, deixando cada vez os pobres mais
pobres. No atual ritmo de consumo, a crise tenderia a acentuar-se com o
desaparecimento de inúmeras espécies e esgotamento de muitos recursos naturais.
Portanto, precisamos repensar eticamente nossos padrões, nossos valores e
nossa conduta. Se realmente almejamos que nossa geração futura tenha oportunidade de
conhecer as maravilhas do mundo e da vida, é necessário uma mudança imediata no
cenário da política do povo haitiano.
A Educação Ambiental nasce pela necessidade de se renovar o mundo, pois
vivemos num momento de insatisfação com o modelo de desenvolvimento social e
ambiental em que estamos inseridos, já que a grande maioria está distante de vivenciar a
experiência de ser respeitada como ser humano, que merece e deve ter qualidade de
vida.
Com base nas idéias de Leff (2001), a educação ambiental é definida como um
processo no qual incorporamos critérios sócio-ambientais, ecológicos, éticos e estéticos
nos objetivos didáticos da educação, com o objetivo de construir novas formas de pensar
incluindo a compreensão da complexidade e das emergências e inter-relações entre os
diversos subsistemas que compõem a realidade. O ponto central é que a
preservação/recuperação do ambiente é algo que atinge a todos. Assim, temas como o
aquecimento gradual do planeta, a poluição dos oceanos, a poluição do ar, a camada de
ozônio, a possibilidade de acidentes nucleares, causam ampla preocupação,
independente da nacionalidade do indivíduo.
Atualmente, a preocupação com o ambiente tem estado presente na vida de
grande parte da população em diferentes culturas e países. A mídia tem se encarregado
de divulgar, quotidianamente, grandes catástrofes ambientais, naturais ou provocadas
pela atividade do homem, muitas vezes de forma genérica e noticiosa. O modelo
hegemônico atual de desenvolvimento econômico tem contribuído, em grande extensão,
para o agravamento desta situação. A degradação ambiental, que tem ocorrido em nível
mundial, tem introduzido novas preocupações. Nos encontros, debates e grandes
conferências realizadas para a discussão deste assunto é consensual a necessidade da
mudança de mentalidade na busca de novos valores e de uma nova ética para reger as
relações sociais, cabendo à educação um papel fundamental nesse processo (Moradilho
e Oki, 2004).
A Educação Ambiental representa um instrumento essencial para superar os
atuais impasses da nossa sociedade. A relação entre meio ambiente e educação para a
sociedade assume um papel cada vez mais desafiador. As políticas ambientais e os
programas educacionais relacionados à conscientização sobre a crise ambiental
demandam novos enfoques integradores de uma realidade onde o conhecimento
científico e tecnológico não sejam vistos somente como sinônimo de “progresso”. É
necessário fazer uma reflexão sobre a crise ambiental e do próprio conhecimento
científico, considerando as divergências em torno do atual debate sobre o conceito de
ética ambiental. Por certo que toda a história da humanidade se reflete nas
conseqüências percebidas em cada tempo desta mesma história, mas nenhuma fase
anterior à modernidade interferiu tanto e em todos os aspectos da vida em sociedade.
Neste contexto percebemos a razão da importância da modernidade nas atuais
discussões acerca dos rumos da civilização contemporânea. E uma das razões é buscar
apontar a importância do entendimento aprofundado da modernidade no contexto das
questões ambientais que se manifesta na relação clara e direta entre crise ambiental e
crise cultural. Ou seja, os dados e os fatos do mundo ao nosso redor comprovaram que a
modernidade não teve condições de cumprir com as suas promessas iniciais de
abundância, felicidade, paz e justiça social.
Nunca tivemos tanto desenvolvimento científico e tecnológico, bem como, nunca
tivemos a nosso dispor tantos produtos e bens de consumo como temos hoje, mas nada
disso consegue assegurar a qualidade de vida desejada e presente nos sonhos e anseios
de todos nós. Afinal, se a cultura moderna teve e ainda tem forte influência na chamada
crise ambiental, então, podemos associá-la a uma crise cultural de valores, de um certo
estado de “ser, pensar e agir” iniciado em um determinado momento e contexto histórico,
cujo poder de influência e penetração se mostrou evidente por si só a ponto de podermos
manifestar que a crise ambiental é de certa forma uma crise ética da razão.
Esta afirmação: de que a crise ambiental é uma crise da razão, ou, do
conhecimento, abre precedentes para uma discussão acerca da possibilidade concreta
que a humanidade tem em suas mãos de alterar o curso da história rumo a construção de
um futuro onde a crise se amenize e as oportunidades se maximizem. Ou seja, está nas
mãos da humanidade a escolha pela construção conjunta de um projeto de futuro que se
priorize em valores, condutas e ações direcionadas ao rumo da sustentabilidade.
Em meio a esta visão ecocêntrica, surge a Ética Ambiental como uma nova
relação de consciência entre o homem e a natureza: o ser humano faz parte da natureza
e não é o seu dono, não a tem para serví-lo, mas para que ele sobreviva em harmonia
com os demais seres. Portanto é necessário que as sociedades rever o papel e a
importância da política, assim Dussel salienta:
Para entender o político (como conceito) e a política (como
atividade), é necessário deter-se na análise de seus momentos
essências. Em geral, o cidadão e o político por profissão ou
vocação não tiveram possibilidade de meditar pacientemente
sobre o significado sua função e responsabilidade
política.(DUSSEL, 2007).

Max Weber tem um curto trabalho sobre A Política como profissão/vocação. Nesse
sentido, o oficio pode ser interpretado e vivido existencial e biograficamente pelo sujeito
como uma “profissão” burocrática, em certos casos muitos lucrativa, ou como uma
“vocação” motivados por idéias, valores, conteúdos normativos que mobilizam a
subjetividade do político a uma responsabilidade em favor do outro, do povo. No começo
do século XXI, os políticos (representantes eleitos para o exercício do poder
institucionalizado, a postas) constituíram grupos elitistas que foram se corrompendo,
depois do enorme desgaste das revoluções do século XX, do fracasso de muitos
movimentos políticos inspirados por grandes idéias, da crise econômica, e do aumento
de dificuldades na juventude para encontrar lugares de ocupação assalariada fixa (pelo
desemprego crescente estrutural). (DUSSEL, p.37, 2007).
Nesta nova concepção o homem passa a se preocupar com suas ações e como
conseqüência passa a praticar ações coerentes com a natureza. Com esta nova linha de
pensamento, podemos definir Ética Ambiental como uma conduta de comportamento do
ser humano com a natureza, cuja base está na conscientização ambiental e no
compromisso preservacionista, onde o objetivo é a conservação da vida global. Podemos
enfatizar que a Ética Ambiental cria uma nova ordem mundial alicerçada em valores
extrasociais humanos, embasado cientificamente na relação do homem com a natureza,
desenvolvendo uma humanidade consciente de que é parte viva da Terra, e como tal tem
o dever de desenvolver uma nova conduta comportamental, em todos os segmentos da
sociedade, como peças fundamentais neste novo paradigma do século 21.
Observa-se, ainda hoje, que o princípio no qual se apóia a relação do homem com
o ambiente é o de que a natureza e o ambiente têm valor apenas quando existe algum
interesse utilitário envolvido. Assim, em vez dos sujeitos se envolverem com a idéia da
natureza e do ambiente como um valor intrínseco, envolvem-se unicamente com a idéia
de dominação da natureza, de apropriação dos seus recursos para se atingir
determinados fins (Bornheim, 1983).
É importante registrar esse caráter planetário da devastação socioambiental desde
o inicio do processo de formação do mundo moderno-colonial. Muito embora os efeitos
mais imediatos dessa devastação tenham ficado restritos inicialmente às regiões
coloniais, esses efeitos locais e regionais forma o resultado de ações globais das
metrópoles européias que, assim, estão implicadas, desde o inicio, nessas práticas
devastadoras. Há, deste modo, uma dívida ecológico histórico que continua sendo
atualizada na medida em que, ainda hoje, essa mesma estrutura moderno-colonial está
presente na geopolítica do sistema-mundo que, assim, nos conforma. Tudo indica que
para superar o desafio ambiental que daí decorre haveremos de agir e pensar local e
globalmente e não agir localmente e pensar globalmente, como nos vêm recomendando
(PORTO-GONÇALVES, p.397, 2006).
Para Leff (2005) essas mudanças devem gerar uma racionalidade ambiental.
Desse modo, a racionalidade ambiental se funda numa nova ética que se manifesta em
comportamentos humanos em harmonia com a natureza; em princípios de uma vida
democrática e em valores culturais que dão sentido à existência humana. Estes se
traduzem num conjunto de práticas sociais que transformam as estruturas do poder
associadas à ordem econômica estabelecida, mobilizando um potencial ambiental para a
construção de uma racionalidade social alternativa.
O reconhecimento de que é necessária uma profunda mudança de percepção e de
pensamento para garantir a nossa sobrevivência, ainda não atingiu a maioria dos líderes
das nossas corporações, nem os administradores e os professores das nossas grandes
universidades. Como nos diz o físico Fritjof Capra e outros estudiosos da filosofia da
Ciência, alienadamente "Não reconhecemos que os valores não são periféricos à ciência
e nem à tecnologia, mas constituem a sua própria força motriz". Culturalmente,
acreditamos que os valores podem ser separados dos fatos, e assim pensamos que os
fatos científicos são independentes daquilo que fazemos e, portanto, são isentos de
valores.
Cabe à Filosofia, no entanto, mostrar que seria ilusório crer que apenas medidas
de política econômica ou mesmo transformações dos padrões energéticos, seriam
suficientes para superar a crise ecológica, uma vez que a carreira triunfal do pensamento
técnico-científico e das transformações por ele provocadas assentam sobre valores
ligados à atual relação homem - natureza. A única possibilidade de mudança de postura
em prol da natureza será então fruto da autonomia da razão, a única capaz de incorporar
princípios éticos em cada um, até alcançarmos uma consciência ética coletiva, à medida
que o vínculo com a autonomia de todos e a reconciliação com a natureza tornar-se uma
motivação política atuante. Desta forma, a Ética Ambiental poderá tornar-se natural e
espontânea, sem a necessidade da aplicação de normas legais, porque se transformará
na convicção e manifestação conjunta de todos os habitantes do planeta Terra .
No entanto a formação de uma ética ambiental pode levar à realização de que os
esforços no sentido de respeitar e sustentar a natureza são na verdade empreitadas
criativas em prol de nós mesmos. As razões a favor da conservação ambiental não são
em prol do progresso material ou por altruísmo ou devido ao conhecimento científico, mas
são frutos de uma convicção pessoal de que a natureza é muito mais um lugar de
propiciar e fortalecer a realização interior do homem do que um lugar de culturas agrícolas
e de colheitas. É preciso pensar, refletir e discutir sobre atitudes e decisões que são
tomadas a todo o momento sem a população ao menos saber, são empresas
multinacionais que chegam ao nosso Estado ao nosso Brasil e só ouvimos falar em
progresso, progresso esse que leva o homem a alienação por trabalhar em condições
muitas vezes desumanas para ganhar o equivalente a uma sobrevivência .
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A questão ambiental é uma problemática social que transcende a incumbência das
universidades. As transformações de conhecimento pelo saber ambiental vão além de
conteúdos ecológicos, o saber ambiental questiona todos os níveis do saber
educacional,desta forma orientar e educar é a forma mais coerente de se fazer algo
benéfico e coerente.
A formação ambiental é acima de tudo um compromisso, uma missão afim de
poder fazer algo por muitos e de certa forma por todos. Temos que amar o que fizemos, e
cuidar do que é nosso, isso é a maior prova de sabedoria e dignidade perante um mundo
que está em chamas.
Enquanto os problemas ambientais em determinadas regiões não se
apresentarem como agravantes, é necessário da mesma forma continuar um processo de
reflexão acerca dos problemas do homem com a natureza, deste modo a impressão que
temos é que estamos vivendo uma grande batalha com a natureza, mas de fato as duas
estão unificadas e ligadas uma a outra, o homem depende da natureza, mas a natureza
depende do homem?
Portanto, ressalto que, é falsa a afirmação de que nada é possível na educação
enquanto não houver uma transformação da sociedade, porque a educação é dependente
da sociedade. A educação não é certamente a alavanca da transformação social. Porém,
se ela não pode sozinha a transformação, essa transformação não se efetivará, não se
consolidará, sem ela. Se ela não é a alavanca, isso significa, ainda, que a sua luta deve
estender-se além dos muros da Escola, da Universidade.
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