Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Resumo
A utilização da literatura infantil pode ser vista e utilizada como aliada da difusão ou rejeição
da cultura afro-brasileira. O desenvolvimento de ações que despertem um olhar sobre as
questões étnico-raciais é fundamental para a construção de cidadãs e cidadãos mais
conscientes da riqueza da diversidade da nossa sociedade e mais libertos de conceitos e
valores que contribuem para o aumento das desigualdades sociais do país. Trabalhar estas
questões a partir da educação básica permite que crianças conheçam as diversas etnias e
culturas que compõe seu país, vivenciem valores civilizatórios que permitam a compreensão
do outro e de si mesmo a partir de uma lógica inclusiva, respeitosa e emancipatória. São
conceitos já previstos na lei nº 10.639/03 (que inclui nos currículos escolares a história e
cultura africana e afro-brasileira no currículo) e que devem ser implementados no ambiente
escolar. O único percalço é como formar crianças leitoras, haja vista vivermos numa
sociedade globalizada, onde a era da tecnologia se sobressai. Costumes como o ato de ler já
não é tão visto com grande importância. Tal aspecto se torna preocupante principalmente
quando se percebe que no próprio seio familiar não há a prática da leitura e, por sua vez, no
próprio ambiente de educacional, onde sua prática está sendo esquecida, dando espaço para
uma educação conteudista. Dessa forma, as crianças afastam-se da leitura de obras de
literatura infantil, agentes importantes no processo de letramento e escrita.
1. Introdução
A utilização dos livros de literatura infantil pode ser vistos e utilizados como
aliadas da difusão ou rejeição da cultura africana e afro-brasileira. O desenvolvimento de
ações que despertem um olhar sobre as questões étnico-raciais é fundamental para a
construção de cidadãs e cidadãos mais conscientes da riqueza da diversidade da nossa
sociedade e mais libertos de conceitos e valores que contribuem para o aumento das
desigualdades sociais do país. Trabalhar estas questões a partir da educação básica permite
que crianças conheçam as diversas etnias e culturas que compõe seu país, vivenciem valores
civilizatórios que permitam a compreensão do outro e de si mesmo a partir de uma lógica
inclusiva, respeitosa e emancipatória.
3. Breve histórico das lutas do movimento negro em prol de uma educação igualitária
[...] se o professor contar a história de Zumbi dos Palmares, dos quilombos, das
revoltas e insurreições ocorridas durante a escravidão; contar algo do que foi a
organização sócio-político-econômica e cultural na África pré-colonial; e
também sobre a luta das organizações negras, hoje, no Brasil e nas Américas.
(SILVA, 2005, P.25)
Iniciar um trabalho com esta temática voltada para a Educação Básica, como uma
etapa fundamental na luta contra o preconceito e o racismo, é de total importância, pois é
neste período da vida que se inicia a formação da identidade e dos conceitos e valores sobre a
vida e sobre o mundo. A utilização da Literatura Infantil como vínculo aproximativo da
criança/adolescente-mundo, acaba sendo uma aliada para uma primeira abordagem racial
dentro de sala de aula. Contudo, o que encontramos são educadores despreparados, ou que se
dizem como tais, para trabalhar esse novo olhar. Na verdade o que se vê são professores que
ao identificarem que dentro do convívio escolar existe preconceito e racismo, apesar de
muitos acreditarem que as mesmas não existem entre as crianças e adolescentes, alegam não
ter conhecimento necessário para desenvolver ações que ações que as combatam, ainda
questionam como abordar temas tão complexos com crianças da Educação Básica.
Ela aparece nos textos infanto-juvenis muitas das vezes de maneira implícita, mas
que de certa forma é vista por quem lê apresentando padrão de discriminação baseado na
supremacia dos brancos em detrimento dos negros. Portanto, cabe ao educador juntamente
com a escola selecionar livros adequados para a abordagem adequada dessa temática dentro
de sala de aula, para que assim não haja conceitos pré-concebidos e uma desvalorização da
cultura africana que pela história, faz parte das nossas vidas.
[...] o TEN passou a oferecer e realizar cursos de alfabetização e cultura geral para
os seus integrantes ou para aqueles(as) trabalhadores e desempregados(as) que o
procuravam. Isso também levou a instituição a se preocupar em usar o palco como
instrumento, ou melhor, como laboratório, para ensinar os indivíduos que o
procuravam a ler e escrever. [...] Mas não se tratava somente de ler e escrever
formalmente; não se tratava somente de uma decodificação e reprodução da escrita
ou uma identificação de palavras. Tratava-se de uma ação de “re-escrever o mundo”
reflexiva e criticamente, questionando a dominação social e racial a que estavam
submetidos. (SANTOS, 2007, p.89)
• que possibilitem aos leitores o acesso a obras onde habitem reis e rainhas negras, deuses
africanos, bem como os mitos afro-brasileiros;
FREIRE, Paulo; A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 48ªed. Ed
Cortez. 1997
JOSÉ, Elias. Literatura infantil: ler, contar e encantar crianças. Porto Alegre: Mediação,
2007.
PIRES, Rosane de Almeida; SOUSA; Andréia Lisboa; SOUZA, Ana Lúcia Silva; Afro-
literatura brasileira:O que é? Para quê? Como trabalhar? Fonte: www.gruhbas.com.br