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INSTALAÇÕES DE
CLIMATIZAÇÃO E
REFRIGERAÇÃO
1ª PARTE
ÍNDICE
4.5.3 Carga devida aos equipamentos de gás – calor sensível e calor latente ...................... 180
4.5.4 Carga devida às tubagens − calor sensível ................................................................... 182
4.6 CARGA DEVIDA À INFILTRAÇÃO − CALOR SENSÍVEL E CALOR LATENTE . 182
4.6.1 Método da troca de ar................................................................................................... 182
4.6.2 Método das frestas ....................................................................................................... 185
4.7 CARGA DEVIDA À VENTILAÇÃO............................................................................. 188
4.8 CARGA TÉRMICA TOTAL........................................................................................... 189
4.9 TOTAL DE AR DE INSUFLAMENTO ......................................................................... 189
4.10 CÁLCULO DA ABSORÇÃO DE HUMIDADE DOS RECINTOS............................... 189
4.11 CÁLCULO DO CALOR LATENTE .............................................................................. 190
4.12 DETERMINAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO AR DE INSUFLAMENTO ..................... 191
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE TABELAS
CAPÍTULO 3
O actual RCCTE caracteriza o país em três zonas climáticas de Inverno e três de Verão. Os
critérios de escolha tiveram em consideração as novas condições interiores de referência
(20ºC no Inverno e 25 ºC no Verão). O tratamento de toda a informação meteorológica de
base que conduziu ao actual zonamento climático foi assegurado pelo Instituto de
Meteorologia.
A partir destes valores é usual estabelecer limites às zonas climáticas que caracterizam a
diversidade da acção climática sobre edifícios e serve de partida para a escolha da solução a
adoptar.
Madeira Açores
Inverno Verão Inverno Verão
I1 – localidades situadas até 800 m V1 I1 – localidades situadas até 600 V1
de altitude m de altitude
I2 – localidades situadas entre 800 I2 – localidades situadas entre 600
m e 1100 m de altitude m e 1000 m de altitude
I3 – localidades situadas acima de I3 – localidades situadas acima de
1100 m de altitude 1000 m de altitude
Os limites das três zonas climáticas de Inverno foram estabelecidos a partir do número de
graus-dias de aquecimento (GD20) na base de 20 ºC.
Por outro lado, os limites das três zonas climáticas de Verão foram estabelecidos com base
nos valores actualizados da temperatura exterior de projecto de Verão, a qual corresponde à
temperatura seca do ar exterior que não é excedida, em média, durante mais do que 2,5 % do
período correspondente à estação convencional de arrefecimento (1 de Junho a 30 de
Setembro).
Tabela 1.2: Distribuição dos concelhos de Portugal Continental, segundo as zonas climáticas e
correspondentes dados climáticos de referência.
Em Portugal Continental, para ter em conta a influência, quer da altitude a que se situa dada
localidade quer da sua proximidade à costa litoral, após consulta da Tabela 1.2 devem ser
feitos eventuais ajustes em relação ao zonamento climático de Inverno e Verão, e aos
correspondentes valores de referência indicados nessa tabela. Os ajustes a efectuar constam
das Tabela 1.3 e 1.4 (zona climática de Inverno) e Tabela 1.6 e 1.7 (zona climática de Verão).
Tabela 1.4: Zonamento climático de Inverno. Alterações em função da proximidade das localidades ao
litoral.
Tabela 1.5: Energia solar média incidente numa superfície vertical orientada a Sul na estação de
aquecimento (Inverno).
Tabela 1.7: Zonamento climático de Verão. Alterações em função da proximidade das localidades ao
litoral.
radiação solar incidente (Ir) em superfícies exteriores com diversas orientações, requeridos
para o cálculo das necessidades nominais de arrefecimento são apresentados na Tabela 1.8.
Para efeitos de consulta dessa tabela, qualquer das zonas climáticas de Verão é considerada
dividida em Região Norte e Região Sul.
Qualquer que seja a zona climática, a região Sul abrange os respectivos concelhos situados a
Sul do rio Tejo e ainda os seguintes concelhos dos distritos de Lisboa e Santarém: Lisboa,
Oeiras, Cascais, Amadora, Loures, Odivelas, Vila Franca de Xira, Azambuja, Cartaxo e
Santarém.
Tabela 1.8: Valores médios mensais da temperatura do ar e da intensidade da radiação solar para a
estação de arrefecimento (Verão).
Para cada localidade da Região Autónoma dos Açores, o n.º médio de GD20, da estação de
aquecimento é calculado em função da respectiva altitude, z, dado pela expressão:
Tabela 1.9: Região Autónoma dos Açores. Duração média da estação de aquecimento (Inverno).
Duração média da
Altitude da localidade, estação de
z [m] aquecimento
[meses]
z ≤ 100 4
100 < z ≤ 200 5
Tabela 1.10: Região Autónoma dos Açores. Energia solar média incidente numa superfície vertical
orientada a Sul na estação de aquecimento (Inverno).
radiação solar incidente (Ir) em superfícies exteriores com diversas orientações, necessários
para o cálculo das necessidades nominais de arrefecimento encontram-se resumidos na Tabela
1.11.
Tabela 1.11: Região autónoma dos Açores. Valores médios mensais da temperatura do ar e da intensidade
da radiação solar na estação de arrefecimento (Verão).
Para cada localidade da Região Autónoma da Madeira, o n.º médio de GD20, da estação de
aquecimento é calculado em função da respectiva altitude, z, dado pela expressão:
Tabela 1.12: Região Autónoma da Madeira. Duração média da estação de aquecimento (Inverno).
Duração média da
Altitude da localidade, estação de
z [m] aquecimento
[meses]
z ≤ 100 0,3
100 < z ≤ 200 1,3
200 < z ≤ 300 2,3
300 < z ≤ 400 3,7
400 < z ≤ 500 5
500 < z ≤ 600 6
600 < z ≤ 700 7
z > 700 8
Tabela 1.13: Região Autónoma da Madeira. Energia solar média incidente numa superfície vertical
orientada a Sul na estação de aquecimento (Inverno).
radiação solar incidente (Ir) em superfícies exteriores com diversas orientações, necessários
1
U= Equation Section (Next)(1.1)
RSI + ∑ j R j + RSE
Em que:
Rj – Resistência térmica da camada j (m2.ºC/W);
RSI e RSE – Resistência térmica superficiais interior e exterior, respectivamente (m2.ºC/W);
RSI = RSE
e (1.2)
1
U=
RSI + ∑ j R j + RSE
O mesmo se aplica a coberturas inclinadas sobre desvão não-habitado, nas quais o desvão é
considerado um espaço não-útil. O valor de U é calculado apenas para a solução de esteira
horizontal do desvão, adoptando-se para o respectivo cálculo, RSI = RSE .
Por esse facto, de acordo com o RCCTE, as perdas térmicas através dos elementos da
envolvente interior e dos principais espaços não-aquecidos (por exemplo, circulações comuns,
espaços comerciais, armazéns, garagens, varandas, marquises fechadas, desvãos não-
habitados sob coberturas inclinadas), são afectadas do correspondente coeficiente τ, indicado
na tabela IV.1 do RCCTE.
Os valores de τ apresentados na Tabela 2.1 têm em consideração dois factores preponderantes
no valor atingido pela temperatura do local não-útil (não-aquecido), θa:
A relação Ai Au , entre as áreas do elemento que separa o espaço útil interior do espaço não-
útil (Ai) e do elemento que separa o espaço não-útil do ambiente exterior (Au);
O grau de renovação de ar do local não-útil (espaço não-aquecido).
= 0, 024 ⋅ U ⋅ A ⋅ GD ⋅τ
Q ln a j j [ kWh ] (1.4)
Exemplos de Cálculo:
Ao contrário do anterior RCCTE, em que as perdas térmicas que ocorrem em zonas não-
correntes da envolvente eram contabilizadas através de factores de concentração de perdas, no
novo regulamento as principais perdas térmicas que ocorrem nos pontos singulares da
envolvente são contabilizados individualmente através de coeficientes de transmissão térmica
lineares, ψ [W/m.ºC].
No novo RCCTE, o número de situações de ponte térmica consideradas é também mais
alargado, abrangendo os seguintes casos correntes:
Pontes térmicas lineares devidas ao contacto de pavimentos térreos e de paredes (enterradas)
com o terreno (vd. RCCTE, anexo IV, tabela IV.2);
Pontes térmicas lineares correspondentes às seguintes ligações (vd. RCCTE, anexo IV, tabela
IV.3):
Ligação da fachada com os pavimentos térreos;
Ligação da fachada com pavimentos sobre locais não-aquecidos ou exteriores;
Ligação da fachada com pavimentos intermédios;
Ligação da fachada com cobertura inclinada ou em terraço;
Ligação da fachada com varanda;
Ligação entre duas paredes verticais;
Ligação da fachada com caixa de estore;
Ligação da fachada com padieira, ombreira ou peitoril.
Edifícios conforme a norma NP 1037 faz com que a taxa de renovação horária nominal seja
de, Rph = 0,6 h-1.
Como grande parte dos edifícios não cumpre dita norma, há que determinar a respectiva
classe de exposição à acção do vento e definir a permeabilidade ao ar da caixilharia que se
pretende utilizar.
A classe de exposição (vd. RCCTE, anexo IV, quadro IV.2) depende de 3 parâmetros:
Consideram-se 2 regiões, A e B:
Região A – Todo o território nacional excepto os locais pertencentes à região B.
Região B – Região autónoma dos Açores e da Madeira e as localidades situadas numa faixa
de 5 km de largura junto à costa e/ou altitude superior a 600 m.
E 3 graus de rugosidade:
Tabela 2.2: Classes de exposição ao vento das fachadas do edifício ou da fracção autónoma.
Chama-se a atenção para o facto de quanto menor for a permeabilidade ao ar dos vãos
envidraçados mais precauções deverão ser tomadas no que respeita à ventilação para
minimizar os riscos de ocorrência de condensações nos elementos da envolvente e para
garantir uma qualidade do ar interior adequada.
Uma vez definidas a classe de exposição do edifício e a permeabilidade ao ar da caixilharia a
instalar, a taxa de renovação de ar horária nominal, Rph, a adoptar é obtida por consulta do
quadro IV.1 do anexo IV do RCCTE, que se reproduz na Tabela 2.3.
Por fim devem ser introduzidas eventuais correcções aos valores obtidos do quadro IV.1 (vd.
RCCTE, Anexo IV, Notas ao quadro IV.1) para ter em conta:
Características das aberturas de ventilação.
Área relativa dos vãos envidraçados.
Tipo de vedação prevista para as portas.
V
V
R=
ph
f
+ x h -1 (1.5)
V V
Em que:
– Caudal devido à ventilação mecânica [m3/h].
Vf
V
Figura 2.2: Taxas de renovação horária devidas à ventilação natural, x , em função do desequilíbrio
V
Exemplo de aplicação:
devem ser projectados de modo a garantirem uma taxa horária de renovação mínima de 0,6 h-
1
.
De referir ainda que no caso de utilização de sistemas mecânicos de ventilação tem de incluir-
se no cálculo dos consumos nominais de energia útil de aquecimento (Nic) e de arrefecimento
(Nvc) os consumos de energia eléctrica, Ev, correspondentes ao funcionamento dos
ventiladores.
Na estação de aquecimento
E v = Pv ⋅ 24 ⋅ 0, 03 ⋅ M [ kWh ] (1.6)
Na estação de arrefecimento
E v = Pv ⋅ 24 ⋅ 0, 03 ⋅ 4 [ kWh ] (1.7)
Em que:
Pv – Soma das potências eléctricas de todos os ventiladores instalados, em [W].
M – Duração média da estação convencional de aquecimento, em meses.
No caso de um ventilador comum a várias fracções autónomas, a energia total deve ser
dividida numa base proporcional aos caudais de ar nominais de cada uma delas.
A massa superficial útil por unidade de área útil de pavimento, It, é calculada a partir da
expressão:
It =
∑M SI ⋅ Si
(1.8)
Ap
Em que:
MSI – Massa superficial útil do elemento i [kg/m2]; Si – Área da superfície interna do
elemento i [m2]; Ap – Área útil de pavimento [m2].
Tabela 2.5: Valores máximos da massa superficial útil (MSI) em função da localização no edifício dos
elementos de construção.
Tabela 2.6: Exemplo de valores a adoptar para a massa superficial útil (MSI) em função da constituição
dos elementos e do posicionamento de uma eventual solução de isolamento térmico.
= G ⋅ X ⋅ ( A ⋅ F ⋅ F ⋅ F ⋅ F ⋅ F ⋅ g ) ⋅ M
Q s sul ∑ j ∑ h o f g w ⊥ nj (1.9)
j n
=
Q s ∑ Ir ⋅ ∑ ( A ⋅ F ⋅ F ⋅ F ⋅ F ⋅ F
j
j
n
h o f g w ⋅ g⊥ )
nj
(1.10)
Em que Gsul (.Xj) e Irj representam a energia solar incidente, respectivamente no Inverno e no
Verão, no vão envidraçado com a orientação j e A a área correspondente.
Nestas expressões, os diversos factores F( ) e g⊥ traduzem a fracção da radiação solar incidente
disponível no exterior (Gsul.Xj ou Irj) que entra para o interior do espaço útil (sob a forma de
radiação, quer visível quer térmica), e M a duração da estação de aquecimento.
Esses factores têm o seguinte significado:
Fh – factor de sombreamento do horizonte, traduz a percentagem da área de envidraçado que
não é sombreada por obstruções longínquas exteriores ao edifício ou por outros elementos do
próprio edifício.
Fo – factor de sombreamento por elementos horizontais adjacentes (ou sobrepostos) ao vão
envidraçado, traduz a percentagem da área do envidraçado que não é sombreada por palas,
varandas ou outros elementos exteriores horizontais, fixos ou móveis (toldos, por exemplo).
Ff – factor de sombreamento por elementos verticais adjacentes (ou sobrepostos) ao vão
envidraçado, traduz a percentagem da área do envidraçado que não é sombreada por palas, ou
outros elementos exteriores verticais, fixos ou móveis (portadas exteriores abertas, por
exemplo), adjacentes ou sobrepostos ao vão envidraçado.
Método Detalhado
Fh: o ângulo de horizonte é definido como o ângulo entre o plano horizontal e a recta que
passa pelo centro do envidraçado e pelo ponto mais alto da maior obstrução existente entre
dois planos verticais que fazem 60º para cada um dos lados da normal do envidraçado.
Figura 2.4: Vista lateral (alçados) dos edifícios e determinação do ângulo de horizonte.
Naturalmente que, para o cálculo do factor de sombreamento Fh, apenas se poderão considerar
as obstruções existentes ou previsíveis à data de execução do projecto, as quais deverão ser
consideradas para o cálculo do ângulo de horizonte.
Quando não haja informação suficiente sobre as obstruções existentes ou previsíveis, na
estação de aquecimento (Inverno) podem adoptar-se os seguintes valores para o ângulo de
horizonte:
45º - Em meio urbano;
20º - Em meio rural.
Figura 2.5: Exemplo de medição do ângulo α de palas e de outros elementos horizontais sobrepostos ao
vão envidraçado.
Ff: é determinado directamente pela tabela IV.7 do RCCTE, uma vez conhecidos o ângulo da
“pala” vertical, β, e a orientação do vão envidraçado.
Por uma questão de simplificação, para β > 60º adoptam-se os valores de Ff (Inverno)
correspondentes a um ângulo de 60º.
Fg: pode ser obtido por consulta directa do quadro IV.5 do RCCTE.
Fw: na estação de aquecimento, para vidros simples e duplos correntes, o valor de Fw assume o
valor de, Fw = 0,9. Para outros tipos de vidros o valor deve ser fornecido pelo fabricante (com
base na norma EN 410).
Exemplo de cálculo:
Para dispensar o cálculo exaustivo dos vários coeficientes F( ) para cada orientação, o valor do
produto de Fh ⋅ Fo ⋅ Ff ⋅ Fg ⋅ Fw pode ser considerado, por defeito, igual a
Fh ⋅ Fo ⋅ Ff ⋅ Fg ⋅ Fw =
0, 46
Para cada orientação não devem existir obstruções acima de um plano inclinado a 20º com a
horizontal e também entre os planos verticais que fazem 60º para cada um dos lados da
normal ao ponto médio da fachada.
Os envidraçados não devem ser sombreados por elementos do edifício, nomeadamente palas
ou outros elementos, sendo esta aproximação satisfatória quando os elementos horizontais que
se projectam sobre a janela têm um comprimento inferior a 1/5 da altura da janela, e os
elementos verticais adjacentes às janelas não se projectam mais de ¼ da largura da janela.
sul ∑
= G ⋅ X ⋅ 0, 4 ⋅6A ⋅ g ⋅ M
Q (1.11)
s j j ⊥
j
Exemplo de cálculo:
Método Detalhado
Fh: na estação de arrefecimento considera-se simplesmente que a fachada do edifício em
estudo não é sombreada e Fh = 1.
Fo: obtido por consulta directa do quadro V.1 do RCCTE. Admite-se que as protecções
móveis horizontais são utilizadas com razoável eficácia, pelo que o valor do factor de
sombreamento Fo é dado pela soma ponderada:
70% por consulta directa do quadro V.1 do RCCTE na posição de totalmente “activada”;
30% por consulta directa do quadro V.1 do RCCTE na posição de totalmente “desactivada”.
Ff: é determinado directamente pelo quadro V.2 do RCCTE, uma vez conhecidos o ângulo da
“pala” vertical, β, e a orientação do vão envidraçado. Admite-se que as protecções móveis
verticais são utilizadas com razoável eficácia, pelo que o valor do factor de sombreamento Ff
é dado pela soma ponderada:
70% por consulta directa do quadro V.2 do RCCTE na posição de totalmente “activada”;
30% por consulta directa do quadro V.2 do RCCTE na posição de totalmente “desactivada”;
Fg: igual à estação de aquecimento pelo que pode ser obtido por consulta directa do quadro
IV.5 do RCCTE.
Fw: na estação de arrefecimento, para vidros simples e duplos correntes, o valor de Fw assume
o valor que constam do quadro V.3 do RCCTE. Para outros tipos de vidros o valor deve ser
fornecido pelo fabricante (com base na norma EN 410).
30% do factor solar do vidro sem qualquer dispositivo de protecção solar, g⊥v, obtido para as
soluções correntes de vidros simples e duplos, por consulta directa da tabela IV.4 do RCCTE.
Para outros tipos de vidros os valores de g⊥v são fornecidos pelos fabricantes de acordo com a
norma EN 410.
Exemplo de cálculo:
Figura 2.9: Representação esquemática de uma janela com protecção por toldo amovível vertical lateral.
Fh ⋅ Fo ⋅ Ff ⋅ Fg ⋅ Fw =
0,51
Os envidraçados não devem ser sombreados por elementos do edifício, nomeadamente palas
ou outros elementos, sendo esta aproximação satisfatória quando os elementos horizontais que
se projectam sobre a janela têm um comprimento inferior a 1/5 da altura da janela, e os
elementos verticais adjacentes às janelas não se projectam mais de 1/4 da largura da janela.
=
Q s ∑ Ir ⋅ ∑ ( A
j
j
n
j ⋅ 0,51 ⋅ g ⊥ )
nj
(1.12)
As necessidades nominais de aquecimento de uma fracção autónoma, Nic, são calculadas para
a estação convencional da estação de aquecimento da localidade em que se situa o edifício e
correspondem à energia útil que é necessário fornecer para que no interior seja mantida uma
temperatura constante de 20 ºC. O método utilizado baseia-se na expressão:
Q t + Q v + Qgu
Nic kWh/m 2 ⋅ ano Equation Section 3 (3.1)
Ap
As perdas de calor por condução obtêm-se pelo somatório das perdas parcelares descritas nas
Tabela 3.3 e 3.4
Tabela 3.3: Necessidades nominais de aquecimento. Perdas parcelares de calor por condução através das
envolventes exterior e interior – síntese das equações.
As perdas de calor por renovação de ar (RCCTE, anexo IV, capítulo 3) obtêm-se pela
expressão descrita na Tabela 3.5.
Os ganhos térmicos úteis resultam do aproveitamento de parte dos ganhos solares brutos
através dos envidraçados, Qs, e dos ganhos internos brutos, Qi, resultantes da iluminação,
utilização de equipamentos e presença de ocupantes.
Os ganhos térmicos totais brutos, Qg, obtêm-se pelo somatório dos ganhos solares brutos
através dos vãos envidraçados (Tabela 3.6) e dos ganhos internos brutos (Tabela 3.7).
Tabela 3.6: Necessidades nominais de aquecimento. Ganhos solares brutos, Qs – síntese das equações.
Qg
γ= (3.2)
Qt + Qv
Entre os ganhos térmicos totais brutos, Qg (=Qs + Qi) e as perdas térmicas totais (=Qt + Qv)
determinam-se os ganhos térmicos úteis, Qgu, com base no conhecimento prévio do factor de
utilização dos ganhos térmicos, η (RCCTE, anexo IV, capítulo 4.4). O factor η calcula-se
pelas expressões seguintes, representadas graficamente na Figura 3.1:
1− γ a
= η se γ ≠ 1
1 − γ a +1
(3.3)
= η = a
se γ 1
a +1
Com,
Figura 3.1: Factor de utilização dos ganhos térmicos, η, em função do parâmetro γ e da classe de inércia
térmica interior.
Qgu= η ⋅ Qg (3.4)
Pelo que as necessidades nominais de aquecimento poderão ser expressas pela expressão:
Nic =
(Q t + Q v − η ⋅ Qg )
(3.5)
Ap
N vc =
Qg ⋅
(1 − η ) kWh/m 2 ⋅ ano (3.6)
Ap
O cálculo do factor de utilização, ηarref = (1 – η), é feito pela Figura 3.1 ou das
correspondentes equações, tendo em atenção que ηarref é obtido a partir da razão γ entre os
ganhos térmicos totais brutos Qg, que resultam do somatório,
Qg = ( Qi + Qs + Qopaco ) (3.7)
Em que,
Qi – ganhos internos (vd. Tabela 3.10);
Qs – ganhos solares através dos vãos envidraçados (vd. Tabela 3.11);
Qopaco – ganhos solares através da envolvente opaca (vd. Tabela 3.12).
E as perdas térmicas dizem respeito às perdas associadas aos elementos da envolvente exterior
(vd. Tabela 3.8) e por renovação de ar (vd. Tabela 3.9).
Para a estação de arrefecimento, os ganhos totais obtidos pelo somatório dos ganhos internos
(Tabela 3.10) e dos ganhos solares através dos envidraçados (Tabela 3.11) e da envolvente
opaca (Tabela 3.12). A metodologia de cálculo para os ganhos internos é igual à utilizada para
a estação de aquecimento.
Por carga térmica entende-se a quantidade de calor latente e sensível, geralmente expressa em
BTU/h ou kcal/h ou ainda no SI, em kW, que deve ser retirada ou colocada no recinto a
climatizar, a fim de proporcionar condições de conforto desejadas.
No cálculo da carga térmica por condução usa-se o coeficiente global de transmissão de calor,
U (Este coeficiente global de transmissão de calor é o mesmo retratado na secção 2.1), sendo
definido como o fluxo de calor por hora através de 1 m2 de superfície, quando a diferença
entre as temperaturas do ar nos dois lados da parede ou tecto é de 1 ºC.
= U . A. (θ − θ )
Q Equation Section (Next)(4.1)
atm i
Quando se tem vários materiais aplicados nas paredes, para cálculos mais precisos utilizam-se
as resistências de cada material opõe ao fluxo. Essas resistências são os inversos das
condutividades,λ, e condutâncias, Kp, que são somadas do mesmo modo que resistências em
série do circuito eléctrico.
1
U= n
(4.2)
1 e n 1 1
+∑ +∑ +
λ i 1 K p he
hi i 1 =
=
Condutividade Condutância
Material
W/m.ºC kcal/h.m.ºC W/m2.ºC kcal/h.m2.ºC
1. Acabamentos:
Cimento asbestos 0,577 0,496
Gesso ½” 12,78 10,99
Lambris 0,10 0,09
Lambris de ¾” 6,07 5,22
Fibra de madeira 0,201 0,173
Reboco (2cm) 2,78 2,39
2. Alvenaria
Lã mineral (vidro ou de rocha) 0,035 0,03
Betão simples 0,72 0,62
Massa de cimento com agregados 0,24 0,21
Betão com areia e pedra 1,72 1,48
Estuque 0,72 0,62
Tijolo comum (14 cm) 0,72 0,62
Tijolo comum (24 cm) 1,29 1,11
Tabela 4.2: Diferencial de temperatura utilizado nos projectos, baseado na diferença de 9,4 ºC entre a
temperatura exterior e o recinto climatizado.
(θ atm − θi )
[º C ]
1. Paredes exteriores 9,4
2. Vidros nas janelas exteriores 9,4
3. Vidros nas divisórias 5,5
4. Vitrinas de lojas com grande carga de luz 16,6
5. Divisórias 5,5
6. Divisórias junto de cozinha, lavandarias ou aquecedores 13,8
7. Pisos sobre recintos não condicionados 5,5
8. Pisos térreos 0
9. Pisos sobre caves 0
10. Pisos sobre caves com cozinha, lavandarias ou aquecedores 19,4
11. Pisos sobre espaços ventilados 9,4
12. Pisos sobre espaços não ventilados 0
13. Tectos sobre espaços não-condicionados 5,5
14. Tectos sobre espaços com cozinhas, lavandarias e aquecedores 11,1
U
Elementos 2
kcal/h.m .ºC W/m2.ºC
a) Janelas
Janelas de vidros comuns (simples) 5,18 6,02
Janelas de vidros duplos 3,13 3,64
Janelas de vidros triplos 1,66 1,93
b) Paredes externas
Tijolos maciços (20 x 10 x 6 cm):
14 cm = 10 tijolos + 2 revestimentos 2,88 3,35
24 cm = 20 tijolos + 2 revestimentos 1,95 2,27
Tijolos furados (20 x 20 x 10 ou 30 x 30 x 10 cm)
14 cm = 10 tijolos + 2 revestimentos 2,59 3,01
24 cm = 20 tijolos + 2 revestimentos 1,90 2,21
c) Paredes internas
Tijolos maciços (20 x 10 x 6 cm)
10 cm = 6 tijolos + 2 revestimentos 2,68 3,12
14 cm = 10 tijolos + 2 revestimentos 2,29 2,66
24 cm = 20 tijolos + 2 revestimentos 1,66 1,93
Tijolos furados (20 x 20 x 10 ou 20 x 20 x 6 cm)
10 cm = 6 tijolos + 2 revestimentos 2,54 2,95
14 cm = 10 tijolos + 2 revestimentos 2,10 2,44
24 cm = 20 tijolos + 2 revestimentos 1,61 1,87
d) Betão externo ou pedra
15 cm 3,81 4,43
25 cm 3,03 3,52
35 cm 2,54 2,95
50 cm 2,00 2,33
e) Betão interno
10 cm 3,17 3,69
15 cm 2,83 3,29
20 cm 2,59 3,01
A energia proveniente do Sol é quase sempre a responsável pela maior parcela da carga
térmica nos cálculos de ar condicionado, em geral é transmitida por radiação e convecção.
A quantidade de energia da radiação solar que pode ser absorvida pelos recintos depende da
maior ou menor de capacidade de reflexão da superfície em que incide. Assim, temos na
Tabela 4.4 uma ideia da percentagem de energia radiante em função da cor:
Para se estimar a carga térmica, é importante saber o horário de utilização do recinto e fazer o
cálculo para a incidência máxima do Sol.
Embora se conheça com certa precisão a quantidade de calor por radiação e convecção
oriundos do Sol, a parcela que penetra nos recintos não é bem conhecida, e todas as tabelas
existentes dão uma estimativa satisfatória para os cálculos na prática de ar condicionado.
Tabela 4.6: Valores médios da Temperatura do ar exterior e da intensidade da radiação solar para a
estação de arrefecimento (Quadro III.9 do RCCTE).
Os valores presentes na Tabela 4.7 também podem ser utilizados para a determinação da
parcela da quantidade de energia solar incidente que atravessa o envidraçado. E como o valor
médio da latitude de Portugal Continental não varia muito dos 40 ºN, o erro cometido não é
muito significativo. No entanto deve-se fazer a interpolação entre tabelas para a latitude do
local.
Qs = FS ⋅ Ir ⋅ A (4.3)
Regra prática:
Caso a janela seja protegida por toldos ou persianas, deve-se multiplicar os valores obtidos,
pelos seguintes coeficientes de redução:
Estes valores são para janelas com esquadria em madeira; para esquadrias metálicas
multiplicar por 1,15.
Portanto, consoante o tipo de protecção que esteja a ser utilizado, a expressão 4.3 sofre uma
correcção de acordo com os valores da regra prática ou da Tabela 4.8.
=
Q U env . Aenv ⋅ (θi − θ atm ) (4.4)
env
O coeficiente global de transmissão de calor, U, como foi referido, é assim obtido a partir da
Tabela 4.9.
Por fim, para determinarmos a carga térmica que atravessa um envidraçado, devemos
contabilizar as duas parcelas das expressões 4.3 e 4.4.
= Q
Q +Q
(4.5)
insol s env
As paredes, lajes e telhados transmitem a energia solar para o interior dos recintos por
condução e convecção, segundo a equação:
Em ambos os casos é adicionando calor ao ar de retorno, que deve ser retirado pelas
serpentinas do evaporador.
Normalmente, o projectista do ar condicionado vê-se às voltas com um aparente impasse:
como determinar a carga térmica devida aos ductos, se estes ainda não foram calculados?
Para se fazer o cálculo dos ductos, é necessário conhecer a quantidade de ar a ser insuflado no
recinto, e esta quantidade de ar depende da carga térmica.
O caminho mais prático para resolver este impasse é estimar o traçado e as dimensões dos
ductos, e assim, que se conhecer a quantidade de ar a ser insuflado, e tendo-se calculado o
sistema de ductos, fazer uma verificação para constatar se a estimativa inicial da carga térmica
era adequada. Se estiver dentro da margem de 10 % de erro, não há necessidade de se
recalcular a carga térmica.
= (
Q Aducto .U ducto . θ atm − θiducto ) (4.7)
Para este cálculo é necessário o utilizador saber qual a temperatura no interior do ducto.
A área é obtida através da equação 4.8, sabendo que o valor de a, b e c segue a Figura 4.1.
=A 2.c.(a + b) (4.8)
O valor de calor libertado por pessoa depende da temperatura ambiente, θatm, e da actividade
das pessoas em questão. Este valor pode ser estimado a partir da Tabela 4.12.
Temperatura Ambiente Pessoa Sentada ou em Movimento Lento Pessoa em Exercício Físico Moderado
[ºC] Calor Sensível Calor Latente Calor Total Calor Sensível Calor Latente Calor Total
kcal/h BTU/h W/h kcal/h BTU/h W/h kcal/h BTU/h W/h kcal/h BTU/h W/h kcal/h BTU/h W/h kcal/h BTU/h W/h
29 45,1 179 52,5 54,9 218 63,9 100 397 116,3 38,1 151 44,3 128 508 148,9 166,1 659 193,2
28 50,2 199 58,3 50,2 199 58,4 100 397 116,3 45,1 179 52,5 121 480 140,7 166,1 659 193,2
27 54,9 218 63,9 45,1 179 52,5 100 397 116,3 51,9 206 60,4 144,1 472 167,6 166,1 659 193,2
26 58 230 67,5 42,1 167 49 100 397 116,3 58 230 67,5 108,1 429 125,7 166,1 659 193,2
25 62 246 72,1 38,1 151 44,3 100 397 116,3 64 254 74,4 101,8 404 118,4 166,1 659 193,2
24 66 262 76,8 34 135 39,5 100 397 116,3 72,1 286 83,9 94 373 109,3 166,1 659 193,2
23 69,1 274 80,4 31 123 36,1 100 397 116,3 77,1 306 89,7 89 353 103,5 166,1 659 193,2
22 72,1 286 83,9 28 111 32,6 100 397 116,3 82,2 326 95,6 83,9 333 97,6 166,1 659 193,2
21 75,1 298 87,3 24,9 99 29 100 397 116,3 88 349 102,3 78,1 310 90,8 166,1 659 193,2
Sabendo o valor do calor latente e do calor sensível por pessoa (Tabela 4.12), e multiplicando este calor pelo número de pessoas (equação (4.9))
obtém-se a carga térmica devido às pessoas.
Os motores eléctricos adicionam carga térmica ao sistema devido às perdas nos mecanismos
internos, pelo que é necessário retirar essa carga térmica. O rendimento do motor e a potência deste
é que determinam a carga térmica.
É ainda preciso ter em conta se o motor tem um funcionamento contínuo ou apenas esporádico.
Para os ventiladores aplicam-se as seguintes equações:
P
Q = .733 (4.10)
η
Q = ( P.733) (4.11)
Em que,
Q − W; P – cv.
Para outros motores presentes no espaço a climatizar (elevadores, bombas, máquinas eléctricas,
perfuradoras, etc.) aplica-se a equação:
P
Q − P .733.P
= (4.12)
η
Em que,
Q − W/cv; P – cv.
Na Tabela 4.13 apresenta-se o ganho de calor por HP (HP – Horse power. 1 HP = 1,014 cv = 745,7
W ) para os motores eléctricos, em função da sua potência. No cálculo da carga térmica, por
questões de simplificação, considera-se a seguinte regra:
Motores até 3 HP – multiplicar os HP por 1055 W;
Motores maiores que 3 HP – multiplicar os HP por 879 W.
Rendimento
Potência Ganho de Calor
aproximado
[HP] [W/HP]
[%]
Até ¼ 60 1231
½−1 70 1055
1½−5 80 938
7,5 − 20 85 879
Maior que 20 88 850
No caso das lâmpadas incandescentes, basta multiplicar a potência unitária [W] pelo número de
lâmpadas,
Deve-se ainda ter em conta, no cálculo da carga térmica, que nem sempre todas as lâmpadas estão
ligadas na hora que se considerou por base de cálculo. Geralmente, na hora em que a carga térmica
de insolação é máxima muitas lâmpadas podem estar desligadas.
Quando não se dispõe de valores reais de carga eléctrica devida à iluminação, devem-se usar os
valores em W/m2, dados na Tabela 4.14.
Tabela 4.14: Valores recomendados para consumo de energia eléctrica para iluminação.
Nível de Potência
Tipo de
Local Iluminação Dissipada
Iluminação
[lux] [W/m2]
Escritórios Fluorescente 1000 40
Lojas Fluorescente 1000 50
Residências Incandescente 300 30
Supermercados Fluorescente 1000 35
Barbearias e salões de beleza Fluorescente 500 20
Cinemas e teatros Incandescente 60 15
Museus Fluorescente 500 45
Incandescente 500 70
Bibliotecas
Fluorescente 150 15
Restaurantes Incandescente 150 25
Bancos Fluorescente 1000 35
Auditórios:
a) Tribuna Incandescente 1000 50
b) Plateia Incandescente 500 30
c) Sala de espera Incandescente 150 20
Hotéis:
a) WC Incandescente 150 25
b) Corredores Incandescente 100 15
Fluorescente 500 45
c) Sala de leitura
Incandescente 500 70
d) Quartos Incandescente 500 35
e) Sala de reuniões
Plateia Incandescente 150 20
Palco Incandescente 500 30
f) Portaria e recepção Incandescente 250 35
Os valores que constam da Tabela 4.14 devem ser considerados como recomendações e não como
imposições. Outras fontes podem sugerir valores ligeiramente diferentes dos que aqui constam.
Em locais como cozinhas, laboratórios, restaurantes, cafés, etc., pode haver equipamentos de gás,
cuja queima pode adicionar à carga térmica do recinto mais duas parcelas: calor devido à queima
directa do gás e devido ao vapor formado.
Na Tabela 4.15 encontram-se valores aproximados para diferentes equipamentos. Tendo estes
valores, basta multiplicar pelo número de equipamentos e obtém-se assim a carga térmica devido
aos equipamentos de gás. No caso dos aquecedores de alimentos é necessário multiplicar pela área.
Para outros aparelhos não especificados, devem ser consultados os dados do fabricante e, na
ausência desses, os dados a seguir podem ser considerados como base de cálculo:
O gás natural liberta no processo de queima aproximadamente 36,93 MJ/m3 (ou 8820 kcal/m3).
Um queimador de gás de 5 cm consome cerca de 0,30 m3 de gás por hora.
Um queimador de gás de 10 cm consome cerca de 0,45 m3 de gás por hora
Nota: é suficiente, para os cálculos, considerar metade da carga como calor sensível e metade como
latente.
Em casos raros, provavelmente instalações industriais, um recinto a ser condicionado pode ser
atravessado por tubagens de água ou vapor, o que introduz mais uma parcela no cálculo da carga
térmica. Podemos ver um exemplo dessa parcela na Tabela 4.16.
Tabela 4.16: Carga térmica devida às tubulações quentes (W/m linear). Temperatura do recinto: 26ºC.
Multiplicando este valor da Tabela 4.16 pelo comprimento da tubagem obtém-se a carga térmica
devido as tubagens.
O movimento do ar exterior ao recinto possibilita a sua penetração através das frestas nas portas,
janelas ou outras aberturas. Tal entrada adiciona carga térmica sensível ou latente. Embora essa
carga não possa ser calculada com precisão, há dois métodos que permitem a sua estimativa: o
método da troca de ar (menos preciso) e o método das frestas (mais preciso).
Neste método supõe-se que a troca de ar por hora dos recintos depende da existência de janelas nas
paredes (vd. Tabela 4.17).
Trocar o ar significa renovar todo o ar contido no ambiente por hora. Desta forma teremos o ar
exterior a afectar o ar do recinto. Assim, se num quarto temos, por exemplo, três paredes com
janelas em contacto com o exterior, o calor devido à infiltração é calculado com base em duas
trocas por hora. Conhecido o fluxo de ar em m3/s e sabendo-se as temperaturas do ar exterior e do
recinto, utiliza-se a equação 4.17, para se determinar o calor sensível que entra no recinto.
O valor de rph (renovações de ar por hora) vem da Tabela 4.17 que multiplicado pelo volume
interior do espaço a climatizar, Vint, dá-nos o volume de ar que é necessário insuflar por hora, ou
seja, o caudal volúmico de ar.
n ⋅V
V = (4.18)
3600
Em que,
V – Caudal volúmico de ar [m3/s];
V – Volume de ar existente no espaço [m3];
n – número de renovações horárias, e o seu valor varia normalmente entre 0,5 e 2,0. Para os
edifícios de pequeno porte e sem pressurização interna, o número de renovações por hora pode ser
estimado através da expressão,
n= a + b ⋅ v + c ⋅ ∆t (4.19)
Qualidade da a b c
construção
Boa estanqueidade 0,15 0,01 0,007
Média estanqueidade 0,20 0,015 0,014
Má estanqueidade 0,25 0,02 0,022
Na Tabela 4.19 indicam-se alguns valores característicos do número de renovações por hora
associadas às infiltrações em vários tipos de edifícios.
Podemos ainda indicar que o método preconizado pelo RCCTE, na secção 2.3 poderá ser aplicado.
Q =m ⋅ ( w2 − w1 ) ⋅ h fg
kJ
h
(4.20)
=Q 583.( w2 − w1 ).ρ .V kcal
h
Em que:
w1 e w2 – Humidades específicas do ar na entrada e no interior, em kg/kg.
ρ − Massa específica do ar, em kg/m3.
m − Caudal mássico de ar em kg/h.
V − Caudal volúmico de ar em m3/h.
A equação 4.20 pode ser simplificada atendendo a que, m= ρ ⋅ V , e que hfg mantém um valor
constante próximo de 2440,9 kJ/kg.
Q L 2440,9 ⋅ m ⋅ ( w2 − w1 )
= kJ
h
ou (4.21)
Q L 2943, 73 ⋅ V ⋅ ( w2 − w1 )
= kJ
h
Ar pelas Frestas
Tipo de Abertura Observação m3/h por metro de
fresta
Janela
Comum 3,0
Basculante 3,0
Guilhotina com caixilho de madeira Mal ajustada 6,5
Bem ajustada 2,0
Guilhotina com caixilho de metálico Sem vedação 4,5
Com vedação 1,8
Porta Mal ajustada 13,0
Bem ajustada 6,5
Ar pelas Portas
Local m3/h por pessoa presente no recinto condicionado
Porta giratória Porta de vaivém
(1,80 m) (0,90 m)
Bancos 11 14
Barbearias 7 9
Drogarias e farmácias 10 12
Escritórios de corretagem 9 9
Escritórios privados - 4
Escritórios em geral - 7
Tabacarias 32 51
Lojas em geral 12 14
Quartos de hospitais - 7
Restaurantes 3 4
Salas de chá ou café 7 9
Ar pelas Portas abertas
Porta de 90 cm – 1350 m3/h
Porta de 180 cm – 2000 m3/h
Para contrabalançar a infiltração com tomada de ar nos condicionadores
Porta de 90 cm – 1750 m3/h
Porta de 180 cm – 2450 m3/h
Estas humidades (w1 e w2) obtêm-se calculando a pressão de saturação, usando a equação 4.23 com
uma humidade relativa de Ø=100%.
C8
ln ( pws ) = + C9 + C10 .T + C11.T + C12 .T 3 + C13 .ln (T ) (4.22)
T
Onde:
C8 = −5,8002206 E3;
C9 = 1,3914993;
C10 = −4,8640239 E−2;
C11 = 4,1764768 E−5;
C12 = −1,4452093 E−8;
C13 = 6,5459673;
ln – logaritmo natural;
Pws – pressão de saturação, em Pa;
T − temperatura absoluta, em K;
P – pressão atmosférica (101325 Pa)
pws
w = 0, 622 (4.23)
p − pws
Conseguimos ter a humidade absoluta que é igual na entrada e na saída, porque o ar à entrada já está
saturado, o que leva a que a temperatura de saturação adiabática será idêntica à temperatura de
entrada. Assim sendo, a humidade a entrada e á saída são iguais (w1 = w2).
Podemos ainda fazer uma chamada de atenção para o facto do calor total de infiltração ser a soma
da carga sensível e latente:
inf iltração =Q s + Q L =m ⋅ ( h 2 − h1 )
Q (4.24)
Conhecida a carga térmica devida a condução, insolação, ductos, pessoas, equipamentos, infiltração
e ventilação, e adicionando-os, temos o somatório de calor sensíveis e calor latente a retirar (ou
introduzir) do recinto para obter as condições de conforto desejadas. Somando ambos obtemos o
calor total.
Como medida de segurança, para atender às penetrações eventuais de calor no espaço, acrescenta-se
mais 10% do valor total.
0, 29 ⋅ (θi − θ atm )
ou (4.25)
Q
=
V s
Para manter o ar do recinto dentro das condições de conforto desejadas para a estação de
arrefecimento (Verão) temos que remover a sua humidade.
O ar insuflado no recinto absorve essa humidade e a temperatura do ponto de orvalho aumenta.
Desse modo, a temperatura do ponto de orvalho do ar de insuflamento deve ser inferior à do ar do
recinto.
Também a temperatura de bolbo seco do ar de insuflamento aumenta quando este fica em contacto
com o ar ambiente condicionado.
A quantidade de vapor de água absorvida pode ser determinada pela expressão,
m ar ⋅ ( w 2 − w1 ) em ( kg/h )
água = m (4.26)
= 583 ⋅ m
Q
L
ou (4.27)
= 1, 2 ⋅ V
Q ⋅ ∆h
L
A Tabela 4.22 apresenta valores de caudais mínimos de ar novo de acordo com o RSECE (dec. Lei
78/2006 – Anexo VI.
Para iluminação, equipamento, condições exterirores: TBS = 35 ºC; TBH = 23,8 a 25,5 ºC
O cálculo da carga térmica de um recinto conduz o projectista ao total de calores sensível e latente,
( )
.
cuja soma fornece o calor total Q T
=
Q ⋅ 0, 24 ⋅ (θ atm − θi )
m
s
=m
Q ⋅ ( h 2 − h1 )
T
Dividindo-as:
Q
= s
0, 24
(θ − θ )
⋅ atm i (4.28)
Q ( h 2 − h1 )
T
Q s
A relação é designada por razão de calor sensível (RCS), ou seja, a percentagem de calor
Q T
sensível para o calor total. Conhecida a RCS, através da carta psicrométrica, podemos obter as
condições do ar ao entrar no recinto desde que se conheçam as condições a serem mantidas no
ambiente condicionado.
O projectista deve escolher as condições do ar de insuflamento – um ponto pertencente à recta RCS.
Essas condições serão as fornecidas pelo equipamento de refrigeração e devem obedecer às
especificações do fabricante. Em resumo, o equipamento de refrigeração seleccionado deve ser
capaz de reduzir as temperaturas de bolbo seco e bolbo húmido do ar circulante para um ponto que
caia sobre a recta RCS. Essa recta traduz a quantidade de calor sensível e latente a ser retirada do
ambiente condicionado.