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MESTRADO EM MANUTENÇÃO TÉCNICA DE EDIFÍCIOS

INSTALAÇÕES DE
CLIMATIZAÇÃO E
REFRIGERAÇÃO
1ª PARTE

DOCENTE RESPONSÁVEL: ENG. FLÁVIO CHAVES


Docente Responsável: Flávio Chaves
ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA
Escola DE ABRANTES
Superior de Tecnologia de Abrantes
ANO LECTIVO: 2009-2010 2009-2010
INSTITUTO POLITÉCNICO DE TOMAR

ÍNDICE

CAPÍTULO 3 ............................................................................................................ 110


1. DIVISÃO CLIMÁTICA DO PAÍS .................................................................... 110
2. PARÂMETROS DE CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA .................................. 124
2.1 COEFICIENTE DE TRANSMISSÃO TÉRMICA SUPERFICIAL ............................... 124
2.2 PONTES TÉRMICAS ..................................................................................................... 128
2.3 TAXAS DE RENOVAÇÃO DE AR ............................................................................... 129
2.3.1 Edifícios ventilados naturalmente ................................................................................ 129
2.3.2 Edifícios ventilados mecanicamente ............................................................................ 132
2.4 INÉRCIA TÉRMICA ...................................................................................................... 137
2.5 FACTORES SOLARES .................................................................................................. 139
2.5.1 Factores solares na estação de aquecimento (inverno) ................................................ 141
2.5.2 Factores solares na estação de arrefecimento (Verão) ................................................. 148
3. RCCTE – CÁLCULO DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS .................... 151
3.1 NECESSIDADES NOMINAIS DE AQUECIMENTO .................................................. 151
3.1.1 Perdas de calor por condução através da envolvente ................................................... 152
3.1.2 Perdas de calor por renovação de ar............................................................................. 153
3.1.3 Ganhos úteis de calor ................................................................................................... 154
3.2 NECESSIDADES NOMINAIS DE ARREFECIMENTO .............................................. 158
4. CÁLCULO DA CARGA TÉRMICA ................................................................ 163
4.1 CARGA DE CONDUÇÃO – CALOR SENSÍVEL ........................................................ 164
4.2 CARGA DEVIDA À INSOLAÇÃO – CALOR SENSÍVEL .......................................... 167
4.2.1 Transmissão de calor do sol através de superfícies transparentes ............................... 171
4.2.2 Transmissão de calor do Sol através de superfícies opacas ......................................... 173
4.3 CARGA DEVIDO AOS DUCTOS ................................................................................. 173
4.4 CARGA DEVIDA ÀS PESSOAS − CALOR SENSÍVEL E CALOR LATENTE ........ 175
4.5 CARGA DEVIDA AOS EQUIPAMENTOS − CALOR SENSÍVEL E CALOR
LATENTE.................................................................................................................................... 177
4.5.1 Carga devida aos motores − calor sensível .................................................................. 177
4.5.2 Carga devida à iluminação − calor sensível ................................................................. 178

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4.5.3 Carga devida aos equipamentos de gás – calor sensível e calor latente ...................... 180
4.5.4 Carga devida às tubagens − calor sensível ................................................................... 182
4.6 CARGA DEVIDA À INFILTRAÇÃO − CALOR SENSÍVEL E CALOR LATENTE . 182
4.6.1 Método da troca de ar................................................................................................... 182
4.6.2 Método das frestas ....................................................................................................... 185
4.7 CARGA DEVIDA À VENTILAÇÃO............................................................................. 188
4.8 CARGA TÉRMICA TOTAL........................................................................................... 189
4.9 TOTAL DE AR DE INSUFLAMENTO ......................................................................... 189
4.10 CÁLCULO DA ABSORÇÃO DE HUMIDADE DOS RECINTOS............................... 189
4.11 CÁLCULO DO CALOR LATENTE .............................................................................. 190
4.12 DETERMINAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO AR DE INSUFLAMENTO ..................... 191

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.1: Zonamento climático de Inverno e Verão. .................................................................... 110


Figura 2.1: Limites superiores das classes de permeabilidade ao ar das caixilharias. ..................... 130

V
Figura 2.2: Taxas de renovação horária devidas à ventilação natural, x , em função do
V

desequilíbrio entre os caudais insuflado e extraído ins


( V − Vext ) e da classe de exposição do
 
V
edifício. ............................................................................................................................................ 133
Figura 2.3: Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar. .................................... 142
Figura 2.4: Vista lateral (alçados) dos edifícios e determinação do ângulo de horizonte................ 142
Figura 2.5: Exemplo de medição do ângulo α de palas e de outros elementos horizontais
sobrepostos ao vão envidraçado....................................................................................................... 143
Figura 2.6: Exemplo de medição do ângulo de palas verticais, β. ................................................... 144
Figura 2.7: Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar. .................................... 147
Figura 2.8: Vista lateral dos edifícios. ............................................................................................. 147
Figura 2.9: Representação esquemática de uma janela com protecção por toldo amovível vertical
lateral................................................................................................................................................ 149
Figura 3.1: Factor de utilização dos ganhos térmicos, η, em função do parâmetro γ e da classe de
inércia térmica interior. .................................................................................................................... 157
Figura 4.1: Área lateral dos ductos. ................................................................................................. 174

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1.1: Regiões Autónomas. Zonas climáticas de Inverno e Verão.......................................... 111


Tabela 1.2: Distribuição dos concelhos de Portugal Continental, segundo as zonas climáticas e
correspondentes dados climáticos de referência. ............................................................................. 112
Tabela 1.3: Zonamento climático de Inverno. Alterações em função da altitude das localidades. . 118
Tabela 1.4: Zonamento climático de Inverno. Alterações em função da proximidade das localidades
ao litoral. .......................................................................................................................................... 118
Tabela 1.5: Energia solar média incidente numa superfície vertical orientada a Sul na estação de
aquecimento (Inverno). .................................................................................................................... 118
Tabela 1.6: Zonamento climático de Verão. Alterações em função da altitude das localidades. .... 119
Tabela 1.7: Zonamento climático de Verão. Alterações em função da proximidade das localidades
ao litoral. .......................................................................................................................................... 119
Tabela 1.8: Valores médios mensais da temperatura do ar e da intensidade da radiação solar para a
estação de arrefecimento (Verão). ................................................................................................... 119
Tabela 1.9: Região Autónoma dos Açores. Duração média da estação de aquecimento (Inverno). 120
Tabela 1.10: Região Autónoma dos Açores. Energia solar média incidente numa superfície vertical
orientada a Sul na estação de aquecimento (Inverno). ..................................................................... 121
Tabela 1.11: Região autónoma dos Açores. Valores médios mensais da temperatura do ar e da
intensidade da radiação solar na estação de arrefecimento (Verão). ............................................... 121
Tabela 1.12: Região Autónoma da Madeira. Duração média da estação de aquecimento (Inverno).
.......................................................................................................................................................... 122
Tabela 1.13: Região Autónoma da Madeira. Energia solar média incidente numa superfície vertical
orientada a Sul na estação de aquecimento (Inverno). ..................................................................... 122
Tabela 1.14: Região autónoma da Madeira. Valores médios mensais da temperatura do ar e da
intensidade da radiação solar na estação de arrefecimento (Verão). ............................................... 123
Tabela 2.1: Valores do coeficiente τ (tabela IV.1 do anexo IV do RCCTE). .................................. 126
Tabela 2.2: Classes de exposição ao vento das fachadas do edifício ou da fracção autónoma. ...... 129
Tabela 2.3: Classes de exposição ao vento das fachadas do edifício ou da fracção autónoma (quadro
IV.1 do anexo IV do RCCTE). ........................................................................................................ 131
Tabela 2.4: Classes de inércia térmica interior. ............................................................................... 137
Tabela 2.5: Valores máximos da massa superficial útil (MSI) em função da localização no edifício
dos elementos de construção. ........................................................................................................... 137
Tabela 2.6: Exemplo de valores a adoptar para a massa superficial útil (MSI) em função da
constituição dos elementos e do posicionamento de uma eventual solução de isolamento térmico.
.......................................................................................................................................................... 138
Tabela 3.1: Necessidades de aquecimento – balanços energéticos. ................................................. 151
Tabela 3.2: Necessidades de arrefecimento – balanços energéticos. ............................................... 151
Tabela 3.3: Necessidades nominais de aquecimento. Perdas parcelares de calor por condução
através das envolventes exterior e interior – síntese das equações. ................................................. 152
Tabela 3.4: Necessidades nominais de aquecimento. Perdas parcelares de calor por condução
através da envolvente em contacto com o solo e das pontes térmicas lineares – síntese das equações.
.......................................................................................................................................................... 153
Tabela 3.5: Necessidades nominais de aquecimento. Perdas parcelares de calor por renovação de ar
– síntese das equações. ..................................................................................................................... 154
Tabela 3.6: Necessidades nominais de aquecimento. Ganhos solares brutos, Qs – síntese das
equações. .......................................................................................................................................... 154
Tabela 3.7: Necessidades nominais de aquecimento. Ganhos internos brutos, Qi – síntese das
equações. .......................................................................................................................................... 156
Tabela 3.8: Perdas associadas aos elementos da envolvente exterior. ............................................. 159
Tabela 3.9: Perdas por renovação de ar. .......................................................................................... 160
Tabela 3.10: Ganhos internos........................................................................................................... 160
Tabela 3.11: Ganhos solares através dos vãos envidraçados. .......................................................... 161
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Tabela 3.12: Ganhos através da envolvente opaca. ......................................................................... 162


Tabela 4.1: Coeficiente de Transmissão de Calor de alguns materiais de construção..................... 164
Tabela 4.2: Diferencial de temperatura utilizado nos projectos, baseado na diferença de 9,4 ºC entre
a temperatura exterior e o recinto climatizado. ................................................................................ 165
Tabela 4.3: Coeficiente global de transmissão de calor, U, para janelas e paredes. ........................ 166
Tabela 4.4: Percentagem da energia radiante em função da cor. ..................................................... 167
Tabela 4.5: Energia solar média mensal incidente numa superfície vertical orientada a Sul na
estação de aquecimento (Quadro III.8 do RCCTE). ........................................................................ 168
Tabela 4.6: Valores médios da Temperatura do ar exterior e da intensidade da radiação solar para a
estação de arrefecimento (Quadro III.9 do RCCTE). ...................................................................... 168
Tabela 4.7: Intensidade da radiação solar e factores solares para a latitude de 40ºN. ..................... 169
Tabela 4.8: Coeficiente de sombreamento e coeficiente U para janelas residenciais. ..................... 170
Tabela 4.9: Coeficiente global de Transmissão de calor, U [W/m2.ºC], para diversos tipos de vidros.
.......................................................................................................................................................... 172
Tabela 4.10: Acréscimo ao diferencial de temperatura [ºC]. ........................................................... 173
Tabela 4.11: Coeficiente global de transmissão de calor, U, para condutas. ................................... 174
Tabela 4.12: Calor libertado pelas pessoas. ..................................................................................... 176
Tabela 4.13: Ganho de calor em watts por HP para motores eléctricos. ......................................... 178
Tabela 4.14: Valores recomendados para consumo de energia eléctrica para iluminação. ............. 179
Tabela 4.15: Ganho de calor devido ao Gás. ................................................................................... 181
Tabela 4.16: Carga térmica devida às tubulações quentes (W/m linear). Temperatura do recinto:
26ºC. ................................................................................................................................................. 182
Tabela 4.17: Trocas de ar por hora nos recintos. ............................................................................. 183
Tabela 4.18: Constantes a utilizar consoante a qualidade de construção......................................... 184
Tabela 4.19: Número de renovações por hora, n. ............................................................................ 184
Tabela 4.20: Infiltração de ar exterior.............................................................................................. 186
Tabela 4.21: Ar Exterior para ventilação. ........................................................................................ 188
Tabela 4.22: Caudais mínimos de ar novo ....................................................................................... 190
Tabela 4.23: Estimativa da carga térmica de Verão......................................................................... 192

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CAPÍTULO 3

1. DIVISÃO CLIMÁTICA DO PAÍS

O actual RCCTE caracteriza o país em três zonas climáticas de Inverno e três de Verão. Os
critérios de escolha tiveram em consideração as novas condições interiores de referência
(20ºC no Inverno e 25 ºC no Verão). O tratamento de toda a informação meteorológica de
base que conduziu ao actual zonamento climático foi assegurado pelo Instituto de
Meteorologia.
A partir destes valores é usual estabelecer limites às zonas climáticas que caracterizam a
diversidade da acção climática sobre edifícios e serve de partida para a escolha da solução a
adoptar.

Figura 1.1: Zonamento climático de Inverno e Verão.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 110


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Tabela 1.1: Regiões Autónomas. Zonas climáticas de Inverno e Verão.

Madeira Açores
Inverno Verão Inverno Verão
I1 – localidades situadas até 800 m V1 I1 – localidades situadas até 600 V1
de altitude m de altitude
I2 – localidades situadas entre 800 I2 – localidades situadas entre 600
m e 1100 m de altitude m e 1000 m de altitude
I3 – localidades situadas acima de I3 – localidades situadas acima de
1100 m de altitude 1000 m de altitude

Os limites das três zonas climáticas de Inverno foram estabelecidos a partir do número de
graus-dias de aquecimento (GD20) na base de 20 ºC.
Por outro lado, os limites das três zonas climáticas de Verão foram estabelecidos com base
nos valores actualizados da temperatura exterior de projecto de Verão, a qual corresponde à
temperatura seca do ar exterior que não é excedida, em média, durante mais do que 2,5 % do
período correspondente à estação convencional de arrefecimento (1 de Junho a 30 de
Setembro).

Em apoio à verificação da satisfação das exigências regulamentares aplicáveis e ao cálculo


dos valores das necessidades nominais de aquecimento e arrefecimento na Tabela 1.2
discrima-se o zonamento climático por concelhos de Portugal Continental.
Nessa tabela ainda constam o número de GD20 e a duração da estação convencional de
aquecimento. Os dados climáticos de referência para o Verão são apresentados na Tabela 1.8.

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Tabela 1.2: Distribuição dos concelhos de Portugal Continental, segundo as zonas climáticas e
correspondentes dados climáticos de referência.

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Em Portugal Continental, para ter em conta a influência, quer da altitude a que se situa dada
localidade quer da sua proximidade à costa litoral, após consulta da Tabela 1.2 devem ser
feitos eventuais ajustes em relação ao zonamento climático de Inverno e Verão, e aos
correspondentes valores de referência indicados nessa tabela. Os ajustes a efectuar constam
das Tabela 1.3 e 1.4 (zona climática de Inverno) e Tabela 1.6 e 1.7 (zona climática de Verão).

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Tabela 1.3: Zonamento climático de Inverno. Alterações em função da altitude das localidades.

Tabela 1.4: Zonamento climático de Inverno. Alterações em função da proximidade das localidades ao
litoral.

Para além do número de graus-dias e da duração da estação de aquecimento, para o cálculo


dos ganhos solares úteis de Inverno, são necessários os valores de referência da energia solar
média mensal incidente numa superfície vertical orientada a Sul (GSul) na estação de
aquecimento (vd. Tabela 1.5).

Tabela 1.5: Energia solar média incidente numa superfície vertical orientada a Sul na estação de
aquecimento (Inverno).

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Tabela 1.6: Zonamento climático de Verão. Alterações em função da altitude das localidades.

Tabela 1.7: Zonamento climático de Verão. Alterações em função da proximidade das localidades ao
litoral.

Os valores de referência de Verão das temperaturas exteriores (θ atm ext.) e da intensidade da

radiação solar incidente (Ir) em superfícies exteriores com diversas orientações, requeridos
para o cálculo das necessidades nominais de arrefecimento são apresentados na Tabela 1.8.
Para efeitos de consulta dessa tabela, qualquer das zonas climáticas de Verão é considerada
dividida em Região Norte e Região Sul.
Qualquer que seja a zona climática, a região Sul abrange os respectivos concelhos situados a
Sul do rio Tejo e ainda os seguintes concelhos dos distritos de Lisboa e Santarém: Lisboa,
Oeiras, Cascais, Amadora, Loures, Odivelas, Vila Franca de Xira, Azambuja, Cartaxo e
Santarém.

Tabela 1.8: Valores médios mensais da temperatura do ar e da intensidade da radiação solar para a
estação de arrefecimento (Verão).

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Exemplo de aplicação das alterações ao zonamento climático.

Para cada localidade da Região Autónoma dos Açores, o n.º médio de GD20, da estação de
aquecimento é calculado em função da respectiva altitude, z, dado pela expressão:

GD20 ( est. aquecimento ) = 1,5 ⋅ z + 650 (0.1)

No que diz respeito à duração da estação de aquecimento:

Tabela 1.9: Região Autónoma dos Açores. Duração média da estação de aquecimento (Inverno).

Duração média da
Altitude da localidade, estação de
z [m] aquecimento
[meses]
z ≤ 100 4
100 < z ≤ 200 5

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200 < z ≤ 300 6


300 < z ≤ 400 6,7
400 < z ≤ 500 7,7
z > 500 8

Na Tabela 1.10 apresentam-se os valores de referência da energia solar média mensal


incidente numa superfície vertical orientada a Sul (GSul) na estação de aquecimento,
necessários ao cálculo dos ganhos solares úteis de Inverno.

Tabela 1.10: Região Autónoma dos Açores. Energia solar média incidente numa superfície vertical
orientada a Sul na estação de aquecimento (Inverno).

Os valores de referência de Verão da temperatura do ar exterior (θ atm ext.) e da intensidade da

radiação solar incidente (Ir) em superfícies exteriores com diversas orientações, necessários
para o cálculo das necessidades nominais de arrefecimento encontram-se resumidos na Tabela
1.11.

Tabela 1.11: Região autónoma dos Açores. Valores médios mensais da temperatura do ar e da intensidade
da radiação solar na estação de arrefecimento (Verão).

Para cada localidade da Região Autónoma da Madeira, o n.º médio de GD20, da estação de
aquecimento é calculado em função da respectiva altitude, z, dado pela expressão:

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 121


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z < 400 m GD20 ( est. aquecimento )= 2, 4 ⋅ z + 50


(0.2)
z ≥ 400 m GD20 ( est. aquecimento ) = 1, 6 ⋅ z + 380

No que diz respeito à duração da estação de aquecimento:

Tabela 1.12: Região Autónoma da Madeira. Duração média da estação de aquecimento (Inverno).

Duração média da
Altitude da localidade, estação de
z [m] aquecimento
[meses]
z ≤ 100 0,3
100 < z ≤ 200 1,3
200 < z ≤ 300 2,3
300 < z ≤ 400 3,7
400 < z ≤ 500 5
500 < z ≤ 600 6
600 < z ≤ 700 7
z > 700 8

Na Tabela 1.13 apresentam-se os valores de referência da energia solar média mensal


incidente numa superfície vertical orientada a Sul (GSul) na estação de aquecimento,
necessários ao cálculo dos ganhos solares úteis de Inverno.

Tabela 1.13: Região Autónoma da Madeira. Energia solar média incidente numa superfície vertical
orientada a Sul na estação de aquecimento (Inverno).

Os valores de referência de Verão da temperatura do ar exterior (θ atm ext.) e da intensidade da

radiação solar incidente (Ir) em superfícies exteriores com diversas orientações, necessários

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 122


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para o cálculo das necessidades nominais de arrefecimento encontram-se resumidos na Tabela


1.14.

Tabela 1.14: Região autónoma da Madeira. Valores médios mensais da temperatura do ar e da


intensidade da radiação solar na estação de arrefecimento (Verão).

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 123


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2. PARÂMETROS DE CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA

2.1 COEFICIENTE DE TRANSMISSÃO TÉRMICA SUPERFICIAL

O coeficiente de transmissão térmica superficial em zona corrente, U, é a quantidade de calor


por unidade de tempo que atravessa uma superfície de área unitária desse elemento da
envolvente por unidade de diferença de temperatura entre os ambientes que separa, e pode ser
determinado pela equação:

1
U= Equation Section (Next)(1.1)
RSI + ∑ j R j + RSE

Em que:
Rj – Resistência térmica da camada j (m2.ºC/W);
RSI e RSE – Resistência térmica superficiais interior e exterior, respectivamente (m2.ºC/W);

No anexo VII do RCCTE sintetizam-se os princípios de cálculo e os valores de referência a


adoptar nas situações correntes encontradas nos edifícios, nomeadamente fachadas,
pavimentos e coberturas horizontais e inclinadas.
Existem diversas publicações relativas aos coeficientes de transmissão térmica de elementos
da envolvente dos edifícios, como por exemplo a ITE 50 do LNEC.

De acordo com o RCCTE, quando exista um espaço não-útil (não-aquecido) a separar um


espaço aquecido interior do ambiente exterior, o cálculo das trocas térmicas refere-se
obrigatoriamente ao elemento construtivo que separa os espaços útil e não-útil.
Para o cálculo do valor de U de elementos que separam um espaço útil interior de um espaço
não-útil (considerados elementos da envolvente interior) na expressão 2.1 deve adoptar-se
valores de resistências superficiais exteriores iguais aos interiores (Anexo VII, quadro VII.1
do RCCTE), ou seja,

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 124


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RSI = RSE
e (1.2)
1
U=
RSI + ∑ j R j + RSE

O mesmo se aplica a coberturas inclinadas sobre desvão não-habitado, nas quais o desvão é
considerado um espaço não-útil. O valor de U é calculado apenas para a solução de esteira
horizontal do desvão, adoptando-se para o respectivo cálculo, RSI = RSE .

A temperatura dos espaços não-aquecidos, θa, apresenta um valor intermédio entre as


temperaturas interior, θi, e exterior, θatm, que pode ser representada pela expressão:

θ a = θ atm + (1 − τ ) ⋅ (θi − θ atm ) [ ºC]


ou (1.3)
θi − θ a =τ ⋅ (θi − θ a m ) t [ ºC]

Por esse facto, de acordo com o RCCTE, as perdas térmicas através dos elementos da
envolvente interior e dos principais espaços não-aquecidos (por exemplo, circulações comuns,
espaços comerciais, armazéns, garagens, varandas, marquises fechadas, desvãos não-
habitados sob coberturas inclinadas), são afectadas do correspondente coeficiente τ, indicado
na tabela IV.1 do RCCTE.
Os valores de τ apresentados na Tabela 2.1 têm em consideração dois factores preponderantes
no valor atingido pela temperatura do local não-útil (não-aquecido), θa:
A relação Ai Au , entre as áreas do elemento que separa o espaço útil interior do espaço não-

útil (Ai) e do elemento que separa o espaço não-útil do ambiente exterior (Au);
O grau de renovação de ar do local não-útil (espaço não-aquecido).

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 125


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Tabela 2.1: Valores do coeficiente τ (tabela IV.1 do anexo IV do RCCTE).

 = 0, 024 ⋅ U ⋅ A ⋅ GD ⋅τ
Q ln a j j [ kWh ] (1.4)

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Exemplos de Cálculo:

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 127


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2.2 PONTES TÉRMICAS

Ao contrário do anterior RCCTE, em que as perdas térmicas que ocorrem em zonas não-
correntes da envolvente eram contabilizadas através de factores de concentração de perdas, no
novo regulamento as principais perdas térmicas que ocorrem nos pontos singulares da
envolvente são contabilizados individualmente através de coeficientes de transmissão térmica
lineares, ψ [W/m.ºC].
No novo RCCTE, o número de situações de ponte térmica consideradas é também mais
alargado, abrangendo os seguintes casos correntes:
Pontes térmicas lineares devidas ao contacto de pavimentos térreos e de paredes (enterradas)
com o terreno (vd. RCCTE, anexo IV, tabela IV.2);
Pontes térmicas lineares correspondentes às seguintes ligações (vd. RCCTE, anexo IV, tabela
IV.3):
Ligação da fachada com os pavimentos térreos;
Ligação da fachada com pavimentos sobre locais não-aquecidos ou exteriores;
Ligação da fachada com pavimentos intermédios;
Ligação da fachada com cobertura inclinada ou em terraço;
Ligação da fachada com varanda;
Ligação entre duas paredes verticais;
Ligação da fachada com caixa de estore;
Ligação da fachada com padieira, ombreira ou peitoril.

Os valores dos coeficientes ψ correspondentes às diferentes situações de ponte térmica podem


ser determinados de acordo com as metodologias descritas nas normas europeias EN 13370
ou EN ISO 10211-1, respectivamente nos casos de elementos em contacto com o terreno e das
outras ligações acima referidas. Todavia, o próprio regulamento indica, para as situações mais
comuns acima indicadas, os valores de ψ que podem ser adoptados por defeito (vd. RCCTE,
anexo IV, Tabelas IV.2 e IV.3).
No sentido de facilitar a quantificação das pontes térmicas lineares devidas a ligações entre
elementos não-enterrados, o regulamento permite ainda, a adopção de um valor convencional
de ψ = 0,5 W/m.ºC, nos casos não considerados nessas tabelas. Deve notar-se que este valor é
uma opção geralmente penalizadora do comportamento dos edifícios, pelo que os projectistas
têm todo o interesse de quantificar ψ de forma precisa.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 128


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2.3 TAXAS DE RENOVAÇÃO DE AR

2.3.1 EDIFÍCIOS VENTILADOS NATURALMENTE

Edifícios conforme a norma NP 1037 faz com que a taxa de renovação horária nominal seja
de, Rph = 0,6 h-1.
Como grande parte dos edifícios não cumpre dita norma, há que determinar a respectiva
classe de exposição à acção do vento e definir a permeabilidade ao ar da caixilharia que se
pretende utilizar.
A classe de exposição (vd. RCCTE, anexo IV, quadro IV.2) depende de 3 parâmetros:

Altura da fracção autónoma acima do solo.


Região em que o edifício se situa.
Rugosidade da zona circundante.

Consideram-se 2 regiões, A e B:
Região A – Todo o território nacional excepto os locais pertencentes à região B.
Região B – Região autónoma dos Açores e da Madeira e as localidades situadas numa faixa
de 5 km de largura junto à costa e/ou altitude superior a 600 m.

E 3 graus de rugosidade:

Rugosidade I – Edifícios situados no interior de uma zona urbana.


Rugosidade II – Edifícios situados na periferia de uma zona urbana ou numa zona rural.
Rugosidade III – Edifícios situados em zonas muito expostas (sem obstáculos que atenuem o
vento).

Tabela 2.2: Classes de exposição ao vento das fachadas do edifício ou da fracção autónoma.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 129


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A classe de permeabilidade ao ar da caixilharia é classificada em 4 classes (por ordem


crescente de desempenho):
Sem classificação
Classe 1
Classe 2
Classe 3

A classe de permeabilidade é definida pelo caudal de ar que atravessa a caixilharia, em função


da diferença de pressão criada entre as duas faces (vd. Figura 2.1).

Figura 2.1: Limites superiores das classes de permeabilidade ao ar das caixilharias.

Chama-se a atenção para o facto de quanto menor for a permeabilidade ao ar dos vãos
envidraçados mais precauções deverão ser tomadas no que respeita à ventilação para
minimizar os riscos de ocorrência de condensações nos elementos da envolvente e para
garantir uma qualidade do ar interior adequada.
Uma vez definidas a classe de exposição do edifício e a permeabilidade ao ar da caixilharia a
instalar, a taxa de renovação de ar horária nominal, Rph, a adoptar é obtida por consulta do
quadro IV.1 do anexo IV do RCCTE, que se reproduz na Tabela 2.3.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 130


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Tabela 2.3: Classes de exposição ao vento das fachadas do edifício ou da fracção autónoma (quadro IV.1
do anexo IV do RCCTE).

Por fim devem ser introduzidas eventuais correcções aos valores obtidos do quadro IV.1 (vd.
RCCTE, Anexo IV, Notas ao quadro IV.1) para ter em conta:
Características das aberturas de ventilação.
Área relativa dos vãos envidraçados.
Tipo de vedação prevista para as portas.

a) Características das aberturas de ventilação:


Se estas aberturas não forem auto-reguladas e permitirem uma variação excessiva do caudal
(variações de caudal mais do que 1,5 vezes, para diferenças de pressão entre 20 e 200 Pa),
conduzirão a um aumento das perdas e dos ganhos por renovação de ar. Nestas situações os
valores de Rph da Tabela 2.3 devem ser agravados de 0,10 [h-1].

b) Área relativa dos vãos envidraçados:


Os valores da Tabela 2.3 foram obtidos tendo por base uma área máxima de vãos
envidraçados (Aenv) igual a 15 % da área útil do pavimento (Ap). Por essa razão deve-se
agravar os valores da Tabela 2.3 em 0,10 [h-1], se (Aenv > 0,15.Ap).

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 131


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c) Tipo de vedação prevista para as portas:


Facilmente se compreende que Rph diminuirá se as juntas móveis de todas as portas
exteriores do edifício, ou fracção autónoma, forem bem vedadas por aplicação de borrachas
ou equivalente em todo o seu desenvolvimento.
Por essa razão, o RCCTE admite a redução em 0,05 [h-1], para edifícios não conformes com a
norma NP 1037-1, cujas portas exteriores disponham daquele tipo de vedação.

2.3.2 EDIFÍCIOS VENTILADOS MECANICAMENTE

Em alternativa à ventilação natural, a renovação de ar das fracções autónomas pode ser


assegurada por meios mecânicos, nomeadamente recorrendo a sistemas de extracção nas
instalações sanitárias. Neste caso, a Rph a considerar deve incluir os caudais de ar
correspondentes à ventilação mecânica e à ventilação natural.
A taxa de renovação horária é dada pela expressão:


V 
V
R=
ph
f
+ x  h -1  (1.5)
V V

Em que:
 – Caudal devido à ventilação mecânica [m3/h].
Vf

 – Caudal devido à ventilação natural [m3/h].


Vx

V – Volume interior da fracção autónoma [m3].

 , toma os seguintes valores:


O caudal devido à ventilação mecânica, Vf

O maior dos valores correspondentes ao caudal insuflado ( V


 ) ou extraído ( V
ins
 ) , no caso
ext

de sistemas mecânicos de caudal constante;


O maior dos valores médios diários dos caudais insuflado e extraído, no caso de sistemas
mecânicos de caudal variável.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 132


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V x
A taxa de renovação horária devida à ventilação natural toma os seguintes valores (vd.
V
Figura 2.2) em função da classe de exposição do edifício e do desequilíbrio entre os caudais
insuflados e extraídos mecanicamente:


V
Figura 2.2: Taxas de renovação horária devidas à ventilação natural, x , em função do desequilíbrio
V

entre os caudais insuflado e extraído


( V
ins
 )
−Vext
e da classe de exposição do edifício.
V

Preferencialmente, os sistemas de ventilação mecânica devem ser dimensionados para a


colocação do edifício em sobrepressão ou depressão adequada, de modo a que se possa

V 
desprezar o efeito da ventilação natural  x = 0  .
V 

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 133


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Exemplo de aplicação:

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 134


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Para assegurar uma qualidade mínima do ar interior e reduzirem-se os riscos de ocorrência de


condensações nos elementos da envolvente dos edifícios, os sistemas de ventilação mecânica

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 135


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devem ser projectados de modo a garantirem uma taxa horária de renovação mínima de 0,6 h-
1
.

De referir ainda que no caso de utilização de sistemas mecânicos de ventilação tem de incluir-
se no cálculo dos consumos nominais de energia útil de aquecimento (Nic) e de arrefecimento
(Nvc) os consumos de energia eléctrica, Ev, correspondentes ao funcionamento dos
ventiladores.

Na estação de aquecimento
E v = Pv ⋅ 24 ⋅ 0, 03 ⋅ M [ kWh ] (1.6)

Na estação de arrefecimento
E v = Pv ⋅ 24 ⋅ 0, 03 ⋅ 4 [ kWh ] (1.7)

Em que:
Pv – Soma das potências eléctricas de todos os ventiladores instalados, em [W].
M – Duração média da estação convencional de aquecimento, em meses.

No caso de um ventilador comum a várias fracções autónomas, a energia total deve ser
dividida numa base proporcional aos caudais de ar nominais de cada uma delas.

No caso da ventilação mecânica incluir um sistema de recuperação de calor do ar extraído, a


respectiva eficácia (ηv) deve ser considerada apenas na estação de aquecimento, visto que na
estação de arrefecimento as temperaturas médias mensais exteriores são inferiores à
temperatura interior de conforto (25 ºC).

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 136


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2.4 INÉRCIA TÉRMICA

A inércia térmica interior de uma fracção autónoma é função da capacidade de


armazenamento e de restituição de calor que os locais apresentam e depende da massa
superficial útil por unidade de área útil de pavimento, It, de cada um dos elementos de
construção (paredes, pavimentos, coberturas) envolventes ou interiores dessa fracção. Em
função do valor de It, o regulamento (vd. RCCTE Anexo VII, Quadro VII.6) define 3 classes
de inércia térmica:

Tabela 2.4: Classes de inércia térmica interior.

Massa Superficial útil por metro


Classe de
quadrado da área útil de pavimento,
Inércia
It [kg/m2]
Fraca I t < 150

Média 150 ≤ I t ≤ 400

Forte I t > 400

A massa superficial útil por unidade de área útil de pavimento, It, é calculada a partir da
expressão:

It =
∑M SI ⋅ Si
(1.8)
Ap

Em que:
MSI – Massa superficial útil do elemento i [kg/m2]; Si – Área da superfície interna do
elemento i [m2]; Ap – Área útil de pavimento [m2].

Tabela 2.5: Valores máximos da massa superficial útil (MSI) em função da localização no edifício dos
elementos de construção.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 137


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Tabela 2.6: Exemplo de valores a adoptar para a massa superficial útil (MSI) em função da constituição
dos elementos e do posicionamento de uma eventual solução de isolamento térmico.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 138


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2.5 FACTORES SOLARES

Para o cálculo das necessidades nominais de energia útil de aquecimento (Nic) e de


arrefecimento (Nvc) devem ser contabilizados os ganhos solares através dos vãos
envidraçados que ocorrem, respectivamente, durante as estações de aquecimento e de
arrefecimento.
Na estação de aquecimento (Inverno), os ganhos solares brutos através do vão envidraçado n
com orientação j são dados pela expressão,

 = G ⋅ X ⋅ ( A ⋅ F ⋅ F ⋅ F ⋅ F ⋅ F ⋅ g )  ⋅ M
Q s sul ∑  j ∑ h o f g w ⊥ nj  (1.9)
j  n 

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 139


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E na estação de arrefecimento (Verão) pela expressão,

 

=
Q s ∑ Ir ⋅ ∑ ( A ⋅ F ⋅ F ⋅ F ⋅ F ⋅ F
j
j
n
h o f g w ⋅ g⊥ ) 
nj

(1.10)

Em que Gsul (.Xj) e Irj representam a energia solar incidente, respectivamente no Inverno e no
Verão, no vão envidraçado com a orientação j e A a área correspondente.
Nestas expressões, os diversos factores F( ) e g⊥ traduzem a fracção da radiação solar incidente
disponível no exterior (Gsul.Xj ou Irj) que entra para o interior do espaço útil (sob a forma de
radiação, quer visível quer térmica), e M a duração da estação de aquecimento.
Esses factores têm o seguinte significado:
Fh – factor de sombreamento do horizonte, traduz a percentagem da área de envidraçado que
não é sombreada por obstruções longínquas exteriores ao edifício ou por outros elementos do
próprio edifício.
Fo – factor de sombreamento por elementos horizontais adjacentes (ou sobrepostos) ao vão
envidraçado, traduz a percentagem da área do envidraçado que não é sombreada por palas,
varandas ou outros elementos exteriores horizontais, fixos ou móveis (toldos, por exemplo).
Ff – factor de sombreamento por elementos verticais adjacentes (ou sobrepostos) ao vão
envidraçado, traduz a percentagem da área do envidraçado que não é sombreada por palas, ou
outros elementos exteriores verticais, fixos ou móveis (portadas exteriores abertas, por
exemplo), adjacentes ou sobrepostos ao vão envidraçado.

Nota: No RCCTE, o produto ( Fh ⋅ Fo ⋅ Ff ) denomina-se factor de obstrução (Fs).

Fg – fracção envidraçada, traduz a redução da transmissão da energia solar associada à


existência da caixilharia (opaca), sendo dada pela relação entre a área envidraçada e a área
total do vão envidraçado.
Fw – factor de correcção da selectividade angular do tipo de envidraçado utilizado, traduz a
redução dos ganhos solares causada pela variação das propriedades de transmissão da
radiação solar directa através do vidro com o respectivo ângulo de incidência.
g⊥ – factor solar do vão envidraçado, traduz a relação entre a energia solar transmitida para o
interior através do vão envidraçado e a radiação solar incidente na direcção normal a esse vão.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 140


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Como é compreensível, os factores acima representados não tomam necessariamente os


mesmos valores nas estações de aquecimento e arrefecimento, devido aos diferentes ângulos
de incidência da radiação solar ou modos de utilização das protecções móveis nessas estações,
pelo que se torna necessário o cálculo individualizado para cada uma delas.

2.5.1 FACTORES SOLARES NA ESTAÇÃO DE AQUECIMENTO


(INVERNO)

Método Detalhado
Fh: o ângulo de horizonte é definido como o ângulo entre o plano horizontal e a recta que
passa pelo centro do envidraçado e pelo ponto mais alto da maior obstrução existente entre
dois planos verticais que fazem 60º para cada um dos lados da normal do envidraçado.

Exemplo de cálculo do ângulo de horizonte:


No caso da Figura 2.3 representam-se em planta 4 edifícios A, B, C e D. O edifício A tem
dois corpos A1 e A2. Para o cálculo do ângulo de horizonte do vão envidraçado do corpo A1
considere-se:
O ângulo formado por dois planos verticais (a traço contínuo) que fazem 60º com a normal (a
traço interrompido) ao ponto médio do vão. Só os edifícios B e C e o canto do corpo A1
(assinalados a cinzento) estão dentro do ângulo formado pelos dois planos. Portanto, só estes
edifícios vão ser considerados para o cálculo do ângulo de horizonte;
O ângulo formado entre a horizontal e o ponto mais alto de cada edifício considerado (B, C e
o canto do corpo A1), medido a partir do centro do vão envidraçado como se representa na
Figura 2.4;
O ângulo de horizonte, α, a adoptar para o cálculo dos ganhos solares (de Inverno ou de
Verão) é o maior dos ângulos determinados. Neste caso o ângulo α1 formado com o canto do
corpo A1.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 141


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Figura 2.3: Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar.

Figura 2.4: Vista lateral (alçados) dos edifícios e determinação do ângulo de horizonte.

Naturalmente que, para o cálculo do factor de sombreamento Fh, apenas se poderão considerar
as obstruções existentes ou previsíveis à data de execução do projecto, as quais deverão ser
consideradas para o cálculo do ângulo de horizonte.
Quando não haja informação suficiente sobre as obstruções existentes ou previsíveis, na
estação de aquecimento (Inverno) podem adoptar-se os seguintes valores para o ângulo de
horizonte:
45º - Em meio urbano;
20º - Em meio rural.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 142


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A partir do conhecimento do ângulo de horizonte a consulta da Tabela IV.5 do RCCTE


permite obter o valor do factor de sombreamento do horizonte Fh (Inverno) correspondente a
cada vão envidraçado (ou a um conjunto de vãos idênticos em condições de exposição
semelhantes) com uma determinada orientação.
Por uma questão de simplificação, para α > 45º adoptam-se os valores de Fh (Inverno)
correspondentes a um ângulo de 45º.

Fo: Em termos práticos, a influência da geometria do elemento de sombreamento e a sua


interacção com a altitude solar é representada pelo ângulo da “pala”, α, medido a partir do
ponto médio do envidraçado.

Figura 2.5: Exemplo de medição do ângulo α de palas e de outros elementos horizontais sobrepostos ao
vão envidraçado.

Na estação de aquecimento (Inverno), o valor de Fo é obtido por consulta directa da tabela


IV.6 do RCCTE.
Por uma questão de simplificação, para α > 60º adoptam-se os valores de Fo (Inverno)
correspondentes a um ângulo de 60º.

Ff: é determinado directamente pela tabela IV.7 do RCCTE, uma vez conhecidos o ângulo da
“pala” vertical, β, e a orientação do vão envidraçado.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 143


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Figura 2.6: Exemplo de medição do ângulo de palas verticais, β.

Por uma questão de simplificação, para β > 60º adoptam-se os valores de Ff (Inverno)
correspondentes a um ângulo de 60º.

Fg: pode ser obtido por consulta directa do quadro IV.5 do RCCTE.

Fw: na estação de aquecimento, para vidros simples e duplos correntes, o valor de Fw assume o
valor de, Fw = 0,9. Para outros tipos de vidros o valor deve ser fornecido pelo fabricante (com
base na norma EN 410).

g⊥: tem em consideração a utilização de dispositivos móveis de protecção solar (estores,


portadas, gelosias, cortinas, etc.) interiores ou exteriores. O RCCTE pressupõe a existência de
pelo menos cortinas interiores muito transparentes de cor clara. Portanto, no sector residencial
considera-se por defeito:
g⊥ = 0,70 para vidro simples incolor com cortinas interiores muito transparentes.

Exemplo de cálculo:

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 144


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Método Simplificado (Inverno)

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 145


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Para dispensar o cálculo exaustivo dos vários coeficientes F( ) para cada orientação, o valor do
produto de Fh ⋅ Fo ⋅ Ff ⋅ Fg ⋅ Fw pode ser considerado, por defeito, igual a

Fh ⋅ Fo ⋅ Ff ⋅ Fg ⋅ Fw =
0, 46

Desde que sejam satisfeitas, simultaneamente, as seguintes condições:

Para cada orientação não devem existir obstruções acima de um plano inclinado a 20º com a
horizontal e também entre os planos verticais que fazem 60º para cada um dos lados da
normal ao ponto médio da fachada.
Os envidraçados não devem ser sombreados por elementos do edifício, nomeadamente palas
ou outros elementos, sendo esta aproximação satisfatória quando os elementos horizontais que
se projectam sobre a janela têm um comprimento inferior a 1/5 da altura da janela, e os
elementos verticais adjacentes às janelas não se projectam mais de ¼ da largura da janela.

Nestas condições, na estação de aquecimento (Inverno), os ganhos solares brutos (Qs),

sul ∑ 
 = G ⋅  X ⋅ 0, 4 ⋅6A ⋅ g  ⋅ M
Q (1.11)
s j j ⊥
j

Exemplo de cálculo:

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 146


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Figura 2.7: Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar.

Figura 2.8: Vista lateral dos edifícios.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 147


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2.5.2 FACTORES SOLARES NA ESTAÇÃO DE ARREFECIMENTO


(VERÃO)

Método Detalhado
Fh: na estação de arrefecimento considera-se simplesmente que a fachada do edifício em
estudo não é sombreada e Fh = 1.

Fo: obtido por consulta directa do quadro V.1 do RCCTE. Admite-se que as protecções
móveis horizontais são utilizadas com razoável eficácia, pelo que o valor do factor de
sombreamento Fo é dado pela soma ponderada:
70% por consulta directa do quadro V.1 do RCCTE na posição de totalmente “activada”;
30% por consulta directa do quadro V.1 do RCCTE na posição de totalmente “desactivada”.
Ff: é determinado directamente pelo quadro V.2 do RCCTE, uma vez conhecidos o ângulo da
“pala” vertical, β, e a orientação do vão envidraçado. Admite-se que as protecções móveis
verticais são utilizadas com razoável eficácia, pelo que o valor do factor de sombreamento Ff
é dado pela soma ponderada:
70% por consulta directa do quadro V.2 do RCCTE na posição de totalmente “activada”;
30% por consulta directa do quadro V.2 do RCCTE na posição de totalmente “desactivada”;

Fg: igual à estação de aquecimento pelo que pode ser obtido por consulta directa do quadro
IV.5 do RCCTE.

Fw: na estação de arrefecimento, para vidros simples e duplos correntes, o valor de Fw assume
o valor que constam do quadro V.3 do RCCTE. Para outros tipos de vidros o valor deve ser
fornecido pelo fabricante (com base na norma EN 410).

g⊥: tem em consideração a utilização de dispositivos móveis de protecção solar (estores,


portadas, gelosias, cortinas, etc.) interiores ou exteriores. O RCCTE pressupõe a existência de
pelo menos cortinas interiores muito transparentes de cor clara. Portanto, o regulamento prevê
que o factor solar g⊥ seja obtido pela soma ponderada:
70% do valor de g⊥’, por consulta do quadro V.4 do RCCTE;

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 148


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30% do factor solar do vidro sem qualquer dispositivo de protecção solar, g⊥v, obtido para as
soluções correntes de vidros simples e duplos, por consulta directa da tabela IV.4 do RCCTE.
Para outros tipos de vidros os valores de g⊥v são fornecidos pelos fabricantes de acordo com a
norma EN 410.

Exemplo de cálculo:

Figura 2.9: Representação esquemática de uma janela com protecção por toldo amovível vertical lateral.

Método Simplificado (Verão)


Para dispensar o cálculo exaustivo dos vários coeficientes F( ) para cada orientação, o valor do
produto de Fh ⋅ Fo ⋅ Ff ⋅ Fg ⋅ Fw pode ser considerado, por excesso, igual a

Fh ⋅ Fo ⋅ Ff ⋅ Fg ⋅ Fw =
0,51

Desde que seja satisfeita a seguinte condição:

Os envidraçados não devem ser sombreados por elementos do edifício, nomeadamente palas
ou outros elementos, sendo esta aproximação satisfatória quando os elementos horizontais que
se projectam sobre a janela têm um comprimento inferior a 1/5 da altura da janela, e os
elementos verticais adjacentes às janelas não se projectam mais de 1/4 da largura da janela.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 149


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Nestas condições, na estação de arrefecimento (Verão), os ganhos solares brutos (Qs),

 
 =
Q s ∑ Ir ⋅ ∑ ( A
j
j
n
j ⋅ 0,51 ⋅ g ⊥ ) 
nj

(1.12)

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 150


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3. RCCTE – CÁLCULO DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS

No cálculo das necessidades de aquecimento e de arrefecimento são tidos em conta os


fenómenos descritos a seguir:

Tabela 3.1: Necessidades de aquecimento – balanços energéticos.

Tabela 3.2: Necessidades de arrefecimento – balanços energéticos.

3.1 NECESSIDADES NOMINAIS DE AQUECIMENTO

As necessidades nominais de aquecimento de uma fracção autónoma, Nic, são calculadas para
a estação convencional da estação de aquecimento da localidade em que se situa o edifício e

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 151


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correspondem à energia útil que é necessário fornecer para que no interior seja mantida uma
temperatura constante de 20 ºC. O método utilizado baseia-se na expressão:

 Q t + Q v + Qgu 
Nic    kWh/m 2 ⋅ ano  Equation Section 3 (3.1)
 Ap
 

Em que as variáveis do 2º membro representam:


Qt – Perdas de calor por condução através da envolvente do edifício;
Qv – Perdas de calor resultantes da renovação de ar;
Qgu – Ganhos de calor úteis, resultantes da iluminação, dos equipamentos, dos ocupantes e
dos ganhos solares através dos envidraçados;
Ap – Área útil do pavimento da fracção autónoma.

3.1.1 PERDAS DE CALOR POR CONDUÇÃO ATRAVÉS DA ENVOLVENTE

As perdas de calor por condução obtêm-se pelo somatório das perdas parcelares descritas nas
Tabela 3.3 e 3.4

Tabela 3.3: Necessidades nominais de aquecimento. Perdas parcelares de calor por condução através das
envolventes exterior e interior – síntese das equações.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 152


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Tabela 3.4: Necessidades nominais de aquecimento. Perdas parcelares de calor por condução através da
envolvente em contacto com o solo e das pontes térmicas lineares – síntese das equações.

3.1.2 PERDAS DE CALOR POR RENOVAÇÃO DE AR

As perdas de calor por renovação de ar (RCCTE, anexo IV, capítulo 3) obtêm-se pela
expressão descrita na Tabela 3.5.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 153


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Tabela 3.5: Necessidades nominais de aquecimento. Perdas parcelares de calor por renovação de ar –
síntese das equações.

3.1.3 GANHOS ÚTEIS DE CALOR

Os ganhos térmicos úteis resultam do aproveitamento de parte dos ganhos solares brutos
através dos envidraçados, Qs, e dos ganhos internos brutos, Qi, resultantes da iluminação,
utilização de equipamentos e presença de ocupantes.
Os ganhos térmicos totais brutos, Qg, obtêm-se pelo somatório dos ganhos solares brutos
através dos vãos envidraçados (Tabela 3.6) e dos ganhos internos brutos (Tabela 3.7).

Tabela 3.6: Necessidades nominais de aquecimento. Ganhos solares brutos, Qs – síntese das equações.

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Tabela 3.7: Necessidades nominais de aquecimento. Ganhos internos brutos, Qi – síntese das equações.

Os ganhos internos são considerados constantes durante toda as horas de funcionamento do


edifício. Por exemplo, num edifício residencial, admite-se que durante toda a estação de
aquecimento (com a duração de M meses) o valor de qi é, em média, igual a 4 W/m2 durante
24 horas por dia.
Uma vez calculada a relação (Para evitar problemas de sobreaquecimento o valor de γ deve
ser inferior a 0,8 e devem ser sempre previstos dispositivos eficazes de protecção solar).

Qg
γ= (3.2)
Qt + Qv

Entre os ganhos térmicos totais brutos, Qg (=Qs + Qi) e as perdas térmicas totais (=Qt + Qv)
determinam-se os ganhos térmicos úteis, Qgu, com base no conhecimento prévio do factor de
utilização dos ganhos térmicos, η (RCCTE, anexo IV, capítulo 4.4). O factor η calcula-se
pelas expressões seguintes, representadas graficamente na Figura 3.1:

 1− γ a
= η se γ ≠ 1
1 − γ a +1
 (3.3)
= η = a
se γ 1
 a +1
Com,

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 156


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1,8 − edifícios com inércia térmica fraca



=a 2, 6 − edifícios com inércia térmica média
4, 2 − edifícios com inércia térmica forte

Figura 3.1: Factor de utilização dos ganhos térmicos, η, em função do parâmetro γ e da classe de inércia
térmica interior.

Finalmente, os ganhos térmicos úteis obtêm-se pelo produto,

Qgu= η ⋅ Qg (3.4)

Pelo que as necessidades nominais de aquecimento poderão ser expressas pela expressão:

Nic =
(Q t + Q v − η ⋅ Qg )
(3.5)
Ap

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 157


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3.2 NECESSIDADES NOMINAIS DE ARREFECIMENTO

As necessidades nominais de arrefecimento de uma fracção autónoma, Nvc, são calculadas


para os quatro meses de Verão – Junho a Setembro (122 dias), definidos pelo RCCTE como a
estação convencional de arrefecimento – e correspondem à energia útil que seria necessário
retirar para que no interior não seja excedida a temperatura de 25ºC. O método utilizado
baseia-se na expressão,

N vc =
Qg ⋅
(1 − η )  kWh/m 2 ⋅ ano  (3.6)
Ap  

Em que (1 – η) é o factor de utilização dos ganhos solares e internos na estação de


arrefecimento, ηarref, Ap a área útil de pavimento e Qg o balanço entre os ganhos e as perdas
térmicas do edifício. A metodologia adoptada é similar à utilizada na determinação das
necessidades de aquecimento.
Durante a estação de aquecimento o objectivo é que o edifício atinja uma determinada
temperatura de referência, 20 ºC no RCCTE, sendo necessário fornecer energia auxiliar
sempre que tal objectivo não seja atingido. Quando a temperatura sobe acima do valor de
referência, estes ganhos térmicos dão origem a um sobreaquecimento sendo pois indesejáveis
ou inúteis (ganhos não úteis). O parâmetro η representa assim a fracção dos ganhos que é útil
para o objectivo enunciado.
Pelo contrário, na estação de arrefecimento, o objectivo é que a temperatura não exceda 25 ºC
(pelo RCCTE). Se a temperatura se mantiver abaixo desse valor, não será necessário arrefecer
artificialmente o edifício com ar-condicionado.
Portanto, sempre que os ganhos internos e solares forem tais que contribuam para o
sobreaquecimento do edifício acima da temperatura de referência, esses são precisamente os
ganhos excessivos que o sistema de ar-condicionado tem de retirar, ou seja, os ganhos em
excesso são as necessidades de arrefecimento.
Ora, essa fracção de ganhos excessivos é, precisamente, (1 – η). Uma vez que esse parâmetro,
no Verão, é calculado com base em ganhos e perdas referidas a condições interiores distintas
das utilizadas para a estação de aquecimento, ele diferenciar-se-á na nomenclatura através do
recurso à designação, ηarref.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 158


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O cálculo do factor de utilização, ηarref = (1 – η), é feito pela Figura 3.1 ou das
correspondentes equações, tendo em atenção que ηarref é obtido a partir da razão γ entre os
ganhos térmicos totais brutos Qg, que resultam do somatório,

Qg = ( Qi + Qs + Qopaco ) (3.7)

Em que,
Qi – ganhos internos (vd. Tabela 3.10);
Qs – ganhos solares através dos vãos envidraçados (vd. Tabela 3.11);
Qopaco – ganhos solares através da envolvente opaca (vd. Tabela 3.12).

E as perdas térmicas dizem respeito às perdas associadas aos elementos da envolvente exterior
(vd. Tabela 3.8) e por renovação de ar (vd. Tabela 3.9).

Tabela 3.8: Perdas associadas aos elementos da envolvente exterior.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 159


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Tabela 3.9: Perdas por renovação de ar.

Para a estação de arrefecimento, os ganhos totais obtidos pelo somatório dos ganhos internos
(Tabela 3.10) e dos ganhos solares através dos envidraçados (Tabela 3.11) e da envolvente
opaca (Tabela 3.12). A metodologia de cálculo para os ganhos internos é igual à utilizada para
a estação de aquecimento.

Tabela 3.10: Ganhos internos.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 160


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Tabela 3.11: Ganhos solares através dos vãos envidraçados.

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Tabela 3.12: Ganhos através da envolvente opaca.

A metodologia adoptada para o cálculo das necessidades de arrefecimento é pois


complementar à utilizada para a estação de aquecimento e encontra-se já validada a nível
europeu.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 162


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4. CÁLCULO DA CARGA TÉRMICA

Como a metodologia de cálculo inerente aos regulamentos RCCTE e RSECE, conduz-nos às


necessidades globais de aquecimento e arrefecimento para uma fracção autónoma, e muitas
vezes o projectista depara-se com uma necessidade específica (climatização de alguns
quartos, salas e espaços comerciais) e tratando-se este curso de uma formação ao nível de
aprendizagem da metodologia de cálculo, passaremos a explicar de forma sucinta e
sistemática a metodologia de cálculo das cargas térmicas de aquecimento e arrefecimento, de
acordo com a metodologia internacionalmente aceite da ASHRAE.

Por carga térmica entende-se a quantidade de calor latente e sensível, geralmente expressa em
BTU/h ou kcal/h ou ainda no SI, em kW, que deve ser retirada ou colocada no recinto a
climatizar, a fim de proporcionar condições de conforto desejadas.

Nota: Factores de conversão


1 BTU – 1055,4 J – 0,252 kcal
1 kcal – 3,968 BTU – 4186,8 J
1 BTU/h – 0,2931 W – 0,252 kcal/h
1 kcal/h – 1,163 W
1 kW.h – 3413 BTU – 860 kcal

Essa carga térmica pode ser introduzida no recinto a condicionar por:


Condução;
Insolação;
Condutas;
Pessoas;
Equipamentos;
Infiltração;
Ventilação.

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4.1 CARGA DE CONDUÇÃO – CALOR SENSÍVEL

No cálculo da carga térmica por condução usa-se o coeficiente global de transmissão de calor,
U (Este coeficiente global de transmissão de calor é o mesmo retratado na secção 2.1), sendo
definido como o fluxo de calor por hora através de 1 m2 de superfície, quando a diferença
entre as temperaturas do ar nos dois lados da parede ou tecto é de 1 ºC.

= U . A. (θ − θ )
Q Equation Section (Next)(4.1)
atm i

Quando se tem vários materiais aplicados nas paredes, para cálculos mais precisos utilizam-se
as resistências de cada material opõe ao fluxo. Essas resistências são os inversos das
condutividades,λ, e condutâncias, Kp, que são somadas do mesmo modo que resistências em
série do circuito eléctrico.

1
U= n
(4.2)
1 e n 1 1
+∑ +∑ +
λ i 1 K p he
hi i 1 =
=

Tabela 4.1: Coeficiente de Transmissão de Calor de alguns materiais de construção.

Condutividade Condutância
Material
W/m.ºC kcal/h.m.ºC W/m2.ºC kcal/h.m2.ºC
1. Acabamentos:
Cimento asbestos 0,577 0,496
Gesso ½” 12,78 10,99
Lambris 0,10 0,09
Lambris de ¾” 6,07 5,22
Fibra de madeira 0,201 0,173
Reboco (2cm) 2,78 2,39
2. Alvenaria
Lã mineral (vidro ou de rocha) 0,035 0,03
Betão simples 0,72 0,62
Massa de cimento com agregados 0,24 0,21
Betão com areia e pedra 1,72 1,48
Estuque 0,72 0,62
Tijolo comum (14 cm) 0,72 0,62
Tijolo comum (24 cm) 1,29 1,11

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Tijolo de Betão furado (10 cm) 0,20 0,17


Tijolo de Betão furado (20 cm) 0,13 0,11
Ladrilho ou cerâmica 0,13 0,11
Alvenaria de pedra 1,80 1,55
3. Isolamentos:
Fibras de lãs minerais (vidro ou
0,035 0,03
rocha)
Fibra de madeira 0,035 0,03
Vidro celular 0,047 0,04
Cortiça 0,035 0,03
Fibra de vidro 0,035 0,03
4. Argamassas:
Cimento com areia 0,72 0,62
Gesso com areia 0,80 0,69
5. Cobertura:
Placa de agregado de asfalto 0,93 0,8
Tecto com 10 cm 0,43 0,37
6. Madeiras:
De lei (cedro, etc.) 0,15 0,13
Pinho 0,10 0,09

Tabela 4.2: Diferencial de temperatura utilizado nos projectos, baseado na diferença de 9,4 ºC entre a
temperatura exterior e o recinto climatizado.

(θ atm − θi )
[º C ]
1. Paredes exteriores 9,4
2. Vidros nas janelas exteriores 9,4
3. Vidros nas divisórias 5,5
4. Vitrinas de lojas com grande carga de luz 16,6
5. Divisórias 5,5
6. Divisórias junto de cozinha, lavandarias ou aquecedores 13,8
7. Pisos sobre recintos não condicionados 5,5
8. Pisos térreos 0
9. Pisos sobre caves 0
10. Pisos sobre caves com cozinha, lavandarias ou aquecedores 19,4
11. Pisos sobre espaços ventilados 9,4
12. Pisos sobre espaços não ventilados 0
13. Tectos sobre espaços não-condicionados 5,5
14. Tectos sobre espaços com cozinhas, lavandarias e aquecedores 11,1

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15. Tectos sob telhados com ou sem sótão 9,4

Tabela 4.3: Coeficiente global de transmissão de calor, U, para janelas e paredes.

U
Elementos 2
kcal/h.m .ºC W/m2.ºC
a) Janelas
Janelas de vidros comuns (simples) 5,18 6,02
Janelas de vidros duplos 3,13 3,64
Janelas de vidros triplos 1,66 1,93
b) Paredes externas
Tijolos maciços (20 x 10 x 6 cm):
14 cm = 10 tijolos + 2 revestimentos 2,88 3,35
24 cm = 20 tijolos + 2 revestimentos 1,95 2,27
Tijolos furados (20 x 20 x 10 ou 30 x 30 x 10 cm)
14 cm = 10 tijolos + 2 revestimentos 2,59 3,01
24 cm = 20 tijolos + 2 revestimentos 1,90 2,21
c) Paredes internas
Tijolos maciços (20 x 10 x 6 cm)
10 cm = 6 tijolos + 2 revestimentos 2,68 3,12
14 cm = 10 tijolos + 2 revestimentos 2,29 2,66
24 cm = 20 tijolos + 2 revestimentos 1,66 1,93
Tijolos furados (20 x 20 x 10 ou 20 x 20 x 6 cm)
10 cm = 6 tijolos + 2 revestimentos 2,54 2,95
14 cm = 10 tijolos + 2 revestimentos 2,10 2,44
24 cm = 20 tijolos + 2 revestimentos 1,61 1,87
d) Betão externo ou pedra
15 cm 3,81 4,43
25 cm 3,03 3,52
35 cm 2,54 2,95
50 cm 2,00 2,33
e) Betão interno
10 cm 3,17 3,69
15 cm 2,83 3,29
20 cm 2,59 3,01

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4.2 CARGA DEVIDA À INSOLAÇÃO – CALOR SENSÍVEL

A energia proveniente do Sol é quase sempre a responsável pela maior parcela da carga
térmica nos cálculos de ar condicionado, em geral é transmitida por radiação e convecção.
A quantidade de energia da radiação solar que pode ser absorvida pelos recintos depende da
maior ou menor de capacidade de reflexão da superfície em que incide. Assim, temos na
Tabela 4.4 uma ideia da percentagem de energia radiante em função da cor:

Tabela 4.4: Percentagem da energia radiante em função da cor.

Calor reflectido Calor absorvido


[%] [%]
Alumínio polido 72 28
Vermelho-claro 37 63
Preto 6 94

Como é evidente esta percentagem também é função da rugosidade da superfície. Desta


forma, a temperatura das superfícies, tectos e paredes, depende dos seguintes factores:
Coordenadas geográficas do local (latitude);
Inclinação dos raios solares (depende da época do ano e da hora consideradas);
Tipo de construção;
Cor e rugosidade da superfície;
Reflectância da superfície.

Para se estimar a carga térmica, é importante saber o horário de utilização do recinto e fazer o
cálculo para a incidência máxima do Sol.
Embora se conheça com certa precisão a quantidade de calor por radiação e convecção
oriundos do Sol, a parcela que penetra nos recintos não é bem conhecida, e todas as tabelas
existentes dão uma estimativa satisfatória para os cálculos na prática de ar condicionado.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 167


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Tabela 4.5: Energia solar média mensal incidente numa superfície vertical orientada a Sul na estação de
aquecimento (Quadro III.8 do RCCTE).

Tabela 4.6: Valores médios da Temperatura do ar exterior e da intensidade da radiação solar para a
estação de arrefecimento (Quadro III.9 do RCCTE).

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Tabela 4.7: Intensidade da radiação solar e factores solares para a latitude de 40ºN.

Os valores presentes na Tabela 4.7 também podem ser utilizados para a determinação da
parcela da quantidade de energia solar incidente que atravessa o envidraçado. E como o valor
médio da latitude de Portugal Continental não varia muito dos 40 ºN, o erro cometido não é
muito significativo. No entanto deve-se fazer a interpolação entre tabelas para a latitude do
local.

Qs = FS ⋅ Ir ⋅ A (4.3)

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Regra prática:
Caso a janela seja protegida por toldos ou persianas, deve-se multiplicar os valores obtidos,
pelos seguintes coeficientes de redução:

Toldos ou persianas externas: 0,15-0,20;


Persianas internas e reflectoras: 0,5-0,66;
Cortinas internas brancas (opacas): 0,25-0,61;
Sem protecção: 1.

Estes valores são para janelas com esquadria em madeira; para esquadrias metálicas
multiplicar por 1,15.

Portanto, consoante o tipo de protecção que esteja a ser utilizado, a expressão 4.3 sofre uma
correcção de acordo com os valores da regra prática ou da Tabela 4.8.

Tabela 4.8: Coeficiente de sombreamento e coeficiente U para janelas residenciais.

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4.2.1 TRANSMISSÃO DE CALOR DO SOL ATRAVÉS DE SUPERFÍCIES


TRANSPARENTES

A energia radiante vinda do Sol incidente em uma superfície transparente subdivide-se em


três partes:
Reflectida;
Absorvida pelo vidro;
Atravessa o vidro

A equação usada para calcular a carga térmica é dada pela expressão:


=
Q U env . Aenv ⋅ (θi − θ atm ) (4.4)
env

O coeficiente global de transmissão de calor, U, como foi referido, é assim obtido a partir da
Tabela 4.9.

Por fim, para determinarmos a carga térmica que atravessa um envidraçado, devemos
contabilizar as duas parcelas das expressões 4.3 e 4.4.

 = Q
Q  +Q
 (4.5)
insol s env

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Tabela 4.9: Coeficiente global de Transmissão de calor, U [W/m2.ºC], para diversos tipos de vidros.

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4.2.2 TRANSMISSÃO DE CALOR DO SOL ATRAVÉS DE SUPERFÍCIES


OPACAS

As paredes, lajes e telhados transmitem a energia solar para o interior dos recintos por
condução e convecção, segundo a equação:

=Q Afachada .U fachada . (θ atm − θi ) + ∆t  (4.6)

O acréscimo ao diferencial de temperatura, ∆t, depende da cor das superfícies e da orientação


destas, o valor é obtido a partir da Tabela 4.10.

Tabela 4.10: Acréscimo ao diferencial de temperatura [ºC].

4.3 CARGA DEVIDO AOS DUCTOS

O ar insuflado num recinto condicionado retorna ao condicionador por meio da diferença de


pressão que lhe é fornecida pelo ventilador. O retorno do ar pode ser feito de duas maneiras:
Sob a forma de plenum, ou seja, utilizando um ambiente como o próprio do recinto, um
corredor, o tecto falso, etc., como se fosse um condutor do ar.
Recorrendo ao uso de ductos de retorno.

Em ambos os casos é adicionando calor ao ar de retorno, que deve ser retirado pelas
serpentinas do evaporador.
Normalmente, o projectista do ar condicionado vê-se às voltas com um aparente impasse:
como determinar a carga térmica devida aos ductos, se estes ainda não foram calculados?
Para se fazer o cálculo dos ductos, é necessário conhecer a quantidade de ar a ser insuflado no
recinto, e esta quantidade de ar depende da carga térmica.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 173


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O caminho mais prático para resolver este impasse é estimar o traçado e as dimensões dos
ductos, e assim, que se conhecer a quantidade de ar a ser insuflado, e tendo-se calculado o
sistema de ductos, fazer uma verificação para constatar se a estimativa inicial da carga térmica
era adequada. Se estiver dentro da margem de 10 % de erro, não há necessidade de se
recalcular a carga térmica.

A determinação da carga térmica devida aos ductos é dada por:

= (
Q Aducto .U ducto . θ atm − θiducto ) (4.7)

Para este cálculo é necessário o utilizador saber qual a temperatura no interior do ducto.

A área é obtida através da equação 4.8, sabendo que o valor de a, b e c segue a Figura 4.1.

=A 2.c.(a + b) (4.8)

Figura 4.1: Área lateral dos ductos.

Tabela 4.11: Coeficiente global de transmissão de calor, U, para condutas.

Tipo de conduta BTU/h.ft2.ºF kcal/h.m2.ºC W/m2.ºC


Chapa metálica, não-isolada 1,18 5,76 6,70
Isolado com ½ polegada 0,38 1,86 2,16
Isolado com 1 polegada 0,22 1,07 1,24
Isolado com 1 ½ polegada 0,15 0,73 0,85
Isolado com 2 polegadas 0,12 0,59 0,69

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4.4 CARGA DEVIDA ÀS PESSOAS − CALOR SENSÍVEL E CALOR LATENTE

A humidade do ar é vapor sobreaquecido e o aumento dessa humidade faz aumentar a carga


de calor latente. O ganho de calor latente pode ser expresso em termos da massa da humidade.
A mistura de ar e vapor do recinto é conduzida ao evaporador; aí dá-se a queda de entalpia e
consequente diminuição do calor sensível e condensação do vapor com a queda de humidade.
O ar retorna ao recinto arrefecido e desumidificado.
O valor médio do calor latente de vaporização para o vapor sobreaquecido no ar é de 678 W
por kg de vapor condensado ou 583 kcal/h por kg de vapor condensado. Assim, para
sabermos qual a quantidade de calor latente que deve ser retirada do ar que passa pelo
evaporador, para que haja condensação da humidade, bastará multiplicar a massa do ar por
este factor.

O valor de calor libertado por pessoa depende da temperatura ambiente, θatm, e da actividade
das pessoas em questão. Este valor pode ser estimado a partir da Tabela 4.12.

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Tabela 4.12: Calor libertado pelas pessoas.

Temperatura Ambiente Pessoa Sentada ou em Movimento Lento Pessoa em Exercício Físico Moderado
[ºC] Calor Sensível Calor Latente Calor Total Calor Sensível Calor Latente Calor Total
kcal/h BTU/h W/h kcal/h BTU/h W/h kcal/h BTU/h W/h kcal/h BTU/h W/h kcal/h BTU/h W/h kcal/h BTU/h W/h
29 45,1 179 52,5 54,9 218 63,9 100 397 116,3 38,1 151 44,3 128 508 148,9 166,1 659 193,2
28 50,2 199 58,3 50,2 199 58,4 100 397 116,3 45,1 179 52,5 121 480 140,7 166,1 659 193,2
27 54,9 218 63,9 45,1 179 52,5 100 397 116,3 51,9 206 60,4 144,1 472 167,6 166,1 659 193,2
26 58 230 67,5 42,1 167 49 100 397 116,3 58 230 67,5 108,1 429 125,7 166,1 659 193,2
25 62 246 72,1 38,1 151 44,3 100 397 116,3 64 254 74,4 101,8 404 118,4 166,1 659 193,2
24 66 262 76,8 34 135 39,5 100 397 116,3 72,1 286 83,9 94 373 109,3 166,1 659 193,2
23 69,1 274 80,4 31 123 36,1 100 397 116,3 77,1 306 89,7 89 353 103,5 166,1 659 193,2
22 72,1 286 83,9 28 111 32,6 100 397 116,3 82,2 326 95,6 83,9 333 97,6 166,1 659 193,2
21 75,1 298 87,3 24,9 99 29 100 397 116,3 88 349 102,3 78,1 310 90,8 166,1 659 193,2

Sabendo o valor do calor latente e do calor sensível por pessoa (Tabela 4.12), e multiplicando este calor pelo número de pessoas (equação (4.9))
obtém-se a carga térmica devido às pessoas.

Q = Q por pessoa .N pessoas (4.9)

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4.5 CARGA DEVIDA AOS EQUIPAMENTOS − CALOR SENSÍVEL E CALOR


LATENTE

4.5.1 CARGA DEVIDA AOS MOTORES − CALOR SENSÍVEL

Os motores eléctricos adicionam carga térmica ao sistema devido às perdas nos mecanismos
internos, pelo que é necessário retirar essa carga térmica. O rendimento do motor e a potência deste
é que determinam a carga térmica.
É ainda preciso ter em conta se o motor tem um funcionamento contínuo ou apenas esporádico.
Para os ventiladores aplicam-se as seguintes equações:

Ventiladores dentro da corrente de ar:

P 
Q =  .733  (4.10)
η 

Ventiladores fora da corrente de ar:

Q = ( P.733) (4.11)

Em que,
Q − W; P – cv.

Para outros motores presentes no espaço a climatizar (elevadores, bombas, máquinas eléctricas,
perfuradoras, etc.) aplica-se a equação:

 P  
Q  − P  .733.P 
= (4.12)
 η  

Em que,
Q − W/cv; P – cv.

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Na Tabela 4.13 apresenta-se o ganho de calor por HP (HP – Horse power. 1 HP = 1,014 cv = 745,7
W ) para os motores eléctricos, em função da sua potência. No cálculo da carga térmica, por
questões de simplificação, considera-se a seguinte regra:
Motores até 3 HP – multiplicar os HP por 1055 W;
Motores maiores que 3 HP – multiplicar os HP por 879 W.

Tabela 4.13: Ganho de calor em watts por HP para motores eléctricos.

Rendimento
Potência Ganho de Calor
aproximado
[HP] [W/HP]
[%]
Até ¼ 60 1231
½−1 70 1055
1½−5 80 938
7,5 − 20 85 879
Maior que 20 88 850

4.5.2 CARGA DEVIDA À ILUMINAÇÃO − CALOR SENSÍVEL

No caso das lâmpadas incandescentes, basta multiplicar a potência unitária [W] pelo número de
lâmpadas,

Se P em W: Q = ( N Lampadas .Pcada Lampada )


(4.13)
Se P em kcal/h: Q = ( N Lampadas .Pcada Lampada ) .0,86

Tratando-se de lâmpadas fluorescentes, o procedimento é o mesmo, mas devido a este tipo de


iluminação necessitar de um equipamento adicional, para promover a tensão necessária e a
limitação de corrente, e este introduzir mais 20% à carga térmica, multiplica-se o resultado por 1,2.

Q = ( N Lampadas .Pcada Lampada ) .1, 2 (4.14)

Deve-se ainda ter em conta, no cálculo da carga térmica, que nem sempre todas as lâmpadas estão
ligadas na hora que se considerou por base de cálculo. Geralmente, na hora em que a carga térmica
de insolação é máxima muitas lâmpadas podem estar desligadas.

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Quando não se dispõe de valores reais de carga eléctrica devida à iluminação, devem-se usar os
valores em W/m2, dados na Tabela 4.14.

Tabela 4.14: Valores recomendados para consumo de energia eléctrica para iluminação.

Nível de Potência
Tipo de
Local Iluminação Dissipada
Iluminação
[lux] [W/m2]
Escritórios Fluorescente 1000 40
Lojas Fluorescente 1000 50
Residências Incandescente 300 30
Supermercados Fluorescente 1000 35
Barbearias e salões de beleza Fluorescente 500 20
Cinemas e teatros Incandescente 60 15
Museus Fluorescente 500 45
Incandescente 500 70
Bibliotecas
Fluorescente 150 15
Restaurantes Incandescente 150 25
Bancos Fluorescente 1000 35
Auditórios:
a) Tribuna Incandescente 1000 50
b) Plateia Incandescente 500 30
c) Sala de espera Incandescente 150 20
Hotéis:
a) WC Incandescente 150 25
b) Corredores Incandescente 100 15
Fluorescente 500 45
c) Sala de leitura
Incandescente 500 70
d) Quartos Incandescente 500 35
e) Sala de reuniões
Plateia Incandescente 150 20
Palco Incandescente 500 30
f) Portaria e recepção Incandescente 250 35

Os valores que constam da Tabela 4.14 devem ser considerados como recomendações e não como
imposições. Outras fontes podem sugerir valores ligeiramente diferentes dos que aqui constam.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 179


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4.5.3 CARGA DEVIDA AOS EQUIPAMENTOS DE GÁS – CALOR SENSÍVEL E


CALOR LATENTE

Em locais como cozinhas, laboratórios, restaurantes, cafés, etc., pode haver equipamentos de gás,
cuja queima pode adicionar à carga térmica do recinto mais duas parcelas: calor devido à queima
directa do gás e devido ao vapor formado.
Na Tabela 4.15 encontram-se valores aproximados para diferentes equipamentos. Tendo estes
valores, basta multiplicar pelo número de equipamentos e obtém-se assim a carga térmica devido
aos equipamentos de gás. No caso dos aquecedores de alimentos é necessário multiplicar pela área.

Q = N Equipamentos .QUnitário (4.15)

Para outros aparelhos não especificados, devem ser consultados os dados do fabricante e, na
ausência desses, os dados a seguir podem ser considerados como base de cálculo:

O gás natural liberta no processo de queima aproximadamente 36,93 MJ/m3 (ou 8820 kcal/m3).
Um queimador de gás de 5 cm consome cerca de 0,30 m3 de gás por hora.
Um queimador de gás de 10 cm consome cerca de 0,45 m3 de gás por hora

Nota: é suficiente, para os cálculos, considerar metade da carga como calor sensível e metade como
latente.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 180


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Tabela 4.15: Ganho de calor devido ao Gás.

Carga estimada Carga Estimada (Com


Máxima Carga
(Sem Coifa) Coifa)
Aparelho Provável
Sensível Latente Só Sensível
kcal/h BTU/h W kcal/h BTU/h W kcal/h BTU/h W kcal/h BTU/h W
Máquina de
café
1386 5500 1612 441 1750 513 189 750 220 126 500 147
(por
queimador)
Máquina de
café
1260 5000 1465 882 3500 1026 378 1500 440 252 1000 293
(capac. 12
litros)
Máquina de
café
1890 7500 2198 1323 5250 1539 567 2250 659 378 1500 440
(capac. 20
litros)
Aquecedor de
alimentos
176 700 205 141 560 164 35 140 41 35 140 41
(banho Maria)
(por 0,1 m2)
Fritadeira
3780 15000 4396 1890 7500 2198 1890 7500 2198 756 3000 879
(capac. 7 kg)
Fritadeira
8127 32250 9452 1638 6500 1905
(capac. 15 kg)
Fogão
(por 1260 5000 1465 806 3200 937 453 1800 527 252 1000 293
queimador)
Torradeira
(capac. 360 1512 6000 1759 907 3600 1055 604 2400 703 302 1200 351
fatias/h)

Por coifa deve entender-se o processo de queima do gás

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 181


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4.5.4 CARGA DEVIDA ÀS TUBAGENS − CALOR SENSÍVEL

Em casos raros, provavelmente instalações industriais, um recinto a ser condicionado pode ser
atravessado por tubagens de água ou vapor, o que introduz mais uma parcela no cálculo da carga
térmica. Podemos ver um exemplo dessa parcela na Tabela 4.16.

Tabela 4.16: Carga térmica devida às tubulações quentes (W/m linear). Temperatura do recinto: 26ºC.

Multiplicando este valor da Tabela 4.16 pelo comprimento da tubagem obtém-se a carga térmica
devido as tubagens.

Q = Q por metro .Ltubagem (4.16)

4.6 CARGA DEVIDA À INFILTRAÇÃO − CALOR SENSÍVEL E CALOR LATENTE

O movimento do ar exterior ao recinto possibilita a sua penetração através das frestas nas portas,
janelas ou outras aberturas. Tal entrada adiciona carga térmica sensível ou latente. Embora essa
carga não possa ser calculada com precisão, há dois métodos que permitem a sua estimativa: o
método da troca de ar (menos preciso) e o método das frestas (mais preciso).

4.6.1 MÉTODO DA TROCA DE AR

Neste método supõe-se que a troca de ar por hora dos recintos depende da existência de janelas nas
paredes (vd. Tabela 4.17).

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 182


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Tabela 4.17: Trocas de ar por hora nos recintos.

Trocar o ar significa renovar todo o ar contido no ambiente por hora. Desta forma teremos o ar
exterior a afectar o ar do recinto. Assim, se num quarto temos, por exemplo, três paredes com
janelas em contacto com o exterior, o calor devido à infiltração é calculado com base em duas
trocas por hora. Conhecido o fluxo de ar em m3/s e sabendo-se as temperaturas do ar exterior e do
recinto, utiliza-se a equação 4.17, para se determinar o calor sensível que entra no recinto.

c p ⋅ ρ .Vint .rph. (θ atm − θi )


Q s =  kJ 
 h
(4.17)
=Q s 0, 29. (Vint .rph ) . (θ atm − θi )  kcal 
 h
cp = 1,005 kJ/kg.ºC; ρ = 1,2 kg/m3.

Nota: Usando este método só é possível calcular o calor sensível.

O valor de rph (renovações de ar por hora) vem da Tabela 4.17 que multiplicado pelo volume
interior do espaço a climatizar, Vint, dá-nos o volume de ar que é necessário insuflar por hora, ou
seja, o caudal volúmico de ar.

Outra forma de estimar o valor do caudal volúmico, V , baseia-se na equação empírica:

n ⋅V
V = (4.18)
3600
Em que,
V – Caudal volúmico de ar [m3/s];
V – Volume de ar existente no espaço [m3];

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 183


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n – número de renovações horárias, e o seu valor varia normalmente entre 0,5 e 2,0. Para os
edifícios de pequeno porte e sem pressurização interna, o número de renovações por hora pode ser
estimado através da expressão,

n= a + b ⋅ v + c ⋅ ∆t (4.19)

Em que v e ∆t são respectivamente a velocidade do vento [m/s] e a diferença entre as temperaturas


exterior e interior. As constantes a, b e c foram obtidas experimentalmente e dependem da
qualidade da construção, conforme se indica na Tabela 4.18.

Tabela 4.18: Constantes a utilizar consoante a qualidade de construção.

Qualidade da a b c
construção
Boa estanqueidade 0,15 0,01 0,007
Média estanqueidade 0,20 0,015 0,014
Má estanqueidade 0,25 0,02 0,022

Na Tabela 4.19 indicam-se alguns valores característicos do número de renovações por hora
associadas às infiltrações em vários tipos de edifícios.

Tabela 4.19: Número de renovações por hora, n.

Podemos ainda indicar que o método preconizado pelo RCCTE, na secção 2.3 poderá ser aplicado.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 184


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4.6.2 MÉTODO DAS FRESTAS

A infiltração do ar exterior no interior do recinto depende da velocidade do vento. Estudos


laboratoriais consignados na Tabela 4.20, multiplicados pelo comprimento linear da fresta, dão a
quantidade de calor que entra no recinto.
Quando no recinto a pressão do ar é superior à do ar exterior, não há infiltração do ar de fora e essa
parcela pode ser desprezada.
O ar introduzido aumenta a carga térmica em calor sensível e calor latente. O calor sensível pode
ser determinado pela equação utilizada no método da troca de calor.
O calor latente pode ser obtido usando a equação 4.20:

Q =m ⋅ ( w2 − w1 ) ⋅ h fg
 kJ 
 h
(4.20)
=Q 583.( w2 − w1 ).ρ .V  kcal 
 h

Em que:
w1 e w2 – Humidades específicas do ar na entrada e no interior, em kg/kg.
ρ − Massa específica do ar, em kg/m3.
m − Caudal mássico de ar em kg/h.
V − Caudal volúmico de ar em m3/h.

A equação 4.20 pode ser simplificada atendendo a que, m= ρ ⋅ V , e que hfg mantém um valor
constante próximo de 2440,9 kJ/kg.

Q L 2440,9 ⋅ m ⋅ ( w2 − w1 )
=  kJ 
 h
ou (4.21)
Q L 2943, 73 ⋅ V ⋅ ( w2 − w1 )
=  kJ 
 h

O fluxo de ar, ou caudal volúmico, V , é obtido a partir da Tabela 4.20.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 185


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Tabela 4.20: Infiltração de ar exterior.

Ar pelas Frestas
Tipo de Abertura Observação m3/h por metro de
fresta
Janela
Comum 3,0
Basculante 3,0
Guilhotina com caixilho de madeira Mal ajustada 6,5
Bem ajustada 2,0
Guilhotina com caixilho de metálico Sem vedação 4,5
Com vedação 1,8
Porta Mal ajustada 13,0
Bem ajustada 6,5
Ar pelas Portas
Local m3/h por pessoa presente no recinto condicionado
Porta giratória Porta de vaivém
(1,80 m) (0,90 m)
Bancos 11 14
Barbearias 7 9
Drogarias e farmácias 10 12
Escritórios de corretagem 9 9
Escritórios privados - 4
Escritórios em geral - 7
Tabacarias 32 51
Lojas em geral 12 14
Quartos de hospitais - 7
Restaurantes 3 4
Salas de chá ou café 7 9
Ar pelas Portas abertas
Porta de 90 cm – 1350 m3/h
Porta de 180 cm – 2000 m3/h
Para contrabalançar a infiltração com tomada de ar nos condicionadores
Porta de 90 cm – 1750 m3/h
Porta de 180 cm – 2450 m3/h

Estas humidades (w1 e w2) obtêm-se calculando a pressão de saturação, usando a equação 4.23 com
uma humidade relativa de Ø=100%.

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C8
ln ( pws ) = + C9 + C10 .T + C11.T + C12 .T 3 + C13 .ln (T ) (4.22)
T

Onde:
C8 = −5,8002206 E3;
C9 = 1,3914993;
C10 = −4,8640239 E−2;
C11 = 4,1764768 E−5;
C12 = −1,4452093 E−8;
C13 = 6,5459673;
ln – logaritmo natural;
Pws – pressão de saturação, em Pa;
T − temperatura absoluta, em K;
P – pressão atmosférica (101325 Pa)

Já com o valor da pressão de saturação vamos introduzi-lo na expressão (verificar a veracidade


desta expressão)

pws
w = 0, 622 (4.23)
p − pws

Segundo o seguinte esquema:

Conseguimos ter a humidade absoluta que é igual na entrada e na saída, porque o ar à entrada já está
saturado, o que leva a que a temperatura de saturação adiabática será idêntica à temperatura de
entrada. Assim sendo, a humidade a entrada e á saída são iguais (w1 = w2).

Podemos ainda fazer uma chamada de atenção para o facto do calor total de infiltração ser a soma
da carga sensível e latente:

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inf iltração =Q s + Q L =m ⋅ ( h 2 − h1 )
Q    (4.24)

4.7 CARGA DEVIDA À VENTILAÇÃO

Como já foi referido o ar insuflado regressa ao equipamento de refrigeração, impulsionado pelo


ventilador que deve ser dimensionado de modo a vencer todas as perdas de carga estáticas e
dinâmicas que são oferecidas em todo o circuito do ar. Parte desse ar é perdido pelas frestas,
aberturas, exaustores, etc…, que tem que ser reposto pelo ar exterior. Além desse ar que compensa
as perdas, há o necessário às pessoas, em m3/h.
Para obter o caudal de ar em m3/h consulta-se a Tabela 4.21, e usando a equação 4.17 para o calor
sensível e a equação 4.20 para o calor latente.

Tabela 4.21: Ar Exterior para ventilação.

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4.8 CARGA TÉRMICA TOTAL

Conhecida a carga térmica devida a condução, insolação, ductos, pessoas, equipamentos, infiltração
e ventilação, e adicionando-os, temos o somatório de calor sensíveis e calor latente a retirar (ou
introduzir) do recinto para obter as condições de conforto desejadas. Somando ambos obtemos o
calor total.
Como medida de segurança, para atender às penetrações eventuais de calor no espaço, acrescenta-se
mais 10% do valor total.

4.9 TOTAL DE AR DE INSUFLAMENTO

 em [ kcal / h ] ou [ kJ / h ] , a ser retirada do recinto e


Conhecida a carga térmica de calor sensível, Q

as condições do ar interior e de insuflamento, podemos determinar a quantidade total de ar,


  m3 / h 
V  

Q
 =
V s

0, 29 ⋅ (θi − θ atm )
ou (4.25)

Q
 =
V s

1, 206 ⋅ (θi − θ atm )

4.10 CÁLCULO DA ABSORÇÃO DE HUMIDADE DOS RECINTOS

Para manter o ar do recinto dentro das condições de conforto desejadas para a estação de
arrefecimento (Verão) temos que remover a sua humidade.
O ar insuflado no recinto absorve essa humidade e a temperatura do ponto de orvalho aumenta.
Desse modo, a temperatura do ponto de orvalho do ar de insuflamento deve ser inferior à do ar do
recinto.
Também a temperatura de bolbo seco do ar de insuflamento aumenta quando este fica em contacto
com o ar ambiente condicionado.
A quantidade de vapor de água absorvida pode ser determinada pela expressão,

m  ar ⋅ ( w 2 − w1 ) em ( kg/h )
 água = m (4.26)

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 189


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4.11 CÁLCULO DO CALOR LATENTE

Para dimensionar o equipamento de desumidificação do ar para as condições desejadas precisamos


conhecer a carga de calor latente. Desta forma, este equipamento proporcionará a condensação da
humidade adicionada ao ar circulante no ambiente condicionado.
Já se viu anteriormente, que o calor latente libertado pela condensação do vapor de água é de 583
kcal/h por kg de vapor condensado. Assim:

= 583 ⋅ m
Q 
L

ou (4.27)
 = 1, 2 ⋅ V
Q  ⋅ ∆h
L

Tabela 4.22: Caudais mínimos de ar novo

A Tabela 4.22 apresenta valores de caudais mínimos de ar novo de acordo com o RSECE (dec. Lei
78/2006 – Anexo VI.

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Para iluminação, equipamento, condições exterirores: TBS = 35 ºC; TBH = 23,8 a 25,5 ºC

4.12 DETERMINAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO AR DE INSUFLAMENTO

O cálculo da carga térmica de um recinto conduz o projectista ao total de calores sensível e latente,

( )
 .
cuja soma fornece o calor total Q T

 =
Q  ⋅ 0, 24 ⋅ (θ atm − θi )
m
s

 =m
Q  ⋅ ( h 2 − h1 )
T

Dividindo-as:


Q
= s
0, 24
(θ − θ )
⋅ atm i (4.28)

Q ( h 2 − h1 )
T


Q s
A relação é designada por razão de calor sensível (RCS), ou seja, a percentagem de calor

Q T

sensível para o calor total. Conhecida a RCS, através da carta psicrométrica, podemos obter as
condições do ar ao entrar no recinto desde que se conheçam as condições a serem mantidas no
ambiente condicionado.
O projectista deve escolher as condições do ar de insuflamento – um ponto pertencente à recta RCS.
Essas condições serão as fornecidas pelo equipamento de refrigeração e devem obedecer às
especificações do fabricante. Em resumo, o equipamento de refrigeração seleccionado deve ser
capaz de reduzir as temperaturas de bolbo seco e bolbo húmido do ar circulante para um ponto que
caia sobre a recta RCS. Essa recta traduz a quantidade de calor sensível e latente a ser retirada do
ambiente condicionado.

Normalmente, o ar ao atravessar as serpentinas do evaporador ou outro permutador de calor, tem


humidade relativa elevada.

CFM de ar desumidificado por pessoa, condições interiores: TBS = 24 a 27 ºC; 50 % de humidade


relativa.

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 191


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Tabela 4.23: Estimativa da carga térmica de Verão.

Tipo de Carga Padrão de Total m2/ton m3/h m2/pessoa kcal/h.m2


Instalação BTU/h.m2 por m2
Apartamentos e Baixo 139,94 85,8 9,13 9,29 35,2
quartos de hotel Médio 215,29 55,7 12,8 16,26 54,2
Alto 322,93 37,1 16,4 30,19 81,3
Bancos Baixo 376,75 31,8 20,1 2,42 94,9
Médio 570,71 21,0 32,9 4,92 143,8
Alto 807,32 14,8 45,7 7,43 203,4
Barbearias Baixo 484,39 24,7 23,7 1,86 122,0
Médio 785,99 15,2 47,5 3,72 197,9
Alto 1205,6 9,95 80,4 5,37 303,7
Consultórios Baixo 355,22 33,7 21,9 2,69 89,5
médicos e dentários Médio 548,98 21,8 31,0 6,97 138,2
Alto 731,97 16,3 43,8 14,87 184,4
Drogarias Baixo 376,75 31,8 20,1 1,58 94,9
Médio 753,50 15,9 34,7 3,62 189,8
Alto 1173,31 10,2 62,1 8,55 295,5
Escritórios em geral Baixo 236,81 50,6 12,8 2,97 590,6
Médio 462,86 25,9 25,5 9,76 116,6
Alto 775,03 15,5 40,2 25,83 195,2
Grandes lojas no Baixo 215,29 55,7 9,1 1,86 54,2
subsolo Médio 322,93 37,1 14,6 2,79 81,3
Alto 419,81 28,6 21,9 8,83 105,7
Grandes lojas no Baixo 269,11 44,6 16,5 1,49 67,8
pavimento principal Médio 452,10 26,5 23,8 3,25 113,9
Alto 667,39 17,9 36,6 8,36 168,1
Institutos de beleza Baixo 527,45 22,8 29,2 1,58 132,9
Médio 807,32 14,9 42,0 3,9 203,3
Alto 1227,16 9,8 54,8 6,97 309,1
Lojas de roupa para Baixo 419,81 28,6 20,1 4,46 105,7
crianças Médio 441,34 27,2 32,9 8,92 111,1
Alto 452,10 26,5 58,5 12,08 113,9
Lojas de roupa para Baixo 355,22 33,8 16,4 5,57 89,5
homens Médio 484,39 24,8 25,6 10,96 122,0
Alto 914,96 13,1 32,9 19,04 230,5
Lojas de roupa para Baixo 322,93 37,1 14,1 2,04 81,3
mulheres Médio 462,86 25,9 43,9 5,67 116,6
Alto 699,68 17,2 126,1 9,94 176,2

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Lojas de vários tipos Baixo 236,81 50,8 14,1 1,86 59,6


Médio 559,74 21,4 34,7 8,36 140,9
Alto 1926,80 6,2 107,9 17,84 485,3
Mercearias Baixo 473,63 25,3 23,7 1,12 119,3
Médio 882,67 13,6 45,7 3,34 222,3
Alto 1528,53 7,9 87,7 6,69 385,0
Museus de arte e Baixo 322,93 37,1 16,5 3,72 81,3
bibliotecas Médio 548,98 21,9 29,2 5,57 138,2
Alto 807,32 14,9 37,9 7,43 203,3
Restaurantes Baixo 667,38 18,0 14,1 0,83 168,1
Médio 1237,89 9,7 38,4 1,67 311,8
Alto 2798,77 4,3 69,4 2,97 704,9
Teatros Baixo 796,56 15,0 274,2 0,56 200,6
Médio 990,31 12,1 365,6 0,74 249,4
Alto 1237,89 9,7 548,3 1,11 311,8

INSTALAÇÕES DE CLIMATIZAÇÃO E REFRIGERAÇÃO 193

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