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John Fulton
Depois que Egas Moniz e seus colegas relataram seus resultados ao mundo
(simultaneamente em seis países), em 1936; vários centros começaram a
tentar a nova cirurgia. No Brasil, o notável cirurgião Mattos Pimenta, da Escola
Paulista de Medicina, em São Paulo, foi um dos que realizou a nova cirurgia de
Moniz, com resultados duvidosos.
Walter Freeman
Freeman era
muito bom no
que tange a
convencer a
imprensa e o
público em geral
sobre o potencial
da lobotomia
prefrontal (como
ele achou melhor
denominar), e
quase que
sozinho foi responsável por estabelecê-
la como um procedimento terapêutico
válido, visitando, dando aulas e
operando em centenas de sanatórios
mentais, hospitais e clínicas psiquiátricas em todo o país. No entanto,
insatisfeito com a duração excessiva e a complexidade da cirurgia padrão,
Freeman inventou em 1945 uma técnica desenvolvida por um italiano, que
consistia em realizar um acesso ao lobo prefrontal através da órbita do olho,
que era trepanada e depois inserido o leucótomo. Freeman inventou uma forma
muito mais rápida e simples, usando um quebra-gelo, um instrumento
pontiagudo, ao invés de um leucótomo, que necessitava da trepanação. Sob
anestesia local, o quebra-gelo era apoiado no teto da órbita, e com uma leve
pancada de um martelo, atravessava pele, tecido subcutâneo, osso e
meninges, chegando ao lobo prefrontal. Com um movimento lateral de 30
graus, as fibras eram desconectadas. Isto não tomava mais do que alguns
minutos, e não era nem mesmo necessário internar o paciente em um hospital.
O procedimento era tão impressionante, no entanto, que mesmos
neurocirurgiões veteranos não agüentavam observar, e alguns chegavam a
desmaiar ao testemunhar a verdadeira "linha de produção" montada por
Freeman em alguns hospitais. Watts ficou agastado com o novo tipo de
operação e rompeu com Freeman.
A Morte da Lobotomia
Finalmente, no começo dos anos 50, começaram a se ouvir as primeiras vozes
discordantes contra a loucura lobotomizante. Não estavam sendo apresentadas
evidências científicas sérias sobre a eficácia real da lobotomia. Até mesmo os
defensores da lobotomia admitiam que apenas um terço dos pacientes
melhoravam. Outro terço ficava na mesma, enquanto o terço final piorava !
(considerando-se que de 25 a 30 % dos casos psiquiátricos melhoram
espontaneamente, uma grande proporção dos lobotomizados poderia ter se
recuperado sem ela). A única avaliação de larga escala foi feita nos
EUA apenas em 1947 (o projeto Columbia-Greystone) e não demonstrou
efeitos positivos claros da lobotomia. A maioria das vezes, os trabalhos
publicados eram muito falhos, pois a avaliação era feita pelos próprios
cirurgiões que operavam, sem nenhum tipo de controle científico.