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LÍNGUAS
Unidade Didática – Língua Latina
Apresentação
Caro(a) Acadêmico(a),
Bem vindo(a) à Unidade Didática Língua Latina!
Como falantes de língua portuguesa, o latim tem para nós um sabor todo especial: o da redescoberta da
nossa própria língua.
Do latim originaram-se as línguas românicas, como o francês, o italiano, o espanhol e, claro, o português.
É por isso que o estudo da língua latina é tão importante, pois passamos a compreender melhor alguns aspec-
tos que utilizamos todos os dias, quando lemos, escrevemos e falamos.
Na Unidade Didática Língua Latina nós vamos traçar um percurso que vem desde a origem das línguas até
os nossos dias, passando por aspectos fundamentais para a compreensão da estrutura do latim, além de suas
transformações e contribuições para a língua portuguesa.
Você vai entender os casos, as declinações, as conjugações verbais e muitos outros pontos fundamentais
do latim.
Além de tudo isso, você vai perceber o quanto o latim ainda está vivo no nosso dia-a-dia, em expressões
que vão desde o etcaetera (de onde vem a abreviação etc), até um simples P.S. (Post Scriptum), que você coloca
em uma carta, ou mesmo nas fertilizações in vitro (que achamos símbolo de modernidade, não é mesmo), a
partir de considerações sobre etimologia.
Em cada unidade didática você irá ampliar os seus conhecimentos quanto às letras, seja no universo da
escrita, seja no universo da expressão oral, desde a época mais antiga à contemporaneidade!
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AULA
____________________ 1
ORIGEM E FORMAÇÃO DA LÍNGUA LATINA
Competências e habilidades
• Refletir sobre o mundo em que está, tomando-se como mundo o sistema de representações que
formam o imaginário humano, no caso, o ocidental, relacionando aspectos sociais, culturais e his-
tóricos das línguas
Duração
2 h/a – via satélite com professor interativo
2 h/a – presencial com professor local
6 h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
Vamos dar início ao estudo da língua latina. Para Remontariam, assim, ao próprio aparecimento do
tanto, é necessário retomar alguns aspectos his- homem. Nesse período as línguas faladas seriam
tóricos sobre a origem das línguas, passando pelo ágrafas, ou seja, não deixaram escritos que compro-
indo-europeu para chegarmos ao latim e às línguas vassem sua existência.
românicas e, entre elas, a nossa língua materna, o
A criação da língua escrita, no entanto, é mais re-
português.
cente. Originou-se por volta de 4000 a.C. À medida
que era aceita e reconhecida pelos seus falantes, pas-
A ORIGEM DAS LÍNGUAS
sou a ter formas peculiares, com sinais e símbolos
A origem das línguas sempre foi objeto de inte-
próprios. Desse modo teriam tido início os diversos
resse para a humanidade. A língua é um dos mais
idiomas espalhados pela terra.
destacados elementos culturais a ser considerado
em cada sociedade. É por meio da língua que cada
grupo humano exprime seus pensamentos, constrói O indo-europeu
em seu imaginário sua concepção de mundo. Muitos séculos antes de Cristo teria existido um
Admite-se que as línguas tenham surgido com a povo nômade que habitava a Ásia. Esse povo disper-
fala, nos primeiros sons articulados pelo homem. sou-se pelas regiões que hoje denominamos Índia,
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Figura 2 – Papiro
O indo-europeu foi descoberto por meio de es- Afinal, o que é o latim? E qual sua importância?
tudos de gramática comparada: ao aproximarem-se O latim era a língua falada no Lácio, pequena re-
as raízes vocabulares do latim às de outras línguas gião da Itália onde, por volta do século VIII a.C., foi
faladas na Índia, na Pérsia, na Grécia, na Gália, na fundada a cidade de Roma. Com o osco e o umbro,
Germânia e em outras regiões. A partir dessas apro- o latim teria se derivado do ramo itálico que, por
ximações, criou-se a hipótese de uma língua que sua vez, originou-se do indo-europeu.
teria originado esses idiomas. Observe os exemplos Com a expansão do Império Romano, o latim
a seguir: também difundiu-se por grande parte da Europa
português – pai e regiões. Como língua viva, na época em que era
latim – pater falada, ela também sofreu, evidentemente, muitas
espanhol – padre transformações, originando-se outros idiomas. A
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parte escura nos mapas a seguir representa a expan- tina, que incorporou palavras gregas. Na Idade Mé-
são do Império Romano: dia, o Latim era a língua internacional da política,
Figura 4 – Expansão do Império Romano da cultura, da ciência e da religião.
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Além dessas classificações do latim, temos ciais de comunicação, o latim é considerado uma
também: língua morta. Desde as invasões bárbaras, o Império
• Latim de tabeliães: utilizado em documentos Romano foi decaindo, e o latim perdeu sua unidade
oficiais até o século XII. como língua, gerando inúmeros falares locais que
• Latim eclesiástico: foi adotado pela igreja como originaram diversos idiomas (CARDOSO, 1999).
sua língua oficial, sendo obrigatório até 1962 nas
cerimônias religiosas e nos documentos oficiais
da igreja, isto é, nos documentos eclesiásticos. ! IMPORTANTE
• Latim científico: a ciência utilizava o latim Das variantes mencionadas, as principais são o latim
como uma linguagem universal, utilizando-o clássico, que era utilizado na literatura, e o latim vul-
para escrita de diversos tipos de documentos gar, ou a língua propriamente falada pelo povo. Do
como tratados filosóficos, científicos e acadê- latim vulgar é que se derivaram as línguas românicas,
ou neolatinas, que hoje correspondem ao francês, ao
micos até o início do século XX.
italiano, ao espanhol, ao catalão, ao romeno e ao
português. Podemos dizer que as línguas românicas
Notamos, pois, que o latim teve diversos usos são expressões atuais do latim.
com o passar dos tempos. E, com isso, também foi
modificando-se. Como deixou de ser uma língua de Observe no mapa a seguir a expansão das línguas
fato falada, persistindo apenas em situações artifi- românicas no mundo:
Figura 6 – Línguas Românica
O LATIM E SUA ESTRUTURA: MORFOLOGIA tura ou a língua propriamente dita. Vamos buscar
NOMINAL uma forma simples de apresentar cada aspecto do
Já contextualizamos a origem e a formação da funcionamento do latim. Trataremos da fonética
língua latina. Agora é a vez de considerar a estru- (os sons) e da tipologia dos nomes (substantivos),
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incluindo gênero e número, além de considerar os • Vogais: os sons vocálicos podem ser breves ou
adjetivos, pronomes e numerais. longos.
Vimos os aspectos históricos referentes à língua a) breves: são marcados pelo sinal denominado
latina. No entanto, para o estudo de uma língua isso braquia ( � ).
não basta. /�/ /�/ /ã/ /�/ /�/
É preciso que se conheça sua estrutura interna, os Ex.: leg�ere – ler (a sílaba tônica é a que ante-
mecanismos que determinam seu funcionamento. cede a vogal breve)
Conforme estudos de Cardoso (2005), o latim é b) longos: são marcados pelo sinal chamado ma-
considerado uma língua flexiva ou flexional, isto é, cro (¯).
em suas palavras existe um elemento significativo, e /�/ /�/ /�/ /�/ /�/
a esse elemento são acrescentados morfemas (mor- Ex.: del�re – destruir (a sílaba tônica é a da vogal
fema = unidade mínima significativa, envolvendo longa).
significados e possibilidades combinatórias) que • Semivogais: são duas – /i/ e /u/ –, e diferen-
indicam categorias variáveis: em nomes indicam ciam-se das vogais correspondentes por es-
tarem sempre seguidas de vogal, como nos
gênero (masculino, feminino ou neutro), número
exemplos juba, lê-se iuba (juba), e vita (vida)
(singular ou plural), caso gramatical (nominativo,
lê-se uita. Com o passar dos tempos, e com as
genitivo etc); nos verbos indicam pessoa, tempo,
transformações ocorridas, adquiraram valor
modo e voz. Na frase, as palavras articulam-se por
consonantal e correspondem hoje aos fonemas
relações de dependência, conforme o caso grama- /j/ para a semivogal latina /i/, e /v/ para a semi-
tical. vogal latina /u/.
Por exemplo: • Consoantes: as consoantes latinas eram
Nomes Verbos inicialmente:
dominus amamos /p//b/
dominum amabamus /t//d/
dominorum amabimus /k/(quê)/g/(guê)
/f/ o v derivou da semivogal (/u/, como vimos)
Assim, podemos dizer que o latim é uma língua /s/não o som/z/
sintética, econômica, ou seja, apresenta várias no- /r/ vibrante, diferente do dígrafo (/rr/ do por-
ções concentradas em uma só forma. tuguês)
/l/
/m//n/(nasais)
Os sons do latim
Apesar de o latim ser uma língua morta que não
A correspondência entre letra e fonema é imper-
é mais falada, há registros deixados por alguns gra- feita, ou seja, letras diferentes podem representar o
máticos que tratam de sua fonética, que nos falam mesmo fonema, ou o inverso disso. A representação
sobre os sons utilizados pela língua latina. gráfica desses fonemas representados utilizava as letras
A língua que falamos, a portuguesa, originou-se seguintes, escritas sob forma maiúscula ocidental:
do latim e é considerada uma língua neolatina. En- A, B, C, D, E, F, G, H, I, K, L, M, N, O, P, Q, R,
tão há semelhanças que podem nos ajudar para a S, T, V e X.
compreensão sobre o funcionamento da língua la- • C, K, Q E CH representam o mesmo fonema/K/;
tina, mas sem generalizações. Os fonemas do latim, • G é sempre /guê/.
assim como no português, classificam-se em três • X representa o grupo de consoantes duplas /ks/
categorias: vogais, semivogais e consoantes. Ex.: lux – luz (lê-se lucs, nox, rex, lex).
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uma raiz significativa à qual se agregam elementos nuptiae (núpcias) arma (armamentos)
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Em relação ao caso gramatical latino, o adjetivo Todos eles, com exceção dos pronomes pessoais,
irá exercer sintaticamente funções como adjunto podem ser empregados como adjetivos.
adnominal, aposto ou predicativo do sujeito e, as- Os pronomes pessoais (ego, tu etc.) já são de-
sim, irá ser empregado no mesmo caso do substan- marcados pela desinência pessoal na forma verbal,
tivo que acompanha. sendo utilizados quando se quer dar ênfase. Não há
Ex.: Regina pulchra est (A rainha é bonita). – pulchra pronome pessoal de terceira pessoa (ele), designan-
é predicado do sujeito, e segue o caso nominativo. do-se a terceira pessoa com pronomes demonstrati-
Os adjetivos são declinados como os substanti- vos (is, ea, id ou ille, illa, illud).
vos, na primeira, segunda ou terceira declinação. Os
adjetivos da primeira e segunda declinação são ditos Atividade
de primeira classe, enquanto os da terceira declina- Leia o texto a seguir:
ção são de segunda classe. Quanto ao gênero, apre- De Roma à Lusitânia
sentam-se no masculino, feminino e neutro, e são Figura 8 – Do latim ao português
enumerados nessa seqüência, por exemplo: bonus,
bona, bonum, ou altus, alta, altum, ou ainda bonus,
a, um. Ou altus /a/ um.
Quanto aos adjetivos numerais, há três espécies:
cardinais, ordinais, distributivos ou multiplicativos.
Os três primeiros adjetivos numerais cardinais
são declináveis: (unus, a, um; duo, ae, o; tres, três,
tria). Do quatuor até o centum são indeclináveis.
Os adjetivos numerais ordinais indicam a ordem
e são declináveis: primus, prima, primum; secundus,
a, um; tertius, a, um.
Os adjetivos distributivos que repartem em gru-
pos determinando os objetos: singuli, um por um;
bini, dois a dois, dois para cada um, dois de uma
Trabalhadores Romanos no início do Império
vez, declinam-se como no plural boni, bonae, bona.
Adjetivos numerais multiplicativos, chamados
Tudo começou no Lácio, aquele que gerou “a úl-
também advérbios numerais, são os numerais que in-
tima flor inculta e bela”, disse Bilac. A moçada rús-
dicam o número de vezes em que um objeto ou uma
tica do Lácio surgiu no centro da Península Itálica,
quantidade é tomada. Em português dizemos uma
fundou Roma, expandiu-se a partir do século 4° a.C.
vez, duas vezes, mil vezes etc.; em latim emprega-se
e não parou mais. Chegou à Península Ibérica (His-
um só palavra para essas expresões; exemplos: semel =
pãnia) no século 3° a.C., mas só a dominou em 19
uma vez; bis = duas vezes; ter = três vezes; decies = dez a.C., dividindo-a em províncias, como a Lusitânia
vezes; vicies = vinte vezes e centies = cem vezes. (Portugal).
Os pronomes têm dupla função: podem tanto ter A língua portuguesa é filhote, portanto, do latim
um significado próprio como podem assumir o sig- vulgar, levado pelos colonizadores. Os romanos
nificado do substantivo, substituindo-o. haviam dominado os gregos 150 anos antes de in-
Há, em latim, seis espécies de pronomes: 1º pro- corporado muito da sua cultura. Depois passaram
nomes pessoais, 2º pronomes possessivos, 3º pro- por lá os visigodos e, por fim, os árabes, antes que
nomes demonstrativos, 4º pronomes interrogativos, a língua portuguesa se individualizasse, depois de
5º pronomes relativos, 6º pronomes indefinidos. passar pela fase de romance, o idioma de transição.
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Surgiram o italiano, o espanhol, o francês, o catalão, b) Sabe-se que a língua latina pode ter classifi-
o provençal, o reto-romano, o romeno, o sardo e o cações diversas, conforme a época e a função
dalmático, falado até o fim do século 19 na Dalmá- social que desempenhou. Fale sobre essa temá-
cia, região da Croácia, costa leste do mar Adriático. tica, destacando as principais, exemplificando.
c) Descreva em poucas palavras o caminho per-
1. Em grupos (até quatro componentes) organizem corrido desde o indo-europeu até o latim,
um debate sobre a temática trabalhada na Aula 1.
sintetizando as informações apresentadas na
Organizem-se para apresentar aos demais cole-
Aula 1.
gas as considerações levantadas no debate do grupo,
em forma de tópicos.
2. Pesquise e responda:
! ATENÇÃO
Leia o texto “A importância do latim na atualidade”, de
a) O que é o latim? Onde e quando foi falado?
Mário Eduardo Viaro. Esse texto irá permear as nossas
Qual a sua importância histórica? Quais lín-
discussões nessa unidade didática!
guas que originou?
MENDES, J. P. Construção e arte das Bucólicas de Virgílio. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1985. p. 43.
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Figura 10 – “Bucólicas”
VIRGÍLIO, Bucólicas, trad. e notas de Péricles Eugênio da Silva Ramos, introdução de Nogueira Moutinho, [Ilus. Marcelo Lima]. São Paulo:
Melhoramentos, Ed. Universidade de Brasília, 1933.
I Bucólicas: Nota Introdutória, p. 28.
Bucólicas: relativo aos pastores de qualquer extensão de sentido – relativo à natureza, à vida
tipo de rebanho e seus animais; relativo à vida e natural – conforme dicionário eletrônico Houaiss,
costumes do campo; campestre. Derivação por 29/08/2007.
* ANOTAÇÕES
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AULA
____________________ 2
OS CASOS LATINOS
Unidade Didática – Língua Latina
Conteúdo
• Iniciação ao estudo da morfologia nominal da língua – os casos gramaticais do latim
Competências e habilidades
• Levar o aluno a compreender a estrutura básica da língua latina, estabelecendo as relações pertinen-
tes com a língua portuguesa
Duração
2 h/a via satélite com o professor interativo
2 h/a presencial com o professor local
6 h/a mínimo sugerido para auto-estudo
Nesta aula nós realizaremos um estudo compa- dá-se o nome de declinação. Portanto, declinar um
rado entre a língua latina e a língua portuguesa, no nome quer dizer enunciar todas as suas formas, caso
que diz respeito a sintaxe. Assim, iremos conhecer por caso (CARDOSO, 1999).
os casos gramaticais do latim e entender como eles Os casos latinos são ao todo seis, e para melhor
atuam na formação das frases, do texto... expressá-los, vamos recorrer a aspectos da sintaxe
Esse é um assunto que merece atenção especial. (análise sintática da frase):
Toda a organização da frase latina dá-se em decor- a) Nominativo: (de nominare, nomear) serve
rência dos casos, pois cada um deles apresenta-se para dar o nome dos seres, respondendo às
conforme seu valor sintático na frase. perguntas: quem? ou o quê? Ex.: Umbra est
Em português, nós não temos a noção de caso amoena. – A sombra é agradável. – É o caso
gramatical. Mas em latim os nomes (substantivos, do sujeito e do seu predicativo, com verbo no
adjetivos e pronomes) assumem formas distintas modo pessoal.
conforme o caso em que estão empregados. b) Vocativo: (de vocare, chamar) serve para in-
Assim como os nomes assumem formas distin- terpelar o objeto ou a pessoa a quem nos diri-
tas, para cada nome há um conjunto de forma que gimos. Ex.: Umbra, ub es? – Sombra, onde es-
podem ser assumidas – a esse conjunto de formas tás? – É o caso do vocativo.
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c) Genitivo: (de gignere, gerar) designa a coisa Note a relação dos casos com a função sintática:
ou a pessoa a quem pertence um objeto, res- 1) Rosa pulchra est. – Rosa é bonita. – nominati-
pondendo às perguntas: de quem? de quê? Ex.: vo (sujeito)
Nigror umbrae. – O negrume da sombra. – É o 2) Rosa est Mariae. – A rosa é da Maria. – geni-
caso do adjunto restritivo. tivo (complemento nominal)
d) Dativo: (de dare) designa o objeto ou a pessoa 3) (Ego) Rosam dabo Mariae. – Darei a rosa à
a quem uma ação aproveita ou desaproveita, Maria. – acusativo (objeto indireto)
respondendo às perguntas: a quem? ou para 4) (Ego) Rosam dabo Mariae. – Darei a rosa à
quem? a quê? ou para quê? Ex.: Lucem redda- Maria. – dativo (objeto indireto)
mus umbrae. – Demos luz à sombra ou para a
sombra. – É o caso do objeto indireto. 5) (Ego) De Maria loquor – Falarei sobre Maria
e) Ablativo: (de auferre, tirar) designa a pessoa ou +– ablativo
SAIBA MAIS
(adjunto adverbial)Romulus a pas-
o objeto com, em, de ou por quem e por que algu- Material Complementar:
tore educatus est – Rômulo foi educado pelo
ma ação é praticada. Ex.: Umbra veniunt frigora. Noções fundamentais
pastor – ablativode(agente
análise sintática (disponível no
da passiva).
– Da sombra vem o frescor. – É o caso do ad- Portal Acadêmico).
6) Maria, ubi es? – Maria, onde estás? – vocativo
junto adverbial, exprimindo as circunstâncias Tenha em mãos
(vocar, esse material, pois vamos utilizá-lo du-
chamar).
rante a aula via satélite.
de modo, tempo, lugar, causa, matéria, instru-
mento e do complemento de causa eficiente:
Atividade
Amor a Deo. – Sou amado por Deus; Terra sole
Leia o texto a seguir:
illustratur. A terra é alumiada pelo sol.
O Brasil
f) Acusativo: (de accusare, acusar) designa o ob-
jeto de uma ação, respondendo às perguntas; Brasilia terra nostra est. Americae maxima terra
quem? quê?. Ex.: Lux fugat umbram. – A luz afu- Brasilia est. In Brasilia olim silvae erant. Silvae terrae
genta a sombra. – É o caso do objeto direto e de nostrae erant magnae et pulchrae. Silvas ferae habi-
seu predicativo: Creo te regem. – Faço-te rei. tabant. Incolae Brasiliae erant indigenae habitabant
parvas casas in silvis et terram colebant. Adorabant
lunam et stellas. Indigenae tenebant lanceas, clavas
! ATENÇÃO et sagittas. Brasilia hodie terra culta est. Opera sem-
Vamos declinar, por exemplo, a palavra rosa, rosae per fuit grata incolis Brasiliae. In scholis magistrae
(rosa). Note que normalmente apresenta-se nos dicio- narrant puellis pulchras historias nostrae carae pa-
nários ou vocabulários a palavra nos casos nominativo
triae. Brasiliam multo amo. Brasiliam amamus. Sal-
singular e genitivo singular, respectivamente:
ve, Brasília, nostra cara patria!
Singular Plural
Nominativo ros-a ros-ae Vocabulário
Vocativo ros-a ros-ae
adorabant: adoravam
Gentivo ros-ae ros-arum
Brasilia: Brasil
Dativo ros-ae ros-is
Ablativo ros-a ros-is casa: choupana
Acusativo ros-am ros-as colebant: cultivavam
erant: existiam
Revisando hodie: hoje
Na construção da frase, cada palavra irá ser in: em, no
declinada de acordo com a função sintática que indigena: indígena
desempenha. luna: lua
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Vocabulário
aquila, ae: águia
capio, is, cepi, captum, capere: apanhar, agarrar,
pegar.
capto, as, avi, atum, are: tentar agarrar; apanhar;
procurar; cortejar; lisonjear; fazer por enganar; es-
preitar.
fortuna, ae: destino, sorte
musca, ae: mosca
non: não
rego, is, rexi, rectum, regere: dirigir, governar, etc.
sapientia, ae: sabedoria
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AULA
____________________ 3
AS DECLINAÇÕES
Competências e habilidades
• Desenvolver no aluno a habilidade lógica, reconhecendo a estrutura da língua latina, estabelecendo
as relações pertinentes com a língua portuguesa
Duração
2 h/a – via satélite com o professor interativo
2 h/a – presencial com o professor local
6 h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
Vamos dar continuidade ao estudo da morfolo- na língua há cinco declinações, ou seja, cinco gru-
gia nominal. Nesta aula, vamos falar sobre as de- pos em que se dividem os nomes.
clinações do latim. No Portal Acadêmico está uma Por sua vez, para cada declinação temos formas
tabela das declinações, como material de suporte às próprias para cada um dos casos latinos, que even-
atividades. Preste bastante atenção e faça as leituras tualmente podem se repetir. Então, para compreen-
sugeridas como suporte para um bom acompanha- dermos o funcionamento do latim, precisamos ter
mento das temáticas trabalhadas. em mente as declinações e os casos latinos.
Como já mencionamos, em latim os nomes pos-
suem uma raiz fixa à qual são acrescentados pre- COMO RECONHECER A DECLINAÇÃO DE UM
fixos, sufixos, desinências. A esse radical podem NOME?
unir-se, também, vogais temáticas, isto é, vogais que Para reconhecer a declinação de um nome temos de
determinam o grupo a que pertence o substantivo observar a forma que ele assume no genitivo singular,
– ou sua declinação. pois esse é o único caso gramatical do latim que apre-
Temos, então, as vogais temáticas: -a-, -o-, -i-, -u, -e-. senta terminações distintas para cada uma das decli-
Existem algumas palavras, entretanto, que não apresen- nações. Note, ainda, que terminação não é o mesmo
tam essa vogal temática. Tais palavras foram incluídas que desinência. Entenda-se, pois, por terminação a
entre aquelas que têm vogal temática -i-. Dessa forma, parte final da palavra que se conecta ao radical.
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Dativo ros-ae ros-is Vocativo -e, er, ir, -um -i, -i, -i, -a
Ablativo ros-ae ros-is Genitivo -i -orum
Acusativo ros-am ros-as Dativo -o -is
Ablativo -o -is
OBS: lembre-se de que é no genitivo singular (em negrito)
que as declinações podem ser identificadas com maior Acusativo -um -os, -os, -os, -a
facilidade. Observe que é bastante simples: a palavra
conserva a sua raiz, à qual as terminações vão sendo
conectadas. Adjetivos das duas primeiras declinações
Adjetivos em us pertencem à primeira declina-
2ª declinação (tema O) ção e à segunda. No masculino, declinam-se como
A segunda declinação tem o genitivo singular em dominus; no feminino, como rosa; e no neutro
i. Abrange nomes masculinos e femininos em us, como templum. Ex.: bonus, bona, bonum, bom.
masculinos em er e neutros em um. Boni, bonae, bona. O adjetivo concorda em gênero,
Casos Sing. Plu. número e caso com o nome ao qual se refere.
Nominativo domin-us domin-i
Vocativo domin-e domin-i
3a declinação (tema I)
Genitivo domin-i domin-orum
Dativo domin-o domin-is A terceira declinação tem o genitivo singular em
Ablativo domin-o domin-is is. Compreende nomes masculinos, nomes femini-
Acusativo domin-um domin-os nos e nomes neutros.
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Alguns são parissilábicos, isto é, têm tantas sílabas Nomes neutros em E, Al, AR parissilábicos em
no nominativo singular como no genitivo; outros e têm o ablativo em i e o nominativo, vocativo e
são imparissilábicos, isto é, têm no genitivo singular acusativo plural em ia. Ex.; mare, maris; animal,
uma sílaba a mais do que no nominativo. Nomes im- animalis.
parissilábicos têm o genitivo plural em um; nomes
parissilábicos têm o genitivo plural em ium.
4a declinação (tema U)
O radical dos nomes imparissilábicos termina,
geralmente, por consoante. Acha-se, suprimindo a A quarta declinação tem o genitivo singular em
desinência is do genitivo singular. us, e abrange masculinos e femininos e nomes neu-
O radical é muitas vezes modificado ou alterado tros u.(menos sus, suis: porco e grus, grui: ave).
no nominativo singular. Por isso, as terminações
desse caso são muitas diversas. 4a declinação
No nominativo, ora é s a desinência, ora não há Casos Sing. Plu.
desinência alguma, é o que se dá sempre com os no- Masculinos e femininos
mes neutros. Nominativo man-us man-us
Vocativo man-us man-us
Nomes com nominativos sem desinências Genitivo man-ui man-uum
O radical desses nomes termina, geralmente, por Dativo man-u man-ibus
uma consoante líquida. Ablativo man-u man-ibus
Acusativo man-um man-us
3 declinação
a
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+ SAIBA MAIS
CARDOSO, Z. de A. Iniciação ao Latim. 4.ed. São Pau-
lo: Ática, 1999.
mundus
Este livro apresenta de forma simples, resumida, mas
muito abrangente, os fundamentos da língua latina. Diga a que declinação pertence as palavras e em
É uma leitura rápida, mas muito útil para quem pre- qual caso estão empregadas. Em seguida, faça uma
tende ampliar ou aprofundar seus conhecimentos sobre análise comparativa entre essas palavras e as pala-
latim! vras da língua portuguesa correspondentes a esses
referentes, quais as semelhanças e as diferenças.
Atividade
2. Note as palavras panis, vésper e arbor. A partir
1. Observe as figuras a seguir:
do radical dessas palavras, diga algumas palavras do
português que tenham delas derivado.
Veja o exemplo:
Equus eqüino equitação égua
Panis
Arbor
Cicada et formica
Formica est laboriosa, sed cicada laboriosa non
est. Quotidie laborat et cicada errat e cantat. Nullam
escam habet. Tum formicam petit et escam rogat.
Formica non negat escam cicadae. Bona et laborio-
sa formica dat escam pigra cicadae. Cicada cantat et
ovum puer formica saltant. Salve, cicada.
74
* ANOTAÇÕES
75
AULA
____________________ 4
A ESTRUTURA VERBAL: TEMPOS, MODOS E
CONJUGAÇÕES VERBAIS; O VERBO ESSE
Unidade Didática – Língua Latina
Conteúdo
• Sistema verbal da língua latina
Competências e habilidades
• Desenvolver no aluno a habilidade lógica, reconhecendo a estrutura da língua latina, estabelecendo
as relações pertinentes com a língua portuguesa
Duração
2 h/a – via satélite com o professor interativo
2 h/a – presencial com o professor local
6 h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
Agora que você já conhece os casos e as declina- concluídos, ou que ainda estão em prossegui-
ções é a vez de estudar o sistema verbal da língua mento. Abrange os tempos presente, imperfei-
latina. Fique atento!!! Vamos tratar desse assunto de to (pretérito) e o futuro.
forma bem simples, mas muito útil! b)perfectum (feito, realizado) – indicam ações
Como na língua portuguesa, o sistema verbal do que começaram e terminaram, que já foram
latim possui uma pluralidade de tempos, modos, concluídas. Inclui os tempos perfeito (preté-
vozes e pessoas. Não se pretende nesta aula que você rito), mais-que-perfeito (pretérito) e o futuro
decore todas essas variações, mas que compreenda perfeito.
seu funcionamento, que se mostra de forma bastan-
te racional em sua organização. Esses tempos verbais podem ser conjugados em
vários modos: indicativo, subjuntivo, imperativo.
TEMPOS E MODOS VERBAIS Também são utilizados nas formas não pessoais, isto
De acordo com Cardoso (1999), os tempos ver- é, no infinitivo, no gerúndio, no particípio, também
bais em latim agrupam-se em dois blocos: no gerundivo e no supino.
a) infectum (não-feito) – indicam ações ou pro- Como já vimos, em relação aos casos e às decli-
cedimentos gerais que não estão terminados, nações existe um radical ao qual se agregam as ter-
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minações (desinências etc). No sistema verbal isso vogal temática -e; a terceira conjugação é mais com-
não é diferente: temos radicais para o infectum, o plexa, pois é formada pela vogal temática -e (bre-
perfectum e o supino. ve), e também por verbos atemáticos, como ferre;
Mas você deve estar perguntando o que é supino, (fero, fers, tuli, latum, ferre – levar, trazer) e a quarta
não é mesmo? Para compreendermos o funciona- conjugação traz a vogal temática -i. Há, no entan-
mento de uma língua, é preciso ter em mente alguns to, verbos da terceira conjugação que confundem
aspectos de sua estrutura. Conforme nos explica com os da quarta conjugação, por exemplo, dicere
Cardoso (1999), o supino é um antigo nome verbal (dizer), que não apresenta a vogal temática na pri-
em -tu. Foi muito utilizado na época arcaica, mas meira pessoa do singular no presente do indicativo,
seu uso foi reduzido no período clássico. Restou do na forma dico, is, xi, ctum, cere.
supino somente o acusativo (em -um), e o ablati- Há, ainda, verbos que não se enquadram em ne-
vo em -u). Almeida (1997) acrescenta, ainda, que nhuma conjugação, como o verbo esse, (ser, estar);
o supino é uma forma especial do infinitivo invariá- trata-se de um verbo especial que auxilia os outros
vel, utilizada para indicar finalidade. Por exemplo, verbos, principalmente na voz passiva.
amatum (para amar), auditum (para ouvir). Temos, então, numa perspectiva resumida, as
Há três radicais diferentes no verbo latino. Va- conjugações com verbos terminados em:
mos observar como eram tais radicais para esses are = laudare (louvar)
tempos: ere = delere (destruir)
ere = legere = (ler)
Exemplo: verbo laudare (louvar) ire = audire (ouvir)
Infectum Perfectum Supino
laud- laudau- laudat- VOZES VERBAIS
laudo (louvo) laudavi laudaturus,a,um Em latim há voz ativa e voz passiva (como no
laudas (louvei) (devendo louvar)
português). Há alguns verbos latinos que só pos-
laudabam (louvava) laudaveram
(louvara)
suem a forma ativa, como o verbo esse; e outros que
são conjugados apenas na forma passiva, embora
laudabo (louvarei) laudavero
(terei tenham significação ativa, como mentiri (mentir)
louvado) ou prosficicsi (partir), que são chamados de verbos
OBS: Em latim, há quatro conjugações. Distinguem-se pela depoentes.
terminação do infinitivo presente e da primeira pessoa
singular do indicativo presente.
A voz passiva pode indicar também impessoali-
dade do sujeito, como em dicitur (falar-se), bibitur
1ª c/i are Ind/Pre o laudo laudare
(beber-se) (CARDOSO, 1999, p 68).
2ª c/i ere - eo deleo delere
3ª c/i ere - o ou io lego legere Verbos irregulares e verbos defectivos
4ª c/i ire - io audio audire São considerados irregulares os verbos que não
acompanham as formas geralmente usadas nas con-
Ex.: o verbo laudare (louvar); tempos primitivos: jugações. Os mais importantes são ferre (levar), velle
laudo,as, laudavi, laudatum, laudare = a louvar. (querer), ire (ir) e seus compostos.
Derivam de velle os verbos nolle (não querer) e
CONJUGAÇÕES VERBAIS malle (preferir). Há também o verbo edere – edo, is,
Os verbos latinos são geralmente agrupados em edi, esum, edere (comer), que é irregular.
quatro conjugações. A primeira caracteriza-se pela Os verbos defectivos são aquele que não são
presença da vogal temática -a; a segunda apresenta a conjugados em algumas pessoas, tempos ou mo-
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O predicativo:
! IMPORTANTE Traduza a frase:
O verbo esse não se enquadra em nenhuma das con-
jugações vistas. Apresenta certas peculiaridades, sendo
muito antigo na língua. Na língua portuguesa, quanto
ao sentido, corresponde aos verbos ser, estar e haver
3. Traduza as frases seguintes:
(quando no sentido de existir).
Sempronia est magistra:
Presente Pret Imp. Futuro Pret Perf.
sum eram ero fui
Livia est discípula:
es eras eris fuist
est erat erit fuit
sumus eramus erimus fuimus Discipulae sedulae sunt:
estis eratis eritis fuistis
sunt erant erunt fuerunt Julia et Silvia quoque discipulae sunt:
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Observe abaixo a tabela de conjugação completa do verbo auxiliar ESSE (SER, ESTAR)
Verbo sum
Indicativo Subjuntivo Imperativo Infinitivo Particípio
(ser, estar)
fueram(eu
fuissem
fora)
+qpS fueras fuisses
Compostos de Sum
fuerat fuiset Absum, estar ausente; Desum, faltar a; Obsum, prejudicar.
fueramus fuissemus Adsum, estar presente, Insum, estar em, Praesum, estar à frente.
+qpp fueratis fuissetis Em prosum, ser útil, pro torna-se antes de vogal. Ind. Pres.: prosum,
fuerant fuissent prodes, prodest, prosumus, prodestis, prosunt. Imp. proderam, fut.
prodero, Imper. prodes Inf. prodesse.
Em possum, poder, pot torna-se antes das vogais, torna-se pos antes
fuero de s e faz cair o f do perfeito. Ind. pres. Possum, potes, potest,
FAS fueris possumus, potestis, possunt. Imperf. poteram, Fut. potero, Perf. potui,
Sub posim, possem, Inf. posse.
fuerit
O imperativo, futuro do infinitivo, particípio futuro não se usa.
fuerimus
FAP fueritis
fuerint
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AULA
____________________ 5
DO LATIM AO PORTUGUÊS;
METAPLASMOS E ETIMOLOGIA
Unidade Didática – Língua Latina
Conteúdo
• Aspectos da transição da língua latina à língua portuguesa
Competências e habilidades
• A partir do estudo comparativo da língua latina e da língua portuguesa, levar o aluno a perceber
questões referentes aos estudos lingüísticos, como as transformações de uma língua, suas variantes,
entre outros fatores, numa perspectiva diacrônica e sincrônica
Duração
2 h/a – via satélite com o professor interativo
2 h/a – presencial com o professor local
6 h/a – mínimo sugerido para auto-estudo
Finalmente, vamos concluir nossa unidade didáti- pessoas pensavam que estavam falando latim, mas
ca considerando as transformações que conduziram na verdade já falavam outras línguas.
o latim às expressões que hoje utilizamos: as línguas
Figura 12 – Expansão da língua portuguesa
românicas e, entre elas, a língua portuguesa.
80
O latim vulgar, ou a língua que era falada pela di- so de dialetação do latim vulgar. Tais dialetos foram,
versidade de povos dominados pelo Império Roma- pouco a pouco, tornando-se tão diferentes entre si,
no, não é uma língua, um idioma em sentido estri- que acabaram por resultar em línguas diversas.
to, mas, antes disso, é uma concepção que abrange Além dos bárbaros, a chegada dos árabes à Pe-
os falares mais diversos, não sendo fixo ou estável. nínsula Ibérica, onde se localiza Portugal, também
Era um latim falado em diferentes localidades: Itá- teve influência decisiva para a formação da língua
lia, Gálea, Espanha e em vários outros. Para cada portuguesa, trazendo consigo inovações quanto ao
uma dessas regiões havia também falares locais aos vocabulário e à pronúncia.
quais o latim ia se sobrepondo, ou seja, as línguas de Mais tarde, com a reconquista da região e a con-
substrato, que aos poucos cessaram de ser faladas, seqüente expulsão dos árabes, foram formando-se
deixando um resíduo de hábitos articulatórios, de reinos, entre eles, destacamos os de Leão e Castela,
questões morfológicas e sintáticas, introduzindo na
pois mais tarde constituíram o Condado Portuca-
língua latina termos romanizados, visto que esses
lense, que no ano de 1143 veio a ser Portugal.
povos conservavam algumas palavras de sua língua
A dialetação do latim vulgar, a influência das in-
nativa.
vasões bárbaras e árabes, aspectos dos quais já fa-
Assim, o latim vulgar passou a apresentar dife-
lamos, conferiram ao falar da região do Condado
renciações locais, constituindo pouco a pouco o
Portucalense feições típicas que, mesmo que ainda
que hoje denominamos francês, italiano, espanhol,
não fosse a língua portuguesa tal como hoje a co-
português...
nhecemos, já se afastava muito da língua latina tal
Os sons, as formas e os significados da maioria
como havia sido implantada pelos romanos. A essa
das palavras permaneceram inalterados no latim
língua intermediária, entre o latim vulgar e o portu-
clássico. Em contrapartida, no latim vulgar, a fo-
guês propriamente dito, damos o nome de romanço.
nética, a morfologia, o emprego, o significado das
A exemplo do português, as outras línguas români-
palavras e a sintaxe foram quase totalmente modi-
cas como o espanhol, o italiano, entre outras, tam-
ficados. Desse modo, o latim serviu de base às di-
bém tiveram seus romanços, que dariam mais tarde
ferentes línguas românicas, que são na atualidade
origem às línguas modernas.
expressões modernas do latim vulgar.
Dessa forma, nas regiões da Gallaecia (Galiza) e
Essa diferenciação do latim vulgar de uma re-
da Lusitânia formou-se o romanço galego-portu-
gião para a outra, que resultou nas transformações
guês. Quando Portugal separou-se da Galiza, no
semânticas, fonéticas, morfológicas e sintáticas,
século XII, o galego-português era o idioma falado
criando as línguas românicas, é devida a vários fa-
em toda a região, e por três séculos foi o veículo da
tores, entre os quais podemos destacar o isolamen-
produção poética trovadoresca. Gramaticalmente,
to geográfico de um local ao outro, a variação cul-
tural, as circunstâncias educacionais, os substratos o galego-português sofreu uma série de transforma-
lingüísticos originais e os superstratos lingüísticos ções até adquirir, já no século XVI, características
subseqüentes. distintas que resultaram na língua portuguesa.
Temos, então, as fases históricas da língua portu-
guesa, conforme Campedelli (1999, p. 17).
A LÍNGUA PORTUGUESA
Embora a influência do latim tenha sido decisiva
para a formação da língua portuguesa, há outros fa- Português Do final do século IX até
proto-histórico o século XII
tores que merecem serem destacados.
Os mais antigos documentos: um
A invasão dos povos bárbaros, desmembrando o Textos em latim
título de doação de 874 e um
bárbaro
Império Romano e isolando as diversas regiões nas título de venda de 883.
quais Roma exercia influência, aumentou o proces- Português arcaico Do século XII ao século XVI
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! IMPORTANTE
nantal, total, parcial, regressiva ou progressi-
va. Exemplo: paomba>poomba>pomba; per-
sicu>pessicu>pêssego.
Metaplasmos e) Dissimilação – é a queda ou diversificação do
Os metaplasmos dizem respeito às transforma- fonema, por já existir fonema semelhante ou
ções fônicas e morfológicas ocorridas nas palavras, igual na palavra. Exemplo: local (e)>lugar;
tanto na escrita como na fala. parabola>paravra>palavra.
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ções para chegar ao português, com as iniciais ch-, acontece em relação ao português, que contribuiu
como acontece em: para o vocabulário de outras línguas.
Latim Português
plicare chegar Atividade
plenus cheio 1. A partir das leituras disponibilizadas no Por-
plorare chorar tal Acadêmico, observe a etimologia de algumas
palavras.
São tendências gerais, alterações que ocorrem Agora, organize um breve glossário etimológi-
com bastante freqüência. É claro que há palavras co da língua portuguesa (com no mínimo quinze
que fogem a essas tendências, como acontece com a palavras).
palavra estrela, que veio do latim stella. Inicialmen- 2. utilizando também o material disponibilizado
te, o r que foi inserido não tinha explicação, mas no Portal, selecione pelo menos cinco palavras e fale
se descobriu que essa palavra sofreu influência da sobre os metaplasmos, utilizando-as como exemplos.
palavra astrum (BUENO, 2002, p. 11). 3. A partir da leitura do texto: “A importância do
Além das palavras derivadas de palavras latinas, latim na atualidade”, disponível na Aula 1, selecio-
há no português palavras que se originam de outras ne algumas palavras do latim utilizadas atualmente.
línguas românicas ou estrangeirismos. O mesmo Fale sobre o uso e o sentido dessas palavras.
* ANOTAÇÕES
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