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3 – MATERIAIS MAGNÉTICOS

3.1 – INTRODUÇÃO

Os primeiros fenômenos magnéticos observados foram aqueles associados aos chamados


“imãs naturais” (magnetos) que eram fragmentos grosseiros de ferro encontrados perto da antiga
cidade de Magnésia (daí o termo “magneto”). Esses imãs tinham a propriedade de atrair ferro
desmagnetizado, sendo que esta propriedade era mais acentuada em certas regiões desse material
denominada, depois, de pólos. Descobriu-se então que, quando uma barra de ferro era colocada
perto de um imã natural ela adquiria e retinha essa propriedade do imã natural e que, quando
suspensa livremente em torno de um eixo vertical, ela alinhava com a direção norte-sul. Surgiram,
então, os instrumentos de navegação.

Desde então os materiais magnéticos vêm sendo utilizados em grande volume, aproveitando-
se dessa característica desses materiais. Equipamentos como: transformadores, motores, geradores,
auto-falantes, eletroímãs, etc., contém ferro, ou ligas de ferro, em suas estruturas, com o duplo
propósito de aumentar a fluxo magnético e restringi-lo a uma região desejada.

Hoje em dia, pesquisas são feitas para se desenvolver outros tipos de materiais que tenham
essa propriedade ainda mais acentuada e que possam ser manipulados de maneira a permitir novas
configurações e formatos de núcleos, reduzindo-se assim as perdas desses núcleos, bem como seus
tamanhos.
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3.2 – O CONCEITO DE DOMÍNIO

Quando André-Marie Ampère descobriu que os efeitos magnéticos também poderiam ser
produzidos por correntes, ele propôs a teoria de que as propriedades magnéticas de um corpo
fossem originadas por um grande número de minúsculas correntes circulares dentro desse corpo. O
campo magnético total no material seria, então, a soma do campo gerado pela corrente externa com
o campo gerado por estas correntes microscópicas. Mais tarde, foi desenvolvida a teoria dos
domínios onde se mostra que, os elétrons apresentam uma propriedade chamada spin que faz com
que eles se comportem como pequenos imãs. Nos materiais magnéticos, o campo total devido aos
spins dos elétrons é zero, seja porque eles se anulam naturalmente, seja porque estão orientados de
forma aleatória. Em materiais magnéticos, como o ferro e o aço, os campos magnéticos dos elétrons
(grupos de até 1012 elétrons) se alinham (acoplamento de troca) formando regiões que apresentam
magnetismo espontâneo. Essas regiões são chamadas de domínios. Os domínios são entidades
isoladas, isto é, cada domínio é independente dos domínios vizinhos.

Em uma peça não-magnetizada de um material magnético os domínios estão distribuídos de


forma aleatória e o campo magnético total em qualquer direção é zero. Quando esse material sofre a
ação de uma força magnetizante externa, os domínios que estão aproximadamente alinhados com o
campo aplicado crescem à custa dos outros domínios, como mostrado na figura abaixo. Se o campo
externo aplicado for suficientemente intenso, todos os domínios se orientarão nessa direção e, daí
em diante, qualquer aumento do campo externo não causará nenhum aumento na magnetização da
peça. Nesse caso diz-se que o material atingiu a saturação.

Quando o campo magnético externo é removido, o grau de alinhamento diminui e o campo no


interior do material cai para um valor, não necessariamente igual ao anterior, ou seja, a remoção da
força magnetizante faz com que alguns domínios voltem a ficar desalinhados. Essa perda do
alinhamento, porém, não é total e os domínios alinhados remanescentes são os responsáveis pela
existência dos imãs permanentes.

O comportamento exposto acima é hoje explicado através da Teoria Quântica e pela Física do
Estado Sólido que mostra que as dimensões de cada domínio assumem grandezas da ordem de 10-2
-3
a 10 cm numa variação de infinitas posições dentro dos seus átomos. Perante temperaturas bem
inferiores ao ponto de Curie, colocando-se finas limalhas de ferro em um material ferromagnético de
superfície lisa e polida, magnetizado lentamente, pode-se estabelecer o contorno exato desses
domínios.
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As figuras que daí resultam são denominadas de figuras de Akulov, provando-se, portanto, a
existência dos mesmos.

Figura 3.2 - Domínios

3.3 – CLASSIFICAÇÃO MAGNÉTICA DOS MATERIAIS

Fisicamente, os materiais magnéticos podem pertencer ao grupo dos materiais


ferromagnéticos, diamagnéticos e paramagnéticos. Na prática, uma grandeza magnética classifica
esses três tipos de materiais, qual seja, a permeabilidade magnética (µ). A permeabilidade desses
materiais é comparada com a permeabilidade do vácuo (µo).

3.3.1 – Materiais Ferromagnéticos

Caracterizam-se por uma magnetização espontânea, que é totalmente independente de


campos magnéticos externos. A grandeza dessa magnetização depende da temperatura que,
quando crítica (Temperatura de Curie - variável para cada material) o material passa de
ferromagnético para diamagnético. Já, nos outros dois grupos de materiais, essa magnetização se
manifesta somente na presença do campo externo. Materiais ferromagnéticos tais como o ferro,
níquel, cobalto e aço possuem uma permeabilidade magnética de centenas ou milhares de vezes
maior que a do vácuo.
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3.3.2 – Materiais Diamagnéticos

Nesses materiais, a direção do campo adicional (formado através da teoria dos domínios) é
oposta à do campo externo fazendo com que o campo resultante seja menor que o campo externo.
possuem uma permeabilidade magnética ligeiramente maior que a do vácuo.

3.3.2 – Materiais Paramagnéticos

Nesses materiais a direção do campo adicional é a mesma do campo externo, portanto, o


campo resultante é maior que o campo externo, como mostrado na figura abaixo. Possuem uma
permeabilidade magnética menor que a do vácuo.

Fig. 3.3.2 - a) Alinhamento de correntes atômicas circulares induzidas em substância paramagnéticas


b) Corrente de Superfície Equivalente a parte (a)

3.4 – PROPRIEDADES MAGNÉTICAS DOS MATERIAIS

3.4.1 – Permeabilidade Magnética

É a facilidade com que um material permite estabelecer, através dele, um fluxo magnético
intenso. Sua unidade é [Wb / A.m]. O valor da permeabilidade magnética do vácuo é igual a µo = 4π
-7
. 10 Wb/ A.m.
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Os materiais que não são magnéticos (cobre, alumínio, madeira, vidro, ar, etc.) têm
permeabilidade igual à do vácuo. Freqüentemente encontram-se valores da permeabilidade relativa
(µr) de determinados materiais, que é a relação entre a permeabilidade do material e a
permeabilidade do vácuo.

3.4.2 – Relutância

É a dificuldade que um material tem para deixar estabelecer, nele, um fluxo magnético. É
dada pela expressão:

l
ℜ =
µ⋅A

Onde l é o caminho do campo magnético e A é a área da seção reta do material em questão.


Sua unidade é [rel] ou [A/Wb]. Matérias com alta permeabilidade possuem baixa relutância.

3.4.3 – Anisotropia Cristalina

Quando se aplica uma intensidade de campo magnético nas diversas direções de


determinado cristal que compõe um material magnético observa-se que a densidade de fluxo
resultante varia de direção para direção, mostrando que a permeabilidade magnética é uma função
da orientação do campo aplicado, caracterizando, portanto, a existência de uma anisotropia
cristalina. Isto significa que, em dependendo da região, as perdas podem ser maiores ou menores.
Como a redução das perdas é uma preocupação constante nos projetos elétricos é justificável se
determinar, em cada conjunto de cristais que formam determinado núcleo magnético, qual a direção
em que se deve aplicar o campo magnético.

3.4.4 – Magnetostrição

Além do fato acima, o campo magnético aplicado pode também alterar as dimensões físicas
do cristal ferromagnético para tamanho maior ou menor. Esse fenômeno é denominado de
magnetostrição. A grandeza da variação nas dimensões é função do eixo cristalino sobre o qual
incide o campo magnético. Materiais que sofrem esse fenômeno, quando são submetidos à tração ou
compressão sofrem um aumento ou redução da permeabilidade (níquel). Essa propriedade é
utilizada em sistemas de controle de pressão (prensas hidráulicas).
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3.4.5 – Curva de Magnetização

Essa curva representa o comportamento de determinado material quando submetido a um


processo de magnetização. Tem no eixo das abcissas a grandeza intensidade de campo magnético
(H) e, no eixo das ordenadas, o valor da magnetização (I) ou a densidade de fluxo magnético
(B).Vale lembrar que:

N ⋅I
H =
l
Onde: N representa o número de espiras; I o valor da intensidade de corrente que circula pela
espiras; l o comprimento magnético do núcleo e que:

Φ
B= = µ⋅H
A
Onde: Φ representa o fluxo magnético produzido; A é a área do material magnético e µ
representa a permeabilidade magnética do material. A figura abaixo mostra exemplos dessa curva
para os seguintes materiais:

1 – Ferro Puro
2 – Permalloy (Ni + Fe)
3 – Ferro Tecnicamente Puro
4 – Níquel
5 – Liga de Níquel + Ferro

Fig. 3.4.5.1 – Exemplos de Curvas de Magnetização


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Fig. 3.4.5.2 – Variação entre a permeabilidade (µ) e a intensidade do campo magnético (H).
A – Ferro Puro; B- Liga Permalloy

Analisando a curva de magnetização em função da teoria dos domínios pode-se concluir que:

- Antes da magnetização as forças magnéticas relativas aos domínios não tem resultante ativa,
ou seja, a soma dos vetores resultantes é nula;

- Com a aplicação do campo externo H, os domínios começam a se orientar segundo essa força
externa. Como as dificuldades oferecidas à orientação dos vetores, em cada domínio, são
diferentes, se comparadas com o campo externo, a curva não é linear;

- A orientação dos domínios atinge um grau máximo a partir do qual, mesmo elevando-se H, a
orientação dos domínios não se altera mais.

3.4.6 – Laço de Histerese

Tendo como base a curva de magnetização, essa curva é usada em larga escala quando se
deseja usar (ou estudar) o comportamento dos materiais magnéticos. Por isso ela é freqüentemente
encontrada em manuais e folhetos distribuídos pelos fabricantes desses materiais.

Sua área interna representa a dissipação de energia, dentro dos materiais, cada vez que
esses materiais são levados a percorrer o ciclo completo de magnetização, ou seja refletem a
dificuldade que a força magnética (H) encontra em orientar os domínios do material em questão.
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Reflete, portanto o trabalho realizado por H para obter B. Assim, essa perda pode ser medida
e é dada em watts [W].

Derivado do termo grego hysterein que significa “estar atrasado” ela mostra que o fluxo
magnético B está sempre atrasado em relação à força magnetizante H.

3.5 – ANÁLISE DA CURVA DE HISTERESE

Figura 3.5.1 – Circuito Magnético em Série Utilizado para Obter a Curva de Histerese

Inicialmente, o núcleo do material em questão não está magnetizado e a corrente no


enrolamento é nula, portanto a magnetização também é nula.

Figura 3.5.2 – Curva de Histerese


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Quando a corrente no enrolamento aumenta, o fluxo e a densidade de fluxo também


aumentam. A curva descreve então a trajetória de o até a. Se a força magnetizante H continua a
aumentar até o valor Hs, a curva descreve a trajetória de a até b. Nesse ponto a curva entre em
saturação e a densidade de fluxo deixa de aumentar, embora a força magnetizante continue a
aumentar.

Reduzindo-se agora a força magnetizante até zero, a curva segue a trajetória b até c. Nesse
ponto, embora a força magnetizante seja nula, existe uma densidade de fluxo denominada de BR
(densidade de fluxo remanente). É a existência dessa densidade que torna possível a existência de
imãs permanentes. Se a corrente elétrica for, agora, invertida, causando o aparecimento de uma
força magnetizante –H, o campo diminuirá à medida que a intensidade da corrente aumentar.

A densidade de fluxo atingirá o valor zero quando H tiver atingido o valor –Hd (trecho cd da
curva). Essa força Hd recebe o nome de força coerciva.

Se aumentarmos o módulo de –H até atingir novamente a saturação e depois invertermos seu


sentido até atingir novamente o valor zero, a curva descreverá a trajetória def. Se aumentarmos o
valor da força magnetizante no sentido positivo (+H) a curva descreverá a trajetória de f até b.

É interessante notar a curva de histerese apresenta uma simetria pontual em relação à


origem, ou seja, a parte da curva à esquerda é igual a parte da curva que aparece à direita, com os
mesmos valores.

Propriedades magnéticas diferentes são importantes nas diversas aplicações de engenharia.


Um imã ou magneto deve ter grande magnetização em campos externos, uma grande coercividade.

Para núcleos de ferro de indutores, transformadores, motores e outros dispositivos,


normalmente é desejável, a menor histerese possível, por causa da perda de energia e do
aquecimento, quando o campo sofre inversões repetidas na presença de correntes alternadas.

Em tais casos, a magnetização remanente e a coercitiva devem ser as menores possíveis.


Nestes materiais, a curva deve ter a menor área e, quanto maior a freqüência mais elevada serão as
perdas. Materiais de pequenos valores de remanência e coercividade são denominados de
“magneticamente doces” enquanto que os que possuem altos valores são chamados de
“magneticamente duros”.
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3.5.1 – Deformação Cristalina

A existência de qualquer tipo de “tensão interna” num sistema cristalino de qualquer material
magnético dificulta a orientação dos domínios deste, perante a ação de um campo magnético externo
o que, sem dúvida alguma, afeta a permeabilidade desse material. Essas tensões aparecem devido
ao trabalho mecânico aplicado ao corpo ferromagnético no ato de se construir um núcleo, quando
então as chapas, blocos etc., desse material, são submetidos a esforços mecânicos (cisalhamento,
dobramento, deformação, etc.). Nesses casos, na região em questão, os domínios não
acompanharão mais a orientação normal do corpo alterando a permeabilidade o que resultará num
aumento da perda de energia podendo atingir níveis inadmissíveis. Para eliminar essas deformações,
o que deve ser feito, utiliza-se a técnica de aquecer o material, denominada de recozimento. Esta
técnica é, atualmente, muito utilizada na fabricação de núcleos laminados.

3.5.2 – Correntes Parasitas

Os núcleos magnéticos que são envolvidos por bobinas sofrem o efeito da indução de forças
eletromotrizes, quando sujeitos a campos magnéticos variáveis. Essa força eletromotriz induzida cria,
nos núcleos, correntes elétricas de grandeza considerável, se o mesmo possuir baixa resistividade
elétrica, o que provoca um aquecimento na material devido às perdas Joule. A redução dessas
correntes é feita através do aumento da resistência elétrica do material magnético em questão sob
duas formas:

- Elevando-se a densidade do material, o que é obtido pela compactação de pós e conseqüente


fabricação de ferrites ou;

- Pela fabricação de núcleos de corpos não maciços, ou seja, núcleos laminados com as lâminas
isoladas entre si.

3.5.3 – Núcleos Laminados

Quando se calcula, magneticamente, a seção de um núcleo necessária para conduzir um


determinado número de linhas magnéticas, obtendo-se assim um valor de campo magnético deve-se
escolher também um material com determinada permeabilidade. Essa seção é calculada para que o
ponto de trabalho do núcleo, ou seja, a condição onde ele vai trabalhar, corresponda a um ponto pré-
fixado na curva de magnetização.
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No caso de núcleos de motores, transformadores, reatores, etc. este ponto está localizado na
parte reta da curva de forma que se tenha uma folga, para cima ou para baixo, de operação e ainda
para que se tenha uma correspondência linear entre o aumento de H e de B. Existem casos, porém,
em que os núcleos trabalham mais próximos do ponto de saturação, ou seja, para um aumento da
corrente a campo magnético permanece inalterado (núcleos saturados ou semi-saturados).

Calculada a seção necessária, o núcleo é construído utilizando-se a justaposição das lâminas,


que possuem revestimento isolante, para que se possa aumentar a resistência à circulação das
correntes induzidas no núcleo. As perdas no núcleo podem ser reduzidas segundo as seguintes
metodologias:

- Composição adequada do material;


- Tipo de laminação das chapas (a quente ou a frio);
- Orientação dos grãos (Anisotropia - grãos orientados no sentido do fluxo);
- Recozimento; corte das chapas (I, E, U e L).

3.5.4 – Núcleos Compactados (Ferrite)

Os núcleos compactados são fabricados com pós metálicos e aditivos colocados em moldes
adequados, que lhe dão a necessária configuração. Esses pós apresentam características de
resistividade bastante elevada, o que reduz aos níveis necessários, as correntes parasitas, sendo
praticamente isolantes elétricos com características ferromagnéticas. Não exigem laminação e nem
recozimento e podem adquirir qualquer formato com grande facilidade.

Apesar dessas facilidades, existem, ainda hoje, limitações técnicas de fabricação de tais
núcleos, aliada a uma limitação econômica, devido ao processo que precisa ser colocado em prática
durante sua fabricação.

3.5.5 – Imãs Permanentes

Devem apresentar um elevado magnetismo residual, o que é típico dos materiais magnéticos
duros. O laço de histerese deve ser bastante alto. Alem disso, devem manter, por um tempo
suficientemente longo, o magnetismo residual BR, sem alterá-lo sensivelmente perante a variação de
temperatura e ação de forças mecânicas.

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