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DIFICULDADES NA ESCOLA

A desmotivação de uma criança ou um adolescente na sala de


aula pode ter diversos motivos. Verificar as possibilidades e
agir na correção é tarefa de pais e educadores.

Uma amiga me disse que sua filha está muito desmotivada na


escola e que os professores são muito chatos. Como ajudar
nessa situação?As causas da desmotivação podem ser de
quatro origens diferentes.

A primeira respeito à possibilidade de alguns professores


estarem extremamente expositivos, ou seja, focam suas aulas
em conteúdo e não deixam espaço para a criação. O aluno
permanece muito passivo, copia muita matéria sem
possibilidade de criar, de se manifestar, de discutir, debater,
de ser autor. Com professores desse tipo, até os mais
“caxias”, ou “nerds”, não tem vontade de estudar. Nesse caso,
converse com a orientação pedagógica de sua escola para que
oriente os professores quanto à metodologia mais adequada.

A segunda origem possível é a da superproteção da família


(pai ou mãe) que não permite o desenvolvimento da
autonomia, da persistência e da independência. A criança fica
sempre esperando que as soluções sejam dadas por alguém,
como a mãe, o pai, o próprio professor, etc. Se a escola estiver
exigindo, cobrando, solicitando trabalho, a criança desiste,
pois se sente cobrada acima de suas possibilidades (ou pelo
menos, acima do que ela acha ser possível). Nesse caso,
procure incentivar a autonomia, as decisões, assumir desejos,
etc.

A terceira possibilidade é a de origem interna, como alguma


dificuldade de atenção, concentração, ou qualquer outro
motivo relacionado ao funcionamento de seu corpo, de seu
cérebro. Como exemplo, podemos ter casos de Depressão, de
Déficit de Atenção ou alguma outra dificuldade fisiológica, ou
seja, de funcionamento do corpo ou cérebro. Para essa
terceira origem, é necessária a avaliação de um profissional
da área, um neuropediatra, psicopedagogo ou psiquiatra. Não
deixe para depois. Se a origem da dificuldade for médica, a
medicação pode fazer um grande bem para sua filha.
Entretanto não vá logo medicando. Busque uma segunda
opinião.

A quarta possibilidade é o ”bullying”. É uma espécie de


assédio moral com foco na coerção, ameaças, chantagens,
perseguições, humilhações e desvalorização que a menina
pode estar sofrendo no dia-a-dia da escola por colegas da
turma. Muitas vezes um grupo de crianças, ou de
adolescentes, escolhe alguém para servir de “saco de
pancada” desse grupo. As conseqüências desse tipo de
comportamento afetam diretamente a vontade de estudar.
Algo precisa ser feito e de forma urgente. Essas crianças, as
agressoras e a vítima precisam de ajuda. Precisam de
orientação para que possam aprender os valores mais
significativos da vida. Entre em contato com a escola e, juntos,
criem soluções para que o Bullying não ocorra mais, nem com
a menina, nem com outras crianças.
Relação Professor - Aluno: Uma Revisão Crítica
Por Denise de Cássia Trevisan Siqueira
23 de dezembro de 2004
Resumo: Como profissionais críticos e atuantes na área de ensino, observamos que,
atualmente, impera um total descaso pelo ato de lecionar e aprender. Já não há mais
o respeito mútuo entre discentes e docentes; a indisciplina em sala de aula é uma
constante; a dificuldade que os estudantes encontram em usar a linguagem escrita
como elemento de reforço ou registro da fala, uma triste realidade; e atos de
violência escolar já fazem parte do nosso dia-a-dia. Portanto, este artigo têm como
objetivo mostrar alguns dos problemas que constatamos no decorrer do processo
ensino-aprendizagem e apresentar sugestões, sempre respaldadas por
embasamentos teóricos e experiências reais vivenciadas por profissionais renomados,
de como tais problemas poderiam ser melhor administrados e, por que não,
eliminados. Considerando tal abordagem, tomamos por base de nossas observações
a relação professor-aluno, como uma revisão crítica de desempenho e atitude social;
aliada à metodologia adotada pelo docente; se não o maior, um dos principais fatores
que rege a motivação pelo aprender por parte do discente em formação.

Palavras-chave: crítica, revisão, professor, aluno, relações pessoais.

O ser humano é social por natureza. Desde muito jovens vivemos em sociedade,
fazemos parte e formamos grupos com pessoas das mais diversificadas crenças,
origens e personalidades. Graças a esse convívio no decorrer de nossas vidas,
vivemos situações que nos constrangem ou enaltecem, sofremos desilusões,
aprendemos com nossos erros e acertos e, através de comparações, conseguimos
construir a nossa personalidade e interagir com o universo.

Nesse referencial, nossos melhores amigos, aqueles que com suas críticas e
conselhos, muitas vezes, melhoram certos aspectos e comportamentos negativos que
apresentamos, conseguem nos sensibilizar, pois conquistaram nossa confiança, nosso
respeito, são exemplos de companheirismo e demonstram um sincero interesse pelo
nosso bem-estar.

Se as relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na realização


de mudanças em nível profissional e comportamental, como podemos ignorar a
importância de tal interação entre professores e alunos?

ELIAS destaca:

“É por intermédio das modificações comportamentais da área afetiva que a escola


pode contribuir para a fixação dos valores e dos ideais que a justificam como
instituição social.” (1996, p.99)

Com o objetivo de realizar uma pesquisa em campo, adotamos por técnica a


observação, pois, parafraseando CUNHA (1994, p. 55), “é uma excelente técnica de
coleta de dados”. Portanto, ao utilizarmos tal critério, pudemos perceber
comportamentos, desempenhos, métodos e técnicas de vários tipos de docentes (o
autoritário1 , que vê o ato de lecionar apenas como um complemento de salário; o
crítico-reflexivo2, que planeja suas aulas e investe na continuidade de sua
formação; o permissivo3 ; o “mãezona”, e tantos outros cujas atitudes pessoais que
jamais passarão despercebidas pelos alunos), que embora critiquemos, muitas vezes
fazem parte de nosso discurso aos alunos: ameaças, chantagens emocionais, controle
da indisciplina4 através do medo, autoritarismo5 .....; enfim tudo que promove o
não-desenvolvimento cognitivo6 do discente.

“O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério, o


professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das gentes, o
professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático,
racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca." (FREIRE,
1996, p.73)

Como o ensino não pode e não deve ser algo estático e unidirecional, devemos nos
lembrar de que a sala de aula não é apenas um lugar para transmitir conteúdos
teóricos; é, também, local de aprendizado de valores e comportamentos, de
aquisição de uma mentalidade científica lógica e participativa, que poderá possibilitar
ao indivíduo, bem orientado, interpretar e transformar a sociedade e a natureza em
benefício do bem-estar coletivo e pessoal. Tão bem nos lembra GRISI:

“Toda aula, em resumo, seja qual for o objetivo a que vise, e por mais claro, preciso,
restrito, que este se apresente, tem sempre uma inelutável repercussão mais ou
menos ampla, no comportamento e no pensamento dos alunos.” (1971, p.91)

Professores, amantes de sua profissão, comprometidos com a produção do


conhecimento em sala de aula, que desenvolvem com seus alunos um vínculo muito
estreito de amizade e respeito mútuo pelo saber, são fundamentais. Professores que
não medem esforços para levar os seus alunos à ação, à reflexão crítica, à
curiosidade, ao questionamento e à descoberta são essenciais. Professores, ou
melhor, educadores que, ao respeitar no aluno o desenvolvimento que este adquiriu
através de suas experiências de vida (conhecimentos já assimilados), idade e
desenvolvimento mental, são imprescindíveis.

A nosso ver, a relação estabelecida entre professores e alunos constitui o cerne do


processo pedagógico. É impossível desvincular a realidade escolar da realidade de
mundo vivenciada pelos discentes, uma vez que essa relação é uma “rua de mão
dupla”, pois ambos (professores e alunos) podem ensinar e aprender através de suas
experiências.

“Para por em prática o diálogo, o educador não pode colocar-se na posição ingênua
de quem se pretende detentor de todo o saber; deve, antes, colocar-se na posição
humilde de quem sabe que não sabe tudo, reconhecendo que o analfabeto não é um
homem “perdido”, fora da realidade, mas alguém que tem toda a experiência de vida
e por isso também é portador de um saber.” (GADOTTI, 1999, p.2)

Se por um lado é importante a existência de afetividade7 , confiança, empatia8 e


respeito entre docente e discente para que melhor se desenvolva a leitura, a escrita,
a reflexão, a aprendizagem e a pesquisa autônoma; por outro, os educadores não
podem permitir que tais sentimentos interfiram no cumprimento ético de seu dever
de professor. Portanto, situações diferenciadas adotadas com um determinado aluno
(como permitir que, sem justificativa coerente, entregue seu dever em data diferente
da estipulada; ou melhorar a nota deste, para que ele não fique de recuperação),
apenas norteadas pelo fator amizade ou empatia, não deveriam fazer parte das
atitudes de um “Formador de Opiniões”.

“Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor
professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e “cinzento” me ponha nas
minhas relações com os alunos [...] A afetividade não se acha excluída da
cognoscibilidade. O que não posso obviamente permitir é que minha afetividade
interfira no cumprimento ético de meu dever de professor no exercício de minha
autoridade. Não posso condicionar a avaliação do trabalho escolar de um aluno ao
maior ou menor bem querer que tenha por ele.” (FREIRE, 1996, p.159-60)

Outro reflexo desse aspecto (excesso de afetividade), mas sob um prisma mais
direcionado à superproteção, geralmente pode ser observado em salas de ensino
fundamental da quinta série: crianças indisciplinadas, inquietas, por vezes,
arrogantes e revoltadas.

É fato que durante esse estágio da vida as crianças estão passando por uma fase de
adaptação (transição da quarta para a quinta série) e que tudo que é novo causa
certo medo e ansiedade; portanto, é normal e até esperado que esse período
provoque alguns problemas disciplinares no início; mas, o que nos chama a atenção é
a total falta de organização e senso de responsabilidade que muitas vezes tais
crianças apresentam.

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Devemos, enquanto educadores, atentarmos quanto a nossas atitudes, pois, não


raras vezes, o motivo de tal reação é a falta de autoridade e proteção excessivas,
ocultas em atitudes inconscientes, tais como: anotar os deveres nas agendas dos
alunos, em lugar de deixar que eles o façam; fornecer as respostas dos exercícios,
quando eles não conseguem obtê-las, ao invés de deixá-los descobrir o erro;
centralizar a resolução de todos os problemas em nós mesmos, dando mais atenção à
criança que é mais mimada, ou indisciplinada, ou está doente; e nos utilizarmos da
chantagem emocional para obter a disciplina na sala de aula – os alunos geralmente
obedecem, não por conscientização de tal necessidade, mas porque temem “perder”
a amizade do professor. Agindo assim não estamos permitindo que os alunos
adquiram autonomia em seus atos e, portanto, tornamo-los excessivamente
dependentes.

“O ideal consiste em que a criança aprenda por si só, que a razão dirija a própria
experiência [...] A falta da prática de pensar, durante a infância, retira dela essa
faculdade para o resto da vida.” (ELIAS, 2000, p.32)

Para exercer sua real função, o professor precisa aprender a combinar autoridade9 ,
respeito e afetividade; isto é, ao mesmo tempo que estabelece normas, deixando
bem claro o que espera dos alunos, deve respeitar a individualidade e a liberdade que
esses trazem com eles, para neles poder desenvolver o senso de responsabilidade.
Além disso, ainda que o docente necessite atender um aluno em particular, a
interação deve estar sempre direcionada para a atividade de todos os alunos em
torno dos objetivos e do conteúdo da aula.

Outro fator que incomoda, e muito, grande parte dos Amantes do Saber, é a
disciplina; ou melhor, a ausência dessa; no entanto, infelizmente, sempre podemos
presenciar situações em que muitos professores, em nome da autodisciplina10 ,
tomam atitudes, no mínimo, pedagogicamente questionáveis: fazem imposições sem
fundamento, ameaçam os alunos e, não raras vezes, chegam a humilhá-los.

Por inúmeras vezes nos deparamos com docentes que ao ouvirem conversa durante a
aula gritam com os estudantes, fazem ameaças dizendo que a prova será em breve e
que eles não a conseguirão realizar, que aquele conteúdo está “dado”, ou, então,
como punição, passam exercícios valendo nota, para serem entregues no final da
aula. Outros, simplesmente ignoram tal fato, demonstrando, claramente, que estão
mais preocupados em cumprir o conteúdo curricular planejado para aquela aula, do
que em descobrir o porquê da falta de interesse e da indisciplina da maioria dos seus
alunos.

Casos em que o professor assume uma postura autoritária e acredita que


distanciamento hierárquico é sinônimo de respeito, não são raros dentro de uma sala
de aula. Esse profissional, como um “general”, geralmente intimida os discentes a
prestarem atenção, e ministra suas aulas sem se importar que haja alunos que não
estão acompanhando o seu raciocínio. Sua atenção está voltada apenas para alguns
poucos alunos que, sentados nas primeiras carteiras, olham-no atentamente. Quando
algum dos supostamente desinteressados faz alguma pergunta, ou é ignorado, ou
recebe como resposta: “Se você estivesse prestando atenção, teria entendido”.
Convém salientar que essas “disputas” entre mestre e discípulos pouco ou nenhum
resultado prático trazem, pois um aluno que é retirado da sala de aula por
comportamento inadequado e encaminhado à biblioteca para realizar uma pesquisa
sobre o tema da aula, ou não o faz, ou o entrega ao professor antes do término do
período.

Será que essa postura docente contribui de alguma forma para que um professor
obtenha o respeito e a disciplina que tanto deseja em sala de aula?

Em nosso entender, respeito se conquista, não se impõe; e o diálogo11 é o melhor


caminho para a solução de problemas. Assim sendo, fazemos nossas as palavras de
LIBÂNEO:

“O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também
ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a
expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As
respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do
professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem
também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades. (1994,
p.250)

Segundo MASSETO (1996), o sucesso (ou não) da aprendizagem está fundamentado


essencialmente na forte relação afetiva existente entre alunos e professores, alunos e
alunos e professores e professores.

Assim sendo, podemos dizer que a atitude deste professor, assim como a de muitos
outros que encontramos no nosso dia-a-dia, reflete um profissional não
comprometido com o seu trabalho, que não investe suficientemente na sua formação
e que, dessa forma, torna-se apenas uma projeção do que foram seus professores,
repetindo o mesmo currículo de seus antecessores, resistente a mudanças e um
praticante de aulas expositivas monótonas e repetitivas repletas de muita “falação”,
distantes das reais necessidades dos alunos, e que, portanto, os induz à
desmotivação, à falta de interesse, à indisciplina, à incapacidade de refletir, criar e
problematizar situações que poderiam auxiliar na construção de seu conhecimento e
caráter.

E por falar em indisciplina, essa não deveria ser uma constante entre professores e
alunos. Aulas dinâmicas, divertidas, linguagem clara, objetiva e de fácil
entendimento, sempre associando o tema em questão a situações atuais, de
conhecimento dos alunos, utilizando mais a explanação verbal do que a lousa (vista
como um suporte, apoio para registrar, de forma resumida, alguma informação mais
importante), tornam as explicações dadas pelo docente, segundo opinião unânime
dos alunos, uma aula motivadora.

Vale a pena continuar ressaltando a atuação de alguns professores, não como modelo
inquestionável de docência, mas como fonte de inspiração para que continuemos a
buscar um melhor caminho para chegarmos ao coração e à mente de nossos alunos.
Um aluno jamais deve permanecer passivo e, mesmo que as respostas dadas sejam
incompletas ou incorretas, o verdadeiro educador sempre deve fazer um comentário
crítico construtivo: “Você quase conseguiu... Valeu a tentativa!”; ou “Esqueceu, não
é? Vamos ver se amanhã você já conseguiu se recuperar da amnésia”. A forma como
ele conduz a aula deve despertar a curiosidade pelo ouvir e aprender.

“... o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade
do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma ‘cantiga
de ninar’. Seus alunos cansam não dormem. Cansam porque acompanham as idas e
vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas
incertezas.” (FREIRE, 1996, p.96)

Um professor deve buscar um aperfeiçoamento constante, ter um carinho especial


pela profissão que abraçou e saber utilizar sua autoridade com moderação e
imparcialidade. Então, por que não tentar eliminar rapidamente os poucos casos de
conversa paralela durante a aula, chamando a atenção dos envolvidos de forma
humorada? Por que não conversar, em particular, com qualquer estudante que
necessite de uma reprimenda maior? Certamente, todos os alunos o cumprimentarão
nos corredores e irão lhe pedir conselhos e orientações.

"Boa técnica de motivação é ter uma conversa em particular com o aluno. Em que se
procura explorar o sentimentalismo e também, quando necessário, falar francamente
com o aluno, chamando-o às suas responsabilidades. É imprescindível que ele sinta,
apesar das verdades, se necessárias, que o professor é seu amigo e tudo está
fazendo para ajudá-lo." (NÉRICI, 1992, p.190)

Relação Professor - Aluno: Uma Revisão Crítica


Por Denise de Cássia Trevisan Siqueira
23 de dezembro de 2004
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Estabelecendo um paralelo entre todas essas atuações, podemos afirmar que a


disciplina em sala de aula está diretamente ligada ao estilo de prática docente; isto
é, à autoridade profissional, moral e técnica do professor. Dessa forma, entre todos
os observados, os professores que melhor conseguem este controle são aqueles
que dominam o conteúdo que ensinam; não têm receio de dizer que não conhecem
a resposta, mas que a irão pesquisar e depois a trarão (e cumprem a promessa);
adaptam seus métodos e procedimentos de ensino em função da necessidade de
sua clientela; possuem tato em lidar com as diferenças individuais em sala de aula;
estão abertos ao diálogo; e demonstram dedicação profissional, senso de justiça,
caráter, competência12 e hábitos pedagógico-didáticos necessários à organização
do processo de ensino.

Um professor competente está sempre pronto a refletir sobre sua metodologia, sua
postura em aula, a replanejar sua prática educativa, a fim de estimular a
aprendizagem, a motivação13 dos seus alunos, de modo que cada um deles seja
um ser consciente, ativo, autônomo, participativo e agente crítico modificador de
sua realidade.

Vale a pena ainda mencionar um outro aspecto relevante no que concerne à


relação teoria-prática14 , no caso, representada no exemplo que os professores
dão, manifestando sua curiosidade, competência e abertura de espírito. Segundo
MASCELLANI:

“O educador que não se organiza de modo satisfatório para questionar as


condições dentro das quais vive [...] não conseguirá sequer ter comportamentos
autênticos diante daqueles que deve educar, ou, pelo menos, diante dos alunos
que estão colocados diante de si, destinatários de sua ação educativa.” (1980,
p.128)

De nada adianta falar sobre organização, responsabilidade, ética, autonomia, se,


na prática, não houver um planejamento15 das aulas, continuar-se a fazer
críticas, pública e abertamente, contra colegas de trabalho, não se reservar algum
tempo para o aperfeiçoamento contínuo e utilizar-se dos horários das aulas para
realizar tarefas estranhas àquele momento (atualização de diários, correção de
provas etc.).

O prazer pelo aprender não é uma atividade que nasce espontaneamente nos
alunos, pois, muitas vezes, não é uma tarefa que cumprem com prazer. Para que
este hábito possa ser melhor cultivado, é necessário que o professor consiga
despertar a curiosidade dos alunos e acompanhar suas ações na solução das
tarefas que ele propuser (o não acompanhamento poderá fazer os alunos se
sentirem inseguros na realização da atividade proposta, por julgarem-se cobrados
a um desempenho para o qual não foram preparados; e, o fornecer as respostas
prontas, não permitindo que o aluno problematize e descubra a resposta correta,
acomoda-o e prejudica sua autonomia).

Além disso, o aluno deve obter conhecimento não apenas para ter na cabeça
muitas informações que, na maioria dos casos, nunca vai utilizar. O conhecimento
ideal é aquele que o transforma em um “cidadão do mundo”. No entanto, para que
isso aconteça, o papel do professor deve ser a de um “facilitador de
aprendizagem”, aquele que provoca no aluno um estímulo que o faça aprender a
aprender.

Tornar-se um professor facilitador não é uma tarefa fácil, pois requer a quebra de
paradigmas16 ; o aprender a não desistir; a conscientização de que em uma sala
de aula não há aprendizado homogêneo e imediato; que a orientação do professor,
acompanhando cada passo do aluno, com a intenção de que ele, gradativamente,
liberte-se e demonstre seu potencial, é fundamental; a percepção de que a
formação continuada17 é uma necessidade, e que uma postura crítica-reflexiva
deve fazer parte do seu dia-a-dia.

Notas

Texto orientado pela professora de Prática de Ensino / Estágio Supervisionado


Dinéia Hypolitto do curso de Formação de Professores da Universidade São Judas
Tadeu. Publicação: Revista Integração: Ensino=Pesquisa=Extensão da
Universidade São Judas Tadeu. Ano IX, nº 33, maio.2003.

Denise de Cássia Trevisan Siqueira é bacharel em Letras e licenciada pelo Curso de


Formação de Professores pela Universidade São Judas Tadeu; Engenheira Elétrica e
Revisora da Editora Universidade São Judas Tadeu; professora de língua inglesa do
Colégio da Polícia Militar e de língua portuguesa da Escola Técnica Estadual
Camargo Aranha.

1. Aquele que usa com rigor a sua autoridade, não admitindo contradições. Ver
ELIAS, Marisa Del Cioppo. Pedagogia Freinet – Teoria e Prática. São Paulo: Papirus,
1996.
2. Aquele que está aberto a quaisquer sugestões e críticas que o ajudem a se
repensar como profissional a fim de reformular e melhorar sua prática. Ver
HYPOLITTO, Dinéia. A formação do Professor o Estágio Supervisionado. São Paulo:
Editora Catálise, 2001.
3. Aquele que permite que seus alunos pratiquem ou tomem atitudes
despropositadas ou desrespeitosas para consigo ou para com seus amigos. Ver
FURLANI, Lúcia Maria Teixeira. Autoridade do professor: meta, mito ou nada disso?
São Paulo: Editora Cortez, 1991.
4. Falta de controle sobre os próprios atos e desrespeito as limitações e anseios
das demais pessoas.
5. Uso impróprio da autoridade; imposição de forma dominadora, arbitrária e
opressora.
6. Relativo a aquisição de um conhecimento, a percepção.
7. Afeição, simpatia, amizade; conjunto de fenômenos psíquicos que se
manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões.
8. Tendência para sentir o que sentiria caso se estivesse na situação e
circunstâncias experimentadas por outra pessoa.
9. Direito ou poder de se fazer obedecer, de se dar ordens, de tomar decisões, de
agir; que tem influência e age; que tem por encargo fazer respeitar as leis.
10. “ Conjunto de princípios e regras elaborado livremente pela pessoa, através do
contato com a realidade e da interação com os outros, e interiorizados pela
aprendizagem, pela tomada de consciência das exigências da vida pessoa e social,
e pela busca da autonomia através da atividade livre”. (HAYDT, Regina Célia
Cazaux. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática,1997, p.66)
11. Comunicação, exposição de idéias através de perguntas e respostas entre duas
ou mais pessoas.
12. Competência segundo o Dicionário Aurélio: qualidade de quem é capaz de
apreciar e desenvolver certos assuntos... competente é aquele que julga, avalia,
pondera, acha a solução e decide.
13. Ato de estimular o aluno com a finalidade de tornar a aprendizagem mais
produtiva. Ver ZÓBOLI, G.. Práticas de Ensino – Subsídios para a Atividade
Docente. 7ª ed. São Paulo: Editora Ática, 1996.
14. “É preciso falar, tanto quanto possível, através de ações, e apenas dizer o que
é impossível fazer.” (ROUSSEAU, 1990, p.197).
15. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: Plano de Ensino –
Aprendizagem e Projeto Educativo – elementos metodológicos para elaboração e
realização. São Paulo. Libertad, 1995.
16. Modelos, padrões.
17. “Atividades formativas que ocorrem após a certificação profissional inicial... que
visa principal ou exclusivamente melhor os conhecimentos, as habilidades práticas
e as atividades dos professores na busca de maior eficácia na educação dos
alunos”. (RODRIGUES e ESTEVES, 1993, P.44).

Errar é humano e atribuir o erro a outra pessoa é mais humano ainda. Erramos muito
mas podemos posturas diferentes em relação aos nossos erros:

Negação

Aprendizado

Reflexo

Na negação, como você deve imaginar, eu erro e continuo jurando até a morte que
estou certo. Não adianta nem me mostrarem provas concretas de meu erro, eu vou dizer
que não errei e pronto.

No aprendizado eu uso uma experiência negativa, analiso-a, tiro conclusões e tento


evitar o que fez meu barquinho naufragar na primeira tentativa. Se errar de novo em
outro ponto faço o mesmo e assim vou, errando e aprendendo com meus erros.

No reflexo eu erro sim, mas a culpa é sempre de outra pessoa. Meus alunos estão
desmotivados porque o governo tem uma grade curricular incompatível com a realidade
deles, porque não há recursos para que eu possa despertar o interesse deles, porque eles
não têm educação nem interesse em aprender… e por aí vai. Sempre vou encontrar um
motivo para justificar meu erro, sendo sempre a culpa exterior, ela nunca está em mim.
Não falemos em culpa, falemos em responsabilidades. Um professor insatisfeito com a
escola, com a profissão, com o salário ou com o que quer que seja irá passar toda essa
carga emocional para os alunos durante sua aula, que por ele estar insatisfeito também
não irá conter nada de especial que desperte o interesse dos alunos. Vou dar o arroz com
feijão e olhe lá. Pelo que estão me pagando está até bom demais.

Então voltemos a responsabilidade. Tenho um aluno cuja formação depende de mim. Eu


sou o profissional que se especializou para dar essa informação e formá-lo da melhor
maneira possível. Então eu sou o profissional. A responsabilidade é minha de criar
meios e um ambiente favorável para que ele sinta-se motivado. Eu tenho a faca e o
queijo na mão.

Dizer que um aluno é o culpado por não aprender é mais ou menos como se um médico
fizesse um tratamento e como o doente não sarasse, dissesse:

“Não sarou porque não quis, eu fiz o que tinha que fazer.”

O profissional é quem aprende todas as técnicas e procedimentos para que o


“tratamento” seja um sucesso. Se o doente morrer, a culpa nunca será dele e sim do
profissional que o tratou.

A Desmotivação dos
Professores
A presente obra, ainda que ideologicamente situada e
contextualizada num país que não Portugal, traz-nos aportações
interessantes sobre as causas da desmotivação dos professores.

Dividida em quatro capítulos, introduz a temática a partir de


considerações tecidas sobre as grandes transformações ocorridas nos diferentes
campos de actividade – política, economia, cultura, relações sociais e laborais –
às quais subjazem um cenário de globalização, no âmbito do qual as instituições
educativas carecem de uma “reconceptualização do espaço, do tempo e dos
recursos materiais e humanos”, passa pelas dificuldades da análise do presente
(capítulo 1), e pelas intenções de destruição do ensino público (capítulo 2),
centra-se nas dezasseis razões da desmotivação docente (capítulo 3) e conclui
“rompendo os muros”, propondo instituições educativas flexíveis e abertas,
modelos curriculares integrados, em que as actividades extracurriculares
ocupem o seu lugar em projectos de escola e de turma (capítulo 4).

Detendo-se nas dificuldades de análise da sociedade de hoje, “uma sociedade


em crise”, no dizer do autor, Jurjo Torres Santomé, Professor Catedrático da
Universidade da Corunha, referiremos algumas das razões que aponta para a
“crise” da educação: a sua obrigatoriedade e a massificação que não teve em
consideração que as instituições educativas tinham sido pensadas para as
elites; a diversidade dos alunos, com identidades culturais e linguísticas
distintas, confrontados com uma cultura escolar que se pretendia uniforme; o
avanço das ideologias e o desmoronar das certezas dogmáticas.

Em relação às “intenções de destruição do ensino público”, é criticada a


instituição educativa “neoliberal”, submetida às leis da oferta e da procura, cujo
discurso passa por conceitos como “qualidade”, “competitividade” e
“excelência”.

As causas da desmotivação dos professores, que são apontadas, radicam (a) na


incompreensão das finalidades dos sistemas educativos, que tem a ver com a
rapidez das transformações em todos os campos do conhecimento, com a
celeridade das inovações na área das tecnologias da informação e da
comunicação, e com as múltiplas reformas educativas promovidas com escassa
implicação da classe docente; (b) na formação inicial deficitária, no âmbito da
informação cultural; (c) na “pobreza” das políticas de actualização cultural e
psicopedagógica dos professores; (d) na concepção tecnocrática do trabalho
docente, com abandono do discurso político; (e) na existência de currículos
obrigatórios sobrecarregados de conteúdos; (f) no peso de iniciativas, por parte
da administração educativa, de tipo burocratizante; (g) na falta de serviços de
apoio e na eficácia da inspecção escolar; (h) na ausência de uma verdadeira
cultura democrática na vida das escolas; (i) nos problemas de comunicação com
os alunos; (j) nas dificuldades de relacionamento com as famílias; (k) na
existência de um clima político e social que responsabiliza unicamente a classe
docente pela qualidade da educação; (l) num ambiente social de cepticismo, de
superficialidade e de banalização; (m) no avanço de políticas mercantilistas e
utilitaristas; (n) na falta de incentivos aos professores inovadores, (o) na
contínua ampliação das funções cometidas aos professores; (p) na maior
visibilidade dos efeitos do trabalho dos professores.

Em “Derrubando os muros”, defende-se a necessidade da criação de estruturas


educativas mais flexíveis e da existência de maior coordenação entre as
actividades curriculares e extracurriculares.

Esta obra encerra, para além de uma sistematização cuidada das razões da
desmotivação dos professores, numa sociedade global, em permanente
evolução, uma proposta de flexibilização e de abertura das instituições
educativas, que passa pela articulação entre as actividades curriculares e
extracurriculares, dando lugar a projectos curriculares integrados, capazes de
romper a rigidez dos actuais espaços e tempos lectivos.

Torna-se extremamente interessante verificar a sintonia desta proposta, que,


partindo das ideologias de esquerda, defende o conceito de educação integral e
emancipadora, com uma outra, que vem sido defendida, entre nós, por Manuel
Ferreira Patrício, ex-Reitor da Universidade de Évora, desde os anos 80 – a
pluridimensionalidade estrutural da instituição escolar que comporte a dimensão
curricular, presidida pelo princípio da heterodeterminação educativa, a
dimensão extracurricular, presidida pelo princípio da autodeterminação
educativa, a dimensão interactiva, presidida pelo princípio da codeterminação
educativa, cujo factor estruturante situacional é o projecto, e a dimensão global,
presidida pelo princípio da sobredeterminação dialéctica educativa, ou princípio
ecológico, que pressupõe a articulação horizontal, planificada, das actividades
educativas das dimensões curricular e extracurricular, geradora de uma nova
realidade pedagógica, uma comunidade educativa englobante de todas as
vivências educativas dos educandos e educadores.

Apraz-nos registar a sintonia entre estas duas propostas, defendidas por


personalidades distintas, com percursos diferenciados, que coincidem no
essencial, e cuja comparação recomendamos a todos os nossos leitores.
Educadores explicam a desmotivação de
professores
Recente pesquisa realizada pelo Instituto Ibope e o Movimento Todos pela Educação
revelou que o maior problema da Educação no Brasil é a existência de professores
desmotivados e mal pagos. Para o presidente executivo do movimento Todos Pela
Educação, Mozart Neves Ramos, três fatores explicam a falta de motivação dos
professores. "A questão salarial, as condições de trabalho e de formação. Essas são as
principais causas. A baixa auto-estima também contribui para esse quadro. As
universidades, instituições formadoras, deveriam conhecer mais a realidade da educação
básica. Infelizmente, os professores formadores não conhecem a escola pública, o que
acaba por prejudicar os docentes", afirmou.

Ex-secretária de educação do Rio de Janeiro, Terezinha Saraiva compartilha da mesma


opinião. E ela destaca as condições precárias para o exercício da profissão como algo
que precisa ser revisto. "De modo geral, as escolas apresentam péssima infra-estrutura,
o que impede uma prática docente de qualidade. A descoberta de que a carreira
escolhida não lhe traz satisfação pessoal e realização profissional; o despreparo para
lecionar a alunos ‘reais’, algo que não lhe foi apresentado nos cursos de formação; e o
pouco apoio e participação das famílias dos alunos também são fatores que contribuem
para a desmotivação do profissional".

Para o diretor do Sindicato dos Professores do Município do Rio e Região (Sinpro-Rio),


Antonio Rodrigues, os baixos salários e as turmas com excesso de alunos são as
principais causas que levam à desmotivação dos docentes. "A escola de hoje discute
desde educação sexual à educação para o transito, alem da questão do uso de drogas.
Todas as mazelas da sociedade são discutidas na escola. Isto além de um currículo
obrigatório que sobrecarrega. E professores têm tarefas múltiplas, de um lado, e
trabalham com turmas cheias e com um ganho financeiro que têm não corresponde a
este esforço, de outro", salientou Antonio Rodrigues.

Para o sindicalista, na rede privada, o problema é tão grave quanto nas escolas públicas.
"É falso o discuso de que docente tem melhores condições de trabalho nas escolas
particulares. Se há um quadro mais favorável nas grandes escolas, de outro, também
existe uma sobrecarga imensa do ponto de vista das tarefas que são atribuídas aos
docentes, por conta do uso da internet e de outras tecnologias. Hoje há exigência maior
e não basta saber só a disciplina que ensina", salientou o sindicalista.
Estresse do professor
29/05/2006

Síndrome de Burnout é uma das causas do esgotamento profissional de docentes


Mais|

Com a aproximação das férias é comum o sentimento de cansaço e fadiga, ambos resultados
do esgotamento físico e psicológico do ser humano. Muito além deste tradicional ciclo, porém,
cada vez mais pessoas têm sofrido com o estresse profissional, especialmente aquelas que se
interrelacionam com outras pessoas para o desempenho de sua função. Um bom exemplo
disso é o professor, que tem sido apontado como uma das maiores vítimas do estresse
profissional, mais conhecido como Síndrome de Burnout.
A Síndrome de Burnout é causada por circunstâncias relativas às atividades profissionais,
ocasionando sintomas físicos, comportamentais, afetivos e cognitivos. Inicialmente foi
observada em trabalhadores da área da saúde que desempenham uma função assistencial,
caracterizada por um estado de atenção intenso e prolongado com pessoas em situação de
necessidade e dependência. Com o passar do tempo, pôde ser identificada em outras
profissões, entre elas a de professor.
De acordo com a pesquisadora do Laboratório de Psicologia do Trabalho da UnB (Universidade
de Brasília), Iône Vasques-Menezes, no caso do professor, a razão para a incidência da
síndrome está ligada, sobretudo, à falta de reconhecimento. "A desvalorização do professor,
seja ela por parte do sistema, dos alunos e da própria sociedade, é um dos maiores agentes
para a ocorrência do Burnout", explica.
O Burnout em professores pode ser caracterizado por um estresse crônico produzido pelo
contato com as demandas do ambiente acadêmico e suas problemáticas. Para a pesquisadora,
especialmente aquelas que não dependem apenas da ação dos docentes para serem
resolvidas. "Existem problemas que estão muito além da ação direta dos professores,
principalmente onde há uma situação de degradação do sistema. Nestes casos, a sensação de
impotência é mais acentuada", revela.
Além disso, o posicionamento dos alunos em sala de aula também contribui para um maior
desgaste. Em muitos casos, a indisciplina é a grande responsável por uma eventual sensação
de frustração e até a desmotivação do profissional. Segundo Iône, não são raros os
professores que se queixam da falta de interesse dos alunos e assumem a culpa por este fato
acreditando que deveriam dominar as mais diferentes técnicas para estimular o aprendizado.
Um exemplo disso é o depoimento, abaixo, do professor da UnisantïAnna, Fernando Pachi, de
São Paulo.
"Acredito que a situação de maior estresse para o professor continua sendo a indisciplina em
sala de aula. Mediar a relação com os alunos fica dez vezes mais desgastante em situações
em que você tem de chamar a atenção, interromper a aula, pensar sempre como motivar os
alunos, erguer o tom de voz. Tudo isso contribui ao longo do tempo - podem ser em meses -
para uma situação de estresse e desmotivação. Isso porque o foco é sempre motivar os
alunos! Aí a cobrança interna fica também bem maior, e vem uma certa sensação de fracasso
quando os resultados esperados não são atingidos, ou seja, quando o curso não corre bem,
por conta de uma "interação em sala de aula mal resolvida".

? importante destacar que os alunos também desempenham um papel de extrema importância


no aprendizado, sejam estes de ensino fundamental, médio ou superior. Neste último caso,
embora ainda em menor escala do que no ambiente escolar, tem sido freqüente a incidência de
casos do Burnout - ainda que os professores não possam ser considerados os únicos
responsáveis pelo desempenho de uma turma ou de determinados alunos, seja ele bom ou
ruim. (Leia mais no link "Orientador e não detentor único do conhecimento").
O peso do Burnout
O fato mais curioso na síndrome de Burnout é que ela atinge trabalhadores motivados, que
reagem a este desequilíbrio trabalhando ainda mais. "Farber, um dos pesquisadores do
Burnout discute como tema central deste sofrimento a discrepância entre o que o trabalhador
investe no trabalho e aquilo que ele recebe, ou seja, os resultados obtidos. Por isso, voltamos à
questão do não reconhecimento e desvalorização do professor", lembra Iône.
O modelo de progressão do Burnout é composto pelas seguintes etapas: a fase de idealismo e
entusiasmo, com expectativas excessivas a respeito do trabalho; fase de progressivo
estancamento e queda a respeito das expectativas iniciais; decepção e frustração e, por fim, a
fase de apatia, ou seja, atitudes negativas frente ao trabalho.

Segundo Iône, é importante estar atento a esta síndrome, porque além do esgotamento
psicológico, despersonalização dos profissionais e disfunções no desempenho profissional, o
Burnout pode causar ainda complicações de saúde decorrentes do stress crônico e
deterioração da qualidade de vida.
Com isso, a pesquisadora destaca a importância de treinar habilidades de auto-controle,
identificação de pensamentos negativos, controle do estresse, utilização de apoio social com a
equipe, além de trabalhar a informação sobre os aspectos de sua carência como profissional.
"Estas seriam algumas das alternativas para combater o estresse profissional na busca pelo
bem-estar e melhor qualidade de vida", encerra.
Desmotivação e indisciplina na relação professor e aluno

por José Ginvaldo Abreu de Araújo

RESUMO: este artigo apresenta uma revisão crítica sobre a atitude do professor
em sala de aula. Tem por objetivo proporcionar uma reflexão sobre a relação
professor e aluno na conquista da motivação e da disciplina na escola. Traz
exemplificações de atitudes utilizadas pelos professores que induz os alunos para
um quadro intimidante de desmotivação. Mostra sugestões, sempre respaldadas
por embasamento teóricos e experiências reais vivenciadas por profissionais
renomados.

PALAVRAS-CHAVE: Professor. Aluno. Motivação. Disciplina. Relações pessoais.


Aspectos sócio-emocionais. Ensino-aprendizagem.

1. INTRODUÇÃO

Vários especialistas têm alertado para a importância dos aspectos afetivos e


emocionais na prática pedagógica, uma vez que “fazem parte das condições
organizativas do trabalho docente, ao lado de outras que estudamos” (Libâneo,
249). Segundo Masseto (1996) O sucesso (ou não) da aprendizagem está
essencialmente na forte relação afetiva existente entre alunos e professores,
alunos e alunos e professores e professores.

Os aspectos sócio-emocionais, no que diz respeito às relações de amizade e


afetividade entre professor e aluno, são indispensáveis no trabalho docente,
podendo assim, através da relação que se estabelece, conquistar a disciplina, a
motivação e a obtenção dos resultados delineados no planejamento. Esses
aspectos quase que não são levados tão a sério pelos professores.

2. RELAÇÕES SÓCIO-EMOCIONAIS

Quando o assunto é disciplina escolar, os professores sempre se queixam: “meus


alunos não querem nada”, “fulano só quer brincar”, “os alunos estão cada vez
mais indisciplinados”. As queixas são muitas, mas poucas são, ou quase que
nenhuma, as preocupações em descobrir as causas da indisciplina de seus alunos.
Os professores sempre responsabilizam os alunos pelos fracassos, justificando:
“tirou nota baixa porque brincou”; “Se você estivesse prestado atenção, teria
passado na prova”. Casos em que professores fizeram uso de métodos agressivos
para conseguir a autoridade profissional aparecem com bastante intensidade.

Para conquistar a disciplina dos alunos os professores têm usado de imposições,


através de expressões agressivas: “cala a boca”, “no dia da prova você me paga”,
“quero ver como você vai se sair na prova”, e até atribuir uma nota ao aluno por
ter apresentado um comportamento, considerado pelo professor, indisciplinado,
como se a conquista da autoridade viesse de imposições inadmissível e de
humilhações dos alunos.

A escola sempre tem utilizado de agressões físicas e ou morais na conquista da


motivação ou da disciplina de seus alunos. Há muito tempo a escola utilizou a
palmatória ou de chicote para castigar os indisciplinados ou os desmotivados.

Segundo Paulo Freire (1996):


“O professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente, sério,
o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida e das
gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio,
burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua
marca”. (P. 73).

A autoridade do professor não pode deixar verter-se para o autoritarismo. “A


autoridade profissional se manifesta no domínio da matéria que ensina e dos
métodos e procedimentos de ensino, no tato em lidar com a classe e com as
diferenças individuais, na capacidade de controlar e avaliar o trabalho dos
alunos e o trabalho docente”. (Libâneo, 1994, p.252).

A relação entre professor e aluno não está livre de conflitos, mas a autoridade do
professor não pode transformar-se em autoritária, chegando a ponto tirar a
autonomia dos alunos. Segundo Libâneo, “autoridade e autonomia são dois pólos
do processo pedagógico. A autoridade do professor e a autonomia do aluno são
realidades aparentemente contraditórias, mas de fato complementares”. (251).

O professor comprometido com a produção do conhecimento em sala de aula,


amantes de sua profissão, que desenvolve com seus alunos um vínculo muito
estreito de amizade e respeito mútuo pelo saber, é imprescindível no processo de
ensino e aprendizagem. Muitas vezes, o autoritarismo do professor, provoca a
insegurança dos alunos, que por sua vez, se sentem castigados, injustiçados,
cobrados a um desempenho para o qual não foram suficientemente preparados,
agravando os casos de indisciplina na escola.

Paulo Freire afirma:


“Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor
professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e “cinzento” me ponha
nas minhas relações com os alunos [...] A afetividade não se acha excluída da
cognoscibilidade. O que não posso obviamente permitir é que minha afetividade
interfira no cumprimento ético do meu dever de professor no exercício de minha
autoridade. Não posso condicionar a avaliação do trabalho escolar de um aluno
ao menor bem querer que tenha por ele”. (Paulo Freire, 1996, p. 159-60).

A prova, quase que sempre, foi (ou é) um instrumento de preponderância dos


professores. Muitos são os casos em que os professores utilizam das benditas
provas para ameaçar seus alunos de reprovação. Fazem intimidação dizendo que
a prova será em breve e que eles não conseguirão realizar, que aqueles
conteúdos estão dados, ou, então como punição, passam exercícios valendo nota,
para serem entregues no final da aula. Procura sempre um jeito de punir aqueles
que consideram antipáticos, que “brincaram” ou “não faziam nada na sala” nas
aulas.

Será que esta postura dos professores contribui de alguma forma para que
obtenham o respeito e a disciplina que tanto desejam em sala de aula?

Acredita-se que não exista aluno que resista a aulas dinâmicas, divertidas, com
uma linguagem clara, objetiva e fácil de entendimento. Penso que o melhor
caminho para a conquista do respeito, da relação de amizade e para a solução
dos problemas esteja no planejamento das aulas, no diálogo entre os sujeitos do
processo. Pois, como alguém já tem dito, “respeito se conquista, não se impõe”.
Nas palavras de Libâneo:
“O professor não apenas transmite informação ou faz perguntas, mas também
ouve os alunos. deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-
se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional.
As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à
atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos
conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a
essas dificuldades. (1994, p.250).

Assim sendo, um profissional não comprometido com o seu trabalho, que não
investe na sua formação e que, reproduz o que fizeram seus professores,
repetindo os mesmo conteúdos, que resistem às mudanças, com suas aulas
monótonas e repetitivas, distantes das reais necessidades dos alunos, tem mais é
que produzir um quadro de indisciplina, desmotivação e desinteresse na classe.

Refletir a prática em sala de aula, a relação com os alunos, a metodologia


empregada, replanejando suas aulas é intrinsecamente indispensável na
conquista da motivação dos alunos.

Pois,

“A motivação dos alunos para a aprendizagem através de conteúdos


significativos e compreensíveis para eles, assim como de métodos adequados, é
fator preponderante na atitude de concentração e atenção dos alunos. Se estes
estiverem envolvidos nas tarefas diminuirão as oportunidades de distração e de
indisciplina”. (Zabala, 1996, p. 253)

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