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PREZADO MARCELO CATTONI, e todos os que receberem este email e se interessarem em lê-lo...
venho por meio desta comunicar a minha insatisfação, insatisfação está que anda generalizada no terceiro
período do curso de Ciências do Estado,
na aula de Cidadania Cultural.
Não concordamos com os métodos utilizados pela professora Mariá Brochado, e não concordamos com o tom
intimidador que ela usou em várias de suas
aulas para se comunicar conosco.
Eu, mais do que ninguém, estou certa de que, intimidação, abuso de poder, coerção, falta de educação e de
gentileza, as duas últimas utilizadas por Felipe Bambirra comigo, em sala de aula,
muito tem afetado do meu bom humor, do meu desejo de continuar frequentando este curso, e configuram o
que, pra mim, é muito claro e muito grave: bullying universitário.
Professores e alunos de docência que usam de intimidação, de coerção, de falta de educação, de grosseria,
para calar alunos, calar questionamentos saudáveis e verídicos como os que
se verificam em nossa sala são sim, agressores, agressores, no mínimo, da liberdade de expressão.
A turma dos formados em história apresentou um trabalho no mesmo dia que o meu grupo, eles receberam a
nota 11 em 20, meu grupo tirou 18, e as apresentações deles, são sempre
muito interessantes já que, além serem portadores de uma cultura geral indiscutível são também professores,
quando questionaram a nota com a Natália Lipovestsky sobre o motivo de nota tão baixa ela disse:
Vocês perderam nota porque a turma estava conversando. Que espécie de método avaliativo, coercitivo é
esse que baseia a minha nota nas conversas e no comportamento alheio? Posso dar conta do meu
comportamento, do que cabe a mim, mas não posso ser responsabilizada por comportamento alheio.
Também me senti coagida quando a já referida Natália leu em sala de aula a lista dos nomes das pessoas que
não estavam falando nos debates. Eu me senti exposta desnecessariamente e, pra mim, esse ato foi um
abuso, uma violência à minha liberdade de calar, à minha liberdade de conduzir a minha graduação da
maneira que melhor me convier... Disponho de
liberdade para falar e para calar, se eu decidir que quero apenas assistir as aulas sem fazer provas, sem fazer
trabalhos, é um direito meu, desde que esteja disposta a arcar com as consequências.
Penso que a universidade é um espaço de democracia, de liberdade, de construção de conhecimento de
forma livre, através da convivência prazerosa e saudável, da participação(voluntária), de diálogo e de debate.
Não é espaço para violência(nem mesmo simbólica), intimidação, coerção.
Estou certa de que, numa altura dessa da vida, aos 37 anos de vida, muito bem vividos por sinal, não faz
sentido sair do conforto da minha residência para vir à Faculdade de Direito compactuar com um espetáculo
deprimente: assistir
uma turma cheia de energia e de vida, cheia de questionamentos e de idealismos, ser calada pelo uso da
coerção. Na última segunda-feira, durante e após a apresentação de A Democracia, de Hans Kelsen, com
medo de falar qualquer coisa e de com isso prejudicar a nota do grupo que se apresentava, a turma se calou.
O silêncio dos oprimidos. Algumas pessoas ficaram escrevendo, outras lendo, outras olhando pela janela,
algumas prestando atenção ou fingindo que prestavam, outras dormindo, quando acabamos de apresentar,
ninguém quis debater, levantaram-se todos
e foram embora. Realmente desconheço qual a graça de uma turma que não questiona, que não se posiciona,
que não participa.
O objetivo da universidade não é moldar robôs acéfalos capazes apenas de obedecer ordens, bajular
professores, e decorar textos sem criticar, a universidade tem um papel importante na formação de indivíduos
pensantes, ou pelo menos deveria ter.
O terceiro período de Ciências do Estado é composto por pessoas, cidadãos pensantes, críticos, inteligentes,
questionadores, porque destruir algo tão precioso?? Os professores que tiverem humildade e interesse de
escutar, aprenderão muito mais do que vão ensinar. Eles sabem que se estou insistindo até hoje neste curso é
por amar minha turma, mas eles ao contrário de mim, estão lutando e se empenhando para que este curso
seja o melhor possível, para que este curso dê certo. Admiro e invejo tal persistência, porque sei que quando
eu me estressar demais largo tudo e procuro outra coisa pra fazer...
Sei que é um homem ocupado, e que atualmente não está mais no colegiado do nosso curso, e espero
realmente não ser perseguida nem discriminada na Faculdade de Direito, como tenho visto acontecer, por
estar dizendo o que eu penso.
Aqui jaz o que venho sentindo nas aulas de cidadania cultural, sinto-me sufocada, oprimida, desrespeitada em
minha liberdade de expressão, não estou acostumada a imposições, nem a intimidações porque embora tenha
nascido em 1973, no auge da ditadura, meus pais eram hippies, e me deram liberdade de me expressar
plenamente, e expressão e franqueza, pra mim,
nunca vieram acompanhados de punição.
Sincera e atenciosamente,
From:Marcelo Cattoni
Date: Thu, 26 May 2011 17:44:31 -0300
Subject: Re: BULLYING NA FACULDADE DE DIREITO DA UFMG
To: Mariana
Cara Mariana:
Como coordenador do colegiado, posso remeter à chefia do departamento a que a professora faz
parte, já que as questões que você relata são antes de competência do departamento.
De toda forma, já estava ciente dessas questões e já tenho procurado a chefia do departamento,
assim como a professora, para tratar desse assunto.
Atenciosamente,
Marcelo Cattoni.
P.S. hoje consigo entender porque algumas pessoas com estrutura psíquica mais frágil,
submetidas a situações de intimidação constante sucumbem... muitas vezes, a violência
e a tortura (psicológicas) conseguem ser mais nocivas, mais atormentadoras do que a
física. Vivendo e aprendendo!!!!!
Acho que eu já disse tudo o que eu tinha pra dizer, agora é esperar que o mal estar passe
e que as coisas melhorem...
M.
Cara Mariana:
Como disse, desde ontem, a questão já está encaminhada formalmente ao Departamento,
competente para o caso.
Marcelo Cattoni.
Atenciosamente,
De:Mariá Brochado
Para:Daniela Muradas Reis
Cc:DIREITO-DIT-Secretaria , marcelo cattoni , Marcelo Galuppo
, Andityas Soares de Moura Costa Matos , Mônica Sette Lopes
, Maria Fernanda Salcedo Repolês , Fabiana de Menezes Soares
, Antonio Duarte Guedes Neto , Adriana Sena, Thomas Bustamante , travessoni , José Luiz Horta, Renato
Cesar Cardoso , Ricardo Salgado , karine salgado , Arnaldo Afonso Barbosa
Data:27/05/2011 15:59
orexis eidenai
Diante de um fato deste calibre, que avilta a nossa condição de educadores, em particular de um
docente com as credenciais de Marià, proponho uma MOCÃO DE APOIO à nossa colega a ser
encaminhada ao Colegiado de Graduação, visto que o coordenador do Curso de Ciência do
Estado, Prof Cattoni, transfere ao DIT, questão da sua esfera de competência.
Se houve alguém que sofreu bullyng neste episódio, foi a Profa Marià com esta manifestação
pública de hostilidade.
No mais meu abraço, conte comigo, Fabiana
De:Marcelo Cattoni
Data: 27 de maio de 2011 20:49
Assunto: Re: moçao de apoio à Maria
Para: Daniela Muradas Reis
Cc: Mariá Brochado , Fabiana de Menezes Soares , DIREITO-DIT-Secretaria Marcelo Galuppo , Andityas
Soares de Moura Costa Matos , Mônica Sette Lopes , Maria Fernanda Salcedo Repolês , Antonio Duarte
Guedes Neto , Adriana Sena , Thomas Bustamante , travessoni, José Luiz Horta , Renato Cesar Cardoso ,
Ricardo Salgado , karine salgado , Arnaldo Afonso Barbosa
Cara Daniela:
Por favor, peço a você, como chefe de Departamento, que esclareça aos colegas e a todos os interessados do
teor dos arts. 49 e 54 do Estatuto da UFMG. Segundo o art 49, citado abaixo, a competência para
supervisionar a execução das atividades de ensino dos professores é da Câmara ou Assembleia do
Departamento. A função do Colegiado de Graduação é a de coordenação e de orientação didático-pedagógica
e, no que se refere a docentes, sua competência é meramente propositiva, nos termos do art. 54 também
citado abaixo.
Assim sendo, já tendo conversado inúmeras vezes com você, com a Mariá e com a representação discente
para chegarmos a uma solução para o caso, no exercício de minha função como coordenador do curso não
me omiti de forma alguma no sentido de buscar mediar as posições envolvidas e encontrar um bom termo.
E, por isso, por dever de ofício, encaminhei já ontem, assim que o recebi e conforme você me pediu por
telefone, o email da aluna do terceiro período, exatamente com a preocupação de dar ciência, mais uma vez
ao Departamento e à sua chefia, como lhe é devido por competência, e especialmente para dar ciência à
Mariá das alegações que foram feitas. Inclusive com a preocupação de garantir à Mariá, no âmbito adequado
do Departamento, o direito de se pronunciar quanto a essas alegações.
Estatuto da UFMG
(http://www.ufmg.br/conheca/ni_index.shtml)
Art. 54º - A coordenação didática de cada curso de Graduação, Mestrado e Doutorado é exercida por um
Colegiado de Curso, com as seguintes atribuições:
I - orientar e coordenar as atividades do curso e propor ao Departamento ou estrutura equivalente a indicação
ou substituição de docentes;
II - elaborar o currículo do curso, com indicação de ementas, créditos e pré-requisitos das atividades
acadêmicas curriculares que o compõem;
III - referendar os programas das atividades acadêmicas curriculares que compõem o curso, nos termos do art.
49, §§ 1o e 2o, deste Estatuto;
IV - decidir das questões referentes a matrícula, reopção, dispensa e inclusão de atividades acadêmicas
curriculares, transferência, continuidade de estudos, obtenção de novo título e outras formas de ingresso, bem
como das representações e recursos contra matéria didática, obedecida a legislação pertinente;
V - coordenar e executar os procedimentos de avaliação do curso;
VI - representar ao órgão competente no caso de infração disciplinar;
VII - elaborar o plano de aplicação de verbas destinadas a este órgão.
Prezados alunos, exe alunos, colegas da Faculdade de Direito da UFMG, boa tarde.
com certeza vcs não têm conhecimento das cartas/pedidos que aqui encaminho,
dirigidos em nome de colegas da turma (inominados) e de outra turma também (o 1º
período), mas estou sendo gravemente denunciada, incriminada e desrespeitada por
uma aluna do curso de CIÊNCIAS DO ESTADO, acusando-me de prática
de BULLYNGnesta turma. Tenho minha consciência apaziguada e convicta de que
JAMAIS efetivei qualquer manifestação de tal prática, gravíssima, incompatível com
minha personalidade, formação e postura dentro e fora de sala de aula, bem como
com as áreas a que me dedico (Ética e Direitos Humanos). Como muitos de vcs
foram meus alunos, e sempre dialogaram aberta e francamente comigo, sempre no
sentido de reconhecer alguma qualidade nas minhas aulas, venho solicitar o apoio
de vcs nesse momento. Tenho absoluta certeza de que sempre dei o "melhor de
mim" nas aulas que ministrei, com o máximo que me era possível, de exploração de
minha capacidade, dedicação, preparação de aulas e respeito com cada um de vcs
Nunca passei por algo similar em meus curtos 14 anos de docência, em várias
faculdades, na UFMG, e em cursos da magistratura, ministério público, cursinhos
preparatórios para concurso e outras Pós Graduações pelo país, dentre os quais
alguns alunos também manifestar-se-ão a propósito de minha conduta como
professora, colega e pessoa. Peço, por fim, que aqueles que se sentirem à vontade
de se manifestar à propósito de minha conduta, que enviem emails para meu correio
eletrônico pessoal (), para serem encaminhas positivamente a meu favor como
instrução probatória para o processo judicial que por mim está sendo instaurado.
Diante da gravidade das acusações a mim dirigidas, só me resta socorrer-me do
Direito, que nesse momento é o caminho possível para que eu possa exercer meu
direito fundamental à manifestação, e a minha dignidade como professora, mulher e
ser humano.
Fraterno abraço,
Mariá Brochado.
Li o recado da professora Mariá Brochado, e concordo com ela, não tenho legitimidade
para falar pela turma, apenas captei um sentimento geral e o exteriorizei, mas falei por
mim.
Que fique registrado que eu ratifico tudo o que eu disse, não agi, e jamais agiria com
leviandade, ou com o intuito de macular injustamente a reputação desta professora ou
desta instituição. O meu único pecado é ter agido com coerência aos meus princípios e
ao meu caráter, é ter sido honesta.
Peço desculpas a todos, pois uma pessoa tem que ter humildade para reconhecer as
próprias fraquezas, e reconheço que sou fraca, pois não tenho capacidade de compactuar
com as injustiças, não tenho capacidade de compactuar com a coação, não tenho
capacidade de compactuar com a intimidação.
Sincera e atenciosamente,
Prezada Mariana:
A coordenação deve tratar manifestações de alunos quanto ao curso como algo a ser considerado. É
um direito dos alunos se manifestarem sobre o curso, com responsabilidade sobre essas
manifestações.
O que se deve buscar, considerando inclusive a proposta do curso, é lidar com problemas, como
possibilidade de se aprender com eles, e buscar cooperativamente alternativas, respeitando-se
sempre todos os envolvidos.
Assim, especialmente num curso cuja proposta é a participação ativa e responsável dos alunos na
sua própria formação, os alunos têm o direito de se manifestarem sobre o curso, respondendo por
sua atuação, como co-participantes do curso.
Os professores não somente têm também esse direito de se manifestarem, mas têm o dever de se
manifestarem, posto que estes professores, em razão da sua formação e experiência, de seu cargo e
da função que exercem, são responsáveis perante a Universidade pelas atividades de ensino,
pesquisa e extensão, pela coordenação, direção, orientação, organização dos planos de ensino e
aplicação de critérios de avaliação das atividades acadêmicas sob sua responsabilidade, sob
supervisão dos seus respectivos Departamentos.
É o Departamento, em primeiro lugar, que tem essa competência de analisar alegações sobre as
atividades acadêmicas executadas sob sua supervisão e é primeiramente em seu âmbito que
questões referentes ao planejamento e à execução das atividades de ensino devem ser tratadas.
Os demais órgãos administrativos possuem competência recursal ou, ao menos, subsidiária, pois
devem agir considerando deliberações dos Departamentos. Não se podem suprimir instâncias, deve-
se respeitar, portanto, a organização administrativa da Universidade.
E aqui, sobre a questão suscitada por você, cabe mais uma vez considerar, o Colegiado de curso tem
competências de caráter propositivo (art. 54, do Estatuto da UFMG). Com isso, esta Coordenação
está acompanhando com atenção o caso, respeitando as competências do Departamento.
Atenciosamente,
De:Marcelo Cattoni
Para:Rodrigo Badaró, Pâmela
Enviadas:Segunda-feira, 30 de Maio de 2011 11:53
Assunto:Para conhecimento da representação discente - manifestação da aluna do terceiro período do
curso de Ciências do Estado
Para conhecimento da representação discente.