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É importante entender a diferença entre governo e estado, palavras que o autor grifa
em letras minúsculas por não considerar nomes próprios. Salienta para o objeto de seu
estudo, o estado, assim como seu propósito e a forma de melhor cumprir seus objetivos. Na
concepção tripartite, governo é a soma dos três poderes, não apenas de um deles. Assim
estado é o conjunto de pessoas que vivem em um espaço delimitado, politicamente
organizado, desfrutando de total ou parcial autonomia. Sendo, pois, considerado estado a
soma desta sociedade com o governo, o estado.
Citando a teoria marxista, defendida pelo autor, que predominava nos meios
estudantis do qual fazia parte, defendia um estado forte, autoritário, apenas em um primeiro
momento, a ditadura do proletariado, que mais tarde se apoderaria de todos os bens de
produção, que se mostrava a única forma viável para evitar a exploração do povo, base
social, por capitalistas que viam no governo uma forma de manter certos privilégios,
funcionando assim como um alicerce à superestrutura que era a dominação.
Apesar de estar estruturado em três poderes, o sistema mostra-se falho. Há uma maior
relevância do poder Executivo, devido ao fato de ser melhor dividido em áreas
especializadas, que vez ou outra “invade” a área do Legislativo, que serve por sua vez apenas
como ratificador das decisões do Executivo.
O sistema vem apresentando sérios problemas, devido à essa divisão tripartite, sendo
cada vez mais difíceis de serem reparados. Como já citado, a divisão originária de
Montesquieu passou a sofrer sucessivas subdivisões, devido ao progresso, mais acentuados
no Executivo do que nos outros poderes. No entanto estas divisões foram feitas sem
planejamento, sem sistematização, falha que se agrava com a evolução do conhecimento.
As leis éticas ou sociais, dependem da nossa criação, ao contrario das leis naturais.
Estas são mutáveis, ao passo que àquelas são idealizadas, modificadas e efetivadas por nós,
tendo como finalidade nos favorecer de alguma forma, embora na prática não o faça. No
entanto, tanto as leis naturais como as sociais não apresentam unanimidade quanto à sua
criação.
Adolf Hitler, por exemplo, dogmatizou a verdade, à medida que enxergava a verdade
externa, imitável, independente dos sentidos, disponíveis para ser desvendada por pessoas
que detivessem uma inteligência invulgar, que considerava ter. A característica psicológica
que serve de apoio para justificar o totalitarismo, consiste em ver o mundo dividido, dividido
em bons e maus, em certo e errado, em dicotomias sem verdades intermediárias. Assim como
o fez Hitler, dividiu o mundo em arianos, bons, mas se não partilhasse com seu ponto de
vista, traidor, e judeus, desprovidos da capacidade de amar. Era totalmente avesso às meias
verdades, que seria uma posição ocupada pelas pessoas que não tivessem caráter, que
ocupariam uma posição dúbia.
Quando definida como dogma, a verdade absoluta era justificada pela fé. O rei é
rei porque assim quis o Senhor. Há uma simbiose entre os conceitos de estado, igreja e
monarquia. Nos países católicos, o rei era ungido pelo papa, em troca do
estabelecimento de princípios nem um pouco democráticos, a Inquisição.
Com essa organização as pequenas vilas passaram a atrair cada vez mais
pessoas, se fortificando. O chefe militar é o rei, imperador, faraó. Hoje, vemos que a
tradição e o costume permanecem, já que os chefes de estado e de governo ocupam o
cargo de defensor perpetuo, chefe supremo das forças armadas. Essa posição concedia
certos privilégios, e conseqüentemente servia para intimidar qualquer aventureiro que
ousasse tentar se apropriar do trono. Começam a se evidenciar as desigualdades.
A religião foi de grande valia para a legitimação dos governos. Mesmo nos
tempos em que não existia a figura do rei, os privilégios da aristocracia eram
justificados pela vontade de Deus.
Enfim, propõe uma nova visão à divisão tripartite, defendendo que há uma
relevância maior ao poder executivo em relação aos outros, talvez devido ao fato deste
melhor estar dividido, o que faz com que o legislativo funcione apenas como um poder
ratificador das decisões do executivo.
Defende uma subdivisão em áreas, desde que haja planejamento, para que não
ocorra o que vem ocorrendo com o executivo, altamente “estratificado” e após
estabelecida essas áreas, é que se deveria se dividir em poderes. Concordo com a
proposta do autor, há uma forte insegurança jurídica na sociedade, em face dos grandes
escândalos envolvendo os representantes do povo, talvez essa especificidade nas
funções seja uma forma de não concretizar as expectativas populares, de “jogar” a
responsabilidade para outro órgão, e assim deixar de cumprir sua finalidade. Sua
proposta deverá ser implementada se for constatado que trará melhorias, mudanças para
a sociedade, já que de qualquer forma, bem ou mal, o sistema funciona.
Não devemos nos ater à dogmas, idéias pré-estabelecidas, devemos criar nossa
própria ideologia e analisar se é cabível lutar pelo que desejamos. Transformar o
sistema seria não só a ideologia de uma pessoa, mas de toda uma sociedade já que a
própria iria se beneficiar, principalmente, a partir do momento que os representantes do
povo entendessem que não estão no poder para ter poder, mas para administrar. Pois
acredito, concordando com o autor, que os poderes têm apenas a finalidade de
administrar a sociedade, estabelecendo normas que funcionem como um parâmetro
social, na medida em que estabelece direitos, e deveres aos cidadãos, ao invés de reter
alguma forma de poder, como defende alguns autores.