Vous êtes sur la page 1sur 17

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Histórico

Instituído pela primeira vez no País no Estado do Rio de Janeiro


(Decreto-Lei n' 1.633, de 21 de dezembro de 1977), o Sistema de
Licenciamento de Atividades Poluidoras, constitui-se num conjunto de
leis, normas técnicas e administrativas que consubstanciam as
obrigações e responsabilidades do Poder Público e dos empresários,
com vistas à autorização para implantar, ampliar ou iniciar a operação
de qualquer empreendimento potencial ou efetivamente capaz de
causar alterações no meio ambiente.

Do mesmo modo que o estabelecimento de padrões de qualidade


ambiental, o zoneamento e a avaliação de impacto ambiental, o
licenciamento ambiental é um instrumento de caráter preventivo criado
para a execução dos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente,
em especial o de harmonizar o desenvolvimento econômico e social
com a proteção do meio ambiente, promovendo o uso racional dos
recursos ambientais, impedindo a utilização predatória e irracional dos
recursos ambientais e racionalizando os custos empresariais na
adequação dos projetos às exigências de controle ambiental. Assim,
propicia a ação articulada do Estado e da iniciativa privada no combate
à poluição, de modo a evitar atrasos e custos desnecessários de
controle ambiental, promovendo a implantação de empreendimentos
dentro dos princípios do "desenvolvimento sustentável". Estão sujeitos
ao licenciamento todos os empreendimentos capazes de modificar o
meio ambiente, isto é, aqueles que, potencial ou efetivamente, afetem a
qualidade ambiental, causem qualquer forma de poluição ou utilizem
recursos ambientais, desenvolvidas por pessoas físicas ou jurídicas,
inclusive as entidades da administração pública. 0 licenciamento aplica-
se, portanto, à instalação ou à ampliação e operação das atividades de
iniciativa privada ou governamental, compreendendo a instalação e
operação de equipamentos ou obras de natureza industrial, comercial,
extrativa, agrícola, ou urbanística, de infra-estrutura de transporte,
geração de energia ou saneamento.

Apesar de Vigorar desde da década 70, em alguns estados como São


Paulo e RJ à Minas Gerais e Bahia, o licenciamento ambiental foi
instituído, para todo o País, pela Lei n' 6.938/81, sendo regulamentado
pelo Decreto n' 88.351, de 1' de junho de 1983, quando se
estabeleceram suas principais diretrizes. Em dezembro de 1997, foi
editada a Resolução CONAMA 237/97 que estabeleceu novas normas
e procedimentos para o sistema. As normas complementares e os
procedimentos administrativos para sua efetiva utilização são fixados
pelos órgãos estaduais de controle ambiental, ou pelo IBAMA.

Base Legal
0 Decreto n' 88.3 5 1, de 1 de junho de 1983, que regulamentou o
Sistema de Licenciamento inspirou-se nas diretrizes do Sistema de
Licenciamento de Atividades Poluidoras - SLAP, em vigor no Estado do
Rio de Janeiro, estendendo-o a todo o território nacional, e dando às
entidades estaduais de meio ambiente a atribuição e a
responsabilidade de exercer o controle ambiental das atividades
modificadoras do meio ambiente, cabendo ao Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (MAMA) atuar em
caráter supletivo. A edição da Lei n' 7.804, de 18 de julho de 1989, deu
ao IBAMA a atribuição de homologar o licenciamento nos casos que
venham a ser determinados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente
- CONAMA, e conceder licença a atividades cujos impactos ambientais
passem a ser considerados de âmbito nacional ou regional. Vale
lembrar que o Decreto 99274/90 que substituiu o Decreto 88351/83, em
nada alterou os dispositivos sobre o licenciamento.

Ao definir o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou


potencialmente poluidoras como um dos instrumentos da Política
Nacional do Meio Ambiente, a Lei n.6.938/81 estabeleceu que ... "a
construção, instalação e funcionamento de estabelecimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou
potencialmente poluidoras, bem como os capazes, sob qualquer forma,
de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento
por órgão estadual competente, integrante do SISNAMA, e do IBAMA
em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis" (artigo
10). As modificações introduzidas pela Lei n' 7.804/89 não alteraram as
bases e os mecanismos antes instituídos, conservando os preceitos
modernos de descentralização do controle e da proteção do meio
ambiente, algum dos quais merecem se destacados:
 a obrigatoriedade do licenciamento prévio, de modo a permitir o
acompanhamento das implicações ambientais de uma atividade,
desde a fase de planejamento, prevenindo-se os danos e
evitando-se os custos adicionais de controle após sua
implantação;
 a submissão à fiscalização e ao controle ambiental de pessoas
físicas ou jurídicas, de direito público ou privado;
 condicionamento de financiamentos e incentivos governamentais
ao prévio licenciamento ambiental dos projetos;
 a descentralização administrativa para implementar o
licenciamento ambiental, a cargo dos órgãos estaduais de meio
ambiente, cabendo ao IBAMA a homologação de licenças em
casos determinados pelo CONAMA, ou a ação supletiva;
 a adoção do princípio democrático de divulgação dos pedidos de
licença, sua renovação e respectiva concessão, em jornal oficial
e periódicos de grande circulação regional ou local;
 a adoção de um amplo conceito de poluição, relacionado à
degradação de qualquer dos fatores ambientais, do meio físico,
biótico e antrópico, como a saúde, o bem-estar, as atividades
socais e econômicas, as condições estéticas e sanitárias do
meio ambiente;
 a inclusão, nos objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente,
da imposição ao poluidor ou predador da obrigação de recuperar
e indenizar por danos causados e, ao usuário, de contribuir pela
utilização dos recursos ambientais com fins econômicos.

Recentemente, porém, a edição da Resolução CONAMA 237, de 19 de


dezembro de 1997, alterou em vários pontos o sistema de
licenciamento ambiental vigente e estabelecido pelos decretos
mencionados anteriormente., o que tem sido motivo de discussão, em
alguns estados, quanto à constitucionalidade e quebra de hierarquia
das leis. Entre os aspectos mais importantes da Resolução, vale citar a
definição da distribuição de competência para licenciar entre o IBAMA,
os órgãos estaduais e os órgãos municipais de meio ambiente. Tal
competência, como já vimos, era exclusiva dos Estados e do IBAMA,
em caráter supletivo, conforme definido no decreto 88351/83 e os que o
seguiram. 0 licenciamento ambiental. para implantação, operação e
ampliação de estabelecimentos industriais nas áreas críticas de
poluição está previsto no artigo 9' da Lei 6803/80, e de acordo com seu
parágrafo único é de competência dos órgãos estaduais de controle
ambiental. Porém, de acordo com a Resolução CONAMA 237/97, esta
competência exclusiva deixa de existir.

Pela nova Resolução, cabe ao II3AMA o licenciamento de atividades


localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país
limítrofe, no mar territorial, na plataforma continental , na zona
econômica exclusiva, em terras indígenas, ou em unidades de
conservação. Também é de competência do EBAMA o licenciamento
de atividades localizadas ou desenvolvidas em dois ou mais Estados,
aquelas cujos impactos ambientais ultrapassem os limites territoriais do
País ou de um ou mais Estados, bem como as atividades nucleares
(mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEN),
além de bases e empreendimentos militares. 0 licenciamento pelo
113AMA, entretanto, não dispensa a manifestação dos órgãos
ambientais dos Estados e Municípios em que se localize a atividade, as
quais devem ser consideradas no licenciamento.

A competência dos órgãos estaduais de meio ambiente ficou limitada


às atividades localizadas, desenvolvidas ou cujos impactos ambientais
alcancem mais de um município ou, ainda, em unidades de
conservação de domínio estadual, bem como aquelas localizadas nas
florestas e demais formas de vegetação natural de preservação
permanente relacionadas no artigo 2' da Lei 4.771/65 e aquelas que
assim forem consideradas por normas federais, estaduais ou
municipais. A exceção fica por conta dos Estados que possuem lei
específica regulamentando o licenciamento, as quais prevalecem sobre
a Resolução. Cabe, ainda, a delegação da União aos Estados, por
meio instrumento legal ou convênio . Também neste caso, os Estados
têm que ouvir previamente os municípios, para efeito do licenciamento.
Apesar da falta de estrutura e de capacitação técnica da maioria dos
municípios para o desempenho de suas novas funções, é aos
Municípios que compete o licenciamento da maior parte das atividades,
incluindo todas aquelas cujos impactos são localizados e as que lhe
forem repassadas pelo Estado. Vale ressaltar que a Resolução
estabelece que o licenciamento deve ser realizado em um único nível, o
que causa problemas nos Estados que possuem leis específicas para o
licenciamento e a avaliação de impacto ambiental, como o Estado do
Rio de Janeiro.

0 licenciamento de atividades poluidoras só foi regulamentado em


1983, tendo sido estruturado em três etapas obrigatórias - licença
prévia, licença de instalação e licença de operação, correspondentes às
diferentes fases de implementação de um projeto. Assim, a atuação
preventiva do Poder Público dirige-se ao aprimoramento do controle
ambiental, considerando ainda a melhor utilização dos recursos
financeiros dos empreendedores de projeto.

Processo de Licenciamento Ambiental

0 sistema de licenciamento ambiental funciona como um processo de


acompanhamento sistemático das conseqüências ambientais de uma
atividade que se pretenda desenvolver, desde as etapas iniciais de seu
planejamento, pela emissão das três licenças e pela verificação do
cumprimento das restrições determinadas em cada uma delas, que
condicionam a execução do projeto, as medidas de controle e as regras
de operação. 0 processo inclui ainda as rotinas de "acompanhamento
de licença" vinculadas à "monitoração" dos efeitos ambientais do
empreendimento, componentes essenciais do sistema, além das
normas técnicas e administrativas que o regulam. Embora aplique-se
melhor aos novos empreendimentos, o licenciamento ambiental serve
também para o controle e a correção dos danos causados por
atividades poluidoras instaladas antes de sua instituição, nestes casos
pela concessão de licenças de operação, ou de licenças de instalação
para novos equipamentos de controle da poluição ou outros tipos de
medidas corretivas, quando couber.

Licença Prévia (LP)

A primeira fase do licenciamento corresponde à licença prévia (U), a ser


requerida na etapa de planejamento da atividade, quando ainda não se
definiram a localização. o detalhamento do projeto, os processos
tecnológicos, nem o conjunto de medidas e equipamentos de controle
ambiental; sua concessão baseia-se nas informações prestadas pelo
empreendedor, em croquis, ante-projetos e estimativas, e representa o
compromisso de o Poder Público aprovar o projeto executivo, sempre
que o empreendedor atenda às condições e restrições impostas no
documento de licença.

Licença de Instalação (LI


Uma vez detalhado o projeto executivo, e definidas as medidas e
equipamentos de proteção ambiental, deve ser requerida a licença de
instalação (LI), cuja concessão autoriza o início da construção do
empreendimento. Para sua análise, é necessária a apresentação de
informações detalhadas sobre a distribuição espacial das unidades que
compõem o projeto, os métodos construtivos, os processos, as
tecnologias, os sistemas de tratamento e disposição de rejeitos, os
corpos receptores etc- A licença de instalação define os parâmetros do
projeto e as condições de realização das obras, que deverão ser
obedecidas para garantir que a implantação da atividade não cause
impactos ambientais negativos além dos limites aceitáveis e
estabelecidos na legislação ambiental.

Licença de Operação

A licença de operação (LO), requerida quando do término da


construção e após verificada a eficiência das medidas de controle
ambiental, autoriza o início do funcionamento da atividade, sendo
obrigatória tanto para os novos empreendimentos quanto para aqueles
anteriores à vigência do sistema. Nestes casos, é definido um prazo
para que a atividade possa se adequar às exigências legais,
implantando os dispositivos de controle apropriados. A licença de
operação, portanto, estabelece todas as condições que o
empreendimento deverá obedecer durante sua permanência,
funcionamento ou operação, determinando os padrões de qualidade
dos efluentes líquidos e gasosos que deverão ser observados, bem
como todos os critérios de controle ambiental a serem respeitados.
Estabelece ainda o programa de monitoração dos efeitos ambientais,
determinando os parâmetros e a periodicidade da medições, cujos
resultados servem para o acompanhamento da atividade pelo órgão
ambiental licenciador.

0 tempo de validade de cada licença pode variar, de acordo com as


normas vigentes no Estado em que se localiza, o tipo de
empreendimento e a situação ambiental da área, obedecidos os limites
máximos e mínimos estão estabelecidos na Resolução CONAMA
237/97:

Para a LP, o prazo mínimo corresponde ao cronograma de


desenvolvimento do projeto, e o máximo permitido é de 5 (cinco) anos;
Para a LI, o prazo mínimo é aquele estabelecido no cronograma de
implantação e o máximo é de 6 (seis) anos-
Para a LO, o prazo de validade mínimo é de 4 (quatro) anos e não pode
ser superior a 10 (dez) anos.

De acordo com a Resolução 237/97, a LP e a LI podem ter seus prazos


prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos máximos definidos.
Já a LO, após vencido o prazo de validade, deve ser renovada.
Entretanto, compete aos órgãos ambientais regularizar os
procedimentos necessários para tal. No Estado do Rio de Janeiro, por
exemplo, estão em tramitação os procedimentos para renovação das
três licenças, não havendo previsão de prorrogação do prazo de
validade, exceto nos casos excepcionais encaminhados à Comissão
Estadual de Controle Ambiental (CECA).

Acompanhamento e monitoração

0 cumprimento das prescrições do sistema de licenciamento deve ser


fiscalizado por funcionários dos órgãos ambientais, que devem estar
devidamente identificados e credenciados; deve ser garantido aos
fiscais livre acesso às instalações e informações pertinentes,
sujeitando-se as negativas às penalidades previstas. Após a expedição
de qualquer uma das licenças, o acompanhamento visa a verificar o
cumprimento das exigências e condições nelas estabelecidas.

0 acompanhamento da licença prévia destina-se a garantir que


nenhuma intervenção ou obra seja executada antes da necessária
licença de instalação, ou da execução de estudos porventura exigidos.
No caso da licença de instalação, o acompanhamento serve para
assegurar que a implantação do empreendimento, em especial as
obras e a instalação de equipamentos, se processe de acordo com as
condições estabelecidas e para monitorar as alterações ambientais
previstas em conseqüência dessas ações.

Após a concessão da licença de operação, o acompanhamento visa


basicamente ao atendimento dos padrões de qualidade ambiental, em
decorrência do funcionamento da atividade, verificando-se as
características dos efluentes líquidos e gasosos, dos resíduos sólidos
gerados e seu destino final, dos ruídos, da degradação da vegetação
ou do solo, e outras conforme as especificações da licença. No caso de
empreendimentos de natureza não industrial, outras condições de
operação são também verificadas em vistoria, como a obediência a
limites de áreas de exploração mineral, cotas de implantação,
declividades de vias, quantidade de recursos naturais explorados etc..
A freqüência das ações de acompanhamento varia em função da
natureza e dos cronogramas de implantação da atividade, de modo a
racionalizar a utilização de pessoal, quase sempre insuficiente, nas
entidades de meio ambiente, A escassez de recursos humanos pode
ser contornada, como se faz no Estado do Rio de Janeiro, com a
implantação de um sistema de acompanhamento da operação de
indústrias, em que o próprio empreendedor encaminha regularmente ao
órgão de controle ambiental os resultados da monitoração realizada a
seu pedido por laboratório credenciado, contendo as características
quantitativas e qualitativas de seus efluentes, os quais são confirmados
pela verificação aleatória do órgão ambiental. É o denominado
Programa de Auto-Controle (PROCON), que pode se aplicar tanto a
efluentes líquidos corno às emissões. Atualmente, encontra-se em
estudo uma proposta de ampliação do PROCON para o
acompanhamento de todas as exigências das licenças.

Procedimentos para o licenciamento


No licenciamento ambiental devem ser observados todos os aspectos
do meio ambiente físico, biótico e antrópico; antes de se proceder à
análise do requerimento de qualquer das licenças é imprescindível uma
vistoria à área para verificação da situação ambiental existente. Entre
outros aspectos devem ser observados:

o uso e a ocupação do solo no entorno da atividade prevista; o


zoneamento urbano para a área; a qualidade dos corpos receptores,- a
capacidade de resiliência do meio ambiente,

Além disso, para a atividade a se implantar devem ser verificados:

a emissão de gases, vapores, ruídos, vibrações e radiações; a geração


de efluentes líquidos domésticos e industriais,- a geração de resíduos;
volume e qualidade dos insumos básicos, de pessoal e de tráfego
gerado; horários da atividade; riscos de incêndios, explosões,
vazamentos e outras situações de emergência. a compatibilização com
os demais usos instalados.

Nos casos de atividades de natureza não industrial, outros aspectos


devem também ser enfocados a harmonização com a paisagem; a taxa
de ocupação, os gabaritos e as densidades demográficas previstas as
demandas por infra-estrutura de serviços e equipamentos públicos.

As vistorias devem ser efetuadas, sempre que possível por equipes


multidisciplinares, e com base em modelos de relatório padrão, de
modo a assegurar que nenhum aspecto será negligenciado, evitando
assim custos adicionais de vistorias complementares.

A Aplicação do Licenciamento Ambiental

No Brasil, o controle ambiental e o licenciamento foram aplicados


inicialmente às indústrias, e mesmo assim com as limitações impostas
pela legislação anterior à Lei de Política Nacional de Meio Ambiente. A
preocupação com as conseqüências da poluição e com a proteção do
meio ambiente originou-se do modelo de desenvolvimento adotado a
exemplo dos países desenvolvidos, e seus efeitos na qualidade das
águas e do ar, nas condições sanitárias e na saúde. Isto explica a
ênfase e o avanço das técnicas no controle deste tipo de poluição. No
início da década de 80, algumas entidades estaduais de meio
ambiente, instadas a reverter o processo de degradação ambiental
provocado pela utilização desordenada dos recursos naturais e pelo
crescimento das cidades e das atividades turísticas, decidiram ampliar
o licenciamento aos projetos de urbanização. Foi então apresentada
uma exposição de motivos à SEMA, encaminhado ao Ministério da
Marinha que incluiu nos documentos a serem apresentados às
Capitanias dos Portos, quando do requerimento de autorização para
qualquer empreendimento em terrenos de marinha, seus acrescidos e
marginais, a apresentação obrigatória de parecer favorável do órgão de
controle ambiental. Nessa mesma época, as atividades de mineração,
principalmente aquelas realizadas no perímetro urbano, passaram a ser
objeto de licenciamento ambiental, uma vez que sua operação
descontrolada, ao provocar incômodos e danos à saúde, acabava por
gerar conflitos e reclamações.

A partir de 1986, a regulamentação pelo CONAMA da avaliação de


impacto ambiental para o licenciamento de grandes obras de infra-
estrutura e de outras atividades de alto potencial poluidor, estendeu a
obrigação de vincular ao licenciamento ambiental a uma ampla gama
de empreendimentos, em particular, aqueles promovidos por empresas
públicas, estatais ou organismos governamentais de administração
direta. Até então, embora a legislação indicasse a necessidade de
licenciamento, todos os empreendimentos dos governos federal,
estadual e municipal escapavam ao controle, por conta da falta de
regulamento positivo e, também, pela situação política daquele período.

A Resolução n' 001/86 do CONAMA, ao listar as atividades cujo


licenciamento depende de apresentação de estudo e relatório de
impacto ambiental, reforçou a ação dos órgãos estaduais de meio
ambiente. Por outro lado, a obrigação de licenciar impôs uma nova
ordem no relacionamento dos órgãos ambientais com as entidades
governamentais responsáveis por projetos de infra-estrutura. Em
alguns casos, já existem normas ou acordos com o objetivo de adaptar
os processos de planejamento dessas atividades às etapas do
licenciamento ambiental.

Os objetivos do licenciamento ambiental, para serem melhor


alcançados, devem se conjugar ao ordenamento ambiental,
instrumento pouco desenvolvido e carente de regulamentação. Por
outro lado, o aprimoramento da participação da comunidade na gestão
ambiental, ainda reduzida e pouco efetiva, pode responder às
reivindicações dos grupo sociais interessados na defesa do meio
ambiente. Os canais formais de participação da população estão
voltados basicamente para a avaliação de impacto ambiental, a
elaboração de planos diretores das APAs e a aprovação de normas
técnicas. Apesar de estar prevista no licenciamento a publicação dos
requerimentos e das licenças concedidas, não existem mecanismos
para a intervenção dos interessados na decisão, exceto nos casos de
exigência de estudo e relatório de impacto ambiental. Para a melhoria
do licenciamento ambiental, uma das questões mais importantes é a
ampliação do seu caráter democrático com a inclusão, em seus
procedimentos, de novas formas de participação.

2.2. A avaliação de impacto ambiental (AIA)

A avaliação de impacto ambiental foi instituída como um dos


instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, e mais tarde
vinculada ao Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras
(SLAP), pelo Decreto 88 3 5 1, de 1 de julho de 1983, que a
regulamentou. Mas foi apenas a partir da Resolução CONAMA 001, de
23 de janeiro de 1986, que estabeleceu os procedimentos e requisitos
necessários para sua aplicação, que a AIA passou a ser implementada
a nível nacional. Em 1988, a avaliação de impacto ambiental foi
consagrada a nível nacional na Constituição Federal (artigo 225,
parágrafo P, item IV).

A avaliação de impacto ambiental é um processo constituído por um


conjunto de procedimentos técnicos e administrativos, visando a
realização de uma análise sistemática dos impactos ambientais da
instalação ou da ampliação de uma atividade e suas diversas
alternativas, com a finalidade de embasar- as decisões quanto ao seu
licenciamento Como parte do processo de avaliação de impacto
ambiental são realizados o estudo de impacto ambiental (EIA) e seu
respectivo relatório de impacto ambiental (RINIA), de acordo com
instruções técnicas especificas que devem ser fornecidas pelos órgãos
ambientais, tendo em conta as características do projeto e do local
onde se pretende implantá-lo, considerando ainda as manifestações de
interesse dos grupos sociais potencialmente ou efetivamente afetados
0 EIA e o ~ ficam à disposição para consulta pública, na sede do órgão
ambiental e em local de fácil acesso nos municípios afetados pela
implantação do projeto

Histórico

A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) surgiu ao final da década de


60, nos Estados Unidos, como resultado de uma crescente demanda
da sociedade por maior participação na gestão ambiental. A
industrialização acelerada das décadas anteriores havia produzido
sérias conseqüências sociais negativas e rápida degradação ambiental,
dando origem a um movimento de conscientização do público quanto à
necessidade de uma melhor avaliação dos projetos de
desenvolvimento, considerando igualmente os fatores ambientais e
sociais. Os métodos tradicionais, baseados na avaliação econômica de
projetos não atendiam às novas demandas da sociedade pois, ao
desconsiderarem os fatores ambientais, haviam conduzido a avaliações
equivocadas, que propiciaram a implantação de projetos que
resultaram na degradação ambiental de extensas áreas e em danos à
saúde de populações, demandando elevados custos para sua correção.
No setor industrial, os custos de controle ambiental, não previstos
inicialmente, reduziam os benefícios econômicos, e os custos de
indenizações passaram a pesar substantivamente no orçamento das
empresas. Esta conjuntura propiciou o surgimento de um movimento de
conscientização da sociedade, que passou a exigir uma avaliação das
conseqüências ambientais dos projetos e a ansiar por maior
participação na tomada de decisão quanto à implantação de grandes
projetos de desenvolvimento, a maioria deles de responsabilidade do
setor público. Dentre os diversos instrumentos de gestão desenvolvidos
então, foi a avaliação de impacto ambiental aquele mais amplamente
discutido e adotado, de maneira formal ou informal, em diferentes
contextos institucionais, tanto em países desenvolvidos quanto
naqueles em processo de desenvolvimento. Este fato deveu-se
principalmente à flexibilidade para adaptar-se a diferentes estruturas
políticas e administrativas, à possibilidade de desenvolvimento técnico-
científico, bem como ao seu caráter democrático, envolvendo a
participação de diversos setores da sociedade.

A AIA foi adotada pela primeira vez em dezembro de 1969, quando o


Congresso dos Estados Unidos aprovou a "National Environmental
Policy Act of 1969" ( Lei Nacional da Política Ambiental), conhecido
pela sigla NEPA, em que determinou que todas as propostas de
desenvolvimento de atividades com grande potencial de impacto
ambiental, de responsabilidade do governo federal ou por ele
financiadas, deveriam apresentar uma declaração de impacto
('Environmental Impact Statement'), contendo detalhadamente (a) os
principais impactos ambientais da proposta e de suas alternativas,
incluindo aquela de não implementação do projeto Ç'no action"); (b) os
impactos ambientais irreversíveis e aqueles que não poderiam ser
mitigados;(c) a relação entre os usos do meio ambiente a curto prazo e
a sua produtividade a longo prazo.

0 processo de AIA alcançou grande desenvolvimento nos Estados


Unidos e foi rapidamente adotado em vários outros países, em
diferentes contextos e formas (Canadá, Austrália, Alemanha Ocidental,
França, Japão, Portugal, Nova Zelândia, Holanda, Inglaterra, Alemanha
Oriental, Escandinávia e também, na América Latina, na Venezuela,
Argentina, Peru, Bolívia além do Brasil). Grande parte da rápida
expansão da AIA no mundo, em especial nos países em
desenvolvimento, deveu-se à participação dos organismos
internacionais de financiamento, os quais, a partir de 1975, passaram a
exigir a avaliação de impacto ambiental. dos projetos por eles
financiados.

A AIA no Brasil

A primeira avaliação ambiental realizada no Brasil data de 1972,


quando do financiamento, pelo Banco Mundial, da Usina Hidrelétrica de
Sobradinho. Até 1986, um número considerável de projetos
dependentes de financiamento externo teve seus impactos ambientais
avaliados, embora os resultados não tenham sido encaminhados aos
órgãos de controle ambiental. Suas conclusões raramente serviram
para prevenir ou minorar impactos adversos, ou foram usadas na
tomada de decisão ou na implementação dos projetos. No Brasil, o
regulamento pioneiro para uso da AIA é encontrado na legislação do
Estado do Rio de Janeiro, a qual já previa desde 1977, no âmbito do
Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras - SLAP, a
apresentação de Relatório de Influência no Meio Ambiente-RIMA, mais
tarde consagrado como Relatório de Impacto Ambiental. Outros
estados brasileiros, como Minas Gerais e Bahia, criaram sistemas
semelhantes. Entretanto, como não havia, à época, legislação federal a
este respeito, a implementação deste preceito foi bastante incipiente
(Moreira & Brito, 1991). Convém lembrar ainda que a avaliação de
impacto foi mencionada em 1980, na legislação federal que dispõe
sobre as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas
críticas de poluição (Lei n. 6803, de 02/07/80), em seu artigo 10,
parágrafo 3: 'Além dos estudos normalmente exigíveis para o
estabelecimento de zoneamento urbano, a aprovação das zonas
especiais a que se refere o parágrafo anterior (zonas de uso
estritamente industrial – ZEl´s) será precedida de estudos especiais de
alternativas e de avaliações de impacto, que permitam estabelecer a
confiabilidade da solução a ser adotada. "

Entretanto, somente em 1981 a avaliação de impacto ambiental foi


introduzida formalmente na legislação federal, como um dos
instrumentos relacionados na Lei n' 6938, de 31 de agosto, que
estabelece a Política Nacional de Meio Ambiente, ao lado de outros,
como o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras - SLAP (o
qual, inspirado no Sistema existente no Estado do Rio de Janeiro,
passou a ser obrigatório em todo o País), do zoneamento ambiental, do
estabelecimento de padrões de qualidade, entre outros.

Mais tarde, o Decreto 88.3 5 1, de 1' de junho de 1983, ao regulamentar


esta Lei, vinculou a AIA aos sistemas de licenciamento, e reservou ao
Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA a responsabilidade
de fixar os critérios básicos segundo os quais seria exigido o EIA para
fins de licenciamento. Assim, somente a partir de 1986, com a
Deliberação do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA n' 00
1 de 23 de janeiro, regulamentando a sua aplicação, é que o processo
de AIA passou a ser efetivamente implementado no Brasil. Somente
então foram estabelecidas as diretrizes e os procedimentos para
orientar as equipes dos setores governamentais responsáveis pela sua
implementação, quanto às responsabilidades dos diversos participantes
do processo, as diretrizes para elaboração dos estudos e a
responsabilidade pelos custos do processo.

A Resolução CONAMA 001/86 estabeleceu ainda, em caráter


exemplificativo, a relação de atividades e projetos que deveriam ser
submetidos à AIA, bem como, o conteúdo mínimo do estudo de impacto
ambiental, deixando aos órgãos estaduais de meio ambiente, à SEMA
(hoje IBAMA) e aos municípios, responsáveis pela execução da política
ambiental, a responsabilidade de detalhar os procedimentos técnicos e
administrativos necessários à implementação deste importante
instrumento de gestão .

As atividades sujeitas a AIA

A relação de atividades sujeitas a AIA, de acordo com a Resolução


CONAMA 001/86 inclui:

 estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamentos;


 ferrovias;
 portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
 aeroportos, conforme definidos pelo inciso I, Artigo 4' do
Decreto-Lei É' 32, de 18.11.66.;
 oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e
emissários de esgotos sanitários;
 linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230 Kv;
 obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos tais
como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10 Mw, de
saneamento ou de irrigação, retificação de cursos d'água,.
extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
 extração de minério, inclusive os da classe 11, definidas no
Código de Mineração;
 aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos
tóxicos ou perigosos;
 usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de
energia primária, acima de 10 Mw.

 complexo e unidades industriais e agro-industriais


(petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool,
hulha, extração e cultivo de recursos hidróbios);
 distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;
 exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima
de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas
em termos percentuais ou de importância do ponto de vista
ambiental;
 projetos urbanísticos, acima de 100 hectares, ou em áreas
consideradas de relevante interesse ambiental a critério da
SEMA, dos órgãos municipais ou estaduais competentes;
 qualquer atividade que utilizar carvão vegetal, derivados ou
produtos similares, em quantidade superior a dez toneladas por
dia. (conforme redação dada pela Resolução CONAMA 011/86);
 projetos agropecuários que contemplem áreas acima de 100
hectares ou menores, nestes casos, quando se tratar de áreas
significativas em termos percentuais ou de importância do ponto
de vista ambiental, inclusive nas áreas de proteção ambiental.
(incluido pela Resolução CONAMA 011/86);
 nos casos de empreendimentos potencialmente lesivos ao
património espeleológico. (conforme determina a Portaria IBAMA
887/90).

Esta relação é exemplificativa e não impede que os estados exijam a


apresentação de EIA e RIMA de outras atividades cujos impactos
sejam relevantes. Posteriormente, em 15 de junho de 1988, a
Resolução CONAMA 005, determinou que as obras de saneamento,
para as quais seja possível identificar modificações significativas,
também estão sujeitas ao licenciamento. Coube aos estados definir, no
prazo máximo de 180 dias, os critérios e padrões para implementação
da referida Resolução, assim como outros casos sujeitos ao
licenciamento, de acordo com o porte e a localização do
empreendimento, além das seguintes:

I . Sistemas de abastecimento de água


a) obras de captação cuja vazão seja acima de 20 % da vazão mínima
da fonte de abastecimento, no ponto de captação e que modifiquem as
condições físicas e bióticas dos corpos d'água.

II . Sistemas de esgotos sanitários

a) obras de coletores troncos b) interceptores c) elevatórias


d) estações de tratamento e) emissários
0 disposição final

III . Sistemas de drenagem

a) obras de lançamento de efluentes de sistemas de microdrenagern

b) obras de canais, dragagem e retificação em sistemas de


macrodrenagem;

IV. Sistemas de limpeza urbana

a) obras de unidades de transferência, tratamento e disposição final de


resíduos sólidos de origem doméstica, pública e industrial,-
b) obras de coleta, transporte, tratamento e disposição final de resíduos
hospitalares.

As diretrizes para elaboração do EIA

Em seu artigo 5', a Resolução CONAMA estabeleceu as diretrizes


gerais que devem ser adotadas na elaboração dos estudos de impacto
ambiental (EIA):

 contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização


do projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do
empreendimento;

 identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais


nas fases de implantação e operação da atividade;

 definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente


afetada pelos impactos, denominada área de influência do
projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica
na qual se localiza;

 considerar os planos e programas governamentais propostos ou


em implantação na área de influência do projeto, e sua
compatibilidade.

Entretanto estas são apenas diretrizes gerais, que devem ser


complementadas pelos órgãos estaduais, conforme estabelece o
parágrafo único deste mesmo artigo: "Ao determinar a execução do
estudo de impacto ambiental, o órgão estadual competente, ou a SEAí4
ou, quando couber o município, fixará as diretrizes adicionais que,
pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da área,
forem julgadas necessárias, inclusive os prazos para conclusão e
análise dos estudos." Assim, vemos que o CONAMA reservou aos
órgãos setoriais a responsabilidade de regulamentar os procedimentos
administrativos, inclusive prazos, especialmente os de análise dos
estudos, o que deve representar uma garantia de que o poder público,
ao estabelecer restrições ao setor privado, também se impõe limites.
Entretanto, somente o Estado do Rio de Janeiro procedeu
imediatamente à regulamentação deste processo; atualmente poucos
são os estados onde os procedimentos necessários estão, ainda que
parcialmente, regulamentados (São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato
Grosso do Sul, Ceará).

A recente Resolução CONAMA 237/97 reconheceu a importância da


regulamentação dos prazos de licenciamento, e definiu o limite máximo
de 6 (seis) meses para o licenciamento rotineiro, e de 12 (doze) meses
para os casos de EIA e RIMA.

Conteúdo do EIA

Com relação ao conteúdo do EIA, a Resolução determina em seu artigo


6': "0 estudo de impacto ambiental desenvolverá, no mínimo as
seguintes atividades técnicas:

“I. Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa


descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal
como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área,
antes da implantação do projeto, considerando:
a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os
recursos minerais, os tipos e as aptidões do solo, os corpos d'água, o
regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas;

b)o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora,


destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor
científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de
preservação permanentes;

c)o meio sócio-econômico - o uso e a ocupação do solo, os usos da


água e a sócio-economia, destacando os sítios e monumentos
arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de
dependência entre a sociedade local e os recursos ambientais e a
potencial utilização futura desses recursos;

II. Análise dos impactos ambientais do projeto e suas alternativas,


através da identificação, previsão da magnitude e interpretação da
importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os
impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e
indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e
permanentes, seu grau de reversibilidade; suas propriedades
cumulativas e sinérgicas, a distribuição dos ônus e benefícios sociais;

III. Definição de medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre


elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de
despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas;

IV. Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento dos


impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a
serem considerados.

Parágrafo único - Ao determinar a execução do estudo de impacto


ambiental, o órgão estadual competente, a Sema, ou o município,
quando couber, fornecerá as instruções adicionais que se fizerem
necessárias, pelas peculiaridades do projeto e características
ambientais da área. "

Equipe multidisciplinar

A Resolução CONAMA 001/86 (artigo 7') determinava ainda que os


estudos sejam realizados por "equipe multidisciplinar habilitada, não
dependente direta ou indiretamente do proponente do projeto e que
será responsável tecnicamente pelos resultados apresentados". Assim,
diferentemente de muitos países onde a AIA está implantada, nos quais
os estudos podem ser conduzidos pelas equipes técnicas dos
proponentes, no Brasil não era permitido que os próprios
empreendedores executassem o EIA, mesmo que fossem órgãos
públicos ou estatais e que possuíssem setores de meio ambiente com
equipes tecnicamente habilitadas.

Assim, à falta de estudos que comprovem a relação entre a


independência da equipe e a qualidade do EIA, a nova Resolução
CONAMA 237/97 revogou o artigo 7° da Resolução CONAMA 001/86,
mantendo apenas a exigência de equipe multidisciplinar habilitada.

Custos

Os custos envolvidos nas diversas etapas do processo de avaliação de


impacto ambiental correrão por conta do proponente, conforme
determina o artigo 8° da Resolução CONAMA 001/86, incluindo todas
as despesas referentes a:

• preparação do EIA e respectiva coleta de dados e informações,


análises laboratoriais e pesquisas;

• divulgação do RIMA, com o fornecimento de pelo menos 5


cópias, participação do público e realização de audiências públicas;

• implantação das medidas mitigadoras dos impactos negativos;


• acompanhamento e monitoramento dos impactos;

• custos de análise do EIA, de emissão da licença e das


publicações obrigatórias.

Portanto, as exigências da entidade de meio ambiente relativas ao


conteúdo e ao nível de detalhamento do EIA e à implementação de
seus resultados deve levar em conta o montante dos recursos
financeiros necessários, de modo a evitar que os esforços de
implementação do processo venham a ser paralisados ou inviabilizados
por custos exorbitantes.

Quando o proponente é um órgão público, a estimativa dos custos da


avaliação de impacto ambiental deve ser agregada ao orçamento
referente às fases de estudos de viabilidade e de projeto." (Moreira,
1993). Nos casos de projetos de grande e médio portes, executados
com recursos, total ou parcialmente, oriundos do Governo Federal, o
Decreto n° 95.733, de 12.02.88, estabelece que, no orçamento sejam
destinados 1% para a prevenção e a correção de seus danos
ambientais, incluindo assim os custos de submissão ao processo de
AIA.

RIMA

A Resolução determina ainda o conteúdo do RIMA e as condições de


sua apresentação:

"Artigo 9" - O Relatório de Impacto Ambiental refletirá as conclusões do


estudo de impacto ambiental e conterá, no mínimo:

I. os objetivos c• justificativas do projeto, .sua relação e compatibilidade


com as políticas setoriais, os planos e os programas governamentais;

II. a descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais,


especificando para cada um deles, nas fases de construção e
operação, a área de influência, as matérias primas e a mão de obra, as
fontes de energia, os processos técnicos operacionais, os prováveis
efluentes, emissões, resíduos e perdas de energia, os empregos
diretos e indiretos a serem gerados;

III. a síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental da


área de influência do projeto;

IV a descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e da


operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os
horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os
métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificacação,
quantificação e interpretação;
V a caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência,
comparando as diferentes situações de adoção do projeto e suas
alternativas, bem como a hipótese de sua não realização;

VI. a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas


em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não
puderem ser evitados e o grau de alteração esperado;

VII. o programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;

VIII. recomendação quanto a alternativa mais favorável (conclusões e


comentários de ordem geral). (..) "

O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada à sua


compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem
acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais
técnicas de comunicação visual de modo que se possam entender as
vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as
conseqüências ambientais de sua implementação."

Prazos

Outro aspecto muito importante da implementação do processo de AIA


é aquele que se refere aos procedimentos administrativos. A este
respeito a Resolução determina que tanto os prazos para elaboração
do EIA, quanto para sua análise assim como os prazos para
manifestação do público, sejam definidos pelos órgãos estaduais, a
SEMA, hoje IBAMA, ou os municípios, quando couber. Poucos são os
estados brasileiros que atenderam a estas determinações do
CONAMA, o que sem dúvida prejudica a implementação e compromete
a eficácia da AIA no Brasil. Com o prazo máximo de 12 (doze) meses
definido na Resolução CONAMA 237/97, espera-se que a resistência
dos usuários venha a ser reduzida. Entretanto, para cumprir tais
prazos, os órgãos ambientais deverão criar novas estratégias de
trabalho para suprir a carência de pessoal e os baixos salários.

Vous aimerez peut-être aussi