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ÍNDICE

ÍNDICE DE GRÁFICOS

RESUMO
A economia brasileira encontra-se numa rota de crescimento e
sustentabilidade. As reformas económicas que têm vindo a ser implementadas
deram ao país a capacidade de assumir uma posição de relevo a nível
internacional, integrando-se no grupo das 4 economias emergentes (Brasil,
Rússia, India, China) que, segundo o estudo da firma Goldman Sachs,
representarão, em 2040, 50% das maiores economias mundiais. O crescimento
das exportações (que duplicaram em 2 anos) e das importações (quase ao
mesmo ritmo) aumentaram a exposição do país a nível externo. Se
associarmos um crescimento sustentado do PIB, esta situação demonstra, por
um lado, o sucesso das empresas brasileiras no confronto com a concorrência
no mercado interno e, por outro lado, uma presença forte nos mercados
internacionais.

INTRODUÇÃO

Foi proposta a elaboração de um trabalho pela docente Lúcia Matos, no


âmbito da unidade curricular que lecciona (Economia Internacional), em

2
conjunto com a unidade curricular Políticas Económicas, leccionada pela
docente Patrícia Silva, do Curso Superior de Administração Pública, do Instituto
Superior Politécnico Gaya.
O tema do trabalho consiste na apresentação das políticas económicas
internas de um país escolhido pelos discentes, assim como das suas políticas
comerciais a nível internacional. O país escolhido pelo grupo foi o Brasil.
Primeiramente será feita uma breve abordagem sobre a economia
internacional, sendo abordado em maior detalhe a política comercial, assim
como os sistemas comerciais internacionais GATT e OMC.
Após este contexto teórico, será feita uma análise sobre as recentes
políticas económicas tomadas pelo Brasil, mais em concreto o Programa de
Aceleração e Crescimento (PAC) lançado em 2007 pelo Governo Federal
Brasileiro.
De seguida, iremos verificar a balança comercial do Brasil em 2008, e de
que forma foi afectada pelas políticas económicas do PAC. Será também
analisada a posição comercial do Brasil a nível da América do Sul, mais
concretamente nas organizações de mercado comum ALADI e Mercosul.

ECONOMIA INTERNACIONAL

Ao falar das relações entre nações, pensamos imediatamente nas suas


trocas comerciais, nas importações e exportações que mostram a riqueza de

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um país. A economia internacional é a forma encontrada para gerir a
interdependência económica entre nações, assim como da criação de políticas
comerciais para regular o fluxo de bens e serviços, assegurando o bom
funcionamento do mercado mundial. (Medeiros 2007).
A economia internacional pode ser abordada ao nível microeconómico,
onde são estudadas as teorias e políticas do comércio internacional, assim
como a análise de situações individuais das nações e produtos específicos.
Ao nível macroeconómico, é estudado o mercado cambial, a balança de
pagamentos e políticas de ajustamento que afectam o rendimento interno e os
preços. (Medeiros 2007)
Para além disso, a economia internacional depende também de outro
tipo de políticas, as políticas económicas, que podem influenciar a necessidade
e aplicação de políticas comerciais num país.

POLÍTICA COMERCIAL

Um dos pontos fulcrais no tema da Economia Internacional é a política


comercial. Podemos definir este conceito como um conjunto coerente de meios
que os poderes públicos têm à sua disposição para actuar sobre o comércio
externo, para alcançar determinados objectivos. (Medeiros 2007)

CORRENTES DOUTRINAIS
Existem três teses que demonstram a evolução das relações comerciais
das nações ao longo do tempo: as teses mercantilistas, as teses livre-
cambistas, e as teses proteccionistas.
As teses mercantilistas tiveram lugar durante a época dos
Descobrimentos até meados do século XVIII, sendo um conjunto de doutrinas e
práticas económicas com o objectivo único do enriquecimento das nações,
através do armazenamento de metais preciosos. Esta vertente deu origem a
várias políticas económicas, como o desenvolvimento da indústria, o controlo e
crescimento do comércio internacional, e o entesouramento.
As teses de livre-câmbio determinavam que em conformidade com as
dotações de factores, cada país procuraria obter bens para os quais estava

4
preparado, passando-se à fase da permuta para benefício de todos os
participantes no comércio internacional. Para além disso, o livre-cambismo
permite o desenvolvimento de produções em massa com as economias de
escala, beneficiando os consumidores.
As teses proteccionistas surgem no século XVII e XVIII, com William
Hood e Alexander Hamilton. A escola proteccionista defendia os objectivos de
manutenção do emprego e do rendimento, a indústria nascente, a autonomia
nacional, as receitas públicas, e a atracção de capital. O proteccionismo pode
surgir em várias formas. Podemos definir em termos de estratégia delineada o
proteccionismo ofensivo e defensivo, e em termos de objectivos para a sua
implementação, o proteccionismo orçamental, e proteccionismo para
aproveitamento de recursos. (Medeiros 2007)

VARIÁVEIS INSTRUMENTAIS
Os instrumentos que um país pode utilizar para a dinamização das suas
políticas comerciais são diversos, sendo de destacar os direitos aduaneiros, os
contingentes, as subvenções, e o dumping. (Medeiros 2007)
Podemos definir direitos adueiros como impostos estabelecidos pelo
Estado e consignados nas pautas, que incidem sobre as mercadorias que
passam pela fronteira de certa área delimitada por princípios técnico-jurídicos,
área essa chamada de território aduaneiro.
Estes direitos podem ser de natureza fiscal e/ou protectora, e existem para a
importação e para a exportação. Também podemos considerar como direitos
aduaneiros os direitos específicos, os direitos ad valorem, direitos mistos, e
direitos variáveis.
Os direitos aduaneiros também têm vários efeitos ao nível do consumo
(diminuição do consumo do consumidor), ao nível da produção (aumento da
oferta nacional), ao nível das receitas públicas (arrecadação de receitas
públicas), e ao nível do emprego (decréscimo das importações leva ao
aumento do rendimento nacional e do emprego). (Medeiros 2007)
Os contingentes são políticas que determinam a fixação de quantidades
ou valores máximos que se podem importar ou exportar de certo produto. É por
vezes designado por quota.

5
Os contingentes de exportação têm como objectivo evitar a saída de matérias-
primas escassas e a descida do preço dos produtos. Quanto aos contingentes
de importação, têm em vista reduzir as quantidades importadas anualmente, a
um nível inferior ao que os compradores desejariam, por razões de balança de
pagamentos. Dentro destes, é de referir a auto-limitação das exportações, cujo
objectivo é evitar a imposição de medidas unilaterais. Esta medida é imposta
pelo país exportador.
Na União Europeia, são utilizados contingentes pautais como uma limitação à
importação de uma mercadoria com o benefício de uma taxa de direitos
reduzida ou nula, durante certo período, em função da quantidade ou de um
valor previamente fixado. Estes contingentes podem ser tipificados como
contingentes pautais autónomos, contingentes pautais convencionais no
quadro da OMC, e contingentes pautais resultantes de acordos firmados entre
a Comunidade e países terceiros. (Medeiros 2007)
As subvenções são contribuições financeiras dos poderes públicos, que
têm lugar quando, por exemplo, uma medida dos poderes públicos inclui uma
transferência directa de fundos, como subsídios, ou potenciais transferências
directas de fundos. Pode inclusive considerar-se subvenções quando os
poderes públicos executem cobranças, ou quando forneçam bens que não
constituam infra-estruturas gerais.
Estas medidas são direccionadas para a produção e para a exportação. Daí se
verifica que o recurso ás subvenções tem geralmente como razão apoiar as
indústrias transformadoras e incentivar os industriais para o mercado externo.
Os métodos utilizados são geralmente o crédito a actividades exportadoras,
deduções fiscais, e apoio do Estado em matérias como marketing e estudos de
mercado. (Medeiros 2007)
O dumping é uma forma de discriminação dos preços, pela qual uma
empresa coloca o seu produto no mercado externo a um preço inferior ao
praticado no seu próprio mercado nacional. Esta situação ocorre apenas
quando a empresa se situe numa situação de concorrência imperfeita e em
mercados segmentados.
Quando existem produtores domésticos ineficientes que utilizam escalas de
produção pouco competitivas ou tecnologias ultrapassadas, e com a pressão
de concorrentes mais eficientes, é comum tentar eliminar a incómoda

6
competição mediante o apelo à prática de dumping pelos concorrentes
estrangeiros.
Para além desta situação, também pode ocorrer o dumping inverso, que
consiste na prática de preço mais elevado no mercado externo e mais baixo no
mercado interno, e o dumping recíproco, que consiste em praticar dumping nos
dois sentidos para o mesmo produto. (Medeiros 2007)

SISTEMAS COMERCIAIS

Como se sabe, o crash da bolsa de Nova Iorque em 1929 levou o


governo americano a tomar medidas proteccionistas, com o objectivo do país
recuperar da depressão económica instalada. No entanto, a redução do
comércio externo teve o efeito contrário, e mergulhou o país numa crise
económica nunca antes vista.
Após a 2.ª Guerra Mundial, com receio de uma nova crise económica, a
Organização das Nações Unidas convocou uma conferência sobre o comércio
e emprego, com o objectivo de criar um conjunto de regras multilaterais para o
comércio internacional, para evitar a onda proteccionista dos anos 30. Em
1947, durante a Ronda de Genebra, foi assinado por vários países o Acordo
Geral sobre Pautas Aduaneiras e Comércio, ou GATT. (Silva 2004)

GATT
O GATT1 entrou em vigor no dia 1 de Janeiro de 1948 e deveria regular
o comércio internacional até à entrada em vigor da Carta de Havana. Desde
essa data até 1 de Janeiro de 1995 (data da entrada em funções da OMC),
acabou por ser o GATT o regulador do comércio mundial.
Nos princípios fundamentais da GATT, está presente a noção do
princípio da cláusula da nação mais favorecida, enunciada no art. 1.º do Acordo
Geral: “qualquer vantagem, favor ou privilégio ou imunidade concedida por uma
parte contratante a um produto originário de outro país, ou a ele destinado,
será imediata ou incondicionalmente extensiva a todos os produtos similares
originários dos territórios de qualquer outra parte contratante ou a elas

1
General Agreement on Tariffs and Trade

7
destinadas”. Esta cláusula tem como argumento positivo assegurar um sistema
de trocas relativamente coerente e previsível, sem o qual existiria um maior
proteccionismo. Também permite um desarmamento pautal importante.
O tratamento nacional das importações é outro princípio fundamental
que diz que os produtos importados devem receber o mesmo tratamento fiscal
dos nacionais, para que todos possam concorrer em condições de igualdade.
Outro princípio fundamental do GATT é a proibição das restrições
quantitativas que são aplicadas pelos países ao nível da importação e da
exportação.
A cláusula de salvaguarda é também um dos princípios fundamentais da
GATT. Permite aos países impor medidas necessárias à protecção da
moralidade pública, da saúde de pessoas e animais, do ambiente, de direitos
de propriedade intelectual, de tesouros nacionais de valor artístico, histórico ou
arqueológico, de matérias-primas indispensáveis à indústria, de interesses
essenciais à segurança, de protecção face a situações imprevistas
nomeadamente no que se refere à concorrência introduzida pelos produtos
estrangeiros e resolução de situações de prejuízo grave.
Os países menos desenvolvidos entram também como um princípio
fundamental do GATT, pois esta reconhecia que os países menos
desenvolvidos tinham necessidades específicas, atribuindo-lhes assim um
estatuto especial. (Medeiros 2007)

OMC
A criação da OMC2 originou uma nova forma de abordar as questões
relativas ao comércio internacional.
Criada como substituta do GATT, esta organização tem como estrutura a
Conferência Ministerial, que é a autoridade suprema da OMC, e o Conselho
2
Organização Mundial do Comércio

8
Geral que reúne de dois modos, um como órgão de resolução de diferendos, e
outro como órgão de exame de políticas comerciais.
A OMC integra vários comités para a gestão de acordos, como o Comité
dos Orçamentos, o Comité dos Serviços, o Comité do Comércio e do
Desenvolvimento, o Comité das medidas de investimento ligadas ao comércio,
e o Comité da Agricultura.
A sua missão consiste em aumentar o nível de vida, promover o
crescimento do rendimento e da procura, assegurar o pleno emprego,
assegurar que o crescimento das trocas internacionais também beneficia os
países menos desenvolvidos, zelar pela protecção do ambiente, reforçar a paz
internacional e cooperar com outras organizações internacionais. (Medeiros
2007)

COMÉRCIO INTERNACIONAL E DESENVOLVIMENTO


O caso particular de nações em desenvolvimento é peculiar. No
comércio internacional, estas nações caracterizam-se pela exportação de
produtos primários e importação de produtos industrializados. Muitos
economistas actuais acreditam que o processo de desenvolvimento pode ser
acelerado pelo comércio internacional. De facto, existem várias vantagens do
comércio para o desenvolvimento: a utilização plena de recursos domésticos,
de outra forma subutilizados devido a procura interna insuficiente; ao expandir
o tamanho do mercado, o comércio torna possível a divisão do trabalho e as
economias de escala; a transmissão de novas ideias, tecnologias e capacidade
empresarial; a estimulação do fluxo internacional de capitais dos países
desenvolvidos para os países em desenvolvimento; a luta contra monopólios,
pois estimula a eficiência dos produtores internos face à concorrência
estrangeira. (Medeiros 2007)

POLÍTICA ECONÓMICA: CASO BRASILEIRO

As políticas comerciais, embora sejam destinadas ao bom


funcionamento do fluxo de bens e serviços de um país, não podem funcionar
como uma variável única, visto poderem entrar em conflito com políticas
económicas estabelecidas pelas entidades correspondentes.

9
Segundo Ferreira do Amaral, podemos definir política económica como
“uma actividade prática que se destina a obter resultados que correspondem a
uma situação considerada desejável”. Os objectivos finais a ter em conta na
criação e implantação de politicas económicas são o crescimento económico, o
emprego, a estabilidade do nível dos preços, e o equilíbrio externo. No entanto,
é necessário ter em conta outros factores, como a situação actual da
economia, a posição doutrinal do Governo, o nível de descentralização política,
e a relação entre grupos económicos e sociais.
Tal como foi referido anteriormente, a Economia Internacional não pode
funcionar em pleno sem a criação de políticas pelos grupos responsáveis,
como o Estado. As políticas económicas, embora estejam mais direccionadas
para a economia do país, também tem influências a nível externo,
especialmente em países da União Europeia, como Portugal. (Amaral 1996)
Quem está responsável por essas políticas? No caso brasileiro, existem
influências do Governo Federal, do Banco Central, e do Parlamento. A nível de
instituições, é também de referir o papel do Banco Mundial, do Fundo
Monetário Internacional, e da Organização Mundial do Comércio. (Serra 2005)
Recentemente, o Governo Federal Brasileiro iniciou uma série de
políticas económicas, cujos efeitos trouxeram benefícios para o país, tendo em
conta o estado actual das economias mundiais.

PROGRAMA DE ACELERAÇÃO DO CRESCIMENTO


No dia 28 de Janeiro de 2007, o Governo Federal Brasileiro anunciou um
conjunto de políticas económicas, com o objectivo de melhorar o crescimento
económico do Brasil no sector público e privado. O PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento) teria a duração de quatro anos, com uma previsão
inicial de investimento de 503,9 mil milhões R$ até 2010, com uma previsão de
crescimento do PIB em 5% ao ano.
As medidas implementadas por este programa estão divididas em cinco
blocos: investimento em infra-estruturas, estimulação do crédito e
financiamento, melhorias no investimento, aperfeiçoamento do sistema
tributário, e medidas fiscais de longo prazo. (PAC 2007)

10
O investimento em infra-estruturas tem como objectivo: eliminar os
problemas que possam restringir o crescimento da economia; reduzir custos e
aumentar a produtividade das empresas; estimular o investimento privado; e
reduzir as desigualdades regionais. As condições fiscais permitem o aumento
do investimento do Governo Federal, sem comprometer a estabilidade fiscal.
A estimulação do crédito e financiamento foi um dos objectivos do
Governo Federal em anos anteriores, através de medidas para expandir o
volume de crédito e do mercado de capitais. No âmbito da PAC, pretende-se
dar continuidade ao aumento do volume de crédito, sobretudo do crédito
habitacional, e do crédito de longo prazo para investimentos em infra-
estruturas.
Em termos de melhorias no investimento, o PAC lançou medidas
destinadas a melhorar e facilitar a implementação de investimentos em infra-
estruturas, especialmente a nível ambiental. Também foram criadas medidas
de aperfeiçoamento da regulação de preços e da concorrência. Finalmente,
foram criados incentivos ao desenvolvimento regional, pela reestruturação da
SUDAM3 e SUDENE4.
Tendo em conta que o sector privado é responsável pela maior parte do
investimento no Brasil, o PAC inclui medidas para melhorar o sistema tributário,
assim como medidas para reforçar o investimento em termos de infra-
estruturas e na construção civil, incentivando assim o investimento privado. O
desenvolvimento tecnológico e ajuda para micro e pequenas empresas
também estão contemplados neste bloco.
Para o último bloco, medidas fiscais de longo prazo, o PAC inclui
medidas focadas na sustentabilidade fiscal de longo prazo, com destaque para
o controlo das despesas do pessoal, a criação da Política de Longo Prazo de
Valorização do Salário Mínimo e a criação do Fórum Nacional da Previdência
Social. Também estão presentes medidas de aperfeiçoamento da gestão
pública. (PAC 2007)

BALANÇO DO PAC

3
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia
4
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

11
Desde o seu anúncio em 2007, as medidas implementadas pelo PAC
trouxeram várias alterações para a economia brasileira. Em Fevereiro de 2009,
foi publicado o mais recente balanço pelo Comité Gestor do PAC, que
aglomera os resultados da aplicação do PAC nos anos de 2007 e 2008.
Segundo esta publicação, as previsões iniciais de investir 503,9 mil
milhões R$ foram ultrapassadas, atingindo 646 mil milhões R$ com a
introdução de novas acções. Devido a este factor, os investimentos do Governo
Federal em 2008 representaram 1% do PIB nacional, contra 0,64% em 2006.
Podemos verificar esta evolução na Fig. 1 (Anexos).
As medidas de estimulação do crédito tiveram efeitos crescentes no
acesso ao crédito bancário. Na Fig. 2 (Anexos), podemos verificar uma
evolução positiva dos pedidos de crédito para consumo, e no investimento em
bens de capital, representando em 2008 mais de 40% do PIB.
Um dado interessante a verificar é o do emprego. Podemos colocar a
hipótese de que a facilidade dos pedidos de crédito para o consumo e
investimento, assim como da ajuda no desenvolvimento de micro e pequenas
empresas, foram factores que contribuíram para a criação de novos postos de
trabalho, e por consequência uma diminuição do desemprego. Os dados
apresentados na Fig. 3 e Fig. 4 (Anexos) demonstram essa evolução.
Outro dado a apontar é o das dívidas do sector público. Embora a Fig. 5
(Anexos) demonstre que este dado tem vindo a decrescer desde 2004, no
intervalo entre 2007 e 2008 podemos verificar uma diminuição mais
significativa do que em outros anos.
Como podemos verificar anteriormente, o PAC é um pacote de políticas
com grande cariz social, tendo em conta a situação de grande desigualdade
social que existe no Brasil. Uma das medidas anunciadas foi o aumento do
salário mínimo, que no final de 2008 rondava os 412,94 R$. Esta evolução
pode ser verificada na Fig. 6 (Anexos).
Por outro lado, houve também uma diminuição da pobreza, embora este
factor, tal como está indicado na Fig. 7 (Anexos), esteja mais relacionado com
o crescimento económico. (Balanço PAC 2009)
Como já foi referido anteriormente, existem factores de influência das
políticas económicas de um país nas suas próprias políticas comerciais. No
caso do Brasil e da PAC, foram encontrados alguns factores que contribuem

12
para tal, que serão analisados após entendermos a situação comercial actual
do Brasil.

O BRASIL NA ECONOMIA MUNDIAL

O Brasil é um país pequeno, tendo em conta a sua importância no total


das exportações ou importações mundiais. Em 2008, esta participação era de
apenas 1,2% do total, comparada com os 2,2% de 1952, quando houve um
aumento crescente dos preços do café. (Abreu 2002)
No entanto, uma análise mais detalhada da balança comercial brasileira
será o mais indicado para podermos ter uma ideia mais concreta da situação
económica e comercial actual.

EXPORTAÇÕES
No caso das exportações, podemos verificar que têm crescido de forma
sustentada desde 2004. Em 2008, o total de exportações atingiu os 197.942
milhões de dólares (Fig. 8, Anexos)
Os principais países de exportação foram os E.U.A., a Argentina, e a
China, como podemos ver na Fig. 9 (Anexos). No entanto, o maior mercado de
destino é a América Latina, seguindo-se a União Europeia. (Fig. 10, Anexos).
De acordo com a Fig. 11 (Anexos), os produtos mais exportados foram
materiais de transporte, petróleo e outros combustíveis, e produtos
metalúrgicos.

IMPORTAÇÕES
Quanto às importações, o Brasil também teve um crescimento
sustentado a partir de 2004, com um total de 173.197 milhões de dólares. (Fig.
12, Anexos)

13
Os principais países que forneceram bens ao Brasil foram os E.U.A., a
China e a Argentina, (Fig. 13, Anexos), enquanto que o principal mercado de
importação foi a Ásia. (Fig. 14, Anexos).
Os principais produtos importados foram petróleo não refinado, peças
para automóveis, e automóveis de passageiros. (Fig. 15, Anexos)

O BRASIL E A ALADI
Em termos regionais, o Brasil faz parte de duas organizações
comerciais, a ALADI e o Mercosul.
A Associação Latino-Americana de Integração, ou ALADI, é um
organismo com sede no Uruguai, que tem como missão contribuir para o
processo de integração da região latino-americana. Este organismo foi criado
com o Tratado de Montevideu em 1980, de forma a melhorar vários aspectos
que o seu antecessor, a ALALC, não tinha conseguido durante os anos 60.
Actualmente, existem doze membros, entre os quais o Brasil.
Alguns dos objectivos do processo são a eliminação de barreiras
comerciais entre países-membros, incentivar a solidariedade e cooperação
entre todos os povos latino-americanos, promover o desenvolvimento
económico e social para a melhoria do nível de vida das populações, e
estabelecer medidas para a criação do mercado comum latino-americano.
Estas medidas são representadas por dois mecanismos, acordos regionais e
acordos parciais.
Foram acordados até agora cinco acordos regionais: abertura de
mercados, preferência tarifária regional, cooperação cientifica e tecnológica,
cooperação e intercâmbio de bens nas áreas culturais, educacionais e
cientificas, e um acordo para o fim de barreiras técnicas ao comercio.
Quanto aos acordos parciais, são classificados em acordos agro-
pecuários, acordos de promoção do comércio, ACE5, e acordos de outras
modalidades. (Tratado de Montevidéu 1980)

O BRASIL E O MERCOSUL
Em 1985, com o objectivo de alcançarem mais rapidamente os
objectivos da ALADI, o Brasil e a Argentina assinaram a Declaração de Iguaçu
5
Acordos de Complementação Económica

14
para estabelecer uma comissão bilateral, que no ano seguinte deu origem a
vários acordos comerciais entre os dois países. (Declaração do Iguaçu 1985)
Em 1988, estes países assinaram o Tratado de Integração, Cooperação
e Desenvolvimento, estabelecendo como meta um mercado comum, e abrindo
as portas a outros países latino-americanos.
Em 1991, o Brasil e a Argentina, juntamente com o Paraguai e Uruguai,
assinam o Tratado de Assunção, que no artigo 1.º estabelece a criação do
Mercado Comum do Sul, ou Mercosul, uma aliança comercial com o objectivo
de dinamizar a economia regional, através da livre circulação de mercadorias,
pessoas e capitais. (Tratado de Assunção 1991)
É criada em 1995 uma união aduaneira com uma tarifa externa comum,
o que significa que todos os membros poderiam cobrar as mesmas quotas na
importação de países terceiros. Face a este facto, no ano seguinte a Bolívia e o
Chile juntam-se ao Mercosul como membros honorários, e em 2006 a
Venezuela apresentou a sua candidatura como membro.
Para além desta tarifa externa comum, foram definidos outros objectivos
para melhorar a cooperação económica entre os membros, como a criação de
zonas de comércio livre, a criação por cada país de políticas económicas e
comerciais para o estabelecimento do mercado comum, a criação futura de
uma moeda única, assim como de uma Constituição para todos os membros.
Todos estes objectivos foram definidos pelo já referido tratado de Assunção.
(http://www.mercosul.gov.br)

INFLUÊNCIAS DA PAC NA BALANÇA


COMERCIAL

Como foi referido anteriormente, foram encontrados alguns factores que


demonstram a existência de influências das políticas económicas nas políticas
comerciais do caso brasileiro.
Após termos analisado os resultados do PAC e da situação actual da
balança comercial brasileira de 2008, verificamos que, embora o valor das
importações tenha crescido quase lado a lado com as exportações, foi mais
interessante o facto de terem crescido as importações de bens, que para uma

15
parte importante da população brasileira se podem considerar de luxo, como os
automóveis de passageiros. Este dado poderá ter a ver com o facto de ter
havido uma estimulação do crédito com o PAC, permitindo que vários
compradores possam ter meios de adquirir este tipo de bens. A diminuição do
desemprego também é um factor que consideramos ter contribuído para esta
situação.
No caso das exportações, notamos que foram exportados mais bens
industriais do que seria de esperar do Brasil, tendo em conta a sua posição nas
exportações mundiais de bens alimentares (café e açúcar). Esta nova posição
pode estar relacionada com o investimento no sector privado, mais
concretamente no reforço das infra-estruturas, o que futuramente poderá
afectar outras exportações, visto que existe uma maior produção destes bens.
No entanto, esta situação não deverá afectar o Brasil como um dos principais
exportadores de bens alimentares a nível mundial, tendo em conta a sua
riqueza, e até certo ponto exclusividade, em determinados bens.

CONCLUSÃO

No cenário actual da crise económica mundial, vemos vários países a


aplicar políticas económicas que possam combater os problemas gerados ao
nível económico, comercial, e social. No entanto, estas políticas terão apenas
efeito no médio e longo prazo, isto sem contar com o facto que os experts na
matéria afirmam: esta não será uma crise passageira que terminará daqui a um
ou dois anos, e deixará marcas nas diversas comunidades.
No entanto, após a análise das políticas comerciais e económicas do
Brasil, concluímos que a crise mundial não teve um impacto tão profundo sobre

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este país como nos EUA, ou na Europa. Uma das razões para esta situação
será os efeitos do programa de políticas económicas que o Governo Federal
colocou em prática em 2007, o Programa de Aceleração de Crescimento.
Como foi analisado, a vertente social deste programa permitiu que o
emprego e os rendimentos da população em 2008 atingissem valores positivos,
com uma perspectiva positiva também nos primeiros meses de 2009. O acesso
mais alargado ao crédito para consumo, e crédito para investimento de infra-
estruturas permitiu que fossem feitos investimentos rentáveis, sem
comprometer a estabilidade fiscal.
Ao nível do comércio, a análise dos balanços comerciais demonstra que
o Brasil tem aumentado as suas exportações desde 2004, fruto da valorização
da moeda e do crescimento económico. O maior bem exportado foi material de
transporte, e o mais importado foi petróleo não refinado. Estes dados são
interessantes, visto que dos três bens mais exportados, nenhum deles é café
ou açúcar, produtos pelos quais o Brasil tem grande participação nas
exportações a nível mundial, para além do facto de exportarem mais produtos
de nível industrial do que em anos anteriores. Esta situação poderá dever-se
ao crescimento económico já referido, para além das novas políticas
económicas introduzidas pelo PAC.
Finalmente, não podemos esquecer o papel que o Brasil desempenha
para a criação de um mercado comum na América do Sul, através da sua
participação na ALADI e no Mercosul. No futuro, este bloco poderá ser um dos
maiores concorrentes dos EUA e da União Europeia.

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ANEXOS

Anexo 1: Fig. 1 (Balanço PAC 2009)


Anexo 2: Fig. 2 (Balanço PAC 2009)
Anexo 3: Fig. 3 (Balanço PAC 2009)
Anexo 4: Fig. 4 (Balanço PAC 2009)
Anexo 5: Fig. 5 (Balanço PAC 2009)
Anexo 6: Fig. 6 (Balanço PAC 2009)
Anexo 7: Fig. 7 (Balanço PAC 2009)

19
Anexo 8: Fig. 8 (Balança Comercial Brasileira 2008))
Anexo 9: Fig. 9 (Balança Comercial Brasileira 2008)
Anexo 10: Fig. 10 (Balança Comercial Brasileira 2008)
Anexo 11: Fig. 11 (Balança Comercial Brasileira 2008)
Anexo 12: Fig. 12 (Balança Comercial Brasileira 2008)
Anexo 13: Fig. 13 (Balança Comercial Brasileira 2008)
Anexo 14: Fig. 14 (Balança Comercial Brasileira 2008)
Anexo 15: Fig. 15 (Anuário Estatístico 2009)

20
Fig. 1 (Fonte: Balanço PAC 2009)

Fig. 2 (Fonte: Balanço PAC 2009)

21
Fig. 3 (Fonte: Balanço PAC 2009)

Fig. 4 (Fonte: Balanço PAC 2009)

22
Fig. 5 (Fonte: Balanço PAC 2009)

Fig. 6 (Fonte: Balanço PAC 2009)

23
Fig. 7 (Fonte: Balanço PAC 2009)

Fig. 8 (Fonte: Balança Comercial Brasileira 2008)

24
Fig. 9 (Fonte: Balança Comercial Brasileira 2008)

Fig. 10 (Fonte: Balança Comercial Brasileira 2008)

25
Fig. 11 (Fonte: Balança Comercial Brasileira 2008)

Fig. 12 (Fonte: Balança Comercial Brasileira 2008)

26
Fig. 13 (Fonte: Balança Comercial Brasileira 2008)

Fig. 14 (Fonte: Balança Comercial Brasileira 2008)

27
Fig. 15 (Fonte: Anuário Estatístico 2009)

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