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O documento descreve a evolução da enfermagem no Brasil ao longo de três períodos e como ela se relaciona com o processo saúde-doença no país. O primeiro período é a organização da profissão sob controle de ordens religiosas. O segundo é o desenvolvimento da educação institucional e das práticas de saúde pública. O terceiro é o processo de profissionalização da enfermagem até os dias atuais. O documento analisa como a enfermagem se adaptou aos diferentes contextos históricos do Brasil.
O documento descreve a evolução da enfermagem no Brasil ao longo de três períodos e como ela se relaciona com o processo saúde-doença no país. O primeiro período é a organização da profissão sob controle de ordens religiosas. O segundo é o desenvolvimento da educação institucional e das práticas de saúde pública. O terceiro é o processo de profissionalização da enfermagem até os dias atuais. O documento analisa como a enfermagem se adaptou aos diferentes contextos históricos do Brasil.
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O documento descreve a evolução da enfermagem no Brasil ao longo de três períodos e como ela se relaciona com o processo saúde-doença no país. O primeiro período é a organização da profissão sob controle de ordens religiosas. O segundo é o desenvolvimento da educação institucional e das práticas de saúde pública. O terceiro é o processo de profissionalização da enfermagem até os dias atuais. O documento analisa como a enfermagem se adaptou aos diferentes contextos históricos do Brasil.
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Rev. Ed. Popular, Uberlndia, v. 6, p.15-28. jan./dez. 2007
Resumo O presente trabalho faz uma descrio do processo de evoluo da Enfermagem no Brasil, juntamente com o pro- cesso sade-doena. As fases analisadas foram divididas em trs perodos de acordo com a evoluo da Enferma- gem. So eles: organizao da profisso sob controle de ordens religiosas; desenvolvimento da educao institu- cional e das prticas de sade pblica; o processo de pro- fissionalizao da Enfermagem at os dias atuais. Todos esses perodos foram analisados juntamente com os acon- tecimentos histricos ocorridos ao longo dos anos no Bra- sil. Dessa forma, foi realizado um paralelo dos acontecimen- tos relevantes do processo sade-doena, juntamente com os fatos ocorridos na histria da Enfermagem no Brasil. Palavras-chave Enfermagem. Processo sade- doena. Natlia Rodrigues Ruben 1 1. Graduada em Enfermagem, cursando Especializao em Terapia Intensiva. E-mail: nataliaruben@yahoo.com.br A evoluo da enfermagem e o processo sade- doena no Brasil 55 Rev. Ed. Popular, Uberlndia, v. 6, p.15-28. jan./dez. 2007 Abstract This work is a description of the process of evolution of Nursi ng i n Brazi l al ong wi th the heal th- di sease. The exami ned stages were di vi ded i nto three peri ods i n accordance wi th the evol uti on of Nursi ng. They are: organi zati on of the professi on under control of rel i - gi ous orders; i nsti tuti onal devel opment of education and practice of public health, the process of professionaliza- tion of Nursing until the present day. All these periods were analyzed together with the historical events that occurred over the years in Brazil. And this way was made a parallel of the relevant events to the health-disease along with the facts that occurred in the history of Nursing in Brazil. Keywords Nursing. Health disease process. * Graduated in Nursing, student in Specialize intensive Therapy degree. E-mail: nataliaruben@yahoo.com.br Natlia Rodrigues Ruben * The evolution of nursing and health-disease process in Brazil 56 Introduo A idia de desenvolver o presente tra- balho ocorreu-me ao longo dos anos que cursei a Graduao em Enfermagem na Universidade Federal de Uberlndia. Na faculdade, pude perceber que a Enfer- magem possui uma imensa flexibilidade, atuan- do mais fortemente ora na rea hospitalar, ora na rea de sade coletiva, alm de diversas outras reas de atuao na sade. Ao analisarmos a histria da evoluo da Enfermagem no pas, podemos notar que ela caminhou junto s mudanas poltico-sociais que ocorreram no Brasil. Sendo assim, fica claro que a evoluo da Enfermagem est diretamente relacionada ao contexto em que est inserida. Portanto, sendo a Enfermagem uma cin- cia que passa por constantes transformaes, a meu ver, torna-se fundamental que o enfermeiro tenha conhecimento da evoluo da histria de sua profisso, devendo tambm compreender o porqu dessas mudanas ocorrerem e como elas acabam influenciando a sua vida profissional. De acordo com Geovanini (2005), no Bra- sil, podemos analisar a histria da Enfermagem em trs perodos. O primeiro refere-se orga- nizao da Enfermagem sob controle de ordens religiosas; o segundo, pelo desenvolvimento da educao institucional e das prticas de sade pblica; e o terceiro corresponde ao processo de profissionalizao da Enfermagem. Vale ressaltar que, no sculo passado, o sistema de sade transitou de sanitarismo cam- panhista (do incio do sculo at 1965) para o modelo mdico-assistencial privatista, at chegar, no final dos anos 80, ao modelo plural, hoje vigente, que institui como sistema pblico, o SUS (MENDES, 1999). O modelo de assistncia hegemnico tem re- iterado a formao e capacitao de recursos humanos para atender ao mercado tecnicista, porm h projetos inovadores que articulam ensino, servios e a comunidade e que servem de exemplo e de incentivo para o fortalecimen- to de foras polticas para a implantao do SUS, para a construo de um novo paradigma para a sade e, consequentemente, para a En- fermagem (GALLEGUILLOS e OLIVEIRA, 2001). Corroboro com Potter e Perry (2006) que afirmam que as razes histricas da Enferma- gem permitem que os estudantes e profissionais se preparem para as necessidades do cuidado sade do sculo XXI. Todo o contexto acima no respondeu s minhas inquietaes e nesta direo que desenvolvi este estudo, atravs de referencial terico, e fiz os seguintes questionamentos:
Ser que a evoluo da Enfermage no Brasil relaciona e descreve o processo sade e doena? Como ocorreu essa evoluo no cotidi- ano da Enfermagem? Ser que a Enfermagem foi sempre hos- pitalocntrica ou se direciona em alguns momentos para o coletivismo, para a rea preventiva? Desde as primeiras manifestaes da existncia da Enfermagem no Brasil, podemos notar que ela se modificou de acordo com o momento histrico pelo qual o pas passava. Para os enfermeiros, de fundamental importncia ter conhecimento da histria de sua profisso, j que esse entendimento torna possvel que cada profissional entenda as origens sociais e intelectuais da disciplina. Foi nesse sentido que desenvolvi um paralelo da evoluo da Enfermagem com o processo de sade-doena do pas. Objetivo O objetivo desta pesquisa descrever e relacionar a evoluo da Enfermagem no Brasil com o processo sade-doena que se desen- volveu ao longo dos anos no pas, ressaltando Rev. Ed. Popular, Uberlndia, v. 7, p.54-63, jan./dez. 2008 57 a flexibilidade da Enfermagem de se voltar, ora para o modelo hospitalar, ora para a sade co- letiva. Metodologia Esta pesquisa pesquisa baseou-se em ar- tigos cientficos de revistas e jornais, publicados ao longo dos anos, alm de livros sobre SUS, En- fermagem, aulas ministradas ao longo dos anos de faculdade, entre outros, a fim de observar fatores contribuintes para o esclarecimento do tema proposto. Foi realizada uma anlise da histria da En- fermagem, considerando sua evoluo ao longo dos anos, enfocando principalmente o desen- volvimento da profisso no Brasil e ressaltando sua capacidade de se adaptar aos diversos mo- mentos da histria do pas. nfase tambm foi dada histria de sade-doena no Brasil. Aps a realizao das pesquisas terica e bibliogrfica, foi empregado o mtodo histrico e aplicadas as tcnicas de anlise textual, temti- ca e interpretativa da pesquisa. Na anlise textual, trabalhamos sobre unidades delimitadas do tema, atravs de uma leitura dinmica e atenta para se adquirir uma viso de conjunto da mesma, levantando es- clarecimentos relativos aos autores, aos fatos, vocabulrio especfico, elementos que forem im- portantes para a compreenso da mensagem. Quanto temtica da pesquisa, cumpriu-se realizar uma anlise do tema do presente trabalho, atravs de sua idia central e idias secundrias. E, por fim, na anlise interpretativa, pro- curou-se estabelecer um parmetro entre os fatos citados pelos diversos autores. Referencial terico De acordo com a American Nurse Asso- ciation (2007), a Enfermagem a proteo, pro- moo e otimizao da sade e capacidades, preveno das doenas e danos, alvio do sofri- mento atravs do diagnstico e tratamento da resposta humana, defender o cuidar dos indi- vduos, famlias, comunidades e populaes. Segundo Potter e Perry (2006), como uma cincia, a Enfermagem est fundamentada em um conjunto de conhecimentos que est sempre mudando em virtude de novas desco- bertas e inovaes. Ressaltam, ainda, que de fundamental importncia que os enfermeiros tenham conhecimento da histria de sua pro- fisso, j que esse entendimento torna possvel que cada profissional entenda as origens sociais e intelectuais da disciplina. Para Potter e Perry (2006): com a atuao de Florence Ninghtingale, jun- tamente com sua equipe na guerra da Crimia, na metade do sculo XIX deu-se incio a Enfer- magem como uma profisso. Florence Night- ingale, fundadora da Enfermagem moderna, estabeleceu o primeiro princpio da Enferma- gem com base na manuteno e recuperao da sade (POTTER e PERRY, 2006). Segundo Geovanini (2005), a histria da Enfermagem no Brasil analisada utilizando-se critrios de periodizao, segundo os quais o desenvolvimento da Enfermagem latino-ameri- cana considera trs fases principais: a organiza- o da Enfermagem na sociedade brasileira, o desenvolvimento da educao em Enfermagem no Brasil e a Enfermagem no Brasil moderno. A organizao da Enfermagem na socie- dade brasileira compreende desde o perodo colonial at o final do sculo XIX (GEOVANINI, 2005). O autor afirma ainda que as primeiras manifestaes de assistncia aos doentes, aps a colonizao, foram realizadas pelos padres jesu- tas que aqui vieram em carter missionrio, para assumir a tarefa de doutrinao crist da popula- o colonial. A rede missionria logo se difundiu. O segundo perodo da histria da Enfer- magem no Brasil consiste no desenvolvimento da educao em Enfermagem, que comea no final do sculo XIX, estendendo-se at o comeo da Segunda Guerra Mundial e caracteriza o de- Rev. Ed. Popular, Uberlndia, v. 7, p.54-63, jan./dez. 2008 58 senvolvimento da educao em Enfermagem, de acordo com o movimento de secularizao da ateno sade. O mesmo autor ressalta, ainda, que a questo de sade no Brasil passa a ser relevante para o governo a partir do momento em que as doenas infecto-contagiosas, que chegavam com a populao europia e escravos africanos, passa a ser um problema econmico-social, j que poderiam resultar em epidemias e endemias no pas, as mesmas acabariam afetando a econo- mia brasileira. O combate s epidemias tornaram-se priori- dades sanitria e poltica. A vertente de inter- pretao do processo sade-doena predomi- nante na poca foi o Higienismo, caracterizado pelas campanhas que tinham como objetivo o saneamento ambiental e o controle de doenas que afetavam a atividade econmi- ca (GALLEGUILLOS E OLIVEIRA, 2001).
Para deter essa escalada que ameaava a ex- panso comercial brasileira, o governo, sob presses externas, assume a assistncia sade com a criao de servios pblicos, a vigilncia e o controle mais eficaz sobre os portos, inclusive estabelecendo quarentena (GEOVANINI, 2005).
Geovanini (2005) menciona tambm a questo sobre a formao de pessoal de Enfer- magem, que seriam destinados inicialmente aos hospitais civis e militares e, posteriormente, s atividades de sade pblica e principiou com a criao, pelo governo, da Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, no Rio de Janei- ro, junto ao Hospital Nacional de Alienados do Ministrio dos Negcios do Interior. Esta escola, que de fato a primeira escola de Enfermagem brasileira, foi criada pelo Decreto Federal 791, de 27 de setembro de 1890, e denomina-se hoje Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, per- tencente Universidade do Rio de Janeiro UNIRIO. Embora houvesse a necessidade de for- mao de enfermeiros nos moldes da sade pblica, o curso, na poca, valorizava a formao hospitalar, a maioria das pessoas formadas era moldada para atuar na rea hospitalar. E nessa conjuntura, a Fundao Rockfller pa- trocina o projeto de organizao do servio de Enfermagem de sade pblica, no Brasil, sob a orientao de enfermeiras norte-americanas (GEOVANINI, 2005). Essas enfermeiras norte-americanas eram formadas no sistema nightingueliano, e foram oferecidas para o Brasil pelo governo americano. No Brasil, organizou-se, em 1923, a escola de En- fermagem Ana Nery. A fundao dessa escola foi marcante para redirecionar a profissionalizao da Enfermagem, gerando alto desenvolvimento para a profisso. Nesse perodo, vamos encontrar a Enferma- gem profissional voltada prioritariamente para a rea de ensino e sade pblica, enquanto nos hospitais predomina a prtica leiga e sub- serviente da Enfermagem, desenvolvida por religiosas (GEOVANINI, 2005). Ainda de acordo com o autor, o terceiro momento da Enfermagem no Brasil consiste na Enfermagem moderna, que tem incio com a Se- gunda Guerra Mundial e atinge os dias de hoje. Devido ao processo de industrializao que ocorreu no pas, houve um intenso xodo rural, resultando nos aglomerados de pessoas. Surge, ento, a necessidade de se evitar que doenas se disseminem entre a populao, que consistia na mo de obra do pas. Assim sendo, com base no pressuposto e pressionada pe- los movimentos dos trabalhadores em defesa de seus direitos, a ordem do sistema de sade sofreu expanses e modificaes diversas, de acordo com a conjuntura pblica e econmica que se expressava em cada momento (GEOVA- NINI, 2005). A indstria vinha se desenvolvendo e, jun- Rev. Ed. Popular, Uberlndia, v. 7, p.54-63, jan./dez. 2008 59 to a isso, houve tambm um grande avano em tecnologia hospitalar e na indstria farmacu- tica, levando a um sobressalto da medicina cura- tiva, ou seja, hospitalar. Geovanini (2005) ressalta que identifica-se ainda, como fator importante na mudana de rumo da Enfermagem brasileira e na desordenada expanso de seu pessoal, a reorganizao da Previdncia Social, a partir da dcada de 50. Determinada pela emergn- cia da ateno mdica individual exigida pelos trabalhadores, essa organizao reforou a poltica de sade mdico-hospitalar e relegou a sade pblica a uma posio secundria. Diante dessa situao, os currculos dos cursos de graduao em Enfermagem passam a enfatizar no mais a sade pblica, e sim a assistncia curativa. O nmero de cursos para formao de atendentes, tcnicos e auxiliares aumenta, j que o sistema privado, visando a di mi nui r gastos, passa a contratar essa (mo-de- obra) que mai s barata. Nas dcadas de 1970 e 1980, o Brasil passa por muitas mudanas polticas e sociais que, conseqentemente, afetam o quadro de sade do pas. A crescente demanda do setor previdencirio e a discordncia verificada entre as prioridades de sade da populao e as aes efetivadas, geraram a crise na esfera da sade nesse perodo (GEOVANINI, 2005). A partir de 1975, um modelo foi definido, atravs da Lei 6.229 do Sistema de Sade. Esta lei legitimou a pluralidade institucional no setor e identificou a Previdncia Social como respon- svel pela assistncia individual e curativa e o Ministrio da Sade, por intermdio das Secre- tarias, pelos cuidados preventivos e de alcance coletivo, acarretando uma diviso entre aes tecnicamente indivisveis. Uma nova poltica de sade proposta em 1978, em Alma-Ata. Haveria, a partir de ento, uma ateno primria de sade e tambm uma assistncia curativista e de reabilitao. Geovanini (2005) observa que a sofisticao do ato mdico forou a crescen- te especializao na rea, exigindo, cada vez mais, habilidades diferenciadas dos demais trabalhadores da sade, multiplicando-se, as- sim, os cursos de especializao de um modo geral e, em particular, na Enfermagem (GEO- VANINI, 2005). Afirma ainda que, na dcada de 80, ocorre- ram alguns avanos para a Enfermagem, como a aprovao de Lei 7.498, em julho de 1986, e que essa lei trouxe novas disposies sobre a regu- lamentao do exerccio profissional, reconhe- cendo as categorias de enfermeiro, tcnico de Enfermagem, auxiliar de Enfermagem e parteira: o Programa de Aes Integradas de Sade, atravs da estratgia de integrao pragmti- ca, entre as instituies de nveis federal, es- tadual e municipal, objetivava a melhoria da qualidade da assistncia, tendo como linhas principais a universalizao, descentralizao e hierarquizao dos servios; racionalizao dos recursos e aumento da produtividade; reorientao da poltica de recursos huma- nos; valorizao das atividades bsicas e reconhecimento da participao popular. Essas diretrizes institucionais racionalizadas pactuam com a ideologia e com as prticas do movimento de Reforma Sanitria e do SUS incorporado nova constituio (GEOVANINI, 2005). Galleguillos e Oliveira (2001) mencionam que, em 1986, na VIII Conferncia Nacional de Sade, discutiram-se os temas: sade como di- reito, reformulao do sistema nacional de sade e financiamento setorial. Evidenciou-se a neces- sidade de reforma administrativa e financeira, da ampliao do conceito de sade, do fortaleci- mento do setor pblico e da constituio de or- amento social. Assim, definiu-se um programa para a reforma sanitria e props-se a criao do Sistema nico de Sade (SUS), tendo como dire- trizes a universalidade, a integralidade das aes e a participao social. Dessa forma, a VIII Conferncia Nacional Rev. Ed. Popular, Uberlndia, v. 7, p.54-63, jan./dez. 2008 60 de Sade foi de fundamental importncia para o Brasil, impulsionando mudanas significativas nas questes de sade do pas. As Leis 8.080 e 8.142, ambas de 1990, na realidade, foram regulamentadoras do texto constitucional, assim como as normas operacionais que se seguiram. A lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, dispe sobre as condies para promoo, proteo e recuperao da sade, a orga- nizao e o funcionamento dos servios correspondentes e d outras providncias (BRASIL, 2007). Por intermdio do SUS, todos os cidados tm direito a consultas, exames, internaes e tratamentos nas unidades de sade vinculadas, sejam pblicas (das esferas municipal, estadual e federal), ou privadas, contratadas pelo gestor pblico de sade (BRASIL, 2007). O SUS destinado a todos os cidados e financiado com arrecadaes de impostos e contribuies sociais pagos pela populao. O sistema se prope a promover a sade, priori- zando as aes preventivas, democratizando as informaes relevantes para que a populao conhea seus direitos e os riscos sua sade (BRASIL, 2007). A ampliao do campo das aes bsicas de sade renova a esperana de ver o novo co- letivo da Enfermagem brasileira revisitando e refazendo os cuidados que presta nossa sociedade a partir de um novo referencial: a defesa da qualidade de vida e sade, como direito universal e equnime dos cidados (ANTUNES e EGRY, 2001). Os enfermeiros e enfermeiras brasileiros foram peas fundamentais na implantao do Programa da Sade e da Famlia e no Programa de Agentes Comunitrios da Sade, implantao esta tanto municipal e estadual quanto federal. Sendo esses profissionais colaboradores com as polticas governamentais. Assim sendo, fica claro como importante que os enfermeiros tenham conhecimento do funcionamento do modelo de sade do Brasil. Ressaltando aqui a importncia da sua atuao na sade pblica, j que a Enfermagem atua ati- vamente na rede bsica de sade do SUS. Dentre as investidas operacionalizadas por alguns enfermeiros em prol da sade cole- tiva, podemos destacar aquelas em que o enfermeiro assume seu papel por meio da Consulta de Enfermagem em uma determi- nada regio ou comunidade, servindo de mediador entre esta e o sistema local de servios de sade, atuando com tecnologia simplificada e de baixo custo e tendo como foco principal a educao em sade com nfase no autocuidado (GEOVANINI, 2005). Nesse sentido, a Enfermagem est direta- mente ligada sociedade em que est inserida, ao desenvolvimento das prticas de sade e, assim, associada s estruturas sociais das diferentes naes em pocas diversas. Cada perodo histrico tem uma conformao e ne- cessidades diferentes. Sendo a Enfermagem uma profisso flexvel, que possui a possibili- dade grande de se voltar para a rea curativista e a rea preventiva, de acordo com a necessidade da comunidade em que est inserida. conslderaes Bnals A Enfermagem definida como a arte de cuidar, de assistir o ser humano em seus aspectos fsicos, mentais e sociais e, h muitos anos, vem sendo praticada, mesmo antes de ser considerada uma cincia, quando ainda no era baseada em fatos cientficos e tericos, j que o cuidado algo que inerente prpria condio de sobrevivn- cia do ser humano. A Enfermagem, como uma profisso de sade e um importante componente do sistema de oferta de cuidado de sade, muito afetada por mudanas na inds- tria de cuidados de sade. Al m disso, a Enfermagem foi e continuar a ser Rev. Ed. Popular, Uberlndia, v. 7, p.54-63, jan./dez. 2008 61 uma i mportante fora na model agem do futuro do si stema de cui dados de sade (BRUNNER e SUDDARTH, 2006).
Fato confirmado por Barreira (1999) ao referir que
uma melhor compreenso da trajetria da nossa profisso, necessria formao de uma conscincia crtica, alm do conhecimento da histria da Enfermagem brasileira, que faz parte da cultura profissional de cada qual, de- pende tambm do interesse e da conscincia que ns, mulheres e homens de algum modo envolvidos, tivermos das relaes passado/ presente, o que faz com que valorizemos nos- sos papis histricos, como observadores aten- tos dos sinais de nossa poca, como pessoa que nos empenhamos em formar uma opinio esclarecida, como atores que participam do movimento da histria e como estudiosos que pretendem contribuir para a compreenso do que nos ocorre (BARREIRA, 1999). fundamental para os enfermeiros com- preender e conhecer um pouco da histria da Enfermagem no Brasil, histria esta que caminha junto ao processo sade-doena do pas e parale- lamente com todos os acontecimentos que ocor- rem na histria do pas, e que de alguma forma acabam por influenciar as polticas de sade. O que se desvelou neste estudo que hoje os rumos que a Enfermagem vem tomando em sua histria se relacionam diretamente com as polticas de sade que vm sendo adotadas ao longo dos anos no pas. Com este estudo passei a perceber que a situao atual da Enfermagem se vincula direta- mente com o seu passado histrico. Muitos acon- tecimentos relacionados s polticas de sade ocorrem no pas, e influenciaram a profisso e a classe de enfermeiros, que ora estiveram volta- dos para a atuao hospitalocntrica, curativista, ora estiveram voltados para a sade preventiva, ou seja, de sade coletiva. Essa flexibilidade da Enfermagem de se voltar mais fortemente para uma rea e depois para outra, acaba influenciando tambm a for- mao dos enfermeiros, e o que se percebe, at ento, que as universidades no vm contra- balanando o tipo de ensino, ora elas se voltam muito para o ensino curativista, dentro dos hos- pitais, ora elas se voltam para a ateno preven- tiva. Contudo, como mencionado na unidade anterior, felizmente esse quadro tende a mudar, pois esto atualmente sendo propostas reformas nos currculos das Universidades. Outro fator de grande significado e de grande relevncia foi a possibilidade de com- preender tambm o porqu da classe de enfer- meiros sofrer com tantos preconceitos, baixos salrios e principalmente com a falta de re- conhecimento. A Enfermagem, desde sua concepo, tida como uma profisso que deveria ser submetida classe mdica, praticada na maioria das vezes por pessoas que no se interessam em lutar por melhorias para a classe, pessoas que muitas vezes eram des- qualificadas e despreparadas. Sendo assim, os preconceitos, a falta de reconhecimento da populao para com a pro- fisso, os baixos salrios, as grandes jornadas de trabalho, so resultados de um processo histri- co e que se arrasta at os dias atuais. Dessa forma, ao longo deste estudo, pude perceber como importante conhecermos a histria de nossas profisses. Depois de conclu- do esse trabalho, foi possvel entender muitas questes que at ento no eram compreendias, a partir disso, cabe a ns profissionais lutar por melhorias. Com todo o exposto, conclui-se que a En- fermagem uma profisso que ainda tem muito a ser melhorada. Contudo, essas melhorias so- mente sero alcanadas quando ns, enfermei- ros, nos comprometermos em lutar por progres- sos e reconhecimento para a classe. Para que isso ocorra, ns, profissionais de enfermagem, temos que nos capacitar cada vez mais e fazer com que a populao nos reconhea como profissionais de grande importncia na rea da sade e indis- Rev. Ed. Popular, Uberlndia, v. 7, p.54-63, jan./dez. 2008 62 pensveis na prestao de cuidados de sade. Nessa ltima etapa deste estudo, os meus pensamentos no parecem ter chegado ao fim, e aqui fica o meu compromisso de mergulhar em novos estudos neste vasto campo do conheci- mento que a sade pblica direcionada para a enfermagem. A minha atividade de enfermeira, a ser desenvolvida na prtica diria da sade pblica, ter uma nova dimenso para o meu cotidiano. Referncias AMERICAN NURSE ASSOCIATION (ANA). Disponvel em: <http://nursingworld.org/ MainMenuCategories/CertificationandAccreditation/>. Acesso em: 18 mar. 2007. ANTUNES, M. J. M.; EGRY, E. Y. O Programa Sade da Famlia e a reconstruo da aten- o Bsica no SUS: a contribuio da Enfermagem Brasileira. Revista Brasileira Enferma- gem. Braslia, v. 54, n. 1, p. 98-107, 2001. BARREIRA, I. A. Memria e histria para uma nova viso da Enfermagem no Brasil. Revista Latino-Americana Enfermagem. Ribeiro Preto, v. 7, n. 3, p.87-93, 1999, BRASIL. Ministrio da Sade. 8obre leglslao, Lel 8.080. Disponvel em: <http://portal. saude.gov.br/portal/saude/Gestor/area.cfm?id_area=1109>. Acesso em: 20 mar. 2007. BRASIL. Secretria da Sade. Sobre Sistema nico de Sade. Disponvel em <http://www. saude.sp.gov.br/portal/24088259c89b06a70174d93a6c1ad6a4.htm>. Acesso em: 20 mar. 2007. 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Popular, Uberlndia, v. 7, p.54-63, jan./dez. 2008