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A Comunidade dos

Poetas

Por

Eliaxe Mondarck
Primeiro Capitulo

“Eliaquim”

“A comunidade dos Poetas”


_Era aqui neste barracão abandonado, como
pode ver a estrutura é baixa, escura e úmida,
se procurar pelos cantos ainda encontrara
vestígios desta sociedade que posso qualificar
como secreta... Como disse que era seu nome
mesmo?
_Melissa...
_Não ligue, minha mente ás vezes voa, eu nem
sei que dia é hoje para ser sincero...
_Dia 28 de maio.
_Estava falando da semana, os números eu
ignoro.
_Terça feira...
_Então...
_Mas como veio ao encontro?
_Por que você me disse que seria no dia
seguinte. Veja, era ali, colocamos o palco ali,
era modesto, mas o que precisávamos... Me
lembro que eu estava aprendendo a tocar
violão, deveria ter uns quinze anos para ser
sincero...
_Por que começaram isso?
_Talvez insatisfação, falta do que fazer, sei
lá...
_Qual a última coisa que você se lembra?
_Estava ali falando sobre decadência...
_E como começou?
_Deixa-me ver...
Éramos três garotos enchendo a cara,
procurando satisfação, o que nos parecia
proibido chamávamos de aventura, mas deixo
claro não roubávamos nada de ninguém... Nós
éramos extremamente religiosos, nossas
conversas se baseavam no apocalipse,
temíamos e amávamos temer o fim do mundo,
o juízo final, então conhecemos um rapaz, ele
deveria ter uns vinte e cinco anos no máximo,
era casado... Ele nos convidou a participar de
um grupo formado por jovens, este grupo
discutia coisas sobre a bíblia, era um grupo
dentro da igreja católica, ás vezes íamos a
missa, mas poucos de nós freqüentávamos na
verdade a igreja, preferíamos discutir
livremente a epístolas em nosso grupo, ali
trazíamos artigos sobre demônios e suas
influencias, aos fins de semana fazíamos
churrasco na chácara, tomávamos banho no
rio, enfim era divertido, confesso que aquilo
ali me marcou naquele período, mas logo veio
o fim, algumas pessoas pararam de ir, éramos
garotos e garotas, a maioria de nós estávamos
interessados, em ficar com alguém, e as
meninas costuma a investir todas em um
mesmo cara, mas este cara se casou com uma
de fora, isso desanimou boa parte das
meninas, e consequentemente desanimou boa
parte dos menino, e quando vimos éramos
apenas cinco de um grupo que no começo era
uns trinta, então fomos levado pela
desistência de nosso líder a debandar...
Estávamos na rua de volta, nada para fazer, e
novamente o traficante tinha seus mais
antigos clientes, era o fim aquilo, a vida se
tornava vazia novamente... Por um longo
período me afastei de todos, me tornei o
rapaz de família, trabalhava e estudava a
noite, pensava eu que não queria aquela vida
para min, e foi então que eu amei pela
primeira vez, por minha paixão passei a
escrever poemas, e então em seguida fui
levado a começar aprender violão, neste
período revi alguns velhos amigos, todos me
diziam o quanto eu estava mudado, mas ainda
assim eu não desejava me mostrar diferente,
estudando a noite conheci uma menina, ela
tinha dezessete anos, e eu ainda me
aproximava dos dezesseis, ela era a mais bela
da sala, mas ainda assim era muito simpática,
não havia quem ela ignorasse, mas na maior
parte do tempo ela se mantinha solitária, e eu
levei muito tempo para entender por que,
achava que para ela que era tão bela nunca
deveria haver problemas... Então um dia
inflamado pela paixão me coloquei a escrever
um poema, e quando bateu o sinal para o
recreio, ela passou por minha cadeira e ali
conversamos, e quando ela viu o poema se
surpreendeu, não achava que eu, pessoa tão
rústica escreveria um poema...
_Não consigo imaginar você assim.
_Mas eu era assim, um sotaque caipira, uma
voz tímida e um olhar inseguro.
_E por que mudou?
_A paixão nos muda...
_E por que não o amor?
_O amor nos aceita como somos, mas a paixão
nos quer como ela deseja, enfim... Olhando
para o poema, ela me falou que também
escrevia, e me convido para ir até a casa dela,
eu disse que iria, então ela pegou as coisas
dela e disse, “vamos...” Era hora do recreio, a
única maneira de sair seria pulando a cerca, e
foi o que fizemos, e na casa dela ela me
mostrou seus poemas, o mais modesto
envergonhava os meus, e foi então que eu
pude pela primeira vez ouvir uma fita cassete
inteira de Metal, o rock and roll era tão triste,
tão rebelde, tão forte, tão sensual... E eu me
apaixonei por Type O negative, a voz grave
parecia provir de um deus pagão... E
finalmente eu encontrei novamente sentido na
rebeldia, um motivo melhor para abandonar
tudo que parecia certo, pois para estar com
ela eu faltava as aulas, e por estar com ela,
muitas vezes voltando de madrugada não
conseguia acordar para ir trabalhar, e se fosse
trabalhava de forma desleixada, era ressaca,
dores de cabeça, e muitas vezes ainda estava
torpe...
_E você se lembra do nome dela?
_Era Franci...
_Você a amava?
_Não... Eu já estava apaixonado por outra.
_E por que ficava tanto tempo com ela.
_Ela era tão bela, sensual, tão inteligente, eu
aprendia com ela, ela me falava sobre livros
que pela quantidade de páginas, eu
acreditava que nunca conseguiria ler, com ela
eu sempre ouvia a melhor parte das coisas, e
sem contar que muitas vezes era tão bom
abraçar ela, quando ela estava triste ela
colocava sua musica predileta, e ficávamos
abraçados, ela me falava sobre as coisas
sombrias do mundo, coisas da realidade...
_E vocês tinham um relacionamento intimo?
_Tínhamos, mas não transava-mos, ás vezes
nos beijamos, mas só quando estávamos bem
bêbado, uma vez quase transamos, mas
estávamos bêbados demais, tiramos nossas
roupas e dormimos abraçados, foi hilário,
quando acordamos acreditamos que havia
ocorrido algo, mas acabamos nos lembramos
em risos, de que quando acordamos, isso em
vagos fleches, nos deparávamos com o outro
dormindo, e rimos disso...
_Um homem não falaria tão claramente que
um dia falhou...
_Dane-se os homens e seus preconceitos,
odeio tudo e todos, e algumas coisas só
servem para dificultar nossas vidas já tão
complicadas, e se você é mais uma entre
tantos, lhe digo que infelizmente preciso ir...
_Não... Não pretendia deixar soar assim.
_Eu já não perco tempo com pessoas que tudo
que trazem, são suas vagas idéias, que lhe
corresponde á certeza de como o mundo deve
ser, e isso em todos os sentidos.
_Então continue.
_...Eu tentava manter meu trabalho, mas
estudar estava se tornando difícil... Havia
coisas que agora eu sabia que a escola não
ensinava lá, precisava ler, saber mais,
precisava ignora o estudo básico e me fixar
em algo mais profundo, por incrível que
pareça, no quarto de Franci, um quarto com
cortinas finas de cor púrpura, cuja decoração
se misturava entre varia culturas religiosas
pagãs, nós nos afogávamos em bebidas e
livros, ela me falava sobre a cultura Celta e
sobre suas deusas, ela me falava sobre
filosofia, e logo algumas perguntas que eu
ignorantemente outrora fazia, agora se
encaixavam como um luva, ali naquele quarto
de quatro metros quadrados, cujo o ar estava
perfumado pelos incensos, discutíamos a
realidade e a ilusão, sonhávamos juntos, era
estranho ela sabia tanto e ainda queria
estudar numa escola que se ela abrisse a boca
envergonharia o professor, então ela me falou,
que vivíamos em um mundo onde um pedaço
de papel valia mais que o conhecimento, mas
ela me avisou que eu deveria moderar meu
conhecimento, eu não entendia, mas ela dizia
que queria olhar para meu sorriso por muito
tempo, ás vezes dizia para sempre, e então
ela se perguntava onde acharia alguém que a
pudesse entender como eu entendia, mas eu
não achava que a entendia, então ela fazia
planos, em seu plano eu sempre estava lá,
mas alguém pode ser amigo para sempre? Eu
achava que sim... Mas tudo mudou depois...
_E por que mudou?
_Um dia eu estava triste, havia retornado as
aulas, isso por que dias antes eu havia
tomado coragem e indo falar com aquela que
eu amava, o nome dela era Ângela, me lembro
que naquele dia eu estava inflamado, olhei
para ela vindo ao longe, seus cabelos loiros
brilhavam pelo sol que trazia atrás de sua
cabeça, ela parecia uma divindade, e eu não
resisti, era capaz de pular nela e rouba-la para
min, o coração saia pela boca, e eu perguntei
o nome dela e ela sorriu, então acredito te
falado algo bonito, pois no outro dia ela parou
no escritório e conversávamos quando o filho
de meu patrão chegou e a comprimento, eles
eram velhos amigos, e quando ela saiu ele me
disse o quanto gostava dela, e há muito
esperava por um oportunidade com ela, ele
me odiava agora, nunca nos demos, mas ele
me odiava agora, e foi então que tudo se
perdeu, não demorou muito até mentiras
inflamar a ira de meu patrão, e quando me
defendi irado este me despediu, foram dias
difíceis, esperei nos arredores para ver se ela
passava pelo mesmo lugar, mas por azar ela
havia mudado seu caminho, acho que
mentiras haviam chegado até ela também,
então voltei a vida normal, pouco falava com
Franci, então ela me esperou diante da minha
casa, e quando eu saia ela veio até min, me
perguntando por que eu estava distante, eu
disse que precisava ir para a escola, e esta era
verdade absoluta, o mundo era a realidade,
então para que sonhar... Foi o que eu disse,
ela pegou o meu caderno, e agindo de forma
estranha, parecia irritada o lançou no bueiro,
e depois se recuperando me disse, “Vamos
para casa...” Eu a segui, lá enchemos a cara, e
eu falei que amava alguém, ela pareceu se
entristecer, afinal tinha feito planos, talvez
para nós dois, mas acho que nunca havia
pensado em nós como nós, mas eu como um
seguidor dela. Não nego era tão bom estar nos
braços dela, tínhamos o sexo oposto para
estudar com calma, podíamos nos abraçar, se
alguém pedisse para o outro tirar a roupa,
acredito que tiraríamos...
_E você achava isso normal?
_Tudo que queremos na adolescência e ter e
tocar alguém do sexo oposto, isso pode ser
para conhecimento, curiosidade ou prazer,
depois disso tive relacionamentos assim, por
algumas vezes, tinha grupo de amigos onde
havia varias meninas, e eu tinha determinado
relacionamento com ela, relacionamento sem
compromisso se não ‘o descobrir’.
_E isso é bom?
_Quer descobrir?
_...Acho que... Vamos voltar... E qual foi á
atitude dela depois?
_Ela bebeu mais, e quando deitou a cabeça
pesada em meu peito disse que eu era tão
diferente, enfim ela havia encontrado alguém
para estar com ela, realmente com ela, e que
só quisesse isso, disse como se sentia
importante quando meus olhos esperavam
ansiosos por uma resposta, disse como se
sentia sensual toda vez que se deitava sobre
meu corpo e meu corpo a desejava, de como
se sentia a mulher mais bela do mundo
quando eu a abraçava e dizia como ela era
bela... Eu realmente amava os cabelos ruivos
dela, e ela me falou como se sentia uma deusa
quando eu a buscava por conhecimento, e eu
disse que tudo ali era belo, tanto o
conhecimento quanto ela, e ela me perguntou
então por que não ficar aqui para sempre,
jovens e belos para sempre, o mundo lá fora
não era importante para ela, então ela pediu
que eu a olhasse inteira, e envergonhado o fiz,
e ela me acusou do quanto eu a desejava, e
antes que adormecesse em meus braços falou
o quanto se sentia só... Ela era tão bela, eu
tinha tudo, mas queria estar em outro lugar,
queria que fosse outro alguém que estivesse
ali tão insinuante e desprotegida em meus
braços, então quando acordei ela já estava
desperta, era manhã de sábado, ela estava ao
meu lado, e velava meu sono, e disse, “eu o
quero para min, mas o quero inteiro, se me
beijar, e ficar, eu estarei com você e para
sempre, mas se não for capaz então não
volte...”
_E qual foi a sua resposta?
_Eu não poderia enganar alguém a quem tanto
eu admirava, eu a queria, mas não a amava,
tudo que pude fazer foi vestir minha camisa e
partir.
_Não consegue enganar?
_Eu não conseguia enganar...
_Então é capaz disso agora?
_Se não fosse não estaria vivo aqui.
_E você a abandonou...
_Queria o que, que eu passe um tempo com
ela, e se depois eu encontrasse a que
realmente amava, a abandonasse? Para min a
palavra tinha um valor muito alto naquele
tempo, não era capaz de dizer nada que não
pudesse arcar com as conseqüências...
_E pela palavra...
_Me diz, você prefere a verdade ou a mentira?
_A verdade...
_Mentira, você é como todo mundo, prefere a
mentira, dizendo que ama a verdade, prefere
dormir tranqüila com a mentira, a chorar a
noite inteira com verdade.
_Todos queremos dormir tranqüilo, todos
queremos a paz.
_A paz é a primeira de todas as mentiras...
_Eu tenho esperança...
_E a esperança é o último e o mais vil de todos
os males...
_Pode continuar. E depois o que você fez?
_Estava triste e só, pensava que talvez não
devesse ser tão sincero e nem tão claro, e foi
então que voltei a alguns velhos amigos, a
vida deles também estava um lixo, filhos de
pobres não tem tanta visão ou opções de
futuro, poucos em relação a tudo se salvam de
um a realidade clara e clássica, mas tudo é
apenas uma questão de momento e
oportunidade, eu tive a oportunidade de
conhecer, entender e amar a literatura, as
artes, a musica, enfim... Mas foi tudo
conseqüência de um momento influenciado
pelas circunstancias... Entre estes amigos
voltei a falar dos velhos momentos, dos velhos
assuntos, e foi então que pensei em afastar a
solidão me ligando a algumas pessoas, e neste
período eu estava lendo sobre ocultismo,
tinha uma visão ampla das coisas de
desrespeitavam a religião, então houve uma
oportunidade, fui convidado a estar em uma
festa... ‘Neste barracão...’ Aqui havia sido
uma empresa que consertava maquinários
pesados, pode perceber que ainda hoje se
pode sentir certo cheiro de graxa e olho no
ar... Eu não queria vir, mas quando cheguei
aqui, me deparei com um lugar frio, úmido e
sombrio, perguntei a quem pertencia, e
aquele que havia me convidado disse que o
pai dele era dono do lugar, procurava vender,
mas talvez levasse anos, o nome dele era
Samuel, e eu perguntei a ele se ele sempre
fazia festas ali, e ele me disse que ás vezes
sim, mas na maior parte do tempo estava
abandonado, com exceção do escritório na
frente, onde sempre era limpo, então naquela
noite bebemos muito, e eu mostrei para ele
uma saída para as noites em que não se tem o
que fazer, e ele se empolgou... Dias depois eu
ainda acreditava que era apenas conversa de
bêbados, então me encontrado ele me falou
quando faríamos ser real o plano, e foi então
que passei a selecionar membros, no começo
eram apenas seis rapazes interessados e
poesias, ervas e ocultismo, mas pouco
interessados em trabalho, pois levou quase
uma semana para se construir um palco ali...
Não havia luz no barracão, por isso, tirando de
nossos bolsos o enchemos de grossas velas,
isso trazia um clima ainda mais sombrio, e
assim foi nossa primeira reunião, discutimos
sobre rebelião, isso se resumia a Satanás...
Alguns tinham trazido alguns poemas que
discutimos sobre eles um bom tempo, e antes
que percebêssemos a noticia sobre a estranha
comunidade corria pelos becos, e muitos
estavam interessados em participar, muitas
meninas, mas eu dizia, que um lugar sem leis
não deveria ser a estada de uma dama, pois
não havia proibições, e inacreditavelmente
isso foi o que mais atraiu as meninas, eu
segurei um bom tempo a iniciação delas na
comunidade, fui muito cobrado por isso, mas
eu não desejava cometer o erro de escolher
pessoas vazias sem conhecimento ou
sensibilidade, no principio, dentre os seis
acredito que eu era o único que havia lido um
livro inteiro, mas logo todos falavam como
verdadeiros conhecedores da literatura, então
eu sabia que não poderia moldar pessoas
mais, seria uma perda de tempo, precisava de
pessoas prontas, e foi o que eu fiz, nove
meses depois eu havia selecionado onze
meninas e cinco garotos, o total éramos onze
garotos e onze garotas, não por acaso, eu
havia escolhido os mais belos, decidi que essa
deveria ser uma exigência, ser belo e sábio, e
acredito que este foi o principio da
comunidade e quando o grupo se estabilizou,
eu não desejava mais ninguém, era o bastante
o numero de pessoas, e agora me chamavam
de mestre, e o nome a comunidade foi dado
por acaso, pois quando perguntavam o que
fazíamos, dizíamos que escrevíamos,
estudávamos e discursava-mos poesia, e por
isso nos chamaram de comunidade dos
poetas...
_E como era o convívio?
_Precisei de leis para manter a ordem...
_E como montou estas leis?
_Eu nunca fazia nada precipitado, esperava,
foi neste período que aprendi a estudar as
pessoas e seus comportamentos, chegou um
tempo que eu apenas olhava e sabia como
elas eram, e que decisão tomaria diante de
determinada circunstancia, por isso avaliei as
faltas por quase um mês, e para garantir
esperei mais um mês até tomar a decisão de ir
ao palco e falar a todos...
_Pode olhar para min?
_Claro...
_Me diz, o que vê em min?
_Vejo uma garota que acredita possuir o poder
e o controle baseado em sua vaidade e ego,
vejo uma garota que quer jogar, mas que vai
perder, essa é a única verdade...
_Pode ser... E então, o que disse a eles?
_Naquele dia antes de subir ao palco falei com
os pioneiros, mostrei a eles as leis, e eles
concordaram, e assim me levantei e disse:
“Hoje, para min é um grande dia, pois o
período de vossa experiência chega ao fim, é o
momento de confirmar os votos a nossa
comunidade, há uma lei para cada dama e
cavalheiro, onze leis deveremos seguir a partir
de agora, e todas estas leis terão influencia
em nosso dia a dia...

Primeira Lei_ Não haverá entre nós aquele que


a partir de agora possa falar ao estranho das
coisas desta casa, não haverá aquele que
pronunciara esta casa, nenhum segredo
haverá entre nós, mas nenhum conhecimento
desta casa será levado ao estranho, não
estamos aqui para salvar o mundo, estamos
aqui para fugir dele, e a primeira lei vem a ser
desde o principio chamada de a máscara,
nenhuma identidade será revelada a partir de
agora, e maldito seja aquele que quebrar a
primeira lei.

Segunda Lei_ Se fosse em outros tempos seria


chamada de a espada, mas como estamos em
dias insanos... Esta é a segunda lei, cada
membro tem como objetivo manter a mascara,
e se houver aquele que comente sobre nós o
objetivo é ignorar ou envergonhar este
individuo, de maneira que se este souber algo
sobre nós, o envergonhemos a ponto de sua
palavra perder toda e qualquer credibilidade,
mesmo nós provaremos aos demais que esta
comunidade acabou aqui, que ela nunca
existiu, que era um mentira, e esta será a
espada, feriremos com a vergonha todo
aquele que se pronunciar contra nós, e as
coisas desta casa ficaram para sempre nesta
casa, e não haverá aqueles que nos julgue e
condene por nossos livres atos.

Terceira lei _ Não haverá quem questione


estas leis, não os convidamos a estar aqui,
antes você desejaram estar, e aqui tornaram-
se livres, e estas leis serão para garantir que
todos sejam realmente livre, e não sejam
vistos como estranhos quando tornarem para
a realidade e os ignorantes supersticiosos os
olharem de forma estranha, julgando vos,
quando são tão belos a maneira que são.

Quarta lei _ Se acaso houver algo que os


desagrade, que este se levante e fale, pois
não haverá entre nós pessoas reprimidas que
amaldiçoa pelos cantos, não haverá intrigas
ou fofocas, não haverá interesses concretos,
pois aqui somos livres para vivermos da
melhor maneira, ninguém aqui pertence a
ninguém, ninguém precisa dar explicações a
ninguém, se for ferido, fira de imediato, não
incube a ira, mas não haverá violência entre
nós, a palavra é a pior de todas as espadas,
pois ela fere a alma, por isso são livre para
debater, eu não estou acima da lei, ninguém
aqui esta, não á patamares ou hierarquia
entre nós, há apenas conhecimento e a troca
deles...

Quinta lei _ Se acaso houver aquele que não


se sinta bem diante de alguma atividade da
ordem, poderá se retirar e fazer o que mais
lhe agrade, ninguém aqui esta obrigado a
nada, e não haverá aquele entre nós que
tentara persuadir alguém, todos somos livres
para ir e vir quando desejar, será duramente
repreendido por qualquer um aquele que for
pego tentado persuadir alguém, livre será
para falar de suas teorias, mas não haverá
aquele entre nós que tentará fazer de seu
mundo e de sua opinião o melhor para todos,
cada um de nós é um mundo, nele estamos
solitários, esta casa que nos recebe é apenas
um ponto de troca de opiniões
desinteressadas.

Sexta lei _ Nesta casa não haverá quem


julgue, aqui não zombamos uns dos outros, se
acaso algo lhe parece estranho e
desagradável, ignore respeitando a liberdade
de expressão, e se apoiando na quinta lei de
que ninguém poderá persuadir ninguém, não
zombamos, não discutimos apenas ignoramos,
se for o caso de expressar uma opinião
contraria, a expresse, mas nenhum dos que
debatem, poderão esperar estarem de todo
certo, e se estes insistirem, lhes daremos as
costas, pois aqui não desejamos comparar
nem saber quem é melhor ou pior, quem está
certo ou errado, mas se caso alguém se
interessar em conhecer a verdade, que seja
livre para perguntar a todos qual é a razão, e
se acaso virar um tumulto, será encerada a
reunião e todos terão a obrigação de
pesquisar sobre o assunto e nos trazer a
melhor opinião a respeito, mas será
compreendido que aquele que não conhece o
assunto que esta sendo debatido, não trás o
direito de debate-lo, isso para que não seja
visto entre os demais como aquele que fala
apenas palavras vãs.

Sétima Lei _ Respeitar para ser respeitado,


não há aquele que aqui levantara a voz irado,
não haverá aquele aqui que falará
obscenamente entre nós, somos um grupo de
cavalheiros e damas, e todos merecemos o
respeito de não ouvirmos nada que
envergonhe ao que diz e ao que ouve, por isso
nos trataremos com respeito, e seremos
tratados da mesma forma.

Oitava Lei _ Não a quem discuta assuntos com


relação á casa fora dela, pois o que somos
aqui não seremos lá fora.

Nona Lei _ Que todos conheçam os próprios


limites para não serem depois acusados pela
consciência, ser livre não significa se perder,
esta lei não é para cobrar dos demais, mas de
si mesmo.
Décima lei _ Se há algo que preze, algo que
não deseja que seja tocado, não o exponha a
comunidade, pois sei que há em cada um de
nós crenças e sonhos que não desejamos ver
desfragmentado, então não coloque algo tão
pessoal na roda de discussão, para que não
seja ferido na alma, pois aqui é o lugar onde
todas as coisas são desmascaradas
insensivelmente, por isso não espere de seu
companheiro a mesma atenção com a suas
coisas particulares, isso para que não venha a
ser desiludido.

Undécima Lei_ Todo ser é livre e poderá


desfrutar de liberdade, este é o lugar onde
todas as coisas são permitidas, o que se faz
aqui, aqui fica, serás livre a tomar qualquer
atitude, isso desde que não influencie na
opinião dos demais, desde que não influencie
na liberdade dos demais, desde que não
contrarie a opinião dos demais, antes que faça
só, a tentar persuadir alguém que não deseja
o mesmo, aqueles que não compartilham a
mesma opinião não poderão julgar aquele que
compartilha, e nos fim tudo será para o
melhor de todos em cada individuo, e se
alguém se dispor a compartilhar com alguém
uma opinião ou uma atitude, serão
respeitados pelos demais, e todos igualmente
seremos livres. E todas as leis se encaixam em
apenas respeito e liberdade.

_Realmente ignoravam e nunca julgavam ou


zombavam?
_Realmente, até que era divertido.
_E conseguiram aceitar as leis e seguir?
_Logo moldaram sua própria visão sobre a lei,
eram livres e respeitosos, esse era o objetivo,
no principio havia aqueles que tentavam
influenciar outros, e se magoavam quando não
eram bem aventurados, a lei exterminou com
estas coisas, todos falavam, e quando se
dirigiam a alguém que havia passado uma
opinião errada ao demais, ao contrario de
parecer uma repreensão, este dizia... “Acho
interessante este assunto, havia ouvido que
era desta forma, e não de outra...” Então se
ouvia a opinião, e não era raro na próxima
reunião alguém aparecer dizendo que alguém
tinha razão, nós passávamos boa parte de
nosso tempo livre pesquisando uma
diversidade de assuntos, logo éramos
precisos, não havia mais opiniões contrarias,
erros primitivos, agora dialogávamos sobre o
assunto e não se era verídico ou não, foi muito
bom para nós naquele período a lei, pois antes
de falarmos sobre qualquer coisa estudava-
mos muito, e isso melhorou bastante nossas
vida em principal para aqueles que
estudavam, pois devido ao costume
conseguíamos ler duzentas páginas em muito
pouco tempo, e claro formarmos uma opinião
digna de crédito sobre o assunto.
_Mas o que fazia, alem disso?
_Quase tudo em nós se baseava no estudo
sobre a religião, claro que isso sempre levava
a discussão sobre a cultura de determinados
povos, essa era nossa idéia principal...
_Mas eram livre, acaso não se entregavam a
nenhuma loucura?
_Claro havia loucuras, e em muitos sentidos da
palavra...
_Mas e as meninas?
_Acredito que ela sofriam com o molde social,
que define que garotas tem que ser
reprimidas e o homem sempre tomar
iniciativas, e por isso elas se fixaram quase
sempre na sensualidade, e isso começou após
uma subir ao palco e enquanto lia um poema
começou a se despir, e ao final de seu poema
extremamente sensual, mas nenhum pouco
vulgar, ela olhou para os demais e perguntou
quem desejava fazer amor com ela, como
éramos conscientizados a não agir com
desespero, uma das meninas levantou a mão,
e logo três dentre os rapazes, mas claro que
todos desejávamos ama-la, e assim, sendo
três rapazes, esta perguntou se todos
concordavam com que ela deveria escolher um
e que a outra menina escolhesse outro, para
que assim estivesse junto, e foi o que
ocorreu...
_E qual foi a reação daquele que não foi
escolhido.
_Não se pronunciar, mas subi ao palco, e
perguntei se alguém dentre as meninas o
desejavam para estar com ele, e duas delas o
desejou, então logo muitos se entregaram a
isso, e eis o propósito por que a lei mandava
não haver qualquer interesse pessoal, e eis o
motivo por que escolhi os mais belos e em
número exatos entre os sexos.
_Mas neste período... O que estava havendo
com sua paixão, e com a sua amiga...
_Franci e Ângela?
_É.
_Franci um dia foi até minha casa, eu havia me
mudado, mas ela disse que havia conseguido
o endereço com um de meus amigos, aquele
era um dia pálido, eu estava só em casa, não
tinha pretensões para aquele dia, era manhã
fria, quando ela chegou, eu estranhei mas a
recebi bem, e ela me falou o quanto eu estava
mudado e o quanto estava belo, e eu via que
ela não havia mudado em nada, se não,
parecia mais triste, mas ainda era bela,
cabelos ruivos e longo, os brilhantes e
sensuais olhos verdes, um corpo torneado,
feito para o prazer, ela era bela, realmente
bela, e devo confessar que quando ela se
sentou eu desejei deslizar meu corpo sobre o
dela, em uma relação tão intima que pudesse
sentir ela dentro de min, e jamais dela me
apartar, e ela me falou que havia errado em
desejar me ver prisioneiro no mundo dela, me
disse que talvez ela tenha levado muito tempo
para entender que havia me amado o tempo
todo, e antes que ela me dissesse mais uma
palavra eu a beijei, e saciei o meu desejo de
estar com ela, parecia que eu havia
acumulado aquele desejo uma eternidade, e
cada centímetro dela me pertenceu, ela amou
se entregar... Mas me disse que havia vindo
apenas se despedir, viajaria naquela noite, iria
servir a marinha no rio de janeiro, disse que
seria um tormento ficar mais um dia ali, mas
me disse que se eu quisesse poderia ir com
ela, ou levar ela para qualquer lugar, mas as
propostas dela sempre vinham no momento
em que eu não poderia partir, e ela chorou e
nos amamos novamente, e foi a última vez
que nos falamos intimamente, e ela partiu
dizendo que se um dia voltasse me queria
para sempre, sempre para nós era tudo ou
nada, para sempre ou nunca e sempre era
cedo ou tarde demais para tomar qualquer
decisão, e apenas dias depois eu percebi
quem eu havia perdido... Mas acho que
superei isso...
_Como?
_Fui até a escola de Ângela e a esperei na
saída do colégio, me deparei com o filho de
meu patrão que quis me falar algumas coisas
e eu o soquei, foi um péssimo dia, me
envergonho de bater e apanhar, a violência é
uma coisa desagradável para qualquer um até
mesmo para o violento.
_Falou com ela?
_Ela agiu estranho, mas me prometeu um
tempo para conversarmos. E dois dias depois
estávamos nos falando na praça, foi uma bela
tarde, eu a estudei, ela era tão perfeita... E eu
havia aprendido a mentir, e foi em mentiras,
fingindo desinteresse que a conquistei, nos
encontrávamos e falávamos de muitas coisas,
e foi quando eu mudei a situação, ao contrario
de procura-la, deixei que ela me procurasse, e
logo estávamos juntos, mas não era um
namoro, mas eu ofereci a ela um mundo
rebelde, onde tudo parecia ser possível, e ás
vezes não acreditava que podia olhar para
aquela criatura perfeita despida em meus
braços, o som da voz dela me acalmava, era
tão perfeito estar com ela... Mas então veio o
pior...
_E o que era pior?
_Acredito que o grande motivo que me
influenciou a iniciar uma comunidade foi
Ângela e Franci, pois Franci havia moldado a
poesia em min, Ângela havia a despertado, e
quando as perdi eu me senti tão só que me vi
atraindo pessoas para minha volta, e eis a
comunidade... Mas o pior, aquilo que ninguém
espera é que o conhecimento trás tristezas,
gera perguntas, te faz ver erros que não se
pode consertar diante do momento e da
circunstancia, logo você se vê só entre as
pessoas, e a comunidade foi afetada pelo
grande flagelo da depressão, nossas almas
ansiavam por novidades, nossas almas
desejavam a aventura, e logo se via nos olhos
de cada um a exigência, eles agora desejavam
um líder que os levasse para uma direção, que
dissesse no que deveriam acreditar, e eu fui
cobrado por isso, fizeram nas mentes a
imagem de um líder, e o horror é que esta
imagem era a minha, e logo o que eu dizia
passou a ser verdade absoluta, qualquer coisa
era feita para assim tentar cobrir o vago da
alma... Mas eu também o sentia, eu também
sofria com isso, e eu estava mais só, e o
mundo parecia estar sobre meus ombros, e a
tristeza é doença contagiosa e eu contagiei
Ângela, como um anjo de praga e morte, eu
levei morte a todos os lugares onde eu me
refugiava. Então Ângela passou também a me
cobrar, havia ouvido sobre a comunidade com
uma de suas amigas, que havia perguntado a
ela se ela sabia quem era o namorado dela, e
assim desejava fazer parte, mas eu a repelia,
em meu coração não desejava entrega-la aos
demais, lá eu teria que respeitar as leis, e
uma delas seria não levar a roda aquilo que
lhe corresponde a objeto sagrado, para que
assim não venha a se ferir, e eu pensava que
se ela fizesse parte eu nunca mais a teria por
inteiro só para min, mas ela estava pior, e
nestes dias brigamos por isso, ela dizia que
tudo na vida dela era para min, mas eu
ocultava dela muitas coisas, e brigados
passamos três semanas sem nos ver-mos, e eu
fui traído por meu próprio império, decorreu
na ordem qual seria liberdade de trazer um
novo membro a ser iniciado, eu fiquei
relutante, não queria mais pessoas, logo seria
muito difícil manter todos na linha, mas deixei
isso para que os demais julgassem, e mesmo
contrariando meu desejo tive que aceitar a
opinião dos demais, mas coloquei uma
questão, todos deveríamos ocultar os rostos
até que houvesse certeza de que o iniciado
realmente seria digno de estar entre nós, mas
o iniciado não o ocultaria, pois o principio de
tudo no julgamento era a beleza e o
conhecimento, e assim todo iniciado deveria
se apresentar nu diante de todos... E naquela
noite de máscaras, aquela deusa entrou, para
a amargura de meu coração... Ângela era
iniciada, e nua se mostrou diante de todos, ela
olhava para as máscaras, talvez buscasse o
meu rosto, e eu estava amargurado, e todos
vieram a min perguntar qual era minha
decisão, e baixo eu falei que a decisão era da
maioria para que a liberdade fosse mantida, e
todos a receberam, me lembro de naquela
reunião ter saído mas cedo, desejava
caminhar, minha mente estava atormentada
pelas cenas que poderiam estar acontecendo,
eu a odiei, mas agora não poderia guardar
nenhuma opinião, afinal era um membro da
comunidade, fui para casa e bebi até cair
como morto em minha cama, na manhã
seguinte acordei bêbado, o álcool ainda corria
pelas veias, e novamente eu enchia a cara,
não conseguia pensar em nada, então ao fim
da tarde quando a bebedeira da manhã estava
amena, olhando para o espelho eu disse para
min mesmo, “se há algo que preze, algo que
não deseja que seja tocado, não o exponha a
comunidade...” Eu tomei um banho e morri
por dentro para que nenhum sentimento
houvesse em min, e na próxima reunião eu
estava lá, e ela veio a min, perguntou se eu
era o mestre daquela comunidade, e eu disse
que não, não havia hierarquias na
comunidade, então ela abaixando a cabeça e
depois levantando, como se quebrasse todas
as máscaras ela foi direta, e disse, “então é
por isso que não queria que eu estivesse aqui,
você é um crápula, com quantas destas você
esteve?” Eu olhei para ela, tirei minha
máscara e friamente falei, se não pode
respeitar as leis, não poderá desfrutar de
nossa liberdade, aqui você não é Ângela, para
começar você nem te nome, é apenas um
espírito livre que faz o que desejar... E ela
falou “então neste momento eu desejo falar
sobre nós...” E eu olhei para ela e disse, podes
fazer o que bem desejar doce dama, isso
desde que respeite a liberdade dos demais, e
eu respeitarei a sua liberdade de falar, mas
isso não quer dizer que sou obrigado a ficar
aqui para ouvir, agora se me der licença
desfrute do que desejar, e ela disse que iria
desfrutar. Eu coloquei minha mascara, e
caminhei para longe dela, depois disso, ela
aprendeu muito bem a jogar com a lei, ela se
tornou a mais bela e cobiçada dentre as
mulheres da comunidade, e subiu no palco e
depois de declamar um poema disse que
estava solitária e precisava de uma
companhia, eu sabia que ela não me aceitaria
mesmo que eu levantasse a mão ela estava
magoada, me via como um depravado, e
vários expressaram a sua vontade de estar
com ela, e ela escolheu um, e ambos por três
dias ficavam juntos, amavam-se...
_E você aceitou isso?
_Eu não estava acima da liberdade.
_Você criou a comunidade...
_A comunidade não era eu, a comunidade era
todos, e meu desejo não iria prevalecer sobre
a liberdade.
_Como conseguiu?
_Acreditamos que não somos capazes, mas a
maior de todas as maravilhas do homem é a
capacidade de se adaptar. E passando o
período de iniciação foi citada as leis
claramente para ela, e as leis desta forma
rústica foi melhorada sobre as mesmas bases,
Ângela passou a ser a estrela brilhante
naquele lugar sombrio, todos ficavam em
torno dela, todos falavam muito bem dela,
todos desejavam estar no lugar daquele que
era escolhido para ama-la, e o mês se passou,
neste período eu já tocava bem meu violão, e
apresentava minhas composições para os
demais, não recitava mais os poemas, agora
eu os cantava, neste período tomei aversão as
rimas, preferia o livre e escancarado, então vi
tristeza no olhar de Ângela, arrependimento
talvez, mas eu já havia perdido a conta das
vezes que havia amargurado por ela, por isso
havia me tornado frio, e ela vindo a min
perguntou como eu estava, eu disse que bem,
e ela me perguntou se queria acompanha-la
aquela noite e eu disse que não, ela disse que
desejava caminhar comigo, conversar, e eu
disse que não, e ela se afastou, então em
outra reunião ela me esperou a entrada, disse
que desejava falar comigo, e novamente eu
recusei, mas ela falou que seria ali que ela
diria, chamei Samuel o fraterno que a havia
trazido e disse para que ele cuidasse da prole
dele, pois esta estava me perseguindo e
desrespeitando a lei de liberdade, este a
chamou para conversar, e ela me acusava de
ser insensível, e depois que Samuel falou com
ela, ele veio a min dizendo que desejava falar
e pedia para que desta vez eu pudesse ouvir
mesmo que não desejasse, então ele me
perguntou como poderia eu ter-la aceitado se
esta tinha qualquer parte comigo, e eu falei
que isso não tinha provindo de min, que
sempre fui reprimido a decisão de aceitar
novos membros, e não sabia que o novo
membro era mulher, nem que desrespeitava a
ela, então ele me disse que se eu disse não
todos estariam comigo, mas me acusou de não
ter me pronunciado, e eu falei que a única
coisa que me havia sido tirado no momento
em que ela pisou ali foi o mais sagrado, o
motivo qual quase minha existência se
limitava, e eu respeitei, e o que tinha eu agora
com o passado, pois eu mesmo a havia
recusado no principio, e Samuel disse que ela
havia pensado que eu havia estado com todas
aquela meninas, e perguntando a ele a alguns
dias por que todos tanto me ouviam
respeitavam, Samuel havia respondido que
apesar de toda liberdade que me era
permitido desfrutar, eu havia negado toda ela
para ser realmente livre, disse que ela ficou
pálida e perguntou se eu não havia ficado com
ninguém, então ele disse que não, e neste
momento ela havia chorado amargamente,
pois pelo ciúme havia me odiado e tomado
escolhas de quais havia se arrependido, mas o
arrependimento não havia sido grande até
aquele momento, e eu perguntei apenas o que
eu tinha com isso e me retirei.
_Por que agiu assim?
_Ela não quis saber, ela apenas me julgou
desde o principio.
_Mas ela não lhe perguntou se era por aquilo
que você havia a mantido longe?
_Ela não queria uma resposta, ela não
acreditava mais em min, ela quis apenas jogar
aquilo na minha cara, e eu não poderia dar
corda para uma atitude insensata.
_E depois, o que houve?
_Ela perdeu o brilho, vivia sempre triste, e a
comunidade me pressionou, queriam um líder
declarado, e disseram que se não fosse eu
então escolheriam outro, e eu disse que
deveriam escolher outro, e então em votação
qual eu não participei escolheram Samuel
como líder, e logo éramos adoradores do
demônio...
_Passaram a adorar uma divindade?
_Apenas loucura, mas todos eram adoradores
de satanás agora, e eu comecei a faltar as
reuniões, tudo que prevalecia agora era uma
forte religiosidade pela casa, e logo em
buscas de contatos imediatos com a divindade
promoviam festas, chegaram a insanidade de
até ofertarem sangue em sacrifício, não era
incomum agora encontrar sangue de porco em
sacrifício, afinal não era fácil cortarem-se
todas ás vezes, uma forma de alto flagelo...
_E Ângela também se converteu.
_Ela me parecia muito entusiasmada com a
idéia, o prazer agora era um louvor...
_E como se sentiu?
_Sabe por que eu desconfio do perfeito?
_Me diz...
_Por que quanto mais perfeito se é mais longe
se vai, tanto para a perfeição quanto para
queda e o caos... E não saciados pelos
sacrifícios, logo foram adornados por formas
alternativas, e as drogas eram asas sedutoras
e plumosas, se sentiam menos solitários
quando se drogavam, parecia que o mundo
perdia toda a monotonia real das coisas, era
um mundo novo e tudo estava ligado, tudo
tinha um motivo, e este motivo quase sempre
era hilário... E eu apenas me afastei, não
conseguia rir, mesmo que lúcido acredito que
tudo seja apenas uma comédia de mau gosto,
e o tempo passou... Ângela havia se perdido,
odiava a realidade, poucas vezes podia se vê-
la em plena lucidez, e eu observava aquilo,
então certo dia ela veio até min, eu estava
sentado a beira do palco, todos conversavam
a distancia, e ela chegou, trazia ódio no olhar
e disse, “você se acha muito perfeito não é,
acredita que pode escolher o que quer e o que
rejeitar? Ora, todos nesta casa o amam, você é
espelho, o senhor da liberdade... Você na
verdade é um idiota, se acha... Mas é apenas
um idiota que acha que esta acima de tudo e
de todos. Então senhor perfeito, mestre...
Qual será o sermão de hoje?” Dizia no mais
profundo ar de deboche...
_E o que você disse?
_Apenas me retirei enquanto ela me falava um
monte de asneiras, fui falar com Samuel, e
pude ver ela saindo com outro, mas eu já não
me importava.
_E o que conversou com Samuel.
_Nada de importante, ele me perguntou por
que eu sempre estava distante, e eu disse que
era apenas um faze, isso para não dizer que
toda vez que vinha tinha mais certeza de que
não deveria voltar.
_Por que acha que ela tanto desejava o
ofender?
_Não sei, mas isso também nunca me
importou, o que mais me doía era olhar para
ela e não ver o brilho que vi no primeiro dia
em que a olhei, isso era triste, mas mesmo
odiando estar entre eles eu sempre voltava...
_E por que voltava?
_Acho que por ela talvez, queria olhar, não era
amor, mas eu me preocupava, pensava que a
qualquer momento ela iria cair em si, olhar
para min e entender algo que nem eu
entendia, e eu esperei, mas nada acontecia...
E foi então que veio a decadência completa,
eu havia escolhido os mais belos, e agora
eram apenas fantasmas pálidos e magricelas,
gestos irritantes e fala mole, e foi então que
ela caiu em meio a roda, desmaiou, havia algo
ainda dos primeiros dias, pois todos ficaram
em silencio e observavam, logo olharam para
min, eu estava sentado no palco, tocava meu
violão, sem deixar transparecer qualquer
paixão...
_Por quê?
_Não queria me mostrar preocupado, e talvez
não estivesse, mas caminhei até lá certifiquei
que havia pulso, e a trouxe para o palco onde
a deitando pus cabeça dela em meu colo, e
assim ocorreu esta cena, foi silenciosa, apesar
dos olhares não houve quem falasse algo, e
quando eu disse que estava apenas
desmaiada logo voltou o assunto entre todos,
e eu os observei em suas vidas preto e
branco, e olhava para aquele fantasma
deitado com a cabeça em meu colo o fantasma
da criatura divina que um dia amei, e quando
ela acordou todos já haviam partido, e ela se
deparou com o barracão sombrio sob ás luzes
tristes e laranjadas das velas, e eu...
_E qual foi á reação dela.
_Disse que havia sonhado comigo... Então eu a
deixei lá e fui até a lanchonete do posto e
comprei uns salgados e refrigerante, e assim
comemos em silencio, até que ela falou
quando se sentiu melhor, “realmente segue a
risca as leis de nunca julgar apenas ignorar,
acho que se fosse eu estaria lhe dizendo agora
‘olha só no que deu’”.
_Por que não falou nada?
_Não havia nada para dizer.
_Não era o momento de mostrar um novo
caminho?
_O que menos se precisa quando acaba de se
surpreender com o destino que escolheu, é de
um sermão. Então ela me pediu para deitar-se
novamente em meu colo, e ali ela ficou até
que decidiu ir.
_Ela não falou nada mais.
_Não, não havia nada para ser dito.
_E depois como foi?
_Ela pareceu se acertar, voltou a engordar,
estava bela novamente, mas estava triste,
então aos pouco começamos a trocar algumas
palavras, certa tarde até caminhamos pelo
parque, ela me perguntou o que eu achava da
comunidade, e eu disse que assuntos da
comunidade ficavam na comunidade, e ela riu
dizendo que eu era muito sério com tudo,
disse que eu deveria relaxar um pouco, mas
eu não disse nada, e eu pensava que ela
estava bem novamente, ela até sorria... E logo
ela retornou a sua beleza original, e na
comunidade declamava poemas tristes, mas
belos, até me pediu para dedilhar o violão
todas as vezes que ela ia falar, e logo a
comunidade pareceu entrar nos eixos
novamente, até arranjaram um piano... Mas
isso foi apenas o último suspiro antes do fim,
um respiro profundo antes do mergulho...
_E o que houve?
_Mesmo as drogas já não oferecia prazer nem
fuga, e todos tiveram de se deparar com um
amanhecer sombrio e decadente, e todos
sabíamos que melhor era a morte á mais um
dia vivo, e mesmo assim insistíamos, então
uma tarde me encontrei com Ângela no
parque, ela me falou sobre a vida, disse que
tinha planos, estava sendo até otimista, e ao
fim parou e me perguntou se eu não a amava
mais, e eu não respondi a isso, tentei mudar
de assunto radicalmente, então ela ágil como
se estivesse na comunidade e me estendendo
a mão perguntou, “quer ser minha companhia
hoje, amanhã e sempre?” Eu olhei para ela e
continuei o assunto ignorando o ato e ela
corou depois os olhos ficaram úmidos e
lágrimas silenciosas jorraram, e ela foi
embora, depois disso por duas semanas eu
não a vi, sem saber que não a veria nunca
mais, nem um retrato eu tenho para lembrar...
Ela suicidou-se e isso foi um grande e sombrio
impacto contra a comunidade já abalada, uma
sombra negra se instalou no barracão,
parecíamos sentir morte todo tempo, e neste
período, todos fugimos buscando abrigo, um
esconderijo seguro, pois havia um espectro
mórbido seguindo nossos passos, e nós nos
tornamos malditos, “os dias do ceifeiro”, e
não demorou muito a comunidade chegou ao
fim, algum se mudaram, pois não conseguiam
viver mais aqui, houve quem fugiu, mas
mesmo longe seguiu o exemplo de Ângela,
outros se entregaram a ilusão até ela os
levarem, não houve quem deste período não
saiu marcado pela morte, e não há quem esta
livre do sentimento lúgubre que nos assolou.
_E como você pode sobreviver a isso?
_Sobreviver, é uma palavra que sei bem o que
significa... Mas na verdade de alguma forma
eu não sobrevivi, estou morto aqui entre as
paredes sombrias deste barracão.

Segundo Capitulo

“Samuel”
“A comunidade dos Poetas”

_Como conheceu Eliaquim?


_O mestre?
_Por que você o chama de mestre, não era
você o mestre da comunidade?
_Em palavras sim, mas o que ele dissesse
ninguém questionava.
_Por que isso?
_Todos éramos fiéis a ele, o respeitávamos e o
seguíamos cegamente.
_ E como o conheceu?
_Eu estudava a noite no mesmo colégio que
ele, apenas uma série acima, nós neste
período não havíamos sido apresentados, ele
tinha os amigos dele, mas amigas que amigos,
acho que ele não gosta de homens nem para
conversar, claro a exceções... Parecia distante,
ás vezes quase metido, andava sempre com
uma garota ruiva, acho que o nome dela era
Franci, não havia quem não a cobiçasse,
sempre usava roupas coladas que definiam
suas belas formas, era uma garota que
qualquer um faria qualquer coisa para tê-la
nos braços, mas ela como ele era estranha,
afastada, certo dia cumprimentei ela, isso por
que eu estava namorando uma menina que a
conhecia, ela me pareceu bastante
inteligente, não havia algo que ela não tivesse
uma opinião formada e digna de crédito, eu e
alguns colegas muitas vezes passava-mos pela
porta da sala dela, só para vê-la na hora do
recreio, mas ela sempre estava na companhia
de Eli...
_Quem?
_Eli... Era assim que o chamávamos, quando
não o chamávamos de mestre.
_O chamavam de todo poderoso?
_Esse era o objetivo... E ela sempre estava
com ele, ambos exerciam grande poder sobre
o outro, pareciam ter sidos moldados um para
o outro estranhamente como faces da mesma
moeda, quando ela faltava ás aulas, ele
também faltava, e isso só poderia significar
que ambos estavam juntos, alguns de meus
amigos tinham raiva dele, pois ele era
distante e mesmo assim havia conquistado o
melhor, mas eu nem me importava, achava
que eles tinham apenas inveja, e eu não era
assim tinha meu próprio mundo e minhas
próprias conquistas, mas devo confessar que
Franci era um de meus desejos ocultos,
cheguei até a ter um sonho obsceno com ela,
não havia quem não a desejasse, mas apesar
de bela ela parecia meio triste, eu percebi que
era diferente a forma que o mestre olhava
para ela.
_Como assim?
_Todos a olhavam interessados no belo corpo,
na bela face, os lábios vermelhos e os
profundos e sensuais olhos verdes, ela era
uma linda e original ruiva, se destacava na
multidão por sua beleza, ela era a imagem da
deusa do amor e do prazer... Mas ele a olhava
com respeito e mesmo com ela ele sempre
parecia estar discutindo um assunto direto e
com fundamento, e ela sempre conversava
com ele sobre coisas da vida, livros e por ai
vai, pareciam elaborarem planos... Mas
realmente fomos apresentados quando eu
promovi uma festa no barracão de meu pai,
achei um lugar legal, por um amigo que o
conhecia pedi que o convidasse, estava
curioso para saber quem era ele, o que ele
fazia... Ele desperta certo interesse, parece
sempre onipotente, seguro, e eu achei que um
amigo assim seria interessante, e na festa
conversamos, ele falava sobre coisas que eu
não sabia, coisas simples que estavam aos
meus olhos e eu não via, e eu fiquei fascinado,
então ele me falou que poderia haver um
lugar onde se pudesse fazer o que se quer na
companhia de outros sem que ninguém jamais
viesse a lhe julgar, sem que jamais alguém
viesse a zombar, e ele olhou para min e disse
chega de negar o que realmente você é, chega
de esconder as palavras que há tempo deseja
expressar, estaremos lá para ouvi-lo...
Estávamos bêbados, mas aquilo me pareceu
tão forte, tão livre, e ele me falou com tanta
certeza que se fosse outros tempo talvez eu
me curvasse e o compreendesse como um
deus.
_Ele despertava tudo isso?
_No bom sentido ele era e sempre foi um
manipulado, ele te olha e sabe o que você
quer ouvir e como deseja ouvir, e conhece o
tom de voz a ser usado para cada ocasião...
_E como isso poderia ser claro?
_Vou tentar me expressar de maneira clara...
Digamos que você pode manipular alguém a
fazer o que você quiser, desde que conheça a
formula, se você exigir, o orgulho poderá
impeli-lo a não fazer, se você obrigar pela
força então sua sabedoria se perdeu, se você
pedir podem lhe negar, mas se você pedir de
maneira que o ouvinte se sinta importante em
lhe servir, este alegremente o fará, muitas
vezes no intimo até lhe agradecerá por tê-lo
escolhido, e é nesta parte que entra a
manipulação...
_Então ele lhe fazia sentir importante?
_Na verdade ele me fazia sentir-me livre,
diferente de todos que nos trazem um plano,
ele nos fez acreditar que o plano que ele
elaborou era o nosso plano, ele mantinha o
domínio todo tempo e sobre tudo, mas nós
acreditávamos que o controle estava em
nossas mãos, e quando ele negava o controle
nós nos alegrávamos e mais o amávamos. E
foi assim que ele me convenceu, eu consegui o
barracão, estava empolgado, mas não o
encontrava, até que o vi e perguntei se o
plano ainda estava de pé, e foi então que ele
disse que sim, e começou a seleção de
membros, ele os escolheu desde o principio, e
eu poderia ir para qualquer lugar com ele,
nossas vidas era um livro aberto, mas nada
sabíamos da dele, e o seu constante mistério
nos atraia e logo éramos vinte dois membros,
eu até agradeci depois por ele tê-los
escolhido, ele escolheu a meninas mais belas,
e elas seguiam um padrão de beleza...
_E como Eli tratava as meninas?
_Ele mantinha um relacionamento formal, mas
nunca permitia que o assunto ficasse pessoal,
e mesmo quando elas se insinuavam para ele,
ele desviava o percurso, depois vim a
entender que ele estava apaixonado...
_Por Franci?
_Não... Por uma menina chamada Ângela... Eu
a conhecia.
_Como a conheceu? Eu freqüentava um circulo
de amigos, nós aos fins de semana fazíamos
churrasco na casa de alguém, apenas a
garotada, muitas meninas iam, depois que
conheci o mestre achava chato estas reuniões,
éramos garotos de classe média alta, se é que
se pode definir isso nesta cidade, o assunto
quase sempre era o carro ou a menina, e foi
neste circulo que conheci Ângela, acho que
quando a conheci ela ainda não conhecia bem
Eliaquim, e o tempo passou, e um dia um
velho amigo me convida para um churrasco,
eu estava hesitante, mas acabei por ir, queria
que meus amigos da comunidade estivessem
lá, mas acho que acabaríamos fazendo do
churrasco uma grande celebração ao prazeres
carnais... Bem, mas por acaso começou-se o
assunto sobre religião, alguém havia se
convertido e agora estava tentando converter
os outros, e um ria dizendo, “a igreja é um
comercio...” Devemos julgar que o que falava
não sabia nada a mais alem desta frase, se
perguntasse por que ele dizia aquelas
palavras, com certeza, confundido seria
envergonhado, mas me perguntaram sobre a
religião qual se discutia, e eu disse “Como diz
meu grande amigo Eliaquim, eu prefiro um
pássaro na mão que outro que eu nem vejo
voando.” E me perguntaram o que significava,
e eu disse que preferia viver minha vida hoje
que a negar por uma inserta depois da morte,
todos riram e alguns me perguntaram quem
era este Eliaquim, e eu disse apenas que era
um amigo, e muito pediram para que eu o
levasse um dia ao churrasco, e mais
afogueados ficaram quando disse que tocava
violão... E quando eu estava me dirigindo para
partir, veio aquela linda garota, sinceramente
ela eu acredito que seja a garota mais bela
que eu já vi com exceção de Franci é claro, era
tão bonita que parecia que iria quebrar ao
mais suave toque, e eu confesso que fiquei
feliz ao vê-la me chamar...
_E o que ela queria?
_Me perguntou se Eliaquim era o mesmo que
ela conhecia...
_E qual foi sua atitude?
_Fique meio desconsertado, acho que olhando
para ela já havia feito planos, eu pensava
apenas no que meus amigos diriam quando
me vissem na companhia de uma garota tão
bonita, mas enfim... Ela me falou sobre ele,
mas disse que não o via há tempos, e foi ai
que começou um jogo sombrio da parte dela,
acho que ela aprendeu a fazer jogos sombrios
com ele, pois ela me levou a falar da
comunidade, saiu comigo para bebermos, se
aproveitou de minhas esperanças em tê-la,
para conhecer a comunidade...
_E você a teve?
_Não antes dela ter se filiado a comunidade.
_E como ela se filiou?
_Ela falava sobre muitas coisas, sabia sobre
muitas ordens, até havia se filiado a uma
ordem importante, e eu acreditei que era a
pessoa certa para estar entre nós, talvez eu
estivesse apaixonado por ela e a quisesse de
qualquer maneira, e na ordem eu teria uma
chance maior, então falei com algumas
pessoas sobre a filiação de novos membros, e
depois levei o assunto ao mestre.
_E qual foi a atitude dele?
_Me disse que não era boa idéia.
_Ele sabia de quem se tratava?
_Não, não disse quem era, apenas quis
levantar uma vaga, e tanto insisti que ele
falou que a decisão seria da maioria, e disse
que para que fosse mantido em sigilo nossa
identidade, usaríamos uma máscara para
ocultar a face, isso caso durante o período de
julgamento o novo membro não nos parecesse
conveniente... A parte que mais me atraiu foi
a exigência que ele fez, mesmo não sabendo
se era masculino ou feminino o membro que
viria, disse que este deveria se despir, pois só
aceitaríamos um membro rico em beleza e
conhecimento.
_E como Ângela se portou diante desta
decisão?
_Ela disse que não sabia, mas me perguntou
de quem havia vindo esta exigência, e eu
disse que do mestre Eliaquim, e foi então que
ela aceitou, e diante de todos, ela se despiu,
ela realmente era bela...
_E qual foi a atitude de Eli, quando a viu?
_Não sei ao certo, ele trazia um máscara na
face e isso ocultava qualquer emoção, mas ele
partiu cedo naquela noite, e reuniões depois
eu os vi discutindo num canto, ele me pediu
para controlar minha prole.
_E o que aconteceu então.
_Eu disse para Ângela que se ela quisesse
ficar deveria respeitar as regras, já que ela
estava ainda sob julgamento.
_E qual foi a atitude dela?
_Me pediu para leva-la para casa quando tudo
terminasse, mas no caminho ela quis ir até
minha casa, á bebemos e ela dormiu comigo.
_Você tiveram algum relacionamento?
_Sim e foi a noite mais perfeita de toda minha
vida. Mas quando ela acordou no outro dia me
perguntou se poderíamos fingir que aquilo
ocorreu na comunidade...
_E por que ela perguntou isso?
_Por que se fosse na comunidade não haveria
compromissos entre nós, ela não queria
nenhum compromisso e nesta pergunta ela
deixou isso claro.
_E vocês se relacionaram outras vezes?
_Algumas vezes depois, e tanto na
comunidade quanto em minha casa, mas ela
não queria nada comigo, sempre que o mestre
chegava ela mudava, não tirava os olhos dele,
o amava e odiava, e na duas opções o
perseguia.
_E como estava Eli neste período?
_Distante, observava tudo friamente, eu acho
que ele nunca a amou...
_Por que diz isso?
_Ele observava ela se entregar aos outros e
não deixava transparecer qualquer
sentimento, parecia gelado, seu olhar frio ás
vezes me provocava medo, ele parecia ser
capaz de qualquer coisa, acho que mesmo
matando alguém aquele olhar gelado não
mudaria...
_Acha que ele e capaz de matar?
_Foi apenas uma colocação, mas existem
muitas formas de se matar alguém.
_Exemplo?
_Lentamente, em cada atitude, sem tocar, sem
ferir a superfície, e quando a pessoa morre,
ela apenas cai para não se levantar, mas
morto já estava o espírito a muito tempo.
_Acha que foi isso que houve?
_Eu não acho nada apenas estou expressando
vagamente.
_E como Ângela agia por esse período?
_Ela passou a ficar com vários rapazes, acho
que até com algumas meninas, por este
período o mestre já começava a faltar
reuniões, todos queríamos que ele fosse o
líder, e tentamos em uma atitude desesperada
vincula-lo a nós, e dissemos a ele que
desejávamos um líder, mas mesmo com a
pressão ele não pareceu se importunar, e
disse que levantasse-mos um líder entre nós,
e eu fui eleito.
_E o que fez na liderança?
_Certo dia o mestre foi até minha casa, lá ele
esqueceu uma pasta, eu a abri e comecei a ler
algumas folhas, eram paginas digitadas a
respeito do que era satanismos, como iniciar,
adorar, e um vasto conhecimento sobre
demonologia, algo tão grande que descrevia
em partes o motivo e a batalha antes da
queda, com os papéis estava um grosso e
negro livro, eu estudei aquilo por dias, ele
nem se preocupou em ir buscar, depois
quando telefonei para ele avisando que a
pasta estava lá ele disse que eu poderia ficar
com aquele material, o dia que ele desejasse
ler, então ele viria e pegaria de volta. Dias se
passaram, e eu estudei aquilo
profundamente... Certa noite o mestre veio
até min e falou, “olhe para eles, você é o
grande líder que eles levantaram, cabe a você
mostrar um novo caminho.” Eu estava com o
conteúdo daquele material exalando de min, e
eu o firmei na ordem e todos o acolheram.
_Acha que houve manipulação?
_Não sei, mas ele não faz nada por acaso
quando esta certo de quem somos,
conhecendo o campo ele sabe qual será o
próximo passo de todos aqueles que estão
nele, mas depois ele parecia não se agradar
naquilo...
_Ele fez parte do culto?
_Não, nunca se pronunciou sobre ele, apenas
observou, e pela lei não poderíamos
influenciar ninguém.
_E Ângela?
_Ela era uma de minhas mais fiéis companhias,
se entregou por inteiro a nova filosofia,
enquanto o mestre apenas observava, mas
nós exageramos, ela não comia mais, nem
conseguia dormir, se drogava todo tempo, se
tornou mau humorada e rebelde com todos os
amigo, não conversava mais com o pai...
_E a mãe dela?
_Ela foi criada pelo pai, a mãe dela havia
fugido com o amante isso quando Ângela
ainda era uma criança, e neste período isso
veio em cheio a afetar, ela se sentia só e
desprotegida, as vezes se sentava num dos
cantos do barracão e se drogava olhando para
o lugar que o mestre costumava se sentar, ás
vezes torpe ela o amaldiçoava, outras vezes
apenas chova, outra dizia coisas baixinho,
acho que ela estava atormentada... Então um
dia enquanto conversávamos, ela desmaiou,
todos ficamos sem reação, não poderia ser
overdose, e todos em busca de respostas ou
salvação olhamos ao mesmo instante para o
mestre...
_E qual foi a atitude dele?
_Parou de dedilhar seu violão, caminhou
lentamente até ela e depois de conferir se ela
estava bem, pegando-a no colo ele a deitou
sobre o palco e pos sua cocha sob a cabeça
dela, e tornou a dedilhar seu violão, e nós
estranhamos isso, mas não discutimos apenas
voltamos a conversar, essa era a lei...
_Essa era a lei?
_Era...
_Mesmo que ela estivesse morta a lei não
seria quebrada?
_Não havia como quebrar a lei.
_Eliaquim exercia tanto poder assim sobre
você?
_Não, mas a lei sim, ela era a única forma de
liberdade real.
_E se acaso quebrassem a lei, o que ocorreria?
_Ninguém jamais quebraria a lei, apenas isso,
a lei real não era a lei, a lei real era jamais
quebrar a lei, e cada palavra tem um
significado bem mais complicado do que se
poder entender simplesmente com apenas
uma olhada, pois não eram palavras, era
nossa liberdade.
_E o que houve depois.
_Nós conversamos e fomos embora, o mestre
ficou com ela, não sei o que ele fez, mas na
outra reunião ela era outra pessoa, estava
bela e segura novamente, pensei que eles
haviam voltado, mas os vi distante, poucas
palavras trocavam, ela desejava falar, mas ele
estava pouco interessado em ouvir, mas não
era de forma alguma rude com ela, a tratava
como tratava os demais, com paciência e
tranqüilidade, dizia apenas o que era preciso,
nenhuma palavra a mais... E ela voltou, estava
bela novamente, era a garota que eu havia
conhecido um dia, tornou-se um raio de luz na
escuridão da comunidade, acho que ele a
salvou de alguma maneira, mas ela o queria
novamente, os olhos dela denunciavam isso
em todo momento em que ela o olhava.
_E você a amava?
_Sempre amei, mas não poderia jamais
conquistar aquele olhar para min, ela o
adorava como se ele fosse um deus, o pior é
que ele nem era o mais belo dentre nós,
sempre foi bonito, mas o que atraia era forma
com que ele nos tratava, ele nos mantinha
pela palavra, e até no mais tolo assunto ele
nos deixava fascinado com sua opinião... Ele
era sedutor como um demônio.
_E por que acha que ele se mantinha distante?
_Acho que se ficássemos muito próximos logo
perceberíamos falha, e era estas falhas que
ele ocultava sob o mistério, quando ele falava,
e como ele falava, ele dava ênfase e nos fazia
sonhar mesmo com a vida mais simples, mas
ninguém é capaz de fazer isso para sempre
sem que um dia alguém exija algo concreto, e
acho que era isso que Ângela queria, algo
concreto dele, mas ela mesma o havia
decepcionado...
_Acha que olhar para o sofrimento lento e
diário dela era uma forma de vingança?
_Talvez, mas quando se passou dos limites ele
a fortaleceu, talvez quisesse jogar mais um
pouco...
_Como assim?
_Ele me disse que a experiência mais atraente
é a de manipular a mente humana, ele sempre
foi atraído por isso, jogos psicológicos, ver até
onde se pode ir quando não há mais saída...
_Acha que ele fez dela um de seus jogos?
_Ás vezes penso que sim, e se foi, este foi o
maior de todos os jogos, pois ele mesmo a
queria, mediu força com ela e ela cedeu...
_Como?!
_Ele poderia ter levado ela para casa, batido
nela, ou exigido que ninguém tocasse nela,
poderia ter contado a verdade, e dizer que por
ela ele jamais se entregou as outras, mas acho
que ele deixou ela correr para que ela
percebesse que não havia outro se não ele...
_E ela percebeu?
_Ela não respirava sem ele, ela o odiava mais
não podia ficar longe... E ele deixou ela correr
até que ela não agüentou a pressão, ela quis
voltar varias vezes, mas ele não deu
importância, ele mostrou para todos nós que
ela sem ele perdia todo e qualquer brilho, e
confirmou o seu poder sobre ela quando ficou
aquela noite ao lado dela, e no outro dia ela
mudou completamente... Mas acho que ele
não se saciou, ou não percebeu que estava
indo longe demais, sei apenas o fim disso
tudo...
_E qual foi o fim?
_ “Não existe motivo por que o próprio motivo
me abandonou.”
_O que isso quer dizer?
_Esta foi a frase que ela escreveu antes do
suicídio.
_Era para ele?
_Ela entendeu, e ele moveu mais uma peça no
jogo... Cheque Mate... Ela quis jogar, ela
acreditou que poderia enganar e manipular
como ele, e confesso que consegui me
manipular, e ele viu nisso a vaidade dela, e ele
mostrou para ela que ninguém é tão belo e
ninguém é tão sábio, e acredito que ela tenha
entendido isso antes de tirar a própria vida.
_E ele?
_Acho que soube dias depois, o corpo dela
havia sido levado para outro estado, onde foi
sepultada, o pai dela não resistiu e também se
mudo, precisava dos parentes naquele
momento, e acho que o mestre soube por uma
prima dela, em verdade ele não se
pronunciou, por dias não apareceu...
_E a comunidade?
_Todos estávamos seduzidos pela atitude de
Ângela, éramos um tumulo ambulante, todos
estávamos sepultados em nós mesmos, e nos
parecia tão fácil, eu mesmo bebi tanto
naqueles dias que fui parar no hospital em
coma alcoólico, depois fui mau aventurado em
uma tentativa de tomar veneno, isso por que
foi interrompido, e a partir daí a família me
vigiava todo o tempo, quase me mandaram
para uma clinica, mas houveram aqueles que
conseguiram, houve quem se envenenasse,
houve quem se matou em uma ação que ficou
como acidente, mas nunca é acidente quando
você dirigi bêbado a cento e oitenta
quilômetros por hora em uma estrada, isso é
suicídio, e houve quem drogou-se e voou tão
longe que não conseguiu voltar... Foi
melancólico e trágico o fim da comunidade,
estava-mos horrorizados, havia medo todo o
tempo, havia tristeza e desespero, nem
conseguíamos mais conversar tranquilamente,
e levou muito tempo até que pudéssemos
falar novamente da comunidade, acho que
sete anos se completam, anos de profundo
tormento, uma perseguição insana, todos
acabamos loucos, assinalados pelo maldito.
_E Eliaquim?
_Deve estar por ai em mais um de seus jogos.
_Mas ele foi á comunidade depois do ocorrido?
_Por duas vezes, nos olhou sem paixão, todos
esperávamos que ele nos mostrasse um novo
caminho a trilhar, ele tinha nossas vidas nas
mãos, estávamos sedentos, e ele apenas agiu
como se tudo houvesse chegado ao fim, como
se já estivéssemos mortos, talvez o jogo dele
houvesse acabado enfim, naquela noite ele
discursou sobre a decadência... Hoje fico
aliviado por isso, pois de outra forma eu ainda
estaria seduzido por ele...
_E não esta?
_Não daquela forma sega, quando ele nos
abandonou tivemos medo, como fugitivo nós
agíamos, temíamos como se não houvesse
esconderijo para nos esconder, muitos
decidiram partir para outros estados, outra
cidade, um novo começo, e o que mais
estranhamos é que fomos grandemente
abalados e ele nem pareceu se importar, não
parecia sentir, e foi então que eu entendi que
tudo era apenas mais um de seus jogos.
_E como você esta agora?
_Estou me adaptando ainda, não sei se algum
dia poderei ser mais um entre os outros, mas
eu apenas vou seguir em frente, não tenho
nada a perder, morrer seria para min um
alivio, e sendo assim a vida não consegue
mais me afetar tanto, pois eu sou livre para ir
ou ficar, mas não posso dizer que sou feliz, eu
perdi a maior de todas as dádivas...
_E qual é?
_A capacidade de sonhar novamente, acredito
que todos tenhamos morrido na comunidade,
e acho que nossas almas estarão aprisionadas
a aquele lugar para sempre.
_E isso pode ser possível?
_Tudo é possível quando ele joga...

Terceiro Capitulo

“Franci”
“A comunidade dos Poetas”

_Como me encontrou?
_Devo dizer antes que você é muito bonita
mesmo, faz jus aos elogios que ouvi.
_Como disse que se chamava?
_Melissa.
_E como chegou a min?
_Samuel me indicou uma de suas velhas
amigas, e eu fui até ela, o nome dela é
Vanessa...
_Sim, me lembro dela...
_Então ela me falou que você ainda tinha uma
irmã que morava aqui, qual você sempre vinha
visitar.
_É verdade, sempre venho nesta mesma
época, nosso pai nos deu algum dinheiro
quando viemos do sul, e assim compramos
este terreno juntas, e o dividindo-o ao meio
por um muro fizemos nossa casa.
_Teve sorte, poucas garotas conseguem
ganhar a independência tão jovem.
_Eu fui morar sozinha ao dezesseis, eu queria
realmente ter uma casa só para min, fazer
minhas escolhas e ser livre para agir da
melhor forma que eu acreditasse, claro, errei
algumas vezes, mas isso é comum a aquele
que esta vivo. Mas quando falou com Samuel?
_Há uns dois meses, neste período também
falei com Eliaquim.
_E como ele esta?
_Eliaquim? Ele pareceu bem.
_Por que esta indo tão longe para saber de
algo tão bobo?
_Não sei, talvez seja apenas curiosidade.
_Venha, entre, a casa esta meio empoeirada...
Quer beber.
_Claro.
_Eu tenho aqui comigo, o livro da
comunidade...
_O livro?
_Ele registravam as coisas importantes aqui,
poemas, discursos, e uma infinidade coisas.
_Posso dar uma olhada?
_Claro, se Eliaquim quebrou a primeira lei,
acredito que nada mais deva importar a
qualquer um agora.
_Por que diz isso?
_Eli é um profundo conhecedor das regras, as
conhece e as molda para a própria liberdade,
ele gosta de definir o território, pois assim
sabe até onde deve ir...
_Será? Eu soube que ele jogou com Ângela, e
soube que passou dos limites.
_Quem lhe disse isso, Samuel? Eli a amava,
Samuel também, é comum ele culpar a Eli pela
morte de sua amada, pois acreditava que ela
estava ali, e Eli apenas esnobou “a criatura
perfeita” como eles a chamavam...
_Ela era tão bonita assim?
_Sabe a imagem que projetamos em nossas
mente sobre como os anjos devem ser? Pois
era ela, isso se possuísse uma aparência
similar a uma garota. Mas ele sempre se
apaixona por mulheres assim...
_Ele se apaixonou outra vez?
_Sim... Apaixonou-se por uma pianista, mas
não insistiu na paixão, ela era uma bela
garota também, cabelos castanhos escuros e
olhos verdes, era diferente de Ângela, pois ela
era loira, os cabelos eram quase brancos, e os
olhos possuíam um claro tom de azul, mas na
ação ambas eram parecidas, típicas mulheres
que todos temem tocar por medo de quebrar,
vozes suaves e doces, gestos gentis e
delicados, a típica fêmea sedutora, mas de
aparência frágil e passiva.
_Posso olhar o livro?
_Claro...
_O que você acha de Eliaquim? Afinal pelo que
sei foi você quem o moldou.
_Em verdade eu o ensinei a voar, mas eu não
lhe entreguei asas, pois ele já ás tinha.
_Você o ensinou a jogar?
_Não, até então eu nem sabia que se era
possível ir tão longe, mas conhecimento é
poder.
_Deixa-me ver... O que é isso? Que tinta é essa
que usaram para assinar os nomes no livro?
_Não é tinta... Eles assinaram com o próprio
sangue, entregaram sua identidade para a
comunidade... Trágico.
_Por quê?
_Com quantas pessoas você falou?
_Apenas com Samuel e Eli...
_E tentou falar com os demais?
_Tentei, mas destes nada soube, talvez seja
por que tenham se mudado...
_Ou talvez por que esteja todos mortos?
_Como?
_Exatamente isso... Vinte e um fraternos todos
morto... Leia a seleção de nomes.

Eliaquim
Tânia.
Samuel.
Patrícia.
Ângelo.
Alexandra.
Fernando.
Fabiana.
Gabriel.
Mary.
Alex.
Ádril.
Marcos.
Fernanda.
Salvador.
Luciene.
Fabio.
Diana.
Aquiles.
Clara.
Dario.
Daniele.

_Por que todos os nomes tem ponto final, e o


de Eli não?
_Ele jamais coloca ponto final... E destas vinte
e duas, apenas Eliaquim esta vivo agora...
_Mas e Samuel, ele também esta vivo.
_Vejo que esta desatualizada, veja o jornal da
semana passada, essa foi a primeira coisa que
eu soube quando cheguei.
_ “Jovem morre em acidente de carro...”
_Ele estava vindo de uma festa na casa de um
amigo, o carro se desgovernou, bateu na
traseira de um caminhão e ele foi lançado
para fora do veiculo...
_Quantas pessoas você disse que morreu?
_Vinte uma...
_Mas morreram vinte e duas, afinal Ângela foi
a primeira e já havia sido filiada a
comunidade.
_Com relação a isso não posso dizer nada, pois
eu também não sei.
_Acha que isso pode ser apenas acaso?
_É melhor que crer que estão sendo ceifados,
não acha?
_Por que você parece saber mais do que diz?
_Antes me responda por que esta nisso?
_Curiosidade...
_Sabe o que eu acho? Acho que na verdade
você quis jogar.
_E por que acha isso?
_Não haveria outra explicação...
_Ângela, também quis jogar não é?
_Como saber?
_Por que acha que Eli tem tanto prazer em
jogar com as mente?
_Não sei se isso é mais a distração dele, ele
tem coisas maiores para se preocupar, jogos
mais ousados por assim dizer. Me diga como o
conheceu, e como entrou nisso?
_Eu freqüento a muito tempo os círculos
anônimos desta cidade, já havia ouvido falar
nele, já havia ouvido falar na comunidade,
mas para todos isso era apenas uma estória...
_O objetivo da comunidade era provar que ela
não existia.
_...Então, muitos nem souberam que ela um
dia existiu, pessoas conceituada na cidade
nunca ouviram falar dela.
_Naquele período acho que a cidade não
estava pronta para algo assim.
_...Então encontrei uma amiga na biblioteca, e
por acaso Eli estava lá também, passou por
nós e a cumprimentou gentilmente, e eu
pergunte quem era, e ela me falou que
ninguém sabia ao certo, mas me lembrou da
comunidade, e disse que se ela havia existido
ele era o mestre dela, e foi então que eu me
interessei pelo assunto, e por acaso em uma
reunião de amigos, eu o encontrei novamente,
ele chegou meio atrasado, mas foi só chegar e
todos logo estavam em volta dele, uma amiga
rindo me falou queria ter o atrativo dele para
atrair todos estes rapazes para o seu redor,
mas logo ele se distanciou dos demais e foi a
vez de algumas meninas ir até ele, e ele as
tratava amavelmente, não parecia
interessado...
_Ele sempre nos olha nos olhos, e acreditamos
que ninguém é capaz de mentir nos olhando
nos olhos.
_Exato... Por uma amiga eu fui até ele, e disse
que queria saber sobre a comunidade, ele
disse apenas “e quem quer saber? Talvez ela
nem tenha existido.” E eu disse, mas se
existiu você é o mestre dela. E ele falou que
este era um jogo perigo, desencavar o que já
estava enterrado, e eu disse que iria jogar,
então ele me levou até o barracão da
comunidade.
_Você disse que queria jogar?
_Disse...
_E o que mais vocês tem em comum?
_Antes nada, mas agora talvez...
_Por quê?
_Por que eu fui aceita para ingressar em um
grupo de estudantes de ocultismo e ele faz
parte deste grupo, talvez seja uma nova fase
da comunidade.
_E quantos há no grupo?
_Comigo doze, mas eu ainda não freqüentei,
irei esta a noite. Mas e você, o viu desde que
retornou do Rio?
_Ainda não, mas ele sabe que eu estou aqui.
_E quando pretende retornar?
_Acho que vou ficar aqui por um tempo.
_Acha que desta vez vocês ficaram juntos?
_Acho que você esta caidinha por ele...
_E por que diz isso?
_Você o admira, sempre que fala nele, e como
se eu ouvisse Samuel falar, falta apenas o
chamar de mestre.
_Não é verdade...
_Não se preocupe, você segue o padrão das
mulheres quais ele se apaixona... Vê, seus
olhos brilham, mas isso é verdade, você é
bela, possui a aparência frágil, lembra uma
camponesa inocente e bela...
_Eu posso levar este livro?
_Você tem dois dias para o devolver a min,
nem um dia a mais, nem a menos.
_Obrigado, eu vou ir agora... Depois que eu
estudar o livro podemos conversar?
_Venha ás quatro da tarde de depois de
amanhã, e conversaremos.
_Tudo bem, estarei aqui.
Quarto Capitulo

“O livro da Comunidade”
“A comunidade dos Poetas”

O livro da comunidade para registro, era uma


espécie de grosso fichário de couro, onde em
belas letras douradas um escrivão detalhava
os acontecimentos e eis a introdução do
livro...

“Aquele que tem razão, não precisa de fé.”

(Introdução ao livro da lei e doutrina)

“As asas da Realidade”


“O Mestre”

Não leia mais que esta frase, se ainda trás em


si todo medo, toda morte, todo fanatismo,
todo preconceito religioso qual foi imposto a
todos sem exceção até aqui. Para continuar
esqueça a religião, este é o principio.

Trago aqui as asas que lhe foram ceifadas


desde o berço maternal, até os presentes
dias, se não estiver disposto a libertar-se
destas cadeias que tanto trouxeram morte a
humanidade, que estas palavras lhe soem
vazias, á sua religiosidade transformar esta
filosofia em algo mórbido como a realidade
que tens vivido nos dias presentes.

Se o homem é ignorante ao ponto de não


observar suas próprias cadeias, este deve ser
desprezado, e privado de caminhar entre nós,
não há pretensão neste principio de acumular
membros corruptos, não há pretensão de ser
agradável, e nisso não há pretensão, pois não
há interesse com relação aos demais.

Se com esta filosofia lhe for apresentado um


pedido de donativo, mate sem piedade este
mensageiro maldito de falsidade, e segundas
intenções no agir. O principio desta ordem é
libertar através da filosofia, tudo movido pelo
palpável, não elevamos o in-real, não
ludibriamos com parábolas sob mistério. Mais
do que em qualquer outro tempo o homem
precisa abrir sua mente, olhar para o principio
e corrigir de uma vez por todas o erro fatal
que é a fabula da fé...

(Livro dos discursos)

Primeiro discurso do Mestre após a ordem ser


firmada.

(18 de maio do primeiro ano da comunidade)

Voe tão alto quanto vossas asas permitirem,


alcance os céus, una-se as estrelas, pois ainda
há tempo para viver tudo aquilo que você
sonhou. Nunca é tarde demais, o que conta no
fim, é exatamente tudo aquilo que você viveu,
por isso não se arrependa pelo que já esta
feito e não pode ser mudado, é preciso
continuar. Nunca negue o que sente, pois você
pode não ter outra chance de se expressar,
não medo do “não”, o mundo esta cheio de
pessoas com medo de viver, medo de
aprender... Não seja você mais uma entre
tantas. Descobrir o que se quer, é o primeiro
passo rumo a vitória, pois difícil não é trilhar,
e sim escolher o caminho. Nunca se satisfaça
com as experiências dos outros, pois cada um
tem sua própria forma de ver e interpretar o
mundo, suas própria qualidade e defeitos, por
isso jamais faça sua a causa alheia, crie sua
própria estória, pois glórias e decadências,
são e sempre serão pessoais, por isso o que
foi vivido, já foi vivido, o que importa é o que
você vai fazer agora, e a gloria ou a
decadência será apenas uma conseqüência
das atitudes que você tomar diante das
circunstancias que a vida lhe impor, e elas o
levarão de nobre a mendigo, mas o que
importa é viver e saber, que rir e chorar, faz
parte do caminho como o dia e a noite... Viva
intensamente o caminho que escolher, pois no
final você percebe que medalhas e troféus,
tem apenas uma pequena importância, pois o
que vale é viver, e então você perceberá que é
um vitorioso, até mesmo no fracasso, e tudo é
apenas um aprendizado, pois deste mundo
nem o corpo se leva, e o que importa é o que
você sentiu, o que você viveu, e alem disso...
Apenas objetos que não tem nenhum valor
real diante da vida ou da morte.

Discurso de Ângela

(O escrivão descreve a cena)

A senhorita Ângela, distinta dama entre


estas paredes que acumulam escuridão, no
mês de maio levantou-se na intenção de
discursar, sentou-se no palco, parecia confusa,
olhou ao redor, seus olhos buscaram ao olhos
do mestre, e olhando para eles ela
permaneceu em profundo silencio, tanto
demorou que o mestre se aproximou, e ante
que este a pudesse tocar, esta bradou em
forte e rasgada voz dizendo:

“Eu sou um duplo, e quem na verdade eu


sou?”

Neste momento o mestre olhou para os


demais e todos viraram as costas, nenhum
quis presenciar a cena, e o mestre a
conduzindo pediu a Samuel, para que este a
levasse para casa.

Discurso do Mestre
(Sete de Junho)

No principio deus criou o homem a sua


imagem e semelhança, o homem era perfeito,
sendo ele a imagem e semelhança de deus,
voz digo que ele mesmo era deus... E como um
deus, ele almejava em seu coração ser senhor
de seu próprio destino, isso o corrompeu
perante os olhos do criador... Não muito
tempo antes, ocorreu um fato semelhante...
Deus havia criado um ser de imensa grandeza,
foi criado em perfeição, e o Éden com toda a
sorte de pedras preciosas, era apenas estrada
para seus pés, este magnífico ser era
chamado de estrela da manhã, filho da alva,
sinete da perfeição... Este eram os mimos do
criador para sua cópia perfeita, tudo que
havia nos céus era para ele, não havia ser que
contestasse sua sabedoria, tinha seu próprio
santuário, nele era coberto de toda sorte de
pedras preciosas, e sobre o brilho delas
também andava... No dia de sua chegada, os
céus estavam em festa, para este dia foi
adaptado a beleza e a perfeição, todos
esperavam a própria imagem do altíssimo.
Quando este foi revelado, todos o amaram
como sendo a própria luz, não havia sabedoria
igual... Mas esta imagem era semelhante a
deus, e também se corrompeu perante os
olhos dele, este também desejou ser senhor
de seu próprio destino. Todas as vezes que
deus criar um ser a sua imagem e semelhança,
este se corrompera perante seus olhos, por
que deus sendo ele mesmo aquele que esta
acima de todas as coisas, quando criar o seu
igual, ele trará em seu coração o mesmo
sonho de grandeza, as criaturas semelhante
não se corromperam por que são o mau, e sim
por que deus no lugar delas faria a mesma
coisa, não há como você criar a si mesmo para
se adorar, as virtudes e os vícios se
chocariam, e ambos cobrariam adoração para
si mesmo, se rebelando assim a criatura... E
foi isso que aconteceu com o altíssimo e suas
imagens semelhantes... O Altíssimo
permanece em seu absolutismo, habitando os
céus dos céus, a estrela da manhã se
precipitou para o mais profundo abismo e lá
em densa escuridão firmou seu reino onde
planeja um dia subir aos céus, e ser a mais
alta de todas as estrelas do altíssimos, ser
mais alto que o próprio criador, e ao homem
coube a terra onde firmou seu reino, mas é
escravo da duvida, cambaleante entre a luz e
a escuridão, na eterna encruzilhada, e eis a
face do vicio, eis a face da virtude e eis a face
da duvida...

“Páginas rasgadas do diário de Ângela encontrada


entre as páginas do livro da comunidade, apenas a
parte que ela define a comunidade.”

Destacado uma parte rabiscada.

“As coisas da comunidade ficam na comunidade...”

A comunidade dos poetas... Um todo formado por


partes individuais, contaminado por um vírus em
comum, a solidão. Faces pálidas e vestes negras,
todos nós temos nossa própria legião de demônios
que nos protege e nos destrói. Há algo de belo e
demoníaco em agressões de amor, feridas de amor,
onde se derrama sangue para se provar que ama, e
se mata para mostrar quão triste era. Essa é a
comunidade dos poetas... Uma comunidade de
demônios melancólico seguindo á risca o karma da
fatalidade, e da morte cruel, todos aqui já estão
mortos, são fantasmas ambulantes, casulos vazios,
esperando com ímpeto a consolidação do fim.
Quando um novo poeta se inicia, em verdade ele não
só passou a fazer parte da comunidade dos poetas,
mas também passou a fazer parte da comunidade
dos demônios mais perigosos que existem, aqueles
quem não tem amor próprio, se preciso for se
destroem para destruir alguém. O poeta quando
abraça aquele que se inicia, isso como sinal de boas
vindas, em verdade o iniciado esta abraçado o
apenas o karma, e a única diferença entre, é que o
fraterno o largará, mas o karma jamais, este irá levar
consigo pelo resto da vida. Há beleza e sensualidade
em cada um dos selecionados, eles seguem um
padrão de beleza e tristeza, de roupas e caráter. Aqui
eles não se surpreenderiam ainda que eu arrancasse
a roupa e saísse gritando pelo barracão, eles não se
importaram com suas crenças, eles não se
importaram com suas opções, pois todos eles tem
seu próprio mundo cheio de complexos para se
importar. Quando ele querem contestar alguém, eles
erguem a mão esquerda, e abaixando-a permanecem
em silencio até que aquele a quem desejam
contestar termine seu discurso, e quando isso
ocorre, ele se levantar e só então expressa sua
opinião. Tudo aqui ocorre indiretamente, não se ouve
risos ou vozes pelo barracão, ninguém se exalta, e
quando isso ocorre todos ignoram, pois todos não
consideram nada digno de qualquer emoção, e
aquele que considera é ignorado. Se eu me matasse
hoje, na próxima reunião diriam apenas, “é uma
penas, mas nossa querida amiga Ângela não poderá
comparecer, em virtude de seu suicídio sexta
passada.” Todos aqui estão disposto a conversar,
mas ninguém conversa, e quando tentam acabam
falando mal do mundo e de deus. Aqui se cria teorias
que destroem a fé e as crenças das pessoas, pois o
objetivo do demônio é torna-las vazias e vulneráveis,
e na face de um poeta ele se mostra um santo da
maldade, nos diverte declamando sua tristeza e
acalma seu próprio coração cantando sua desgraça.
A comunidade dos poetas não é uma comunidade
filantrópica, todos somos individualistas, ajudamos,
mas não estamos de braços abertos para ajudar,
somos anarquistas egocêntricos, e ao todo a
comunidade gira em torno de um circulo
antropocêntrico. Neste salão de luzes laranjadas,
todos podem dizer, pensar e fazer o que quiser,
ninguém aqui julga, não nos surpreendemos, não
comentamos, não discriminamos, apenas
aplaudimos, elogiamos, observamos e nos calamos,
jamais debochamos, mau dizemos ou apontamos,
apenas ignoramos. Essa é a comunidade dos poetas,
onze mundos diferentes, mas todos desertos e
gelados, tão distantes e tão próximo, tão diferentes
e tão iguais, os laços que nos ligam é o da
fatalidade, e todos aqui tem seu epitáfio décor,
temos consciência da missão do poeta, e estamos
todos conformados. Neste barracão ao som de
violão, ou um piano declaramos nossa tristeza, a
comunidade quase passou a ser um auxilio para
pessoas com tendências suicidas, aqui usamos
caneta ao invés de punhal, escrevemos a tristeza
quando estaríamos nos cortando. Aqui a maior
desgraça é estar vivo, mas permanecemos, pois
sabemos que o fraterno ao lado também pensa
assim, mas ainda assim permanece pagando o alto
preço que é estar vivo. A comunidade é um castelo
onde cada pedra é importante para mantê-lo de pé, e
se uma destas pedras vir a cair, então tudo estará
escuro...

“A metade desta página foi rasgada e não me foi permitido


saber como este texto terminava, mas a outra pagina
continuava desta forma, totalmente paralela aos demais
escritos.”

Hoje ele discursou para min eu tenho certeza,


enquanto ele falava, ele olhava nos meus olhos, e ele
disse... Feche os olhos, não há nada para ver em min,
adormeça em meus braços, eu te elevarei acima dos
pesadelos... Não chore, suas lágrimas não se
comparam ao sentido pobre da vida, esqueça o
espelho, ele mente ás vezes... O preço que insistimos
em pagar não tem valor para ninguém, as lágrimas
que insistimos em chorar não dizem nada, e você não
pode ser o melhor se antes não o for para si mesmo.
Acorde quando meus lábios tocar os seus, e
permaneça sonhando o dia inteiro, faça desta alma
pobre algo absoluto, me faça o bastante e eu serei o
tudo. Não há mentiras nos sonhos, eles trazem a
salvação para a loucura, e quando tudo tiver fim,
talvez o mundo seja apenas um fruto doce na palma
de nossas mãos.

E o manuscrito termina com a frase... “Amor, insanos amor.”

“Distraída enquanto lia o livro da comunidade perdi a hora,


cheguei atrasada a reunião, e ao final fui até Eliaquim que já
ia se retirando.”

_Podemos conversar?
_Melissa?
_Quer ir beber algo comigo?
_Não, prefiro caminhar, mas se deseja falar
venha comigo.
_Parece preocupado.
_Preciso apenas de um momento seguindo
sem destino e logo estarei bem.
_Faz tudo tão programado sempre, e por isso
precisa caminhar sem destino ás vezes?
_Ás vezes... Você chegou atrasada em seu
primeiro dia, isso não é bom sinal, gera maus
costumes nos demais...
_Estou com o livro da comunidade.
_Então devo presumir que encontrou-se com
Franci, e a distancia que percorreu neste
enigma me deixa realmente surpreendido.
_Me encontrei com ela, li as páginas rasuradas
do diário de Ângela...
_E a que conclusão chegou?
_Que você pode até não ter mentido, mas com
certeza não me disse toda a verdade.
_E o que é a verdade?
_Você pode me esclarecer isso.
_Talvez não... Eu gosto de você, apesar de
doce é persistente, fez de uma coisa morta
sua saga, eu admiro isso, mas todos aqueles
que tentam desenterrar a comunidade se
ligam a ela, e isso eternamente.
_O que quer dizer?
_O que esta fazendo?
_Me diz você.
_Acho que esta sedenta para jogar meu jogo.
_Eu acho que estou jogando o meu, e pelo que
sei estou vencendo você.
_E como poderia? Todos aqueles que decidem
jogar devem estar dispostos a perder, e você
esta disposta a perder Melissa?
_E você Eliaquim, está acaso disposto a
perder?
_Sempre estive, sempre aposto tudo, se eu
perder, perderei uma só vez.
_O que realmente houve com a comunidade?
_E por que eu responderia esta pergunta?
_Por que é um jogador, quer pagar para ver.
_E você esta disposta a pagar para ver?
_Estou.
_Então quando chegar em sua casa assine o
livro com seu sangue, escreva na última
página, e então estará no jogo.
_E qual é o jogo?
_Você terá até depois de amanhã para
descobrir o que houve, eu irei discursar neste
dia, e você deverá quebrar minha máscara
diante de todos, e então vencerá o jogo, e eu
entenderei que és melhor no jogo que eu, e
pode ter certeza que eu jamais jogarei de
novo então.
_E se eu aceitar?
_Então eu lhe respondo que você perguntar
diretamente.
_Eu aceito.
_A curiosidade é uma virtude e uma
maldição...
_E o que não é...?
_Vamos a primeira pergunta.
_Qual era o seu objetivo real na ordem?
_Jogar e fazer jogos, convocar aqueles que
estariam dispostos a jogar comigo.
_E qual era finalidade deste jogo?
_Pagar o preço.
_Que preço?
_Eu fui direto.
_Então explique melhor.
_Você vê apenas este mundo e as coisas deste
mundo, mas há uma frágil cortina que nos
leva a um mundo diferente, você crê no juízo
final?
_Não de todo.
_Na incerteza de uma outra vida eu fico com
esta, eu fico com o que meus olhos podem ver,
faço qualquer coisa para estar longe da
escuridão e do abismo.
_Franci sabe o que ocorreu com a
comunidade?
_Sabe... Mas você também sabe.
_Sete anos se completou no dia em que,
Samuel morreu?
_Sim.
_Qual a ligação.
_Ele jogou com a vida e perdeu, qual o
mistério nisso?
_Quem sobreviveu?
_Ninguém...
_Este novo grupo será o novo palco para seus
jogos?
_Sim, e se você não me desmascarar, tudo terá
inicio depois de amanhã.
_Pode me dar uma dica de como desmascara-
lo?
_Apenas observe os que estão e os que
chegam depois? Agora chega de perguntas,
mas antes que me cobre por jamais dizer de
todo a verdade, se cobre por até aqui não ter
feito as perguntas certas, por não ter olhado
para o prisma real das coisas em questão.

Quando cheguei em casa estava empolgada a


desvendar o jogo e a isso me dediquei aquela noite e
o dia seguinte.
Quinto Capitulo

“Tarde do último dia”

“A comunidade dos Poetas”

_E então foi esclarecedor o livro?


_Muito, mas percebi que a comunidade não
era o que Samuel e Eli me disseram, as
palavras de Ângela mostravam algo mórbido.
_Talvez para ela fosse.
_Talvez, mas há algo que não está certo, o
inicio do livro da lei mostra uma iniciativa de
poder e dominação, e não pode ser acaso, o
fato, todos morreram...
_Você trouxe o livro?
_Esta aqui, muito obrigado.
_Não se preocupe, o interesse era seu, eu
apenas o supri... Espere, você não fez o que
fez...?
_Sim eu assinei o livro.
_Isso faz de você uma poetiza agora, bem
vindo a comunidade.
_Não parece feliz com isso.
_A infelicidade ou a felicidade é sua, você
desejou jogar... Leu os poemas?
_Me fixei nos discursos.
_Os poemas são a minha parte favorita deste
livro...
_Me diga algo que me ajude...
_Tudo bem... Qual o objetivo de toda ordem?
_Mostrar o caminho?
_Ás vezes...
_Resgatar almas?
_Isso. Mude apenas para colher almas, veja
este poema de Eli, ele diz, “eu sou o corvo,
livre vôo pela noite, levo morte, levo levo
fim... Eu sou apenas um colhedor de
perolas...” Entendeu.
_O que, que ele colhe almas, para que para
jogar com elas?
_Não diretamente...
_O que ele busca.
_Ele busca jogar com o maior dos jogadores e
vencer.
_Então ele esta procurando vencer a todos?
_Não apenas ao maior de todos os jogadores.
_Então ele sairá vencedor, por que não faz
sentido nada disso para min, e ele já me
venceu.
_Quando não vemos formas de um prisma a
melhor maneira é olhar de outro.
_O que quer dizer?
_Que tudo faz sentido, é apenas uma questão
de ponto de vista, e se não conseguir
entender isso então já perdeu e esta será a
última vez em que falaremos.
_Você como ele não admite perdedores?
_Por força maior apenas os vencedores do
jogo ficam.
_Você não me parece fria assim, a ponto de
me ignorar quando eu bater em sua porta.
_Realmente não.
_Me fale sobre a outra garota por quem ele se
apaixonou, você me disse que ele desistiu
dela, mas eu não consigo acreditar nisso, não
consigo vê-lo desistindo de algo que deseja...
_Tudo que você precisa já lhe foi entregue,
mas saiba que apenas um motivo maior o faria
recuar.
_Meu tempo esta acabando e eu não quero
perder, pode chamar isso de vaidade se quiser,
mas me fale sobre esta paixão, talvez haja
algo lá, que me possa esclarecer.
_Eu farei melhor, deixarei o próprio Eli
descrever o principio de todo o jogo.
_Como?
_Eu tenho uma espécie de diário escrito pelo
próprio Eli, falando dos primeiros dias... Você
trouxe uma pasta, mesmo que perca, você tem
o compromisso de levar com sua pesquisa
este diário até ele esta noite.
_Eu prometo.
_Procure não se atrasar, isso será sinal de que
perdeu.
_Tudo bem.
_São alguma páginas, espero que consiga ler a
tempo.
_Já estou acostumada a fazer as coisas na
correria.
_Que seja, este é o diário, mas ai apenas
encontrará a insanidade dele, neste período
ele se perdeu completamente nele esta o
motivo pelo qual ele iniciou o grande jogo.
_Talvez eu encontre uma falha, e isso me
ajude.
_Talvez.

“Palavras escritas pelo próprio Eliaquim.”

Titulo:

(Memórias de um amor insano)

..06..18..01..14..03..09..

Eu acho tão belo o fato de ás vezes você me


olhar decepcionada, como se nunca poderá
ser o bastante para min, e quando eu fujo de
casa e lhe digo que não encontrei nada por
estas esquinas escuras, e você me olha como
se eu estivesse ali por não ter lugar melhor
para ir, então você me abraça e torna-se uma
opção, a opção mais tentadora que eu já tive.
Ás vezes quando as madrugadas me
atormentam e desesperado bato a sua janela
em busca de abrigo, e com um ar
temperamental você me diz para ir embora,
pois esta noite você quer ficar sozinha ou que
conheceu alguém melhor que eu, eu apenas
lhe dou sorriso e me viro para partir... E me
lançando uma maldição qualquer você me
convida a entrar, e eu descubro suas
feitiçarias, onde meu nome sempre esta em
alguns de seus rituais de amor eterno, paixão
e conquista, ou no desejo de que algum dia a
deusa vá me entregar curvado e amarrado aos
seus pés, a gente ri juntos, e no fim você
sempre me diz que o poder que há neste
pentagrama negro sob sua cama é que sempre
me faz voltar e lhe procurar nestas noites de
desespero, eu apenas lhe entrego um sorriso,
afinal não havia motivos para estar em outro
lugar, e lhe digo que me atrai descansar nos
braços do demônio da luxuria, e no risco eu
encontro abrigo. Talvez tudo isso vá acabar
me matando um dia, os deuses me odeiam por
eu descansar tão tranqüilo nesta cama de
feitiços, eles me odeiam por eu olhar para
toda esta magia negra que exala de você e
apenas sorrir para o perigo, a deusa me odeia
por você só se curvar a ela para me manter ao
seu lado, eles me odeiam por eu satisfazer a
você e aos seus demônios, e no final ter o
poder sobre sua alma, pois ela você também
me entregou, e você também me odeia por
saber que eu sou apenas um colecionado de
alma com a pretensão de um dia comprar um
paraíso só para min, e pela eternidade não
mais haverá outro ser ao meu lado. Eu gosto
quando você me olha e me diz que eu só fiquei
por que estava bêbado e amanhã irei acordar
triste e passar a semana inteira cortando as
palmas das mãos só para sentir dor, uma
forma de auto flagelação em pretensão de
exorcizar a tristeza, acho que te amo quando
você corre os dedos sobre as cicatrizes no
meu corpo e chora em silencio enquanto finjo
que estou dormindo, gosto quando você fica
me olhando no meio da noite e eu acordo sob
seu olhar passional, e acho engraçado pois ás
vezes eu também faço isso, ás vezes penso em
atrocidades quando vejo-te nua e adormecida,
sobre a cama despreocupada como uma
criança inocente aquecendo-se contra um
coração gelado, gosto quando você
desesperada começa a quebrar tudo e diz que
nada importa, e eu sombrio vejo as coisas
voarem, e você me olha com ira no olhar, e me
diz que me odeia por eu ser tão intocável, tão
gelado, a ponto de se você me cortasse com
esta adaga não correria uma gota de meu
sangue, pois eu sou de peixes tenho o sangue
frio e congelado nas veias, e se pergunta
enquanto contempla seus mapas astrais, como
pode nascer alguém no circulo de peixes
ascendente câncer e jamais amar, já mais
sentir, como eu posso ser tão frio quanto uma
lápide de belas inscrições sobre eternidade?
Eu me levanto calmamente vou até você e lhe
abraço tão terno, pois só nestes instantes
você expressa o que realmente vê em minha
alma, e quando você me diz que vai se matar
então eu lhe corto a palma da mão e deixo o
sangue correr, enquanto você permanece
congelada olhando nos meus olhos, e eu lhe
dizendo que ali não ficará cicatriz por muito
tempo, e você pálida me diz que sou louco, e
não entende como pode amar alguém que lhe
fere tão, e me manda embora dizendo que
esta ficando louca, e eu lhe digo que todos
somos loucos, o mundo é louco e você jamais
viverá sem min, então você me xinga, e diz
que nunca conviverá com outras, mas eu sei
que você não se importaria, pois eu lhe disse
desde o primeiro instante em que você me
convidou para dançar o que eu queria, e nada
do que lhe falei ia alem da aventura de uma
noite, alem do prazer, e olhe para nós... Eu já
sei quanto tempo faz, há quanto estamos
vivendo este jogo insano? Eu nunca lhe disse,
mas o jogo de Azrael escrevi para você, mas
acho que você sabe disso pois é a musica que
você mais gosta, e diz que é a que mais diz
quem eu sou, por isso a escrevo aqui
novamente, mas eu não só isso.

“Noite fria meu amor,


nenhum toque meu pode te aquecer,
é livre as asas do corvo trazendo tristeza e
morte,
um estrela insiste em brilhar,
quando nem mesmo a lua se arisca.

Seu lábios vertem sangue,


é difícil saber qual de nós,
é a vitima neste jogo insanos...
E a madrugada chega,
tímida leva nosso tempo,
quem vai perder afinal,
qual de nós vai sair vivo,
e pela aquela porta contemplar,
o nascer do sol?
Suas morrem em seu jazido,
tudo se perde na penumbra,
está frio mas eu tenho o sangue quente,
e te fiz promessas que não quero viver
para cumprir, e a madrugada chega,
e tímida leva o nosso tempo...

Por que esta tão triste,


quando este jogo me diverte,
quem vai sentir agora?
É uma pena, você perdeu de novo...

Escolha seu epitáfio meu amor,


pois aprendemos a não perdoar,
olhe-se no espelho e veja,
quão belo se mostra o sangue a correr,
em sua pele pálida,
o vermelho combina com você,
e a madrugada chega,
tímida levando nosso tempo...

Você poderia beber um pouco mais,


não precisa ir agora,
eu tenho a madrugada inteira,
e a morte pode esperar.

Lindo é, tocar seu lábios,


que frios e cegos,
não se movem aos toques dos meus,
e você não diz nada,
o jogo termina aqui, devo partir agora,
pois a madrugada chega,
e tímida leva o nosso tempo...
Você perdeu afinal.”
Gosto quando você me olha, e com suas
amigas você finge não me conhecer, e eu
passo como se fosse um estranho para você,
afinal um único mundo nos liga, o da loucura,
do prazer e da dor, e eu entendo pois para
todo mundo eu digo que estou sempre só. Eu
nunca lhe contei, e talvez não vá contar, mas
gosto daquelas pinturas em seu quarto, que
você diz ser estilo renascentista, na verdade
eu sei que são barrocas, mas eu nunca discuti
isso, para min tanto faz, o importante é que
são bela, gosto das sombras em seu quarto, o
cheiro de incenso rosa da índia, você acha que
eu não gosto de incensos, mas eu descobri
que gostava quando senti aquele cheiro e até
hoje ainda é o meu preferido, odeio o cheiro
de velas misturado ao cheiro do sangue de
seus rituais, odeio quando você diz com um ar
feminista que minha ordem esta cheio de
machistas ignorantes, e eu retruco dizendo
que ao menos não dormimos uns com os
outros, odeio quando você me pergunta se eu
te amo, eu sempre fico calado, odeio quando
você faz aquele olhar que eu sei que é de
proteção, mas ele acaba com meu mundo, eu
não falo pois não poderia confessar a você
uma fraqueza, não poderia lhe confessar que
você ás vezes me fere... Odeio quando você
quer me apresentar para estranhos, quase faz
de min objeto, odeio quando você lê aqueles
livros bregas, eu não gosto daquela sua
musicas favorita, não gosto quando você me
chama em sua casa e a coloca a alto som e
fica me olhando, sabendo que eu sei o que ela
esta dizendo. Odeio quando você me chama
na suas casa para saber que você vai ficar
com uma de suas amigas, eu sei que é o seu
incessante desespero em tentar me ferir, ou
despertar qualquer ação, e seria tão simples
lhe agarrar e lhe levar para o quarto,
expulsando sua amiga, mas não importa,
afinal eu não pertenço a você, e se eu desejar
você por inteira então estarei me
aprisionando, mas gosto de sempre bater em
sua janela depois de seus crimes, e constatar
que esta é a sua forma de se flagelar, e olhar
para você com aquele olhar triste e você fingir
que teve a noite mais perfeita, então eu olho
para a bebida e as drogas, sua loucura
artificial, e lhe abraço então você sempre
chora, e me pergunta por que eu sou assim,
pago para lhe ver errar contemplando-te
beber de seu cálice amargo até a última gota,
na verdade ás vezes eu também choro mas só
depois que eu vou embora... Acho que no fim
somos tragédia para nós mesmos, e quando
você me pergunta se algum dia pensei em me
casar, e como seria minha esposa, eu digo que
não, e você fica triste, mas ás vezes eu penso
em nós, mas eu não vejo uma vida ao seu
lado, vejo apenas morte trágica e precoce.
Não há futuro para nós, e quando você me faz
prometer que vou lhe esperar no tumulo,
como você irá me esperar, eu fico triste
quando você fala nesta eternidade sombria só
para nós, onde vagaremos pela noite, jovens e
belos, eternamente insatisfeitos. Eu sei que ás
vezes você confunde toda esta ilusão que me
cerca com a realidade, e talvez a realidade
seja esta, mas eu me irrito quando você diz
me conhecer, mas não sabe do que eu gosto, e
odeio quando você fica buscando mentiras e
segredo em meus olhos, odeio quando você
sonha que eu fiquei com uma de suas amigas
e você briga comigo, ás vezes acho que até na
loucura tem que ter limites. Para ser claro eu
odeio tudo isso, odeio sempre voltar e
descansar em seus braços, odeio te ver me
aceitar e eu descobrir o não saber por que
ainda estou ali, mas eu amo os dias em que
você parece acordar tão pura, vestida
naquelas roupas de cor bege claro ou uma cor
de tom envelhecido, e os seus cabelos ruivos
caem sobre sua face adornando seus lábios
carnudos tão vermelhos, e sua pele pálida em
contraste com estes olhos claros, e você sorri
parecendo ter se libertado das trevas, um
demônio tornando a viver um dia de luz... Eu
fico lhe olhando com o olhar melancólico, você
vem e me beija dizendo o quanto sou belo, diz
que sonhava comigo antes de me conhecer e
em seus sonhos eu era Azrael, neles eu lhe
confortava até que um dia você beijou meus
lábios e eu desapareci dos teus sonhos, até
você me encontrar em uma igreja católica...
Naquele dia você me olhou e me disse que eu
não parecia pertencer aquele lugar, e
completou que sentia que já me conhecia, eu
olhei para você e apesar de ter aparecia tão
bela, eu achei que era cantada mais “sem sal”
que eu já havia recebido, então você me
perguntou se eu estava procurando salvação,
e eu respondi “Todos estamos mesmo que ela
não seja para todos...” Depois de lhe dizer
estas palavras eu parti sem olhar para trás
até lhe encontrar naquela festa, onde todas as
meninas lhe dizia que eu era estranho, mas
boa parte delas já haviam dormido comigo,
disseram a você que eu era um demônio
insensível, mas que eu transava bem, então
enquanto eu fumava um cigarro em um canto
escuro você veio tão sem jeito, e me
perguntou se eu me lembrava de você, e eu
respondi que não, lhe disse que eu não me
lembrava nem de quem eu era ontem, o
estranho é que você riu, e dançamos no
escuro longe de toda aquela euforia que tanto
me incomodava, e acabamos sobre uma lápide
fria no cemitério municipal, e tudo virou
sadismos emocional adornado a uma garrafa
de vinho e champanhe, eu roubei rosas de um
tumulo e trouxe para você, por anos eu recebi
rosas vermelhas de minhas amantes, mas
nunca lhe confessei isso até você me pegar
recebendo, você não me disse nada, virou as
costas e partiu e eu fingi que não te vi,
quando lhe encontrei não toquei no assunto
omitir não é mentir, mas este ainda é um
daqueles assunto que nunca tocamos, mas
você me disse que não gosta de flores,
principalmente de rosas vermelhas. Eu amo o
fato de que quando o mundo se perde e tudo
se vira contra min, eu me viro e vejo você
ainda esperando por min.
Eu me lembro quando eu cheguei e seu pai
estava lá, ele me olhou e perguntou quem eu
era, eu disse apenas que era ninguém, mais
que eu queria conversar com você, depois
disso você foi proibida de me ver, seu pai me
odeia ainda implica com meus cabelos, e
minha aparência de um modo geral, mas ele
consegue me compreender, mesmo quando diz
que eu sou o cara contra o qual a vida toda ele
lhe preveniu, mas é, acho que estas palavras
são as que você queria me dizer quando me
mandou embora e depois me ligou pois queria
conversa, e eu lhe perguntei, conversar sobre
o que...? Até hoje acho que fui maligno, e
nenhuma das suas ações me feriu mais do que
ir a sua casa e lhe ver chorar... Quando eu não
te ligo, não recebo suas ligações, fujo ou me
escondo de você, saio com alguém... Eu só
quero lhe mostrar á vida longe de min, eu só
quero lhe mostrar que você não precisa viver
este jogo insano, mas ás vezes parece que
você não respira longe de min, e ás vezes
acho que você esta viciada em sentir dor, mas
acho que há gosto para tudo, e quando eu te
vejo sobre a cama tão seria com seus estudos
e trabalhos, enquanto eu olho para aqueles
quadros, ou fico adivinhando que carta irei
pegar no seu baralho de tarot, e sempre
acerto pois são sempre as mesma cartas por
mais que eu embaralhe, (A Lua, O diabo e
Imperador... Sempre estes arcanos maiores)
eu te acho tão capaz, tão inteligente, e
quando você me pergunta séria o que acho
sobre aquele texto de história ou sobre a
filosofia quando eu sempre digo que se Platão
houvesse aprendido algo de Sócrates teríamos
apenas pilhas e pilhas de livros em branco, e
séria você discute tentando provar que eu
estou errado, eu te acho tudo aquilo que eu
sempre quis, ou quando dormimos juntos e ao
amanhecer eu fujo para de baixo da cama,
pois a luz me incomoda, e quando acordo você
também esta lá, eu acho tão perfeito... E ás
vezes tenho medo, pois há momentos que eu
não sei mais quem de nós sou eu, mas eu paro
e contemplo, então eu te reconheço pelo
mesmo erros e crimes. Eu me lembro do dia
em que nos metemos em uma confusão
naquele bar, e enquanto eu levava socos eu
sorria para você, até você interferir na briga,
eu pensei que você havia se levantado para
apartar, os inimigos ficaram te olhando
quando você os mandou parar, você veio até
min e me deu um tapa na face, me
perguntando por que eu insistia em querer
perder tanto, e me humilhou quando disse que
eu era valente demais para perder e covarde
demais para vencer, você voltou e se sentou
acendeu um cigarro e bebeu sua cerveja, os
caras riram de min, eu fiquei perturbado por
um instante, mas quando voltei a min eu sorri
dizendo vamos voltar, eram apenas três caras,
eu venci só para provar para você que eu era
tão capaz de perder quanto de ganhar, e me
envergonhei em fazer isso pois eu não tenho
que provar nada para ninguém, mas ás vezes
é tão fácil ganhar e tão difícil perder, quase fui
preso naquele dia, e tudo começou por você
tentar despertar o meu ciúme, queria que eu
brigasse por você, e eu tentei apanhar, mas
você foi convincente, você riu a noite toda de
min, descrevia as cenas de minha vitória como
se eu fosse um cavalheiro medieval lutando
por seu amor, eu fiquei chateado por isso fui
embora mais cedo, eu não gosto de algumas
coisas que você desperta em min, como é o
fato de recorrer a violência, se fosse para min
ser violento eu não buscaria cultura, seria
apenas um fera selvagem, mas acho que o
fato de tentar me alto cultuar é apenas uma
forma de aprisionar a fera em min, e não
gosto quando ela aflora. Acho interessante o
fato de que sempre que te digo até mais você
fica calada, gosto desta maneira que ás vezes
me olha, como se, se pudesse me aprisionaria
para o resto de sua vida em uma cadeia onde
pudesse me contemplar e me possuir noite
após noite, talvez meu demônio lhe ame, pois
eu não estava lá em seus sonhos, eu nunca
estive com você até aquele dia na igreja
católica, e só entrei lá por ela esta deserta,
até você chegar... Eu queria ser um anjo e
talvez envolver-te com meu corpo e batendo
minhas asas te levar para longe, onde eu
pudesse te amar e te odiar por toda
eternidade, mas acho que todo este
relacionamento complexo que temos, me faz
ficar ao seu lado e me calar quando você grita,
com se tivesse algum poder sobre min, isso
povoa minha mente de fantasias e dão belas
páginas para os meus mórbidos livros.
Acho que só estou escrevendo isso, pois
preciso exorcizar o que estou sentindo, nós
brigamos de novo... Doeu á forma com que
você disse que precisa de alguém que esteja
realmente ao seu lado, doeu ouvir que você
esta cansada e precisa de um tempo, mas eu
sei que vai me ligar antes que esta noite
tenha fim, você acha que não me preocupo
com você, acha que tudo que vivemos é o
inserto, mas como ser claro, se você também
é duvidosa? Há coisas que fingimos não ver, a
coisas que fingimos não ouvir, como é sua
insistência em querer me prender a qualquer
custo, ás vezes acordo ouvido suas rezas, ou
observo suas bruxarias para me prender ali,
ou ás vezes... Isso eu nunca lhe contei... Mas
há noites em que eu acordo e você esta
possuída por suas entidades, talvez não sejam
demônios, mas você rasga o verbo, e eu posso
ouvir o que se passa em seu subconsciente, é
uma experiência interessante que quase me
matou duas vezes, e você nunca entendeu
aquelas marcas, mas acho que somos apenas
dois demônios vivendo este relacionamento
insano, faço-me de inocente e ás vezes até
compactuo com suas loucuras espirituais,
como é beber do vinho que você me dá, ou
comer da comida que você me oferece, talvez
eu esteja ao seu lado, mas um dia ou outro
seus demônio acabaram me matando, ou isso
ou seremos amaldiçoados pela eternidade...
Mas isto é segredo nosso, e não há nada
encoberto que não seja revelado, mas acho
que isso não desrespeita a ninguém então
nosso convívio insano é o nosso mundo
particular. Você disse que eu não me importo
com você, mas muitas vezes você passou da
conta, e eu por me importar com você peguei
leve, tudo para estar ao seu lado como um
anjo protetor, antes que você se perdesse, eu
segurava suas mãos e lhe mostrava o
caminho, mas acho que você estava perdida
demais para se lembrar destes instantes, mas
tudo bem... Eu nunca espero reconhecimento,
e sei que lhe faço mais mal que bem... Mas eu
sou assim, e talvez por isso eu insista em lhe
mostrar que há vida longe de nós dois em seu
quarto, há vida longe de todos estes jogos, há
vida... Só que eu não posso lhe garantir
imunidade, todos nós vamos sofrer... Me
lembrei da última vez que decidimos dar um
tempo, aquela foi a pior manhã da minha vida,
ou acho que foi, eu não havia dormido e você
me ligou feliz, três e pouco da manhã, me
convidou para ver o nascer do sol com você,
as ruas da cidade estavam desertas quando
caminhávamos, e não sei por que mas em sua
felicidade havia um aviso de que aquele seria
um péssimo dia, nos sentamos no alto de uma
construção e olhava-mos para o céu enquanto
conversava-mos, tudo estava bem até você
começar a falar sobre nós, um instante você
estava feliz, no outro triste e zangada comigo,
e eu nem havia dito nada, você disse que
queria ir embora quando o sol nasceu, e eu
disse para você ir e você foi... Quando cheguei
em casa eu não consegui dormir, o dia havia
acabado para min, e quando finalmente o
sonho chegou, o telefone tocou, e você me
disse para ir até sua casa, eu disse que não
queria conversar, e você zangada disse “eu
também não, mas quero olhar para você”, eu
dormi umas duas horas e cheguei em sua casa
lá pelas oito, levei um garrafão de vinho, me
sentei num dos cantos de seu quarto e não
dissemos uma palavra, servíamos vinho um
para o outro calados, e ali bebemos até por
volta de meia noite sem dizer uma palavra,
nem um “oi”, foi então que eu passei mal,
você sabe que meu fígado esta acabado, eu
não havia comido nada, e no seu banheiro eu
vomitei como um desgraçado todo o vinho que
bebi, pensando em como tudo estava tão
horrível, mas quando olhei para trás você
estava preocupada comigo, não falou nada
apenas me preparou aquele copo de boldo e
me ajudou a deitar-me em sua cama, você
tirou minhas roupas e me levou para o
chuveiro, eu lhe amei naquele momento, mas
não disse nada, quando eu estava melhor você
me trouxe algo para comer, e depois me serviu
vinho, e eu pude ver como nos curamos e nos
ferimos, nos matamos e nos ressuscitamos, foi
quando eu jogado sobre sua cama lhe vi me
olhando, com aquele jeito só seu, de cruzar as
pernas e apoiar o cotovelo no joelho e a
cabeça numa das mãos, deixando o rosto meio
inclinado e seus cabelos caídos para um dos
lado, um olhar único, eu fiquei te olhando me
olhar, e você fez um gesto esnobe, como se
não visse nada em min, e eu fechei os olhos
negando-me a concordar com aquilo, ali
ficamos por muito tempo, você me olhando e
eu com meus olhos fechados, foi neste
instante em que você disse que me amava,
soou estranho, como se você estivesse
confessando para si mesma, e eu fiquei
calado, e você deitou-se sobre min e me
abraçou, me perguntado por que nós nos
feriamos tanto? Eu não soube lhe responder, e
ali adormecemos calados, até que o dia
nasceu e eu fugi para debaixo da cama e
quando acordei você também estava lá...
Talvez estas cadeias que nos prendem um ao
outro, esta forma insana de amar e gostar, o
fato de não entender-mos por que
permanecemos junto e abraçado em meio ao
caos de nossos complexos... Talvez esta
mesma incompreensão no fere, e nos faz nos
ferir, e... O telefone esta tocando.

..05..12..09..01..17..21..09..13..

Estranhei o fato de não ser você, e isso me


decepcionou, talvez por isso não escrevi mais,
mas eu te conheço e minha vida é uma espera
eterna, para acordar agora com esta cara de
pouco amigos, o cabelo todo bagunçado, uma
falta enorme de ar e o telefone tocado, você
sabe como eu acordo, nunca falo nada antes
de tomar uma banho, e eu estou escondido da
luz do sol, se você quer saber...
Não entendo por que me pediu desculpas se
você estava certa o tempo todo, quando digo
isso não posso esconder minha tristeza em
saber que eu estou certo em saber que, você
esteve em cada palavra do lado da razão, acho
que eu vou acabar com este jogo, você já
sofreu demais e esta madrugada toda eu
pensei em outro alguém, e isso me fez tão
bem que nem consegui sentir sua falta depois
da decepção de não ser você no telefone,
confesso que senti paz nisso, pois acreditei
que tudo havia encontrado seu fim, me lembro
que você disse que eu deveria ser seu
príncipe, e também me disse que só vê o
príncipe em min ás vezes quando meus olhos
ficam doces e povoado de uma estranha paz,
acho que estes são os meus instantes mais
perigosos, pois eu não consigo definir a porta
de saída e a beira do abismo... Eu tento
compreender por que lhe faço sofrer tanto...
Lembra-se quando você me falou sobre vidas
passadas, e eu me entreguei as suas
experiências de regressão, eu me senti meio
cobaia, mas eu sempre faço tudo que você me
pede até sangrar... Talvez isso possa explicar
esta forma absurda de amar, acho que se os
demônios se apaixonassem construiriam um
relacionamento como o nosso, e por ser
sombrio apaixonado, algo entre a tragédia e o
horror, povoado por sua beleza sensual, me
atraia tanto estar ao seu lado, mas eu sei que
eu lhe firo ás vezes, e acho que quero por um
fim em tudo, quero começar de novo, outro
alguém mesmo que eu não vá amar, outros
amigos, outros filmes, outras musicas, outras
roupas e novas máscaras, acho que estou
cansado dos fantasmas de min vida... Eu sei
que talvez você nunca vá entender por que eu
disse adeus, sei que sem min você não vai
conseguir estudar direito por uns tempos,
nem trabalhar, e é bem provável que seu pai
me ligue, claro ele vai vir com aqueles papos,
fingindo calma e controle, e talvez no fim ele
me xingue, ou diga que vai contratar alguém
para me matar, não há importância, se eu
morrer morrerei tentando fazer o que era
certo, mas acho que ele vai entender, quando
todos diziam a ele que Eliaquim era um
demônio feiticeiro da pior espécie. E os
fraternos da cidade... Todos eles cortavam
volta de min, ele me olhava com um olhar de
admiração, bem... Até o dia em que ele me
pegou na sua casa, ele tentou me consertar,
mas viu que eu era exatamente aquilo que
era, alguém insatisfeito, e a não ser que ele
trouxesse a tempestade ao céu claro do meio
dia, eu não me surpreenderia, e ele me
respeitou dizendo que talvez tudo isso fosse
só uma fase e eu concordei, e nós sentamos
naquela poltrona fria do escritório dele e ele
me ofereceu um charuto sabor chocolate, nós
conversamos sobre a vida, conversamos sobre
você, isso eu nunca lhe disse, mas ele te ama
e não te entende, eu sei que foi difícil perder
sua mãe e de forma tão trágica, mas ele a
amava e você é único vestígio que restou dela
no mundo acima de uma lápide, e mesmo
assim ele acha difícil lhe compreender, ele diz
que você se parece com sua mãe, e disse que
se ela estivesse viva eu seria a espécie de
cara que roubaria sua mãe dele, pois você
duas sempre amaram o sombrio e isso que as
torna tão fascinantes, acho que você deveria
passar um tempo a mais com ele, ele se sente
muito só, e eu disse que era tarde e eu
precisava ir quando ele me convidou a ser um
fraterno, e ele entendeu isso pois sabia que
eu não me dou com aqueles que pertencem ao
ciclo dele, na verdade acho que ele estava
querendo me salvar numa maneira um tanto
secreta, algo como “se eu ensinar algo a ele
talvez ele se tornou mais constante, o genro
perfeito,” ele acredita que eu só preciso de
uma meta. Mas tudo bem... Acho que ele
também nunca entendeu esta falta que me
cerca. Foi bom ouvi-te mesmo que não havia
motivos para se desculpar, e acho que estou
com medo de te ver esta noite, eu sei que
parece loucura mas, a loucura vai ser olhar
nos teus olhos e dizer não, há um
possibilidade de todo este fim que almejo
implantar, ser esquecido no momento em que
eu olhar para você, mas se eu me perder nisso
sei que tudo mais a partir daqui será aquela
velha loucura de sempre, e acho que estou
cansado de jogar, estou cansado de ser quem
eu sou, e estou tentando recomeçar, sei lá, ser
alguém melhor, mas não olhando para o
passado... Você se lembra quando encontrou
aquele livro que um amigo me emprestou?
(Como ter uma memória super-poderosa.) E
você me perguntou se eu estava lendo, e eu
disse que tudo que eu mais queria era
esquecer, pois é, eu ainda não li o livro, e ele
ainda esta aqui, tentei devolver, mas ele não
quis pegar, disse para ficar para min... Bem eu
estou tentando recomeçar, esquecer... É ruim
o fato de talvez tiver que dizer adeus, mas
acho que estou confuso... (Falando em livro
odeio aqueles livros espirituais que você lê,
são bobos, atenção e tempo desperdiçado a
nada.)

Um dia bom que eu me lembro foi o dia em


que nós caminhamos pelas ruas da cidade
como se fossemos dois amigos, eu levava o
charlie na coleira, você lembra que ele é um
cão de grande porte, me lembro de nos
perguntar-mos o que faríamos de nossas
vidas, e você disse sorrindo podemos fazer um
filme, e eu lhe disse que não havia recursos
para fazer um filme bom, com ação, efeitos e
tudo mais, e lhe disse que só se a gente
fizesse um filme filosófico, então você me
disse que a gente poderia se aproveitar da
beleza que a vida nos deu e gravar filme
pornôs juntos, nós rimos disso, nos sentamos
na praça e falamos sobre nossos sonhos, e
lembramos como era bom estar-mos juntos,
na volta para casa mais uma coleira foi
quebrada pelo charlie, e diante daquele
restaurante, todos se assombraram, um cão
daquele porte a solta, então você riu quando
eu sai correndo e me lancei sobre o corpo do
charlie e me embolei com ele no chão, todos
estavam assombrado um estranho de
sobretudo embolado com um cão do inferno,
eu fiquei fedendo, mas o levei para casa e
você me disse que gostava de min pois eu era
louco a ponto de ter as reações mais
inesperadas nós momentos de complicação, e
riu da maneira tranqüila em que me lancei
desesperado sobre ele, foi um dia único,
podemos falar sobre tudo e eu estava em paz,
como sei que você também estava...
Um dia ruim foi quando naquela festa você
me viu conversar tão interessado naquela
mulher que nem me lembro o nome, e na
primeira oportunidade você veio para min, me
dizendo que ficaria com qualquer um se eu
continuasse a me insinuar para ela, mas ela é
quem estava se insinuando para min, e eu te
olhei zangado fui até ela e a pegando pela
mão chamei para dançar, foi a pior atitude que
eu já tomei, você convidou aquele cara, eu o
conhecia, nós havia-mos tocado em um
mesmo evento uma vez, ele havia me dito que
minha voz lembrava os grande nome da
música no gênero folk, eu olhei para você dois
e levei minha companheira para casa, nunca
lhe disse, mas me arrependi, o vestido
denunciava formas tão perfeitas, bela pernas
e seios mas uma mente tão pobre, e eu me
arrependi de me cansar sobre o corpo dela, e
eu nunca lhe disse por que cheguei com os
punhos machucado e os dedo sangrando
naquela noite em sua casa em busca de
abrigo, mas é, eu havia convidado o cara que
você havia ficado para sair, nos bebemos
algumas cervejas, e ele me contou tudo sobre
como foi ficar com você, descreveu até a
tatuagem de uma lua negra que você tem
abaixo do abdômen no lado esquerdo, ele me
disse que você ficou até de manhã na casa
dele, disse que você até fumou um baseado
com ele, me contou com você foi “mágica”, e
disse que você era a melhor garota que ele
havia pegado nos últimos tempos, me contou
que de tarde você ligou para ele (Maldição,
você ligou para ele, você devia estar
interessada.) Mas nunca se perguntou por que
ele não recebeu mais as suas ligações, por
que ele desapareceu, a ponto de cortar volta
de você? É... Eu bati nele até meus punhos
não agüentar mais, os anéis fizeram os dedos
sangrarem enquanto eu arrebentava a cara
dele, mais um dos sentimentos que você
despertou em min, uma face que você nunca
viu, pois eu não deixei você saber. Eu falei que
se eu o visse iria mata-lo, eu não o vi mais,
claro que expliquei a ele enquanto batia, o por
que ele apanhava, acho que ele entendeu
perfeitamente, depois fui para sua casa, eu
estava exausto, mas lhe provei que eu era o
seu melhor, até agora ainda sinto a ira destes
dias, mas naquela noite eu não quis brigar
com você, ao contrario não toquei neste
assunto, e este é um daqueles arquivo que a
gente nunca acessa, você nunca falou dela e
eu jamais toquei no nome dele. Ás vezes
tenho complexos de personalidade, ás vezes
eu não sei se sou este que vive rodeado de
poemas e livro, de belas palavras, rodeado
nas sombras por pessoas que acreditam no
equilíbrio, um mestre tão preciso e paciente
em minha horda, ou esta fera que ás vezes
explode em min, quando alguém toca no que é
meu, e ás vezes enquanto você dorme nua e
eu gosto de olhar para você, eu me inflamo
em um sentimento oculto e diabólico de que
você me pertence, então eu tento me
controlar eu tento controlar este sentimento
de posse.

Mas isso é uma face que você não viu, bem


diferente daquela maneira tranqüila, e
daqueles olhos desinteressados, com que
muitas vezes olho para você enquanto você
corre de um lado para outro quebrando tudo
que vê pela frente... Eu te achei tão inocente
quando você me disse que queria morrer, que
iria se matar... Eu me lembro que você olhava
sombria para a janela, e me disse eu sei que
você me entende, não há pessoa que eu
conheça que seja tão insatisfeita com o mundo
quanto você, e por isso acho que você vai me
entender... Então eu peguei a adaga e lhe
entreguei nas mãos dando lhe um beijo na
face, me sentei na cama e acendi um cigarro,
você ficou olhando para a janela com olhos
vagos, depois olhou para os pulsos e olhou
para min cabisbaixo, veio e se sentou ao meu
lado, olhou para adaga e me perguntou, “se
eu morrer, você morre comigo?” E eu sorri
dizendo “se você quiser, sim... Eu posso
morrer com você.” Você se calou por um longo
instante até que continuou... “Quando você
pensa em morrer você nunca pensou em sua
família, amigos ou sei lá...?” E eu olhando
para você lhe disse... “Quando Satanás se
armou em batalha antes de ser lançado para
terra por conseqüências desta mesma batalha,
um anjo lhe perguntou... Você não pensa no
criador, em nós que sempre estivemos ao seu
lado, no instante em que você empunha esta
espada contra nós mesmos? Então Lúcifer lhe
respondeu, nascemos órfãos, viveremos
órfãos, e se caso for, também morreremos
órfãos...” Então você chorou, e eu não entendi
por que, talvez fosse pela minha falta de
expressam diante da vida e da morte. Mas eu
te achei tão inocente nisso tudo, e lhe abracei
quando chorou, e você disse que a vida era
esterco, viver também era, e possuir um
namorado doido também. Eu não lhe disse
nada com relação a isso. Mas talvez se fosse
em outra ocasião eu teria lhe confortado ao
invés de lhe entregar a adaga, teria lhe
beijado ao invés de falar aquelas palavra fria,
mas se eu voltasse aquele momento e tudo
fosse o mesmo sentimento, o mesmo dia e a
mesma hora, eu teria feito igual sem mudar
uma letra.

Talvez um dia eu lhe mostre estas “memórias


de um amor insano”, acho que isso dará um
belo título para este texto, mas só lhe
mostrarei quando puder-mos finalmente rir de
tu isso, quando esta tempestade passar, um
dia no futuro quando você estiver liberta de
toda esta maldição que nos aprisiona um ao
outro, então talvez eu lhe mostre, livre de
qualquer pretensão em retornar, eu sempre
achei que você viveria melhor sem min, mas
há esta necessidade de viver para provar-mos
que somos bom o bastante um para o outro,
isso também pode nos condenar a uma vida
juntos, e talvez quando soar o meu último
suspiro e eu finalmente estiver em paz então
você e eu poderemos viver um amor eterno e
sombrio, pois o céu não foi feito para nós,
então talvez cumpramos bem a maldição do
vampirismos, pois nos encaixamos bem neste
papel, e você lembra quando eu pesquisei por
quase um ano e meio, procurando todos os
texto e lendas baseadas na crença e fato reais
que aconteceram através da história sobre os
vampiros, e você veio até min e me falou que
era besteira minha busca, e me perguntou
qual era a chave para o vampirismo e eu lhe
disse, não há nada quem nasça e não morra
neste mundo, mas o vampirismo esta sempre
ligado a vida carnal após a morte, e o suicídio
era uma das maneira de retornar a
permanecer neste plano, pois é, acho que isso
ainda é uma das minhas crenças, mas eu já
não busco mais a imortalidade, mas talvez ela
me busque, e este pensamento de que minha
dor não pode ser cessada e que talvez eu
encontre a eternidade sombria, atormenta
meus sonhos e pensamentos em madrugadas
solitárias, ás vezes eu quero morrer e temo
morrer, se eu morrer e ficar, me tornar um
imortal, então como poderei encontrar um fim,
e são nestes dias que ás vezes oro ao senhor
dos exércitos rogando pela misericórdia de ele
me levar para o túmulo e lá me esquecer, e do
pó nunca mais me levantar, eternamente sem
consciência apenas um ser adormecido, mas
ele sempre se zanga quando eu peço isso, e ás
vezes ele tenta me mostrar que meu cálice
amargo eu devo beber até o fim, e eu me iro
por não ter o total controle sobre as coisas, eu
não sei se ele me odeia de todos, mas eu sei
que eu e os deuses hebraicos não nos damos
muito bem, mas ás vezes acho engraçada a
forma com que ele me cerca tentando me
mostrar algo que quase sempre eu insisto em
não ver.

Mas os momentos que sempre me dizem


mais, que eu lembro sempre com felicidade e
vontade de estar ao seu lado, são justo
aqueles momentos em que você não me diz
nada, aqueles momentos em que estou com
você e folheio os teus livros fingindo estar
interessando enquanto você fala ao telefone,
ou lê, ou mesmo esta jogando seu tarô, ou
desenhando seus mapas astrais, ou
preparando algum projeto para as aulas, e eu
fico simplesmente ali, como seu eu fosse um
espírito, caminhando pelo seu quarto, ás
vezes correndo a mão pelo seu corpo, são
momento belos para min, por que quase
sempre ao lado de todos eu tenho que falar
demais para manter o momento interessante,
e quando me calo e percebo que eles estão
sem assunto, tudo que eles querem é partir, e
eu não gosto de conversar, ás vezes só quero
ficar ali sem dizer nada sem falar nada, e vejo
que você gosta de me ter ali mesmo se eu
falar ou não, são momento que eu posso ser
quem eu realmente sou. Então quando você
olha para min e me pede um cigarro, ou
pergunta se eu quero beber, então é tão belo
o fato de estar ao seu lado sem precisar ser
alguém que eu não sou, sem precisar me
preocupar... Eu gosto quando você fica me
olhando e pergunta se eu não quero tomar um
banho com você, e quando eu tiro minhas
roupas você pede para min esperar um pouco
mais, pois gosta de olhar para min assim sem
máscaras e sem roupas, então eu ficou um
longo instante vivendo o seu momento, então
lhe pergunto se já é o bastante, e eu acho
interessante e é prazerosa a forma que ás
vezes eu deixo você me manipular, e ás vezes
me sinto uma divindade quando você me
cobiça e apaixonada me faz dar-lhe prazer,
acho que eu gosto da maneira que você me
olha nestes momentos, e eu sinto uma
sensação magnífica, você me faz sentir como
se eu estivesse abandonado tudo para viver
um instante ao seu lado, e eu não sei se isso é
amor, mas eu tenho certeza que são apenas
fantasias, acho que tudo em você me desperta
fantasia, como é o fato de ás vezes caminhar-
mos pela noite como dois imortais, nos
entregar-mos ao prazer nos lugares mais
improváveis, como se fossemos livre acima de
tudo... Para sentir e viver qualquer
sentimento. Quando você me ligou me disse
que eu lhe prometi um dia nunca lhe dizer
adeus, enquanto você me quisesse ao seu lado
eu estaria, eu posso cumprir isso se você
quiser, mesmo sabendo que isso não é o
melhor para você. Me lembro quando eu disse
que iria me trancar em um mosteiro para
padres, e você disse que não fazia sentido
ficar só, então iria ser freira e eu jamais lhe
recusaria quando você imputasse pecado
contra o celibato, pois eu lhe pertencia, talvez
você estivesse certa nesta loucura, tudo que
temos é um ao outro, nós brigamos damos um
tempo, nos amamos e nos odiamos, para no
fim descobrir que um pertence ao outro, e
talvez isso seja algo de alem desta vida, talvez
em algum lugar distante antes do primeiro
choro neste mundo já éramos um do outro,
mas isso eu acho que você já sabe.

Divertido foi, eu esperar... Claro no dia não foi


tão divertido assim... Mas hoje me parece
divertido a cena, eu procurando um morcego
pelo campo, tentando o pegar-lo vivo para um
de seus rituais, um sacrifício, eu me lembro de
ter pego um mas era pequeno, acho que
movido por um instinto machista, onde
tamanho fazia toda diferença naquela noite,
até que na mesma noite me sentindo ridículo
eu peguei um enorme e levei para você, o
engraçado é que você ficou com medo dele e
me perguntou se não tinha um menor, e eu
chateado disse, “tinha mas era jovem demais
para morrer.” Hoje eu consigo rir desta
situação... É interessante as missões para as
quais você me envia, nestes momentos eu me
sinto um idiota, mas estes mesmos momento
são os que se tornam mais hilários em
lembrar, e você me disse ontem que eu não
me importava com você, mas nestas coisas
simples eu vejo a importância qual me dedico
a você, mas eu entendo o por que você me
disse aquelas palavras.

Outro fato que eu nunca lhe disse...


Você se lembra quando eu fui até a sua casa e
um primo seu estava lá, ele havia vindo de
outra cidade não sei, pois é... Você me disse
que ia ao cinema e depois iria para a avenida
com ele, e falou se eu quisesse podia ir com
você... Então, você lembra que ele apanhou de
alguns “raper´s” naquela noite, pois é foi
uma fatalidade, mas eu o apontei e disse que
ele havia falado mal deles, você conhece esta
rixa entre roqueiros e “raper´s”, não precisei
falar mais nada, ele se levantaram e bateram
nele, acho que você não me viu por lá, mas é
um pecado meu que estou confessando, acho
que por castigo uma semana depois eu levei
uma bela surra deles também, são apenas
efeitos colaterais, eu sinto muito por seu
primo, por sorte não fiquei mal como ele ficou,
nem um arranhão, para ser exato apenas uma
unha quebrada e uma bela dor nas costelas...
Estes são os meus pecados, espero que
compreenda, eu jamais te feriria, mas eu
posso ferir aqueles que lhe rodeiam, uma
forma de machucar os outros para te
machucar. Foi interessante você me dizer no
outro dia que eu havia lançado uma praga em
vocês por isso tudo aquilo aconteceu, eu sei
que poderia ter lhe dito que ao invés de lançar
eu criei a praga, mas acho que no momento
você não me entenderia, e fiquei triste junto
com você quando seu primo foi embora tão
cedo, acho que até expressei o quanto ele
deveria ficar um pouco mais, e até hoje você
me diz que ele me acha um cara legal,
divertido e brilhante... Talvez eu seja. Mas eu
me lembro quando você me traiu, enquanto eu
lhe esperava em um banco de praça você ligou
para a policia, e eu fui preso, tive que assinar
uma confissão sobre crimes que eu nunca
cometi, mas foi um bela experiência, ficar por
dois dias sem comer nem beber, de delegacia
em delegacia levando porrada, foi divertido
conviver com cinco caras em uma cela de
quatro metros quadrados, mais divertido foi a
desgraça de em um mês só acontecer o banho
de sol nos dias em que eu estava lá, eu ainda
tenho um leve cicatriz na face, algo que
precisa-se olhar bem para notar, você me
condenou ao inferno naqueles dias e eu
apenas passava meu tempo lendo, mas havia
a crise entre celas e eu estava no meio dela
enquanto jogávamos futebol no banho de sol,
e eu acho que eu nunca senti desespero como
senti aquele dia em que tudo que eu podia
fazer era sobreviver, depois desta tragédia eu
fui respeitado e então chegou o momento de
encarar a liberdade, uma semana no cativeiro,
eu me lembro de ir até sua casa e você me
perguntar por que sumi a semana toda, e eu
lhe dizer que fiquei te esperando naquele
banco todo este tempo, e você chorou quando
eu tirei a camisa e você viu o corpo todo roxo
de cassetetes, se arrependeu mas em
momento algum eu lhe disse nada, mas eu fui
afogado contra uma pia, e só não me cortaram
os cabelo pois eu disse que era promessa, e
acho que tenho sorte até demais pois
sobrevivi a este e outro dias, mas você me
mandou para a prisão, e até hoje eu não sei
por que, acho que foi por nossas brigas ou
talvez por alguma amante, sei lá... Ás vezes
eu não te entendo, mas das desgraças sobram
histórias de aventuras e horror para contar, e
o interessante é que eu nunca pensei em te
matar, mas vivi o bom e o ruim do preço que é
estar seu lado, e eu o paguei sem questionar...
Por que será que somos tão belos e malditos?
Eu não julgo tudo isso pelos momentos ruins,
mas sempre olhos para os momentos bons,
mas houveram dias em que eu só queria
acordar do pesadelo, houveram dias em que
eu só queria ir para casa e me sentir seguro,
você sabe como sou territorial, e longe dos
meus domínios eu me sinto perdido, então eu
só queria ir para casa e respirar em paz, e
acho que entendo por que algumas pessoas
quando estão diante da morte ou do risco,
tudo que elas queriam era estar em casa, e ás
vezes eu sinto isso quando estou com você, e
muitas vezes te deixo falando sozinha.

Nossas brigas se é que podemos chamar de


nossas, são as mais interessantes que eu já vi,
você grita me xinga, ás vezes você vem para
me bater, mas eu lhe olho friamente e você
recua, mas eu não digo nada, você é quem faz
escândalos você é quem quebra tudo sempre
e me manda embora e depois me pede para
voltar, eu só te observo neste sentido tolo que
você encontra para se exaltar, e ás vezes seria
tão fácil te fazer calar, mas eu escuto tudo que
você me diz, e você sempre acaba com “eu
preciso de um tempo”, então eu digo
calmamente “eu também preciso” , e acho
que o que mais lhe fere é o parecer de que
nada pode me ferir... Eu nunca lhe disse, mas
eu também tenho medo de algumas coisas,
mesmo que eu não me lembre de quais, ás
vezes choro quando não tem ninguém por
perto, eu também tenho minhas fraquezas,
nem tudo que eu perco é por que eu quis
perder, e ás vezes você me olha como se eu
fosse algo inatingível, um semi-deus, sem dor
ou medo, mas eu também sinto e temo o fato
de eu nunca me surpreender, é por que eu já
me surpreendi demais algum dia, o fato de eu
nunca reclamar das dores não é por que eu
não sinto dor, mas eu já reclamo tanto da vida,
e isso me basta... Todos se ferem, tem medos,
tudo insiste em dar errado... Mas para que iria
eu reclamar disso, se a vida é a pior de todas
as dores?
Eu sei que lhe parece que eu estou voando
acima de todos estes problemas materiais,
olhando apenas para a dor de minha alma, e
talvez eu esteja, mas o que importa? O que há
no mundo belo a ponto de ser digno de eu um
dia construir?
Gosto quando você me diz que eu tenho que
fazer um faculdade, quase me perguntando se
eu não almejo ser alguém na vida? E insiste
em me lembrar que pessoas que um dia
aprenderam de min hoje são isso ou são
aquilo, eu não me importo, você nunca
percebeu, mas eu não olho para o lado ou
para baixo, sempre olho para frente, para trás
ou para cima, a última opção é a mais clássica.
Gosto de quando se perfume fica em min,
gosto dos seus cabelos e do cheiro que eles
exalam. Gosto de quando você se senta sobre
meu abdômen e fica me olhando nos olhos, e
quando você me agarra e eu finjo não ter
força o bastante para me libertar, e ás vezes
sinto que quero ficar eternamente na cadeia
de seus braços. Gosto quando você veste uma
daquelas camisas largas depois de acordar
nua e me desperta com um beijo ou voraz em
busca de prazer, então você faz aquele jogo
quando eu perco a noção e cobiço você,
levantando-se e saindo do quarto, você sabe
que seu corpo nu sob uma camisa larga
sempre me desperta cobiça, e quando eu te
deixo partir você sai e logo volta, e da porta
fica me olhando como se quisesse ser
possuída, mas que eu tivesse que lutar por
isso, então eu deixo você ficar me olhando,
então você se desilude do seu jogo e neste
momento começa o meu, ás vezes penso que
não passamos de feras cultas.

Tudo isso me trás a lembrança que dádiva e


maldição é a mesma coisa, só que em tempos
diferentes e me questiono se trevas e luz
também não são, o doce demais torna-se
amargo, quem olha para nós acha que é pior
que eu, mas diferente de você eu não tenho
compaixão antes trago indiferença, e me
pergunto para quem eu contaria o que vivo
com você, bem você sabe que eu nunca fui
daqueles que fala para os amigos as mulheres
com quem fica, mas mesmo se eu contasse
isso tudo seria difícil de compreender, o mais
provável é que me aconselhassem a te
abandonar antes que você me mate, mas isso
me faria ficar. Mas minha vida é este enigma,
tenho amigo que não sabem se realmente são
meus amigos, tenho um nós que não sei se é
realmente nós ou eu e você, tive uma banda
que não sabíamos se realmente éramos uma
banda, acho que só descobrimos dois meses
depois que estávamos ensaiando, sentamos e
nos perguntamos “acaso somos uma banda?”
E eu disse que éramos, bem então temos uma
banda, acho que ela acabou uma semana
depois, ninguém queria se prender, e depois
voltamos... Acho que tudo na minha vida é
assim o incerto, estou ali todo o tempo sem
que as pessoas que me cercam tenham
certeza se vou realmente ficar para sempre,
mas se ela nunca se perguntarem estarei ali...
Para sempre, simples assim... Gosto de
quando você me fala em voz doce, que eu
tenho o dom de te levar ao paraíso depois que
eu satisfaço os teus desejos, como foi um dia
em que nós... Bem, eu ainda tenho problemas
para falar sobre isso... Que você falou que eu
tinha face feminina, e você me penteou,
vestiu-me com uma de suas saias e blusas,
colocando meias em um sutiã para parecer
seios, e me maquiou me dizendo se eu fosse
uma menina eu seria bela, me lembro que
você percebeu que pelo fato de eu não usar
cuecas, que suas calcinhas não seriam bem
vindas em meu corpo... São fantasias um
tanto estranhas, mas eu não tinha para onde
ir, e no fim você me olhou e disse que por isso
estava ao meu lado, pois nunca eu
questionava ou me surpreendia com as coisas
mais estranha que passava por sua mente,
acho que quando você me disse isso tudo me
pareceu uma bela festa a fantasia, e não foi
tão horrível assim, mas pensei um tanto
confuso o quanto seria constrangedor se
alguém presenciasse aquela cena, ou ficasse
sabendo daquilo, mas também não lhe fiz
prometer que não contaria a ninguém, e no
fim você não contou. E acho que isso faz
interessante nosso mundo particular de
segredos que só desrespeitam a nós. Como foi
aquele fato da tia de uma de suas amigas ter
enviado uma enciclopédia de bruxaria direto
de Le havre na França para ela, e você quis
compra-lo por meses, até você chegar com
ele, e eu me lembro de dizer “enfim dobro a
fera?” Você disse que sim, no dia do
halloween eu tive que participar de um de
seus rituais, e como um objeto suas amigas
passaram uma a uma por min inclusive você,
sangrei por você, este foi o preço pelo seu
livro, naquela noite eu chorei sozinho, passei
a madrugada inteira tomando banho até
exorcizar o cheiro delas do meu corpo, mas
compreendi, e se você estava feliz... Nós
passamos uma semana inteira sem olharmos
um nos olhos do outro, foi uma semana difícil
para min. Mas nos fim nós acabamos rindo de
tudo isso, e eu até lhe dei um dicionário de
francês, pensei em brincar com você quando
lhe entreguei, pensei em dizer que havia uns
amigos meus necessitados, mas achei que não
cairia bem, então apenas lhe entreguei
calado. Ás vezes quando estou olhando para
trás como agora, eu pareço ter vivido uma
comédia-sado-romântica ao seu lado, e tudo
se torna hilário, e eu chego apenas a uma
conclusão, “você é apavorante”, o
interessante é que parece que minha vida é
um quebra cabeças separado, cada peça esta
nas mãos de um determinado grupo ou
pessoa, só conseguiriam me definir se todas
as peças se juntassem, mas isso me tornaria
um estranho até para meus melhores amigos,
há coisas sobre min que você nunca soube ou
vai saber, mesmo que passemos uma
eternidade em seu quarto, e sei também que
você não se resume ao meu conhecimento
sobre você, exemplo foi quando um conhecido
meu que estuda na mesma faculdade me falou
sobre você, ele jamais sob que eu lhe
conhecia, eu perguntei sobre você e ele
descreveu-te tão perfeita e metódica, e
quando eu me mostrei interessado ele até me
disse que você não era mulher para min, isso
sim é cômico, ele me falou sobre como você
era responsável e franca, como não dava lado
para qualquer insinuação pessoal, e eu fiquei
interessado nesta face sua, acho que nós, a só
somos nossas face secretas, ou mais uma
face, eu não sei, mas seria muito injusto de
minha parte desconfiar que você não foi
sincera quando chorou ou sorriu, mas acho
que eu também vi isso quando te vi pela
primeira vez no templo católico, ao contrário
de algumas meninas eu nunca lhe achei
vulgar, mesmo quando disse para você que eu
só estava interessado no prazer que você
poderia me proporcionar naquela noite na
festa. O estranho é que somos estranhos, e
agora entendo o que você quis me dizer
quando disse que eu desperto em você o seu
pior lado, o lado insano movido apenas por
paixão, acho que entendo quando você finge
não me ver na companhia de suas amigas
perfeitinhas, acho que nenhum de nós quer
trazer-nos para nossas vidas materiais, e
talvez por isso eu nunca lhe levei para
conhecer meus amigo, você sabia? Eu tenho
amigos, mas se eu trouxer você até eles eu
acabo matando ou batendo em todo mundo,
você é a parte catastrófica da minha vida,
então eu prefiro nos deixar as sombras do seu
quarto, e quando não estou com você, viver
minha vida metódica ou observar a sua a
distancia. Não sei talvez eu nem vá lhe ver
hoje, estou tão cansado e quando você me
ligar vou dar uma desculpa convincente, você
diz que eu não sei mentir, ou não para você
vamos ver se você esta certa nisso também.
Eu nuca lhe falei sobre meu pai, e quando
você me perguntou apenas disse que não
queria falar nele, e muitas vezes depois você
me pergunto se eu estava pronto para falar,
mas a resposta sempre foi a mesmo. Bem, ele
era um cara interessante, mas muito
mentiroso, e por estas mesmas mentiras ele
não esta ao meu lado hoje, dizem que é
pescador que mente, mas ele era caçador,
apesar claro de ter seu trabalho e tudo mais,
você sempre achou que por eu não gostar
muito de selva eu não sou bom em
sobrevivência nela, ao contrário, eu sou um
ótimo caçador, herança de família, sobrevivo
tranquilamente a selva, só que transportei
meus dons para cidade e para minha vida,
como é saber esperar, quando abater a presa,
o mesmo sistema que ás vezes você se
encontra, eu quase nunca erro, mas claro que
como todo caçador eu também já voltei para
casa de mãos vazias, herdei dele também a
facilidade para me sair de situações onde nos
encontramos em cheque, você diz que eu não
sei mentir, mas esta foi a maior das mentiras
que eu inventei para você, é mais fácil lidar
com aquele que subestimam nossas
capacidades, isso é como o caçador, a
estratégia e a armadilha, eu gosto mais das
estratégias e armadilhas, o caçado persegue,
enquanto a armadilha espera, eu prefiro a
armadilha, pois eu me canso menos, e essa é
uma das coisas que você nunca percebeu em
min, eu quis acreditar que havia em você
coisas que eu também não percebia, mas você
é franca e desesperada demais para criar
estratégias, eu entendo que você tem traços
de histeria, então eu sei e amo o que você me
oferece ou ás vezes apenas ignoro o fato de
eu não gostar do que estou presenciando, e
claro, há instantes em que finjo não ver. Mas
nesta loucura que vivemos, somos todos
suspeitos, você com suas feitiçarias e eu com
minhas estratégias, acho que fazemos disso
tudo um jogo sensual, complicado, trágico,
mórbido, sádico e masoquista por nossa
insistência em continuar e o prazer em sofrer
nas mãos um do outro. Gosto quando você fica
melancólica, e fala em voz calma, tudo soa
inteligente, este é um dos instantes em que
tenho prazer sublime em estar ao seu lado só
para ouvi-la falar sobre a vida e um todo.
Gosto de quando você me deixa ficar abraçado
a você com minha face em seus seios ouvido
seu coração bater. Gosto quando deslizo meus
lábios pelo seu queixo, gosto quando você fica
respirando em meu pescoço, gosto de sentir
seu corpo sobre o meu, gosto quando acordo
no meio do dia, e nu sinto sua cocha pesando
sobre min, e eu olho para você como se você
me pertencesse, e é uma porta aberta para o
prazer. Apesar de ser um tanto suspeito eu
gosto de ouvir sua voz quando você sorrindo
fala algo em francês, gosto do seu jeito de
sorrir quando me olha com inocência, parece
tão sensual e misteriosa a maneira com que
você age o tempo todo...

Seria um crime pedi para arrancarmos as


máscaras, acho que eu vou ir até você, acho
que entendo por que estive ao seu lado até
aqui...

...

Esta noite eu me curvei por você, orei para


que as trevas pudessem te libertar, disse aos
meus demônios que entregaria tudo para vê-la
livre, mas eles me disseram que eu não tenho
nada, nem minha alma me pertence, nem
minha carne... Eu vendi toda minha horda por
você esta noite, quase fui expulso da ordem,
como sabe nela possuem-se nove hordas, a
minha é a nona, e possuem três hordas de
padrão elevado, tenho em minhas mãos vinte
e sete almas, a maior hordas dentre as doze, e
eu fui chamado de mago negro pelos que um
dia me elevaram, me chamando de o mais
sábio mestre, fui afastado de meus deveres
até segunda ordem... O feitiço sempre se volta
contra o feiticeiro, e ele se voltou contra você.
Eu conheço seus truques, mas foi horrível
ouvir que você já não pode mais respirar sem
min, viver sem min, nem se levantar sem min,
acho que tudo que você conseguiu afetar com
suas bruxarias foi a si mesma, e fui
confundido entre amor e pena ao olhar para
você, mas lhe abracei e lhe disse que estaria
sempre ali, acho que estou escrevendo por
que este momento que estamos vivendo não é
como os outros, antes eu podia ver jogos e
segurança, mas hoje tudo que vejo é
insanidade e desespero... Nunca antes eu me
sacrifiquei para perder, e hoje eu o fiz, é
estranho, pois o que mais me deixaria feliz é
olhar para você enquanto me disser adeus, e
que conseguira viver sem min... Acho que não
posso recomeçar, acho que não posso te
abandonar neste momento tão ruim só por
que eu quero mudar, e agir como se você
nunca houvesse significado nada para min...
Uma vez eu lhe disse que sempre amei
aqueles que me amam, e é verdade. Aprendi a
olhar para aquele que me amam e deixar os
outros para depois, e eu seria capaz de deixar
até minha vida para depois, e estar ao seu
lado enquanto você precisar de min. Eu sei o
que você vai me dizer, que eu acabei com
minha vida por você, mas não tem
importância, sair da ordem não vai mudar o
que eu sou, e outros já falavam de min antes,
agora eles só vão ter os motivos certos para
falar e acreditaram ter razão, mas sob a noite
o que vale é o coração. “Um mago negro...”
Este titulo me ofende na alma... Todos falavam
de meus métodos, mas eu sempre fui eficaz,
agora eu fui questionado tanto em controle
quanto em sabedoria e poder, me disseram
que eu flerto com a luz e as trevas todo
tempo, os sete dos mestres das nove hordas
se voltaram contra min, expressaram todo
ódio e inveja que um dia sentiram, disseram
que eu era jovem demais para um cargo tão
elevado, disse que eu mostrei prodígios, mas
toda minha alma, meus pensamentos e minha
maneira de agir é duvidosa (Escusa). Eu não
falei nada, se eu explicasse os meus motivos,
seria apenas jogar uma ovelha para os chacais
estraçalharem, eu apenas ouvi calado, o pior
foi o olhar de minha horda enquanto eu
caminhava para fora, eles estavam
decepcionados, as outras hordas se
acotovelavam e blasfemavam de min, mas
tudo bem, eu me levantei e chegou o
momento de cair, não acredito que foi
desesperada minha ação mesmo se eu tivesse
oitenta anos eu faria igual, e eles nunca
conseguiriam entender, muitos deles nunca
tiveram uma experiência digna de ser
lembrada com o espiritual, e eu fecho os olhos
e ainda assim contemplo a estratégia do
demônio, e ele cobrou preço por você, fui
lançado ao chão, envergonhado e
abandonado... E tudo que fiz, fiz para você se
tornar auto-suficiente e me dizer adeus, não
lhe parece irônico, a min me parece, ser
abandonado para ser abandonado, mas eu só
quero que você encontre paz, eu não quero
mais ver sangue em seu olhar, ou dor em sua
alma, quero que você seja aquilo que um dia
foi, antes de me conhecer, antes de todo este
caos, antes de estarmos juntos, se eu pudesse
voltar eu não lhe diria não, mas jamais
entraria naquela igreja ou teria ido aquela
festa... Não por que não amo você de alguma
maneira, mas por que eu posso insistir em ver
as conseqüências de estarmos juntos. Quantos
males imputamos um para o outro, até você
chegar a beira da loucura...

Pegue seu crucifixo e faça uma prece,


reze para que os olhos da noite não te
encontre,
pois aqui ninguém é feliz, não há anistia,
apenas sobrevivemos, e sobrevive o mais
forte...
Pois sob a lua você é apenas presa,
sob o céu noturno você é só uma presa,
beije meus lábios sangrentos e pague o preço,
pois sob este negro céu seu pesadelo é
apenas minha realidade,
agora corra para a luz, se puder agarre a
graça,
e jamais olhe para os olhos do demônio,
pois a luxuria morre diante do desespero...

Acho que no fundo eu sempre soube que


nasci para ser vilão, e eu começo a analisar
quão similar são os heróis e os vilões, ambos
possuem motivos nobres para serem quem
são, e talvez o vilão já tenha sido herói um
dia. E esta capacidade de ir aos extremos que
me faz vilão, a crença me que os fins
justificam os meios também, e olho para
minha vida e vejo apenas um tabuleiro de
xadrez, ver minha vida assim, me acalma, é
como se eu pudesse ter o controle sobre tudo,
só que ás vezes eu mergulho fundo demais, e
talvez por olhar as pessoas ao meu redor
como meras peças, isso só ás vezes, eu não
me importo em sacrificar ou lança-la para o
risco, em busca de algo que considero maior,
você sabe como eu sou neste ponto, (E acho
que preciso recomeçar, novo tabuleiro, peças
diferentes, estratégias nova, sei lá...) e por
isso nunca chorei as perdas, por isso nunca
comemorei as vitórias, e ás vezes apenas
sorrio diante da derrota.
Chegou o tempo de tudo morrer para que
renasça, e eu estou vivendo e prolongando
este último suspiro ao seu lado.

Ás vezes eu durmo lá pelas três da madrugada


e acordo ás seis da manhã, e sinto que posso
sair á luz do sol, ir para lugares diferentes
nesta cidade, onde eu não vá encontrar
aquelas mesmas pessoas, sei lá sair, olhar
vitrines comprar roupas novas, pegar o
telefone da vendedora, e me dar uma nova
chance para viver uma estória diferente ao
lado de alguém, ou algo bem sem nexo como
jogar boliche ou bocha, talvez entrar para o
clube de tiro, sei lá encontrar pessoas
diferente, fazer parte de um clube de lazer,
praticar artes marciais, boxe talvez... Ás vezes
eu só queria ser como os outros homens,
comprar revistas pornográfica, beber em um
bar onde vende-se damas, jogar futebol ou
assistir pela televisão, ir para as festa louco
para ficar com a mulher mais bela, trabalhar
para gastar tudo nos finais de semana, e
achar que é coisa de pederasta ler livros e
dialogar sobre a vida, essas coisas... Seria
bem mais fácil viver a vida, mas estas são
justo as coisas que nunca me interessaram,
nem mesmo a mulher mais bela que sempre
possui mente vazia, mas para os homens
quanto mais vazia, mais fácil é de levar para
cama, eles não gostam de mulheres muito
inteligentes, e eu queria se assim. Eu sou o
último homem de minha linhagem de nobres,
camponeses e vilões, e acho que toda a
linhagem morre aqui comigo, pois sou
estranho para o mundo. Mas eu não abri isso
para falar de min, mas de nós, mas a coisas
que eu não lhe digo, quando você me
pergunta no que estou pensando, é mais fácil
lhe dizer que... “Em nada”, mas sou orgulhos,
lembra-se da primeira vez que brigamos, e
você me disse, “você age como um rei,
silencioso, metódico, sem compaixão”, e me
disse que ás coisas reais não eram como no
meu reino de fantasias, e eu lhe perguntei “o
que importa? Somos livres para sermos quem
bem quisermos, e no fim eu não me acho um
rei, eu sou apenas um deus condenado a este
mundo, e a conviver com pessoas como você,
condenado, mesmo acima dos nobres, á suar
sob o calor do meio dia na pele de um
camponês.”
Eu ainda acho isso, meus pensamentos ainda
são monarquistas, e sempre que estou calado
estou revendo velhas teorias e revoluções
político-sociais, de como podemos chegar a
isso? E você me acusou de ainda viver no
sistema feudal, você tem razão, e eu ainda
sou assim. Quando saio de casa e bato á sua
janela, ainda me sinto como se eu estivesse
no século XII, mesmo na maneira de lhe
corteja que você tanto se diz seduzida. Odeio
toda esta evolução que tanto enfraquece os
homens, e já não nos trás esperança em
acreditar, hoje a palavra não vale nada, você
precisa ter um papel assinado e reconhecido,
e mesmo assim tem que processar para
conseguir que cumpram o que lhe
prometeram, onde foi á honra, onde estão as
crenças, o homem se perdeu tanto que nem os
deuses querem mais lhe falar, você sabe o
quanto é difícil até para se fazer pacto
espirituais, pois eles já não crêem em nós, não
crêem em nossas palavras, e eu vivo pagando
o preço por ter nascido nesta época tão
covarde, quisera eu poder batalhar por minha
honra e da dos meus ancestrais, quisera eu
poder com uma espada fazer algumas cabeças
rolarem, e me assentar no trono que por direi
pertence aquele que possuir mais coragem e
honra, mas tudo é era, e eu queria ás vezes
estar vivo para vê-la cair, mas tudo só tende a
piorar. Talvez nunca houve uma era gloriosa
neste mundo, nem nos tempos de Alexandre,
nem nos tempos de Nabucodonosor, nem nos
tempo de Akhnatom, talvez...

Vi o seu tormento quando eu me levantei para


fumar um cigarro na janela, e você despertou
na penumbra e me procuro com desespero no
olhar, eu fingi não perceber, fui até você lhe
beijei e você disse que pensou que era um
sonho e eu não estava ali de verdade, mas
calmamente eu lhe disse que eu só iria
embora depois do sol nascer, fiquei velando os
seus sonos e acordares, sempre ali... Em
minha mente eu analisei tudo aquilo, se fosse
em outra ocasião seu desespero seria uma
caricia a minha vaidade, mas eu não consegui
sentir isso, antes senti toda aquela sensação
mórbida que havia invadido o seu quarto,
parecia que tudo era um velório por trás de
suas beleza e sensualidade, e quando parti e
você me pergunto se
Estávamos bem, eu lhe disse que também não
conseguiria viver sem você, eu poderia dizer
que não, mas pensei em como foi bom viver
momento bons ao seu lado, seria egoísmo
abandona-la no momento ruim... “Na saúde e
na doença até que a morte os separe...” O
único erro é que já estamos mortos.
Sábado chegará o Grão mestre da ordem de
São Paulo, ficará aqui por uma semana dará
palestra para os fraternos, ele é meu amigo,
sempre me chamou de prodígio, um dia me
disse que sempre que olhava para min via o
sinete da perfeição, acho que agora ele dirá
“enfim converte-se em satanás para sua
ordem.” Será interessante olhar para ele, ele
irá me perguntar os motivos, ele nunca
questionou minhas ações por mais obscuras
que fossem e eu nunca o decepcionei, sei que
meus inimigo iram escalpelar-me para ele,
mas se ele olhar para min de do outro lado do
abismo e não do meu lado, então não
importa... Mas vai ser bom vê-lo, se ainda
formos amigos, talvez com o tempo eu me
mude definitivamente para lá, (Quando nossos
problemas tiverem resolvidos) e enfim poder
recomeçar, acho que não quero mais pertencer
a ordem. Certamente ele me chamará para
algumas ocupações em seu circulo, mas acho
que irei dispensar, alguém que teve a
confiança questionada nunca mais torna a ser
alguém digno dela novamente, eu conheço as
regras. E outra, esta coisas correm, não quero
ser olhado diferente, como se não importasse
aonde eu fosse estaria sendo atingido por
isso, não gosto de ser perseguido, ou acabo
com meus perseguidores ou me entrego se
resistência, nunca corro, para ser pego
cansado. Mas sabe por que eu estou em paz,
mesmo que minha vaidade, orgulho e poder,
foi ofendido... Eu sei que se tudo esta
acontecendo assim é por que eu fui ouvido em
meu pedido com relação a você, e isso me
acalma, claro que haverá muito fluido amargo
para engolir por estes dias, mas o pior não me
choca, já me acostumei.

...

O vinho atrai velhos amigos a uma boa


conversa, poucas vezes no vimos nesta
semana, acho que fará bem para ambos, meu
velho amigo da ordem paulista me ligou e
podemos conversar sobre tudo, sobre
influencias religiosas e seus efeitos colaterais.
Ele me falou sobre as pessoas que buscam
ordens com fins políticos e financeiros, sobre
as pessoas que nunca param para pensar,
apenas julgam sem conhecimento, disse isso
procurando me fazer falar sobre o meu
problema, não vendo resultados ele foi
direto... ”Ouvi muito a seu respeito desde que
cheguei aqui, em nenhuma da face que me
mostraram reconhecia a sua, sempre achei
que você era perigoso pelo fato de ser frio e
calculista, mas nunca pensei que um dia você
seria desonrado por vender sua horda a Seol
(Diabo, Satanás), seis que como um mestre,
como um cavaleiro honrado você não discute a
desgraça, mas peço pela confiança e amizade
que temos, que você me conte o que houve.”
Eu me senti um tanto fora de lugar, mas não
falei nada sobre você apenas disse que foi
necessário ocorrer como ocorreu. Ele riu,
dizendo que tenho poder até para destruir a
min mesmo, ele falou sobre como esta ordem
precisava de minha experiência, disse que
havia uma maneira de voltar, e seria pedir
anistia, desfazer o que foi feito, mas eu disse
a ele que não faria isso, ele me olhou e
melancolicamente disse que entendia, e
completou dizendo que ao contrário do que as
pessoas pensam, o espiritual é um mundo tão
vasto quanto o nosso, e as pessoas insistem
em confundir achando que tudo é apenas
aquela mesma coisa, como se o espiritual
fosse apenas uma comunidadezinha de doze
espíritos, o espiritual como o mundo, tem
varia forma que podemos encarar como
cultura espiritual, leis e leis que são
quebradas e edificadas pelas próprias leis, há
divergência mesmo no espiritual, e olhar para
ele é o mesmo que passar a sacrificar aos
poucos seu contato com o mundo ao redor,
indiferentemente começa a se afetada a
convivência, e ele falou que eu nasci cresci e
vivi no lugar errado, e completou dizendo, eu
o conheci, e desde o primeiro instante soube
que eu era diferente, “vejo em você honra,
justiça e frieza, não sei qual é sua causa nesta
ação, mas acredito que seja nobre, se há
alguém que vai sempre lhe olhar nos olhos
sem desconfiança sou eu, e abusando do fato
de eu ser o grão mestre de minha ordem esta
feito o convite para que nela você ingresse e
em cargo mais elevado que este que aqui
tem.” Eu disse a ele que precisava de um
tempo até que ás coisas se resolvessem, e ele
me disse como eu digo, o tempo é algo que
sempre temos. Nós nos lembramos de quando
estive in São Paulo e como foi visitar a ordem,
ele disse que quando cheguei e ele me
anunciou, disse que mais tarde, todos os
outros mestres dialogavam sobre o fato de eu
ser tão jovem, e disse que o mestre do nono
circulo havia me mandado um abraço e disse
que os mistérios foram generosos comigo,
pois raras são a união de beleza e sabedoria,
fiquei envaidecido em minha alma, o ego
acariciado sempre nós entrega noites
perfeitas e eu estive feliz, mesmo que lutei
comigo mesmo, e com a vaidade ao ouvir
estas palavras. Ele me perguntou tudo sobre o
seguimento espiritual de minha horda,
entreguei a ele um relatório completo, meu
último relatório, entreguei a ele detalhada as
personalidades, dons e dificuldade de cada
membro, ele ficou espantando com meu dom
de observação, e procurei explicar os
detalhes, estando eu afastado de meus
afazeres em não disposto a pedir anistia, ficou
claro que eu não mais sou reconhecido como
mestre, e que a partir deste mesmo instante
não devo mais citar nada que comprometa a
integridade dos mistérios desta mesma
ordem, ele ficou triste ao se despedir, me
disse que só poderia me ajudar se eu pedisse
anistia, mas repeti que isso eu não poderia
fazer, ele percebendo que não era questão de
orgulho me abraçou, e disse que estaria me
esperando quando eu estivesse pronto, deixou
claro que seria orgulho receber-me como
mestre em sua ordem, e me elevar como
cavaleiro, e assim se despediu dizendo que
quando eu desejasse falar poderia ligar para
ele. Foi um tanto triste para min quando ele
partiu, pois me senti só, não é fácil olhar para
a casa e encontrar apenas o vazio, pensei em
ir até você, mas não poderia cometer este
crime, lidei com minha dor só, acho que nos
instantes em que mais preciso de alguém,
todo foram embora e não há ninguém para me
receber.
...

Hoje nos falamos, estávamos um pouco na


defensiva, quando eu lhe toquei a face senti
uma espécie de desconforto em você, eu vivi
toda aquela morte só para sentir o cheiro de
seus cabelos, eu quis te abraçar, mas vi que
não havia clima, senti o seu receio, havia
medo, mas quando e disse que era tarde e
precisava ir você falou irritada, “nunca houve
tarde para nós,” e eu disse “e você nunca fez
rodeios apenas me pedia para ficar,” e você se
calou, eu me sentei e fiquei olhando para o
nada enquanto você olhava para min deitada
em sua cama, temo tido madrugadas chuvosas
neste dias, eu me lembro que minhas paixões
sempre começam e terminam em tempo de
chuva, é interessante... Quando você dormiu
eu fiquei olhando a chuva, acho que no fim eu
me tornei apenas seu anjo mesmo, pois nem
lhe toco e nem converso, o que eu lhe diria, “ó
estou pensando em dizer adeus, ou ó todo
mundo esta me crucificando lá fora, eu estou
sozinho meu amor, nem você esta ao meu lado
agora, e isso é realmente doloroso, acho que
esta no fim minha cota de amigos, mas eu
procurei isso”. Na madrugada fiquei olhando
para você, dormia tão tranqüila, devo lhe
confessar que roubei-lhe beijo enquanto
dormia, gosto de olhar para o contorno de seu
rosto, mas eu vim embora na chuva para
apagar a chama que me envolveu. Há muito
tempo eu não caminho pela chuva, me lembrei
enquanto passei por uma esquina de uma de
antiga paixão, naquela esquina foi a última
vez em que nos vimos, nostálgico, mas eu não
sinto falta dela, foi bom lembrar pois
passamos momentos bons juntos, como foi o
segundo porre de dois em toda a vida, ela
havia me levado para casa, eu fiquei muito
mal naquele dia, nós tomamos duas garrafas
de vodka, e eu debilitei, mas eu estava doente
naqueles dias, e saíram feridas pelo corpo que
não cicatrizavam, qualquer arranham de unha
gerava uma brecha sobre a pele, eu estava
intoxicado, minhas defesas do organismos
estavam debilitadas, acho que eu estava
tentando me matar, destruí meu fígado e não
sendo o bastante comecei a destruir meus
pulmões, tudo para criar uma estratégia de
morte dosada, acho que eu não quero passar
dos trinta anos.
...

Hoje eu sonhei com você, em meu sonho eu


sentia frio enquanto atravessava o portal para
ser consolado nos braços da morte,
enigmático... Eu estava perdido em uma
floresta misteriosa, até encontrar uma imensa
clareira no coração da floresta, um vale
perfeito, nele havia uma mansão e no jardim
você me esperava entre rosas, com um belo
vestido azul, você parecia tão feliz, e em seus
braços eu senti a sensação de que ali você
havia me esperado por séculos. (Acho que
nestes dias estou com uma estranha
necessidade de ter alguém que esperaria por
min, uma eternidade se preciso fosse.) Em
seus braços eu me libertei de toda sombra em
minha alma, e ali, longe de toda lágrima eu
tive a certeza de que não mais poderíamos
nos perder de nós. A lua parecia entregar-se
ao alcance das mãos, nós éramos imortais ali,
eternamente alcançando paz nos braços um
do outro, e você pode me libertar de toda
tristeza que há em min, e eu pude finalmente
adormecer seguro em seus braços, certo de
que o amanhã nunca morreria para nós...
Foi bom ouvi-la quando me ligou, eu estava
perdido em algum lugar dentro de min, você
sabe que sempre que estou triste eu quero
ficar só, me escondo de baixo da cama e lá
fico contemplando um paraíso só meu
(Esquizofrenia). Foi então que você me ligou,
queria que eu fosse jantar com você, mas
queria que eu fizesse o jantar... Gosto quando
você olha para min e diz que mesmo se eu não
fosse belo, misterioso ou bom de cama,
estaria comigo pelo simples fato de que eu
cozinho bem. Foi estranho olhar para você do
outro lado da mesa, você fez aquele olhar qual
eu sempre me derreto todo, misterioso e
sensual, mas eu fiquei calado como se eu não
o tivesse percebido, era estranho olhar para
você, pois você me pareceu uma estranha, eu
poderia falar sobre tudo, mas eu não quis, não
me senti á vontade, acho que nunca nos
libertamos, sai um demônio e entra outro... Eu
como sempre não jantei com você, mas gosto
de olhá-la enquanto come, acho que gosto de
te observar fazendo qualquer coisa, é tão
delicada na maneira qual se move, seus gesto
parecem tão inocentes, e ás vezes me faz
sentir como se eu fosse o inimigo, sua
simplicidade de agir, ás vezes faz de min o seu
vilão. Depois que jantamos você me pediu
para escrever um poema olhando para você,
algo estranho, mas nós somos estranhos, mas
eu disse que não estava muito bem para
escrever, e você me disse que eu poderia
escrever até sobre min mesmo, mas que eu
escrevesse olhando para você, e eu fiz como
você me pediu. Não sei se é apenas
psicológico, mas em tudo que temos vivido eu
tenho sentido uma sensação de fim, estamos
mais sombrios que nunca, parecemos estar
mortos... Eu fiquei ali olhando para você e
senti uma sensação tão mórbida e sombria,
aquela velha visão de fantasmas dançando
valsa a luz do luar em suas vestes antigas, sei
lá, eu tenho esta visão ás vezes... Ela é
povoada de uma melancolia fúnebre, e uma
paz sombria... E foi o que eu senti olhando
para você. Devo lhe confessar... Esta semana
eu fiquei com alguém, ela é muito diferente de
você, e de todas as outras que fiquei até aqui,
o que eu não disse eu escrevo, então isso é
um segredo nosso, talvez só meu, pois não
acredito que alguém vá ler isso um dia e
quando eu terminar irei apagar. Bem, ela vivia
me dizendo o quanto eu era belo, ela é feliz,
eu estava bebendo com alguns daqueles meus
amigos que até me pergunto por que estou
ali, e ela mandou um recado em particular, eu
não fiz cerimônias apenas fiquei, acho que eu
estava tentando a exorcizar esta mesmice, ou
talvez, senti um pouco da alegria dela, mas se
você quer saber acho que não lhe traí, fiquei
até o amanhecer com ela, a satisfiz, mas não
me satisfiz, lembra daquela técnica de não
chegar a um orgasmo por horas se necessário
for (Nós fazíamos este jogo e você sempre
perdia.), pois é, foi assim, acho que eu não
quis sentir o sublime, ele passa tão rápido, e
tudo ao redor se apaga, ao menos eu me
mantive como estava. Engraçado como as
mulheres demonstram tanto recato... Tão
cheia de pode e não pode, para entre quatro
paredes virarem uma fera, que se contar para
alguém que ás conheça dirão que é mentira,
talvez isso se explique pela sexualidade
reprimida, afinal se uma mulher sai agarrando
todo mundo ela fica falada, e por isso elas se
aprisionam por temer o fato de alguém ficar
sabendo, mas quando chega o momento
parece uma fera enjaulada se libertando, mas
isso acho que você não entenderia se eu lhe
contasse, ou talvez eu é quem não entenda.
Ás vezes sinto que por ninguém nunca ficar
sabendo com quem eu fico, e eu nunca
comentar, minhas amigas confiam em min,
como era o fato de quando eu estava entre a
multidão, garotos e garotas que pensavam
que precisavam ser rebeldes no último
sentido, muitas daquelas garotas que
conheceram, e sempre foram difíceis para os
garotos namorarem elas marcavam dias para
pularem a janela do meu quarto, eram noite
apavoradas, fumar baseado e fazer sexo, eu
nunca confessei o que vi naquele clubinho das
mulheres a ninguém, mas houveram dias em
que aconteciam coisas realmente
extraordinárias, quase sempre ligada a
sexualidade reprimida libertada em uma noite
de conversa amigável ao calor do vinho, acho
que o vinho é uma chave para a orgia, acho
que o mundo não me agrada por estes
momento, olhar e ver que todos tem seus
crimes a sombra das cortinas da sociedade, e
quase noventa por cento é relacionada a
sexualidade, estranho, acho que Freud estava
certo em alguns pontos, mas eu nuca julguei
por este lado, e sim pelo fato de todos
estarem insatisfeitos e permanecerem nesta
insatisfação, mas todos tem seus instantes de
habitantes de Sodoma. Ás vezes acho que o
deus hebraico brinca comigo, ver tudo isso
enquanto sinto uma necessidade extrema de
alcançar santidade. Eu nunca lhe disse, mas
se eu pudesse viver longe de todos estes
podes e não podes, a sensualidade talvez não
fosse minha prioridade em libertar, mas o
pensamento, mas como todos eu também
sinto e me pego em noites não reconhecendo
a min mesmo, eu vivi meus instantes de
loucura até o fim, ás vezes me arrependo, ás
vezes não, tudo isso encima do mesmo ato,
mas eu não me culpo e nem tento me explicar,
eu sou apenas isso, e acho que muitas coisas
foi bom viver, pois hoje eu sei o básico para
mover o coração dos homens e das mulheres,
e quase todas estas armas estão no
underground, sexo, prostituição, drogas,
poder e religião, quase sempre se resume a
isso, no mais... São apenas os mesmo efeitos
desta descrição acima, elevado de outra
maneira, como fantasia, drogas e religião,
como dinheiro, conhecimento, influencia e
poder, como sensualidade, enredo, fascínio,
paixão e sexos... Bem acho que você me
entende. Tudo se resume a uma matriz básica,
o resto é apenas embalagem, e por isso somos
fracos diante do mau, que é apenas um ponto
de vista, entre abdicar e viver, curvar-se e
contra-atacar, olhar para o próximo ou não se
importar, mas o engraçado é que a negação
destas mesmas fraquezas nos torna diabólico,
é como matar e chorar, sentir dor e prazer,
privar-se e libertar-se sedento para o que
consideramos vil, negando a nós mesmos e as
nossas próprias virtudes, numa lutar eterna
entre o “ser ou não ser,” herói e inimigo de si
mesmo eternamente... Mero acaso “Darkling”.

...

Hoje fui tentado em tudo o que um dia me


pertenceu, achos que o demônio esta me
testando, você me ligou e me chamou a estar
com você, veio sorrindo e me beijando os
lábios me pediu para que eu me sentasse ao
seu lado, vimos o por do sol juntos, e
abraçada ao meu corpo você me olhou nos
olhos e me pergunto por quanto tempo mais
eu ia fazer este jogo, você me disse que vê a
maneira com que olho para você todo o
tempo, como se a cobiçasse em cada gesto.
Me perguntou se iríamos permanecer nesta
distancia para sempre, pois você estaria ali,
ou me olhando de longe, e você sorriu... Eu
sempre me perco quando você sorri, eu a
beijei de maneira lasciva, e você se entregou,
mostrando que estava ao meu lado, e eu disse
que tudo não passava de dias de tormento. Se
eu lhe contasse... Acho que nem a este diário
tenho revelado inteiramente o que tenho
vivido, eu não confio nem em min, mas gostei
de ver você se preocupar comigo, ainda que
fosse mera gentileza eu estaria feliz, foi uma
tarde de pecados, nos entregamos ao amor
dentro daquele templo, e a estátua
simbolizando o cristo foi testemunha,
estranho que eu vivi sem amanhã, como se eu
estivesse desprovido de senso religioso ou
culpa, apenas te amei, acho que sempre
unimos religião e prazer, e olha que a pagina
acima fala justo destas coisas, acho que é
para pagar a língua. Quando nos despedimos
você me olhou com aquele olhar e me
perguntou, “e então estamos bem?” Eu lhe
perguntei o que você achava, e você disse que
não é legal responder uma pergunta com
outra, mas me olhando nos olhos disse que
nunca teve tanta certeza do amor que sente
por min, eu sorri e disse que você sabia que o
meu mundo girava em torno do seu, e você
disse que melhor que ele girasse dentro que
em torno, e rindo eu disse que você nunca
muda, sempre tentando controlar tudo e me
controlar, e você disse que eu precisava de
controle, e você era a pessoa certa para isso
eu sorri e parti, deixando você me olhar com a
indecisão de eu não ter respondido sua
pergunta, antes ter te enrolado na conversa,
mas eu estava tentado a lhe dizer que tudo
que eu mais queria era estar ali e ao seu lado,
mas... Mas... Bem...
Eu cheguei em casa por volta das sete horas,
por volta das oito alguém me ligou, velho
conhecido, me chamou para uma conversa
formal, eu fui até a casa dele, chegando lá
encontrei boa parte de minha antiga horda,
nove homens que me honraram quando
cheguei. Foi bom vê-los, eles me falaram
sobre a ordem, sobre o que todos estavam
pensando sobre min, mas me disseram que
minha horda estava a min espera, e por ela
ser a maior dentre a ordem tem poder o
bastante para me fazer retornar, disse que
meu velho amigo da ordem de São Paulo falou
abertamente a todos que por mais que as
coisas estivessem confusas, que ninguém se
apressasse em julgar, pois pelo meu trabalho,
pela minha filosofia e honra até o presente,
nunca fui digno de nenhuma injuria ou
desconfiança, e por mais que alguns ali
insistissem em não me compreender e
desconfiar, meus conselhos sempre foram
cheios de sabedoria e preocupação com o
próximo... E eles concluíram me dizendo que
estavam prontos a estar comigo para qualquer
fim, chegaram a cogitar até na edificação de
uma nova ordem, mas eu fui categórico em
deixar claro que não é o meu desejo ir contra
a ordem, e seduzir seus fraternos é ir contra
ela. Foi bom olhar para os olhos deles e vê-los
me olhar com um respeito maior do que já
tiveram até hoje, e mesmo os amando não
deixei de ser tocado pelo sentimento de que
mais uma vez nego o destino que temo... Pode
ser loucura, mas quando eu era pequeno
(Sete, oito anos...), sempre tem aquela estória
de “o que você quer ser quando crescer?”
Muitos de meus amigos queriam ser policiais,
outros bombeiros, sei lá passava um desenho
na época onde os bombeiros salvam o mundo
de vilões comuns, como fogo acidentes, onde
tudo era voltado para salvar o planeta e a vida
que nele há, nesta época todos queriam ser
bombeiros, enfim... Eu nunca havia parado e
analisado, e aquilo realmente mexeu comigo,
e eu cheguei a conclusão que eu queria ser
deus, e eu acreditei por muito tempo que
quando eu crescesse seria um, e eu me moldei
para este propósito por muito tempo, observei
todos que eu pude buscando sempre saber
tudo, seus segredos, seus desejos, suas
virtudes e vícios. E quando eu decidi ser o
primeiro e estava pronto para sê-lo eu fui,
mas abandonei, pois não era o bastante, eu
era apenas um adolescente querendo ser
visto, fui e descobri que isso não tinha
importância, então me sentei entre aqueles
que estão nas sombras e nunca são notados,
me moldei tanto que já nem sei quem eu era,
confesso que isso ás vezes me fere... Mas no
instante em que eles se mostraram tão
prontos a estar comigo eu soube que poderia
revolucionar minha era, fazer meu nome ser
lembrado, mas eu já tenho meus livros para
fazer o mundo lembrar de min, e todo escritor
é elevado ao sucesso póstumo, isso me
tranqüiliza de certa forma estranha. Mas olhar
para a ordem usar da confiança de meus
aliado para me elevar, acho que por mais que
a vaidade seja um de meu pecado capitais
influente, acho que não chegaria a tanto, eu
ainda tenho princípios, mesmo que fique
confuso ás vezes, “mas lhe confesso que se eu
unisse a minha horda a todos os que me
buscaram eu teria um pequeno exercito,
talvez eu me tornasse um revolucionário, mas
isso caiu da moda...” Isso soou engraçado
queria que você estivesse aqui para sorrir
para min. Acho que eu estou enlouquecendo
com tudo isso, sei que são apenas
pensamentos, mas são pensamentos
perigosos demais para a sanidade. Talvez eu
sofra por ser tão pretensioso, nunca vi um
coração tão pretensioso quanto o meu, e ás
vezes temo a min mesmo... Mas ser deus é
como almejar a presidência do país, é tão
comum e político, vejo no olhar de minha
horda a sede por ter alguém a quem segui,
vejo nos olhos daqueles que me procuram
esta mesma sede, todos estão cansados dos
deuses antigos, querem um novo deus para
amar, adorar, matar e tornar a adorar por
alguns milênios, e acredito que chegou a era
de um novo deus se levantar, mas até agora
tudo é só uma piada, mesmo que possua uma
ordem e adoradores, mas até aqui não passa
disso, mas acho que é tempo para algo se
elevar, o mundo esta ansioso por nova ordem,
novo deus, novos milagres, nova forma de
existir e sentir... Aqueles que não conseguem
acompanhar isso, ignoram as necessidade que
o povo tem apresentado, serão apenas
indivíduos obsoletos, que choraram sobre o
seu antigo deus e ídolo abandonado, algo
como lamentar-se sobre os escombros do
templo. Não tem nada a ver com identidade
divina, nada a ver com este ou aquele, mas
com cumprir o que veio para cumprir, e ser
aquele que foi escolhido para ser. É estamos
vivendo o instante em que nossos deuses
passam a ser esquecidos lentamente, é
estranho viver estes dias, então eu começo a
me lembrar de outros deuses, como os da
Grécia, Egito, e tantos outros como o principio
na Mesopotâmia, deuses que hoje riríamos
sem nenhum respeito diante de seu altar e
nada nos aconteceria, e agora olhamos para a
queda do Eu sou... De Jesus, do próprio
diabo... Quanto mais as igrejas pregam mais o
povo se esquece, talvez um século, talvez
mais mas não um milênio, até que isso tudo
caia, estes deuses apocalípticos sejam
desmascarados e esquecidos. É uma
possibilidade...

Bem quando me perguntaram o que eu iria


fazer com relação a ordem, eu disse que era
cedo para tomar qualquer decisão, e eles me
disseram que estariam ao meu lado para
qualquer fim e me honraram novamente antes
de me deixar partir. Bem... Foi um dia
estranho, mas bom, apesar de eu sempre
temer o fato de que quando tudo vai bem é
um sinal de que o pior estar se armando, mas
fiquei feliz em encarar o respeito nos olhos
deles, e encarar o amor nos teus... Foi um dia
bom, de indecisões para minha alma, mas
acho que vou dormir tranqüilo, apesar que, o
sol ainda vai demorar a nascer.

...
Nesta noite fria de chuva, onde padeço
solitário em meio ao meu desespero, em meio
aos meus pesadelos, sinto uma estranha
necessidade de voltar para casa, como se ela
estivesse alem de minha propriedade, alem
daqui... Alem do mundo. Ás vezes em noites
como esta tudo que quero é terminar o que
vim fazer e morrer, a morte me parece um
sonho bom em noites como esta, por isso não
vou a sua casa, darei qualquer desculpa direi
que choveu... Sinto que não posso levar
minhas feridas quando elas se mostram tão
visíveis aos olhos, até você... São tantos
complexos que se eu estiver ao seu lado neste
instante, acho que nenhum de nós viverá para
ver o nascer do sol amanhã. Olhando para
todas estas possibilidades, acho que vou ficar
em casa, este sentimento não pode ser
amenizado em uma conversa agradável, ou
satisfeito em seus braços, isso é um tormento
pessoal, é nestes instantes em que tudo se
perde e eu só quero ficar só, um silencio
concentrado á auto-cura, eu sinto que há um
lugar mais belo distante deste tormento onde
eu possa descansar em paz, acho que no fim
tudo que queremos por trás de todo interesse
é encontrar paz para o espírito. Eu não sei por
que sou tão atormentado, e não parece... É
uma maldição... Minha mãe sempre dizia que
me entendia, e acho que ela esta certa, ela
contou-me que no período de minha gestação
ela sentia incontrolável ódio pelo mundo,
disse que passava os dias escondida no
quarto, isso tudo para não ouvir um simples
bom dia de ninguém, ela dizia que quando as
pessoas diziam bom dia para ela, ela desejava
mata-los, corria para o quarto e chorava
amargamente, e todo este ódio só a
abandonou quando ela me teve, mas mesmo
no instante em que pela primeira vez me viu
me odiou, tanto é que mandou a enfermeira
me tirar do quarto, pois ela não queria me ver.
Ela disse que mesmo antes de nascer eu já
odiava o mundo e todos que nele habitavam,
talvez ela esteja certa, pois o que ela viveu
durante nove meses eu vivo minha vida
inteira, e não consigo compreender por que
sou assim, acho que fui marcado pelas trevas,
todo e qualquer sentimento sano paira sob a
libertação, este mundo me cansa
definitivamente, se há um criador há um
criatura que nunca vai agradecer por sua
criação... Mas o campo ainda me acalma, lá
estou longe de todos os mortais, os chamo
assim, pois parecem tão frágeis, eu tentei
morrer por tantas vezes e sobrevivi sem um
arranhão, mas melhor é não morrer e
permanecer intacto que ser um vivo mutilado.
Quase todo tempo eu sinto a sensação de que
sou imune a tudo, mesmo inconsciente... Mas
jamais a esta sensação de tristeza e
desespero.
...

Hoje eu sonhei com você... Eu havia


atravessado o portal, senti frio, mas estava
em paz, meu corpo sofreu um leve
formigamento e tudo que vi foi um fleche
antes de cair inconsciente. Cruzei novamente
uma floresta enigmática para lhe encontrar, e
no coração daquela selva misteriosa encontrei
a mansão, você esta bela como nunca esteve,
e sorrindo veio ao meu encontro, ás lágrimas
e os motivos pelos quais sentimos dor até ali
haviam passado, o desespero havia se calado,
e nossos corações batiam em tranqüilidade,
era noite e a lua parecia estar tão próxima a
ponto de deixar a impressão de que se eu
estendesse a mão poderia toca-la, uma
claridade intensa e pálida cobria-nos, e eu a
abracei longe de todos os meus pesadelos, o
tormento havia passado para nós, e eu estava
em paz, pois sabia que ali você havia me
esperado por longo tempo, até me ver
retornar, tudo havia passado, a morte
também, e eu encontrei abrigo em seus
braços, e ali longe da solidão que nos cercou
por uma vida, eu pude finalmente entender
longe da loucura, que eu sempre te amei. Não
havia lugar para ir, não havia sombra para nos
confundir, apenas a eternidade em um
santuário só para nós, e eu tive intensa
certeza de que não mais poderíamos nos
abandonar, pois ali era o nosso lugar, nos
braços um do outro encontrando abrigo alem
da escuridão, e não havia medo, pois você
havia me esperado por todo este tempo, e eu
estava feliz em estar ao seu lado, na certeza
de que tudo havia encontrado seu fim, e
ninguém mais havia que pudesse tirar algo de
nós, e eu descansei em seus braços olhando
para o céu, na certeza de que ali a noite
duraria para sempre, e a lua nunca deixaria de
brilhar...

Você me ligou eram uma da madrugada,


disse que estava desesperada e queria me ver,
eu disse que iria, mas demorei demais,
quando cheguei vi portas e janelas abertas,
havia cheiro de velas por toda a casa, no
centro de um pentagrama meu nome sob
essências e mel, você estava caída no chão
olhei para a mesinha e vi suas drogas ao lado
de uma garrafa vazia de vodka, achei que
você havia bebido demais, e fui até você a te
peguei no colo e trouxe até a cama, você
estava gelada, me preocupei, verifiquei seu
pulso e ele já não pulsava, me desesperei...
Tentei os primeiro socorros, mas foi em vão,
chamei a ambulância, me disseram que você
se envenenou, não tocaram na palavra
suicídio, seu pai me culpou, me socou a face, e
eu apenas o olhei sem expressão... Que
mundo louco...

..05..20..05..18..14..09..04..01..04..05..
(A letra abaixo no manuscrito não
correspondia a de Eliaquim)

...

Depois que sua namorada suicidou-se ele


perdeu a razão, estas palavras acima foram
suas últimas sobre este relacionamento
insano de fim trágico, naquela manhã ela saiu
á luz do sol, acredito que não havia dormido,
vestia sobre as roupas um capuz negro que
lhe ocultava parte da face, saiu de sua casa e
caminhando pelo meio da rua levava uma
espada medieval á cintura, todos que
cruzavam por ele, ele a desembainhava e feria
de morte, como se naquela manhã de sol o
anjo da morte houvesse enlouquecido, e
caminhado a luz do dia na realidade dos
homens, e ele matou onze pessoas e feri
varias outras de maneira mortal, quem ele
encontrava ele dilacerava com sua lâmina tão
fria quanto a maneira com que ele matava, a
policia o interrompeu antes que chegasse ao
meio da cidade, fizeram uma barreira, e ele
caminhou tranquilamente para ela, chegando
diante ele parou, os soldados deram ordens
para que ele largasse sua arma, mas tudo que
ele fez foi pedir silêncio, tirou o capuz da face
e olhou melancolicamente para o sol, e
pareceu permitir um sorriso triste em sua face
pálida, olhou para a barreira e caminhou para
ela com a espada empunhada em maneira
nobre, sob os avisos para cessar o ataque,
mas ele não ouviu, foi abatido por onze tiros o
mesmo número de mortos, e só caiu morto
quando o décimo primeiro o atingiu, antes
dele com sua lâmina ferir um dos soldados... E
esse foi o fim, muitos dizem que ele havia
enlouquecido, que odiava a humanidade,
outros dizem que só estava triste e havia
perdido o sentido, essa tragédia foi chamada
de “a mão de Azrael”, algum acham que ele
era um psicopata, outros o admiram como um
poeta incompreendido, outros dizem que ele
foi um rei cavalgando honradamente para seu
destino, mas acho que ele apenas não
conseguiu respirar sem ela, como ela não
conseguia sem ele, e em algum lugar eles
devem estar correndo jovens e eternos pela
noite, vivendo junto sua paixão, maldição e
tristeza para sempre, até que o inferno os
receba, pois o céu não feito para eles...
Último Capítulo

“O início”

“A comunidade dos Poetas”

Melissa ao terminar de ler o diário olhou para


o relógio e pensou que naquele instante
Eliaquim já estava firmando sua palavra aos
demais, ela havia perdido, mas ainda assim
sorriu, e enquanto calçava o tênis falava para
si mesma, “ele fala em seu diário não de
alguém desconhecido, mas da própria Franci,
e agora eu sei... Ele realmente desistiu da
paixão quando se apaixonou novamente, e eu
sei por que... Franci era a escrivã da
comunidade, ela registrou tudo, eis jogo...
Pagar o preço, o preço por retornar da
escuridão...” Ela colocou o diário na pasta e
seguiu para a reunião, quando chegou Eli já
havia terminado, e sentado conversava com
alguns rapazes, ao vê-la cumprimentou-a, e
ela falou:
_Descobri o enigma.
_Mas você perdeu o jogo.
_Não importa, eu descobri...
Eli pediu licença ao demais e convidou
Melissa a caminhar, e em meio a rua ela pediu.
_Pode abrir sua camisa?
Ele olhou para ela, e ela mostrou o diário,
então ele sorrindo fez como ela pediu, e
deixou amostra no peito onze cicatrizes feita
por ferimento a projeteis de arma de fogo.
_Você realmente morreu um dia?
_Talvez, mas eu não me lembro, apenas
acordei...
_Nos braços de Franci.
_É...
_Eu sei por que desistiu da outra paixão
depois de Ângela... Você não conseguiria sofre
novamente por ter que entregar a quem mais
ama... Desde quando faz acordos e joga com o
demônio?
_Desde a primeira vez que amei, o amor nos
cobra um preço alto, e muitas vezes temos
que negar a nós mesmo para corresponder a
ele.
_Você iria se entregar e afundar com todos na
comunidade, isso para que Franci pudesse
viver, por quê?
_Com o tempo as coisas perdem o sentido, e o
que eu aprendi foi que não há motivo, pois o
próprio motivo me abandonou.
_O demônio não quis você, pois você se
entregava de livre vontade, antes desejou lhe
tirar o que você mais amava... Ângela, isso
para que sofresse todos os dias até aqui...
_São apenas exigências...
_Acredito que depois tenha tentado varias
vezes se matar, mas não conseguiu, Samuel
não jogou com a vida ele a colocou em penhor,
este era o significado, de jogar com a vida e
perder... O demônio lhe pediu onze almas por
cada alma, mas entre as onze que lhe
concedia o indulto, você também pôs a sua,
tentou proteger Ângela, mas ela mesma foi
atraída...
_A alma dela valia mais que aquela vinte duas,
e...
_Acho que não foi culpa sua, eu entendo
agora, desde o principio agiu de forma
estranha, mas com um único objetivo, ter
tempo para amar, e amar intensamente para
sempre.
_Mas ainda assim não fui capaz de assinar e
por um ponto final na frente...
_É verdade, isso deixou em aberto, poderia
haver uma substituição...
_Não entendo por que esta tão feliz, seu nome
foi escrito no livro, você será ceifada.
_É mais eu também não coloquei um ponto
final.
_Acha que poderá jogar com o demônio, esta
pronta para perder, esta pronta para os
sacrifícios?
_Estou sempre pronta a tudo, e esta vida é tão
monótona.
_Que seja...
_Vai entregar estes também?
_Este compraram minha liberdade, e nunca
mais olharei novamente para a face do
demônio.
_Lembre-se de que neste mundo ou somos
jogadores ou somos peças.
_Vou me lembrar.
_Quer negociar?
_Não é comigo mais que agora você deverá
negociar...
_Sabe que quando eu me libertar ele virá a
você em busca de mais uma alma, e cobrará
justa a paixão que você negou...
_Eu vou esperar...
Neste momento Eli para bruscamente e
Melissa dá dois passos á frente e da rua olha
estranha para ele e diz...
_O que houve realmente com a comunidade?
_Isto será para sempre um mistério até para
min...
_Você me atraiu, este foi o seu jogo...
_Espero te ver em breve...
...Melissa tenta retornar, mas neste
momento um carro em alta velocidade a
atinge dividindo seu corpo em pedaços, Eli
abaixa a cabeça para não ver, e a pasta de
Melissa cai aos seus pés, ele a toma e diz
como se lamentasse.
_Você esteve com a lei todo tempo e não viu,
eis que estive aprisionado a esta palavras até,
mas você terá tempo, e na escuridão todos os
mistérios serão revelados, todos os atos serão
descobertos e denunciados, e então eu
poderei novamente da inicio ao maior de
todos os jogos, e nele não haverá máscaras,
apenas a coragem, de mesmo para a derrota
apostar alto, e não me importar em fingir para
aquele que me conhece muito bem.
Eliaquim percorreu um caminho rumo a um
destino que há muito ele havia ignorado,
entra pelo portão e bate na porta, uma bela e
delicada jovem de olhos verde e cabelos
castanhos escuros o atende, ele olha para a
rua e em meio a ela vê a imagem de Melissa, a
imagem acena, depois sorri e desaparece, Eli
ignora a visão, sorri para a bela jovem que há
tempos não o vê e entra decidido a viver o
amor, pois em breve aquela dádiva lhe seria
confiscada, da esquina Franci o observa
parece triste e se pergunta.
_Quanto tempo mais irá negar para si mesmo
o real motivo de sua existência, quanto tempo
mais insistirá em ignora os caminhos que
levam aos braços? “Amor, insano amor...”

Fim.
“A comunidade dos Poetas”

Em homenagem a Magnes...

“Por que este solo se banha em seu sangue,


se o mundo nunca foi digno dele?”

Eliaxe Mondarck

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