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Poetas
Por
Eliaxe Mondarck
Primeiro Capitulo
“Eliaquim”
Segundo Capitulo
“Samuel”
“A comunidade dos Poetas”
Terceiro Capitulo
“Franci”
“A comunidade dos Poetas”
_Como me encontrou?
_Devo dizer antes que você é muito bonita
mesmo, faz jus aos elogios que ouvi.
_Como disse que se chamava?
_Melissa.
_E como chegou a min?
_Samuel me indicou uma de suas velhas
amigas, e eu fui até ela, o nome dela é
Vanessa...
_Sim, me lembro dela...
_Então ela me falou que você ainda tinha uma
irmã que morava aqui, qual você sempre vinha
visitar.
_É verdade, sempre venho nesta mesma
época, nosso pai nos deu algum dinheiro
quando viemos do sul, e assim compramos
este terreno juntas, e o dividindo-o ao meio
por um muro fizemos nossa casa.
_Teve sorte, poucas garotas conseguem
ganhar a independência tão jovem.
_Eu fui morar sozinha ao dezesseis, eu queria
realmente ter uma casa só para min, fazer
minhas escolhas e ser livre para agir da
melhor forma que eu acreditasse, claro, errei
algumas vezes, mas isso é comum a aquele
que esta vivo. Mas quando falou com Samuel?
_Há uns dois meses, neste período também
falei com Eliaquim.
_E como ele esta?
_Eliaquim? Ele pareceu bem.
_Por que esta indo tão longe para saber de
algo tão bobo?
_Não sei, talvez seja apenas curiosidade.
_Venha, entre, a casa esta meio empoeirada...
Quer beber.
_Claro.
_Eu tenho aqui comigo, o livro da
comunidade...
_O livro?
_Ele registravam as coisas importantes aqui,
poemas, discursos, e uma infinidade coisas.
_Posso dar uma olhada?
_Claro, se Eliaquim quebrou a primeira lei,
acredito que nada mais deva importar a
qualquer um agora.
_Por que diz isso?
_Eli é um profundo conhecedor das regras, as
conhece e as molda para a própria liberdade,
ele gosta de definir o território, pois assim
sabe até onde deve ir...
_Será? Eu soube que ele jogou com Ângela, e
soube que passou dos limites.
_Quem lhe disse isso, Samuel? Eli a amava,
Samuel também, é comum ele culpar a Eli pela
morte de sua amada, pois acreditava que ela
estava ali, e Eli apenas esnobou “a criatura
perfeita” como eles a chamavam...
_Ela era tão bonita assim?
_Sabe a imagem que projetamos em nossas
mente sobre como os anjos devem ser? Pois
era ela, isso se possuísse uma aparência
similar a uma garota. Mas ele sempre se
apaixona por mulheres assim...
_Ele se apaixonou outra vez?
_Sim... Apaixonou-se por uma pianista, mas
não insistiu na paixão, ela era uma bela
garota também, cabelos castanhos escuros e
olhos verdes, era diferente de Ângela, pois ela
era loira, os cabelos eram quase brancos, e os
olhos possuíam um claro tom de azul, mas na
ação ambas eram parecidas, típicas mulheres
que todos temem tocar por medo de quebrar,
vozes suaves e doces, gestos gentis e
delicados, a típica fêmea sedutora, mas de
aparência frágil e passiva.
_Posso olhar o livro?
_Claro...
_O que você acha de Eliaquim? Afinal pelo que
sei foi você quem o moldou.
_Em verdade eu o ensinei a voar, mas eu não
lhe entreguei asas, pois ele já ás tinha.
_Você o ensinou a jogar?
_Não, até então eu nem sabia que se era
possível ir tão longe, mas conhecimento é
poder.
_Deixa-me ver... O que é isso? Que tinta é essa
que usaram para assinar os nomes no livro?
_Não é tinta... Eles assinaram com o próprio
sangue, entregaram sua identidade para a
comunidade... Trágico.
_Por quê?
_Com quantas pessoas você falou?
_Apenas com Samuel e Eli...
_E tentou falar com os demais?
_Tentei, mas destes nada soube, talvez seja
por que tenham se mudado...
_Ou talvez por que esteja todos mortos?
_Como?
_Exatamente isso... Vinte e um fraternos todos
morto... Leia a seleção de nomes.
Eliaquim
Tânia.
Samuel.
Patrícia.
Ângelo.
Alexandra.
Fernando.
Fabiana.
Gabriel.
Mary.
Alex.
Ádril.
Marcos.
Fernanda.
Salvador.
Luciene.
Fabio.
Diana.
Aquiles.
Clara.
Dario.
Daniele.
“O livro da Comunidade”
“A comunidade dos Poetas”
Discurso de Ângela
Discurso do Mestre
(Sete de Junho)
_Podemos conversar?
_Melissa?
_Quer ir beber algo comigo?
_Não, prefiro caminhar, mas se deseja falar
venha comigo.
_Parece preocupado.
_Preciso apenas de um momento seguindo
sem destino e logo estarei bem.
_Faz tudo tão programado sempre, e por isso
precisa caminhar sem destino ás vezes?
_Ás vezes... Você chegou atrasada em seu
primeiro dia, isso não é bom sinal, gera maus
costumes nos demais...
_Estou com o livro da comunidade.
_Então devo presumir que encontrou-se com
Franci, e a distancia que percorreu neste
enigma me deixa realmente surpreendido.
_Me encontrei com ela, li as páginas rasuradas
do diário de Ângela...
_E a que conclusão chegou?
_Que você pode até não ter mentido, mas com
certeza não me disse toda a verdade.
_E o que é a verdade?
_Você pode me esclarecer isso.
_Talvez não... Eu gosto de você, apesar de
doce é persistente, fez de uma coisa morta
sua saga, eu admiro isso, mas todos aqueles
que tentam desenterrar a comunidade se
ligam a ela, e isso eternamente.
_O que quer dizer?
_O que esta fazendo?
_Me diz você.
_Acho que esta sedenta para jogar meu jogo.
_Eu acho que estou jogando o meu, e pelo que
sei estou vencendo você.
_E como poderia? Todos aqueles que decidem
jogar devem estar dispostos a perder, e você
esta disposta a perder Melissa?
_E você Eliaquim, está acaso disposto a
perder?
_Sempre estive, sempre aposto tudo, se eu
perder, perderei uma só vez.
_O que realmente houve com a comunidade?
_E por que eu responderia esta pergunta?
_Por que é um jogador, quer pagar para ver.
_E você esta disposta a pagar para ver?
_Estou.
_Então quando chegar em sua casa assine o
livro com seu sangue, escreva na última
página, e então estará no jogo.
_E qual é o jogo?
_Você terá até depois de amanhã para
descobrir o que houve, eu irei discursar neste
dia, e você deverá quebrar minha máscara
diante de todos, e então vencerá o jogo, e eu
entenderei que és melhor no jogo que eu, e
pode ter certeza que eu jamais jogarei de
novo então.
_E se eu aceitar?
_Então eu lhe respondo que você perguntar
diretamente.
_Eu aceito.
_A curiosidade é uma virtude e uma
maldição...
_E o que não é...?
_Vamos a primeira pergunta.
_Qual era o seu objetivo real na ordem?
_Jogar e fazer jogos, convocar aqueles que
estariam dispostos a jogar comigo.
_E qual era finalidade deste jogo?
_Pagar o preço.
_Que preço?
_Eu fui direto.
_Então explique melhor.
_Você vê apenas este mundo e as coisas deste
mundo, mas há uma frágil cortina que nos
leva a um mundo diferente, você crê no juízo
final?
_Não de todo.
_Na incerteza de uma outra vida eu fico com
esta, eu fico com o que meus olhos podem ver,
faço qualquer coisa para estar longe da
escuridão e do abismo.
_Franci sabe o que ocorreu com a
comunidade?
_Sabe... Mas você também sabe.
_Sete anos se completou no dia em que,
Samuel morreu?
_Sim.
_Qual a ligação.
_Ele jogou com a vida e perdeu, qual o
mistério nisso?
_Quem sobreviveu?
_Ninguém...
_Este novo grupo será o novo palco para seus
jogos?
_Sim, e se você não me desmascarar, tudo terá
inicio depois de amanhã.
_Pode me dar uma dica de como desmascara-
lo?
_Apenas observe os que estão e os que
chegam depois? Agora chega de perguntas,
mas antes que me cobre por jamais dizer de
todo a verdade, se cobre por até aqui não ter
feito as perguntas certas, por não ter olhado
para o prisma real das coisas em questão.
Titulo:
..06..18..01..14..03..09..
..05..12..09..01..17..21..09..13..
...
...
...
...
Nesta noite fria de chuva, onde padeço
solitário em meio ao meu desespero, em meio
aos meus pesadelos, sinto uma estranha
necessidade de voltar para casa, como se ela
estivesse alem de minha propriedade, alem
daqui... Alem do mundo. Ás vezes em noites
como esta tudo que quero é terminar o que
vim fazer e morrer, a morte me parece um
sonho bom em noites como esta, por isso não
vou a sua casa, darei qualquer desculpa direi
que choveu... Sinto que não posso levar
minhas feridas quando elas se mostram tão
visíveis aos olhos, até você... São tantos
complexos que se eu estiver ao seu lado neste
instante, acho que nenhum de nós viverá para
ver o nascer do sol amanhã. Olhando para
todas estas possibilidades, acho que vou ficar
em casa, este sentimento não pode ser
amenizado em uma conversa agradável, ou
satisfeito em seus braços, isso é um tormento
pessoal, é nestes instantes em que tudo se
perde e eu só quero ficar só, um silencio
concentrado á auto-cura, eu sinto que há um
lugar mais belo distante deste tormento onde
eu possa descansar em paz, acho que no fim
tudo que queremos por trás de todo interesse
é encontrar paz para o espírito. Eu não sei por
que sou tão atormentado, e não parece... É
uma maldição... Minha mãe sempre dizia que
me entendia, e acho que ela esta certa, ela
contou-me que no período de minha gestação
ela sentia incontrolável ódio pelo mundo,
disse que passava os dias escondida no
quarto, isso tudo para não ouvir um simples
bom dia de ninguém, ela dizia que quando as
pessoas diziam bom dia para ela, ela desejava
mata-los, corria para o quarto e chorava
amargamente, e todo este ódio só a
abandonou quando ela me teve, mas mesmo
no instante em que pela primeira vez me viu
me odiou, tanto é que mandou a enfermeira
me tirar do quarto, pois ela não queria me ver.
Ela disse que mesmo antes de nascer eu já
odiava o mundo e todos que nele habitavam,
talvez ela esteja certa, pois o que ela viveu
durante nove meses eu vivo minha vida
inteira, e não consigo compreender por que
sou assim, acho que fui marcado pelas trevas,
todo e qualquer sentimento sano paira sob a
libertação, este mundo me cansa
definitivamente, se há um criador há um
criatura que nunca vai agradecer por sua
criação... Mas o campo ainda me acalma, lá
estou longe de todos os mortais, os chamo
assim, pois parecem tão frágeis, eu tentei
morrer por tantas vezes e sobrevivi sem um
arranhão, mas melhor é não morrer e
permanecer intacto que ser um vivo mutilado.
Quase todo tempo eu sinto a sensação de que
sou imune a tudo, mesmo inconsciente... Mas
jamais a esta sensação de tristeza e
desespero.
...
..05..20..05..18..14..09..04..01..04..05..
(A letra abaixo no manuscrito não
correspondia a de Eliaquim)
...
“O início”
Fim.
“A comunidade dos Poetas”
Em homenagem a Magnes...
Eliaxe Mondarck