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LITERATURA DE CORDEL
Aracaju - SE
Agosto de 2008
Copyright©2008 by Jorge Henrique Vieira Santos
poetajorge@gmail.com
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Ao meu pai, entusiasta do projeto,
com quem proseei longas horas sobre o tema.
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POR QUE O CORDEL?
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“GLÓRIA” CANTADA EM VERSOS
(80 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA)
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No ano de vinte e oito,
Ela foi emancipada.
Nossa Senhora da Glória,
Foi assim denominada.
Crescendo na região,
Por Capital do Sertão
Já é hoje consagrada.
Os tropeiros, no entanto,
Temiam seguir viagem
Durante a noite, com medo
De topar com uma visagem.
E ali faziam pousada,
Na boca da mata armada,
Assombrados com a paisagem.
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Pernoitavam ali na boca
Da mata alta e fechada.
Então, por Boca da Mata
Começou a ser chamada.
E os que iam pro sertão,
Ao passar na região,
Já conheciam a ranchada.
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A chegada desta Santa,
Para nos abençoar,
Deu origem a uma festa
De beleza singular:
A Festa da Padroeira,
Que é mostra verdadeira
Das tradições do lugar.
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No ano de dezenove,
A feira foi transferida.
E deixou a Rua Velha,
Dando à Rua Nova vida.
Crescia, tinha fartura,
Ali, onde a Prefeitura,
Em trinta, foi construída.
Nossa Emancipação
Só depois aconteceu.
No ano de vinte e oito,
Foi então que ela se deu.
Quando vila nos tornamos,
Foi aí que começamos
A fazer nosso apogeu.
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Mas as marcas do progresso
Já se faziam notar:
Bem antes de vinte e oito,
Primeiro, se viu chegar
A Agência dos Correios,
Satisfazendo os anseios
Do povo deste lugar.
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Embora não tenha sido
Muito longa essa gestão,
Foi no mesmo ano dela
Que se fez a invasão.
Quem participou da história
Não apaga da memória
O bando de Lampião.
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Valdemar Bispo dos Santos,
O pai que meu pai amou,
Que era homem da volante
E nunca se amedrontou,
Foi em muita diligência,
Mas graças à Providência
Com Lampião não topou!
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Quem animava o reisado,
Era Dona Moreninha.
Saudosa Dona do Baile,
Mais animada não tinha!
O Mateu era Seu Bento,
Um Caboclo de talento,
Gente boa da terrinha.
A meninada adorava
Quando o Boi aparecia
Indo pra cima do povo
Que, em gargalhadas, corria.
Brincadeira divertida!
Parecia até que a vida
Era só festa e alegria.
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Quem viveu naqueles tempos
De noites enluaradas
Lembra com saudade imensa
Das famosas Cavalhadas:
Cavaleiros enfeitados
Disputavam animados
As argolas penduradas.
Os cavaleiros saíam
Da frente da nossa igreja.
Galopavam apressados,
Na disputa, na peleja,
Desejosos da vitória.
Nobres orgulhos de Glória,
Da cultura sertaneja!
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De mortalhas, pés descalços,
Numa branca procissão,
Dirigiam-se à Igreja
Toda Sexta da Paixão
Muitos devotos ardentes,
Fervorosos Penitentes
Em profunda comoção.
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Alguns sábios glorienses
Sua parte estão fazendo
Não deixando que a cultura
Vá, pouco a pouco, morrendo.
Veja o trabalho eficaz
Que Dona Janete faz
E o reisado vem mantendo.
O poeta Gauchinho,
Mestre da Literatura,
Nos cordéis faz sua parte:
Preserva nossa cultura.
Registra fatos passados
Em seus versos engraçados,
Estimulando a leitura.
Falando em Literatura
Como posso não lembrar
Do grande Vicente Honório,
Um poeta popular
Que encantava nossa gente,
Vibrando seu verbo ardente,
Quando se punha a falar.
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Os versos desse poeta
Nós podemos conhecer,
Pois José Carlos de Sousa,
Dedicado a escrever
Sobre os fatos da história
De Boca da Mata a Glória,
Registros veio a fazer.
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Ainda nestes meus versos,
Quero homenagear
Outro ilustre gloriense,
Compositor popular:
Nosso amigo Zé Pereira,
Que não é de brincadeira
Quando o assunto é versejar.
Na década de cinqüenta,
Monte Alegre foi criado.
Perdemos parte das terras
Com o decreto sancionado.
Mas fomos desenvolvendo,
O comércio foi crescendo,
Fizemos nosso Mercado.
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Depois, em cinqüenta e nove,
A Paróquia foi criada.
Com nosso Padre Amaral
Começou sua jornada,
Aumentando a devoção
Do povo deste sertão,
Dessa gente abençoada.
Na década de sessenta,
Muita coisa aconteceu.
Houve abertura de estradas,
Glória então foi que cresceu!
Água encanada chegava,
Luz a todos animava,
E o progresso apareceu.
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Muita gente de valor
Pisou neste meu sertão:
Um ilustre brasileiro
Merece nossa atenção,
O maior dos sanfoneiros,
De todos os forrozeiros:
Gonzaga, o Rei do Baião!
Na década de setenta,
A seca a tudo assolava,
Mas, para nos ajudar,
Da Bélgica ele chegava:
O Padre Leon Gregório,
Que, sem muito falatório,
As mangas arregaçava.
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Fez creche, jardim de infância
Para o seu povo carente.
Cuidou também da saúde,
Deu casa pra muita gente,
Distribuiu alimentos,
Atenuou sofrimentos,
Cuidou de são e doente.
No ano de oitenta e um
O BNB chegava
Abrindo linhas de crédito
Para quem necessitava.
Do pequeno produtor
E do grande agricultor
Projetos financiava.
O BNB chegou
Homenageando Glória.
Lançando um pequeno livro,
Contou nossa trajetória.
Registro muito importante,
Documento interessante,
Resgate de nossa história.
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Na década de noventa,
Atingimos o apogeu.
Das cidades de Sergipe,
Foi Glória a que mais cresceu!
Com o comércio em expansão,
Conquistou a região
E o sertão desenvolveu.
Um salto de qualidade
Deu a nossa educação
Quando a Universidade
Chegou nessa região.
Quem conhece olha e vê
O papel que o PQD
Desempenhou no sertão.
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É sempre bem recebido
Quem vem cá nos visitar.
O turista que aqui chega
Sabe, um dia, vai voltar,
Pois reconhece o valor
Deste povo acolhedor,
Das belezas do lugar.
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Come iogurte do leite
De nossa cabra leiteira,
Conhece o Museu de Véio:
Só Arte feita em madeira,
Se diverte e dá risadas
Com as histórias cantadas
Por Gauchinho na feira.
É momento de alegria,
De pura satisfação!
Nosso povo comemora,
Do fundo do coração,
De Glória o aniversário,
Iluminando o cenário
Da Capital do Sertão.
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Glória agora é uma Senhora
Com oitenta anos de idade.
Em dois mil e oito todos
Comemoram à vontade
Sua história de sucesso
E a promessa de progresso
Pra o futuro da cidade.
abril de 2008
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SIGLAS UTILIZADAS
DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas.
ANCARSE – Associação Nordestina de Crédito e Assistência
Rural de Sergipe, posteriormente denominada EMATER-SE,
EMDAGRO e, atualmente, DEAGRO (Departamento Estadual
de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe).
BANESE – Banco do Estado de Sergipe.
BNB – Banco do Nordeste do Brasil.
PQD – Projeto de Qualificação Docente – pólo da Universidade
Federal de Sergipe que se instalou em Glória (de 1997 a 2007) e
ofereceu cursos de Licenciatura a professores públicos da região.
BIBLIOGRAFIA
BEZERRA, Felte. Etnias Sergipanas. Aracaju, J. Andrade, 1984.
(1ª ed. 1949).
DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DE NOSSA SENHORA
DA GLÓRIA. SEBRAE/DLIS. N. Sra. da Glória, 2001.
NOSSA SENHORA DA GLÓRIA. BNB. N. Sra. da Glória,
1982.
SOUSA, J. C. de. Discurso do Homenageado. Discurso proferido
em Sessão Solene da Câmara Municipal de N. Senhora da Glória,
em 30 de setembro de 2005, por ocasião da entrega da Medalha
do Mérito Legislativo ao Sr. José Carlos de Sousa.
SOUSA, Leunira B. S. e LIMA, L. S. Nossa Senhora da Glória e
Sua História. N. Sra. da Glória, 1978.
ENTREVISTAS
SANTOS, Antônio Maurício.
SANTOS, Valdemar Bispo dos.
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