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PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Luiz Inácio Lula da Silva

A (des)construção da matéria pelo homem


A NATUREZA DAS COISAS

Sumário
MINISTRO DE ESTADO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Eduardo Campos Terra, fogo, água e ar
ma das características do homem é sua constante curiosidade
O não divisível
U sobre tudo o que nos cerca. Desde as cavernas, tentamos enten- SUBSECRETÁRIO DE COORDENAÇÃO DAS UNIDADES DE PESQUISA
Avílio Antônio Franco FRAGMENTANDO O INDIVISÍVEL
der a natureza e a razão de nossa própria existência através de Atomismo

Partículas Elementares
DIRETOR DO CBPF Misteriosa radiação
perguntas aparentemente simples – por quê, como, para quê, etc. –, mas extre- Ricardo Magnus Osório Galvão
VIAGEM AO CENTRO DO ÁTOMO
mamente penetrantes.

Um dos primeiros questionamentos foi ‘De que as coisas são feitas?’ A res-
EDITORES CIENTÍFICOS
João dos Anjos (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas/MCT)
Adriano Antônio Natale (Instituto de Física Teórica/
Partículas Grande vazio
Retrato do átomo quando jovem VOLTA À SIMPLICIDADE
Simples e elegante

Elementares CRISE E ANTIMATÉRIA


posta tem evoluído ao longo do tempo, segundo nossos conhecimentos acumula- Universidade Estadual Paulista)
Sempre confinados
O sagrado e a heresia Aceitação de um modelo
dos e passados de geração em geração. APOIO FINANCEIRO Senhoras e Senhores Radioativos...
Vitae ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
A antimatéria
Aqui, apresentamos nosso entendimento atual sobre os blocos constituintes MODELO PADRÃO
REDAÇÃO E EDIÇÃO Listagem completa
da matéria e as forças que regem os fenômenos da natureza. Será uma visão defini- Cássio Leite Vieira A (des)construção OS MÉSONS EM CENA
Força forte
Precisão e sensibilidade
Unificando fenômenos
tiva? Certamente, não. A cada dia, temos algo novo a acrescentar a esse quadro.
da matéria pelo homem
Quem encomendou isso? As quatro forças
PROJETO GRÁFICO, DIAGRAMAÇÃO, INFOGRÁFICOS E TRATAMENTO DE IMAGEM
Finalmente, o píon Breve cenário brasileiro
Quem sabe, você, leitor, não nos ajudará a encontrar o lugar de uma peça neste Ampersand Comunicação Gráfica
(www.amperdesign.com.br)
imenso quebra-cabeça que é a natureza?
UM ZÔO SUBATÔMICO O FUTURO
CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS FÍSICAS Partículas estranhas Os limites do modelo
Com este folder, damos prosseguimento às atividades de divulgação científica Rua Dr. Xavier Sigaud, 150 Multa de 10 mil O que falta descobrir
22290-180 - Rio de Janeiro - RJ Volta às origens
realizadas pelo CBPF. Esta série destina-se ao público não especializado, que encon- Tel: (0xx21) 2141-7100
Fax: (0xx21) 2141-7400
trará aqui uma introdução às partículas elementares, bem como referências para
Internet: http://www.cbpf.br
leituras mais aprofundadas sobre essa área fascinante e atual.
* Para receber gratuitamente pelo correio um exemplar deste folder, envie pedido com seu nome

Fontes
A. A NATALE e C. L. VIEIRA (eds). Universo Sem Mistério – Uma S. WOLFRAM. ‘History [of elementary particles]. In: A New Kind
e endereço para iva@cbpf.br. Este e outros quatro folders, bem como a revista CBPF – Na Van- visão descomplicada da física contemporânea: do Big Bang às of Science (Wolfram Media, s/l, notas para o capítulo 9,
Mais uma vez, esperamos que esta iniciativa sirva para despertar vocações
guarda da Pesquisa, estão disponíveis em formato PDF em http://www.cbpf.br/Publicacoes/ partículas (Vieira & Lent, Rio de Janeiro, 2003). p. 1.043, 2002)

em jovens estudantes, mostrando a eles que este é um campo promissor e sempre A. PAIS. Inward Bound. (Oxford University Press, Oxford, 1986) THE PARTICLE ADVENTURE. ‘Early Atomic Understanding’ e
Vitae não compartilha necessariamente dos conceitos e opiniões expressos neste trabalho, que F. CLOSE, M. MARTEN e C. SUTTON. The Particle Explosion ‘Summary of Particle Physics’. Disponível em particleadventure.
são da exclusiva responsabilidade dos autores. (Oxford University Press, Oxford, 1987) org (em português, www.aventuradasparticulas.ift.unesp.br/)
à espera de novos talentos.
J. GRIBBIN. Q is for Quantum (Weidenfeld & Nicolson, Londres, V. F. WEISSKOPF. ‘Elementary Particles’. In: Physics. Samuel
1998) Rapport e Helen Wright (eds.) (Washington Square Press,
João dos Anjos Washington, 1965)
NOBELPRIZE.ORG e PARTICLE DATA GROUP. Structure of Matter.
Disponível em nobelprize.org/physics/educational/index.html V. L. FITCH e J. L. ROSNER. ‘Elementary Particle Physics in the
COORDENADOR DO PROJETO DESAFIOS DA FÍSICA Second Half of the Twentieth Century’. In: Twentieth Century
P. I. P. KALMUS. ‘Particle Physics’. In: Physics Now – Review by Physics. Laurie M. Brown, Abraham Pais e Sir Brian Pippard
leading physicists in the International Union of Pure and Applied (Institute of Physics Publishing / American Institute of Physics
Physics. Jon Ogborn (ed.) (IUPAP, 39, pp. 65-73, 2004) Press, Bristol e Filadélfia / NovaYork, vol. II, pp. 635-769, 1995)
S. L. LLOYD. ‘Elementary Particle Physics Lectures’. Disponível W. BRAGG. ‘To See Atoms’. In: The Search for Roots. Primo Levi
em formato PDF em hepwww.ph.qmw.ac.uk/epp/ (Ivan R. Dee, Chicago, 2002)
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas S. WEINBERG. The Discovery of Subatomic Particles (Penguin W. E. LAMB, JR. ‘Fine Structure of Hydrogen Atom’. Palestra
Books, Londres, 1993)
2005 feita em 12 de dezembro de 1955 pelo recebimento do Nobel
de física daquele ano. Disponível em nobelprize.org
ou nêutrons. Sua identidade acabou revelada: era e frenética dos glúons, os verdadeiros ‘carrega- (-1/3). A soma total das car-
A NATUREZA DAS COISAS VIAGEM AO CENTRO OS MÉSONS EM CENA o múon, um primo mais pesado do elétron, o que VOLTA À SIMPLICIDADE dores’ da força forte nuclear. gas elétricas (2/3 + 2/3 - 1/3) O FUTURO
TERRA, FOGO, ÁGUA E AR • De que são feitas as DO ÁTOMO FORÇA FORTE • Uma pergunta – aparentemente
acabou embaralhando todo o ‘menu’ de partículas
SIMPLES E ELEGANTE • Para dar alguma ordem e SEMPRE CONFINADOS • Diferentemente das for-
é igual a 1. Por conta do con-
OS LIMITES DO MODELO • Até hoje, o modelo padrão
da época. Com certa indignação e humor, o físico finamento e das cargas fracio-
coisas? Várias civilizações, em diferentes épocas, simples – ainda intrigava os físicos: o que mantém explicar as propriedades das partículas recém-des- ças gravitacional e eletromagnética, a força forte – teoria na qual estão reunidas as forças eletromagnéti-
GRANDE VAZIO • Em 1909, austríaco Isidor Rabi (1898-1988) resumiu o espan- nárias, o modelo dos quarks foi
deram respostas para essa pergunta. Para o filósofo o núcleo coeso? Prótons, sendo positivos, deveriam cobertas, os físicos norte-americanos Murray Gell- entre os quarks aumenta conforme aumenta a dis- ca, fraca e forte – passou com louvor nos testes a que foi
o físico neozelandês Ernest to dos físicos: “Quem encomendou essa partícula?” recebido com ceticismo. No final da década de
grego Empédocles (c. 490-430 a.C.), por se repelir, e nêutrons não sentem a força eletromag- Mann e George Zweig propuseram uma nova famí- tância entre eles – pode-se imagi- submetido. Porém, ele tem limitações. Não indica, por
Rutherford (1871-1937) e dois 1960, experimentos no acelerador de Stanford
exemplo, haveria quatro elementos eter- nética. No início da década de 1920, já se desconfi- FINALMENTE, O PÍON • O méson de Yukawa – lia de partículas subnucleares: os quarks. Inicial- nar que glúons agem como elásti- exemplo, por que há três famílias (ou gerações) de
auxiliares, o inglês Ernest (Estados Unidos) – e conceitualmente simila-
nos (terra, fogo, água e ar) e duas forças ava que uma força atrativa, muito intensa, deveria hoje, conhecido como méson pi (ou píon) – só foi de- mente, ela conteria três membros: o up, o down e cos ligando os quarks. E isso tem léptons e quarks. Nem é capaz de explicar por que al-
Marsden (1889-1970) e o ale- res ao experimento de Rutherford – deram for-
fundamentais: uma atrativa (o amor) e impedir a desintegração (desmantelamento) do tectado em 1947 na observação de raios cósmicos, o strange. Segundo esse novo modelo, os mésons uma implicação: quarks não são guns léptons e quarks são tão mais pesados que seus
mão Hans Geiger (1882-1945), bombar- tes evidências de que prótons e nêutrons con-
outra repulsiva (o ódio). Para os antigos núcleo. Em 1935, o físico japonês Hideki Yukawa por uma equipe da Universidade de Bristol (Ingla- seriam formados por um par de quarks – na ver- observados livres, vivendo, por- companheiros. Experimentos recentes mostraram que
dearam folhas de ouro finíssimas com partículas tinham subestruturas. E o modelo de quarks –
chineses e indianos, madeira, metal e es- (1907-1981) lançou uma idéia ousada: se a intera- terra), liderada pelo inglês Cecil Powell (1903-1969) dade, um quark e um antiquark –, e os bárions tanto, confinados dentro dos os neutrinos têm massa, e isso cria para o modelo difi-
de carga positiva emitidas por uma fonte radioati- inicialmente encarado apenas como um artifí-

UNIVERSITY OF CALIFORNIA/BERKELEY
paço também seriam constituintes bási- ção eletromagnética se dá pela troca de fótons en- e com participação determinante do físico brasilei- (prótons e nêutrons, por exemplo) conteriam um bárions e mésons. culdades que os físicos tentam agora driblar. Há muita
va. O resultado causou profunda estranheza. Par- cio matemático – forneceu uma boa interpre-
cos da matéria. tre as partículas com carga elétrica, por que algo ro César Lattes (1924-2005). No ano seguinte, Lattes trio de quarks. Diferentes combinações desses expectativa em relação à detecção do chamado bóson
te dessas partículas – denominadas radiação alfa ACEITAÇÃO DE UM MODELO • tação desses resultados, trazendo de volta sim-
semelhante não poderia ocorrer entre prótons e e o norte-americano Eugene Gardner (1913-1950) quarks podiam explicar todos os mésons e bárions de Higgs, uma partícula que seria a responsável pela
O NÃO DIVISÍVEL • Por volta do século – ricocheteavam bruscamente ao atingir a lâmina Mais uma peculiaridade dos plicidade e certa elegância ao mundo das par-
nêutrons? Surgia assim o méson – em grego, ‘mé- detectaram píons produzidos artificialmente no conhecidos. E o que manteria os quarks li- geração das massas de todas as partículas, o que re-
5 a.C, os filósofos gregos Leucipo do metal. Dois anos depois, Rutherford, em letras quarks: eles têm cargas elétricas que são uma fra- tículas elementares. Curiosidade: Gell-Mann
dio’ –, pois sua massa estaria entre a do próton e a acelerador de partículas da Universidade da Cali- gados para formar mésons e bárions? solveria parte das limitações do modelo. Espera-se que
(c.480-420 a.C.) e Demócrito (c.460- trêmulas, descreveu sua conclusão: o átomo con- ção da carga do elétron ou do próton (+2/3 ou –1/ tirou o nome quark de uma passagem – “Three
do elétron. fórnia, em Berkeley (Estados Unidos). Essa desco- Entram em cena os glúons – o nome vem isso ocorra com os experimentos no acelerador LHC (si-
c.370 a.C.) propuseram que a matéria tinha um caroço maciço, de carga elétrica positiva, 3), pois só assim é possível explicar a carga elétrica quarks for Muster Mark” (Três quarks para o
berta mostrou que a produção e a detecção de par- de glue, do inglês cola. Quarks perma- gla, em inglês, para Grande Colisor de Hádrons), que
era formada por corpúsculos diminutos, no qual estavam 99,99% de sua massa. “O átomo QUEM ENCOMENDOU ISSO? • Dois anos depois, dos bárions e dos mésons. Por exemplo, um próton Senhor Mark) – do romance Finnegans Wake,
tículas podiam ser feitas de modo mais necem ligados pela transferência mútua promete entrar em funcionamento em 2007 no CERN.
invisíveis, dotados de movimento ve- é um grande vazio”, resumiu Rutherford. Em 1919, foi detectada uma partícula com as características é formado por dois quarks up (+2/3) e um down do irlandês James Joyce (1882-1941).
controlado com o desenvolvimento
loz. Essas entidades foram denomina- ele associaria a carga positiva nuclear a uma nova do méson de Yukawa. Mas, em 1945, mostrou-se O QUE FALTA DESCOBRIR • Um século depois de a
de aceleradores mais potentes
das átomos, cujo significado é ‘não’ (a) ‘divisível’ partícula: o próton, cerca de 2 mil vezes mais pe- que ela praticamente não interagia com o núcleo física incorrer no escândalo filológico de fraturar o áto-
e detectores mais
(tomo). As idéias da escola atomista sobreviveram sado que o elétron. atômico. Estranho, pois, caso ela fosse a responsá- mo – na síntese perspicaz atribuída ao escritor argen-
precisos.
no poema De Rerum Natura (Sobre a natureza das vel pela força forte, ela deveria, ao atravessar a MODELO PADRÃO tino Jorge Luis Borges (1899-1986) –, unificar as qua-
coisas), do romano Lucrécio (c. 99-55 a.C.). RETRATO DO ÁTOMO QUANDO JOVEM • Um es- matéria, ser ‘sugada’ com voracidade por prótons tro forças é ainda um sonho. O melhor candidato para
quema mais detalhado do núcleo atômico se com- LISTAGEM COMPLETA • Em meados da década de isso é a chamada teoria de supercordas, que trata as
pletaria em 1932, quando o físico inglês James 1970, os físicos já tinham uma listagem completa partículas elementares não como pontos sem dimen-
Chadwick (1891-1974) mostrou que o próton divi- das partículas elementares da natureza, mesmo que são, mas sim como diminutas cordas. Cada modo de
FRAGMENTANDO dia a desprezível dimensão do núcleo – cujo diâ-
metro é da ordem de 10-14 metro – com uma par-
muitas ainda estivessem por ser detectadas, pois
precisavam ser criadas em colisões que reprodu-
vibração dessas entidades representaria uma partícu-
la elementar, assim como cada freqüência de vibração
O INDIVISÍVEL tícula sem carga elétrica. Era o nêutron, levemente zissem os níveis de energia dos momentos iniciais de uma corda de violino está associada a uma nota
mais pesado que seu companheiro nuclear. O re- UM ZÔO SUBATÔMICO do universo. Esse esquema teórico ganhou o nome musical. O problema é que a teoria de supercordas
ATOMISMO • No século 17, o físi- trato do átomo parecia apresentar seu contorno com o advento dos grandes aceleradores, formou-se modelo padrão de partículas e interações (ou for- prevê não só um novo zoológico subatômico, as cha-
final: um núcleo – formado por prótons e nêutrons PARTÍCULAS ESTRANHAS • Não bastasse o múon
co e matemático inglês Isaac Newton um verdadeiro zoológico de novas partículas. Cada ças) fundamentais. A tabela ao lado mostra o atual madas S-partículas, mas também dimensões espaci-
– orbitado por elétrons. Além desses três, conhe- ser tratado como persona non grata no clube das
(1642 –1727) retomou a concepção de uma ganhou uma letra grega. Eram tantas que, nas quadro de partículas elementares. ais extras, além das três conhecidas (altura, largura e
ciam-se os fótons, as partículas de luz, cuja com- partículas elementares, vieram outras surpresas
que a matéria – inclusive a luz – era formada de palavras de um físico, temeu-se que o alfabeto gre- comprimento). Se uma S-partícula for detectada nas
provação experimental havia ocorrido em mea- inexplicáveis: começaram a ser detectadas partí- PRECISÃO E SENSIBILIDADE • À medida que os
corpúsculos. Mas a idéia se popularizou a partir go não fosse suficiente. Em 1955, o físico norte-ame- colisões de altíssimas energias do LHC, uma nova re-
dos da década de 1920. Porém, uma era nuclear culas que se formavam em pares e que ‘viviam’ aceleradores foram aumentando seu poder de ace-
de 1802, quando o químico John Dalton (1766-1844), ricano Willis Lamb Jr. descreveu o espanto de seus volução estará batendo à porta da física. Será uma
cheia de surpresas estava por vir. muito mais tempo que o previsto. As ‘partículas lerar partículas – bem como a precisão e a sensibili- (1926-1996) propuseram, na década de 1960, de for- tividade e na produção de energia nas estrelas;
colegas: “[...] o descobridor de uma nova partícula evidência de que os físicos descobriram a trilha – ain-
seu conterrâneo, formalizou que tudo era feito de estranhas’ – mais tarde, reconhecidas como mésons dade de detectores gigantes foram aprimoradas –, ma independente, a teoria eletrofraca, que unificava a interação forte, cuja partícula intermediá- da estreita e escura – rumo à unificação final. Acredita-
átomos. No final do século 19, em parte por influ- elementar costumava ser agraciado com o prêmio
K (ou káons) – eram apenas o prenúncio de uma começaram a surgir os integrantes previstos pelo as forças (ou interações) eletromagnética e fraca. ria é o glúon, atua sobre uma propriedade que
ência desses dois cientistas, a realidade dos áto- Nobel, mas agora deveria ser punido com uma multa se que o LHC também poderá testar se os quarks con-
torrente inesperada de novidades. modelo padrão. Por exemplo: o quark charm (1974); quarks e os próprios glúons têm – a chamada
mos se tornou um importante tema de debate, de $10 mil [dólares]”. Acima, vê-se como o cardápio AS QUATRO FORÇAS • A seguir, está uma breve des- têm subestruturas.
principalmente na Inglaterra. CRISE E ANTIMATÉRIA MULTA DE 10 MIL • A partir da década da 1950, de partículas se avolumou na época.
o tau (1975), um primo mais pesado do elétron e do
múon; o bottom (1977); os glúons (1979); as partícu-
crição das quatro interações (ou forças) fundamen-
carga de cor, uma analogia com a carga elétri-
ca nas interações eletromagnéticas –, sendo res- VOLTA ÀS ORIGENS • Talvez, 25 séculos depois dos
tais da natureza, bem como exemplos de fenômenos
MISTERIOSA RADIAÇÃO • Naquela época, as pes- O SAGRADO E A HERESIA • Pouco antes da des- las W+, W- e Z0 (1983), ‘carregadoras’ da força fraca ponsável por manter o núcleo atômico coeso e, primeiros questionamentos sobre a estrutura básica
regidos por cada uma delas:
nuclear. E, finalmente, em 1995, o ‘último dos moica- em última instância, pela existência dos diferen- da matéria, os físicos cheguem a uma resposta defini-
quisas sobre a eletricidade despertavam grande coberta do nêutron, uma crise entrou em cena. Mo- SENHORAS E SENHORES RADIOATIVOS... • A ANTIMATÉRIA • Em 1928, as equações nas quais
nos’: o quark top. Uma lista das principais partícu-
 a interação gravitacional, a qual se espera que tes elementos da tabela periódica. tiva. Ou, talvez, fenômenos e partículas inéditos surjam
interesse entre os físicos. Vários se dedicavam, tivo: o decaimento beta, processo em que um nêu- Em 1930, uma carta do físico austríaco Wolfgang o físico inglês Paul Dirac (1902-1984) trabalhava ocorra pela troca de grávitons – partícula ainda não
por exemplo, a decifrar a natureza de uma miste- tron se transforma num próton e ‘cospe’ um elé- Pauli (1900-1958) começava com ‘Senhoras e Se- revelaram o inusitado: a existência de partículas las conhecidas hoje pela física pode ser encontrada nas novas gerações de aceleradores. E aí uma nova era
detectada –, age em todos os corpos com massa (ou BREVE CENÁRIO BRASILEIRO • Desde a de-
riosa radiação que brotava do pólo negativo tron do núcleo. Mas algo intrigava os físicos. As nhores Radioativos’. Nela, ele se desculpava por de carga positiva com massa igual à do elétron. em www.cbpf.br/Publicações. na física irá começar, forçando o homem novamente a
energia), sendo responsável por atrair de volta à su- tecção do píon por Lattes em Bristol e Berkeley,
(catodo) de ampolas de vidro em cujo interior ha- contas do balanço energético dessa forma de ra- sua ausência num congresso e propunha a solu- Era a primeira evidência de algo que os físicos se perguntar: “De que são feitas as coisas?”.
UNIFICANDO FENÔMENOS • A história da física po- perfície um objeto lançado ao ar ou manter a Terra o Brasil tem mantido uma longa tradição na
via gases rarefeitos – aperfeiçoados, esses equi- dioatividade não fechavam. Faltava um resquício ção para o mistério: uma partícula sem carga, de hoje aceitam com naturalidade: a antimatéria. Esse de ser contada pelo viés da unificação dos fenôme- girando em torno do Sol; área de física de partículas. Nas últimas dé-
pamentos deram origem aos tubos de TV. Experi- – desprezível, é verdade – de energia que não era massa possivelmente nula, responderia pela ener- elétron positivo – batizado pósitron – foi recebido nos. No século 17, Newton mostrou que a gravidade a interação eletromagnética – cuja partícula inter- cadas, o país vem participando dos principais
mentos desse tipo levaram o físico inglês Joseph observado nos experimentos. Para explicar essa gia que faltava. A aceitação do neutrino – como foi com desconfiança. Mas, em 1932, ele foi detecta-

LHC/CERN
terrestre e a cósmica eram uma só. No século seguin- mediária é o fóton – atua nos corpos dotados de car- projetos nos grandes aceleradores, como o
Thomson (1856-1940) à conclusão de que os raios diferença, o físico dinamarquês Niels Bohr (1885- batizado pelo físico italiano Enrico Fermi (1901- do pelo norte-americano Carl Anderson (1905- te, o inglês Michael Faraday (1791-1867) uniu a ele- ga elétrica, estando por trás de fenômenos como o Fermilab (Estados Unidos) e o CERN (Suíça).
catódicos eram partículas subatômicas de carga 1962) chegou a propor uma heresia: a conserva- 1954), que a empregou para dar a primeira teoria 1991). Pouco depois, percebeu-se que todas as tricidade ao magnetismo. O eletromagnetismo, por atrito e a formação de moléculas; Físicos brasileiros, além de terem proposto
negativa: os elétrons. O átomo havia sido frag- ção de energia – popularmente conhecida como satisfatória do decaimento beta – foi surpreen- partículas teriam sua correspondente antipartícula. sua vez, foi unificado com a óptica nas equações do a interação fraca nuclear manifesta-se pela tro- a existência de novas partículas, como o Z0,
mentado. E, para Thomson, ele se assemelhava a ‘nada se cria, tudo se transforma’, um princípio dente. Teóricos passaram a empregar essa par- Duas décadas depois, foram capturados o escocês James Maxwell (1831-1879). Na área de partí- ca de três partículas (W+, W- e Z0), agindo sobre participaram de experimentos em que muitas
um pudim cuja massa (positiva) era recheada de sagrado para os físicos – não valeria para esse tícula-fantasma com entusiasmo, mesmo que ela antipróton e o antinêutron. A antimatéria é parte culas elementares, os norte-americanos Steven Wein- léptons (partículas leves que não ‘sentem’ a intera- delas – por exemplo, o méson sigma e o quark
ameixas (elétrons). fenômeno. Era um ato de desespero. só tenha sido detectada em 1955. da natureza, apesar de rara no universo atual. berg, Sheldon Glashow e o paquistanês Abdus Salam ção forte) e quarks e estando envolvida na radioa- top – foram detectadas.

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