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A Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação e o Ensino Médio

Teresinha Bernardete Motter-1999

Estamos diante de uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, e esta vem
conferir uma nova identidade ao Ensino Médio, Ensino Médio é Educação básica.

A constituinte de 1988 já prenunciava essa concepção, quando, no inciso II do


Art. 208, garantia como dever do Estado “a progressiva extensão da obrigatoriedade e
gratuidade ao Ensino Médio”, posteriormente a “progressiva universalização do Ensino
Médio gratuito”.(Emenda Constitucional nº 14/96)

O Ensino Médio é a “etapa final da Educação Básica”( Art.36), o que concorre


para a construção de sua identidade.

O Ensino Médio passa a ter a característica de terminalidade, o que significa


assegurar a todos os cidadãos a oportunidade de consolidar e aprofundar os
conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental; aprimorar o educando como pessoa
humana; possibilitar prosseguimento de estudos; garantir a preparação básica para o
trabalho e a cidadania; dotar o educando dos instrumentos que o permitam “continuar
aprendendo”, tendo em vista o desenvolvimento da compreensão dos fundamentos
científicos e tecnológicos dos processos produtivos”.( Art.35, incisos I a IV).

O Ensino Médio, portanto, é a etapa final de uma educação de caráter geral,


afinada com a contemporaneidade, com a construção de competências básicas, que
situem o educando como sujeito produtor de conhecimento e participante do mundo do
trabalho, e com o desenvolvimento da pessoa, como “sujeito em situação”, cidadão.

Na perspectiva da nova Lei, o Ensino Médio, como parte da educação escolar,


“deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.”( Art. 1º da Lei nº
9.394/96). Essa vinculação é orgânica e deve contaminar toda a prática educativa
escolar.

Esta prática educativa escolar realizada dentro de uma escola que foi e ainda é
para minorias. Em 1996 eram pouco mais de 2,5 milhões, menos de um quarto dos mais
de 10 milhões de brasileiros entre 15 e 17 anos, ( segundo dados do Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais- INEP -1999), sendo que, no Rio Grande do Sul,
esse índice é de 50%, segundo dados da Secretária de Educação em depoimento à Rádio
Gaúcha dia 26/10/99, o que coloca o Brasil em situação de desigualdade em relação a
muitos países, inclusive da América Latina.

Conforme Revista Situação da Educação Básica no Brasil-1999, é previsto um


grande aumento de procura desse nível da educação escolar. Os dados mais atualizados
dão conta de um aumento de matrícula no ensino médio de mais de 10% entre 1995 e
1998, reforçada pelo fenômeno chamado “onda de adolescentes’, identificado em
recentes estudos demográficos: enquanto a geração dos adolescentes de 1990 era
numericamente superior à geração dos adolescentes de 1980 em 1 milhão de pessoas, as
gerações de adolescentes em 1995 e 2000 serão maiores do que as gerações de 1985 e
1990 em 2,3 e 2,8 milhões de pessoas.

Se realmente essa previsão concretizar-se, o ingresso na escola de Ensino Médio


deverá aumentar significativamente, e o grande desafio para agora é oferecer um Ensino
Médio capaz de satisfazer as necessidades dos alunos que a procuram, e também para
que nela permaneçam não deixando que já na 1ª série, 22% abandonem o curso e 14%
sejam reprovados.(conforme tabela da revista INEP-1999).

Era preciso realmente mudar a identidade estabelecida para o Ensino Médio


contida na Lei nº 5.697/71, cujo 2º grau caracterizava-se por uma dupla função: preparar
para o prosseguimento de estudos e habilitar para o exercício de uma profissão técnica.

“No Brasil, a perspectiva do adestramento e do treinamento foi dominante até


recentemente. A legislação educacional promulgada sob a égide do golpe de 1964 e
tendo o economicismo como sustentação teórico-ideológica ainda está vigente., embora
profundamente questionada, e, em parte superada (...)”.(Frigotto, G. -1995: 143).

Esta perspectiva de treinamento sempre existiu, separando os alunos que


dirigiam-se para o ensino profissional e para o propedêutico, sendo o profissional para
as classes menos favorecidas “os desvalidos da sorte e os desprovidos de fortuna”.

Fazendo uma rápida retrospectiva, da história das leis no Brasil e sabendo que
em cada momento existiu e vai existir uma relação sócio-política e econômica
determinante para tal, encontramos na década de 1930, uma estrutura não organizada,
com base em um sistema nacional. Cada Estado mantinha os respectivos sistemas. Em
todos, o ensino secundário caracterizava-se por ser preparatório ao ensino superior.

Francisco Campos, Ministro do recém criado Ministério da Educação e Saúde


(1930), procurou estruturar o sistema de ensino nacional com vários decretos, entre eles,
estava o que organizou o ensino secundário ( Decreto nº 19.890, 18/04/31), cuja função
formativa era: preparar os estudantes “para todos os setores da atividade nacional”,
através de um estudo disciplinado, metódico e científico, criando também o ensino
comercial (Decreto nº 20.158, 30/06/31), separando assim o ensino comercial que
regulamentava a profissão de contador, do secundário.

Passando pela reforma conhecida como Leis Orgânicas de Ensino, do Ministro


da Educação e Saúde Pública Gustavo Capanema em 1942 que através de decreto-lei
regulamentou :
Ensino Primário, Ensino Normal, Ensino Industrial , Ensino Comercial e o
Ensino Secundário, sendo que esse, destinado a dar “preparação intelectual geral que
possa servir da base a estudos mais elevados de formação especial; formar (...) a
personalidade dos adolescentes; acentuar e elevar (...) a consciência patriótica e a
consciência humanística” e de outro, o profissional destinado à formação de mão de
obra para suprir as necessidades do mercado, foi criado nesta época também (1942 à
1946) o SENAI, SENAC e o Ensino Agrícola.

Entre os vários ramos do técnico e secundário não havia nenhuma possibilidade


de passagem, isto só foi acontecer em 1953 (Lei 1.821), a equivalência foi uma vitória
dos que consideravam ser o ensino técnico profissional tão nobre e tão digno como o
ensino secundário. Nesta época já estava sendo discutida uma nova lei, a primeira Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( Lei 4.024/61), o primeiro projeto da Lei
foi apresentado em 1948, treze anos antes da aprovação final, que pela primeira vez,
versava sobre todos os níveis e, ao mesmo tempo, validade para todo o território
nacional.

Destacando-se nessa nova Lei, à função “formativa como desenvolvimento


harmonioso das potencialidades do educando, com vista à formação de pessoas
responsáveis”.
.
O projeto de “modernização conservadora” trazido pelo golpe de 1964,
aprofundando a industrialização e ampliando a urbanização, promoveria significativas
alterações no ensino secundário.

Foi ganhando espaço, ao menos nas diretrizes governamentais, a função


profissionalizante como fundamental para o projeto de desenvolvimento de então, que
ao mesmo tempo resolveria a forte pressão para o ensino superior em termos de
demanda e ingresso.

Estava pronto o caminho para uma nova reforma de ensino secundário, que de
acordo com as prioridades estabelecidas, deveria confirmar a tendência técnico-
autoritária de se conferir à função profissionalizante uma distinção que ela jamais
obtivera.

A lei de Diretrizes e Bases do Ensino de 1º e 2º graus (Lei nº 5.692/71) ,


passando a denominar o antigo primário de 1º Grau, estendeu-o para oito anos
obrigatórios.

O secundário, agora denominado 2º grau, tornou-se a partir de então,


profissionalizante.

A Lei 5.692/71 é modificada pela Lei 7044/82, esta transformou a qualificação


para o trabalho em preparação para o trabalho (a critério do estabelecimento de ensino).

O 2º grau profissionalizante esvaziou o então colegial público de formação geral,


de boa qualidade acadêmica, com isso o setor público perdeu qualidade e não conseguiu
preparar recursos humanos de nível técnico compatíveis com as demandas do mercado
de trabalho.

“Não há duvida de que as transformações nas estruturas produtivas e as


mudanças tecnológicas colocam à educação novos problemas. Mas certamente algo se
simplifica. Pela primeira vez, existe clareza suficiente de que é sobre a base de
formação geral e sobre patamares elevados de educação formal que a discussão a
respeito de profissionalização começa.
E para obter tais objetivos o consenso político nunca pôde ser tão amplo, na
medida em que unifica trabalhadores, empresários e outros setores sociais.”(Paiva,
1989:63 in Frigotto G.,1995: 143).
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação promove uma profunda reforma
na área de educação profissional, desvinculando educação geral e formação especial,
determinando que sejam oferecidas em cursos separados, ainda que articulados. Pela
nova LDB, o curso técnico de nível médio tanto pode ser cursado em concomitância
com o médio, ou após este.

O Ensino Médio atendida a formação geral, incluindo a preparatória básica para


o trabalho, poderá preparar para o exercício de profissões técnicas, por articulação com
a educação profissional, mantida a independência entre os cursos.(Art. 12, §2º da
Resolução CEB/CNE nº 03, de 26 de junho de 1998).

O Ensino Médio passa a oferecer uma educação equivalente para todos os


educandos, apontando para a superação da dualidade existente até aqui, essa educação
equivalente é uma preparação básica, ou seja, aquela que deve ser base para a formação
de todos os tipos de trabalhos.

Para que esse novo Ensino Médio possa ser oferecido é necessário profissionais
muito bem preparados, que além de uma boa formação precisam de atualização
constante.
“Tamanha tarefa exige profissional exímio, com correspondente remuneração,
prestígio e competência. Esta carece de constante atualização, diante dos reclamos do
mundo moderno e da condução inovadora da sociedade e da economia.(...)” .(Demo, P-
1995: 95)

Já há algumas Universidades, entre elas a Unisinos e mais recentemente a


Universidade de Caxias do Sul, entre outras, que oferecem desconto para alunos de
licenciatura, oportunizando assim a formação de muitos professores, que não tiveram a
oportunidade de concluí-la e já estão trabalhando.

Embora existam avanços para que haja uma mudança, a realidade ainda esta
longe de ser a ideal, por vários fatores entre eles:

A dificuldade da Escola Pública com relação ao quadro de professores e


especialistas, tendo os mesmos que enfrentar baixa remuneração, luta pela
sobrevivência, jornadas extenuantes entre outros problemas . A falta de pessoal
especializado nas escolas que com conhecimento suficiente, possam liderar uma
mudança.

Superar essas dificuldades apostando no trabalho conjunto é proporcionar às


futuras gerações oportunidades melhores, não repetindo erros que ao longo de nossa
história foram cometidos.
BIBLIOGRAFIA

Castro.C. M.1997. O secundário: esquecido em um desvão do ensino. in: Série


Documental. Textos para discussão.Brasília, MEC/INEP.

Cury C.R.J.1996 “O ensino médio no Brasil: histórico e perspectivas”, in: Seminário


Internacional Políticas Públicas do Ensino Médio, CONSED/Secretaria de educação do
estado de São Paulo.

Demo. P.1995. Desafios modernos da educação. Petrópolis. Vozes

Frigotto,G.1995. Educação e a crise do capitalismo. São Paulo, Cortez.

Guiomar.N.M. 1999. O ensino médio em números: para que servem as estatísticas


educacionais?. in: Situação da educação básica no Brasil, MEC/INEP.

Piletti, N. 1995. História da educação no Brasil. São Paulo, Ática.

Pimenta, S. G.-Gonçalves, C.L. 1992. Revendo o ensino de 2º grau, Propondo a


formação de professores. São Paulo, Cortez

Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio: bases legais.1999. Ministério da


Educação/Secretaria de Educação Média e Tecnológica

Lei 9.394/96- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacinal-LDB

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