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A VIDA POR

UM SONHO
Já lhe ocorreu a idéia de que a vida
seja apenas um sonho?
Se isso lhe ocorreu me dá certo
conforto, pois passo a pensar que não
sou a única a reparar os estreitos
limites em que se constringe a vida da
gente e que a dor, a alegria, a tristeza,
a tranqüilidade... não é mais do
que uma enganosa resignação com
que revestimos as paredes do nosso
cárcere.
E que a vida é feita de
pressentimentos, às vezes vagos e
nebulosos,
mas que têm força viva e real. Aí
mergulho ainda mais nesse mundo de
sonhos
para encontrar o sentido real das
coisas.
Que paradoxo!
É como se eu tomasse distância do mundo,
através do pensamento,
olhando-o como se nunca o tivesse visto,
como se não tivesse tido família,
amigos, professores, livros e outros meios
de comunicação que me tivessem
dito o que o mundo é; como se estivesse
acabando de nascer para o mundo e
para mim mesma e precisasse perguntar o
que é, por que é e como é o mundo, e
precisasse perguntar também o que sou,
por que sou e como sou.
Confesso, sem o menor constrangimento,
que estou me descobrindo. E que
é suave indagar a vida, regar as plantas,
amar as rosas e como diria
Fernando Pessoa: "O resto é a sombra de
árvores alheias". Você sabe que
sombra é esta? Às vezes é melhor não
saber. Ignorar já é cumprir um papel. O
calar é um gozo escondido do qual não nos
lembramos depois, porque a gente
nunca lembra do que não disse, mas os
gestos ficam recolhidos no cerne do
destino como a negação de um pedido que
não foi feito.
Tão breve a vida! E eu aqui lendo
Fernando Pessoa: "Vem sentar
comigo,
Lídia, à beira do rio. Sossegadamente
fitemos o seu curso e aprendamos que

a vida passa, e não estamos de mãos


dadas."
E aí percebo que a vida não fica
mesmo. Segue seu curso como o rio e
nós nem sentamos sossegadamente,
não vimos os círculos da pedra jogada
na
água, nem enlaçamos as mãos... Bem,
vamos deixar isso de lado que essa
ternura boba me deixa vulnerável, e
essa distância imprecisa que nos
separa,
é vagamente perturbadora.
E a vida é um sonho. Um sonho que
apaga todas as diferenças. Um sonho
povoado de árvores verdes e casas
brancas. Sonho que chega à noite pela

janela a me acariciar. E me dói por


dentro porque a alma é grande e a vida
é
pequena. E todos os gestos ficam
imobilizados no corpo, os braços
alcançam
uma distância extremamente pequena,
os olhos são tão limitados!
O que eu faço com esses sonhos
emoldurados de infinito? Fui ao livro
sagrado buscar perdão para essa
vontade da carne e lá está escrito:
"Não
ambicioneis coisas altas, mas
acomodai-vos às humildes; não sejais
sábios em
vós mesmos."
Ah, se pelo menos houvesse um lugar
no cérebro onde os pensamentos
ficassem inacessíveis! Mas Deus vê
todos. Conhece todos. Aí me sinto
vencida, como se tivesse descoberto
toda a verdade: Deus existe e deve
estar
perplexo com os meus desejos. Deve
estar me considerando a sombra das
árvores alheias.
Entretanto, me conforta saber que foi Deus
que me inventou e que eu
também o invento ao meu modo e acho que
é a coisa mais certa que sei fazer,
embora eu não deva inventá-lo pra mim,
porque eu é que fui inventada para
Ele. Nessas horas sinto vontade de fazer
uma prece e nem sei direito o que
pedir. É tão bom ter a quem pedir. E isso me
dá prazer. Nem me incomodo
muito se não for atendida. Cabe a Deus o
poder. Cabe a mim a prece e o
pedido de absolvição.
"Oh Deus poderoso, me perdoe a vida
de péssimos hábitos de sentir
neste corpo insatisfeito. E que a alma
se acomode dentro desse espaço
apertado e viva dignamente esse
sonho que me deste de presente: a
vida. "
Autoria: Um Ser de Luz
Formatação: Dudu Jr.
Música: “Em algum lugar do passado”
Colaboração: Suely Tarelho
Lucilene Machado

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