Chegando ao topo dos Anos Dourados, com o olhar da imaginação, recordo tantas mulheres e mães que, de muitas formas e em diferentes momentos, marcam presença tecendo a malha dos anos da nossa vida. Mães são tecelãs apaixonadas que se entrelaçam e acolhem em seu corpo, mente e coração, a vida que se aninha e se engendra.
Com fios de luz e seiva fecunda
elas tecem o corpo do seu bebê, em noites cheias de sonhos e temores, madrugadas insones, em dias de múltiplos desejos e planos. Tecelãs dedicadas e persistentes, em preces e canções de ninar e mesmo lágrimas silenciosas, com cuidados e agrados, tecem confiança, oferecendo o senso de bondade a seus filhos. Vestem o corpo e a imaginação dos pequenos, enquanto colocam babados e laços para dar um toque extra de conforto e graciosidade. Mães são eternas professoras e tecelãs do saber, da curiosidade, do riso, da vontade de descobrir, de construir e de aprender. São hábeis criadoras de fantasias, de bonecas e tapetes mágicos, para a imaginação dos pequenos. Também acarinham os cabelos, acalmam, tecem cachos e tranças. Mães são exímias tecelãs e, quando preciso, reatam e apertam nós de afetos, juntam as tramas rebeldes e acreditam na sua arte.
Crêem tanto que não levam tão a
sério a esquisitice de seus filhos adolescentes que, em certas ocasiões, decidem andar às avessas.
Elas bem sabem que eles
têm o lado belo da vida, que é o mais importante. As mães continuam tecendo a vida com fios coloridos e naturais, de branco silêncio, rósea ternura, verde esperança, azuladas preces.
Tecem igualmente com fios amargos
e rudes, descoloridos pelas decepções, pelo cansaço, suor e terra. São tantas as mães e tão diferentes, todas belas a seu modo e crentes!
Crêem no milagre da vida,
na possibilidade da primavera que, de certa forma, também dependem delas. Mães tecem com o coração nas mãos, sempre prontas para acariciar, afagar, perdoar, esperar e, em prece, aconchegar outras mãos nas suas. São tecelãs que se inspiram na mais santa das mães - Maria, a Mãe do Divino Mestre - para tecer vestes de seus rebentos. Essas prendadas tecelãs têm um pouco de Deus, um pouco de anjos e um pouco de fadas ao tecer alento e encantamento que nos dão a segurança de serem colo seguro e ombro amigo, que nos permitem fazer beicinho, buscar carinho e alimento para tudo de que precisamos na vida. Mães são tecelãs longamente testadas. Por isso, entendem de fios e desafios, de nós, de laços e fitas, de alma que silencia ou que grita. Mães são tecelãs de bandeiras de paz e são promessas de arco-íris que abraçam todas as cores, todas as nuances de amores, sonhos desfeitos, amizades refeitas.
Mães são tecelãs de
toalhas dupla-face, naturais e aveludadas, para os mais frágeis, os que se banham, para os que se refazem das quedas e tropeços nos caminhos da vida. São tecelãs incansáveis de túnicas e mantos que acolhem, abrigam e protegem, de pulôveres e mantas que abraçam e aquecem nosso corpo e, muito mais, o nosso coração, que busca espaço de aconchego e segredo. Mães tecem ninhos repletos de esperança e alegria.
Mães tecem espaços de aconchego
e sossego para um soninho.
Mães tecem pavios escondidos
para acender a chama da fé. Mães são tecelãs de mãos ágeis e ternas, extensões do coração materno de Deus, que se tornam perenes, entregando novelos e retalhos para que outras pessoas, outras mulheres continuem a sua arte. Benditas mães! Benditos filhos, frutos tecidos de amor!
Benditas tecelãs da vida,
cúmplices do Criador!
Ir. Zuleides Andrade, ASCJ
Curitiba - PR 22 / 02 / 2005
Autor do Slide: Ria Ellwanger riaellw@globo.com
Texto: Mães são tecelãs, de Ir. Zuleides Andrade Música: Ernesto Cortazar - The Greatest Miracle Imagens: Ir. Zuleides Andrade e Getty Images Este slide é exclusivo do site Ria Slides