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CAPÍTULO I

DA CITAÇÃO, NOTIFICAÇÃO E INTIMAÇÃO

1. INTRODUÇÃO

O contraditório assegura que a parte tem o direito de se manifestar

sobre todas as provas produzidas e sobre as alegações feitas pela parte

contrária. É da manifestação do contraditório que nasce a ampla defesa.

Como assinala Marco Antonio Marques da Silva, “contraditório e

ampla defesa formam um binômio inarredável e uma conseqüência lógica do

devido processo legal em um Estado Democrático de Direito”1

Nessa ordem de idéias, assume fundamental importância no processo

penal a comunicação dos atos processuais.

O conhecimento da acusação que lhe é feita chega ao acusado através

da citação. E o conhecimento dos demais atos do processo, através das

intimações e notificações.

Assim, para que a ampla defesa se torne efetiva são indispensáveis

atos de comunicação processual: citação, intimação e notificação.

1
Marques da Silva, Marco Antonio. Acesso à Justiça Penal no Estado Democrático de Direito. São Paulo:
Editora Juarez de Oliveira, 2001, p. 18.
Citação, no dizer de Frederico Marques, é o ato processual através

do qual “se dá conhecimento ao réu da acusação contra ele intentada a fim de

que possa defender-se e vir a integrar a relação processual”2

É através dela que se concretizam os princípios do contraditório e da

ampla defesa.

Trata-se de ato essencial do processo. Sua ausência acarreta nulidade

absoluta.

A citação exige, pois, o conhecimento pleno, efetivo, inquestionável,

dos fatos que são imputados ao acusado, sob pena de nulidade.

Para alguns doutrinadores, como Júlio Fabbrini Mirabete, o

comparecimento do réu em juízo supera a nulidade, obviamente desde que não

traga prejuízo ao direito da parte.

2. ESPÉCIES DE CITAÇÃO

A citação pode ser real (que é a regra), ou ficta (a exceção). A citação

real ou pessoal, é aquela feita na própria pessoa do réu. A ficta, por sua vez, é

a comunicação da acusação de forma indireta, presumindo a lei que tenha ele

tido conhecimento da imputação que lhe é feita. A citação por edital (ficta)

pressupõe o esgotamento de todos os meios possíveis para a citação pessoal.

2
MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal. Campinas: Bookseller, 1997, vol. II,
p. 171.
Em nosso sistema processual penal, a citação real pode ser feita

através de mandado, expedido pelo juiz da causa, por carta precatória, por

carta rogatória, e por carta de ordem (definida nos Regimentos Internos dos

Tribunais). Saliente-se, ainda, que o acusado militar deve ser citado através de

seu superior hierárquico (art. 358). Trata-se de exceção à regra da citação

pessoal.

Já a citação ficta deverá ser feita, sempre, por editais. No processo

penal, ao contrário, do que ocorre no processo civil, não se admite a citação

por hora certa.

Realizado o ato citatório de forma legal, completa-se a relação

processual; em conseqüência, a partir daí o réu passa a ter a responsabilidade

de comparecer aos atos processuais para os quais for intimado, bem assim de

comunicar ao juízo eventual mudança de endereço, sob pena de incidência do

disposto no art. 367 do diploma processual penal, que manda prossiga o

processo à sua revelia.

Advirta-se: a citação, no processo penal, ao contrário do que ocorre no

processo civil, não previne a jurisdição (que ocorre com a distribuição, nos

termos do art. 75 do CPP); também não interrompe a prescrição (isso ocorre

com o recebimento da denúncia ou da queixa e, num momento posterior, com

a sentença condenatória recorrível, nos termos do art. 117 do CP).


No caso de citação ficta, se o acusado ou seu defensor comparecerem,

os seus efeitos serão os mesmos da citação real. Em não havendo o

comparecimento, incide o disposto no art. 366 do CPP, ficando suspensos o

processo e o curso do prazo prescricional.

Assinale-se, ainda, que a lei 9.099/95 somente admite a citação

pessoal, como se vê da redação de seu artigo 66: “a citação será pessoal e far-

se-á no próprio juizado, sempre que possível, ou por mandado”. E completa o

parágrafo único: “não encontrado o acusado para ser citado, o juiz

encaminhará as peças existentes ao juízo comum para adoção do

procedimento previsto em lei”.

Ainda, no tocante a lei 9.099/95, no art. 65,§ 2º, prevê que “a pratica

de atos processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer

meio hábil de comunicação”. Dessa forma, parece-nos possível a citação por

precatória, mas não a citação por edital. É que, como vimos, não sendo

encontrado o acusado para ser pessoalmente citado, as peças existentes

deverão ser enviadas ao juízo comum para adoção do procedimento que a

doutrina chama de “conflituoso”.


2.1. CITAÇÃO POR MANDADO

A citação será feita por mandado quando o réu estiver no território

sujeito à jurisdição do juiz do processo, como estabelece o art. 351 do CPP.

Essa é a regra geral da citação. Excepciona-se quando o réu estiver no

território da jurisdição de outro juiz, no Brasil ou no estrangeiro, quando se

tratar de citação do militar, e quando for o caso de citação por edital.

A citação por mandado é ato privativo do Oficial de Justiça. Não pode,

pois, ser feita pelo Escrivão. Veja-se que o art. 357 do CPP estabelece, como

um de seus requisitos “a leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega

da contrafé, na qual se mencionarão dia e hora da citação.” Nesse sentido a

lição de Frederico Marques3, Vicente Greco Filho4 e Júlio Fabbrini Mirabete5.

Porém, se o ato, mesmo praticado pelo escrivão, atingiu sua finalidade, como

na hipótese de comparecimento do réu ao cartório, não se há decretar-lhe a

nulidade.

Os requisitos intrínsecos da citação estão relacionados no art. 352 do

CPP (nome do juiz; nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; o

nome do réu, ou se desconhecido, os seus sinais característicos: a residência

do réu, se for conhecida; o fim para que é feita a citação; o juízo e o lugar, o

3
Marques, José Frederico. Elementos de Direito Processual Penal. Campinas: Editora Bookseller, 1977, vol.
II, p. 171.
4
Grecco Filho, Vicente. Manual de Processo Penal. São Paulo: Editora Saraiva, 5ª ed., 1988, p. 291.
5
Mirabete, Júlio Fabbrini. Código de Processo Penal Interpretado. São Paulo: Editora Atlas, 2ª ed., 1995, p.
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dia e a hora em que o réu deverá comparecer; a subscrição do escrivão e a

rubrica do juiz). A falta de quaisquer desses requisitos compromete a

finalidade do ato, gerando a sua invalidade, porque acaba comprometendo o

pleno conhecimento da imputação por parte do acusado. E como já se viu,

esse conhecimento, para a validade do ato citatório, deve ser irrefutável,

inquestionável, pleno e efetivo.

Nulo o mandado, por falta de requisitos intrínsecos, nula também será

a citação.

A citação deve ser realizar-se, também, com prazo suficiente para que

o réu possa preparar-se para a defesa. Assim, já se decidiu pela nulidade da

citação realizada com menos de vinte e quatro horas do interrogatório.6

Os requisitos extrínsecos da citação por mandado estão relacionados

no art. 357 do CPP: leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da

contrafé (cópia integral do mandado), na qual se mencionarão dia e hora da

citação; declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua

aceitação ou recusa.

A ausência desses requisitos também nulifica o ato citatório.

A certidão é a prova da realização do ato. Por isso, deve o oficial

certificar detalhadamente tudo que ocorreu no ato, sobretudo quanto à leitura

do mandado e a entrega da contrafé e sua aceitação ou recusa, formalidades


6
RT 550/333
essenciais ao ato citatório. Sua certidão tem fé pública, mas esta abrange os

fatos ali consignados expressamente, e não aqueles que porventura foram

omitidos. Não se exige, para a validade do ato, que o citando assine o original

do mandado, dando-se por ciente. Basta, repita-se, a certidão do meirinho,

dando conta da aceitação ou recusa, pelo acusado, da contrafé que lhe foi

entregue.

A citação pode ocorrer a qualquer hora do dia ou da noite, em qualquer

dia da semana, inclusive, sábados, domingos e feriados. Se o oficial não

encontra o acusado em sua residência, mas recebe informação do local onde

ele se encontra, e acaba de fato localizando-o em outro local, desde que no

território da jurisdição do juízo processante, poderá aí citá-lo. Deverá, no

entanto, relatar a circunstância em sua certidão.

Se não encontrar o réu no ou nos endereços constantes do mandado, ou

obtidos nas diligências, deve fazer consignar a circunstância em sua certidão,

dando-o como em lugar incerto e não sabido.


2.2. CITAÇÃO POR PRECATÓRIA

A citação deve ser feita por carta precatória quando o réu se encontra

fora do território da jurisdição do juiz processante, nos termos do art. 353 do

CPP. Nesse caso, o juiz deprecado determina a expedição do mandado de

citação, que deverá preencher os mesmos requisitos intrínsecos do art. 352,

observando-se, na efetivação do ato, também os requisitos extrínsecos do art.

357, ambos do CPP.

Os requisitos da carta precatória estão enumerados no art. 354, a saber:

indicação do juiz deprecado e do juiz deprecante; a sede a jurisdição de um e

de outro; o fim para que é feita a citação, com todas as especificações, o juízo

do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer.

Através da carta precatória o juízo deprecante solicita ao juízo

deprecado que efetue a citação do réu que se encontra na jurisdição deste

último. Cumprida a carta, é ela devolvida ao juízo deprecante e juntada aos

autos do processo crime.

Na hipótese de não mais se encontrar o réu no território do juízo

deprecado, deverá este remeter a carta para o juízo em cujo território se

encontrar o acusado. Observando-se, sempre, o prazo mínimo de 24 horas

entre a citação e a data do interrogatório.


Trata-se da denominada precatória itinerante, que tem previsão legal

no § 1º do art. 355 do CPP.

Em não havendo mais tempo hábil para cumprimento da precatória, ou

se ocultando o réu para não ser citado, o juízo deprecado, certificado o motivo,

devolverá a carta para o juízo deprecante. É o que manda o § 2º deste art. 355.

Por último, em caso de urgência, a carta precatória poderá ser expedida

por via telegráfica (art.356 do CPP). Outrossim, embora não haja previsão

legal específica, nada impede que seja remetida por e-mail.

Como já visto, também no procedimento da Lei 9.099/95 admite-se a

citação por precatória.

2.3. CITAÇÃO POR CARTA ROGATÓRIA

A citação será feita por carta rogatória quando o acusado estiver no

estrangeiro, em lugar sabido, hipótese em que se suspende o prazo

prescricional até o seu cumprimento. É o que diz o art. 368 do CPP.

O mesmo ocorre com a citação que houverem de ser feitas em

legações estrangeiras, que são tidas como extensão do território do país a que

pertencerem (art. 369 do CPP).


Como se percebe, a citação do acusado que se encontra no estrangeiro

deve ser feita pessoalmente, através de carta rogatória a ser cumprida pelo

juízo estrangeiro.

Conforme reza o art. 783 do CPP, “as cartas rogatórias serão, pelo

respectivo juiz, remetidas ao Ministro da Justiça, a fim de ser pedido o seu

cumprimento, por via diplomática, às autoridades estrangeiras competentes”.

Trata-se de um ato de cooperação internacional, a exemplo do que

ocorre, no âmbito interno, com as cartas precatórias.

No que tange aos requisitos das cartas rogatórias, deve-se aplicar, por

analogia, tendo em vista a omissão do CPP, o disposto nos arts. 201 e 210 do

CPC.

2.4. CITAÇÃO POR CARTA DE ORDEM

Quando determinada pelos Tribunais, nos processos de sua

competência originária, a citação deve ser feita por carta de ordem, que

constitui uma ordem emanada de órgão jurisdicional de grau superior, dirigida

a ordem jurisdicional de grau inferior, onde se encontra o acusado, para a

realização do ato.

Todas as considerações feitas relativamente à carta precatória servem à

carta de ordem.
2.5. CITAÇÃO DO MILITAR E DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO

A citação do militar, nos termos do art. 358 do CPP, “Far-se-á por

intermédio do chefe do respectivo serviço”. Justifica-se a regra, tendo em

vista a “tradição jurídica resultante das imposições de hierarquia e disciplina a

que ele está sujeito”7

Desse forma, o juiz, ao invés de mandar expedir um mandado, a ser

cumprido por um oficial de justiça, expede ofício diretamente ao superior do

acusado, que o fará chegar ao destinatário, dando-lhe plena ciência de todos os

termos do ato citatório.

Esse ofício deverá conter todos os mesmos requisitos do mandado.

Como regra, o militar superior comunica ao juízo que autorizou o

comparecimento do acusado no dia e hora marcados.

A ausência dessa autorização invalida o ato citatório, outro ofício deve

ser expedido.

Se o militar não estiver na sede do juízo processante, este deverá

expedir carta precatória, e o juízo deprecado, então, expede o ofício

requisitório ao oficial superior do acusado.

7
Cf. Mirabete, Júlio Fabbrini. Código de Processo Penal Interpretado. São Paulo: Editora ATLAS, 9ª Ed.p,
885.
Já o funcionário público deverá ser citado normalmente por mandado.

Porém, nos termos do art. 359 do CPP, o chefe de sua repartição também

deverá ser notificado do dia e hora do comparecimento a juízo.

Essa regra tem por objetivo evitar que o serviço público sofra as

conseqüências da ausência do funcionário, e também que este tenha justificada

a sua falta.

2.6. CITAÇÃO DO RÉU PRESO

Antes da vigência da lei 10.792, de 01/12/2003, que lhe deu nova

redação, assim estabelecia o art. 360 do CPP, “se o réu estiver preso, será

requisitada a sua apresentação em juízo, no dia e hora designados”.

Discutia-se, então: bastava à requisição, ou havia necessidade também

de expedição do mandado de citação?

No primeiro sentido, ou seja, que a requisição substitui o mandado

(desde, é claro, que dela constem todos os requisitos do mandado, ou seja,

vício sanado na forma do art. 570 do CPP). Nesse sentido muitos

doutrinadores se manifestavam favoráveis, como Magalhães Noronha, Grecco

Filho, a jurisprudência dominante, e inclusive o Supremo Tribunal Federal.

Outros doutrinadores dentre os quais Ada Pellegrine Grinover,

Mirabete, sustentavam posição contrária, ou seja, que o ofício requisitório não


era suficiente para garantir concretamente ao réu preso a amplitude de defesa a

que se refere o princípio constitucional.

Segundo eles, o réu preso deveria se pessoalmente citado, por

mandado, no presídio em que se encontrava, com a necessária antecedência

para o preparo da defesa.

Esse segunda posição, segundo nos parecia, era a que melhor

resguardava o réu, atendendo ao princípio constitucional da ampla defesa.

Tanto que a lei 10.792/2003, acima referida, acabou por dar nova

redação ao art. 360, deixando expresso que “se o réu estiver preso, será

pessoalmente citado”.

Cessa, portanto, a controvérsia, diante dos claros termos da lei, com a

nova redação dada ao aludido art. 360 do CPP.

2.7. CITAÇÃO POR EDITAL

A única forma de citação ficta admitida no processo penal brasileiro é

a citação por edital, que constitui uma forma indireta de comunicação

processual, porquanto se acredita que através da publicidade dada ao edital a

notícia sobre a existência do processo chegue até o citando.


Trata-se de medida de exceção, subsidiária, que apenas se admite

quando absolutamente impossível a comunicação pessoal ao acusado a

respeito dos fatos que lhe são imputados.

Conforme reza o art. 361 do CPP, “se o réu não for encontrado será

citado por edital, com prazo de quinze(15) dias”.

Antes de proceder à citação por edital devem ser tomadas todas as

providências possíveis para a localização do paradeiro do réu, sob pena de

nulidade do ato.

Questão interessante se refere à citação por edital de acusado preso em

território de jurisdição do magistrado processante.

Segundo a Súmula 351 do STF, “é nula a citação por edital de réu

preso na mesma unidade da Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição”.

Porém, diversa é a situação se o acusado estiver preso em outra unidade da

Federação e o fato não é de conhecimento do Juiz da causa. Não se pode

exigir que a justiça estadual diligencie em todos os estabelecimentos penais

das unidades da federação para tentar localizar o acusado, já que não temos

sistema único nacional de cadastro de presos.

A prova que o acusado não foi encontrado para ser pessoalmente

citado é a certidão lavrada pelo oficial de justiça encarregado do ato. Sem essa

certidão, a citação por edital será nula.


Também ocorrerá nulidade se a certidão for lacônica, sem precisão.

Os arts. 362 e 363 do CPP prevêem outras hipótese de citação por

edital: quando o réu se oculta para não ser citado; quando inacessível, em

virtude de epidemia, de guerra ou por motivo de força maior, o lugar onde

estiver o réu; quando incerta a pessoa que tiver de ser citada.

Na primeira hipótese, a ocultação do réu deve ser cumpridamente

demonstrada na certidão do oficial de justiça, sendo certo que então o prazo

será sensivelmente menor, a saber, de cinco dias. Há, sem dúvida, uma caráter

punitivo nessa medida, dado o propósito deliberado de evitar a citação, tudo

indicando que o réu já está ciente da existência do processo.

Mas, repita-se, essa manobra fraudulenta do réu para não ser citado

deve ser demonstrada de forma inequívoca, sob pena de nulidade da citação.

Também na segunda hipótese, inacessibilidade do lugar onde se

encontra o réu, a circunstância deve ser demonstrada de forma inequívoca,

comprovada a impossibilidade da citação pessoal, tendo em vista os riscos a

que seria submetido o oficial de justiça caso tentasse realizar a citação pessoal.

Finalmente, quanto à terceira hipótese, do réu “incerto”, a doutrina tem

tecido crítica ao texto legal. Nosso Direito não permite a imputação de crime a

“pessoa incerta”, sendo necessária que a acusação se dirija a pessoa

determinada. A hipótese, em realidade, se refere ao acusado em relação ao


qual não se conhece a identidade por inteiro, ou sua qualificação. Veja-se que

o art. 41 do CPP, quando cuida dos requisitos da denúncia ou da queixa, se

refere à qualificação do acusado ou “esclarecimentos pelos quais se possa

identificá-lo”. E o art. 365,II, também do CPP, cuidando dos requisitos do

edital de citação, faz referência ao “nome do réu, ou, se não for conhecido, os

seus sinais característicos”.

Assim em realidade, não se trata de réu incerto, mas sim de réu em

relação ao qual não se conheça, por inteiro, a sua identidade.

Os requisitos da citação por edital estão no art. 365 do CPP.

Indispensável, para a validade do ato, igualmente a observância ao

estabelecido no parágrafo único do art. 365 do CPP: o edital será afixado à

porta do edifício onde funcionar o juízo e será publicado pela imprensa, onde

houver, devendo a afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a

publicação provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual

conste a página do jornal com a data da publicação.”

Finalmente, é preciso salientar que o CPP estabelece prazos diversos

para as diferentes hipóteses de citação por edital. Assim, para o réu não

encontrado, o prazo é de 15 (quinze) dias (art.361); para o réu que se oculta

para não ser citado, o prazo é de 05 (cinco) dias (art.362); e para o caso de

lugar inacessível, o prazo será fixado pelo juiz entre 15 (quinze) e 90


(noventa) dias, considerando as circunstâncias; se “incerta” a pessoa a ser

citada (expressão impropriamente utilizada pelo legislador), o prazo será de 30

(trinta) dias (art. 363,II, c/c art. 364, in fine, CPP).

Somente se considerará efetivada a citação por edital após o decurso

de tais prazos. A data designada para o interrogatório deverá ser posterior ao

encerramento do prazo.

3. INTIMAÇÃO E NOTIFICAÇÃO

A comunicação dos atos processuais às partes não se resume à citação,

abrangendo também a intimação e a notificação.

Embora o CPP se utilize desses dois termos como sinônimos, o certo é

que a doutrina traça clara distinção entre eles.

A intimação se refere a atos processuais passados. Em outras palavras,

através dela se dá ciência às partes de atos processuais, incluindo-se despachos

e sentenças, já realizados. A notificação, por seu turno, refere-se a atos

processuais futuros. Ou seja, é a ciência que se dá às partes do dia, hora e local

onde serão realizados atos processuais determinados.

O CPP, nos arts. 370 a 372, com a redação dada pela lei 9.271/96,

disciplina as intimações em sentido lato, compreendendo, pois, as


notificações, que como já se disse são tomadas como sinônimas pelo

legislador.

No primeiro desses dispositivos estabelece que, como regra, às

intimações devem ser aplicadas as normas relativas às citações.

O § 1º trata da intimação do defensor constituído, do advogado do

querelante e dos assistentes, a ser feita por publicação no órgão incumbido da

publicidade dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o

nome do acusado. Isso não se aplica ao MP e ao defensor nomeado que

deverão ser intimados pessoalmente, como se verá adiante.

Em não havendo órgão oficial de publicação dos atos judiciais na

comarca, completa o § 2º, a intimação será feita diretamente pelo escrivão, por

mandado, ou via postal com comprovante de recebimento, ou por qualquer

outro meio idôneo.

O artigo 67, caput, da Lei 9.099/95, por exemplo, estabelece que “a

intimação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento pessoal ou,

tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao

encarregado da recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou, sendo

necessário, por oficial de justiça, independentemente de mandado ou carta

precatória, ou ainda por qualquer meio idôneo de comunicação”.


Como se percebe a primeira modificação em relação às regras da

intimação, ou seja, a intimação pode ser feita pelo escrivão, ou via postal com

comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio idôneo. Isso, como

já visto, não ocorre com a citação.

O § 3º estabelece que a intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensa

a aplicação a que alude o § 1º.

Por último, o § 4º prevê a intimação pessoal do Ministério Público e

do defensor nomeado.

Admite-se, também, por força do art. 371, a intimação por simples

requerimento despachado: “Será admissível a intimação por despacho na

petição em que for requerida, observado o disposto no art 357”.

O art. 372 prevê a possibilidade de intimação pelo próprio juiz, na

presença das partes, quando é adiada a instrução criminal: “adiada, por

qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz marcará, desde logo, na presença

das partes e testemunhas, dia e hora para seu prosseguimento, do que se

lavrará termo nos autos”.

Como regra, portanto, as intimações, no processo penal brasileiro, são

realizadas pessoalmente (mandado, precatória, rogatória), pela imprensa ou

carta com aviso de recebimento.


Não sendo possível a intimação por nenhuma dessas modalidades,

recorre-se ao edital, observando-se, no caso, as mesmas regras previstas para a

citação editalícia.

O art. 564 do CPP refere-se a três nulidades relacionadas com a

intimação: a) ausência de intimação para a sessão do julgamento pelo Júri,

quando a lei não permitir o julgamento à revelia (inciso III,g); a falta de

intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos

estabelecidos pela lei (inciso,III,h); c) a ausência de intimação, nas condições

previstas em lei, para a ciência de sentenças e despachos de que caiba recurso

(inciso,III,o).

Os vícios relativos às duas primeiras hipóteses são considerados de

nulidade relativa (art. 572), somente sanável nos termos do artigo 570 do

mesmo diploma legal.

A falta de inclusão do nome do acusado nas intimações feitas a

advogados pela imprensa também implica em nulidade (art. 370,§ 1º, do CPP).

Há que se mencionar, ainda, a regra do art.392, que trata da intimação

da sentença, prevendo, em seus diversos incisos, diversas alternativas para o

ato. A doutrina dominante, no entanto, tem entendido que esta exclusividade

ou alternatividade não pode prevalecer, pois viola flagrantemente os princípios

constitucionais da ampla defesa e da paridade de armas. Assim, em respeito à


autodefesa, à defesa técnica e a igualdade entre acusação e defesa, a intimação

da sentença deverá ser feita, necessariamente, ao réu, preso ou não, e ao seu

defensor, constituído ou dativo. Esse o entendimento consagrado na

jurisprudência.

Outra questão interessante se relaciona com o art. 222 do CPP, que

cuida da expedição de precatória para oitiva de testemunhas residentes fora da

comarca, prevendo, na parte final, a intimação das partes.

A jurisprudência, de forma quase que maciça, tem entendido pela

necessidade de intimação da defesa apenas da expedição da carta precatória,

cabendo-lhe diligenciar no sentido de ter ciência da data designada para a

realização do ato. No entanto, a doutrina, com base exatamente naquele

princípio constitucional da ampla defesa, tem sustentado a necessidade de a

defesa e o acusado serem cientificados não apenas da expedição da carta

precatória, mas também da data para a realização da audiência.

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