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Comunista, quando quer caluniar alguém, não precisa inventar
crimes: atribui-lhe um dos seus, e pronto. Resolve dois problemas de
uma vez: queima a reputação do infeliz e ainda esconde as suas
próprias culpas sob as cinzas do cadáver. Isso é assim desde os
tempos de Lênin. O método é simples, prático, brutal e descarado.
Tão descarado que a platéia, recusando-se instintivamente a
acreditar que alguém seja mau o bastante para usá-lo, cai no engodo
de novo e de novo e de novo.
O exemplo mais espetacular, em escala nacional, foi aquele que
citei aqui no artigo anterior: o hiperbolismo retórico dos Dirceus e
Mercadantes, na CPI de 1993, transformando os Anões do
Orçamento em gigantes do crime e acusando-os de montar "um
Estado dentro do Estado", coisa que ia muito além das
possibilidades e até da imaginação daquelas diminutas criaturas,
tudo para camuflar a montagem de um genuíno "Estado acima do
Estado", obra-prima de maquiavelismo, que o próprio PT já ia
construindo com a ajuda das mais ricas e temíveis organizações
criminais do continente, e cuja potência continua e continuará
produzindo efeitos devastadores, pouco influindo nisso o resultado
das eleições de ontem.
No plano internacional, exemplos ainda mais edificantes brotam em
profusão cornucópica. O caso mais célebre talvez tenha sido a
matança de 20 mil oficiais poloneses num campo de prisioneiros da
II Guerra, executados por nada, por frescura, por divertimento. Os
soviéticos levantaram a denúncia no Tribunal de Nuremberg. O
mundo ficou chocado ante as fotos de cadáveres que não paravam
de surgir do fundo da floresta de Katyn. Anos depois, vieram provas
concludentes de que os autores do massacre tinham sido os
próprios acusadores. Notem bem o detalhe: haveria escassez de
crimes praticados pelos nazistas, para que os soviéticos tivessem
de lhes emprestar um? Não, é claro. Mas a coisa parece que está
no sangue: é uma comichão, uma volúpia irresistível, uma
compulsão avassaladora. O gostinho da dupla mentira leva esses
sujeitos ao orgasmo. Não é delicioso, por exemplo, xingar os judeus
em todos os jornais do mundo e depois sair choramingando que
eles são os donos da mídia? É melhor que sexo. O sujeito fez isso
uma vez, não quer parar nunca mais.
Por isso mesmo, essa conduta não se limita aos comunistas
professos. Ela espalhou-se na esquerda em geral ao ponto de
constituir um reflexo condicionado, um estilo de vida, um modo de ser,
um traço permanente da cultura "progressista". Mais recentemente,
veio a onda de denúncias contra os padres pedófilos. Foi uma
tempestade mundial, uma epidemia planetária. Por toda parte, os
homens comprometidos com o voto de castidade pareciam não ter
outra ocupação na vida senão bolinar meninos. Mas havia na
acusação alguns detalhes estranhos. Desde logo, embora na quase
totalidade dos casos as vítimas fossem do sexo masculino, as
palavras "homossexual", gay ou mesmo "pederasta", que era o termo
técnico exato para descrever a conduta dos criminosos, não aparecia
nunca no noticiário. Nunca mesmo. A uniformidade global da omissão
sugeria que os pedófilos eram pedófilos não por serem
homossexuais, mas por serem padres. A idéia subjacente era
persuadir o público de que a culpa de tudo estava no cristianismo,
não numa cultura anticristã intoxicada de estímulos a toda sorte de
sacanagem lícita ou ilícita, cultura da qual a própria mídia
internacional era a expressão mais vasta e permanente.
A intenção canalha tornava-se ainda mais evidente porque o número de pedófilos entre os
padres era muito menor do que entre os assistentes sociais da ONU, uma classe politicamente
correta que havia devastado duas gerações de meninos na África e na Ásia, com o agravante
cruel de aproveitar-se da situação local de miséria e dependência, própria a induzir as vítimas a
que se submetessem a qualquer exigência despótica em troca de comida e abrigo. Ora, estes
casos eram divulgados apenas em livros, em sites de organizações filantrópicas e em
pesquisas acadêmicas: nem uma palavra sobre os campeões mundiais do abuso de menores
aparecia naqueles mesmos jornais e noticiários de TV que ostentavam tanta indignação contra
os padres. A seletividade deformante era tão óbvia, que tinha de haver alguma perversão maior
por trás de tudo. Só entendi o fenômeno quando li o livro do repórter Michael S. Rose,
Goodbye, Good Men: How Liberals Brought Corruption into the Catholic Church (Washington
DC, Regnery, 2002). Era a história de como organizações ligadas ao movimento gay haviam
infiltrado psicólogos nos seminários, durante duas décadas, para que vetassem o ingresso de
homens vocacionalmente dotados para o sacerdócio e, em contrapartida, dessem preferência a
candidatos homossexuais. Fontes citadas pelo autor: os próprios psicólogos, muitos deles
arrependidos de haver colaborado com essa maldade descomunal. A operação havia mudado
radicalmente a composição do clero americano, produzindo artificialmente a situação que
depois seria imputada à Igreja Católica pelos próprios autores do crime. É claro que esse efeito
não depende de um acordo prévio, de uma conspiração entre os planejadores originais e a
mídia que anos depois completa a operação. Nesses casos, pode-se contar sempre com aquilo
que Willi Munzenberg, o gênio comunista da desinformação midiática, chamava "criação de
coelhos". Basta dar o empurrão inicial, e o resto vem pelo automatismo imitativo - o processo
mental mais característico do "proletariado intelectual" que espalha as modas culturais. Hoje
em dia qualquer engenheiro social de quinta categoria domina a técnica de gerar esses efeitos.
O mundo cultural está agora repleto não somente de coelhos, mas de milhões de pequenos
Willis Munzenbergs com orelhas de coelho. Por meio deles a arte de usar os próprios crimes
como instrumento de difamação dos inimigos deixou de ser privilégio da elite comunista para
tornar-se patrimônio geral da esquerda.
E não venham com a bobagem de que estou contando isso por "preconceito",
"homofobia" ou coisas assim. Jamais abri minha boca para criticar as preferências
sexuais de quem quer que seja. Apenas não sou idiota o suficiente para confundir
preferência sexual com crime. Muito menos crime comum com uma operação de
calúnia em larga escala, montada como camuflagem perversa de uma trama ainda
mais perversa voltada contra a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.