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Vamos por aqui. Por um lugar que ninguém conhece.

Um lugar que afinal ainda


não tinha sido devidamente explorado. Talvez esse lugar, esse caminho ou apenas
direcção, fosse tudo o que tivesses esperado durante toda a tua vida. Até aqui. E a partir
daqui. Esse lugar nunca foi tocado por ninguém mas já lá muitos foram. De uma maneira
ou de outra. Uns por poemas, outros em pensamento, outros, mais velozes, em escrita
diária. Na verdade, não interessa a velocidade a que se vai, mas como se vai. Não
interessa a frequência com que se vai mas se se vai ou não. E tu estás prestes a ir, a
embarcar numa verdadeira viagem. Numa verdadeira jornada. Talvez penses que não tem
regresso, e na verdade não tem. Tudo na tua vida não tem regresso. Já abençoaste esse
facto? Pois bem, está talvez na hora de te despedires da vida que tiveste e ser capaz de
entender que a tua vida não tem fim, para entender isso basta dar um passo em frente.
Não precisas de correr nem de te afligires, muito menos pasmares-te. Alegria? Sim. Mas
a alegria não é espanto. A alegria é tudo o que tu és. E sê sincero contigo, já deste atenção
a quem tu és? Tens feito isso por ti nos últimos tempos? Pois nesta viagem estarás só.
Saberás que a vida é sempre em frente, que nada te é ocultado ou escondido. Saberás que
tudo o que tens na vida és tu, e que todas as coisas materiais que possuis (mas que,
repara, não tens), há milhões de anos que foram criadas para te servirem na tua soberana
condição. Nem precisas de saber que a colher que levas à boca há muito que, então,
enquanto metal, conspirava para te servir. Muitas das coisas passam pela tua vida e tu não
lhes dás atenção, mas elas não precisam, soberano que és. Algumas das pessoas que por ti
passaram nunca te disseram nada, apenas porque não o quiseste, repara como o quiseste
com umas e não com outras. Sabes, foi apenas uma decisão que permitiu que certas
pessoas entrassem na tua vida e outras não.
Mas agora vamos tomar este rumo. Vamos por aqui. Ainda não tinhas visitado
este lugar. Assombroso que é à partida, parece escuro, ou pior que isso, demasiado claro,
porque ainda não vês nada. Estás, na verdade, ansioso e expectante. Eu também estaria se
estivesse no teu lugar. Que lugar é esse? Perguntas a ti mesmo, em surdina, na tua mente.
Mas tu, o teu verdadeiro eu, já sabe que lugar é. O lugar que é. Sabe-o enquanto conceito
e precisa apenas da experiência para o confirmar. Ate lá, tens razão, esse lugar não é
nada, não passa desse conceito.
Estás expectante e queres avançar, rapidamente, fazer tudo de uma vez. Se eu
tivesse o teu espírito novo também estaria como tu, ávido de ir, de resolver tudo de uma
vez, de afinal dizer, “que foi? Estas e muitas outras coisas também vós fareis”. Mas sê
sensato, pela primeira vez na tua vida, não queiras tudo de uma vez, ou melhor, que
queiras sempre, apenas te peço que desta vez desfrutes do teu lugar na constelação. Não
te peço que deixes de ser quem és, apenas te peço que modifiques a maneira como tu te
vês. Não que a maneira como és tenha alguma coisa de errado. Não tem. È essa maneira
de ser que eu amo. Apenas tu queres avançar, dizes-me. Queres ver algo novo na tua vida,
dizes-me e eu dei-te a mão. Queres segurá-la ou largá-la? Enquanto aí estiveres nunca
largarás a minha mão, mas és livre para seres quem és. Nem sequer te prometo que não
deixarás a minha mão. Apenas que com a minha mão te posso levar onde queres. Apenas
ainda não sabes disso.
Pois bem, vamos por aqui, iniciemos a jornada. Não é tarde nem cedo. Não é dia
nem é noite. Ou preferes que seja? Uma destas coisas? Está bem assim? Pois bem, se
queres que seja dia, seja. Preferes luz, dizes. Mas também te direi que conhecerás a noite
e a ausência de luz. Está bem assim? Dizes agora que preferes a noite, mas eu digo-te que
não poderás viver sempre na noite. Ou como saberias que era noite ou a ausência de luz?
Concordas, dizes-me tu, e acrescentas que queres que esta experiência seja apenas tua e
de mais ninguém. Pois assim será, mas isso nunca impedirá que outros, se isso vem para
o caso, te digam que a experiência não é apenas tua, mas influenciada por outros. Ao que
tu responderás ao saberes que esta é realmente a tua experiência, que a influência dos
outros é decisão da tua experiência. Tua é a experiência, a decisão. Vamos por aqui pois,
agora que seguraste a tua mão na minha. Vamos pois. Já te sentes a avançar, por algum
lado dizes, sim por algum lado, repara que já não dizes por nenhum. Na verdade é por
algum, sempre foi, apenas julgaste, decidiste, optaste em estar em nenhum. E de um ao
outro vai apenas a decisão. Está bem assim? Preferes assim? Concordas com o que te
digo? Senão, podes sempre optar por mudar de ideias. Podes ir para trás, para tua casa,
onde quiseres e até podes voltar quando quiseres. Mas a tua experiência está ávida, quer
ir por algum lado, quer ir por aqui, saber por onde vai. Também tu. Pois repara que já
chegaste até aqui. Achas que foi um passinho, ou que ainda estás no hall de entrada?
Podes não o saber, mas deste um passo de gigante, deste um passo miraculoso ao chegar
até aqui. O quê? Pareceu-te fácil? E porque haveria de ser difícil? Quando estavas em
nenhum lugar não era tudo muito mais difícil? Principalmente, de entender? Pois bem,
não era. Mas o que te digo e o que te interessa agora é que tu decidiste vir por aqui,
decidiste avançar, “por algum lado”, dizes. Pois bem, seja, por algum lado. Porque
haverias de emendar a tua vida agora que sabes os passos que dás? Perguntas-te. E eu
digo-te, pois esse é o passo miraculoso que deste, é o passo de gigante que tu querias
almejar. Segue em frente e não te detenhas, pois sabes o que tens a fazer. Sabes bem o
que te interessa e falhar não é sequer importante para ti. Mesmo que o decidas, que assim
seja. Pois bem, eu te digo que o que vem a seguir só depende de ti. E tu sabes. Apenas
precisas de experienciar essa direcção. Segue em frente pois. Por aqui, vamos.

Caminhas e não o sabes? Digo-te que caminhas e apenas sabes. Pois segues o que
tens a seguir e não te deixas ficar para trás e não te inquietas com outras coisas. Deténs-te
um pouco, queres descansar de quê? Parece assim tão grande o esforço? Ou estás outra
vez em nenhum lugar? Pois bem, fica aqui se queres ir a algum lado. E segue esta via,
pois não tens outra escolha, ou melhor tens, mas é uma escolha que não é tua. Onde
queres ir agora?
Optaste por seguir em frente, talvez não te reste mais nada para trás. Mas ainda
não sabes que vais em frente. Ainda não fizeste acontecer o que se seguirá. Pois eu digo-
te que só depende de ti, mas ainda estás abismado com a tua criação, com os teus
poderes. E na verdade ainda estás a pensar no que será melhor para ti. Pois eu confirmo,
vai em frente e cria o que vem a seguir, na verdade não podes deixar de fazer isso. Há
apenas uma diferença: podes criar o que vem a seguir de uma maneira consciente ou
inconsciente. Pela primeira saberás que toda a criação é tua, pela segunda duvidarás da
tua criação e julgarás que é criação alheia. Pois eu digo-te, vai em frente, cria, de uma
maneira ou de outra é tudo criação tua. Só o saberás depois de o teres feito, ou de ver o
que “outros” fizeram por ti. Caminha pois, nada te espera, se souberes isso, tudo será
melhor para ti. Mas achas que algo te espera, e não sabes o quê. Eu poderia antecipar essa
resposta e dizer que és tu quem já lá está á tua espera, mas não ias acreditar. E
sensatamente, pois nunca o saberias se não empreendesses a jornada. O que te resta senão
ir para a frente, o que temes? O que vais encontrar? Sofrimento e espinhos pelo caminho?
Ou bênçãos e companhia? O que escolhes? Pois que continuas a querer saber
antecipadamente o que é melhor para ti. O que dirão outros, e tantas vezes os escutastes
que ficastes em lado nenhum. Precisaste de silenciar o mundo exterior para saberes quem
eras. Precisaste de silenciar a noite para que emergisses. De viver de dia para saberes
como tudo é aborrecimento. Afinal só precisaste de te silenciar a ti mesmo, e quando o
aprendeste a fazer descobriste que não eras tu quem se calava. Quem seria afinal,
perguntas-te, agora que todas essas vozes desapareceram? Quem estava aqui no teu lugar,
que tu resististe em partilhar e se transformou no teu eu exterior? Pois bem, quem quer
que seja, foi criação tua. Consciente ou inconsciente, foi decisão tua.
Segue pois em frente. Vem por aqui. Pois é ao que agora aspiras, neste momento.
Vem por aqui, não temas a tua criação, pois dela viveste e dela viverás. O que se segue?
Perguntas. Já sabemos que fizeste preferências, escolheste o dia e a noite. Pois já sabes
que existem e podes inclui-las no teu mapa, nas tuas ferramentas. A tua dificuldade já não
está em criar mas em usar os instrumentos da tua caixa de ferramentas. Qual o melhor, o
mais adequado? Perguntas. E posso mudar tudo de novo se não gostar? Perguntas. E eu
digo-te, podes. Sempre que quiseres podes. Podes até voltar para trás. Mais, só estás na
posição de inicio porque ainda não sabes conscientemente que a criação é tua. De outra
maneira poderias estar na posição que mais te aprouvesse. Mas dizes que é o melhor para
ti. Eu não contesto, nem confirmo, apenas constato que és tu quem decide a posição em
que queres estar. E eu digo-te que és tu quem sabe isto. Mas ainda não queres acreditar,
segura na minha mão pois, o tempo que quiseres, escolhe o que achas melhor para ti,
pondera o tempo que quiseres, até o tempo é criação tua. Nada te está vedado, nada te
está ocultado, agora que escolheste vir por aqui. Também eu no teu lugar, neste momento,
com o que se apresenta, estaria receoso, cauteloso. Lembra-te, apenas te posso dizer que
não temas. Pois que foi isso que me pediste para te dizer, só não te lembras disso.
Vejo que agora segues em frente. Vejo que agora te lembras melhor de ti. E pensas
numa paisagem, romântica por acaso, ideal. E real. Sensato. Uma paisagem. Porque não?
Árvores? Todas as paisagens têm árvores. Dizes que não, concordo, não nas montanhas
nem no pleno mar. Mas gostas de árvores, que sejam grandes, transformadas em
pequeninas se forem vistas ao longe. Um imenso campo por arar e árvores ao longe. Uma
paisagem plana acidentada apenas por árvores como os campos de França. Esquecer tudo,
dizes, tirar os campos e as árvores. Porquê? Estava bonita esta nossa paisagem. Mas
preferes algo menos comum. E eu digo-te que não há nada tão incomum como a tua
escolha, qualquer que ela seja. Se isso te interessa ser comum ou incomum, é apenas uma
escolha, uma outra escolha. Já sabias disso, ou não? Escolhes isso, é isso que queres, pois
vai em frente. Vai por achares que é melhor para ti, ou senão o achas leva contigo a noção
que é uma escolha. E repara que em todo este processo tudo vai bem. Deste o segundo
passo. Ah, não acreditas que estar aí parado fosse tão frutífero. Julgavas que precisavas
de correr, de andar, de sentir as tuas pernas para saberes que estavas a caminhar. Pois bem
foi decisão tua, a de saberes que poderias caminhar sem saíres do lugar. E até foi decisão
tua teres chegado até aqui. Apenas o que sabes agora foi-te dado pela tua experiência que
precisaste de exercer para que tivesses o que tens agora. Pois eu nem preciso de te dizer
que chegaste onde chegaste para ouvires isto que agora te digo neste momento.
Mas há uma coisa que te detém (na verdade és tu ainda a escolher ferramentas),
perguntas-te: se vais empreender uma jornada, que seja bela e incomum, que
instrumentos hás-de escolher? E eu, respondo-te se me quiseres ouvir, que usarás as
ferramentas adequadas ao avanço no preciso momento. E não tens de o fazer
antecipadamente. Alegras-te. Claro que sim, que mais poderias sentir, agora, que te
lembras de ti mesmo? Pois então, não caminhes. Não vás a nenhum lado que é ainda uma
forma de ir. Deleita-te contigo mesmo, quem mais há? Quem mais houve? Quem haverá?
Andas para a frente. Sabes que andas para a frente. Sabes ainda que estás parado, que isto
não tem solução. E não tem. Não tem um final. A não ser que seja feliz. Mas não tem
final, a não ser que tu o queiras. Pois andas para a frente, continuas ai à espera de uma
nova experiência sem saber que estás a ter esta experiência. Eu faria o mesmo se
estivesse no teu lugar. Faria o mesmo e tu não me dirias nada porque saberias que eu
estaria a criar. E estarias a pensar que não terias nada para dizer-me. È que não há nada
para dizer. A não ser que escolhas que haja. Poderias dizer-me que me estou a atrasar, que
estou a pensar demais, que estou com medo, que isto e aquilo. E eu ouvir-te-ia e
aumentaria a minha noção de indecisão não sabendo que estaria já a decidir: a decidir
pela experiência da indecisão. E tu rir-te-ias, sem mácula porque saberias o que eu não
saberia. Até que eu decidisse saber. Aí segurar-te-ia a mão, porque te a pediria e tu
atenderias o meu pedido. Porque te espantas? Era isso o que farias se estivesses no meu
lugar e eu no teu.
E dizes que continuas, pois bem, continua. E até te aconselho que não olhes em
teu redor, nem sequer penses no devir, pois no íntimo sabes que está garantido, tal como
virá. Apenas gostarias de mudar um pouco para melhor as coisas. E porque não o fazes?
Não podes, não consegues, ou simplesmente não o escolhes? Já sei, tens medo das tuas
escolhas. Tens receio que as tuas escolhas te espantem a ti mesmo. Isso porque
desvalorizas este momento, de verdadeira criação em que tu estás, és. Sabes que afinal o
que te possa acontecer de mal é criação tua e temes estar a criar mal. Pois não temas e
nada de mal te acontecerá. Sê confiante, ouve o que escolhes e ouve o que és, pois assim
caminhas para a frente. Sempre o fizeste, consciente ou inconscientemente, e sempre que
pensaste que andavas para trás era quando criavas inconscientemente.
Julgas agora que estás andar para a frente, mas não estás. Estás apenas a julgar.
Quando andas para a frente, não sabes o que espera mas diante de ti tens tudo o que
precisas. Diante de ti está a tua próxima experiência. Se a queres. Se queres viver a tua
própria experiência, está diante de ti nos teus problemas até, como costumas dizer. Bem
sabes que os teus problemas são menores comparados com o que és capaz de fazer por
eles. Bem sabes que esses problemas no fundo até não significam nada para ti, não são
senão etapas que inventaste para vencer, são problemas reais verdadeiros, não o nego.
São, antes de mais, problemas que te ajudam a esculpires-te tal como és. São as tuas
criações, são os teus milagres inclusive. E sabes que estar aqui faz parte desse milagre?
Não sabias, nunca intuíste algo, ou andaste sempre para a frente para lugar nenhum?
Bom, lá o sabes. Lá sabes o quanto te espera. Lá sabes o que precisas para a tua vida. Não
te detenhas pois nos teus problemas. Resolve-os com a consciência de saberes quem és e
para que servem essas tuas dificuldades: para te esculpires. Para te moldares na exacta
proporção de que queres ser moldado. Pois julgavas que a vida tem fim. Então porque
trocaste de roupa? Porque tomaste banho e fizeste iogurtes? Porque caminhaste hoje?
No fundo sabes que a vida não tem fim, embora sejas capaz de te recordar do teu
nascimento. E quantas vezes já foram aquelas em que disseste para ti próprio que estava
tudo terminado, quantos desaires de amor tiveste, quantas expectativas goradas? Quantos
insucessos preencheram a tua vida? Quantas foram as noites e as horas de angústia? E
sabes porquê? Apenas porque ainda não aprendeste a criar com esses momentos. Apenas
porque ainda não aprendeste que esses momentos são criação tua. E se aprendeste não
aplicaste os teus conhecimentos. Por isso disseste que a vida tem fim. E digo-te: tem. E
digo-te: a vida começa noutro lado. Nunca te deitaste triste e acordaste revitalizado? E já
estás preparado, ou vai demorar, para saber que a vida nunca começa? Alguma vez
pensaste nisso ou tinhas adquirido que a vida começou quando viste a luz pela primeira
vez neste país? Pois bem, se a vida nunca começa porque choras? Nunca choraste, nem
no teu nascimento choraste. O que te falta? Parece que não usas as ferramentas que te dei
que são os instrumentos da tua criação. Mas agora começas a querer usar esses
instrumentos. Nem sabes quais são ou como se chamam. Pois eu digo-te os principais
chamam-se sentimentos, que servem para te criares. Um outro instrumento importante
chama-se intuição, que serve para te dirigires e orientares – um instrumento que tens
usado muito pouco (para o usares basta parares de fazer o que tens feito). E o mais
importante de todos os instrumentos, a que recorrerás poucas vezes, mas sempre que o
fizeres será com eficácia: o amor.
Tens usado estes instrumentos? Com que frequência, já te perguntaste? São
instrumentos que se carregam em ti. E que te aliviam. Tens usado mais os instrumentos
exteriores. Pois bem, mas não reparaste que esses instrumentos exteriores foram criados
com estes instrumentos que te revelei? Principalmente os de melhor uso? Ou o que
pensaste quando viste o computador em que trabalhas? O que pensaste das tintas e dos
pincéis com que pintas os teus quadros, não deste por ti a pensar que quem os tinha feito
tinha pensado em ti? O que pensas ainda da tua mãe e do seu genial arroz de tomate; dos
conselhos e advertências do teu pai. Dos espelhos que são os teus amigos? O que
pensaste do génio que é o teu irmão? Achavas que estavam ali por acaso, que não os
podias usar, que seria só respeitinho, que não poderias interagir com o mundo que te
rodeia? Quem te ensinou isso senão uma velha ideia, seja ela da forma como se
manifesta?
Pois segue em frente, usas os meus instrumentos cuidadosa e conscientemente. Na
verdade não poderás não os usar. Apenas há dois níveis de uso desses de instrumentos,
consciente e inconscientemente. Pois então, que temes segue em frente. Ficar parado não
é morrer, é fazer o que tem de se fazer no preciso momento de se fazer o que se tem de
fazer. Tudo acontece no momento preciso. Tudo. Se souberes isso poderás ainda criar os
momentos. Ou poderás viver à balda à espera que os bons momentos aconteçam. Sabes
que a vida só tem o sentido que tu lhe dás. Não tem sentido nenhum quando não lhe dás
sentido e quando dás tem. Não há nenhum cânone que te imponha o que quer que seja.
Nunca houve! Entendo, um cânone é um caminho. Eu acrescento, sim é um caminho,
mas já percorrido, por isso se chama cânone. Mais vale não saberes o que fazes se
souberes apenas que estás a criar - estás a avançar. Consegues entender isso? Estás a
avançar na tua vida, ninguém te pode dizer o contrário, nem tu próprio. Mesmo que não
saibas isso, estás a avançar. Sempre. Repara como a tua vida é criativa. Há um mês sabias
que ias estar aqui? Sim? Quero dizer conscientemente? Dizes que intuías. Mas se eu te
perguntar o que vais estar fazer daqui a um mês a determinada hora, por exemplo, ás
15:35, tens múltiplas possibilidades de hipóteses para responder mas não me vais dar a
certeza. Porque sabes que a tua vida é criativa e depende do que criares até lá. Podes
inclusive mudar de ideias, se tiveres uma certeza firme. Mas o que eu não é provável que
me digas com precisão o que vais estar a fazer daqui a um mês precisamente ás 15:35.
«Aproximadamente» acredito, mas não precisamente porque estás a criar a tua vida. Cria
pois vai em frente, segue os teus sentimentos as tuas palavras, as tuas imagens, os teus
filmes o que quiseres. Faz a tua música. Vai e frente, vende um escravo se quiseres, mas
vai em frente e sabe que estás a criar a vida, torna isso consciente e não venderás o
escravo.
Ou fica aqui.
Segue pois os teus passos não tenhas medo de seres quem és afinal os outros
pensamentos estavam velhos, e se os adoptaste para ter uma melhor vida porque haverias
de ter cometido um erro. Procura o que te serve, procura o que é melhor para ti se
quiseres. Eu dava-te um conselho primeiro seguiria em frente e depois procurava saber se
foi bom ou não. Vai em frente pois, não procures antecipadamente a resposta à tua
experiência. A resposta está na experiência, é aí que a resposta se torna rica até lá não tem
graça nenhuma saberes a resposta antecipadamente. Não se trata de um exame mas de
viver a vida. Não se trata de nada que tens de decorar para te safares, mas de te safares
mesmo. E melhor farias se antecipasses as perguntas. Aí já não as farias, terias chegado a
um fim. A uma conclusão. E passarias à etapa seguinte. Consciencioso.
Vejo que voltaste. Reparo em ti quase como uma criança a suplicares-me para
andar para a frente. Não suportas a vida que levas, dizes-me. Não sabes o que hás-de
fazer, dizes-me. Vais contrariado para o trabalho, dizes-me. Desconfias dos amigos,
dizes-me. Fartas-te da solidão, dizes-me. E não sabes quem és, dizes ainda. Pois eu digo-
te, só o saberás quando esqueceres todos estes queixumes. E só assim conhecerás o que
és e o que podes criar com isso. Pois senão queres fazer nada não faças. Se achas que não
deves fazer nada não faças. Entretém-te. Vê a televisão que quiseres. A televisão não é
má, não tem nada de mal, se souberes para que serve. Se achas que não deves fazer nada
não faças. Vive a vida, tal como é a vida. Tal como achas que se deve viver a vida, não há
mais nada para fazer. Na verdade não há nada para fazer. Mas se achas que deves estar
aqui, porque não o farias? Se achas que isto te faz sentir bem, onde haverias de ir. Isto
não é um medicamento, embora tu o entendas como tal. Isto são apenas palavras que
saem de ti, para serem lidas por ti. Eis quem tu és. Um passo em frente? Sim? Pois bem,
aqui estás. O que preferes hoje? Gostarias de sentir a tua vida na tua mão. Pois é o que
será, sentirás a tua vida nas tuas mãos. Afinal nunca esteve em nenhumas outras, embora
tu tivesses delegado esse poder a outros. Julgavas que não poderias fazer nada com as
tuas mãos? Principalmente pela tua vida? Julgavas que dependias apenas de outros, e
pior, julgavas que era fácil. Sente então o que tens a sentir. Enquanto mexeres nestas
letras é a tua vida que está a viver. Um dia paras como já disseste a ti mesmo. Esperaste.
E esperas, ainda. Não estás inspirado, dizes-me. Mas dizes a ti mesmo. Não estás
inspirado para andar para a frente. Mas nunca estás inspirado. Mesmo agora, nunca estás.
É tudo uma questão de decisão ou não. Uma decisão até para estar inspirado. Uma
decisão para enfrentar quem tu és. Escolheste estar aqui para saberes quem tu és. Podias
estar a apanhar caracóis ou a tomar banho (eu sei que gostas de tomar banho). E reparas
que até é bom estar aqui. Tens medo de o dizer? Tens medo que isso desapareça?
Arrependes-te dos maus juízos que fizeste. Tens razão, mas só os fizeste porque não
sabes quem és. E demora muito tempo em ti a atingires essa consciência, na verdade
demora 3 cafés, 2 iogurtes, 1 copo de leite, 1 bife e meio maço de cigarros. É muito, não
é? Tu sabes que é. Entretanto, os Simpsons, telejornais e entretenimento. Pois. E o que
conseguiste até aqui? O que conseguiste em visionar tudo o que tens para visionar?
Segue em frente então, agora que te fartas de tudo o que está em teu redor. Viste
as coisas do dia, viste o que estava para ser visto. Quem te disse que cometeste algum
erro? Não faltará quem. Haverá sempre quem te diga que estás errado, que estavas
errado. Haverá sempre quem confirme os teus juízos. Não te esqueças disso. Mas quando
estiveres certo? Haverá alguém em teu redor? Já pensaste nisso? Haverá sempre quem
faça juízo, haverá sempre quem se arrependa. Esse alguém serás sempre tu cada vez que
te encontrares a não criar - Pois cada vez que crias não fazes juízo. Sabes disso, não
sabes? Haverá até quem te leve a casa. A uma casa qualquer menos à tua verdadeira e
única que é. Sabes que há interesses nisso. Sempre houve, são interesses menores mas
que existem, não servem a ninguém e pioram a vossa qualidade de vida diária e
quotidiana. Mas são interesses.
Cria pois. Faz o que quiseres para criares. Cria, não tens mais nada para fazer a
não ser criar a não ser andar para a frente. Dizes que não andas para a frente. Mas para
onde haverias de andar? Para trás. Pois bem, tenta então andar para trás. Se achas que é
isso que conta. Pois bem, para trás então, cria com essa realidade, houve quem o fizesse.
Ou cria para os lados, porque a criação não tem sentido nenhum. Tu sabes disso. Há
muito tempo, que o sabes. Pois bem, basta então criar. Se andas para a frente é porque
preferes criar a andar para a frente. Queres ver outras coisas dizes. Está bem, porque não?
O que escolhes então ver neste momento ou no momento seguinte? Faz uma escolha, vá.
Ah, não queres ver nada. Queres sentir. Pois escolhe o que queres sentir. Escolhe o que
for melhor para ti se quiseres. Ou escolhe os sentimentos que já tiveres.
Há bem pouco tempo só querias andar para a frente, há pouco tempo só querias
ver outra coisa na tua vida. Pois bem essa coisa está aqui diante dos teus olhos. Que
queres mais. Continuar? Pois seja, continua. Pois bem, é isso que escolhes andar para a
frente. Mas estás com medo. Deixas então o medo e andas para a frente com vigor e
raiva. Não desesperes por teres demorado tanto tempo a escolher uma nova realidade para
ti. Essa nova realidade está diante de ti. Basta que a escolhas. Que a faças acontecer. Até
lá a realidade vai ser sempre a mesma. Se a aborreceres como aborreces a realidade vai
ser sempre a mesma. Pois bem, escolhe outra coisa, se achas que não é essa que te
interessa. E aconselho-te a não mudar muito de ideias. Então? Pois, vamos por aqui. Era
por aqui não era? Quando tudo começou. Era por aqui, não era? No principio. No inicio.
Não era? Era por aqui. Queres começar tudo de novo. Então vamos por aqui. Como no
inicio. Como no principio de tudo. Vamos por aqui onde é tudo. O que pode ainda ser.
Vamos. Então? Vamos por aqui. Então? Em frente. Vá coragem. De que tens medo. Ah
ainda não viste o que vem em frente. Já sei, queres antecipar se é bom ou não. Queres
escolher à partida. Está bem, se é isso que queres. Mas aconselho-te a ir primeiro e a
verificar depois se foi bom ou não. Pois então que escolhes? Ficar a escolher ou partir e
avaliar depois?
O quê? Ainda estás a escolher? Vai em frente, pois. Onde? Não perguntes. Não há
nenhum lugar onde vais. Se queres saber a resposta antecipada. Fica aí, não há nenhum
lugar onde vais. Embora te vá parecer que sim o que, a olhos de outros (que não os teus)
te vai parecer que foste a algum lado. Ainda achas a vida engraçada? O juízo dos outros
nunca conta para nada, apenas porque é juízo. Não passa disso. Vai então. Queres ir para
a frente? Vai. Depois contas-me o que havia lá. Nada, já sabes tu antecipadamente e
descobriste que nos últimos minutos ficaste aí, nesse lugar e foste verdadeiramente a
algum lado. E se o contares ninguém vai acreditar.
Que lugar era esse?
Nem tu sabes.
Pois então se queres ir não vás. Se fores não queiras ir. Estás a ficar confuso? Não
fiques, vai confuso.

Pois bem, ainda estás na entrada. Isso, só por decisão tua. Podias já estar no fim.
Ter terminado tudo. Descobrir que não tinhas de fazer isto. Descobrir que não tinhas de
estar aqui. Que poderias estar noutro lado. Que lado seria esse? Preferes avançar? Pois
então, avancemos. Não sabes para onde, dizes. Pois ninguém sabe. A não ser tu. Mas
dizes que preferes avançar. Pois então avancemos ainda que não saibas para onde. Ah, um
esgar. Vejo que te divertes. Ou menos isso, deves divertires-te. A vida não passa disso, e a
morte também não. Mas que percebemos nós da morte? Mas teimas em criar a tua
aflição. Pois bem, assim seja. Ou não? Preferes divertires-te? Como, nem sabes. Levar as
coisas a sério. Levar para onde? E dás-me uma resposta divertida. Pois então, vamos lá a
ver no que isto dá. Vamos lá a ver onde isto vai parar.
Ah, não sabes, mas já te ris. Embora não te detenhas com detalhes podes avaliá-
los ao fim. Ou ainda achas que isto tem algum fim? Bem podes crer que não. Isto não tem
fim nenhum, mas teimas em que tem, que um dia paras. Que um dia podes parar. E
queres encontrar o fim de tudo isto. Bem o podias fazer agora. Mas preferes encontrar um
fim igual ao teu propósito. Vamos lá a ver no que isso dá ou é tudo perda de tempo? E se
o for, o que há para fazer. Nada. Um imenso vazio. Nada para fazer, nada para criar, umas
eternas férias. Mas não gostas de férias, achas uma perda de tempo. Vamos então em
frente, para algum lugar. Um lugar que como tu dizes seja diferente deste. Um lugar
diferente? Pois então, vamos lá a esse lugar diferente. Como é esse lugar? Ah, não sabes.
Põe-lhe umas palmeiras. Soa a relaxamento, férias. Não gostas? Põe então areia, mas já te
estás a fartar do sol. Põe então outra coisa, um frigorífico com bebidas frescas e uma
aragem. Está bem assim? Era este lugar que querias - é este o lugar que crias?
A tua dificuldade está em acordar. Porque demoras tanto tempo a acordar? Tens
medo daquilo que podes criar. Dizes. Tens medo então de ti, tu és o criador de toda a tua
realidade. Nem precisava de te dizer isso mas continuas a querer testar os teus poderes.
Se é assim testa, testa sempre. Se é isso que te serve porque não fazes mais vezes?
Não há nada que te possa impedir do que quer que seja para testar o que quer que seja. Se
achas que andar para a frente, viver, acreditar é isso, mais ninguém te pode dizer o
contrário, por mais feliz que seja, ninguém te pode negar aquilo que tu crias. Mas ainda
assim outra coisa não é? Sempre outra coisa, não é. Afinal só queres é estar aqui a ouvir.
Não é? Pois então, não tens para onde ir. Só queres ficar aqui a ouvir não é? Achas que
não consegues chegar a nenhum lado e que esse lado é sempre muito longe. Eu digo-te
que não é, mas tu preferes acreditar que é. Pronto, mais ninguém te pode contradizer
aquilo em que tu acreditas. Ou achas que sim?
Pois bem, anda então para frente. Mas não há nada para ver, dizes. Ainda não?
Ainda não vês nada? Pois então não vejas. Eu vejo-te já a andar para a frente, então. Mas
tu ainda não vês. Preferes assim? Continua então para a frente se não me ouves.
Continua, em frente, vá. Então? Não pares. Continua e decide então o que vais ser a
seguir. Porque não há palavras nenhumas que te possam antecipar isso que te possam
dizer isso. Agora ou sempre não há nada que te possa dizer o que quer que seja. Mas tu já
não me ouves, continuas a andar para a frente. Agora sem medo. Ah, medo nenhum.
Podes então ver realizar aquilo que te estava prometido. Andas para a frente e agora,
mesmo sem ver nada, andas, continuas a andar. Não tens razão para parar. Não tem mal
nenhum, é a tua escolha. Preferes andar para a frente, mesmo já sem ver nada. É o que
preferes. E mesmo assim, não acreditas. Pois bem, enquanto não parares não vais
descobrir que andaste. Já me ouves? O que eu quero dizer com isto? Nada. A não ser que
andaste para a frente e que não queres parar, mesmo sem ver que andaste para a frente,
determinado. Para um sítio qualquer dizias, no branco. Pelo branco fora. Ah, mesmo
assim não paras, obstinas-te com a tua vida. È essa vida que tens. Pois bem, seja essa a
vida que tens. Não te a vou recusar. Parece que não estás contente com essa vida que é
tua. É a que tens, dizes-me, e continuas a andar para a frente com ela. A vida não tem
sentido nenhum dizes. Pois não, então para onde vais com a tua vida?
Não sabes?
Vais para a frente. És tu quem lhe estás a dar sentido. Dizes-me, então, que não
sabes mais o que fazer com essa tua vida. E eu digo-te: não sabes. Essa é a resposta. E tu
dizes-me que andas para a frente com essa tua vida. E eu digo-te que sim que a levas para
a frente. Não ando, perguntas-me. Não só a levas, carrega-la. Pois, tu carregas a tua vida.
Ficas em espanto. Julgando ainda que isso é mau. Não podes deitar fora a tua vida,
apenas não tens de a carregar. Paras e reflectes nas palavras. Oh, são muitas as palavras.
Mas reflectes. Não devias reflectir mas andar para a frente. Se é isso que queres, aliás não
podes não andar para a frente, mas julgas que sim e por isso o fazes.
Agora paras de andar para a frente e começaste a criar. Confusão? Ou ainda não te
apercebeste? Bem, a andar para a frente tal como devias ter parado.

Se não te apetece seguir mais, fica aí. Entra na tua loucura e não sais dela, é
preferível viver a própria loucura do que a loucura alheia. E tudo o que não tem origem
em ti é loucura alheia. Sabias disso, não sabias? Então porque te esqueceste disso, porque
te abandonaste? Eu nunca o fiz.
Ah, tens medo da tua própria loucura? Então como achas que chegaste a este
parágrafo? Está a aquecer? Ainda não viste nada. Já sabes que eu te vou dizer para ficares
na tua loucura mas tu ainda não queres acreditar. Preferes viver a loucura alheia. Em vez
da tua. Pois bem se viveres a tua a responsabilidade é exclusivamente tua, se viveres a
alheia a responsabilidade continua a ser tua. Qual preferes?
Bom, entra então em ti. O que encontras. Sinais de entrada, dizes. Vai então, que
vês a seguir? Algo mais fundo, o que é isso? Não sabes? Tenta explicar. Algo que
escurece. Sim mas o quê? Bem se não tem nome podemos arranjar um. Que tal, tu
mesmo. Sim és tu a apagares-te. Já sei que preferes a luz. Mas se é assim escolhe então a
luz, já que não queres o escuro. E o que há na luz? Nada? Não digas isso. Bom há pontos
de não luz, ou menos entendes isso.
O quê? Estás cansado? De quê? Não será receio?
Adiante. Não queres entrar na tua loucura. Preferes a loucura alheia, viver na
superfície. Pois seja, queres andar à deriva. Tens medo do escuro, é isso? Não devias ter.
Aliás na verdade não tens mesmo, apenas achas que tens.
Isto não tem fim, dizes. È disso que tens medo. Que isto não tenha fim. E não
sabes o que fazer com essa realidade. É disso que tens medo. Pois eu digo-te que vás
vivendo com essa realidade, até que encontres um fim. Se isso te convém. Mas não tem
fim, embora aches que sim. A vida é tal como é, e o resto é sentido. E nada se pode fazer
para mudar essa condição.
De qualquer maneira poderias viver na tua loucura, preferível a tua loucura à
loucura alheia. De qualquer modo é para onde vais, não podes deixar de ir, mais tarde ou
mais cedo é para onde vais, é apenas uma questão de quando. Pode ser agora neste
momento ou daqui a milhões de anos. Pode ser amanhã. Pode até já ter começado sem
que te apercebas disso. Porque está no facto de tornar a loucura consciente que tu podes
viver.
Dizes que não tens nada teu. È verdade. Nada tens. Mas com o pouco que tens
ainda podes fazer muita coisa, é o pouco que tens que vale. Tudo o resto não vale nada a
não ser o que fazes com o pouco que tens. Por exemplo, este pouco: estás a criar, a pensar
e até a viver de uma maneira como nunca tinhas vivido antes. Mesmo que não estivesses
preparado para isso. È esse pouco que vale. Mais nada. E é com esse pouco que vives.
Essa é a tua loucura, ainda tens medo dela? Não terias, se soubesses antecipadamente que
essa tua loucura não era mais do que isto. Afinal, dizes tu, porque tive medo? Bem,
porque tiveste? Pois podes fazer muito melhor do que isto. Só que ainda não acreditas. Eu
faria o mesmo, deleitar-me-ia com esta ultima verdade e jubilaria.
Sabes-te agora feliz. Porque não o haverias de ser?
Porque demoras tanto tempo a encontrar quem tu és realmente? Só encontro uma
explicação para isso: distrais-te demasiado com o mundo exterior. Ainda demoras
demasiado tempo a encontrares o mundo interior. Mesmo que haja interesses nisso, que
há. Mas são os interesses do mundo exterior. Da mesma maneira que consegues ouvir-
me. Não há mais nada que possas fazer senão ouvir-me. Pois não há mais nada a não ser
ouvir-me, mesmo com o que pareça que há. Só podes ouvir-me a mim. Pois é tudo o que
há. Não há mais nada, sempre soubeste disso. E apenas não sabes o que fazer para calar o
mundo exterior. Pois eu digo-te que neste momento o mundo exterior calou-se porque foi
da tua vontade que tal acontecesse. E é aí que deves permanecer.
Pois agora quando falas da tua loucura dizes «minha». Porque já não receias a tua
loucura. Não achas trabalho a mais apara ter chegado até aqui. Pois leva o tempo que
quiseres porque se se trata da minha mão eu estarei aqui à tua espera.
Fica bem, e não digas mais «nada».

Nada é a palavra mais perigosa que podes conhecer. Nem sabes porquê. Não fazes
a mínima ideia. Porque nada significa nada. E não, não deveria significar. Revela apenas
a estaca zero, o ponto de partida, onde sempre regressas, cada vez que não estás satisfeito
com a tua criação. Onde sempre regressas para voltar a algum lugar. O lugar onde vais,
que sendo nenhum é de qualquer maneira algum, porque lhe conferes isso. Esse
significado de ser algum. Até lá é nada. È apenas de onde partes, se partes. Até lá és nada.
Porque estás no lugar de nada. Estás no lugar de partida, mas sem teres partido ainda;
pois fica aí, até que a ideia te surja. Fica o tempo que for preciso. Demora o tempo
necessário. Sê nada o tempo que precisares e vê a utilidade disso. Ou melhor, não podes
ver, porque estás a ser nada. Aliás de vez em quando tens de ser nada, para seres quem és.
È o teu ponto de regresso. O ponto onde te vais desanuviar do que já não gostas do teu
ser. Para seres o que estás a criar. Melhor. Talvez pior, conforme a tua disposição.
Conforme a tua decisão de ires onde queres ir. E como queres ir. Como preferes. Até lá
não há nada. A não ser a tua decisão qualquer que seja. Que brota do nada, o único
verdadeiro local de onde vem. Mas não tem de vir. Pode vir de outra decisão, uma
decisão anterior, por exemplo. Pode vir de uma antecipação do que estás a criar, e pode
ser um verdadeiro momento criativo. Sem que lhe confiras essa versão.
Vamos então por aqui? Perguntas tu. Sim, digo-te eu. Mas vamos se o quiseres. Só
assim vamos. Só se o quiseres. Não poderei jamais obrigar-te, posso orientar-te e dar-te
as ferramentas, mas és tu que escolhes tudo. Desde a roupa que vestes ao caminho que
empreendes. Ès tu quem escolhe tudo e o pior é teres pensado o que é melhor para ti.
Toda a vida é criativa, todas as dimensões são criativas. Nada há para além ou anterior a
isso a não ser ferramentas de criação. Pois então? Por onde vamos? Vamos ficar no nada
ou vamos avançar? Tens medo de avançar, pois então empreende a jornada e repara como
só de ouvires o que te digo já deste passos em frente. O que temes na tua criação? Que
não seja nada? Digo-te que acabará por ser nada. Toda a verdadeira criação, mais tarde ou
mais cedo acaba por se tornar nada. Finda a viagem regressa ao seu momento de pousio.
Não há mais nada e a criação repousa. Em nada. Numa parede, numa estante, numa cave.
Até lá viajou pelos seis sentidos: tacto, olfacto, visão, audição, paladar e a inteligência.
Vamos por aqui, mas não tens de fazer esforços. Não tens de te perturbar, não tens
de te sentir obrigado. A criação é uma dimensão acima da vulgaridade do quotidiano. Não
é o quotidiano, é a verdadeira vida. Ou morte. Não há diferença nenhuma, nisso. Não é o
que faz funcionar, é o que funciona. Enquanto nada parece o que é, sofre dessa
ambiguidade, a criação é. Apenas é.
O teu problema é saber se hás-de dar passos de gigante, passinhos certos ou passo
nenhum.

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