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John Wesley
Sermão 98
3. Não é estranho, que esta importante verdade fosse tão pouca entendida, ou, pelo
menos, tão pouco influente na prática daqueles que temem a Deus? Suponham que esta
representação seja verdadeira; suponham que o Juiz de toda a terra fale corretamente:
aqueles, e aqueles apenas, que alimentam o faminto, dão de beber ao sedento, vestem o nu,
socorrem o estranho, visitam aqueles que estão na prisão, de acordo com o poder e
oportunidade deles, deverão "herdar o reino eterno". E aqueles que não o fizerem, deverão
"partir para o fogo eterno, preparado para o demônio e seus anjos".
O primeiro ponto a ser considerado é: Qual a natureza desta obrigação? O que está
implícito em "visitar o doente?".
1. Por doente, eu não quero dizer apenas aqueles que se mantêm na cama, ou que
estão doentes, no sentido mais restrito. Antes, eu incluiria todos que estão em um estado de
aflição, quer da mente ou corpo; e isto, quer sejam bons ou maus; quer temam a Deus ou
não.
"Mas eu enviei um medico para aqueles que estão doentes; e ele pode fazer mais
por eles do que eu posso". Ele pode, em um aspecto; ele pode fazer mais, com respeito à
saúde corpórea deles. Mas ele não pode fazer a eles mais, com respeito às suas almas, que
são infinitamente de maior importância. E se ele pudesse, isto não desculparia vocês: O fato
de ele ir, não cumpriria sua obrigação. Nem isto faria o mesmo bem a vocês, exceto se
vocês os vissem com seus próprios olhos. Se vocês não fizerem, vocês perdem os meios da
graça; perdem um excelente meio de aumentar sua gratidão a Deus, que os salva desta dor e
enfermidade, e mantém sua saúde e força; assim como, o crescimento de sua simpatia para
com o aflito, sua benevolência e todas as afeições sociais.
3. Uma grande razão, porque os ricos, em geral, têm tão pouca simpatia pelo pobre,
é, porque eles tão raramente os visitam. Por esta razão, é que, de acordo com a observação
comum, uma parte do mundo não sabe o que outros sofrem. Muitos deles não sabem,
porque eles não se preocupam em conhecer; eles se mantêm fora do caminho; e, então,
usam suas ignorâncias voluntárias, como uma desculpa para seus corações duros. "Na
verdade, senhor", diz uma pessoa de grande riqueza, "Eu sou um homem muito
compassivo. Mas, para dizer-lhe a verdade, eu não conheço pessoa alguma no mundo que
esteja em necessidade". Como isto aconteceu? Por que ele tomou o bom cuidado de se
manter fora do caminho deles; e se ele se depara com algum deles, sem se querer, "ele
passa pelo outro lado".
5. E se sua delicadeza não permitir que vocês imitem aquelas honradas senhoras,
por se humilharem, da maneira como elas fazem, ao executar os serviços mais degradantes
para o doente, vocês podem, no entanto, sem se humilharem a este ponto, supri-los com o
que eles necessitam. Podem administrar ajuda de um tipo mais excelente, suprindo suas
necessidades espirituais; os instruindo (se eles necessitam de tal instrução), nos princípios
da religião, esforçando-se para mostrarem o estado perigoso em que eles se encontram, sob
a ira e maldição de Deus, por causa do pecado, e lhes indicando ao "Cordeiro de Deus, que
tira os pecados do mundo". Além desta instrução geral, vocês teriam abundante
oportunidade de confortarem aqueles que estão em dores do corpo, aflição de mente;
encontrariam oportunidade para fortalecerem o fraco de espírito, avivarem aqueles que
estão desfalecidos e fracos; e edificarem aqueles que creram, a "seguirem em frente para a
perfeição". Mas essas coisas vocês devem fazer, pessoalmente, uma vez que, como vocês
sabem, elas não podem ser feitas por procuração. Ou suponham que vocês pudessem dar o
mesmo alivio ao doente, através de outro, vocês não poderiam colher o mesmo proveito
para si mesmos; vocês não poderiam ganhar aquele crescimento na humildade, na
perseverança, na ternura de espírito, na simpatia com o aflito, que ganhariam, se vocês os
assistissem em pessoa. Nem vocês receberiam a mesma recompensa na ressurreição do
justo, quando "cada homem deverá receber sua própria recompensa, de acordo com seu
próprio trabalho".
II
2. Quanto ao método especial de tratar o doente, você não precisa ater-se a algum,
mas pode continuamente variar sua maneira de proceder, conforme as várias circunstâncias
requeiram. Mas não poderia ser inoportuno, usualmente, começarem inquirindo dentro da
condição exterior dele. Vocês podem perguntar, se eles têm o necessário para a vida; se eles
têm alimento e vestimenta suficientes; se estiver frio, se eles têm combustível; se eles têm
atendimento necessário; se eles têm recomendação própria, com respeito à enfermidade
corpórea; especialmente se for de um tipo perigoso. Em diversos desses aspectos, vocês
podem ser capazes de dar-lhes alguma assistência, vocês mesmos; e vocês sensibilizarem
aqueles que são mais capazes que vocês, para suprirem a falta de serviço. Vocês poderiam
propriamente dizer, em seu próprio caso: "Eu me sinto envergonhado de pedir"; mas nunca
se envergonhe de pedir pelo pobre; sim, neste caso, seja um mendigo inoportuno; não aceite
facilmente uma negativa. Use de todo o discurso, todo o entendimento, toda a influência
que tiverem; ao mesmo tempo, confiando Nele que tem os corações de todos os homens em
suas mãos.
3. Vocês, então, facilmente discernirão, se existe alguma tarefa boa, que vocês
possam fazer por eles, sem suas próprias mãos. Na verdade, a maioria das coisas que é
necessária que seja feita, aqueles ao redor deles podem fazer melhor do que vocês. Mas, em
alguns de vocês, pode existir mais habilidade, ou mais experiência, do que eles; e se vocês
tiveram, não permitam que a delicadeza ou prestígio se coloque em seu caminho.
Lembrem-se da palavra dele: "na medida em que vocês fizeram isto junto ao menor deles,
vocês fizeram a mim"; e não pensem que alguma coisa seja tão insignificante, para se fazer
por ele. Regozijem-se em serem humilhados, por amor a Ele!
5. Quando vocês encontrarem alguns deles que começam a temer a Deus, será
apropriado dar a eles, um após o outro, alguns tratados simples, como as "Instruções para
os cristãos". "Desperta, tu que dormes"; e a "Natureza e Objetivo do Cristianismo". Na
próxima visita, você pode inquirir o que eles têm lido – o que eles se lembram; -- e o que
eles entenderam. E, então, será tempo de reforçar o que eles entenderam, e, se possível,
imprimir isto em seus corações. Esteja certo de concluir cada encontro, com uma oração. Se
você não pode, ainda assim, ore sem uma forma, você pode usar algumas dessas compostas
pelo sr. Spinckes, ou alguma outra de um escritor devoto. Mas, tão logo você puder romper
com esta relutância, melhor. Peça a Deus, e ele abrirá sua boca.
6. Junto às mais importantes lições, que vocês se esforçarem para ensinar a todos os
pobres, aos quais vocês visitam, seria um ato de caridade, ensinarem duas coisas mais, às
quais eles geralmente estão pouco familiarizados a respeito, -- diligência e limpeza. Um
homem piedoso já dizia: "A limpeza é próxima à santidade". De fato, a necessidade dela é
um escândalo a toda a religião; fazendo com que se fale mal do caminho da verdade. E sem
diligência, nós não estamos nem adequados para este mundo, nem para o mundo vindouro.
Com respeito a ambos: "O que quer que tua mão encontre para fazer, faça-o com tuas
forças".
III
1. O terceiro ponto a ser considerado é: Através de quem, esta obrigação deve ser
executada? A resposta está pronta. Por todos que desejam a "herança do reino" de seu Pai,
"preparada desde a fundação do mundo". Porque assim diz o Senhor: "Venham, vocês,
abençoados; -- herdeiros do reino; -- Porque eu estava enfermo, e vocês me visitaram". E
para esses, à esquerda: "Afastem-se, vocês, amaldiçoados; -- porque eu estava enfermo, e
vocês não me visitaram". Isto não implica claramente, que, assim como todos que fazem
isto são "abençoados", e deverão "herdar o reino"; então, todos que não o fazem, são
"amaldiçoados", e deverão "partir para o fogo eterno?".
2. Todos, portanto, que desejam escapar do fogo eterno, e herdar o reino eterno,
estão igualmente preocupados, de acordo com seu poder, a praticar este importante dever.
Ele é, de forma idêntica, obrigação do jovem e idoso, rico e pobre, homens e mulheres, de
acordo com sua habilidade. Ninguém é tão jovem, se eles desejam salvar suas próprias
almas, de maneira a estarem isentos de assistir ao seu próximo. Ninguém é tão pobre
(exceto aqueles que necessitam do básico para a vida), a não ser aqueles que são chamados
para fazerem coisa nenhuma, mais ou menos, a qualquer tempo que possam gastar, para o
alívio e conforto daqueles seus companheiros aflitos.
3. Mas, aqueles "que são ricos neste mundo", e que têm mais do que as
conveniências da vida, são mais especialmente chamados, por Deus, para esta obra
abençoada, e indicados, através de sua graciosa Providência. Como vocês não estão sob a
necessidade trabalharem para seu sustento, vocês têm seu tempo à sua disposição! Vocês
podem, portanto, repartir alguma parte dele, todos os dias, para este trabalho de amor. Se
for praticável, é muito melhor terem uma hora fixa (porque qualquer tempo, nós dizemos,
não é tempo), para não empregarem aquele tempo em alguma outra ocupação, sem
necessidade urgente. Vocês igualmente têm uma vantagem especial sobre muitos, pela sua
condição na vida. Estando numa posição melhor, vocês têm mais influência neste assunto.
Os que estão numa posição inferior, evidentemente, olham para vocês com uma espécie de
reverência. E a condescendência que vocês mostram ao visitá-los, dá-lhes um pré-conceito
a favor de vocês, o que os inclina a ouvi-los com atenção, e de bom-grado receberem o que
vocês dizem. Melhorem esse pré-conceito ao máximo, para o benefício da alma deles,
assim como de seus corpos. Enquanto vocês forem, como olhos para o cego, pés para o
coxo, marido para a viúva, e um pai para o órfão, vejam que vocês ainda mantenham uma
finalidade maior em vista, a de salvarem as almas da morte, e que seu trabalho é fazerem
com que tudo que digam e façam sirva para este grande propósito.
4. "Mas, até mesmo os pobres não têm alguma parte ou porção nesta questão? Eles
estão, de qualquer forma, preocupados em visitar o enfermo? O que podem dar aos outros,
aqueles que dificilmente têm as conveniências, ou talvez, as coisas necessárias da vida
para si mesmos?". Se eles não têm, ainda assim, eles não precisam ser totalmente excluídos
da benção que atende a prática deste dever. Até mesmo estes podem se lembrar daquela
excelente regra: "Que nossas comodidades diminuam as necessidades de nosso próximo. E
nossas necessidades, diminuam as extremas misérias dele". E poucos são tão pobres, de
maneira a não serem capazes de, algumas vezes, dar "duas moedas"; mas, se eles não são,
se eles não têm dinheiro para dar, será que eles não podem dar o que é de maior valor? Sim,
de maior valor do que milhares de ouro e prata. Se vocês falarem "em nome de Jesus Cristo
de Nazaré", as palavras que vocês não podem ser cura para a alma, e tutano para os ossos?
Vocês podem dar nada a eles? Mais do que isto, ao administrarem a graça de Deus a eles,
vocês dão mais do que todo este mundo é merecedor. Sigam em frente. Sigam em frente,
vocês, pobres discipulos de um Mestre pobre! Façam o que ele fez nos dias de sua carne!
Quando quer que tenham oportunidade, comecem a fazer o bem, e a curar todos que estão
oprimidos pelo diabo; encorajando-os a se livrarem de suas algemas, e fugirem
imediatamente para Ele.
5. Vocês que são idosos, cujos pés estão prontos para tropeçar nas montanhas
escuras, vocês não podem fazer um pouco mais, antes que não sejam mais vistos? Ó,
lembrem-se:
Como você já viveu muitos anos, pode-se esperar que você alcançou tal
conhecimento que pode ser de utilidade para outros. Você certamente tem mais
conhecimento dos homens, que é comumente aprendido pela experiência. Com que força
restante, você emprega os poucos momentos que você tem a gastar, em ministrar àqueles
que são mais fracos do que você mesmo. Seus cabelos cinzas não falharão em dar sua
autoridade, e acrescentar peso ao que você fala. Você pode freqüentemente estimular, para
aumentar a atenção deles.:
Você freqüentemente tem sido um sofredor, talvez, você esteja tão tranqüilo.
Quando mais, dê a eles, toda a assistência que puder, tanto com respeito às suas almas e
corpos, antes que eles e você vão para um lugar, onde não mais retornarão.
6. Por outro lado, vocês que são jovens têm diversas vantagens que são quase
peculiares a vocês mesmos. Vocês geralmente têm uma fluidez de espírito, e uma
disposição de temperamento, que, pela graça de Deus, tornam vocês dispostos a
empreenderem, e capazes de executarem muitas boas obras, às quais outros estariam
desencorajados. E vocês têm saúde e força, com as quais vocês estão eminentemente
qualificados para assistir o enfermo, e aqueles que não têm força. Vocês são capazes de
tomar e levar suas cruzes, que se pode esperar se coloque no caminho. Empreguem, então,
todo o vigor do corpo e mente em ministrarem para seus irmãos afligidos. E glória a Deus,
que vocês tenham a eles para devotarem tão honroso serviço; como aqueles divinos "servos
do Senhor, que fazem o que agrada a ele", por ministrarem continuamente aos herdeiros da
salvação.
7. Mas as mulheres, assim como os homens, não podem levar uma parte deste
honroso serviço? Sem dúvida, que elas podem; mais do que isto, elas devem; isto é
adequado e correto e a obrigação sagrada delas. Nisto, não existe diferença; "não existe,
nem homem, nem mulher, em Jesus Cristo". Na verdade, já passou muito tempo, para uma
máxima, com muitos, de que "as mulheres eram apenas para serem vistas, e não ouvidas".
E, assim sendo, muitas delas, são trazidas de tal maneira, como se elas fossem apenas
pretendidas para as diversões agradáveis! Mas isto faz honra ao sexo? Ou é uma delicadeza
verdadeira para com elas? Não. Trata-se da mais profunda indelicada; é crueldade horrível;
é mera barbárie turca. E eu não sei como, alguma mulher, de razão e espírito, pode se
submeter a isto. Que todas vocês tenham, em seu poder, asseverar o direito que o Deus da
natureza lhes deu. Vocês, como eles, foram feitas na imagem de Deus; vocês são
igualmente candidatas à imortalidade; vocês também são chamadas de Deus, quando
tiverem tempo, para "fazerem o bem junto a todos os homens". "Não" sejam "desobedientes
para com o chamado divino". Quando quer que tenham oportunidade, façam todo o bem
que puderem, especialmente para seu próximo, pobre e doente. E cada uma de vocês,
igualmente, "deverá receber sua própria recompensa, de acordo com seu próprio
trabalho".
9. Vendo-se, então, que esta é uma obrigação, para a qual somos chamados; rico e
pobre, jovem e idoso, homem e mulher, (seria bom que os pais treinassem seus filhos nisto,
assim como em dizer suas orações e ir à igreja), que nos baste o tempo passado, onde quase
todos nós negligenciarmos isto, como que através de um consentimento geral. Que
necessidade tem cada um de nós de dizer: "Senhor, perdoe meus pecados de omissão".
Bem, em nome de Deus, que nós, agora, a partir deste dia, comecemos isto, com um
consentimento geral.E eu ora, que nunca saia de sua mente que esta é uma obrigação, que
você não pode executar, por procuração; exceto em um único caso, -- exceto se você está
incapacitado, por sua própria dor e fraqueza. Neste único caso, é suficiente enviar um alívio
que você, do contrário, daria. Comecem, meus queridos irmãos; comecem agora; ou a
impressão que vocês agora sentem, irá desaparecer; e, possivelmente, não poderá mais
retornar! Qual será a conseqüência, então? Em vez de ouvir aquela palavra: "Venham,
vocês, abençoados! – Porque eu estive enfermo, e vocês me visitaram"; você deve ouvir
aquela terrível sentença: "Afastem-se de mim, amaldiçoados! – Porque eu estava enfermo,
e vocês não me visitaram".
[Editado por Chris Dinter, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com
correções de George Lyons for the Wesley Center for Applied Theology.]