Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
John Wesley
'E, vendo Davi ao anjo que feria o povo, falou ao Senhor, dizendo: Eis que eu sou o
que pequei, e eu que procedi de modo iníquo; porém estas ovelhas que fizeram? Seja, pois, a
tua mão contra mim, e contra a casa de meu pai'. (II Samuel 24:17)-
Satanás se levantou diante de Deus, para acusar Davi e Israel, e para implorar
a permissão de Deus para tentar Davi. De pé, em regra, é a postura do acusador, diante
dos tribunais dos homens; e, portanto, as Escrituras, que usam falar das coisas de
Deus, segundo a maneira dos homens, representam satanás, aparecendo nesta postura,
diante do tribunal de Deus. -- (II Samuel 24:2) 'Disse, pois, o rei a Joabe, capitão do
exército, o qual tinha consigo: Agora percorre todas as tribos de Israel, desde Dã até
Berseba, e numera o povo, para que eu saiba o número do povo'.
Na seqüência, nós nos certificamos que, até mesmo Joabe, fora, uma vez, um
verdadeiro profeta: Davi foi a causa de transgressão, de punição para Israel. Seu
pecado, acrescido a todos os pecados das pessoas, preencheu a medida de suas
iniqüidades. Assim, 'o Senhor enviou uma peste sobre Israel, desde a manhã'; em que
Gade, o profeta, deu a Davi sua escolha de guerra, escassez ou peste, 'até à tarde do
terceiro dia. E lá morrem setenta mil homens, de Dã até Beersheba. -- (II Samuel
24:15) 'Então enviou o Senhor a peste a Israel, desde a manhã até ao tempo
determinado; e desde Dã até Berseba, morreram setenta mil homens do povo'. -- 'E
quando Davi viu o anjo que golpeava o povo', -- que surgiu na forma de um homem
com uma espada desembainhada em sua mão, para convencê-lo mais completamente
de que esta praga veio diretamente de Deus, -- 'ele disse, Olhe, eu tenho pecado, eu
tenho feito maldade; mas essas ovelhas, o que elas fizeram?'. -- (II Samuel 24:17) 'E,
vendo Davi ao anjo que feria o povo, falou ao SENHOR, dizendo: Eis que eu sou o
que pequei, e eu que procedi de modo iníquo; porém estas ovelhas que fizeram? Seja,
pois, a tua mão contra mim, e contra a casa de meu pai'.
I
1. Ninguém pode negar que o povo sofre, -- que eles se encontram
angustiados, de uma maneira mais do que habitual. Dezenas de milhares estão
profundamente afetados pela necessidade de trabalho, no momento. É verdade que
esta necessidade, em alguma medida, nas cidades largas e opulentas. Mas isto está
longe, muito longe, de ser o caso geral do reino. Na realidade, milhares de pessoas, no
oeste da Inglaterra, por toda a Cornwall, em particular, no norte, e, mesmo no interior,
estão completamente desempregadas. Conseqüentemente, esses que anteriormente
necessitavam de coisa alguma, estão agora necessitando de tudo. Eles estão tão longe
da abundância que uma vez desfrutaram, que se encontram na mais deplorável
miséria, desprovidos não apenas das conveniências, mas da maioria das necessidades
da vida. Não poucas dessas criaturas mineráveis, eu tenho visto a menos que cem
milhas de Londres, permanecendo nas ruas com o semblante pálido, olhos fundos, e
braços magros; ou se arrastando, acima e abaixo, como sombras caminhantes. Eu
conheço famílias, que, poucos anos antes, viviam de uma maneira confortável,
distinta, e que, agora, foram reduzidas a nada mais do que a vestimenta sobre o corpo,
e o quanto de alimento eles podem juntar no campo. Um ou outro se retira, uma vez
ao dia, para pegar os nabos que o gado deixou para trás; que eles fervem, se
conseguem alguma lenha, ou do contrário, comem cru. Tal é a falta de alimento que
muitos de nossos compatriotas estão hoje reduzidos, pela falta de trabalho!
3. Que ninguém pense que está é apenas uma pequena calamidade que caiu
sobre nossa região. Se você vir, como eu tenho visto, em todos os condados, cidades,
e municípios, homens que antes eram de temperamento calmo, equilibrado, amistoso
-- loucos, espumando com fúria, contra seus tranqüilos vizinhos; prontos a rasgarem
as gargantas uns dos outros, e a cravarem suas espadas uns nos outros; se vocês
ouvirem homens que, uma vez, temerem a Deus, e honraram o rei, agora almejarem a
mais amarga invectiva contra ele; e prontos, tivessem oportunidade, para a traição e
rebelião; você não diria que se trata de um mal pequeno; uma questão menor do
momento, mas de um dos mais graves julgamentos que Deus pode permitir cair sobre
uma terra culpada.
4. Tal é a condição dos ingleses em casa. E é alguma coisa melhor, fora dela?
Eu temo que não. Eu tenho ouvido destes que estão vigilantes que, em nossas
colônias, muitos têm feito as pessoas beberem, tão largamente, do mesmo vinho
mortal; milhares dos quais são, por meio disto, mais e mais, inflamados, até que suas
mentes estejam completamente mudadas, e eles enlouqueçam para todos os intentos e
propósitos. A razão se perde na violência; suas vozes ainda pequenas sucumbem no
clamor popular. Viúvas caem nas ruas. E onde está o discernimento? Ele dificilmente
é encontrado nestas províncias. Aqui está a escravidão; a escravidão real, de fato, mais
propriamente assim chamada. Aqui está a escravidão real; não a imaginária: Nem uma
sombra da liberdade inglesa restou. Nem mesmo a liberdade de imprensa é permitida,
-- ninguém se atreve a imprimir uma página, ou uma linha, a menos que seja
exatamente em conformidade com os sentimentos de nossos senhores, o povo, -- mas
nenhuma liberdade de discurso. Suas línguas não pertencem a eles. Ninguém se atreve
a proferir uma palavra, quer em favor do rei George, ou em desfavor do ídolo que eles
estabeleceram, -- um governo novo, ilegal, inconstitucional, extremamente
desconhecido para nós, e nossos antepassados. Porque a forma regular, legal,
constitucional de governo não existe mais.
Mas quem pode descrever a miséria complexa que está contida nisto? Ouça
com atenção o soar dos canhões! A nuvem pícea cobre a face do céu. Barulho,
confusão, terror reinam sobre tudo! Gemidos agonizantes estão por todos os lados. Os
corpos dos homens estão perfurados, rasgados, cortados em pedaços; e seu sangue
derramado sobre a terra como água! Suas almas levantaram vôo para o mundo eterno;
talvez, para a miséria eterna. Os ministros da graça fugiram da cena horrível; os
ministros da vingança triunfaram. Tal tem sido, no momento, a face das coisas, nesta
que foi uma vez uma terra pacífica e abundante, mesmo enquanto banida de uma
grande parte da Europa, sorriu por perto de cem anos.
5. E o que é isto que arrasta estas pobres vítimas para o campo de sangue?
Trata-se de um grande espectro, que os ataca à espreita, e que eles são ensinados a
chamar de liberdade! É isto que respira em seus corações o terrível amor à guerra, à
sede de vingança, e desprezo da morte. A liberdade real, entretanto, é pisoteada, e
perdida na anarquia e confusão.
6. Mas quais desses guerreiros consideraram, todo este tempo, a esposa de sua
juventude, que é agora uma viúva inconsolável, -- talvez, com ninguém que cuide
dela; talvez, desprovida do seu único conforto e apoio, e não tendo onde deitar sua
cabeça? Quem considerou seus filhos desamparados, agora órfãos inconsoláveis, --
quem sabe, clamando por pão, enquanto sua mãe tem nada para dar a eles, a não ser
suas tristezas e lágrimas?
II
1. E, ainda assim, 'o que essas ovelhas fizeram', para que tudo isto venha sobre
elas? Vocês supõem que eles são pecadores, acima de outros homens, porque eles
sofrem tais coisas? Eu lhes respondo que não; mas, exceto se vocês se arrependerem,
vocês todos irão perecer igualmente. Isto, por conseguinte, nos leva a considerar
nossos próprios pecados; -- a causa de todos os nossos sofrimentos. Isto leva cada um
de nós a dizer, 'Veja, eu tenho pecado; eu tenho cometido iniqüidades'.
(Jeremias 7:30-34) 'Porque os filhos de Judá fizeram o que era mau aos meus
olhos, diz o Senhor; puseram as suas abominações na casa que se chama pelo meu
nome, para contaminá-la. E edificaram os altos de Tofete, que está no Vale do Filho
de Hinom, para queimarem no fogo a seus filhos e a suas filhas, o que nunca ordenei,
nem me subiu ao coração. Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em que não se
chamará mais Tofete, nem Vale do Filho de Hinom, mas o Vale da Matança; e
enterrarão em Tofete, por não haver outro lugar. E os cadáveres deste povo servirão
de pasto às aves dos céus e aos animais da terra; e ninguém os espantará. E farei
cessar nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém, a voz de gozo, e a voz de
alegria, a voz de esposo e a voz de esposa; porque a terra se tornará em desolação'.
3. Ó, verdade, para onde fugiste tu? Quão poucos têm alguma familiaridade
contigo! Nós continuamente não dizemos mentiras para nada, sem obter, por meio
disto, quer proveito ou prazer? Nossa linguagem comum não está sempre repleta de
falsidades? Há mais de cem anos o poeta queixou-se: nunca mais foi um bom dia,
desde que a famigerada bajulação foi chamada de elogio.
O que ele teria dito, se tivesse vivido um século mais tarde, quando aquela arte
foi levada à perfeição?
4. Talvez, exista uma evidência palpável disto, a que não se presta atenção
usualmente. Se você culpa um homem, em muitos aspectos, ele não é muito
afrontado. Mas se você diz que ele é um mentiroso, ele não vai suportar isto; ele atira
imediatamente. Por que? Porque um homem pode suportar ser culpado, quando ele
está consciente de sua própria inocência. Mas, se você diz que ele é um mentiroso,
você toca na ferida: ele é culpado, e, portanto, não pode suportar isto.
8. Agora, que cada um de nós coloque sua mão no coração e diga, 'Senhor, este
sou eu? Eu tenho acrescido a esta inundação de iniqüidade e profanação, e, por meio
disto, à miséria de meus compatriotas? Eu sou culpado em alguma das
circunstâncias precedentes? E eles não sofrem, porque eu tenho pecado?'. Se nós
temos alguma ternura no coração, misericórdia e alguma simpatia para com o aflito,
que prossigamos neste pensamento, até que estejamos profundamente conscientes de
nossos pecados, como uma grande causa do sofrimento deles.
10. E 'agora permitam que meu conselho seja aceito' por vocês; por cada um
de vocês, presentes diante de Deus. 'Cessem seus pecados, pelo arrependimento; e
suas iniqüidades, mostrando misericórdia para com o pobre, se isto puder ser um
prolongamento de sua tranqüilidade', -- daquele grau dela que ainda permanece em
meio a vocês. Mostrem misericórdia, mais especialmente, às pobres viúvas, aos órfãos
desamparados, aos seus compatriotas, que são agora contados entre os mortos, que
tombaram, na terra distante. Sabem, vocês, que o Senhor poderá, ainda assim, ser
suplicado; irá acalmar a loucura do povo, irá extinguir as chamas da contenção, e
soprar, junto a todos, o espírito de amor, unidade, e concórdia? Então, irmãos, não
ergam suas espadas contra irmãos; nem eles conheçam mais a guerra. Assim, a
plenitude e a paz florescerão em nossa terra, e todos os habitantes dela serão
agradecidos pelas bênçãos inumeráveis que eles desfrutam, e deverão 'temer a Deus, e
honrar o rei'.
Londres, 7 de Novembro de 1775
[Editado por George Lyons at Northwest Nazarene College (Nampa, ID), para a
Wesley Center for Applied Theology.]