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Dê uma atividade a seu filho

QUANDO ELE NÃO TIVER O QUE FAZER

601 sugestões de jogos e brinquedos para bebês e crianças de um a cinco anos


Elaboradas e testadas pela equipe de
The Boston Children's Medicai Center e Elizabeth M. Gregg
Ilustrações de MARC SIMONT
Tradução de JANDYRA WATERS
1976

INTRODUÇÃO
ESTE LIVRINHO é mais do que um manual de sugestões para distrair crian-
ças. Revela também profunda compreensão do comportamento infantil e da ma-
neira pela qual as crianças se desenvolvem e aprendem.
A partir da primeira infância, os autores demarcam tanto os limites como
os potenciais de cada idade até os cinco anos. Interessam-se sempre pelos atos
e pelas idéias das crianças e encarecem o fato de que o aspecto mais importante
do brinquedo não é encontrá-lo pronto, mas jazê-lo.
Este livrinho não ensina a fazer coisas, embora muitos dos brinquedos su-
geridos incluam a maneira de jazê-los. Ê uma abordagem do ato de brincar,
que se incorpora à dinâmica do desenvolvimento infantil. A necessidade que a
criança sente de explorar o meio ambiente é compreendida, e sustenta-se o seu
direito de testar, experimentar e indagar sem que sua liberdade seja tolhida por
regras. O livro procura valorizar, no brinquedo, os elementos psicologicamente
construtivos que o observador superficial tende às vezes a desprezar, tachando-
os de caóticos ou irrelevantes.
Os autores proporcionam aos pais a ajuda necessária para que disponham
o ambiente de maneira que a criança que começa a andar, impelida a mover-se
e a descobrir seu próprio corpo em relação ao espaço que o cerca, possa testar
sua capacidade física e desenvolver a consciência de si mesma. Os pais encon-
trarão aqui sugestões que lhes permitirão proporcionar a seus filho(a)s as ex-
periências sensoriais altamente necessárias ao desenvolvimento da consciência
e das reações da criança em relação ao mundo que a cerca. Ela pode não utili-
zar o material da maneira funcional ou prática por que o fará mais tarde, mas a
sua confusão tem um objetivo e pode ser um passo rumo a outros importantes
aprendizados: construção de vocabulário, autoconfiança, alegria de conhecer.
Há também jogos de imaginação com objetos em miniatura, brinquedos ou
bonecas para as primeiras aventuras da criança no que virá a ser o seu mundo
social. Ã medida que ela cresce e adquire habilidades, aprende a manejar o
material e a criar reproduções de tudo o que vê o adulto manusear e jazer.
Equiparar a atividade ao estágio de desenvolvimento constituiu a preocupação
primordial dos autores.
O livro é, num certo sentido, um excelente compêndio sobre o desenvolvi-
mento infantil, tanto quanto um manual de sugestões úteis aos pais que desejem
enriquecer os brinquedos de seus filhinhos e a própria vida diária de seus lares.
EVELYN GOODENOUGH PlTCHER
Presidente.
Departamento Eliol-Pearson de Estudos Infantis
Universidade Tufts
Medford, Massachuselts

Dê uma atividade a seu filho


quando ele não tiver o que fazer

CAPÍTULO I
Que fazer quando seu filho não tem o que fazer

QUAL A MÃE que nunca se defrontou com um rostinho infeliz (ou vários)
voltado para ela a declarar-lhe em tom positivo: "Não temos nada para fazer,
mamãe, não temos nada para fazer".
Na maioria das vezes a queixa atinge o tom da mais alta pre-mência na-
queles dias em que tudo o mais está atrapalhado. Chove a cântaros lá fora. Ma-
mãe está com todo o seu trabalho atrasado, o jantar ainda por planejar e prepa-
rar. Há o cansaço e a tensão pré-menstrual, e para onde quer que ela se volte,
esbarra com uma criança entediada.
Este livrinho foi feito tendo em mira justamente dias como esses. As crian-
ças, especialmente as que ainda se encontram em idade pré-escolar, possuem
uma espécie de radar emocional que lhes permite pressentir a indisposição da
mãe, e irão a todos os extremos para se manterem no centro de sua atenção —
até vê-la com toda a sua energia e todas as suas idéias esgotadas.
Às vezes, entretanto, a queixa de que não há nada para fazer chega no mo-
mento em que mamãe está cheia de disposição, em pleno apogeu de sua capaci-
dade imaginativa e de sua inspiração inventiva. Por isso, à medida que este livro
ia sendo feito, acrescentamos-lhe sugestões de brinquedos para dias mais alegres
quando as mães dispõem de um pouco de tempo extra para fazer alguma coisa
com seus filho(a)s.
Em benefício das mães, escolhemos idéias práticas, de realização simples e
que, em geral, não exigem ajuda ou atenção exclusiva. As mães não são profes-
soras de jardins-de-infância e nem podem pretender sê-lo; têm mais que fazer
além de brincar com os filhos. A maioria dos brinquedos descritos neste livro
pode ser feita com material de uso diário geralmente disponível em qualquer
casa e de custo mínimo ou nulo. Pois de que valeriam sugestões de brinquedos
que obrigassem a mãe a largar tudo para ir comprar materiais especiais fora?
Tendo em mira, antes de mais nada, o desenvolvimento da criança, selecio-
namos idéias o mais possível condizentes com o que se conhece sobre as neces-
sidades e interesses particulares de diferentes idades. Especialistas em psicologia
infantil parecem, hoje, estar concentrando suas pesquisas no início da primeira
infância, especialmente no primeiro ano de vida, e dentro de pouco tempo vire-
mos a conhecer muito mais do que hoje conhecemos sobre como as criancinhas
aprendem, como se desenvolvem mentalmente e o que mais as interessa. Esta-
remos, então, aptos a acrescentar novas sugestões lúdicas a este livro. Entre-
mentes, de acordo com os nossos atuais conhecimentos do desenvolvimento in-
fantil, ainda que longe de serem completos, basta que sejamos absolutamente
específicos sobre certos pontos.
Neste volume tentamos fornecer respostas concretas a várias questões im-
portantes: Que é que acalma um bebê? Que é que o interessa? Quando é que ele
começa a agarrar objetos e a deixá-los cair? Quando é que as crianças param de
atirar ao chão os blocos dos brinquedos de armar e começam a construir com
eles? Em que idade reinar com areia e barro lhes é proveitoso e por quê? Em
que idade uma criança adquire coordenação suficiente para usar tesouras com
pontas rombudas?
Até bem pouco tempo, achava-se que os bebês não sabiam brincar. Supu-
nha-se que o que fazia um bebê feliz era apenas receber alimento, afago e tran-
qüilidade. Hoje, porém, estudos sobre a primeira infância demonstram que os
bebês estão sempre ávidos por brincar e aprendem rapidamente através do tato,
da vista e do ouvido. Essas atividades sensoriais são a sua maneira de brincar.
Seus brinquedos são simples, porém nem por isso menos importantes. Pesquisas
parecem confirmar a velha idéia de que a primeira infância é o período de maior
aprendizado.
O reconhecimento de que o aprendizado começa no berço, todavia, não
exige que bombardeemos criancinhas de dois anos de idade com primeiras no-
ções de ensino escolar ou procuremos verificar quanto dos nossos conhecimen-
tos adultos poderemos incutir-lhes à força e o mais cedo possível. O modo pelo
qual uma criancinha aprende e sobre o qual ainda temos muito a descobrir, é di-
ferente. Sua lógica não é a lógica de um adulto, sua ordem não é a ordem de um
adulto, e ela deve ter a liberdade de aprender à sua própria maneira. Para algu-
mas pessoas, certas sugestões de brinquedos contidas neste livro talvez pareçam
tolas: rasgar papel, espadanar água ou bater latas vazias ao chão. Fazer é a ma-
neira das crianças realizarem experiências com o seu mundo. Não é importante
para elas produzir algo no sentido adulto. Elas precisam ter oportunidade de usar
o seu próprio e singular impulso de domínio e de criação.
A criança pequena, provavelmente, prefere brinquedos caseiros como ca-
necas e panelas, latas e embalagens plásticas vazias, de leite e outros alimentos,
a brinquedos comprados. Esses objetos fazem parte de sua vida diária e ela an-
seia por poder segurá-los e fazer experiências com eles. De mais a mais, vê ma-
mãe usá-los e quer usá-los também. "Nas experiências diárias da criança", diz
Jean Piaget, o psicólogo suíço, "repousam as origens da curiosidade".
Os movimentos sem rumo de um bebê e as atividades aparentemente sem
objetivo de uma criança são os seus primeiros métodos de aprendizado. Um
bebê que contempla um mobile está fazendo uma exploração visual. Uma crian-
ça de dois anos que rasga papéis, além de estar desenvolvendo a sua coordena-
ção manual, está testando seu domínio sobre o meio ambiente e satisfazendo a
sua curiosidade a respeito de materiais. Que queremos significar quando dize-
mos que um adulto é criativo? Apenas que o seu trabalho exibe a aplicação de
uma inventividade incomum e uma incomum curiosidade. Há nisso um certo
sentido lúdico. O significado de um quintal, dos bolinhos de barro, das toscas
construções feitas com caixas vazias ou outros refugos domésticos não é muito
diferente do significado do laboratório de um físico, do estúdio de um artista ou
da mesa de desenho de um arquiteto.
Quem quer que tenha observado de perto uma criança brincar, reconhece
logo estar presenciando um árduo trabalho. Brincar é o trabalho da criança, e ela
o faz com seriedade. O garotinho que mal sabe andar se põe a cavoucar a terra
dura com uma colher de metal, raspando e esburacando o chão até que a colher
bata numa grande pedra. Ele pode levar uma hora cavando ao redor da pedra
com a sua colherinha ou pode pegar a colher de pedreiro do jardim e resolver
seu problema em cinco minutos. Basicamente, sua tarefa é a mesma com que os
adultos se defrontam na solução de um problema. Eles têm que resolver seus
problemas num mundo mais complexo, mas os fundamentos da abordagem e do
domínio dos problemas muitas vezes repousam nos problemas da infância.
A criança quando brinca aprende pouco a pouco o que é o mundo — o que
é molhado, o que é seco, o que machuca, o que pode ser erguido ou empurrado
para um lado, o que faz as coisas andar e parar, permanecer unidas ou separadas,
e quais as tarefas que exigem solicitação de ajuda externa. Ela experimenta tate-
ando, cheirando, provando, derrubando, chutando, fazendo desordens e obser-
vando. Brincar é também uma excelente válvula de escape para sentimentos
confusos e excesso de energia. Nos jogos com outros companheiros, a criança se
defronta com a raiva e a agressão, mas também com o riso e o senso de integra-
ção. Brincando, a criança enfrenta muitas das tarefas cruciantes da vida. Tanto
quanto seu primeiro relacionamento com a família, suas primeiras experiências
lúdicas, particularmente seu senso de divertimento, determinarão as suas atitu-
des no decorrer da vida.
Todas as sugestões de brinquedos contidas neste livro foram checadas para
efeito de segurança pelos membros da equipe do Hospital Infantil de Boston. No
hospital temos uma célebre coleção de objetos retirados de estômagos ou gar-
gantas de criancinhas, alfinetes de gancho, botões, pregos, grampos de cabelos,
amendoins, ganchos de pendurar xícaras, berloques — e uma série de distintivos
de campanhas políticas desde Roosevelt até Johnson. Os nossos médicos, ao
checar a lista de materiais de brinquedo, tiveram sempre em mente a hipótese de
acidentes.
O lar mais seguro, entretanto, oferece riscos potenciais e não pode ser or-
ganizado de maneira realmente segura por mais que isso fosse desejável. En-
quanto as crianças crescem, devem aprender gradualmente a viver com os riscos
da vida cotidiana. Um dos piores perigos do brinquedo é que as criancinhas le-
vam coisas à boca. Se for uma esponja, está tudo bem. Mas se for uma tachinha
ou um vidro de esmalte de unhas, cuidado! Nos capítulos destinados a crianças
de três, quatro e cinco anos, usamos feijões, botões, macarrão cru e outros pe-
quenos objetos perigosos para crianças que ainda mastigam tudo o que encon-
tram. Mas a maioria das crianças de quatro anos não se interessa mais por levar
coisas à boca e pode brincar com elas sem nenhum risco. Você saberá se seu fi-
lho(a) tem ou não condições seguras de brincar com tais objetos. Se não se sentir
segura, consulte seu médico.

QUANDO E COMO ESCOLHER O QUE FAZER

Se o dia do "não temos nada que fazer" chegar quando você estiver exausta
e totalmente a zero em matéria de idéias (ou de paciência), considere, antes de
mais nada, sua própria capacidade. Se empreender um projeto que pareça estar
além de suas forças, é quase certo que seus filhos tampouco irão achá-lo muito
divertido. Talvez você não esteja disposta a fazer coisa alguma; nesse caso po-
deria preparar um sanduíche bem nutritivo para cada um deles e ligar a televi-
são. Você se recostará, então, num sofá próximo e descansará com as pernas na
altura do corpo. Esqueça o preparo do jantar (mas certifique-se de que seus fi-
lho(a)s estão seguros e de que, de onde você está, poderá vigiá-los).
Por mais útil que seja a televisão, especialmente perto da hora do jantar,
não lhe recomendamos usá-la em demasia. A maioria dos programas infantis de
televisão ainda não são suficientemente bons (alguns são realmente maus) e,
ainda que o fossem, a televisão não ajuda a criança a dominar suas próprias ap-
tidões.
Há aqui muitas idéias e sugestões de brinquedos que permitirão a seus fi-
lhos, uma vez que você os inicie, a divertirem-se felizes por longo tempo e sozi-
nhos. Uma criança de três ou quatro anos pode brincar sem nenhum risco num
cômodo próximo com um tabuleiro de cozinha cheio de fubá ou farinha de man-
dioca, à guisa de areia, ou enfiando carreteis vazios num barbante. Não precisará
vigiá-la muito de perto. No apêndice, sob o cabeçalho "Boas idéias para quando
mamãe estiver indisposta", você encontrará uma relação de outras sugestões se-
guras que não exigem supervisão direta.
Ao escolher uma sugestão de brinquedo, leve em conta também o estado de
espírito de seu filho. Ele está cansado? Está super-excitado? Está se sentindo
desorientado, ou apenas entediado? No apêndice já citado você encontrará outra
relação de "Boas idéias para uma criança indisposta". Encontrará aí algumas su-
gestões tanto para a criança doente ou cansada, como para aquela que está preci-
sando extravasar o excesso de energia. É bom lembrar que quando uma criança
(ou um adulto) está doente ou cansada, gosta de retroceder a brinquedos ou dis-
trações mais simples, próprias de uma idade anterior. Não lhe dê nada que possa
cansá-la.
É útil, também, seguir a orientação das professoras das escolas maternais,
alternando períodos de brinquedos calmos e ativos. Depois de um desenho a lá-
pis de cor que exige grande concentração e controle dos músculos da mão e da
vista, deixe seu filho(a) empenhar-se numa boa guerra de bolas de jornal amar-
rotado. Uma partida de pegador seria ótima para seguir-se a algum trabalho de
agulha sobre cartões perfurados.
Muitas mães perguntam como impedir que seus filhos lutem ou façam es-
tripulias durante aquela última hora tão difícil que precede o jantar, sem ter que
recorrer constantemente à televisão. Jogos de cartas ou de tabuleiros conduzem
quase que inevitavelmente a brigas nessa hora, quando as crianças já estão por
demais cansadas para sujeitar-se a regras ou regulamentos. Algumas sugestões
seriam: modelagem com barro ou massinha própria, colagem, alguns livros de
gravuras previamente separados para esses momentos, um saco de pequenos
blocos de papelão, bichinhos de plástico ou bonecas de material barato e inque-
brável. Em qualquer caso, escolha alguma coisa tranqüila que a criança possa
fazer sozinha sem a ajuda ou participação de seus irmãos. O convívio pacífico e
amistoso entre irmãos raramente ocorre nesse período anterior ao jantar. Mas um
pouco de distração nesse instante crítico do dia pode operar milagres.
Embora tenhamos tentado, neste livro, relacionar idéias e sugestões de
brinquedos de acordo com as diversas faixas de idade, isso se tornou difícil pelo
fato de não haver duas crianças que se desenvolvam exatamente no mesmo
ritmo. Algumas adquirem hábitos de higiene mais cedo, outras mais tarde. Al-
gumas crianças de dois anos adquirem coordenação manual e visual bem cedo,
outras são especialmente dotadas para música, umas param de levar objetos à
boca aos dois anos, outras só o conseguem aos cinco. Você conhece seu filho e
sabe de que é que ele gosta. Se encontrar um jogo ou brinquedo indicado para
crianças de quatro anos que possa atrair o seu garotinho de dois anos ou se ele
gostar de alguma atividade indicada na parte relativa aos bebês, deixe-o exercê-
la à vontade — se não envolver nenhum risco. Mas, acima de tudo, não se preo-
cupe se seu filho(a) de três anos se divertir mais com os brinquedos próprios de
bebês que estão começando a andar. Ele tem muito tempo para aprender. Qual-
quer pressão só poderá frustrá-lo ou desencorajá-lo.
O segredo de uma brincadeira bem sucedida está na escolha da atividade
que melhor se adapte às suas necessidades e às de seu filho no momento. Brin-
car com água na pia da cozinha, por exemplo, é uma boa atividade quando, de
qualquer forma, você tiver que ficar trabalhando na cozinha. Uma ida ao super-
mercado ou à florista pode ser divertida num dia em que você quer sair de casa e
esquecê-la.
Por outro lado, se estiver chovendo e seu filho(a) acabou de levar um tom-
bo e arranhar o joelho e ainda por cima estiver resfriado e implicando com os
irmãos, talvez não queira fazer coisa alguma. Talvez queira apenas sentar-se no
seu colo para que você converse um pouquinho com ele. Às vezes uma canção
também ajuda.

HORA DE COMEÇAR E HORA DE PARAR

Quase todas as crianças precisam de ajuda para começar uma brincadeira,


mesmo que se trate de algo que já conheçam e possam brincar sozinhas. Depois
que o material estiver selecionado, brinque com seu filho durante quatro ou cin-
co minutos para ajudá-lo a ganhar interesse. Não fique debruçada por cima dele,
mas bebês podem regurgitar um pouco se forem muito sacudidos depois da ma-
mada, mas o valor da brincadeira ultrapassa de longe perda tão insignificante.
Na realidade, o período próximo ao banho e às refeições pode ser especialmente
bom para brincar.
Nem é necessário levar o bebezinho a passear todos os dias. Se você estiver
com disposição para sair e quiser levar o bebê consigo, não deixe de fazê-lo,
mas ele não se prejudicará em nada ficando em casa.
Nem todas as sugestões de brinquedos que se seguem são novas. Muitas
têm sido transmitidas de mães a mães através dos séculos, mas todas elas são
baseadas em pesquisas científicas no tocante ao que um bebê aprende. Escolha
uma atividade que lhe pareça adaptar-se melhor a você e ao seu bebê em qual-
quer momento particular. Se o seu bebê demonstrar claramente que não a apre-
ciou, tente outra coisa; o mesmo critério vale para você tanto quanto possível —
faça o que vocês dois gostam de fazer e quando ambos estiverem dispostos a
fazê-lo.

ATÉ OS TRÊS MESES

Tato: O sentido do tato num bebê é altamente desenvolvido e ele pode


aprender mais tocando as coisas e sendo tocado do que de qualquer outra forma.
Se seu bebê gosta de ser carregado, não há nada como a cadeira de balanço.
Movimento e contato aliam-se ao conforto, tanto para as mães como para os
bebês. Se você apoiar o bebê ao seu ombro enquanto o balança, ele poderá gos-
tar de explorar o seu rosto com os dedinhos quando crescer um pouco mais. Se o
carregar nos braços ou o puser no colo, ele lhe agarrará o dedo que você colocar
dentro da mãozinha dele. (Os bebês desde que nascem sabem agarrar. Trata-se
de um reflexo inato e não de uma ação consciente da parte dele.)
Quando ele estiver acordado, leve-o com você de cômodo em cômodo
(veja Bebê-Conforto), de modo que ele a possa ver e ouvir enquanto você tra-
balha. Existem hoje assentos reclináveis levíssimos, de plástico moldado, com
cinto de segurança e um suporte metálico móvel posterior, que servem para car-
regar confortavelmente a criança desde os primeiros meses de vida, permitindo-
lhe também ficar sentada em qualquer lugar da casa, sem risco de queda. Esse
assento substitui o colo da mãe nas horas de trabalho, facilita a tomada da papi-
nha e dá aos bebês uma perspectiva mais ampla das coisas que os cercam, coisas
que não podiam ver deitados no fundo de um carrinho ou de um berço.
Mantenha-se em contato com o seu bebê através de vários sentidos: vista,
audição e tato.
Para acalmar uma criança que chora, enrole-a (de modo bem firme) da
cintura para baixo num cueiro ou cobertor. Deixe os bracinhos livres. O efeito
calmante desse tipo de enrolamento é conhecidíssimo de povos de outras cultu-
ras que mantêm seus bebês envoltos em mantas e cueiros grande parte do tempo.
Eles sentem que isso dá à criança uma sensação de estar firmemente segura nos
braços da mãe. Outro modo de acalmar uma criança que chora é uma variação
do método de enrolamento: ponha a mão com muita firmeza sobre o estômago
da criança ou segure delicadamente um dos seus bracinhos ou de suas perninhas.
Isso parece ter um efeito tranqüilizador especialmente se a criança estiver assus-
tada.
Ouvido: Desde que nascem, os bebês são sensíveis aos sons, especialmente
aos de alta freqüência. Ao banhar, vestir ou alimentar seu filho(a), cante, canta-
role ou assobie uma canção do seu agrado. Se desafinar algumas notas o bebê
não notará. Você jamais encontrará ouvinte mais fácil de agradar! Para ele, ne-
nhuma voz gravada saindo de uma máquina poderá jamais substituir o canto de
sua mamãe.
Os bebês parecem capazes de ouvir melhor sons agudos e, em geral, rea-
gem mais rapidamente à voz feminina do que à masculina. Talvez por esse mo-
tivo a gente use um tom de voz mais fino para conversar com bebês. Todavia, a
voz masculina ou uma mistura de sons graves, tais como os de uma orquestra,
parecem ser mais calmantes e mais eficazes para embalar o sono de uma criança.
Quando você não estiver com seu filho(a), o leve tique-taque de um relógio
próximo ao berço ou um rádio tocando música suave podem confortá-lo. Alguns
sininhos pendurados junto à janela, onde a brisa os faça soar, podem produzir
um efeito altamente tranqüilizador.
Vista: Um bebezinho novo passa a maior parte do tempo deitado. Seus
olhos focalizam constantemente o teto, as partes altas das paredes e os lados do
bercinho. Você pode tornar essas áreas vazias mais interessantes pendurando
posters e gravuras nas paredes, mobiles coloridos no teto e amarrando tiras de
plástico colorido nas grades do berço. Cores vivas que contrastem com o fundo
parecem ser melhores. Os vermelhos fortes e os amarelos vivos parecem ser es-
pecialmente atraentes.
Mobiles de berço: Não receie que seu filho(a) agarre algumas dessas coisas
e as leve à boca. Só fará isso quando estiver próximo dos três meses. Mas colo-
que os enfeites a uma altura em que não esbarrem no bebê se ele se virar. Ar-
ranje uma varinha de bambu ou de qualquer outro material e fixe-a de través so-
bre as grades do berço. Com fita adesiva ou um barbante, amarre nela algumas
destas coisas:
- Bijuterias velhas.
- Pedaços de papel de alumínio amarrotados.
- Colheres de plástico colorido.
- Pedaços de papel de cores vivas cortados em espirais, quadrados ou círculos.
- Tiras de panos coloridos.
Um cabide de arame amarrado a um cordão e preso ao teto, se nele houver
um ponto de fixação, também poderá servir como uma espécie de varal para
pendurar alguns dos objetos acima indicados.
Mais distrações: Os bebês, em geral, gostam de olhar para luzes. Se o seu
filho(a) estiver irrequieto, coloque uma lâmpada
acesa (com um abajur) num lugar em que ele possa vê-la sem prejudicar a
vista. Ou ponha um pequeno vaso de vidro colorido ou um copo sobre o peitoril
da janela de modo que o sol se reflita nele. Mudar uma criancinha agitada para
outro quarto às vezes tranqüiliza, proporcionando-lhe coisas novas para olhar.
Assentos reclináveis: Os bebês gostam de ver outras crianças brincar ou as
mães trabalhar nas tarefas domésticas. Vale a pena gastar alguns cruzeiros na
compra de um assento plástico (Bebê--Conforto) que permitirá ao bebê partici-
par da atividade da família. Por ser muito leve, esse tipo de assento tornará
muito fácil para você levar o bebê de um cômodo para outro, e ele também po-
derá ver tudo sem forçar a espinha e a cabeça. (Certifique-se de que o cinto de
segurança está bem afivelado para que ele não caia.) Se colocar o assento de
plástico sobre a mesa da cozinha, a cama ou o sofá, verifique se ficou bem no
centro para evitar o risco de, a um movimento do bebê, ele tombar. Isso rara-
mente acontece, mesmo com uma criança muito ativa, mas nunca é demais to-
mar cuidado.
Os bebês geralmente gostam de estar no meio do movimento. Tente colocar
seu filho(a) reclinado no assento de plástico, com o cinto bem afivelado, no
centro de um cercado vazio. As outras crianças poderão brincar nas proximida-
des do mesmo. O bebe ficará no mesmo nível que elas, observando-lhes os mo-
vimentos e ouvindo suas algazarras. Ao mesmo tempo ficará protegido pelas
grades do cercado. Mas, como as crianças mesmo assim podem atirar-lhe brin-
quedos ou tentar entrar no cercado, mantenha-se vigilante.
Nunca se afaste de seu filho(a) quando ele estiver perto de outras crianças.
Hora do banho: Alguns bebês ficam contrariados com o banho. Parecem
não aceitar o fato de estarem despidos e expostos, e ficam às vezes assustados
com os movimentos de seus próprios braços e pernas. Se seu filho reagir dessa
forma, experimente enrolá-lo numa fralda ou toalha no momento de pô-lo no
banho. Normalmente, uma criança pára de chorar depois que já está na água;
então, a coberta poderá ser removida. (As mamães indianas usam esse sistema
para manter seus bebês alegres no banho.) Além disso, experimente segurar o
bracinho do bebê depois que estiver nu, a fim de restringir seus movimentos.
Isso freqüentemente tranqüiliza a criança.

TRÊS A SEIS MESES


Exercício no berço: Tão logo o bebê aprenda a alcançar e segurar os obje-
tos (por volta de quatro a cinco meses de idade), os mobiles devem ser erguidos
a uma altura que impossibilite o bebê de alcançar peças frágeis ou que possam
machucá-lo. Em substituição a um mobile, improvise um brinquedo com objetos
lisos e que não ofereçam perigo ao bebê. Amarre uma tira de elástico largo e
forte atravessando o berço e prenda nele pequenas tiras de elástico mais fino.
Depois amarre duas ou três unidades dos seguintes objetos:
-Carretei de linha vazio.
-Colher de plástico.
- Pulseira lisa de plástico.
- Sino.
- Chocalho.
- Outros brinquedos de superfície lisa e grandes demais para ser engolidos.
Experimente aplicar essa diversão também no carrinho do bebê.
Brinquedos de apertar: Pedaços de toalhas velhas, oleados ou matéria
plástica podem ser costurados e enchidos com meias velhas de nylon ou com
algodão em pasta. Os bebês nessa idade preferem tons vivos de vermelho, ama-
relo, laranja e roxo ao azul e rosa pálido mais tradicionais. Brinquedos estofados
não precisam ser ursinhos nem bonecas; um formato de rosca é mais fácil de ser
agarrado por pequenas mãos.
Cadeirinha adequada aos pulos do bebê: Nessa idade, a criança já pode
usar a cadeirinha que acompanha o carrinho de passeio e, desde que tenha as-
sento e espaldar inteiriço de lona ou de plástico, nela poderá movimentar-se e
pular à vontade, sem prejuízo da parte inferior da coluna vertebral.
Às vezes um bebê de cinco ou seis meses de idade pula e vira-se tanto que
acaba ficando meio tonto. Se o bebê aparentar estar pouco firme nessa cadeiri-
nha, experimente amarrar o espaldar à base de metal junto ao chão. Isso dará
maior estabilidade à cadeira e evitará que ele se incline demais para a frente.
Proporciona um apoio semelhante ao da cadeirinha comum de criança.
Brinquedos dentro do quadrado: Na idade de aproximadamente quatro me-
ses, muitos bebês começam a passar algum tempo no quadrado. Alguns dos ob-
jetos domésticos que apreciam segurar ou pôr na boca são:
- Pregadores de roupa sem molas.
- Esponjas.
- Carretilhas ou carreteis vazios - quatro ou cinco num pedaço de barbante.
- Pulseiras lisas de plástico.
- Chocalhos.
- Brinquedos com superfície lisa e grandes demais para ser engolidos.
Brincadeiras: Entre quatro e cinco meses a maioria dos bebês gosta de se
olhar no espelho, onde também vê a mamãe ou o papai que o está carregando no
colo. Se você perguntar "quem é aquele" ou "o que é aquilo", eles ficarão intri-
gados e quase sempre muito encantados com a brincadeira. É também a idade
em que os bebês aprendem a controlar certas partes do corpo, como a língua e a
cabeça, com movimentos simples. Experimente movimentar sua cabeça para ver
se ele imitará o seu gesto; ou dê um estalo de língua e verifique se ele responde
com um próprio. Poderá querer imitar o som de uma simples vogai, como "o" ou
"a".
Os bebês nessa idade também se divertem quando ouvem a mudança re-
pentina de um tom de voz — do agudo ao grave e vice-versa. Experimente brin-
car com o seu bebê usando esses simples sons e movimentos para estimular suas
reações.
Hora do banho: O bebê que já está mais desenvolvido tem, em geral, fasci-
nação pela água. Quando ele começar a sentir prazer em ficar sentado no banho,
apoie suas costinhas e deixe-o espadanar a água com as mãos e os pés por al-
guns minutos. Provavelmente, nessa idade, não precisará mais ser enrolado para
entrar no banho.

SEIS A NOVE MESES


Quando um bebê começa a dormir menos está habilitado a brincar sozinho
por um período de meia hora cada vez, aproximadamente. Mas ao mesmo tempo
quer observar a mãe enquanto brinca.
É a idade de derrubar e atirar as coisas, pois está começando a aprender
como soltar os objetos e gosta de pôr em prática seu novo conhecimento. Poupe
o trabalho de curvar-se ou abaixar-se em demasia, amarrando os brinquedos à
cadeirinha ou ao carrinho com fios de barbante curtos ou cordões de sapatos,
pois desta forma o próprio bebê poderá reavê-los. Experimente atar:
- Uma caneca de alumínio, com asa.
- Forminhas para massas.
- Pratinhos de papelão, revestidos de papel de alumínio (faça um furo para
passar o barbante).
- Tampas de panelas (amarre o cordão à alça).
- Fitas coloridas que não larguem tinta.
- Colher de pau (para bater).
- Latas vazias (de sucos de frutas ou outros alimentos; numa das extremi-
dades da lata, faça um furo que dê apenas para passar o barbante ou cordão, a
fim de evitar que o bebê enfie um dos dedinhos no mesmo; certifique-se de que
não há rebarbas nas latas).
- Pequenas caixas de papelão, usadas para embalar presentes.
- Caixas vazias de band-aid.
- Carretilhas usadas para embalar fio de nylon ou fita adesiva.
Enquanto estiver no quadrado, o bebê irá passar esses objetos através das
grades ou jogá-los por cima delas. Portanto, amarre-os ao quadrado usando pe-
daços curtos de barbante.
Cadeirinha adequada aos pulos do bebê: Se a cadeirinha estiver presa à
sua base (veja pág. 18), experimente soltá-la para ver se o bebê aprecia um mo-
vimento mais vigoroso, pois já está na idade de pular com maior liberdade de
movimentos.
Brinquedos de encaixe: Por volta de sete meses o bebê começa a descobrir
como colocar um objeto dentro do outro do mesmo tipo, mas ainda não é capaz
de brincar com uma série de brinquedos quadrados. Contudo, os brinquedos ci-
líndricos o alegrarão. Comece com latas pequenas, cilíndricas e de vários tama-
nhos, tendo o cuidado de não deixar rebarbas produzidas pelo abridor de latas.
As pequenas vasilhas de plástico também são adequadas.
Brincadeiras: O bebê nessa idade adora brincar com pessoas que já conhe-
ce. Quando estiver comunicativo, experimente algumas das tradicionais brinca-
deiras típicas de crianças. Em geral, o bebê de seis meses aprecia ser carregado e
balançado suavemente para a frente e para trás. Usando ambas as mãos, segure-o
firmemente pelas axilas. Ele também gostará de montar a cavalo nos joelhos de
um dos seus familiares; igualmente, apreciará ser passado de um bem-amado
colo para outro. Por volta dos nove meses, será capaz de relacionar as palavras
aos atos. Gostará de ver alguém cantar e bater "Palminhas de São Tome" e se
divertirá com brincadeiras do tipo de "Serra, serra, serrador". Também gostará
do joguinho que consiste em esconder o rosto e depois descobri-lo, dizendo-se
"Achou!". Normalmente, quando alguém lhe disser adeus, ele responderá com
um aceno de mão.
Diversão às rejeições: Nessa idade, a hora das refeições poderá tornar-se a
hora de grande diversão. À medida que o bebê for demonstrando maior interesse
pela colher, ou xícara, dê-lhe uma sobressalente, enquanto você o alimenta por
meio de outra. Quando ele ficar mais independente e menos interessado no pro-
cesso da alimentação, dê-lhe alguns pedaços macios de pão ou de banana para ir
comendo. Enquanto estiver ocupado com esse trabalho, você poderá adminis-
trar-lhe as papinhas que causam mais sujeira. Deste modo, estará estimulando
sua habilidade de se alimentar sozinho e avivando seu interesse pela comida.
Brincadeiras na água: Quando o bebê aprender a segurar e soltar as coisas,
gostará de brincar na água do banho com a esponja ou o esfregão. Poderá es-
premer ou chupar a esponja. Não importa que o faça, pois a água do banho não o
prejudicará.
CAPÍTULO III
Crianças que estão começando a engatinhar e a andar

LÁ PELOS OITO MESES o bebê começará a engatinhar e, logo depois (entre


dez e doze meses) a levantar-se com a ajuda do quadrado. Quando você menos
esperar, ele estará ensaiando os primeiros passos e logo estará andando com
enorme rapidez. Alguns bebês engatinham por longo tempo e outros andam sem
praticamente ter engatinhado. Não importa que o seu bebê seja do tipo que en-
gatinha muito ou do que começa logo a andar. Ele não tardará a adquirir experi-
ência e passará a andar com desenvoltura.
Encorajado pelo seu novo senso de mobilidade, poderá tornar-se um intré-
pido explorador, com todo o entusiasmo de um adulto, mas sem qualquer noção
de perigo. Se não for vigiado atentamente, atravessará ruas movimentadas, subi-
rá escadas ou experimentará produtos de limpeza guardados no armário da pia
da cozinha.

ACIDENTES PODEM OCORRER NESSA IDADE

Pouco adianta recomendar, repreender ("Não! Não! Não toque nisso!") ou


castigar a criança nessa idade, porque, freqüentemente, não entende o significa-
do da palavra perigo e, mesmo que entendesse, sua memória é fraca e ele talvez
não seja capaz de se lembrar, depois de meia hora, das suas recomendações.
Para maior segurança e tranqüilidade, deve-se preparar um ambiente ade-
quado à criança que está começando a andar. Transfira para lugares inacessíveis
a ela todos os objetos perigosos ou de estimação. Cubra com tampas especiais de
plástico, à venda nas lojas de material elétrico, todas as tomadas de força que
não estiverem sendo utilizadas. Certifique-se de que todos os remédios (especi-
almente os comprimidos com sabor de confeito), estão guardados fora do alcan-
ce do bebê. Mesmo que ele consiga, por quaisquer meios, alcançar o lavatório
(como muitas crianças o fazem), não deverá poder alcançar os vidros de remé-
dios. Ponha em lugar seguro produtos de limpeza, como amoníaco, lustrador de
móveis, removedores e inseticidas para uso doméstico. Crianças nessa idade
normalmente adoram pôr na boca tudo que pegam e são capazes de ingerir qual-
quer coisa suficientemente pequena. Tem havido casos de crianças que bebem,
sem pestanejar, meia lata de querosene.
Fora de casa, a não ser que exista uma área cercada, é preciso que se vigi-
em atentamente os bebes que estão começando a engatinhar ou a andar. Muitas
mães têm se surpreendido com a rapidez de corisco das crianças que, uma ou
duas semanas atrás, ficavam placidamente sentadas, sacudindo os chocalhos.
Ao mesmo tempo que necessitam de supervisão atenta, as crianças que es-
tão começando a andar precisam ter oportunidade de tentar fazer as coisas por si
mesmas. Elas adoram fazer alguma coisa e fazendo adquirem confiança e habi-
lidade.
A insaciável curiosidade que têm pelos brinquedos constitui uma verdadei-
ra bênção. Embora não fiquem por muito tempo distraídas com um único brin-
quedo (e nem se pode esperar que isso aconteça), contentam-se com qualquer
novidade, seja um canudo de papel ou uma caixa vazia.
Adoram brincar de "esconde-esconde" atrás de uma cadeira ou de uma
porta e ali ficar até que alguém pergunte: "Onde está o bebê?" Gostam, também,
de receber um objeto para, em seguida, devolvê-lo. Adoram ser erguidas o mais
alto possível pelos pais e desejam que as mamães as aconcheguem e cantem
para elas ouvirem.
Quando um bebê aprende a andar, depara subitamente um novo ângulo do
mundo ao seu redor. Estava acostumado a olhar para as partes mais baixas de
mesas e cadeiras. As pessoas lhe pareciam verdadeiros gigantes. Mas, agora já
pode ver o assento das cadeiras e começa a enxergar as pessoas adultas a partir
dos joelhos das mesmas. Da noite para o dia, sua nova perspectiva e sua vontade
de explorar fazem com que o quadrado se torne restrito demais. Poderá reclamar
(às vezes em altos brados!) por ter sido deixado ali para brincar.
Entretanto, você poderá estar ocupada com outros afazeres e não dispor de
tempo para andar atrás dele. Em tais ocasiões, experimente fazer um quadrado
usando alguns móveis (veja explicação abaixo) e dê-lhe alguns dos utensílios
domésticos descritos mais adiante, os quais não oferecem perigo, mesmo que o
bebê esteja brincando desacompanhado. Entre, de vez em quando, no seu novo
recinto para sugerir-lhe uma nova brincadeira. As crianças aprendem por imita-
ção e, freqüentemente, torna-se necessário cooperar com elas para despertar seu
interesse por uma nova atividade.

UM QUADRADO IMPROVISADO COM MÓVEIS


E CONTENDO BRINQUEDOS

Para fazer tal quadrado, cerque com um sofá, cadeiras e umas duas malas,
um espaço razoável num canto de sala (longe das tomadas de força). Se o seu
bebê puder enxergá-la, ficará mais feliz nesse local do que no quadrado verda-
deiro. Assim, você não precisará ficar atrás dele nem se preocupar com as artes
que possa estar tramando.
Observe se ele vai gostar de brincar nesse quadrado (ou em qualquer outro
local) com os seguintes objetos:
- Colheres de pau .
- Latas encaixáveis
- Forminhas
- Brinquedos de apertar
Cesto para papéis: Seu bebê se distrairá por longo tempo tirando papéis de
dentro de um cesto. Naturalmente, você terá que os repor! (cuidado com objetos
danosos, como grampos ou cacos de vidro, que possam ter sido jogados no ces-
to.)
Alinhe alguns pregadores de roupa, feitos de madeira e sem molas (o papai
poderá improvisar alguns, usando cabos de vassoura e um serrote para cortar os
vãos) nas bordas de uma assadeira. Depois, ensine seu filho(a) a tirá-los um por
um e depositá-los na assadeira. Esse passatempo será mais apreciado se você o
repetir, alinhando novamente os pregadores.
Panelas e tampas: Ocasionam muito barulho, mas também muita alegria!
Para variar, esconda um objeto inofensivo como uma lata de suco de frutas,
dentro de uma panela e deixe o bebê ter a surpresa de encontrá-la quando des-
tampar a panela.
Caixas de papelão para embalagens: Guarde todas as caixas vazias que te-
nham iguais dimensões e logo terá uma coleção de blocos de papelão apropriada
para uma criança de dezoito meses ou mais; ela se divertirá movimentando-as
com ambas as mãos, mas raramente começará a empilhá-las ou arremessá-las até
que atinja a idade de dois anos e meio, mais ou menos.
Caixas de cereais e outros produtos: Boas para serem empurradas ou, se
forem cilíndricas, para serem rodadas.
Tiras largas de fita de seda em cores vivas, velado ou peladas sintéticas:
São agradáveis ao tato e à mastigação. Prenda uma boa porção ao quadrado e à
cadeirinha de passeio. Verifique se não largam tinta.
Caixas de presentes, tampas metálicas de vidros de conservas, de geléia, e
embalagens de sabonetes: Intrigam o bebê de um ano muito mais do que brin-
quedos comprados em lojas.
Caixa de correio: Faça uma abertura grande e circular na tampa de uma
caixa de sapatos ou de cereais. Demonstre ao seu filho(a) como postar carreteis
vazios ou pequenos blocos de madeira ou de plástico na caixa de correio e de-
pois retirá-los, removendo a tampa da mesma.
Rabiscos: Dê-lhe uma folha grande de papel de embrulho ou jornal — ou
mesmo um saco grande de papel aberto dos lados — prendendo as extremidades
com fita adesiva ao chão ou à mesa, para imobilizá-la. Depois ofereça-lhe dois
ou três lápis de cores e estimule-o a fazer rabiscos. Para esse passatempo, esco-
lha uma superfície que não corra o risco de ficar estragada.

BRINQUEDOS DE PUXAR
A criança que já começou a andar gosta de puxar praticamente qualquer
coisa atada a um barbante ou corda. Escolha algo que não pese muito para não
danificar a mobília. Não deve ser estiIhaçável ou quebrável, pois poderia ma-
chucar a criança. O melhor brinquedo de puxar deve produzir som quando mo-
vimentado. Portanto, procure pela casa objetos leves, inquebráveis e que não
sejam demasiadamente barulhentos (para sua própria conveniência). Alguns
bons brinquedos de puxar são:
- Canecas de alumínio ou de plástico.
- Pulseiras velhas (de madeira, de plástico ou de metal).
- Carreteis vazios
- Tubos de rolos de papel higiênico ou de toalhas de papel.
- Pinhas.
- Copos de plástico (de sorvete, iogurte, etc.).
- Pequenas caixas.
- Bobs para enrolar cabelo.
- Velhos bichos de tecido.
- Tampas metálicas de vidros de conserva (faça com um prego um peque-
no furo no centro da tampa).
Poderá amarrar dois ou três desses objetos ao mesmo barbante, deixando
alguns centímetros de distância entre cada um deles.
Para improvisar um trem enfileire e ate vários copos de plástico e pequenas
caixas. Alternando tampas metálicas e carreteis vazios poderá também fazer
uma centopeia. Os bobs para enrolar cabelo, atados pelas extremidades, se trans-
formam numa fabulosa minhoca.
Embalagens cilíndricas de papelão ou de plástico (com tampa) : Primei-
ramente faça um furo na base e outro na tampa, bem no meio. Depois passe um
fio de barbante longo pelo interior da embalagem e dê um nó no mesmo para
que fique preso à base. Coloque na embalagem um punhado de macarrão cru e
firme a tampa com fita adesiva. Esse brinquedo produz um som estridente quan-
do é puxado ou sacudido pela criança.
Caixas de sapatos: Atadas umas às outras com barbante grosso, simulam
trens, carros e barcos.

BRINCADEIRAS NA COZINHA
Depois do primeiro aniversário da criança, a cozinha torna-se um mundo
cada vez mais fascinante, mas a criança precisa ser vigiada atentamente a fim de
não vasculhar lugares proibidos. A cozinha pode ser a dependência mais perigo-
sa da casa. Para maior segurança e entretenimento a longo prazo, você poderá
pôr em prática, em caráter experimental, a seguinte sugestão:
Reserva de gaveta de cozinha: Reserve uma gaveta (ou prateleira), na parte
mais baixa de um móvel, especialmente para o seu filho(a), e nela coloque pa-
nelas velhas, assadeiras, tampas, latas vazias, colheres de chá, colheres de pau
ou outros utensílios que não causem ferimentos. Se não puder dispor de uma
gaveta (ou prateleira) use uma caixa grande de papelão. Enquanto estiver traba-
lhando na cozinha, seu filho(a) ficará entretido em brincar de cozinhar usando os
utensílios de sua própria gaveta, prateleira (ou caixa).

PARA SUBIR E ENGATINHAR


Uma tábua de mesa elástica e caixas grandes de papelão: Apoie as extre-
midades da tábua de uma mesa elástica ou as de uma tábua qualquer sobre duas
caixas — ou duas listas telefônicas grossas — de maneira que fiquem situadas
uns 20 cm acima do chão. A criança pequena gostará de engatinhar sobre sua
ponte (naturalmente ajudada e vigiada pela mamãe.)
Caixas grandes de papelão: Corte as extremidades de duas ou três caixas.
Vire-as de lado e enfileire-as para formar um túnel.
Ponha um cobertor sobre uma mesinha (mesa de jogo é ideal) e amarre-o
com uma corda ao redor do tampo da mesa. As crianças terão, assim, uma casi-
nha maravilhosa e um bom lugar para brincar de esconde-esconde. Elas gostam
de brincar embaixo de mesas e atrás de sofás e de poltronas.

BRINCADEIRAS COM ÁGUA DENTRO DE CASA E AO AR LIVRE


Ao ar livre: Se você tiver a sorte de ter um quintal, mesmo que seja apenas
uma estreita faixa de terra, poderá contar com os brinquedos mais apreciados
pelas crianças: terra, areia e água. Um pneu velho serve para circundar uni
monte de areia, mas, realmente, não há necessidade de limitá-lo, pois a maioria
das crianças de um ano de idade ignora essa conveniência e amontoa e esparra-
ma areia por todos os lados.
Apenas um pequeno monte de areia (da mais grossa e mais barata), uma
porção de seixos lisos e um montinho de terra serão suficientes para distrair o
seu filho(a) por muito tempo. Ofereça-lhe um pedaço de pau ou uma colher para
cavoucar e uma bacia ou um pequeno balde com água. As ferramentas de brin-
quedo vendidas na praça não são tão satisfatórias quanto as colheres de metal ou
de madeira. Vasilhames de plástico, desde que a parte superior dos mesmos seja
cortada com faca ou tesoura, poderão ser usados para água, areia e terra. Arranje
uma peneira velha, um coador de macarrão ou um lavador de arroz para o seu
filho(a) brincar lambem de peneirar.
As crianças passam tantas horas do dia sendo lavadas e trocadas que, ge-
ralmente, adoram poder ir para um recanto onde possam sujar-se à vontade.
Quando elas forem brincar no quintal, vista-as com roupas velhas que não façam
falta, caso se estraguem.
Poderão, assim, mexer com terra e brincar com água o quanto desejarem.
Dentro de casa: A água é um dos brinquedos mais maravilhosos que exis-
tem para as crianças. Todavia tem um grande inconveniente para as mamães:
molha tudo! A forma mais conveniente de organizar brincadeiras com água
dentro de casa é a de colocar seu filho(a) vestido com roupas velhas (ou nu, se
estiver fazendo calor) numa banheira vazia e dar-lhe uma bacia com água (ou, se
for mais fácil, cobrir apenas o fundo da banheira com água). Dessa forma, o
bebê poderá espirrar água à vontade enquanto você limpa o banheiro ou enrola o
cabelo (não saia de perto dele).
Dê-lhe alguns carreteis vazios e pequenos blocos de madeira. Mostre-lhe
como fazer os carreteis andar de barco. Garrafas de plástico, se estiverem bem
tampadas, flutuam e divertem. Bolhas de espuma de sabão em flocos também
divertem. Garrafas de plástico mole com tampa de chuveirinho de plástico (do
tipo usado para umedecer roupa a ser passada) são boas para a criança apertar e
esguichar água.

MUSICA E DANÇA
Há crianças que adoram ouvir música e outras que não se entusiasmam
muito por ela. Para as primeiras, a música — suave ou movimentada — é deve-
ras tonificante. Crianças excessivamente ativas ou nervosas, em geral, adorme-
cem com mais facilidade quando ouvem cantigas de ninar ou mesmo música
mais ritmada como jazz e rock'n'roll. Não se deve, porém, descurar a música
clássica.
Há crianças que, quando ouvem uma música popular, começam a se reque-
brar acompanhando o ritmo. Nessa idade muitas crianças se apaixonam por cer-
tas canções destinadas à primeira infância e as continuarão amando por muitos
anos.

QUADRINHAS RIMADAS E LEITURAS


Mesmo sem música, os versos rimados e ritmados são muito apreciados
pelos bebês nessa faixa de idade. Gostam de associar as palavras aos movimen-
tos. Se for do seu agrado, experimente recitar quadrinhas do tipo de Batatinha
quando nasce quando levar seu filho(a) para passear, quando for trocar fralda ou
quando for colocá-lo no quadrado. Embora não saiba conversar, o bebê se deli-
cia com o ritmo das palavras proferidas por outras pessoas.
Um bom livro também pode ativar a imaginação das crianças por muito
tempo — às vezes desde a primeira infância até os anos de ginásio. Isso aconte-
ce porque elas se prendem muito às coisas com as quais estão familiarizadas.
Assim sendo, o mesmo livro de estórias infantis pode ser usado de vários mo-
dos. Enquanto uma criancinha de um ano talvez goste de ouvir o que você está
lendo, outra de quinze meses, que já pode sentar-se confortavelmente no seu
colo, talvez aprecia ler ao seu modo, dizendo os nomes das figuras do livro.
Acha divertido apontar para as ilustrações dos objetos que conhece e dizer à
mamãe o que representam: au-au, bola, flor, papai, casa, etc.
Quando você for adquirir um livro para a criança que está começando a an-
dar, escolha um que tenha cores fortes, mesmo que lhe pareçam berrantes, pois a
visão da criança não está ainda aperfeiçoada para distinguir nuanças sutis ou
tons pastéis, como rosas, azuis ou amarelos pálidos.
Você mesma poderá fazer um lindo livro infantil. Mãos à obra:
Cartões ilustrados (sem palavras): Corte alguns cartões de papelão nas di-
mensões de 12 por 20 cm e cole em cada um deles uma reprodução de bom ta-
manho e fortemente colorida de algo que o bebê já conheça, como um cami-
nhão, um gato ou cachorro. Quanto mais real e mais nítida for a reprodução,
melhor. Esse tamanho de cartão é ideal para ser segurado e focalizado pela cri-
ança que já está com dezoito meses. Ela talvez converse consigo mesma sobre
cada estampa, repetindo inúmeras vezes a palavra que a denomina.
Por outro lado, pode acontecer que a criança não goste nem de ouvir estóri-
as nem de olhar figuras. Nesse caso, não se deve insistir, pois ela poderá ficar
com aversão por esses passatempos. Acabará gostando de livros em tempo
oportuno. Faça nova tentativa depois de decorridos alguns meses.
CAPÍTULO IV
Sacola de surpresas e de consolo

SURGEM SEMPRE OCASIÕES inevitáveis — de longas permanências nas salas


de espera de dentistas ou de se ter que ficar na cama por motivo de doença —
em que a criança necessita de distração passiva. Esses períodos podem amuar
tanto a mamãe quanto o filho(a). Uma sacola de surpresas e de consolo, conten-
do novos brinquedos reservados para ocasiões especiais, poderá ser a tábua de
salvação nesses dias. Será muito útil para:
- Visitas a médicos, dentistas ou hospital, que às vezes envolvem longos
períodos de espera numa sala onde não há materiais de distração.
- Visitas aos salões de beleza, aeroporto ou às estações ferroviárias, quan-
do há necessidade de levar a criança.
- Viagens de avião, de trem e de carro, quando longas.
- Visitas à vovó e a outras pessoas em cujas casas não haja crianças peque-
nas nem muito divertimento infantil.
- Dias do ter que ficar de molho na cama, por motivo de doença. A sacola
de surpresas poderá ser pendurada na cabeceira do leito ou presa com alfinete de
mola à parte lateral do lençol, para ficar mais acessível.
Como jazer uma sacola de surpresas e de consolo: Para esta finalidade,
uma sacola de papel usada para as compras é ideal. Escreva no lado externo o
nome de sua criança usando uma caneta com ponta de feltro e envernize-a to-
talmente para impermeabilizá-la e torná-la mais durável. Também poderá usar
uma maleta de plástico, própria para viagens de avião, ou uma sacola de com-
pras plastificada. Grampeie alguns envelopes pardos de diversos tamanhos na
parte interna da sacola, para evitar que objetos pequenos se espalhem. Num de-
les coloque alguns lenços de papel ou um pacote de lenços umedecidos, que são
muito úteis para limpar rostos e dedos melados.
Será muito melhor fazer uma sacola para cada criança.
Como equipar a sacola: Conserve-a equipada e pronta para o uso. Poderá
precisar dela repentinamente. Não será necessário comprar coisa alguma. Se fi-
zer algum tempo que seu filho(a) não vê um determinado brinquedo, este lhe
parecerá novo. Uma velha carteira de bolso, repleta de bugigangas, distrai, assim
como de-calcomanias, etiquetas e selos para serem colados sobre uma folha de
papel. Um rolinho de fita adesiva, pedaços de cartolina colorida e uma tesoura
com ponta rombuda e pouco afiada proporcionam freqüentemente à criança lon-
gos períodos de entretenimento. Um baralho velho para ser classificado por nai-
pes também diverte. O equipamento da sacola depende, como é óbvio, da idade
e do interesse específico de cada criança. Todavia, devem ser evitados brinque-
dos barulhentos, objetos rolantes ou os que possam perturbar o próximo. Ali-
mentos que não melam os dedos, como floquinhos ou passas, são recomenda-
dos; chocolate lambuza e frutas delicadas ficam esmagadas. Quando estiver fa-
zendo compras, procure pequenas surpresas para aumentar o estoque da sacola.
Eis aqui algumas boas pedidas para uma sacola de surpresas:
- Baralho (para a criança arrumar por naipes e construir casinhas e trenzi-
nhos).
— Saquinho costurado, contendo feijão cru.
— Prancheta forrada com flanela e retalhos de flanela.
— Embalagens de queijo que contenham objetos inofensivos.
— Limpadores de cachimbo.
- Tinta mágica (lavável).
— Lápis de cor e bloco de papel.
— Tesoura com pouco fio e sem ponta.
— Fita adesiva.
— Imã.
— Família de bonecas em miniatura.
—• Uma velha carteira de bolso contendo chaves sobressalentes, bijuteria,
lenços, etc.
— Cartões perfurados, e cordões encerados para bordar
— Lupa.
— Pequenos animais e carros de plástico.
— Jogo de varetas (não é indicado durante as viagens).
— Etiquetas gomadas, selos e formas de estrelas, lua, etc., recortadas em
papel.
— Cartolina colorida.
— Pedra mágica (ardósia).
— Livretos ilustrados para colorir.
- Caixinha contendo material para a criança brincar de médico ou enfer-
meira.
- Pequenas caixas de passas e outros comestíveis apropriados.
Brinquedos de consolar: Se for sair, não se esqueça de pôr na sacola um ou
dois brinquedos pelos quais seu filho(a) tem predileção. A cada idade, a criança
se agarra a um determinado brinquedo e a ele dedica especial afeição — um ur-
sinho, uma coberta velha, etc. Tais objetos de estimação, realmente consolam a
criança em situações estranhas ou intranqüilas, pois estabelecem ligação direta
com o ambiente caseiro. Por isso são denominados brinquedos de consolar.
Sacola de surpresas para uso dentro de casa: Se o seu filho ficar amuado e
sem ocupação, trate de lhe dar um brinquedo que pareça novo e especial. Essa
providência, em geral, é tiro e queda nos dias de mau humor. Se você precisar
sair e tiver que o deixar em companhia de uma pessoa estranha, faça seu filho(a)
fechar os olhos e tirar uma surpresa da sacola. Se ele estiver acamado, prenda a
sacola à cama, como já foi explicado, mas deixe apenas alguns brinquedos de
cada vez. Poderá substituí-los no decorrer das horas, proporcionando, assim, no-
vas surpresas o dia inteiro.
CAPÍTULO V
Crianças de dois e três anos

As CRIANÇAS nessa faixa de idade costumam afeiçoar-se a algum brinquedo


velho e surrado. Em geral, carregam sempre consigo um pedaço de pano ou um
velho brinquedo estofado. Ainda não brincam com outras crianças; talvez as
abracem, toquem nelas com os dedinhos ou então as ignorem totalmente. Não
emprestam brinquedos porque querem seus tesouros somente para si. Deixe sua
criança à vontade, mas tenha disponível uma certa quantidade de brinquedos
para oferecer às demais crianças. Ela será mais sociável a partir dos três anos.
Todas as crianças mais novas diferem umas das outras no que diz respeito
ao desenvolvimento da habilidade muscular e da sociabilidade. Algumas logo
aprendem a usar as mãos; outras, ao invés das mãos, podem estar treinando o
ouvido ou os olhos. Por este motivo, o presente capítulo se denomina "Crianças
de dois e três anos", e o próximo "Crianças de três, quatro e cinco anos". A mai-
oria das sugestões contidas na seção seguinte foi elaborada tendo em mente as
crianças de quase quatro anos de idade, mas a sua pode ter desenvolvido, por
exemplo, maior coordenação entre as mãos e a visão, e querer tentar fazer algu-
mas das coisas que serão sugeridas mais adiante. Certifique-se de que realmente
se aplicam a seu filho. Lembre-se, também, de que quando as crianças estão in-
dispostas preferem as brincadeiras mais simples dos meses anteriores.
"Não" é a palavra predileta de um grande número de crianças de dois anos.
Estão começando a se auto-afirmar, o que significa que desejam testar a
própria vontade e a das mães. Isso pode tornar-se exasperante mas, se não fos-
sem de vez em quando obstinadas, não estariam se desenvolvendo.
Em muitas ocasiões, se você não fizer disso um problema, poderá simples-
mente ignorar os protestos de seu filho. Às vezes ele realmente teima em dizer
"não". Nesse caso, a melhor coisa que você tem a fazer é distraí-lo. Felizmente,
isso é fácil de conseguir se deixar a criança escolher por si. Se ela estiver num
de seus momentos de dizer "não" a tudo, dará geralmente mais resultado mos-
trar-lhe dois objetos e esperar que escolha o do próprio agrado. Assim que ela se
decidir por um deles você esconderá o outro. Se você perguntar: "Quer o lápis
azul ou o roxo?", poderá ficar completamente indecisa sobre a escolha.
Nessa idade a criança tende a ter curiosidade pelas próprias excreções, e é
por esse motivo que ela acha tão fascinantes as substâncias úmidas e pegajosas.
Com outros brinquedos, a duração de seu interesse é muito curta, mas se você
lhe der uma bacia com água, bem como areia ou barro, ela provavelmente brin-
cará por longo tempo.
Algumas das brincadeiras que a criança de dois anos ainda aprecia são su-
geridas a seguir:
— Cartões ilustrados (sem palavras)
— Brinquedos flutuantes para a hora do banho
— Reserva de gaveta de cozinha
— Caixas de papelão para embalagens
— Brinquedos de apertar .
— Tábuas de mesa elástica e caixas de papelão
— Casinha embaixo da mesa

BRINCADEIRA COM ÁGUA


Quando você estiver trabalhando na cozinha, deixe seu filho(a) subir numa
cadeira firme para brincar de lavar louça na pia. Forre o chão com jornal para
evitar muita molhação e proteja as roupas da criança com um avental plástico
(faça um poncho abrindo um buraco no centro de um velho forro plástico de
berço ou no de uma toalha de mesa descartada e vista-o na criança. Firme esse
poncho improvisado à cintura de seu filho(a) com um cinto de barbante grosso).
Se esses cuidados de nada adiantarem, o remédio é deixar seu filho(a) em calção
de banho, nos dias de calor, para brincar de lavar louça.
As mamães nem sempre se entusiasmam com a idéia de seus filhos brinca-
rem com água dentro de casa, a não ser na cozinha ou no banho. Mas, caso você
precise ficar trabalhando em outro cômodo e seu filho(a) queira acompanhá-la,
poderá forrar um pequeno espaço no chão com um pedaço de matéria plástica e
cobri-la com uma camada grossa de jornais, colocando sobre os mesmos uma
bacia com um pouco de água morna.
Tome nota de uma boa coleção de brinquedos para ser usada na pia da co-
zinha e, na bacia com água, em outra dependência da casa:
- Funil.
- Pequenas colheres e xícaras de plástico.
- Lenços ou roupas de bonecas (para lavar).
- Forminhas.
- Latas vazias de sucos de frutas.
- Peneira.
- Pequeno jarro de plástico.
- Garrafa de plástico com tampa de chuveirinho de plástico.
- Bisnagas de plástico mole.
- Pequenos objetos que flutuem.
- Esponja.
- Embalagens de sorvete, iogurte e outras.
Para ficar mais convidativa, acrescente à água algumas gotas de corante
comestível e um pouco de detergente, e deixe seu filho(a) agitá-las.
Bolhas de sabão: Arranje um canudo de plástico e uma caneca (ou latinha
vazia) contendo sabão em flocos e água. As crianças que já estão com mais de
dois anos e meio de idade conseguem aprender a soprar, sem sugar, se as ma-
mães as ensinarem. Já que não se pode impedir que a espuma transborde, é
aconselhável pôr a caneca sobre uma bandeja de plástico. Para conseguir bolhas
mais firmes e que se conservem no ar por algum tempo, acrescente algumas go-
tas de óleo de cozinha à mistura de água e sabão. A banheira, o jardim ou o
quintal são os lugares mais indicados para as crianças soprarem bolhas de sabão.

BRINCADEIRA COM BARRO


As crianças nessa idade apreciam brincar com coisas que possam sovar, es-
premer, quebrar e rejuntar. Quando rasgam ou sovam alguma coisa, as crianças
têm oportunidade de exprimir sentimentos que ainda não conseguem manifestar
por meio de palavras. Muitas vezes uma criança agitada torna-se mais calma e
satisfeita depois de ter sovado barro por algum tempo.
Todos os ingredientes necessários à feitura de massinha para modelagem
são encontrados na sua própria cozinha:
Massinha para modelagem:
— l xícara de sal.
— l xícara de farinha de trigo.
— 1/2 xícara de água.
— 2 colheres de sopa de óleo.
- Algumas gotas de corante comestível (facultativo).
Essa massa dura por algumas semanas se for guardada em geladeira dentro
de um recipiente tampado ou num saco de plástico bem fechado. Pode ser puxa-
da e sovada pelas crianças e depois recolhida e guardada para um outro dia; ou
então as crianças poderão usá-la para fazer coisas que serão postas ao ar livre
para endurecerem. (Crianças pequenas talvez levem a massinha à boca; não é
saborosa, mas não as prejudicará). Deixe seu filho sentar-se à mesa da cozinha
ou no chão e trabalhar sobre uma folha de papel impermeável. Polvilhe as mãos
dela com um pouco de farinha de trigo para evitar que a massa grude nos dedos.
Ela poderá desejar apenas sovar e espremer a massa. Poderá, igualmente, se dis-
trair com:
— Um rolo de abrir massa.
— Cortadores de massa.
— Facas sem fio, garfos e colheres.

COLAGEM
As crianças, via de regra, não sabem colar muito bem enquanto não atin-
gem a idade de três anos ou mais, mas adoram mexer com cola. Algumas mães
dão aos seus filho(a)s de dois anos um pouco de vaselina ou creme facial para
eles lambuzarem uma folha de papel impermeável; eles se divertem a valer, fa-
zendo desenhos espiralados.
Essa sugestão pode lhe parecer estranha mas, na realidade, tanto a vaselina
como o creme são mais fáceis de serem removidos do que o barro; também aju-
da certas crianças pequenas, que sentem grande vontade de se sujar, a se torna-
rem mais compreensivas. Se puserem uma pequena quantidade desses produtos
na boca, não se preocupe. (Naturalmente, terá que vigiar seu filho(a) para ele
não lambuzar as paredes e mobílias!)
Como alternativa, experimente a seguinte receita de cola que não vai ao
fogo:
- Um punhado de farinha de trigo. Adicione água (aos poucos) até a cola fi-
car pegajosa (deve ter consistência grossa para não escorrer sobre o papel). Uma
pitada de sal.
Essa cola crua não é tão eficaz quanto a cola cozida, mas serve para colar
pedaços de papel se você não dispuser de tempo nem de facilidades para cozi-
nhar. Embora não tenha sabor agradável, ela não prejudicará a criança que tentar
experimentá-la. Pode ser que seu filho(a) se divirta apenas lambuzando uma fo-
lha de papel impermeável com este tipo de cola. Ou talvez prefira tentar colar
pedaços de papel. Neste caso, quaisquer retalhos podem ser aproveitados. De-
vem ter o tamanho de um cartão de Natal.

PINTURA
O chão é o lugar ideal para um pintorzinho de dois anos de idade trabalhar,
pois nele as cores não escorrem e não respingam tanto quanto num cavalete ou
em cima de uma mesa. Providencie, para começar, um bom sortimento de folhas
grandes de papel e um pincel que tenha pelo menos dois centímetros de largura.
Um pincel comum dura mais e custa menos do que um destinado a uso profissi-
onal. Use fôrmas de bolo ou tigelas de plástico rasas como recipientes de tinta e
água.
Nessa idade, a criança se ajeita melhor com uma única cor. O papel poderá
ser de qualquer cor ou tipo. Faça experiência com:
—• Jornal (uma criança de dois anos de idade pinta sobre papel já impresso
sem dar pela coisa).
— Sacos grandes de papel, devidamente abertos dos lados.
— Papel branco (que serviu para embrulhar pão).
— Papel de presentes (usado).
— Papel de embrulho ou de forrar prateleira.
— Cartolina.
Forneça à criança guache ou tempera. A tinta em pó custa menos e dura
mais. Além disso, você poderá misturá-la aos poucos, de acordo com as necessi-
dades do momento.
As pinturas da criança nessa idade consistem de algumas linhas onduladas
ou pontos, ou ainda num único borrão de cor. Sua tendência é usar folhas após
folhas de papel para fazer apenas um ou dois rabiscos em cada uma; por isso,
dê-lhe o papel mais ordinário que houver. Não pergunte à criança o que a sua
pintura representa, pois isso é o que menos deve interessar. Está apenas apren-
dendo a deixar sua marca e já basta. Você poderá querer guardar algumas das
produções de seu filho. Mas para ele nada significam. O que importa é a execu-
ção da obra.
OUTROS BRINQUEDOS MANUAIS
Quebra-cabeças, desde que sejam elementares, de tamanho grande e forte-
mente coloridos, representam um ótimo divertimento para as crianças de dois
anos de idade. Você poderá fazê-los em casa com muita facilidade. Experimente
executar um dos seguintes:
Quebra-cabeça circular: Arranje um pedaço de papelão grosso, como a
parte lateral de uma caixa e, com o auxílio da circunferência de uma forma de
pizza ou de um prato, trace um círculo e recorte-o; usando lápis e régua, divida-
o em quatro partes, colorindo-as a lápis de cores diversas.
Quebra-cabeça com formato de lua: Faça um círculo grande e desenhe a
lua em quarto-crescente. Corte o círculo em duas ou três partes em forma de
arco e pinte-as, usando tantas cores quanto for o número de peças.
Quebra-cabeça triangular: Faça um triângulo equilátero com dez centíme-
tros de cada lado, da seguinte forma: trace uma linha horizontal com dez centí-
metros de comprimento. Na metade da mesa trace urna linha vertical. Depois
trace, com régua, linhas de dez centímetros de comprimento de cada lado da li-
nha horizontal, até o ponto extremo da linha vertical (devem encontrar-se). Re-
corte o triângulo e corte-o ao meio bem na linha vertical. Pinte as duas partes
com cores diferentes usando lápis de cor ou guache.
Quebra-cabeça com figura de casa ou de avião: Recorte de uma revista
uma ilustração grande e bastante colorida de um avião, casa ou de um barco.
Cole-a a um pedaço de papelão e recorte este último para que fique do tamanho
da ilustração (fundos ou tampas de caixas de cartolina, bem como as capas pos-
teriores de blocos grandes de papel poderão ser usados para este trabalho). Fi-
nalmente, corte as figuras em dois ou três pedaços desiguais.
Prancheta de feltro: Cole um pedaço de feltro de cor viva sobre um pape-
lão grosso. Recorte algumas formas, usando retalhos de feltro, flanela ou veludo.
Com um pouco de imaginação, você poderá recortar figuras de animais ou de
gente (se não souber desenhar, poderá traçar o contorno de um desenho por meio
de papel de seda), mas formas indefinidas são também muito apropriadas. Ensi-
ne seu filho(a) a dispor e colar essas formas sobre o feltro. Esse passatempo é
ótimo para os momentos em que a mamãe não pode supervisionar a criança.
Além disso, não produz sujeira.
Caixa de cereais: À guisa de um monte de areia, você poderá ter em sua
cozinha um tabuleiro grande com aveia, fubá e outros cereais crus. Se a criança
os puser na boca não se prejudicará. Coloque o tabuleiro em cima de uma mesa,
ou sobre jornais no chão, ou mesmo no quintal. Entre outros brinquedos, as cri-
anças poderão usar os seguintes, para brincar no monte de areia:
— Funil.
— Forminhas.
— Peneira.
--- Colher de sopa.
— Pequenas xícaras e colherinhas de plástico.
— Carrinhos e caminhões.
— Latas de conservas (sem rebarbas).
— Caixinhas de papelão ou de plástico.

Fiada de carreteis: Uma criança de, aproximadamente, três anos já tem co-
ordenação motora suficiente para tentar passar um fio de barbante pelos orifícios
de carreteis vazios. Esses objetos pintados com cores vivas distraem tanto
quanto contas de colar e são mais fáceis de serem enfiados. Dê a seu filho um
pedaço de barbante longo, com as extremidades cortadas em ponta e endurecidas
com fita adesiva ou com fita plástica isolante. Um cordão bem longo de sapatos
seria ideal para esse brinquedo. Cada carretei enfiado no cordão exigirá grande
esforço de concentração; por isso, não force a criança, se ela ainda não estiver
capacitada para esse tipo de trabalho manual que exige muita precisão.

SUBIR E ENGATINHAR
O ato de subir nas coisas ajuda a criança de dois anos a desenvolver os
músculos maiores dos braços, das pernas e do tórax — e ela tem plena confiança
nos seus passos. Caso você resida longe do centro da cidade, poderá conseguir,
com maior facilidade, uma escadinha velha de madeira; mande alguém serrá-la
de maneira que fique reduzida a três ou quatro degraus apenas (altura máxima).
Encoste-a a uma parede interior ou exterior, para ser usada dentro e fora de casa.
Você também poderá improvisar uma ponte satisfatória, usando uma tábua
grande sobre dois blocos grandes de madeira (a ponte deverá ficar a alguns
centímetros apenas acima do chão). Ó ato de engatinhar sobre essa ponte ajuda a
desenvolver o senso de equilíbrio da criança.
Pranchetas: Arranje numa carpintaria alguns retalhos de tábuas, pois serão
usados constantemente, se forem leves e de tamanhos que facilitem à criança a
remoção dos mesmos de um lugar para outro. Devem ser lixados para se elimi-
narem possíveis lascas.

PASSEIOS
Aos dois anos, a criança aproveita mais um passeio se estiver acompanhada
de todos os seus familiares. A excursão deve ser curta e simples, já que a resis-
tência da criança é limitada. Um passeio a pé para ir alimentar os pombos, para
ouvir os pássaros cantarem no arvoredo, ou para visitar uma loja de aves e fi-
lhotes de animais é o suficiente. Se fizer com o seu filho(a) uma visita ao Jardim
Zoológico, leve a cadeirinha de passeio e não permaneça lá por muito tempo.

LEITURA EM VOZ ALTA


As crianças entre as idades de dois e três anos ficam, via de regra, fascina-
das por um determinado livro, ou disco, e querem usufruí-lo repetidamente. Há
dias em que poderão ouvir estórias até esgotarem a paciência. Tome cuidado
para não trocar nenhuma palavra e nem pular linhas! Em outras ocasiões, talvez
possam não demonstrar nenhum interesse pela leitura ou pela música. As es-
tórias mais indicadas para as crianças nessa faixa de idade deverão ser simples
— como O patinho feio, e Dona Baratinha — e ter muitas repetições de pala-
vras que rimem com outras. Devem versar sobre bichinhos e coisas com as quais
as crianças já estejam familiarizadas.

MUSICA E DANÇA
Nessa idade, a criança aprecia música com ritmo bem marcado que, em ge-
ral, acompanha com movimentos do corpo. Se seu filho for daqueles que demo-
ram para pegar no sono à noite, você poderá tocar um disco da seleção de músi-
cas apropriadas para adormecer crianças sugerida no apêndice II
Você também poderá cantar uma canção de ninar. Geralmente, a criança
insiste em ouvir uma determinada música repetidamente, como o faz com um
livro de sua predileção.
Nas lojas especializadas, você com certeza encontrará música e letra de
canções infantis para serem cantadas ou tocadas ao violão ou ao piano. Lembre-
se de que você continua sendo a artista favorita de seu filho(a).

CAPÍTULO VI
Crianças de três, quatro e cinco anos de idade

A CRIANÇA, quando atinge a idade de três anos, torna-se sociável. Adora


brincar ou trabalhar com a mamãe e o papai e com eles aprender a fazer coisas.
Tem uma curiosidade insaciável pelo mundo que a rodeia e gosta de experi-
mentar fazer coisas novas.
À medida que for ficando mais velha, ao redor dos quatro ou cinco anos,
começará a preferir brincar com seus amiguinhos, em geral crianças maiores do
que ela, que a ensinaram novas reinações. Sente-se orgulhosa quando consegue
pregar um prego num pedaço de madeira ou enfiar contas num cordão de sapato.
Você também deve orgulhar-se, pois constituem verdadeiras realizações. Se seu
filho(a) ainda não desenvolveu a necessária destreza manual ou interesse, não o
force, mas sempre o elogie pelo que é capaz de fazer.
Entre as idades de três e seis anos, existem tremendos desníveis no com-
portamento das crianças. Elas ora lutam para parecerem adultas, ora desejam
retornar à vida mais confortável dos tempos de bebês. Num dado dia, a criança
pode sentir disposição para conquistar até o mundo (e realmente acredita poder
fazê-lo!), mas no dia seguinte poderá tornar-se manhosa e só querer aconchego e
carinho. Fica dividida entre a sua forte imaginação (e desejo), que a faz pensar
que já é uma pessoa adulta, e a realidade esmagadora de que ainda é pequenina e
precisa muito de seus progenitores. Apoie os esforços de seu filho(a) em tentar
progredir, auxiliando-o a realizar coisas ao seu alcance. Distraia, com meiguice,
a atenção dele quando pretender realizar projetos que estiverem além de sua ca-
pacidade e que poderiam redundar em sentimentos de frustração e derrota.
Quando ele se tornar muito apegado a você e impertinente, deixe-o brincar de
maneira simples como o fazem as criancinhas de dois anos. Um dia depois, ou
na semana seguinte, ele recomeçará suas conquistas.
As realizações de uma criança de três anos são, obviamente, mais elemen-
tares e primitivas do que as de uma criança de quatro ou cinco anos. Entretanto,
essa diferença não diminui em nada o prazer que ela sente em fazer coisas. Além
disso, uma criança de três anos necessitará de maior auxílio na preparação e
consecução do que irá realizar do que uma criança de mais idade. Desde que
você goste de participar e cooperar, muitas atividades — especialmente pintura,
modelagem e colagem — podem tornar-se mais fáceis para a criança nessa ida-
de.
Algumas das atividades sugeridas neste capítulo são arriscadas para as cri-
anças mais novas. Portanto, se você tiver também filhos de menos idade, assegu-
re-se de que não participem desses brinquedos destinados aos mais velhos.
Certas brincadeiras favoritas, aprendidas nos anos anteriores, ainda conti-
nuam populares:
— Brincadeira com água. A criança de quatro ou cinco anos adora bater
com batedor de ovos uma certa porção de sabão em flocos e água para formar
bastante espuma.
— Caixa de cereais
— Reserva de gaveta de cozinha
— Tábua e caixas
— Prancheta de feltro
— Fiada de carreteis

ESTRUTURAS
Os blocos de madeira estão incluídos no rol dos melhores brinquedos para
as crianças que atingiram as idades entre três e seis anos. São de fácil consecu-
ção, bastando, para tanto, que se serre um longo pedaço de madeira em bruto
com cinco centímetros de espessura por dez centímetros de largura em pedaços
de oito, quinze, trinta e sessenta centímetros de comprimento e depois que sejam
lixados para eliminar as lascas. Poderá, também, usar:
Lataria e caixas intactas: Você poderá pensar que esses materiais devem
ficar guardados nas prateleiras; constituem, porém, excelentes brinquedos. De
fato, servem melhor como blocos para construir do que os vendidos nas lojas de
brinquedos. Escolha latas de conservas fechadas que não sejam demasiadamente
grandes ou pesadas. Aos primeiros sinais de desgaste, poderá salvar as caixas de
produtos alimentícios, substituindo-as por outras.
Embalagens de papelão: Guarde-as e logo terá uma coleção de blocos para
seu filho construir fortalezas e casinhas de bonecas, garagens e até mesmo uma
casinha de brinquedo. As embalagens de papelão, para leite ou cereais, são le-
ves, fáceis de serem amassadas e proporcionam às crianças uma distração que
não ocasiona muito barulho.
Caixas de sapatos e de charutos: Se você prender as tampas das caixas
com fita adesiva, elas poderão ser convertidas em ótimos blocos.
Pregadores de roupa: São ótimos materiais de construção para as crianças
de três anos em diante. Dê a seu filho(a) uma certa quantidade de pregadores
com molas e ensine-o a uni-los. Ficará surpresa com o resultado das constru-
ções.

ATOS DE RASGAR, DESPEDAÇAR E ESMURRAR


As crianças, antes de aprenderem a fazer coisas (e depois disso, também),
gostam apenas de despedaçar e rasgar. Reserve uma pilha de revistas e de jor-
nais velhos para essa finalidade. Sente-se ao lado da pilha e mostre ao seu fi-
lho(a) como rasgar as folhas. Depois ensine-o a fazer furos nas mesmas com o
cabo de uma colher de pau. Ele se divertirá como nunca esparramando a pape-
lada que você catará, num instante, depois da brincadeira. Rasgar e espetar as
coisas são bons exercícios para a criança aprender a usar os pequenos músculos
das mãos, e também funcionam como válvulas de escape para a agressividade.
Lençóis velhos: Deixe as crianças rasgarem lençóis velhos. Elas sentem
enorme prazer em reduzir o pano a farrapos! Meninos, especialmente, sentem-se
másculos quando conseguem estraçalhar um pano de bom tamanho. As tiras po-
derão simular ataduras quando as crianças forem brincar de médico. Guarde
numa caixa ou gaveta algumas roupas velhas de cama exclusivamente para se-
rem rasgadas (não se preocupe com a idéia de poder estar incutindo maus há-
bitos. Se der ao seu filho(a) um determinado lençol ou fronha velha para rasgar,
ele não irá procurar outras coisas para destruir. Permitindo-lhe descarregar suas
energias e forças nesse tipo de ação inofensiva, ele sentir-se-á menos inclinado a
promover destruição em outros lugares.)
Furador de papéis: Eis um aparelho que fascina a criança. Dê-lhe permis-
são para perfurar uma folha de jornal. Se lhe fornecer papel parafinado, guarde
os pequenos discos provenientes da perfuração. Poderão ser colocados num vi-
dro com água que, depois de bem tampado, seu filho(a) poderá sacudir para
formar uma tempestade de neve.
Como fazer um mural diferente: Arranje para o seu filho(a) uma porção de
papel de diversas texturas (liso e rugoso, grosso e fino) em cores variadas (pa-
pel-cartão, cartolina, papel com ilustrações, etc.). Então, pergunte-lhe: "Você
consegue rasgar uma forma bem pequenina” E prosseguindo: "E agora, uma
forma bem grande” Ou ainda: "Que tal uma forma bem largai". Depois deixe-o
colar todas essas interessantes formas sobre uma tira de papel bem longa, para
construir um grande mural colorido. Quando estiver pronto e se houver uma pa-
rede vazia em sua casa, cole-o ou pregue-o à mesma para que seja olhado e ad-
mirado por toda a família.
ATOS DE PINTAR, DESENHAR E COLORIR
As crianças ficam radiantes quando estão desenhando, mesmo que sejam
apenas alguns rabiscos sobre um saco grande de papel ou uma folha de jornal.
Livros para colorir são úteis às vezes, mas as crianças em geral preferem dese-
nhar e colorir seus próprios rabiscos. Não se deve encorajá-las a pensar que sua
pintura tem que significar alguma coisa para os adultos, pois para elas é real-
mente uma coisa e sua imaginação está sendo ativada.
Uma criança de três anos é capaz de desenhar formas simples, como círcu-
los ou cruzes, e também tentar fazer traços diferentes. Ela está começando a no-
tar os resultados dos seus esforços e, nesse momento, o elogio e o estímulo são
importantes. Ela transfere para o papel seus pensamentos e sensações, mas não o
que realmente existe. Você deve elogiar o seu trabalho e demonstrar-lhe que
aprova-a tanto quanto a sua singular perspectiva da vida. Se você lhe perguntar
"O que é isso?" e ela não souber responder, não insista. Seria melhor não dizer
"Vou te ajudar", porque ela prefere realizar o trabalho sozinha.
Na idade de três anos, a criança precisa de um pincel grande para cada pote
de tinta e pode aprender a usar um pincel para cada cor. Também será capaz de
lavá-los e guardá-los quando não quiser mais pintar, desde que você ensine isto.
Ela fica satisfeita em fazer suas pinturas sentada a uma mesa ou no chão.
Em geral, as crianças, enquanto não completam quatro anos de idade, não
fazem desenhos que os adultos possam identificar. Depois dos quatro anos, elas
já têm mais consciência do que estão tentando desenhar. Se algumas das propor-
ções ou cores do trabalho de seu filho(a) parecerem-lhe estranhas dissimule seu
espanto para ele nada perceber. Se disser "Gosto das orelhas cor de laranja do
cachorrinho que você pintou", ele ficará mais contente. O dizer "Nunca vi ca-
chorro com orelhas cor de laranja", enche a criança de dúvidas e a inibirá nas
próximas tentativas.
Você estimulará a criança entre três e seis anos de idade se pendurar muitas
das pinturas que ela fizer. Poderão ser afixadas às paredes ou presas com prega-
dores de roupa a um varal de fio de nylon estendido no alto de um patamar de
escada ou de uma dependência da casa. Ficarão altamente decorativas.
O papel a ser usado poderá constar de:
- Sobras de papel de impressão (papel em geral de ótima qualidade, com
texturas interessantes e que, talvez, seja fácil de conseguir numa oficina gráfica
qualquer).
- Papel de jornal (o maior e o mais barato papel existente na praça).
- Sacos grandes de papel, abertos para formarem superfícies planas (em
quaisquer cores; se forem ilustrados ou impressos, aproveite os lados interiores).
- Papel branco de embrulhar carne ou pão (excelente para pintura feita com
os dedos. Aproveite as folhas mais limpas, ou arranje algumas folhas com co-
merciantes desses produtos).
- Retalhos de papel de parede (aproveite o lado do avesso para pinturas e
desenhos e o lado direito para colagens).
- Papel de embrulho.
- Papel de forrar prateleiras.
- Cartolina.
- Pratos de papelão.
- Papel parafinado (este versátil material de arte é excelente para cópias de
desenhos. As crianças mais velhas poderão desenhar sobre ele com um palito.
Também poderão sobrepô-lo às ilustrações de estórias em quadrinhos e esfregar
a superfície com uma colher. As cores serão transferidas para o papel e formarão
as figuras em reverso). — Papel carbono (grampeie um papel carbono entre duas
folhas de papel e deixe seu filho(a) desenhar sobre uma delas a lápis preto ou de
cor; quando terminar, mostre-lhe a réplica do desenho na segunda folha. Ele fi-
cará encantado com a mágica).

PINTURAS
Com tinta de farinha de trigo e água: As crianças adoram pintar com os
dedos, sendo que, de vez em quando, vale a pena proporcionar-lhes essa distra-
ção, apesar da grande sujeira que acarreta (deveras, bastante sujeira!). Misture
uma porção suficiente de farinha de trigo com sal e um pouco de água até for-
mar uma pasta de consistência cremosa. Adicione um pouco de corante comestí-
vel. Proteja a roupa da criança com um avental ou camisa velha e deixe-a pintar
com os dedos o tampo da mesa da cozinha. Ponha colheradas dessa tinta sobre a
mesa e deixe a criança deslizar as mãos sobre ela. Conforme ela for trabalhando,
adicione mais corante à tinta para obter tons diferentes. Se você desejar tirar
uma cópia do trabalho como lembrança, comprima contra ele uma folha de pa-
pel de forrar prateleira, de modo que a tinta passe para o papel. Deixe à mão
uma esponja para limpar a sujeira. A criança poderá também pintar sobre o piso
da cozinha, desde que seja de material fácil de limpar. A tinta não tem nenhum
sabor, mas se, mesmo assim, for levada à boca não prejudicará a criança. Os co-
rantes comestíveis não produzem manchas e são removidos com facilidade.
Com tinta de creme de barbear: Compre um tubo de creme de barbear sem
mentol e deixe seu filho(a) brincar de desenhar com ele sobre a mesa da cozi-
nha. A textura cremosa o deliciará. Um pouco de tinta em pó (solúvel em água)
polvilhada em alguns trechos da mesa, manterá vivo o interesse da criança.
Quando o creme começar a secar, respingue um pouco de água ou adicione mais
creme. Nesse tipo de pintura, o processo é mais importante do que o resultado.
Quando a brincadeira chegar ao fim, o creme poderá ser facilmente removido
com um pano seco. Ela produz muito menos sujeira do que a pintura feita com
farinha de trigo e água. É indicada também para as crianças de dois anos, e não
as prejudicará se for levada à boca.
Com goma líquida de amido e pincel: (Esse material não é indicado para as
crianças que ainda levam coisas à boca.) A pintura feita com esse produto é mais
delicada. Ponha uma caneca com goma sobre a mesa; deixe à disposição de seu
filho um pincel de pincelar tortas, ou melhor ainda, um dos pincéis do estoque
do papai, bem como uma folha de papel pardo (um saco de papel também pode-
rá servir, mas a folha de papel é melhor). A tinta de goma de amido seca no pa-
pel tão bem quanto o guache. Se preferir fornecer a seu filho papel branco, adi-
cione à goma líquida um pouco de corante. Se não tiver goma de amido em casa,
experimente valer-se da seguinte alternativa:
Tinta de sabão em flocos: Apenas misture um pouco de água com sabão em
flocos para formar uma pasta e, se quiser, adicione corante comestível. E uma
tinta válida, mas não tão eficiente quanto a goma de amido.
Se não quiser ter o trabalho de fazer tinta, compre guache em qualquer loja
especializada em material de pintura. Compre tinta em pó, que é mais barata e
pode ser preparada, na hora de ser usada, em potinhos vazios de sopa de bebe.
Não precisa comprar mais do que duas ou três cores.
Acondicione os potinhos de tinta numa caixa de papelão, para que a criança
possa carregá-los com facilidade e também para evitar derramamento; poderá
também colocá-los dentro de uma fôrma de bolo.
Para secar as pinturas acabadas, ponha-as sobre um secador de roupas ou
penduradas com pregadores de roupa num varal ao ar livre.

CANETAS, LÁPIS DE COR E GIZ


Caneta esferográfica: As crianças gostam de desenhar com a caneta esfe-
rográfica da mamãe ou do papai; sentem-se realmente adultas.
Caneta com ponta de feltro: Trata-se de um instrumento ideal para uma
criança usar quando estiver desenhando. Forre o chão com jornais e dê ao seu
filho(a) uma caneta desse tipo, bem como uma caixa grande de papelão, à guisa
de papel de desenho. Não se afaste do local onde ele estiver trabalhando, pois,
sem vigilância, poderia começar a decorar a mobília e as paredes!
Uma certa mãe permitiu que suas crianças fizessem riscos, imitando pêlos,
em seus tórax, quando brincavam de Tarzan. Esses riscos desapareceram so-
mente após duas semanas de banhos diários. Seria melhor comprar uma caneta
cuja tinta fosse lavável, para lhe poupar trabalho.
Lápis de cor: Mais do que qualquer outro brinquedo, pode ser a melhor
arma das mamães. Como os blocos de madeira (e outros materiais), ele pode ser
usado em várias idades, mas tem a vantagem sobre os blocos de poderem ser
acondicionados em uma pequena sacola, para uso em salas de espera de consul-
tórios médicos, durante as viagens de carro, ou por ocasião de visitas à vovó.
Quando for comprar lápis de cor para uma criança mais nova escolha os mais
grossos, que não se quebram sob a forte pressão de seus pequenos dedos. Ape-
nas quatro ou cinco unidades, em cores diferentes, são suficientes.
Giz: Pedaços grandes e grossos de giz em cores vibrantes possibilitam a re-
alização de pinturas mais fluentes. As cores se misturam com facilidade, propi-
ciando lindos matizes. (Se o seu fiIho(a) insistir em sobrepor as cores até obter
uma tonalidade global cinza-sujo, não interfira, pois a experiência servirá de li-
ção.) Experimente umedecer os sacos de papel que ele usará para desenhar com
giz. Isso tornará as cores fluorescentes.

ESTAMPAGEM*
* As crianças de três anos talvez encontrem dificuldade em exercitar esse
tipo de trabalho.

Despeje um pouco de guache ou tinta feita em casa num recipiente raso,


colocando no fundo algumas toalhas de papel, para formar uma almofada de ca-
rimbo. Forneça à criança algumas folhas grandes de papel branco ou um pano
(lençóis velhos são excelentes para esse fim). Corte uma batata, um pimentão,
ou um pepino ao meio e mostre ao seu filho(a) o modo de esfregar os pedaços de
legumes sobre as toalhas empapadas de tinta, estampando-os, depois, sobre o
papel ou lençol. (É provável que seu filho ao invés de pressionar o pedaço de
legume sobre o papel, comece a esfregá-lo. Esse trabalho requer prática e ela só
aprenderá com o tempo; entrementes, estará se divertindo com o mesmo grau de
intensidade.)

Os seguintes objetos também possibilitam ótimas estampagens:


__ Chaves (mantenha-se vigilante, no caso de seu filho(a) ainda levar coi-
sas à boca).
__ Bobs para enrolar cabelo.
— Esponjas.
— Lápis.
— Folhas.
__ Metade de uma laranja ou de um limão.
— Espumadeira.
— Colherinha de pau.
Qualquer objeto que possibilite um contorno interessante, e que não se es-
trague com a tinta, poderá ser usado.
Se você perceber que seu filho está realmente se divertindo, poderá deixá-
lo decorar um rolo inteiro de papel branco ou um rolo de toalhas de papel.

COLAGEM
As crianças gostam muito de fazer trabalhos em relevo, para tateá-los. For-
neça a seu filho a cola que não vai ao fogo. Se usar bastante sal, ela se cristaliza-
rá e cintilará quando endurecer.
Poderá também fazer a seguinte cola cozida:
- 1/2 xícara de farinha de trigo.
- Adicione água fria até ficar com consistência cremosa.
- Cozinhe-a em fogo lento, mexendo sempre, por cinco minutos.
- Adicione algumas gotas de um óleo aromático qualquer, para ficar com
aroma agradável.
- Adicione algumas gotas de corante comestível, para ficar com bonita
aparência.
- Quando não estiver sendo usada, conserve-a em geladeira, dentro de um
pote bem tampado.
_ (A cola cozida é mais durável e mais eficiente do que a que não vai ao
fogo. Não prejudicará a criança que não resista à tentação de levá-la à boca.)
Colagem: É uma expressão francesa que dá nome ao trabalho de arte feito
com vários materiais colados sobre um suporte. Forneça ao seu filho(a) um saco
de papel transformado em superfície plana, onde ele poderá colar:
—• Biscoitos.
— Uvas passas.
— Cereais secos.
— Retalhos de papel colorido.
— Flocos de algodão.
— Retalhos de panos coloridos.
Estimule a criança a traçar linhas e pintar trechos a lápis de cor, tinta mági-
ca ou giz. (Todos esses materiais são inofensivos às crianças de três anos que
ainda levam coisas à boca; nenhum deles aderirá à garganta.)
As crianças que já completaram quatro ou cinco anos de idade gostarão,
talvez, de fazer colagens mais elaboradas. Nesse caso, terão que usar colas à
base de P.V.A. A compra desse produto em embalagem maior é mais vantajosa.
Despeje uma pequena quantidade num copinho de plástico e ensine a criança a
colar com o auxílio de um pincel. (Este deverá ser lavado após cada uso, para
não endurecer.) Cascas de ovos, madeira, conchas e botões prestam-se bem aos
trabalhos de colagem.
Aos quatro anos, as crianças já estão aptas a manejar tesouras com pontas
rombudas e já perderam o hábito de pôr coisas na boca. (Se você não estiver
bem certa disso, não deixe a criança usar os materiais abaixo discriminados.)
Alguns dos materiais de colagem são:
— Flores secas.
— Macarrão cru.
— Botões grandes.
— Conchinhas.
— Folhas.
-- Feijão cru.
— Sementes.
- Retalhos de madeira.
— Cascas de ovos.
Você poderá usar os materiais que julgar convenientes.
Corrente de argolas de papel: Recorte uma ilustração de uma revista colo-
rida em tiras de dois e meio centímetros de largura. Ensine seu filho a formar
uma argola de uma das tiras, juntando as extremidades com cola ou fita adesiva.
Ensine-o depois a passar uma segunda tira através da primeira e colar as extre-
midades para formar outra argola, assim procedendo até completar a corrente.
Ela será tão grande quanto o for a paciência do seu filho(a). Para a confecção de
correntes destinadas a enfeitar árvores de Natal, use papel lustroso de embrulhar
presentes.
Fita adesiva ou fita de papel adesivo: As crianças divertem-se muito ras-
gando pedaços de fita adesiva e colando-os uns aos outros, ou sobre quaisquer
superfícies. Caso elas encontrem dificuldade em manejar esse material pegajoso,
experimente cortar uma corta quantidade de pedaços pequenos e fixá-los às bor-
das de uma "icsa para serem usados aos poucos.
Pratos de papelão: As crianças poderão decorá-los (a lápis de cor ou gua-
che) e usá-los quando houver uma festinha ou então convertê-los em chapéus
grotescos, com colagens de enfeites, atados ao queixo com fio de barbante ou
elástico. Uma criança de cinco anos talvez se divirta recortando números de um
velho calendário para fazer um relógio sobre um prato de papelão.

MODELAGEM
Em geral, a criança, ao completar quatro anos de idade, não deseja apenas
apertar, esticar ou sovar uma bolota de barro. Ela ainda se diverte com isso, mas
também quer fazer qualquer coisa, como um objeto real, que ela possa conser-
var. Por isso, modela boa quantidade de cobras, bolinhas, bonecos, bolos e tige-
linhas. Também gosta de pintar os objetos de sua própria criação. Quando a cri-
ança completa cinco anos, seus objetos tornam-se ainda mais reais. Com fre-
qüência ela faz os braços, as pernas e a cabeça separadamente e junta-os depois
para formar um bicho ou gente. As crianças de quatro e de cinco anos talvez
modelem figuras humanas com enormes seios e enormes órgãos genitais, ou
então com certas partes mutiladas ou ausentes. Nessa idade, elas ficam fascina-
das pelas diferenças físicas existentes entre meninos e meninas. É perfeitamente
natural imaginarem que, talvez, partes de seus corpos possam ser destacadas,
cortadas ou quebradas. Essas preocupações silenciosas são aliviadas quando
transpostas para o barro. Não se preocupe com certas criações aberrantes, pois
lhe darão oportunidade de entabular uma pequena conversa com a criança sobre
sexo.
A seguir, você encontrará uma boa receita de massa para modelagem feita
em casa:
— l xícara de farinha de trigo.
— l xícara de sal.
— Água suficiente para dar consistência.
Esta massa feita em casa endurece e pode ser pintada. Todavia, é extrema-
mente quebradiça quando seca. Caso seu filho reclame contra esse inconveni-
ente, você ganhará sua gratidão se comprar-lhe um material de modelagem mais
resistente. É o caso do barro que pode ser adquirido em fábricas de cerâmicas.
Dura por tempo indeterminado, desde que fique dentro de um recipiente bem
tampado, ou dentro de um saquinho de matéria plástica bem amarrado. Para
conservar o barro úmido, faça um furo bem no centro dele e encha-o de água.
Algumas espécies de barro, para cerâmica precisam ser queimados em fornos
especiais e outras endurecem como pedra sem exigir esse tratamento.

COSTURA, TRANCAS E TRICÔ


Roupas sem costuras para bonecas: (As crianças de três anos talvez en-
contrem dificuldade em executar esse tipo de trabalho.) Uma menininha é capaz
de fazer roupas para sua boneca, usando retângulos de pano e abrindo, bem no
centro dos mesmos, com tesoura de ponta rombuda, buracos por onde passará a
cabeça. Depois será apenas uma questão de ajustá-la com uma faixa ao corpo da
boneca. Uma blusa poderá ser feita de um retângulo de fazenda mais curto; um
vestido, de um comprido, e uma saia, de uma altura de pano que envolverá a
cintura da boneca. Pedaços de fita darão o toque elegante.
Costura verdadeira: (As crianças de três anos talvez encontrem dificulda-
des em executar esse tipo de trabalho.) O melhor caminho para iniciar as crian-
ças na costura (os meninos também gostam de coser!) é o de fornecer-lhes car-
tões perfurados. Corte pedaços de papelão com quinze centímetros de cada lado
(forre-os, se o desejar, com papel de cor bem viva) e perfure as margens, obser-
vando um espaço de dois e meio centímetros entre cada furo. Mostre à criança
como passar um cordão de sapatos ou um fio de barbante através dos furos. (En-
dureça as extremidades do barbante, enrolando-as com fita adesiva.)
Se ela estiver realmente interessada, forneça-lhe uma agulha grossa e sem
ponta (as crianças sentem dificuldade em costurar com agulha fina; aliás, esse
tipo de agulha é responsável por muitos acidentes), bem como linha de bordar.
Dê-lhe também um quadrado de vinte centímetros de cada lado de um tecido de
trama larga, para facilitar a passagem da agulha.
Uma criança de quatro a cinco anos gosta de costurar apenas por diverti-
mento. Não está interessada em fazer uma coisa identificável. Para ela, todavia,
o trabalho que fizer será uma coisa. Algumas meninas de cinco anos entusias-
mam-se muito por costura e aprendem a fazer ponchos simples, panos de segu-
rar panelas, saias e capinhas de bonecas (com orientação e ajuda). Conseguem,
também, costurar armações em saiotes de bailarinas.
Trancas: (As crianças de três anos talvez encontrem dificuldade em exe-
cutar esse tipo de trabalho.) Corte longos fios de lã grossa ou longas e estreitas
tiras de meias velhas de nylon. Amarre-os à maçaneta de uma porta e ensine a
criança a fazer trancas. Trata-se de um bom entretenimento que poderá ser inter-
rompido e recomeçado, e você não precisará guardá-lo nos intervalos.
Agulhas de tricô e barbante'. Em geral, meninos e meninas que estão pres-
tes a completar seis anos são capazes de aprender a tricotar, usando agulhas
grossas de madeira e barbante (que, ao contrário da lã, não desfia). Possivel-
mente a vovó pegará todas as malhas que eles deixarem escapar!
SUGESTÕES PARA AS MÃES QUE GOSTAM DE COSTURAR
Livro jeito de tecido: Corte quatro ou cinco pedaços de pano de uma única
cor (quanto mais firme for o pano, melhor, sendo que brim grosso ou lonita são
muito adequados) nas dimensões de trinta por quarenta centímetros. Empilhe-os
com exatidão e una-os passando uma costura no centro, de alto a baixo. Seu fi-
Ihinho poderá, então, decorar página por página a lápis-cera. Quando ele houver
terminado sua obra de arte, pressione os pedaços de pano com um ferro de pas-
sar roupa não muito quente. (Proteja o ferro e a tábua de passar roupa colocando
uma folha de mata-borrão sobre a tábua e duas sobre a página de pano a ser pas-
sada.) As cores ficarão fundidas ao tecido e se tornarão indeléveis.
Boneca de pano: Desenhe um contorno de boneca sobre um pedaço de te-
cido; recorte, depois, dois modelos idênticos e una-os por meio de uma costura,
deixando apenas uma pequena abertura. Vire a peça para o lado direito e encha-a
com espuma de plástico, algodão em pasta ou meias velhas, de nylon. Feche a
abertura e passe costuras nas partes superiores das pernas e dos braços para de-
marcá-los e torná-los articulados. Finalmente, desenhe com tinta mágica um co-
ração no peito da boneca e escreva uma mensagem carinhosa: "gosto muito da
(escreva o nome de sua filha)".

CLASSIFICAÇÃO DE OBJETOS
A criança que já completou três anos adora classificar objetos. Trata-se de
um bom passatempo para as ocasiões em que os amiguinhos de uma criança
aparecem para brincar, pois conserva duas ou três crianças ocupadas e satisfeitas
por um período de vinte minutos ou mais. Ele ajuda a ensiná-las a diferenciar os
diversos tamanhos e desenvolve a coordenação dos olhos com as mãos. Um
modo fácil de aprender a classificar objetos é deixar o seu filho(a) ajudá-la a
classificar a roupa a ser lavada. Não se surpreenda se, de início, ele achar o tra-
balho muito intrincado, pois, de fato, não é dos mais simples para uma criança
de três anos.
Botões: (Brincadeiras com botões não são indicadas para as crianças que
ainda levam coisas à boca.) Se você tiver uma boa coleção de botões de vários
formatos e tamanhos terá em mãos muitas possibilidades de proporcionar diver-
sões às crianças. Ofereça uma embalagem de ovos a cada uma delas e sugira-
lhes fazerem a classificação dos botões por tamanho. Também poderão jogá-los
dentro de um pote ou de uma vasilha de plástico. Com igual finalidade, faça
fendas de diversos tamanhos em tampas de caixas vazias. Ensine-as a construir
(as crianças de três anos talvez encontrem dificuldade em executar esse tipo de
trabalho), sobre o tapete da sala, estradas sinuosas e cheias de cruzamentos. Tal
brincadeira, entretanto, demandará "bilhões de botões!"
Baralhos: Alguns maços de baralhos velhos também divertirão um peque-
no grupo de crianças por bastante tempo. As mais novas poderão classificar os
maços por naipes e as maiores talvez preferirão classificá-los por números e fi-
guras do mesmo tipo.
Outros objetos para serem classificados (se você tiver certeza de que a cri-
ança não os levará à boca) são: uma mistura de lentilhas, grãos de feijão e cra-
vos-da-índia, macarrão miúdo de vários formatos, conchas, moedas e contas de
bijuteria velha.

FIADA DE VÁRIOS MATERIAIS


Macarrão seco: (Inadequado para as crianças que ainda levam coisas à
boca.) Dê à criança alguns canudos curtos de macarrão cru para ela fazer colares
e pulseiras, enfiando-os como contas. O melhor barbante para a criança pequena
é o cordão de sapato (se não tiver cordão de reserva, tire um do sapatinho da
própria criança). Se usar barbante, enrole fita adesiva nas pontas do mesmo, a
fim de endurecê-las. Para que os ornamentos fiquem mais vistosos, deixe o seu
filho(a) pintar os canudos com corante comestível. Depois que a tinta estiver
seca, ele poderá passar o cordão pelos canudos.
Limpadores de cachimbo: Constituem ótimos brinquedos para quase todas
as idades, de três até oitenta e três. Um simples envergar das varetas, para lhes
dar uma certa forma, e a união das mesmas, pode resultar numa coleção de
criaturas que vai de elefantes a bonecas. Os limpadores de cachimbo comuns são
apropriados, mas pode ser que você encontre à venda limpadores coloridos e de
várias grossuras.
Canudinhos para refresco e limpadores de cachimbo: Corte os limpadores
de cachimbo em pedaços de cinco centímetros. Ensine o seu filho(a) a introduzir
as extremidades de um desses pedaços nos orifícios de dois canudinhos para re-
fresco. Os limpadores funcionarão como juntas que podem ser flexionadas de
todas as maneiras. Deixe a criança continuar adicionando mais canudinhos
(cortados nos tamanhos que achar melhor) e limpadores de cachimbo até termi-
nar a coisa que ela estiver pretendendo fazer. Para variar, ela poderá furar peda-
ços de papel colorido e enfiá-los nos limpadores de cachimbo antes de uni-los
aos canudinhos.

LIVRE CRIAÇÃO
A maioria das crianças de quatro a cinco anos adora fazer coisas de imagi-
nação, desde que tenha à sua disposição um sortimento de materiais e que receba
incentivo. Experimente dar a seu filho um pouco de cola, fita adesiva e uma co-
leção heterogênea de pinhas, palitos, pequenas embalagens de plástico, cascas
de nozes, pedaços de papel colorido e retalhos de pano, pedaços de rolhas ou
batata, bolotinhas de massa para modelagem, canudos para refresco, fitas, etc.
(Você descobrirá coisas até melhores.) Às vezes a criança tem vontade de fazer
coisas de imaginação e outras vezes poderá preferir fazer um objeto específico,
como uma boneca feita com pregadores de roupa, ou um barco de casca de no-
zes.
Animais feitos com embalagens de plástico: (As crianças de três anos tal-
vez encontrem dificuldade em executar esse tipo de trabalho.) As carcaças de
animais poderão ser feitas com cestinhas de plástico que servem de embalagem
para frutas. Para fazer um leão, por exemplo, você poderá desenhar uma cara de
leão num pedaço de cartolina, pintá-la e colá-la a um dos lados da cestinha de
plástico. Faça as pernas com limpadores de cachimbos e a juba com fios de lã.
Não haverá necessidade de se revestir a embalagem. Ela poderá também ser re-
cortada, com tesoura grande, em diversos formatos que, pendurados por fios de
nylon num cabide, se converterão em mobile.
Bonecas feitas com pregadores de roupa: O pregador de roupa sem molas
(veja ilustração), feito de madeira, é apropriado para a confecção de bonecas. A
criança poderá vestir uma boneca feita com pregador de roupa, envolvendo seu
corpo em um pedaço de pano, à guisa de vestido, ou suas perninhas com algum
retalho de tecido, à guisa de calça. O cinto poderá ser de fita ou barbante. Os
cabelos poderão ser feitos com fios de lã, massinha para modelagem, papel, etc.,
e os braços com canudinhos ou com limpadores de cachimbo. Depois disso, en-
sine a criança a desenhar a lápis de cor ou caneta esferográfica, os olhos, nariz e
boca na cabeça do pregador de roupa.
Barcos de cascas de nozes: (Brinquedo inadequado para as crianças que
ainda levam coisas à boca.) Belos barquinhos poderão ser feitos com cascas de
nozes partidas ao meio e esvaziadas.
Ponha mastros de palitos de fósforo usados, firmando-os com massinha
para modelagem e velas de pedaços de pano branco ou de tiras de papel. Uma
criança diverte-se muito quando navega esses barquinhos numa bacia ou banhei-
ra com água. Esses barquinhos também adornam muito um mobile ou um está-
bile.
Animais e torres feitos com rolhas e batatas cruas: (Brincadeiras desse tipo
não são indicadas para crianças que ainda levam coisas à boca.) Valendo-se de
rolhas de vários tamanhos e de uma porção de palitos, mostre à criança como
espetar quatro palitos numa rolha grande para fazer as pernas de um bicho; use
outro palito para fazer o pescoço e junte a este uma rolha menor para fazer a ca-
beça. Deixe o seu filho(a) tentar fazer, sem nenhuma ajuda, bichos selvagens e
outros que sua imaginação criar. Na falta de rolhas, use batatas cruas inteiras ou
cortadas em vários tamanhos. Com estes materiais ele também poderá fazer tor-
res.
Passarinhos jeitos com pinhas: (As crianças de três anos talvez encontrem
dificuldade na execução desse trabalho.) Ajude a criança a unir com cola uma
pinha grande a uma pequena para obter um corpo e cabeça de ave, respectiva-
mente. Cole às pinhas penas verdadeiras ou feitas com papel colorido picado.
Mobile ou Estábile: (As crianças de três anos talvez encontrem dificuldade
na execução desse tipo de trabalho.) Arranje uma pequena caixa de papelão va-
zia, cujo fundo deverá servir de base a um objeto estático. Introduza a ponta do
gancho de um cabide na base da caixa; trabalhando pelo lado de dentro da caixa,
dobre o gancho e firme-o bem com fita adesiva (ou faça uma base para o mesmo
com uma bolota grande de massinha para modelagem. Deixe a criança amarrar
vários fios de lã ou de nylon, de diversos comprimentos, ao cabide, e pendurar
nas extremidades dos fios vários tipos de enfeites, como:
— Pinhas (brinquedo inadequado às crianças que ainda levam coisas à
boca).
— Colheres de plástico.
— Pedaços de papel colorido.
— Pedaços de papel de alumínio.
— Cortadores de massa.
— Conchas (não são indicadas para as crianças que ainda levam coisas à
boca).

SIMULAÇÃO
As crianças entre as idades de três e seis anos gostam muito de fingir que
são bichos e coisas de todos os tipos, escolhendo, para tanto, toda uma linha que
vai de tigres a aviões. Mas apreciam, particularmente, simular que já são adultas
- - motoristas de caminhões, maquinistas de trem, bombeiros, empregados de es-
critório, a mamãe e o papai.
Por isso, quando você fizer faxina nas gavetas e nos armários embutidos,
não jogue fora as roupas e coisas velhas suas e de seu marido. Seu filho achará,
por exemplo, divertido fingir que está se barbeando com um velho aparelho de
fazer barba (sem lâmina), pincel e creme de barbear. Se o papai tiver por hábito
levar consigo para o trabalho uma lancheira ou pasta, o menino também gostará
de ter objetos semelhantes para, com eles, se exibir pela casa toda.
Os meninos gostam também de usar peças de fardamento — distintivos
policiais, insígnias do exército, capacetes de bombeiros — assim como botas e
chapéus de vaqueiro. As meninas também os apreciam.
As crianças de ambos os sexos gostam de vestir as saias da mamãe. Esse
procedimento é absolutamente normal nessas idades. Não se impressione se o
seu garotinho lambuzar a boca com batom — a menos que você queira resgatar
o de sua predileção — pois isso não é prova de que ele tenha tendências a tor-
nar-se afeminado.
O simulacro não começa nem termina com as vestimentas, pois está incul-
cado nas crianças dessa faixa de idade; ele manifesta-se em todas as suas ativi-
dades, que vão do devaneio até o brinquedo com tintas e barro. Os fantoches são
considerados excelentes meios da criança simular e representar; também o são
os livros de estórias. As crianças de três, quatro e cinco anos de idade, têm a im-
portante tarefa de tentar separar o mundo real do mundo fingido, sendo que dela
se ocupam o tempo todo.
Reis, Rainhas e Vaqueiros: Para brincarem de rei, rainha e vaqueiro tanto
os meninos quanto as meninas adorarão possuir, entre outras, as seguintes peças
de vestuário velho:
Vestidos
Sapatos
Saias
Qualquer uniforme
Blusas
Casacos Aventais Carteiras Flores artificiais Bijuteria
Echarpes
Saiotes armados
Véus
Fitas
Chapéus
Sapatos Camisas Calças Chapéus
Macacões
Calças de trabalho
Cachecóis
Carteira
Insígnias das forças armadas
Emblemas
Bonés
Qualquer uniforme (de policial, médico, carteiro ou militar).
Guarde essas peças de vestuário numa caixa grande para o momento em
que uma das crianças perguntar: "O que vamos fazer agora, mamãe?"

OUTROS MATERIAIS PARA FANTASIA


Papel de alumínio: Se a ocasião for especial e você estiver disposta a usar
esse material mais caro, dará muita alegria à criança. Para uma menina, ajeite
um pedaço circular de papel de alumínio em forma de coroa de princesa ou de
fada. Cubra uma colher de pau ou uma vareta com esse mesmo material para
fazer uma varinha de condão ou cetro. Para um menino, cubra um chapéu com
papel de alumínio; depois corte dois pedaços grandes do mesmo papel e coloque
como se fossem placas um no tórax e outro nas costas da criança. Junte a parte
da frente à das costas amassando o papel na altura dos ombros e firmando-o bem
com fita adesiva. O menino ficará parecendo um cavaleiro com armadura bri-
lhante! Se quiser, cubra a parte superior de uma caixa de sabão para fazer um
escudo.
Sacos grandes de papel: Estes podem ser transformados em máscaras ma-
ravilhosas; se as crianças desejarem máscaras enfeitadas, poderão colorir o lado
de fora dos sacos de papel e colar fios de lã ou de barbante, à guisa de cabelos, e
papel, à guisa de orelhas, etc.
Castelos, grutas e aviões: Uma cadeira talvez seja, para você, apenas uma
cadeira com ou sem manchas de chocolate no assento. Porém, para as crianci-
nhas, cadeiras, mesas e camas podem tornar-se barcos, trens ou uma casa com-
pleta. Bastará apenas uma pequena sugestão sua para dar rédeas à imaginação
das crianças.
Uma cama poderá ficar sendo um barco no qual elas estão viajando. Caso
elas desçam da cama, lembre-as de que estão na água e que deverão nadar para
chegar ao barco.
Uma fileira de cadeiras é usada como trem ou avião. Arrume um lanche
(frutas ou doce) para as crianças comerem na viagem. Uma mesinha sobressa-
lente fará as vezes do restaurante desses meios de transporte. Na hora da partida,
dê-lhes alguns livros para lerem no trem ou no avião.
Uma mesa de jogo ou de cozinha, com ou sem colcha ou cobertor, trans-
forma-se, facilmente, em uma casinha ou gruta.
Uma pequena lixeira, feita com material resistente, poderá converter-se
num bom cavalo, para montaria de lado.
Tubos de papelão (de rolos de papel higiênico ou de toalhas de papel) po-
dem ser transformados em reais cometas, megafones e telescópios, principal-
mente se você envolvê-los com fita adesiva colorida. Forneça um exemplar ao
seu filho(a) e sugira-lhe brincar de músico da banda, marinheiro a bordo ou de
astronauta observando outros planetas.
Caixas grandes de papelão, três ou quatro enfileiradas, simularão um trem.
O condutor poderá valer-se de uma embalagem de ovos para receber o dinheiro
e fornecer as passagens feitas de pedaços de papel picado. O vendedor do trem
se incumbirá de vender revistas e sanduíches. Pequenas lancheiras verdadeiras,
contendo docinhos e uvas-passas, poderão acompanhar os passageiros na via-
gem.
Um prato de papelão fará as vezes de um volante. Essa mesma fileira de
caixas de papelão poderá representar um carro ou um barco. Para variar, faça
uma laçada de tamanho adequado num pedaço de corda de varal e amarre a ou-
tra extremidade a uma caixa. As crianças poderão, em turnos, conduzir e serem
conduzidas. Enquanto se divertem, estarão queimando o excesso de energias.
Latas e caixas vazias de conservas podem simular um ótimo armazém de
brinquedo. Guarde uma boa coleção para o armazém dos dias chuvosos. Enxá-
güe as latas sem estragar as etiquetas. Com pedaços de papel de alumínio ou de
papel colorido faça papel--moeda e forneça botões para representarem moedas.
Uma embalagem de ovos será uma ótima caixa. As crianças passarão momentos
divertidos representando o papel de donos de armazéns. Segue uma lista de latas
e caixas que poderão ser guardadas para esse fim:
de doces de sal de frutas de fermento
de bolachas
de sucos
de sopas
de chocolate em pó
de chá
de leite em pó de legumes de sabão
Um pé de meia curta poderá ser colocado na ponta de um cabo de vassoura,
para simular a cabeça de um cavalinho de pau. Encha a meia com trapos e amar-
re-a, firmemente, ao pescoço do cavalo em volta do cabo. Se quiser — e se a
criança não tiver o hábito de levar coisas à boca — acrescente olhos de botões e
língua de pano vermelho.

FANTOCHES
Pequenos sacos de papel podem ser convertidos em fantoches manuais,
desde que você ensine a criança a desenhar as caras dos mesmos. Um saco bran-
co será usado para fazer um fantasminha; um saco lustroso, para fazer um cava-
leiro. Se você fizer um pequeno orifício, à guisa de boca, a criança poderá intro-
duzir nele um de seus dedinhos, para fazer as vezes de uma língua. Dois dedi-
nhos substituirão as orelhas.
Meias curtas e mitenes velhas também poderão, com bons resultados, ser
convertidas em fantoches manuais. A criança poderá enfiar a mão até a ponta da
meia (ou mitene) e fazer o fantoche falar por meio de movimentos do polegar da
criança contra os demais dedos. Pregue, se quiser, na parte da meia ou mitene
destinada aos dedos, dois botões à guisa de olhos e um à guisa de nariz; faça a
boca costurando uma tirinha de pano vermelho.
Fantoches de batata e de maçã: Com a ponta de uma faca ou de um ins-
trumento apropriado, faça uma cavidade, do tamanho de um dedinho de criança,
no meio de uma maçã ou batata grande. Depois prenda (com pedaços de palito)
duas fatias de azeitonas recheadas, à guisa de olhos. Poderá, também, entalhá-
los ou fazê-los com cravos-da-índia. Um lenço amarrado à mão da criança com-
pletará o corpo do fantoche. Para movimentá-lo, a criança agitará o dedinho
dentro da cavidade.
A própria mão poderá ser um fantoche: Com tinta mágica, la-vável, dese-
nhe olhos, nariz e boca nos vincos da palma da mão de seu filho(a). Movimen-
tando os dedos, ele poderá criar uma porção de expressões cômicas. Se duas cri-
anças tiverem ambas as mãos desenhadas, terão quatro tipos de fantoches para
entabu-larem conversas.
Casas de bonecas: (As crianças de três anos talvez encontrem dificuldade
em executar esse trabalho.) As casas de bonecas vendidas nas lojas de brinque-
dos raramente têm espaço suficiente para as crianças brincarem com a sua famí-
lia em miniatura. As feitas em casa são muito fáceis de serem executadas e são
melhores do que as compradas. Poderão ser abertas na parte de cima ou de um
dos lados e, neste último caso, cada compartimento ficará semelhante a um pe-
queno palco. Você poderá fazer uma dessas casas, usando várias caixas de pa-
pelão duro e ondulado. (As caixas de papelão para embalar bebidas são as mais
resistentes, mas as embalagens de latarias pesadas que são distribuídas nos su-
permercados também servem.)
Usando uma pequena faca de cozinha, faça, nos lados, aberturas para portas
e janelas. Uma casinha térrea, sem teto, facilita a colocação dos objetos mas, se
a criança o exigir, faça um teto removível, usando uma folha grande de papelão
grosso ou, empilhando duas ou três caixas, poderá fazer uma casa de maior nú-
mero de andares. Nesse caso é melhor usar a modalidade de casa que tem aber-
tura lateral. Se a caixa for comprida e bem larga, poderá dividi-la, com papelão,
em dois compartimentos.
Seu filho(a) poderá pintar a guache as paredes interiores da casa, ou reves-
ti-las com retalhos de papel de parede ou pano. Papel contact é também muito
adequado. Use pequenos retalhos de tecido grosso, à guisa de tapetes.
Caixas de charutos, embalagens circulares de queijo e caixas de fósforo
formam mesinhas e caminhas. Cole palitos de fósforo ou pinos de madeira para
formar as pernas dos móveis. Caixinhas para embalar presentes podem, igual-
mente, ser transformadas em banheiras, camas e mesas. Não importa que não se
pareçam com a coisa verdadeira. Um simples pedaço de pano ou um pedaço de
sabonete ou esponja, transformarão uma caixinha em cama ou banheira, respec-
tivamente.
Uma família de bonecas pode ser formada com limpadores de cachimbo e
com barro ou com pregadores de madeira sem molas. Todavia, as bonecas mi-
núsculas de borracha flexível ou de plástico, com membros articuláveis, vendi-
das em lojas de brinquedo são, sem dúvida, mais satisfatórias porque podem fi-
car sentadas e são vestidas e trocadas com mais facilidade.
Casinhas de brinquedo: Caixas de papelão ondulado de grandes dimen-
sões, usadas para protegerem fogões, geladeiras e outros artigos durante o trans-
porte, podem, em geral, ser aproveitadas para a construção de maravilhosas ca-
sinhas de brinquedo. Embora você ou os seus vizinhos talvez não estejam em
vias de comprar um desses artigos, quem sabe você, não obstante, conseguirá
arranjar uma caixa em alguma loja especializada na venda de aparelhos de uso
doméstico. Às vezes, o gerente da loja poderá ceder uma embalagem de um dos
artigos em exposição. Em caso negativo, a única solução será comprar uma cai-
xa; consulte as Páginas Amarelas para obter endereços de fabricantes de papelão
ondulado.
Para fazer uma casinha, abra, primeiramente, uma porta e uma janela. Seu
filho(a) fará a pintura da mesma, usando guache e um pincel grande. A mobília e
a decoração da casa ficarão também a cargo dele. Retalhos de tecido serão usa-
dos à guisa de cortinas (ajude-o a pregá-las com fita adesiva larga). Uma ou du-
as almofadinhas velhas farão as vezes de cadeira ou de cama, e algumas paneli-
nhas e tigelinhas comporão uma cozinha. Se a casa for utilizada ao ar livre, ela
se conservará por mais tempo se você tiver o cuidado de pintá-la e arrastá-la à
noite para um local abrigado. Use tinta a jato, que é mais simples de ser usada.
Faça esse trabalho quando seu filho(a) estiver dormindo, senão ele ficará com
vontade de ajudá-la e as crianças pequenas não devem entrar em contato com
tinta a jato.
O bode expiatório — um boneco especial
As crianças na idade aproximada de três anos entram numa fase relativa-
mente calma e, por isso, poucos são os membros da família que recebem socos,
pontapés ou arranhões. Entretanto, ocorre-lhes uma outra idéia — uma ótima
idéia — a de que bater em alguma coisa é quase tão bom quanto bater em al-
guém, com a vantagem de não passarem por tantos apuros. Dar socos num ur-
sinho de pelúcia ou atirá-lo ao chão, parece-lhes mais seguro do que atacar a ir-
mãzinha menor ou a mamãe. Às vezes, as crianças pequenas reservam, esponta-
neamente, um de seus próprios bichinhos ou bonecas para que sirvam de bode
expiatório das suas cóleras e frustrações. Elas o sovam, repreendem e dão-lhe
pontapés. Às vezes, um boneco feito especialmente para esse fim, poderá ajudar
muito uma criança.
Por que tais agressões são necessárias? Por que as crianças não podem
aprender a não ficar com raiva e a não esmurrar o próximo? Aprender novas coi-
sas — como jogar bola, comer com colher, sentar-se à mesa — é tarefa difícil e
que acarreta, freqüentemente, frustrações. As crianças aprendem principalmente
porque os pais assim o desejam. Elas querem agradá-los, mas o trabalho é árduo.
Precisam controlar os músculos das mãos e dos pés, os olhos, os ouvidos e os
intestinos. A frustração e a raiva são inevitáveis quando as crianças estão se des-
envolvendo. Ao contrário dos adultos, que podem arremessar com raqueta uma
bola de tênis, jogar boliche ou desabafar seus sentimentos com um amigo com-
placente, as crianças pequenas não dispõem de muitos recursos para extravasar
suas frustrações. Poderão, porém, aprender a se desabafar agredindo coisas ao
invés de pessoas, o que já constitui um grande passo à frente. Você deverá aju-
dá-las a adotar esse procedimento.
Inúmeras mães e professoras de escolas maternais afirmam que o boneco
bode expiatório dá ótimos resultados. Em certos casos, vale a pena fazer uma
quantidade de bonecos para representar a família inteira - - mãe, pai, o bebê
(este boneco será realmente muito importante se houver em casa uma criança
recém-nascida), e a irmãzinha ou irmãozinho mais velho.
Uma maneira fácil de fazer um bode expiatório é a seguinte: Recorte num
pedaço de lonita ou brim grosso o contorno de uma cabeça de boneco. Encha-o
com meias velhas de nylon (ou com espuma de plástico) e costure-o. Borde as
feições do boneco com linha de bordar colorida. O cabelo é feito com fios de lã
grossa costurados no próprio tecido. Os fios devem ficar bem seguros para pode-
rem agüentar os puxões. Esse boneco não precisa ter corpo. Simplesmente pre-
gue ao tecido que termina no pescoço uma blusa de mulher, camisa de homem
ou um casaquinho velho de bebê. Para melhor identificação por parte da criança,
use roupas pertencentes à pessoa que será transformada em bode expiatório.
Com ele as crianças poderão desabafar, sem causar danos, sentimentos que pre-
cisam e devem ser externados. Sentimentos recalcados poderão causar futuras
perturbações. Você ficará surpresa com os ótimos resultados que esses bonecos
proporcionarão.

PREPARAÇÃO DE COMIDA E LIMPEZA DE CASA


As crianças querem ajudar a mamãe: Muitas tarefas domésticas constituem
divertimentos para as crianças. Sentem-se felizes e, ao mesmo tempo, ficam
ocupadas enquanto você estiver trabalhando; gostam de sentir que estão traba-
lhando ao seu lado. A criança de cinco anos gosta muito de ser útil e ajudar a
mamãe.
A criança de três anos pode não lhe prestar reais serviços, mas tem, fre-
qüentemente, muita vontade de ajudar. Não a esmoreça. Escolha um trabalho
simples que não exija precisão ou atenção meticulosa e que possa ser feito de
maneira superficial. Ela logo aprenderá a fazer as coisas com perfeição.
A lavagem de louças, de vez em quando, proporciona à maioria das crian-
ças um verdadeiro prazer. Deixe as crianças menores começarem com recipien-
tes de alumínio, de plástico ou com talheres. As que já estão com cinco anos, em
geral, são capazes de manusear objetos quebráveis sem danificá-los.
A arrumação da mesa: As crianças de três anos conseguem aprender a dis-
tinguir o lado direito do lado esquerdo, colocando, nos respectivos lugares da
mesa, as esteiras, guardanapos e talheres. As mais velhas podem acrescentar os
copos.
A lavagem de madeiramento, geladeira, fogão, cadeiras e bancos é um tra-
balho que causa satisfação à criança. Dê-lhe uma bacia com um pouco de água e
sabão. Ensine-a a espremer a esponja para tirar o excesso de água; ela, então,
poderá entregar-se ao trabalho. Este dará bons resultados, pois muitas superfí-
cies ficarão brilhando depois de persistentes esfregas.
E divertido tirar o pó dos móveis e usar o aspirador: Enquanto você se in-
cumbe de tirar o pó dos móveis, consinta que seu filho use o aspirador. Quando
você precisar deste último, ele poderá lustrar os móveis com um pedaço de fla-
nela. Uma criança de três anos pode aprender a fazer revezamento.
Classificação de talheres: A criança que já completou quatro anos tem ca-
pacidade de pôr em ordem uma gaveta de talheres, separando e fazendo peque-
nos lotes de colheres, de garfos e de facas.
Lavagem de legumes: Deixe o seu filho(a) lavar batatas, cenouras e beter-
rabas. Dê-lhe uma escovinha apropriada para esse trabalho.
O preparo de legumes: Todas as crianças gostam de debulhar milho e er-
vilhas, rasgar folhas de alface e cortar vagens. Dê a seu filho uma faca sem corte
e deixe-o picar uma batata. Você poderá cozinhá-la ou jogá-la fora (a criança
ficará mais contente se você cozinhar a batata).

PREPARAÇÃO DE ALIMENTOS QUE NÃO PRECISAM IR AO FOGO*


* As crianças de três anos talvez encontrem dificuldade em executar este tipo de
trabalho.
Glacê: Quando estiver fazendo bolinhos, faça a seguinte receita básica de
glacê branco:
— 1/4 de xícara de manteiga derretida.
— 3 xícaras de açúcar de confeiteiro.
— 3 a 4 colheres de sopa, de leite.
— l colher de chá de essência de baunilha.
Dê a cada criança um copo de plástico contendo pequena quantidade de
glacê, ao qual ela mesma adicionará corante comestível. Também incumbir-se-á
de pôr o glacê numa forminha e decorá-lo com chocolate granulado, uva-passa,
nozes picadas ou com pequenas porções de geléia. (Quando você estiver cobrin-
do um bolo, dê às crianças as sobras de glacê para elas pingarem sobre biscoitos
simples e adicionarem chocolate granulado ou uva-passa.)

Sobremesas de preparo instantâneo: (Uma criança de três anos talvez en-


contre dificuldade em realizar esse trabalho.) As crianças gostam de abrir paco-
tes de gelatina em pó e outras sobremesas __que não requerem cozimento —
colocar os conteúdos em tigelas e adicionar leite frio ou água previamente medi-
dos por você. (Adicione, você mesma, água fervendo à gelatina.) Deixe as crian-
ças ficarem em pé nas cadeiras junto à mesa da cozinha para despejarem o pó e
mexerem a sobremesa com mais facilidade. Elas deverão também colorir suas
próprias porções de cereais em flocos, farinhas lácteas e outros mingaus de pre-
paro instantâneo com corantes comestíveis e decorá-los com pedacinhos de no-
zes, uva-.passa, geléia ou creme de chantilly.
Limonada e laranjada: É bom saber que as crianças adoram extrair o caldo
de laranjas e limões. Ofereça-lhes um espremedor manual, açúcar e água e dei-
xe-as fazer um delicioso refresco. Com um pouco de ajuda, poderão encher com
esse refresco um recipiente para gelo e levá-lo à geladeira para transformar o
líquido em cubos de gelo.
Saladas à hora do jantar: Enquanto você estiver preparando o jantar, as
crianças poderão enfeitar metades de peras ou pêssegos com caras feitas de ce-
rejas, uvas-passas, tiras de maçã ou rodelinhas de cenouras. As peras cortadas ao
meio são adequadas à formação de coelhinhos. Ensine as crianças a fincar ore-
lhas de fatias de amêndoas e a colocar rabinhos de requeijão.
Pratos quentes: (As crianças de três anos talvez encontrem dificuldade em
realizar esse trabalho.) Uma criança de cinco anos considera uma grande honra
ter permissão para virar panquecas. Desde que você a supervisione de perto, ela
poderá mexer ovos, fazer torradas e cozinhar cachorros-quentes. Também apre-
ciará moldar e fritar seus próprios hamburgers.
É aconselhável que você não ponha outra comida no fogo enquanto estiver
observando o trabalho da criança. Deixe-a cozinhar numa hora em que você não
tenha de cuidar de crianças mais novas.
Pão de minuto: (As crianças de três anos talvez encontrem dificuldade em
realizar esse trabalho.) Compre massa pronta para ser misturada com água e dei-
xe as crianças sovarem e enrolarem os pãezinhos. Não importa quais sejam os
seus formatos, mas sim o fato de as crianças estarem aprendendo, também, a
contar, alinhar as unidades no tabuleiro e a utilizar uma ampulheta para marcar o
tempo de cozimento. Mais do que qualquer outra coisa, as crianças gostarão de
observar você comer algo feito por elas.
JOGOS
Boliche: (As crianças de três anos talvez encontrem dificuldade em jogar
este tipo de jogo.) Para improvisar um jogo de boliche, ajunte dez garrafas de
plástico (vasilhame de água mineral é ideal) e uma lata de conservas, cilíndrica e
fechada, que as crianças possam rolar no chão da cozinha. (Talvez seja melhor
colocar um travesseiro atrás das garrafas, para proteger a parede mais próxima.)
Guerrinha de jornais; Permita que a crianças façam pelotas de jornal amar-
rotado, à guisa de munição, e construam trincheiras de caixas de papelão para
brincarem de guerrínha. Ninguém se machucará e muita agressividade será ali-
viada.
Jogo de cabo de vassoura com chapéu: Amarre o cabo de uma vassoura ao
espaldar de uma cadeira e pendure nele um chapéu velho que as crianças tenta-
rão derrubar por meio de arremesso de uma esponja de plástico seca ou de um
saquinho de pano contendo feijão cru.
Arremessos circenses: Faça uma abertura circular de bom tamanho num
lençol velho; drapeje-o numa cadeira ou mesa. Deixe as crianças brincarem de
arremessar uma esponja para tentar em-bocá-la na abertura. Quando você orga-
nizar uma festinha para as crianças, pinte uma cara grande no lençol e deixe a
abertura servir de boca.
Jogo de arremesso: Forneça às crianças uma porção de botões grandes ou
cartas de baralho e um chapéu velho (ou caixa de sapatos), para elas tentarem
embocar o maior número possível de peças.
Quebra-cabeças: Pode-se manter uma criança (ou um grupo de crianças)
entretida por bastante tempo com quebra-cabeças feitos de ilustrações de revis-
tas. Escolha para cada criança uma ilustração grande e colorida e cole-a sobre
uma folha de papelão de igual tamanho. Depois, corte-a em quatro ou cinco
partes para serem rejuntadas pela criança. Faça troca de quebra-cabeças quando
elas conseguirem armar os próprios com facilidade. Depois de algum tempo,
corte-os em pedacinhos para torná-los mais difíceis de serem armados.

BRINCADEIRAS MUSICADAS
Canto e dança: As crianças de três anos são capazes de cantar trechos de
músicas e se divertem em dar pulos pela sala acompanhando o ritmo. Quando
completam quatro anos, elas, geralmente, reconhecem melodias e são capazes de
cantar músicas inteiras. Como as crianças nessa idade sentem fascinação por si-
mulacros e estão sempre prontas a tomar parte em brincadeiras em grupos, estão
na fase ideal de conhecer as maravilhosas antigas brincadeiras cantadas como
"Ciranda, Cirandinha", "Marcha Soldado", "Carneirinho, Carneirão" e "Vamos
passear na floresta".
Se você souber tocar piano — ainda que seja só um pouco — e seus fi-
lho(a)s tenham entre três a seis anos de idade, eles constituirão uma audiência
que realmente saberá aplaudi-la. Aos cinco anos, muitas crianças aprendem a
tocar com um só dedo melodias simples — desde que você as ensine. Podem,
também, começar a produzir movimentos primitivos de corpo, acompanhando
os ritmos das músicas.
A dança passa a ser uma coisa importante para as crianças de cinco anos,
embora não estejam ainda preparadas para receber quaisquer modalidades de
aulas de dança. Bastará uma pequena sugestão de sua parte ("faça de conta que
você é um índio" ou "faça de conta que você é uma árvore ao vento" ou "um ele-
fante") para a criança nessa idade agachar-se, dobrar-se, bambolear o corpo, an-
dar nas pontas dos pés e criar passos bastante elaborados ao ritmo da música. As
crianças gostam mais de dançar descalças. Uma seção de dança um pouco antes
da hora de dormir, estando as crianças em folgados pijamas e de pés descalços,
diverte e ajuda a prepará-las para o sono.
O uso de um chapéu e de algo para segurar na mão, elimina, com freqüên-
cia, o acanhamento e liberta os movimentos e a imaginação da criança enquanto
estiver dançando. Dê a seu filho echarpes de seda (ou de papel crepom), uma
pena grande ou uma folha. Qualquer chapéu serve, ou então experimente dar-lhe
uma máscara de papel .

SONS MUSICAIS
Quase todas as crianças entre as idades de oito meses até seis anos (e tam-
bém as de sete, oito, nove e dez anos) divertem-se imensamente com os seguin-
tes objetos transformados em instrumentos musicais:
Tampas de panelas: Duas tampas com superfícies planas simulam um cím-
balo.
Misturador de bebidas: Ponha uma certa quantidade de macarrãozinho cru
em um misturador de metal, ou num recipiente de alumínio, e firme bem a tam-
pa para fazer um reco-reco.
Latas grandes vazias: São fáceis de serem manejadas e batidas. Certifique-
se de que não têm rebarbas. Conserve ou elimine as etiquetas. O efeito será o
mesmo.
Colher de pau: Este objeto é ótimo para fazer soar latas e tampas.
Tubos de papelão de toalhas de papel: Quando o papel terminar, converta
os tubos em pífaros e chocalhos. Para fazer um pífaro, faça cinco furinhos enfi-
leirados nas proximidades de um dos extremos do tubo. Depois, vede a outra
extremidade com papel parafinado. Quando a criança sussurrar uma melodia
dentro do tubo, o som se ampliará. Se ela tapar, com os dedinhos, alguns dos
furos, poderá produzir sons musicais diferentes.
Interessantes chocalhos ou maracás poderão ser improvisados colocando-
se punhados de feijão, arroz ou seixos em embalagens cilíndricas vazias e fir-
mando-se as tampas com fita adesiva.
Embalagens de produtos diversos poderão ser aproveitadas para a confec-
ção de tambores e tamborins. Firme a tampa da embalagem por meio de fita
adesiva, para transformá-la em tambor, ou então dê à criança apenas a tampa, à
guisa de um tamborim.
Latas vazias de tinta: Estas latas, sem tampas e sem fundo, poderão ser
transformadas em ótimos tambores. Arranje uma câmara-de-ar estragada, recorte
dois discos do tamanho da circunferência da lata a ser usada e faça perfurações
nas bordas dos discos com um furador de papel, ou com uma tesoura. Depois,
prenda-os à lata por meio de barbante ou de cordão de sapato alternadamente
passado entre os furos de ambos os discos pela parte externa da lata. Cordões de
plástico ou de couro são os mais indicados.
Pentes, cobertos com papel de seda, transformam-se em gaitas que produ-
zem um bonito som metálico. Mostre à criança como segurar o pente junto aos
lábios e cantar ou sussurrar com a boca entreaberta. Essa brincadeira também
produz cócegas.
Uma caixa de sapatos, sem a tampa, com oito ou dez anéis de elástico de
vários tamanhos, esticados à volta da caixa, converte-se em harpa ou guitarra
para ser dedilhada.
Blocos de madeira: Pregue ou cole lixas de papel num dos lados de dois
blocos de madeira. Quando atritados, de forma a acompanhar o compasso de
uma música, as lixas produzirão um som arrastado semelhante ao dos conjuntos
musicais.
Sacos de papel pardo (ou de qualquer outra cor) poderão ser convertidos
em chapéus cômicos para uso dos músicos da banda. Enrole as bordas em diver-
sos formatos para fazer as abas. Você poderá comandar o desfile até o quintal
para atrair maior número de recrutas.
Discos: Ao escolher discos para crianças de três a seis anos, não se esqueça
de incluir alguns destinados aos adultos e que contenham música folclórica,
clássica, de jazz e de dança. Música de Mozart não é ouvida em silêncio pela
criança pequena (a não ser que seja um músico inato), mas constitui agradável
música de fundo nas horas de pintura feita com os dedos; ela também auxilia
uma criança agitada a pegar no sono.
Seja qual for a música de seu agrado — de dança, folclore, ópera ou canção
— ela poderá também agradar a seu filho(a). O importante é a participação
conjunta.
Isso aplica-se, também, com referência a certas modinhas que sugerem de-
terminados gestos e movimentos de corpo -- como a do "Pirolito que bate, bate".
A primeira vez que o seu filho(a) ouvir uma delas ficará radiante se você cantar
e fizer os movimentos junto com ele.
Os discos de estórias infantis serão interessantes para as horas de sossego
compulsório em que você estiver ocupada e não puder ler para a criança. Tam-
bém serão úteis quando uma criança convalescente tiver que permanecer em re-
pouso. Todavia, um disco nunca poderá proporcionar o mesmo clima de intimi-
dade e aconchego que você oferece quando lê estórias para seu filho.
PLANTAS E ANIMAIS
Uma criança pode aprender coisas sobre a natureza até num pequeno apar-
tamento de cidade. Procure uma aranha, algumas formigas ou minhocas e colo-
que-as dentro de um recipiente de vidro. (Se você for demasiadamente escrupu-
losa, peça a cooperação de alguém!) Perfure a tampa do vidro para que os bichi-
nhos possam respirar, e acrescente um punhado de terra, grama e folhas. A cri-
ança observará as formigas e as minhocas fazerem túneis e a aranha tecer uma
teia. Uma pequena lupa torna a observação mais absorvente ainda. Decorridos
alguns dias, solte os bichinhos num gramado ou num trecho de terra para vive-
rem em liberdade.

PLANTAS
As plantas também consomem água: Encha um copo com água e adicione
algumas gotas de corante comestível de cor vermelha. Corte, então, a parte infe-
rior de um talo de aipo, ou de uma cenoura, e sugira à criança colocá-lo dentro
da água colorida. Depois de várias horas, deixe-a cortar o legume com uma faca
desafiada. Se o legume usado for aipo, ele apresentará listras vermelhas 'e bran-
cas; se for cenoura, ela ficará vivamente vermelha por dentro. Essa surpresa
mostrará à criança que as plantas também precisam de água.
Outras necessidades das plantas: Deixe o seu filho(a) molhar uma esponja
de plástico e salpicá-la com sementes de grama (ou de alpiste). Coloque-a sobre
um prato e cubra-a com um utensílio de vidro transparente. Deixe-a, assim co-
berta, no parapeito de uma janela ensolarada e permita que o seu filho(a) a regue
diariamente. Quando surgirem os primeiros brotos, destampe o prato e, depois
de algum tempo, coloque uma vasilha opaca sobre a grama brotada. Após alguns
dias, destampe-a para que seu filho(a) observe o resultado. Formule a pergunta:
"O que uma planta necessita além de água?"
Batata com cara cômica: Retire um pouco da polpa de uma batata grande e
introduza nessa cavidade um chumaço de algodão umedecido. Depois corte a
extremidade oposta, para que a batata assente em posição vertical e coloque-a
numa pequena vasilha com água. Deixe seu filho(a) salpicar sementes de grama
(ou de alpiste) sobre o algodão umedecido. Em poucos dias, desde que ele as
umedeça assiduamente, a batata produzirá uma linda cabe-:ira verde. Então, ele
poderá fazer os olhos, nariz e a boca da batata, espetando na mesma, com pali-
tos, pequenos dentes de alho.
As raízes são uma boa distração: Pegue alguns grãos de milho (ou de fei-
jão) e ponha-os de molho pelo espaço de uma noite. Ensine, então, a criança a
umedecer um chumaço de algodão e colocá-lo no fundo de um copo, adicionan-
do alguns grãos de milho. Depois de algum tempo, ela poderá notar os pequenos
fios de raízes espalharem-se e, logo depois, os caules crescerem à procura de ar
e luz. (Verifique se a criança está umedecendo o algodão. )
Arvores provenientes de sementes: Sementes de goiaba, laranja e limão,
deixadas de molho de um dia para o outro, podem ser plantadas em vasos con-
tendo terra vegetal. Com boas regas e sol suficiente, surgirão brotos escuros e
lustrosos que se desenvolverão até formarem pequenas árvores.
Flores de cebola: Espete três palitos numa cebola grande, para formar uma
base, e depois coloque-a sobre um pequeno copo com água, de maneira que a
sua parte inferior fique submersa. Deixe-a sobre o parapeito de uma janela en-
solarada. Soltará, dentro de algum tempo, graciosas folhas verdes e, eventual-
mente, produzirá uma flor.
Pequenos canteiros de cascas de ovos: Toda vez que você fizer algum
prato que leve muitos ovos, guarde as cascas para o canteiro das crianças. Elas
poderão encher as metades das cascas com terra, aninhá-las em embalagens de
ovos e plantar em cada uma delas uma semente grande, como de zínia, malme-
quer, grão de ervilha seca ou de feijão (depois que tenham ficado a noite inteira
de molho). Conserve o canteiro umedecido. Nem todas as sementes brotarão,
mas pelo menos a metade deverá vingar. Quando atingirem a altura de quatro
centímetros, poderão ser mudadas para pequenos vasos e, mais tarde, plantadas
no jardim ou quintal.
Trepadeira de batata-doce: Ponha a ponta mais estreita de uma batata-doce
dentro de um copo com água e deixe-a num ambiente interno com pouca luz.
Dentro de dez dias ela poderá ser levada para um lugar mais claro. Se não faltar
água no copo, crescerão inúmeros ramos e folhas que formarão uma bonita tre-
padeira para enfeitar a janela da sua cozinha. Consinta que seu filho(a) lhe ajude
a pôr água no copo diariamente.
Abacaxi: Mostre à criança como tirar uma fatia de cinco centímetros de
grossura da extremidade superior de um abacaxi, deixando-a secar sobre um pi-
res por dez dias. Então, ambos poderão plantá-la num pequeno vaso com terra
arenosa umedecida. Conserve-a sempre úmida e, dentro de um mês, depois que
começar a soltar raízes, mude-a para um vaso maior contendo terra vegetal e
areia. Ela tornar-se-á uma planta exótica para enfeitar a casa e, quem sabe, pro-
duzirá até um abacaxi.
Caroço de abacate: O período de espera (geralmente de seis a sete sema-
nas) é longo, mas, uma vez que o caroço germine e a planta comece a crescer, as
transformações se processam rapidamente. Escolha um caroço de fruta bem ma-
dura. Em primeiro lugar, lave-o com água morna. Introduza, então, no mesmo,
vários palitos para apoiá-lo sobre um copo, de maneira que um terço do seu ta-
manho fique imerso. Ponha-o num lugar quente e com pouca luz por um espaço
de quatro a sete semanas. Seu filho(a) se incumbirá de ir adicionando a água ne-
cessária. Diga-lhe que o caroço deverá rachar e soltar uma haste e raízes. Quan-
do isso acontecer, ele ficará radiante de ser o primeiro a transmitir-lhe a boa
nova. Então, é chegado o momento de transferir a planta para um local mais
iluminado.
Quando ela atingir a altura de treze centímetros, deverá ser mudada para
um vaso grande com terra (que tenha pelo menos vinte e três centímetros de di-
âmetro). Desde que a planta esteja num local ensolarado e seja regada uma ou
duas vezes por semana, ficará logo do tamanho do seu filho(a). Essa experiência
é mais indicada para crianças maiores, pois as menores não têm paciência de
esperar por muito tempo. Até mesmo as maiores tendem a esquecer de pôr água
no copo durante o longo tempo que o caroço leva para germinar. Fica mais di-
vertido depois que surge o primeiro broto.

ANIMAIS
A maioria das crianças, mesmo as de pouca idade, gosta de animais. Mas
não se pode esperar que as crianças cuidem deles enquanto não completem seis
ou sete anos. A não ser que você tenha crianças de mais idade, cairá em suas
mãos o trabalho de tratar e alimentar gatos, peixinhos dourados ou quaisquer
outros bichinhos de estimação que possa lhes oferecer. Além disso, as crianças
pequenas não têm noção de suas próprias forças nem dos danos que poderão
causar. Muitas criancinhas ferem ou matam filhotes de gatos e de outros animais
porque os apertam com demasiada força. Antes de a criança completar cinco ou
seis anos de idade, não se pode esperar que ela compreenda a diferença entre
apertar e segurar com delicadeza. Assim sendo, você precisará ficar perto da cri-
ança, quando ela estiver brincando com um bichinho de estimação, para mos-
trar-lhe como deverá segurá-lo. Por outro lado, não há nada tão instrutivo como
cuidar de animais. Observar um gatinho, um coelhinho ou um peixinho dourado
brincar e crescer é uma experiência maravilhosa que diverte e ensina. A criança
que já completou cinco anos tem capacidade para observar e fazer perguntas
objetivas: "O que um porquinho-da-índia come?", "Como o coelho faz a sua
toca?", "A tartaruga gosta mais daquele canto do jardim do que do outro?", "Um
ratinho branco é tímido?" ou "Com que se parecem os gatinhos recém-
nascidos?" Para as crianças bem pequenas, é mais divertido observar os bichi-
nhos do que segurá-los.
Comedouro jeito em casa: Caso você resida em um lugar mais afastado do
centro da cidade, a criança poderá observar a passarada voar e pousar. Até mes-
mo as crianças de apenas dois anos de idade gostam de olhar pela janela e en-
contrar um pássaro no comedouro. As maiores notarão os diversos tamanhos das
aves e apreciarão ficar à procura de exemplares das raças que já conhecem atra-
vés de ilustrações. Infelizmente, as crianças que moram em áreas urbanas têm
poucas oportunidades de observar outras aves além de tico-ticos, pardais e pom-
bos.
A criança que já completou quatro anos é capaz de fazer um comedouro
para pássaros, usando uma caixa de papelão parafinado. Ajude-a a recortar, com
tesoura de ponta rombuda, a partir de dois e meio centímetros da parte inferior
da caixa, duas janelas de cinco a sete e meio centímetros de largura por dois e
meio centímetros de altura. (Se forem mais altas, as sementes poderão se disper-
sar.)
É difícil pintar papelão parafinado, mas seu filho(a) poderá decorá-lo ou
cobri-lo com papel contact ou com uma folha grossa e papel de alumínio, que
também é adequado. (Papel comum, naturalmente, ficaria estragado no primeiro
dia de chuva.) Passe um pedaço de barbante, corda ou linha de nylon grossa, a
parte superior da caixa, a fim de pendurá-la num galho próximo de numa pér-
gola. Ponha um punhado de alpiste ou um pedaço de sebo no chão do comedou-
ro.
Alguns dos bichinhos de estimação que não exigem muitos cuidados, e que
são particularmente indicados para as crianças pequenas são:
Os gatos, que estão sempre em disponibilidade. É divertido vê-los brincar,
principalmente quando- são filhotes; são muito afetuosos — é claro que apenas
quando estão dispostos. Por não necessitarem de muito exercício, podem viver
bem, dentro de apartamentos. Quando você for viajar, poderá deixá-lo com ami-
gos ou vizinho, sem temer complicações. A maioria dos gatos agüenta muita
coisa das crianças, mas há alguns que se enfurecem e as arranham, quando as
brincadeiras passam dos limites (como a de puxá-los pela cauda). Esse ataque
repentino poderá assustar uma criança pequena. (Não se esqueça de mandar va-
cinar o gato — e o cão, principalmente — contra hidrofobia e certifique-se de
que a criança está vacinada contra tétano, em caso de arranhões ou mordidas.)
Os cães são animais cuja aquisição exige concordância prévia da mãe, do
pai e de todas as crianças. A família inteira precisa ser consultada antes de se
tomar qualquer iniciativa. Os cães necessitam da nossa companhia e das nossas
brincadeiras. São mais receptivos do que a maioria dos outros animais de esti-
mação. Em pouco tempo um filhote passa a fazer parte da família, mas exigirá
muita atenção, carinho e treino. Uma família não deve adquirir um cachorro a
não ser que disponha de tempo para dispensar-lhe os cuidados necessários.
Certas raças são menos sensíveis do que outras e toleram as importunações
e as brincadeiras das crianças pequenas. Se você estiver cogitando na aquisição
de um cachorro, pergunte a um veterinário qual a raça mais indicada para convi-
ver com seus filhos e que mais se adapte à sua específica condição de vida. Al-
guns cães contentam-se com um pequeno passeio, presos à co-leira, enquanto
outros sentem necessidade de perambular pelos espaços abertos. A maioria dos
criadores de cachorros afirma que, ao se adquirir um animal para conviver com
crianças pequenas, deve-se escolher um filhote, pois ele deve ser criado em
companhia delas e se habituar desde cedo às suas brincadeiras.
Peixes dourados e tartarugas requerem poucos cuidados. O maior proble-
ma é conservá-los vivos. Por isso, supervisione a alimentação desses seres.
Muitos peixes ornamentais perecem devido à superalimentação. As crianças de
idade inferior a seis anos, têm pouca noção de tempo e não compreendem que a
última refeição dos peixes foi dada há apenas algumas horas, ou que eles não
comem tanto quanto elas! Guarde o alimento dos peixes numa prateleira alta e
só o use uma vez por dia. Mostre às crianças a quantidade (uma pitada) que deve
ser salpicada no aquário. As tartaruguinhas verdes, vendidas na praça, não
agüentam serem manuseadas em demasia; por isso, é melhor que sejam apenas
observadas. Elas gostam de subir e de descer por obstáculos de superfície lisa.
Uma pedra achatada é ideal para se colocar na casa das tartarugas — que poderá
ser um recipiente de qualquer largura e com sete centímetros e meio de fundo.
(A pedra deverá ficar um pouco fora da água, para que a tartaruga possa descan-
sar na sua superfície.)
A água do recipiente que abriga a tartaruga contém bactérias que podem
causar nas crianças uma infecção conhecida por Sallonelose. Depois de haverem
manuseado as tartarugas, as crianças deverão lavar as mãos; obviamente, não se
deve permitir que - nem tampouco bichos de estimação — bebam essa água.
Alimente as tartarugas cada dois ou três dias. Além de moscas mortas —
sua alimentação principal — gostam de minhocas e outras larvas, carne crua
moída, frango cru, fígado cru e qualquer tipo de peixe cru. Alguns exemplares
foram vistos beliscando nacos de tomate, banana, morango e até espinafre. Po-
dem comer a quantidade que desejarem. Em geral seu apetite se satisfaz com
uma colher de sopa de alimento. Uma vez por semana misture à comida da tarta-
ruga um pouco de alimentação especial — talvez à venda nas lojas do ramo —
para ajudar a conservar o casco duro, sinal de boa saúde.
O formigueiro é algo de fascinante para as crianças entre cinco e seis anos
de idade. Podem observar o que acontece ali dentro e acompanhar as transfor-
mações por que passa a colônia de formigas no decorrer dos meses. Seria muito
interessante se você pudesse conseguir um formigueiro que fosse colocado den-
tro de um recipiente de vidro hermeticamente fechado, a fim de as formigas não
invadirem a sua casa!
A morte de um animalzinho de estimação causa tristeza, mas também po-
derá constituir uma valiosa experiência para uma criança, até mesmo para uma
criancinha de dois ou três anos. Por se tratar, talvez, da primeira experiência da
criança nesse campo, você poderá explicar-lhe os fatos em termos simples e dei-
xá-la extravasar seus sentimentos e fazer perguntas, mesmo que lhe pareçam ex-
cessivamente tolas. A morte de um filhote ou de um peixinho dourado talvez
não afete muito a você, mas poderá constituir um acontecimento marcante na
vida da criança; ela, para o compreender, necessita de ajuda.
Não deixe de tratar a morte de um bichinho de estimação — seja ele um
cachorro, um gato, um coelhinho ou uma tartaruga — com o respeito devido a
um ser humano. Não jogue um peixinho na latrina, para se livrar do corpo, ou
uma tartaruga morta, dentro da lata de lixo. As crianças poderiam se preocupar,
pensando que elas também serão descartadas dessa maneira. Ajude a criança a
depositar o bichinho morto numa caixa de papelão e enterrá-lo no quintal ou
num terreno baldio. Mesmo que a criança seja pequenina, deverá presenciar esse
ato.
Você, talvez, ache que tal providência seja uma sobrecarga num dia atare-
fado, mas é necessária para fazer a criança conhecer a realidade da vida e da
morte.
TRABALHO COM FERRAMENTAS
Por volta dos três ou quatro anos, as crianças anseiam fazer um trabalho
verdadeiro, usando as ferramentas do papai — ou as agulhas da mamãe. Em ge-
ral, tanto os meninos quanto as meninas apreciam trabalhar com madeira, por-
que, com ela, podem produzir coisas mais sólidas. A idade para começarem esse
tipo de trabalho depende da disponibilidade de supervisão. Inúmeras escolas
maternais consentem que as crianças de três anos usem martelos e serrotes. Mas,
no caso de uma família ocupada, que não pode supervisionar as crianças a todo
instante, é melhor esperar que completem quatro ou cinco anos. De qualquer
forma, você ou o seu marido terão de colaborar muito no começo e, depois, ficar
vigiando a criança no seu trabalho.
Você precisará arranjar os seguintes materiais:
- Pequeno serrote (traçador).
- Martelinho.
- Pregos com cabeça grande.
- Lixa.
- Cola para madeira.
- Pedaços de isopor.
- Retalhos de madeira (que poderão ser catados em qualquer carpintaria.
Escolha pedaços pequenos, retos e sem nós, com os veios dispostos em sentido
longitudinal, como os de tábuas de assoalho, para evitar que os pregos rachem a
madeira).
Banco de carpinteiro: Pregue duas tábuas de madeira (de, pelo menos, cin-
co centímetros de espessura) a uma mesa baixa ou a dois caixotes de madeira
grossa. Esse banco é mais satisfatório do que um banco de brinquedo comprado
na praça. Uma criança que está aprendendo a serrar e a martelar precisa de muito
espaço para o cotovelo — e o banco deverá ser suficientemente baixo para que
ela possa trabalhar com conforto (a uma altura de, mais ou menos, sessenta cen-
tímetros do chão).
O primeiro trabalho poderá ser uma coisa feita de retalhos de madeira,
cola, pedaços de fio elétrico colorido, espuma de plástico, isopor e outras bugi-
gangas vistosas. Uma criança apreciará fazer um trabalho que não se desmante-
le. Mostre ao seu filho(a) como introduzir, com a mão, no isopor, pregos com
cabeças grandes e fixar a eles pedaços de fio, clips para prender papel, etc.
Quando a criança terminar o objeto de sua criação poderá querer pintá-lo a gua-
che.
Martelagem de pregos: Se você tiver a sorte de possuir um quintal, onde
possa depositar um toco de tronco de árvore ou um dormente, poderá proporcio-
nar à criança um lugar ideal para ela treinar com martelo. Se a criança segurar o
martelo bem no meio do cabo, tornará o trabalho mais fácil. Mostre-lhe como
segurar o prego e diga-lhe para não desviar dele os olhos. Talvez ela martele os
dedos algumas vezes, mas não tem força suficiente para se machucar. Logo
aprenderá a usar o martelo e poderá distrair-se imensamente. (É uma boa ativi-
dade também para meninas.) Dentro de casa deixe a criança trabalhar no chão
com um longo (para maior estabilidade) e espesso (de cinco a sete e meio centí-
metros) pedaço de pinho.
Serrar: Se for isento de nós, o pinho mole é a madeira mais fácil de se ser-
rar. Provavelmente, para ajudar a criança, você terá que iniciar o corte e, depois,
ficar perto dela até que ela termine de serrar a madeira, a fim de evitar que se
machuque.

OBJETOS PARA PRESENTES QUE AS CRIANÇAS PEQUENAS PO-


DEM CONFECCIONAR*
* Se o trabalho de serrar madeira for muito árduo, um adulto poderá ajudar.
Blocos de madeira: Mostre à criança como serrar madeira de cinco por dez
centímetros em pedaços de diversos comprimentos. Depois, deixe-a lixar, ence-
rar (com cera de assoalho) ou pintar os blocos.
Suportes para plantas ou panelas: Deixe a criança tentar cortar madeira
fina (madeira compensada, por exemplo) em quadrados de quinze centímetros
de cada lado. Primeiramente você deverá desenhar os quadrados na madeira.
Depois que a criança terminar de serrar todos os suportes poderá lixá-los e ence-
rá-los (com lus-trador de móveis ou cera de assoalho).
Suportes para livros: Faça seu filho(a) juntar, pregando em forma de L,
dois pedaços de madeira que tenham, pelo menos, cinco centímetros de espessu-
ra e, mais ou menos, quinze centímetros de comprimento e dez centímetros de
largura, a fim de formar o primeiro suporte para livros, e repetir o processo para
obter o segundo. Então, poderá pintá-los a guache.

OBJETOS METÁLICOS QUE SERVEM COMO BRINQUEDOS


Imã: A criança encanta-se com a mágica de pegar com um ímã alfinetes de
cabeça, pregos e clips para papel.
Cadeado e chave: (Não tire os olhos da chave, caso a criança ainda leve
coisas à boca.) Será melhor fornecer à criança um cadeado grande, pois a chave
entrará com mais facilidade na fechadura.
Lupas: Através delas, as crianças poderão examinar gotas de orvalho, in-
setos, flores, etc.
Despertador imprestável: Este objeto é fascinante para ser desmontado.
Metro articulado de carpinteiro: Trata-se de um brinquedo maravilhoso,
mas uma criança pequena poderá quebrá-lo com facilidade. Por isso, dê-lhe al-
gum que não esteja mais em uso.

DIVERSÃO AO AR LIVRE
Seu quintal, provavelmente, acabará ficando igual a um depósito de rebo-
talhos, mas as crianças de ambos os sexos, entre três e seis anos, aprenderão a
fazer muitas coisas valiosas e passarão momentos divertidos brincando com câ-
maras-de-ar e pneus velhos (estes constituem ótimos balanços e, também, rodas
recreativas), latas de tinta vazias, engradados e barricas. Guarde velhas toalhas
de mesa e cortinas de plástico grosso para convertê-las em tendas.
Construções: Aos quatro anos de idade, as crianças se divertem, construin-
do pontes e torres que serão por elas escaladas até o topo. Para isso, irão precisar
(além da maravilhosa coleção de refugos acima mencionada) de algumas tábuas
compridas, para servirem de rampas, e caixotes fortes de madeira, como os usa-
dos pelos distribuidores de cerveja. Depois de haver escalado o ponto mais alto
da estrutura, o menino poderá sentir medo ao ver o chão tão distante. Se pedir
socorro, ajude-o de maneira casual. Às vezes torna-se humilhante para um me-
nino de quatro anos ter de ser socorrido pela mamãe.
Depois que o seu filho(a) completar cinco anos, subirá em escadas de cor-
da, em cordas com nós e em árvores. Ao observá-lo, você poderá ficar arrepiada;
mas, não deve se preocupar. Ele sabe andar com bastante firmeza. Nessa idade,
as crianças também apreciam balanços e pernas de pau. A caixa de areia, a lama
e a água ainda as atraem.
Pintura: (Não indicada para as crianças que ainda levam coisas à boca, ou
que talvez não resistam à tentação de prová-la.)
Um pincel comum e uma lata com água podem transformar o seu filho(a)
em pintor. Deixe-o pincelar com água as paredes da casa, o velocípede, o muro e
até o carro do papai. Ele pensará que está realmente pintando, porque os objetos
mudam de cor quando estão molhados. O garotinho de cinco anos talvez não
fique tão satisfeito com a pintura a água; talvez deseje "pintar de verdade, como
o papai". Se você dispuser de tempo para vigiá-lo e de uma roupinha velha que
possa ficar coberta de tinta, dê-lhe permissão para pintar algum objeto com tinta
a óleo. Não o fará com muita exatidão, mas a experiência o encorajará a empre-
ender trabalhos mais sérios; quando ele completar doze anos, você talvez possa
contar com os seus préstimos na realização de serviços avulsos de sua casa.
Jardinagem: Reserve um pequeno trecho de quintal para fazer um canteiro.
Se o lugar for muito sombrio, então arranje uma barrica ou um vaso bem grande,
onde tomates poderão ser cultivados, e coloque-a num terraço ou no jardim. Es-
colha também outras sementes grandes que possam ser manuseadas pelas crian-
ças e que não exijam grandes cuidados. Em se tratando de flores, as sementes de
zínias, calêndula, áster e malmequer são boas pedidas. Milho, vagem, ervilhas e
tomates formam uma boa horta. A criança que tem menos de seis anos deve ser
auxiliada na rega das plantas e na extirpação de ervas daninhas; mas o trabalho
de colheita deverá ficar a cargo dela, para sua maior alegria. Deixe-a, também,
debulhar o milho e cortar a vagem, na hora de você preparar a comida.

PASSEIOS EM COMPANHIA DE PESSOAS ADULTAS


Visitas aos lugares onde algo importante está acontecendo proporcionam,
tanto ao menino quanto à menina, muitas idéias para ulteriores brincadeiras. É
difícil brincar de "papai no trabalho", quando a maioria das crianças, atualmente,
não tem nenhuma noção do que o papai faz o dia todo. Até mesmo a exploração
de sua própria casa, em companhia da mamãe, poderá dar à criança a sensação
de estar descobrindo a história de sua família.
Um passeio pela casa: Quando você puder dispor de algum tempo, dê a
mão a seu filho e conduza-o por todas as dependências da casa, para ele tomar
conhecimento de todos os pormenores. Fale sobre os quadros na parede, sobre
um vaso de estimação, sobre o vaso de begônia ou sobre a cadeira do vovô. Ex-
plique a ele o que esses objetos significam para você e estimule-o a fazer per-
guntas. Um simples passar de olhos em antigas fotografias da família ou a reti-
rada de coisas do interior de uma velha arca guardada no sótão poderá fascinar
uma criança. A classificação da prataria realizada em conjunto, e o conseqüente
esforço para comparar os diferentes desenhos, ajuda uma criança a se tornar
mais consciente da beleza que pode ser encontrada em todo lugar. Um passeio
pelo quintal à procura de ninhos de passarinhos e minhocas, ou para observar
atentamente cada árvore e cada flor será divertido se a mamãe também estiver
presente.
A criança apreciará meia hora de sua atenção exclusiva e de sua prosa
muito mais do que ganhar o brinquedo ou o engenho mais caro do mundo. Você
estará oferecendo a ela algo muitíssimo mais precioso, ou seja, seus próprios
pensamentos e sensações.
Uma visita ao papai no trabalho: Trata-se de uma aventura que faz uma
criança pequena se aproximar ainda mais do pai. Depois, você poderá ajudá-la a
fazer um "álbum do papai no trabalho", com ilustrações recortadas de revistas e
coladas sobre pedaços de papelão. (Faça um álbum de recortes, atando as folhas
com cordão de sapato.)
Comece o álbum com ilustrações que lembrem o papai tomando o café da
manhã e acompanhe-o durante todas as etapas do dia, seja ao volante do seu ca-
minhão, na fábrica, na sala de aula ou no escritório, até o momento do seu re-
gresso ao lar, de carro, de trem ou de ônibus. Escreva ao pé da página todos os
comentários que a criança tecer sobre cada ilustração, baseados nas próprias ob-
servações. Desta maneira, uma experiência importante ficará registrada e poderá
ser revivida quando a criança folhear o álbum.
Outras modalidades de passeios são usadas todos os anos, com sucesso, por
professoras de escolas maternais; porém, dão melhores resultados quando apli-
cadas isoladamente a uma criança ou a pequenos grupos, porque se tornam mais
espontâneas e permitem mais tempo e espaço para as perambulações.
Uma caminhada para apreciar a natureza: Se você residir na zona rural,
ou puder chegar até lá com facilidade, experimente fazer uma caminhada para
sentir a natureza mais intensamente. As crianças, em geral, apreciam muito ob-
servar as coisas de perto e examinar os novos objetos em seus mínimos detalhes.
Se a idéia não lhe transmitir nenhum prazer, não realize o passeio. Você ficará
impaciente e a criança pouco se divertirá. Mas se você for daquelas que gostam
de andar pelos campos, tente apreciá-los do ponto de vista de uma criança. Ela
gosta de ver e de sentir as pequenas partes das coisas, como folhas e frutinhos;
gosta de observar como os pássaros fazem seus ninhos ou como as vacas rumi-
nam o capim.
Somente se você for perita em botânica ou conhecer com exatidão as plan-
tas venenosas, poderá permitir que seu filho ponha gramíneas ou frutinhos sil-
vestres na boca. Diga-lhe que é muito perigoso experimentar plantas do mato,
porque nunca poderá ter certeza de que não são venenosas, a não ser que resolva
estudar botânica quando crescer.
Você não precisa esperar por um dia de sol. Um dia de vento, com nuvens
flutuando bem alto, ou um dia nebuloso e incerto, também tem seus atrativos e
seus aromas. Leve consigo uma lupa grande.
A seguir, encontrará uma lista de apenas algumas das muitas cotias cujo
aroma agradam (cuidado com hera venenosa!):
- Madressilva.
- Casca de eucalipto.
- Morangos silvestres.
- Hortelã silvestre.
- Dente-de-leão.
- Trevo.
- Amora preta.
Que aparência têm essas plantas através da lupa?
Coisas para serem tocadas e observadas:
— Diferentes espécies de cascas de árvores — do rugoso pinheiro ao liso
eucalipto.
— Gramíneas em geral.
— Musgo e cogumelo do campo (não podem ser provados).
Que aparência têm essas coisas através da lupa?
Coisas para serem observadas e ouvidas: Sobre o que estão conversando
esses animais e insetos? Como vivem? Onde moram? O que comem?
— Pássaros. — Cavalos. — Cachorros.
— Lagartixas. — Borboletas. — Louva-a-deus.
— Vacas. — Sapos nos brejos. — Gafanhotos.
Visitas a outros locais: As crianças de três a quatro anos, quando são leva-
das a lugares que ainda não conhecem, ficam presas de uma curiosidade insaciá-
vel e começam a vasculhar todos os cantos. Gostam de entrar nas pequenas ca-
sas comerciais situadas nas vizinhanças de casa. Se o seu açougueiro (ou o seu
vendeiro) for amável, peça para deixar seu filho ir atrás do balcão e olhar dentro
do congelador para ver a carne pendurada. Locais de construções grandes ou
pequenas são também uma fonte contínua de surpresas. As crianças adoram ver
os grandes guindastes, as máquinas de terraplenagem, os misturadores de ci-
mento, os grandes caminhões e os trabalhadores com seus capacetes de prote-
ção. Outros lugares de interesse são:
O correio: Escolha a hora de maior movimento e, portanto, a hora mais in-
teressante para fazer uma visita ao correio. Escreva uma cartinha a seu filho, so-
brescrite o envelope e deixe-o comprar o selo no guichê, colá-lo no envelope e
colocá-lo na caixa do correio. Depois, se puder, leve-o para apreciar os funcio-
nários classificarem a correspondência e carimbarem os selos. Talvez um deles
se disponha a mostrar à criança onde são colocadas as cartas endereçadas aos
moradores do seu bairro. Quando ela receber, em sua casa, a carta trazida pelo
carteiro, irá pensar que se trata de uma mágica.
O corpo de bombeiros: Seria melhor telefonar antes de ir, para se informar
se os carros e os bombeiros se encontram no local. Se os bombeiros estiverem
folgados, ficarão talvez satisfeitos em deixar as crianças experimentarem seus
capacetes e inspecionarem os carros detalhadamente. Como funciona o alarma
de incêndio? Em que lugares do carro ficam perfilados os bombeiros e qual é a
função de cada um deles no local de um incêndio?
Uma florista: Visitar uma florista num dia chuvoso e frio levanta o ânimo
de qualquer pessoa. Uma criança de cinco anos, que tenha paixão por detalhes,
gostará de estudar as flores através de uma lupa. É belo e perfumado o local
onde os buquês, cestas de flores e toques para enfeitar vestidos são preparados.
Uma fábrica de produtos alimentícios: Qualquer fábrica de produtos ali-
mentícios desperta interesse, seja ela de sorvete, sopa enlatada ou de espaguete
saindo dos canos e toneis. As fábricas de produtos enlatados e engarrafados
também são apreciadas. Nas grandes fábricas há, com freqüência, visitas organi-
zadas, com guias e amostras. Informe-se, telefonando para algumas fábricas.
Uma oficina gráfica ou uma sede de um jornal: Peça informações nos pró-
prios locais sobre a possibilidade de visitas, bem como sobre a hora de maior
movimento. Nas sedes de jornais das grandes cidades há, em geral, um profissi-
onal que se dispõe a fornecer explicações. As crianças ficam particularmente
fascinadas pelo processo de corte do papel. Não se esqueça de trazer para casa
um suprimento de retalhos de papel para os trabalhos de arte. Quando as crian-
ças ficarem um pouco maiores, talvez queiram elaborar seu próprio jornal.
Uma fazenda: Uma criança citadina gostará, com mais razão, de visitar
uma grande fazenda, onde há variedade de animais;
mas desejará ver e explorar, com minúcias, todos os pontos de interesse.
Isso significa que irá querer observar as vacas serem ordenhadas e os porcos se-
rem alimentados. Recolherá ovos no galinheiro e irá até o brejo para ouvir os
sapos coaxarem. Os meninos irão querer subir nos tratores.
Uma casa de pássaros e de filhotes de animais: Uma visita de uma hora ao
local em epígrafe torna-se muito interessante quando há muitos pássaros, por-
quinhos-da-índia, coelhos e peixinhos tropicais. Os proprietários de lojas desse
tipo são, em geral, muito hospitaleiros com as crianças, desde que elas não to-
quem nos aquários. O problema das mamães será o de conseguirem sair da loja
sem comprar um papagaio, um macaco, um lagarto ou qualquer outro bichinho
de estimação.
Uma livraria: Um bom modo de acostumar uma criança a gostar de livros é
o de estabelecer uma hora de contar estórias. Tão logo ela demonstre qualquer
interesse por livros, consulte, numa livraria, o catálogo de livros para crianças e
deixe-a escolher o que julgar mais interessante (com alguma ajuda de sua parte).
Nas férias de verão, quando estiver longe de casa, os dias chuvosos serão bem
mais suportáveis se você estiver munida de alguns livros infantis.
Outros locais que devem ser visitados são:
— Uma torre alta, com mirante.
- Museus e exposições destinadas às crianças.
— Aeroportos.
— Portos movimentados.
— Jardim zoológico.
— Estações ferroviárias.
— Locais de prédios e rodovias em construção.
— Locais onde há máquinas despejando cimento.
— Estradas em fase de asfaltamento.
— Locais onde há guindastes e escavadoras em funcionamento.
- Construções onde há pedreiros assentando tijolos.
- Locais onde estão sendo consertados cabos telefônicos.
-
LEITURA EM VOZ ALTA
Uma mãe de nove crianças disse certa vez que, quando seu nono filho nas-
ceu, ela já sabia de cor e salteado todos os livros de estórias infantis próprias
para a hora de berço. Esse poderá ser, também, o seu caso, mesmo que você te-
nha apenas um filho.
A qualquer hora do dia ou da noite, a leitura é, talvez, o melhor meio de
acalmar uma criança fatigada ou assustada, ou de distrair uma que esteja agitada.
Carregando-a no colo ou sentando-se bem perto dela, a mãe une-se à criança por
contato e por conversa, ao mesmo tempo em que a estória fornece entreteni-
mento a ambos. A hora de contar estórias é uma hora sagrada de transição entre
o dia ativo e o sono. As crianças de quatro e cinco anos são mais sujeitas a temo-
res noturnos do que as de outras faixas de idade; a leitura, em voz alta, de um
bom livro, poderá ser muito benéfica.
Quando você estiver lendo para uma criança, estimule-a a interrompê-la
para conversar sobre o que ela bem entender. A estória ou as ilustrações poderão
fazer com que a criança se lembre de si mesma, de seus amiguinhos, de um ca-
chorro que a assustou ou de outra coisa que tenha acontecido durante o dia. Ela
poderá querer se desabafar com você. Freqüentemente, um livro encoraja uma
criança a falar de coisas que a estão preocupando e que não ousa comentar
abertamente. Para ela, é mais fácil dizer "O bichinho está com medo, você viu?"
do que "Eu estou com medo". Você terá, então, uma boa oportunidade de dizer
"Você está com medo? Pois eu também, às vezes sinto medo. Do que você tem
medo?" Muitas pequenas preocupações e vôos da imaginação que perturbam as
criancinhas são eliminadas dessa maneira.
Se for possível, guarde os livros da criança em seu próprio quarto, para ela
poder folheá-los quando quiser. Até mesmo uma criança de dois anos tem amor
aos próprios livros. Os livros de bibliotecas que sejam emprestados por diversas
vezes podem se tornar tão familiares quanto os comprados.
As crianças de três anos apreciam estórias de bichos. Não precisam ser so-
bre aqueles com os quais já estejam habituadas; elefantes e crocodilos despertam
tanto interesse quanto cães ou gatos. Todavia, as estórias ainda deverão ser mais
ou menos curtas.
Aos quatro anos de idade a criança torna-se um ouvinte mais atento. Gosta
de exageros cômicos, mas é também realista e se interessa em perguntar como?
e por quê? As ilustrações dos livros ainda devem ser simples e o texto breve.
A criança de cinco anos pode acompanhar estórias com muita ação e bons
enredos. Gosta, também, de estórias realistas e fantásticas (desde que não a
amedrontem excessivamente), prosa e poesia. Ela não só quer ouvir mas tam-
bém contar suas próprias estórias sobre algo que fez ou presenciou, ou recontar
uma estória a seu modo. Se você dispuser de tempo, deixe-a ditar uma estória, a
qual você irá escrevendo em folhas grandes de papel — poucas palavras por fo-
lha. Depois disso, sugira-lhe fazer as ilustrações da estória. Ela ficará orgulhosa
do "seu livro".
Existe uma controvérsia sobre a utilização de contos de fadas. Muitos espe-
cialistas em psicologia infantil são de opinião que tais estórias não devem ser
contadas antes da criança completar sete anos, quando, então, estará mais apta a
distinguir o mundo fantástico do mundo real. As estórias de Joãozinho e Maria,
A Menina do Chapeuzinho Vermelho e até mesmo a dos Três Porquinhos po-
dem, com suas cruéis madrastas e lobos devoradores, assustar demais uma cri-
ança. Há muitas outras estórias que até distraem mais as crianças que ainda não
completaram sete anos.

HORA DO BANHO
Depois de um dia ativo, nada melhor do que um banho para acalmar uma
criança excitada ou para relaxar uma criança cansada. Principalmente em casas
onde há muitas crianças, a hora do banho poderá constituir um valioso período
de silêncio e de brinquedo solitário. Se o seu filho(a) gostar de tomar banho,
procure não apressá-lo, mesmo que você tenha outros afazeres. Enquanto não
completar seis anos, pelo menos, não se deve deixar uma criança na banheira,
sem que seja vigiada. Não se pode pretender que crianças mais novas sejam
bastante ágeis, ou com os sentidos alerta, para porem a cabeça fora da água caso
escorreguem e caiam — ou não durmam durante o banho. Assim sendo, você
terá de permanecer no banheiro ou num quarto contíguo, de onde possa ver e
ouvir claramente o que está se passando com a criança. Planeje seu dia de forma
a deixar algo para fazer — arrumações, leitura ou costura — bem ali por perto.
As crianças preferem brincar sozinhas quando estão na banheira. Elas gos-
tam de ter uma hora particular, em que possam monologar, cantar, espadanar a
água, ensaboar-se e devanear. É por meio do palavrear, que você pode ouvir
quando ela está no banho, que uma criança pratica a complicada linguagem que
ouviu durante todo o dia. Essa conversa é semelhante àquelas que ela mantém
com alguém imaginário antes de conciliar o sono à noite.
As crianças de cinco anos gostam de fazer experiência com água. Além dos
brinquedos comuns usados durante o banho, ofereça a seu filho algumas bugi-
gangas domésticas, desde que sejam inofensivas. É uma oportunidade para ele
começar a descobrir a ação da água sobre diferentes materiais e o comporta-
mento destes, quando em contato com a água.
O que acontece a um papel que está na água da banheira? E ao celofane? E
à folha de papel de alumínio?
Será que uma bola de papel de alumínio amarrotado flutuará?
Por que razão a água passa por uma peneira?
As bolhas de sabão duram mais tempo sobre uma folha de papel celofane
ou sobre uma folha de papel de alumínio?
Os barquinhos de plástico podem flutuar estando emborcados?
O que acontece a um cubo de gelo dentro da água? E dentro de uma sabo-
neteira?
As mãos ficam diferentes no fundo da banheira com água?
As crianças gostam de brincar com embalagens vazias que tenham formato
de animais, as quais elas enchem e esvaziam repetidamente. Qual delas com-
porta mais água? Qual delas pode ser esvaziada e enchida com maior rapidez?
Esponjas e animais feitos de espuma de plástico são brinquedos que, na ba-
nheira, também distraem as crianças. A esponja molhada é maior do que a es-
ponja seca?
Ponha alguns blocos de madeira dentro da água (não se danificarão). Todos
eles flutuam? Até mesmo os grandes? E os de plástico? Quais os objetos que não
flutuam?
Um banho de espuma facilita a limpeza da banheira e contribui para au-
mentar o divertimento das crianças. Elas poderão soprar as bolhas até as pontas
dos pés e, depois, tentar soprá-las para o alto. Quanto tempo as bolhas demoram
para se arrebentarem? Um bloco de madeira também pode flutuar no banho de
espuma?
APÊNDICE I - BOAS IDÉIAS

PARA UMA CRIANÇA INDISPOSTA


Escolha atividades mais suaves para uma criança doente ou cansada; esco-
lha atividades vigorosas para uma criança que necessita extravasar o excesso de
energia.
CRIANÇAS QUE
ESTÃO COME-
ÇANDO A CRIANÇAS CRIANÇAS
ENGATNHAR E CRIANÇAS DE 2 e 3 DE 3 A 5
A ANDAR DE 1 ANO ANOS ANOS
Despertador ou rádio X
Volta grande
pela casa ou
jardim X X
Banho x X X X
Livros x x
Blocos para
construir x
Pintura a guache e
lápis de cor x
Caixa de cereais, à
guisa de caixa de
areia x
Recortes de revistas
Dança x x
Bonecos, "Bodes
Expiatórios" x x
Prancheta de feltro x x
Pintura feita com os x
dedos x
Quadrado de
mobília X x
Ouvir música x x x x
Embalagem de
papelão x x x
CRIANÇAS QUE
CRIANÇAS CRIANÇAS
ESTÃO COMEÇAN-
DO A ENGATI- DE DE CRIANÇAS DE
NHAR E A ANDAR 1 ANO 2 e 3ANOS 3 A 5 ANOS
Recipientes de aluminio
ou papel de aluminio
para tortas X X X
Massa para modelar X X X
Brincar de "dono de
armazém" x
Panelas e tampas x x x
Fantoches x
Quebra-cabeças x x
Reserva de gaveta
de cozinha x x x
Caixa de cereais à
guisa de caixa de areia x x
Pintura com creme
de barbear x x
Classificação de talheres
cartas de baralho etc x
Sacola especial x x x
Canudinhos de refresco X
Fiadas de carreteis x
botões x
Rasgar lençóis velhos e
jornais x
Simulação de viagem
de trem, carro, onibus ou
de avião x
Colher de pau X x x x

PARA UM GRUPO DE CRIANÇAS


Banda de música ou desfile
Casa de caixa grande de papelão
Grande túnel de caixas de papelão
Casa de cobertor
CRIANÇAS QUE
COMEÇANDO ENGA- CRIANÇAS DE CRIANÇAS DE CRIANÇAS DE
TINHAR E ANDAR UM ANO 2 e 3 ANOS 3 A 5 ANOS
Tábuas e engradados X X
Construções X X
Fôrmas de bolo X X X
Pintura a guache e lapis X
Cozinhar x
Dança x x
Fantasias x
Tirar pó e ou aspirador X
Embalagens vazias x x
Lataria e caixas X X
Quadrado improvisado
com mobília X X

Ajudar na cozinha x
Ouvir discos X X x
Fiada de macarrão x
Corrente de argolas
feita com papel x
Ilustrações de revistas x
Simulação Boliche x
Música X x x x
Jogos musicados x
Guerrinha de jornais x
Pintura x x
Máscara de sacode papel x
Brincar com cola x x
Massa para modelar
ou barro x x
Brincar de "casinha" x
Brincar de "dono
de armazém" x
Brincar de "trem" e
de "avião" x
CRIANÇAS CRIANÇAS DE CRIANÇAS DE
DE 1 ANO 2 E 3 ANOS 3 A 5 ANOS
Panelas e tampas X X
Estampagem X
Fantoches X
Quebra-cabeças X x
Leitura em voz alta X x x
Costura x
Canto x
Bolhas de sabão x x
Classificação de botoes
talheres, cartas de batalho,etc x
Canudinhos X
Tábua de mesa e
caixas de papelão x x x
Rasgar papel e lençóis velhos x
Jogos de arremesso
— bola de meia ou pano x
Latas e pregadores x x x
Brincadeiras com agua x x
AO AR LIVRE – APENDICE II

Bolhas de sabão X x
Cavoucar X x
Bolinhos de barro X X x
Pincel x x
Passeio x x

MÚSICAS APROPRIADAS PARA ADORMECER CRIANÇAS


Escolher as mais monótonas e tranquilas de: Beethoven - Debussy - Mozart
– Smetana – Mozart – Haydn - Prokofiev – Tchaikovsky - Saint-Saens - Ravel

Sonata ao luar; Clair de lune; Children's Comer Suite; Golliwog's Cake


Wal; Pequeno serão musica; Moldávia; etc

MUSICAS BOAS DE OUVIR: Sinfonia do brinquedo Pedro e o lobo; Su-


íte Quebra-nozes; Ouverture 1812; Carnaval dos animais; Suíte Artesiana; Pe-
truchka; Mamãe gansa; Trenzinho caipira de Villa-Lobos, etc.

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