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Regras Portuguesas de Catalogação

José Carlos Sottomayor

Na acepção da biblioteconomia, catalogar um documento significa, fazer a sua

descrição e definir os elementos necessários e suficientes para a correcta identificação.

Olhando para a história da catalogação, podemos dizer que os catálogos tiveram as

suas raízes na Antiguidade. No século XIII em diferentes mosteiros aparecem catálogos

manuscritos dos seus acervos. Com a rápida evolução na produção dos impressos depois da

invenção de Guttenberg, as bibliotecas cresciam mais depressa e precisavam de uma

organização mais cuidada. Em 1545 o bibliógrafo e naturalista suíço Konrad Gesner publicou

uma bibliografia organizada alfabeticamente por autores, a qual foi acrescentada 3 anos

depois, de um índice de assunto. Este autor pretendeu citar todas as obras impressas

publicadas no mundo. Andrew Maunsell, livreiro inglês, em 1695 determinou os elementos

básicos para a descrição bibliográfica. A primeira tentativa de elaboração de um código

nacional de catalogação, em que as referências seriam organizadas em fichas, foi da

responsabilidade do governo francês em 1791, o qual publicou as instruções para a

organização das bibliotecas. A primeira sistematização de um moderno corpo de regras de

catalogação foi elaborado em 1840 pelo bibliotecário Anthony Panizzi, em conjunto com os

seus colaboradores do “British Museum”.

Em Portugal, a primeira tentativa de estabelecer regras de catalogação aconteceu em

1819 pelo bibliotecário da Real Livraria do Convento de Mafra, Frei João de Santa Ana. O

então Chefe da Divisão dos Serviços Técnicos da Biblioteca Nacional, Raul Proença, levou a

efeito o maior trabalho de sistematização de umas regras de catalogação portuguesas, as

quais eram constituídas por 840 regras, publicadas em folhas individuais. Esta corpo de

normas teve em consideração as regras publicadas em 1908 pela “American Library

Association”, as alemãs “Instruktion” e as espanholas “Instrucciones”. Raul Proença não teve

oportunidade de completar este trabalho. A publicação dos princípios de catalogação

adoptados na conferência de Paris em 1961 e de outros documentos internacionais que foram

tidos em consideração, levaram em 1972 a ser elaborado o “Anteprojecto das Regras

Portuguesas de Catalogação”, a que se seguiu em 1975 a edição policopiada do “Projecto das


Regras Portuguesas de Catalogação. Para a redacção do Anteprojecto e do Projecto

colaboraram os mais ilustres bibliotecários portugueses, sendo o trabalho coordenado pelo

distinto e esclarecido Dr. Armando Nobre de Gusmão. Por despachos em 1982 do então

Ministro da Cultura, foi determinada a publicação das “Regras Portuguesas de Catalogação”e

designados para a sua realização os bibliotecários Armando Nobre de Gusmão, Fernanda

Maria Guedes de Campos e o autor deste artigo. Finalmente em Maio de 1984 foi publicado o

volume das “Regras Portuguesas de Catalogação”. Havia a intenção, conforme expresso no

final do “Preâmbulo” das Regras, de publicar mais dois volumes. As RPC estão estruturadas de

harmonia com o Anteprojecto e com o Projecto. Foram tidas em consideração as normas ISBD

publicadas pela IFLA sobre a descrição de monografias e das publicações em série.

O condicionalismo das RPC à estrutura dos anteriores Anteprojecto e Projecto revelou

na sua redacção a vinculação à forma de catálogos em fichas, o qual se veio a revelar

desajustada, passado poucos anos, face aos formatos normalizados legíveis por sistemas de

gestão informática de biblioteca e, em especial, do formato bibliográfico Unimarc adoptado em

Portugal. Expurgadas desses aspectos, as RPC continuaram a desempenhar um papel muito

importante para todos os técnicos que necessitam de tratar do ponto de vista catalográfico os

documentos.

O constante aparecimento de novos suportes de documentos, como por exemplo os

documentos electrónicos de acesso remoto, levou a IFLA a elaborar novas ISBDs e a encetar

um processo de revisão das já existente. Num diálogo constante com a Dra. Fernanda Maria

Campos, foi decidido que eu podia proceder à tradução para português da ISBD(M), revisão de

2002, e da ISBD(G), revisão de 2004. Estas traduções foram aprovadas pela IFLA e editadas

no primeiro semestre de 2005. A revisão da ISBD(M), a substituição da ISBD(S) pela ISBD(CR)

e a publicação da actualização de 2004 das “Anglo-American Cataloguing Rules”, 2 edição,

revisão de 2002, mostraram que se tornava necessário proceder a uma alteração da forma e

do conteúdo das Regras Portuguesas de Catalogação.

Iniciado o trabalho para a revisão das RPC, foi decidido que a forma das novas

Regras podia seguir na generalidade o modelo das AACR2. A concepção do articulado das

novas Regras devia reflectir, tanto quanto possível, as práticas catalográficas em Portugal

expressas nas actuais RPC, a harmonização com regras catalográficas mais específicas
adoptadas internacionalmente e a necessidade de enquadramento para os processos

informáticos de criação e recuperação da informação bibliográfica. Também entendemos que

os exemplos destinados a ilustrarem as regras deviam ser preferencialmente de documentos

portugueses. Não esquecemos que muitas agências catalográficas podem ter necessidade de

catalogar, em maior abundância documentos estrangeiros. Sempre que a complexidade da

regra o justifique, acrescentámos, por vezes, exemplos de documentos estrangeiros.

A Primeira parte é composta por uma Introdução a que se segue a descrição dos

diferentes tipos de documentos. Esta descrição está de acordo com a estrutura das ISBDs,

sem constituir uma mera tradução das mesmas.

A Segunda parte contém a escolha das pontos de acesso e a forma das entradas de

pessoas e de colectividades, dos títulos uniformes e da estrutura das remissivas.

As novas RPC terão no final vários Anexos e um Índice.

Apresentamos, de seguida, o sumário geral das novas Regras Portuguesas de

Catalogação.

PREFÁCIO

INTRODUÇÂO GERAL I-0

PARTE 1. DESCRIÇÂO

Introdução D-0.

Regras gerais da descrição D-1.

Livros, panfletos e folhas Impressas D-2.

Materiais cartográficos D-3.

Manuscritos D-4.

Música D-5.

Registos sonoros D-6.

Filmes e registos vídeo D-7.


Materiais gráficos D-8.

Documentos electrónicos D-9.

Artefactos tridimensionais e objectos D-10.

Microformas D-11.

Documentos contínuos D.12.

Analíticos D-13.

PARTE 2. ENTRADAS, TÍTULOS UNIFORMES E REMISSIVAS

Introdução E-0.

Escolha dos pontos de acesso E-1.

Entradas para pessoas E-2.

Nomes geográficos E-3.

Entradas para colectividades E-4.

Títulos uniformes E-5.

Remissivas E-6.

ANEXOS

A. Utilização de maiúsculas

B. Abreviaturas

C. Numerais

D. Glossário

E. Artigos iniciais

ÍNDICE
Sabemos que todos os técnicos que têm necessidade constante de saber como

resolver questões catalográficas relativas a diferentes documentos, precisam de instrumentos

normativos, claros, abrangentes e com o maior número de exemplos. O Unimarc bibliográfico

apenas estipula a colocação dos elementos catalográficos em diferentes campos e subcampos.

Ao não definir o conceito de nenhum dos elementos catalográficos, pressupõe que a montante

do formato Unimarc, temos necessidade de recorrer a outras normas onde esses elementos

estão definidos.

A possibilidade de cópia ou captura de registos bibliográficos pode facilitar o trabalho

do técnico, mas revela também a exigência de conhecer as regras de catalogação para uma

correcta pesquisa e localização do documento e sua crítica.

Deve haver alguma cautela com certos promotores de programas de gestão de

biblioteca, ignorantes das mais elementares das normas catalográficas (e que não recorrem

aos especialistas), que quiseram ou querem passar a ideia de que o programa é tão simples

que não precisa de se ter conhecimentos de catalogação. Mais gravosa é a pseudo

simplicidade de um programa que não está normalizado e/ou que não permite a correcta

introdução da informação (por exemplo, para constituir adequados pontos de acesso para

pessoas ou colectividades) o que, quase sempre, impedirá a migração dos dados para outro

programa normalizado sem perda de dados.

Esperamos que as novas Regras Portuguesas de Catalogação, que estamos muito

empenhados a redigir, venham a ser um instrumento útil para todos.

Temos a consciência do volume do trabalho que ainda nos falta realizar para concluir a

redacção e ouvir a necessária opinião de especialistas sobre certos passos das Regras. Da

nossa parte tudo faremos para que a edição possa ocorrer durante os primeiros meses de

2007.

Sabemos que os documentos técnicos sobre qualquer tipo de normalização devem ser

objecto de revisões periódicas. Também a catalogação é um processo dinâmico que não se

pode acomodar a um corpo de regras imutáveis. Sugerimos que a revisão das Regras

Portuguesas de Catalogação deverá ocorrer sempre que seja necessária e justificável, mas em

caso algum em períodos superiores a cinco anos.

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