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Sumário:1 [01] – A relação do direito dos contratos com outros ramos do direito e sua

topologia no Direito Civil. 2 – Breve evolução histórica do direito dos contratos. 3 –


Definição de contrato e seus elementos constitutivos: a relação jurídica obrigacional
decorrente do contrato. 4 – Princípios do direito dos contratos. 5 – Relação entre
contrato e responsabilidade civil, em especial: responsabilidade pré-contratual,
responsabilidade contratual e responsabilidade extracontratual [02]. 6 – A interferência de
terceiros na relação contratual. 7 – Formação dos contratos. 8 – Classificação dos
contratos. 9 – Interpretação e integração dos contratos. 10 – Vícios redibitórios. 11 –
Evicção. 12 – Extinção do contrato.

1 – A relação do direito dos contratos com outros ramos do direito e sua topologia
no Direito Civil

Inicialmente, precisamos localizar a teoria geral dos contratos na sistemática do


Direito Civil e na sistemática do Direito Privado.

No Direito Civil, a teoria geral dos contratos (e os contratos em espécie) faz


(fazem) parte do Direito das Obrigações [03]. O que se chama de direito contratual é, na
verdade, direito obrigacional. Não há, na topologia do Código Civil, tanto no de 1916
como no de 2002, um livro próprio para a teoria geral dos contratos, nem para os
contratos em espécie. O que há, na Parte Especial, é o Livro das Obrigações (Livro I), o
primeiro livro da Parte Especial. Este ramo do direito civil contém as normas sobre a
teoria geral das obrigações, a teoria geral dos contratos, os contratos em espécie, os atos
unilaterais e a responsabilidade civil. Pode-se entender, ainda, que, com a inclusão do
tratamento dos títulos de crédito e do Direito de Empresa, estes também se encontram
no Direito das Obrigações que, com o Código Civil de 2002 foi unificado (esta
unificação é contestada por alguns).

O direito dos contratos, portanto, trata de uma das fontes das obrigações: o
contrato. (além do contrato, consideram-se fontes de obrigações os atos unilaterais e os
atos ilícitos.)

Além da relação de pertinência para com o Direito das Obrigações, há uma


proximidade com a Parte Geral do Código Civil. Por influência padectista, sobretudo a
partir do BGB, o Código Civil alemão, o texto do nosso Código Civil (tanto de 1916
como o de 2002) apresenta, no seu início, uma teoria geral, com conceitos básicos
genéricos e altamente abstratos sobre os elementos da relação jurídica, quais sejam: as
pessoas, os bens e os fatos. Na disciplina dos fatos jurídicos encontra-se a teoria geral
do negócio jurídico, cuja maior expressão é o contrato.

Desta forma, o estudo dos contratos se inicia já na Parte Geral do Código Civil,
com a teoria geral do negócio jurídico (que, no Código Civil de 1916, recebia a
denominação de ato jurídico).

Relaciona-se o direito dos contratos também com o direito das coisas, pois
podemos considerar que o contrato é instrumento essencial para a circulação de riquezas
e transmissão da propriedade. (Embora a propriedade se transfira através de tradição ou
de transcrição, estas são precedidas por contratos.)
Mesmo com o Direito de Família o direito dos contratos tem relação, sobretudo
se pensarmos nos pactos antenupciais e nos contratos de convivência. (Quanto ao
casamento, sua natureza contratual é contestada, não sendo, inclusive, admitida por
nós.)

No direito das sucessões, embora o testamento não seja contrato, mas ato
unilateral, importa o estudo dos contratos, por exemplo, para verificar doações
inoficiosas, feitas pelo autor da herança, ultrapassando a legítima. Importa também
lembrar a transferência das posições contratuais do "de cujus" para seus herdeiros,
fazendo com que os créditos e débitos daquele componham a herança, salvo se as
obrigações forem personalíssimas ou se o contrato previr como causa de extinção a
morte de uma das partes (cessação).

Quanto aos demais ramos do Direito Privado, é necessário fazer um paralelo


entre o Direito Trabalho e a teoria geral dos contratos presente no Código Civil, e outra
comparação com o Direito do Consumidor, sendo despiciendo, atualmente, analisar a
teoria geral dos contratos com o Direito Comercial, diante da unificação do direito
privado ou unificação das obrigações civis e comerciais no Código Civil de 2002.

Fazendo-se uma grande generalização e voltando-se ao Direito Romano,


podemos dizer que o Direito, naquela época, dividia-se em dois: o público e o privado, a
chamada "summa divisio". Com o passar dos séculos, na Idade Moderna, destaca-se do
Direito Civil (que coincidia com o próprio Direito Privado) o Direito Comercial, em
atendimento à necessidade de se regulamentarem as práticas comerciais crescentes entre
os negociantes da classe burguesa emergente. Há a separação do direito das obrigações
em civis e comerciais.

Outros séculos depois, já na Idade Contemporânea, no conturbado e riquíssimo


século XX, assistimos ao surgimento de outros dois importantíssimos ramos do direito
privado: o Direito do Trabalho e o Direito do Consumidor (também chamado de Direito
das Relações de Consumo).

Quanto ao Direito do Trabalho, seu surgimento causou a subtração, do âmbito da


teoria geral dos contratos civis, de um tipo específico de contrato de prestação de
serviços (chamado de locação de serviços), que passou a ser tratado como contrato de
trabalho. Os princípios deste novo ramo do direito são tão diferentes dos que regem a
teoria geral dos contratos, que sequer podemos afirmar a aplicação subsidiária deste
àquele.

Também no século XX, vimos nova subtração ser feita à teoria geral dos
contratos do Código Civil, com o surgimento do Direito do Consumidor. Não é um novo
contrato que surge, mas, sim, uma nova forma de reger contratos cujas fattispecie estão
previstas no Código Civil. Uma nova principiologia surge, embora permita a aplicação
subsidiária da teoria geral dos contratos civis (ou paritários).

Ultrapassando a esfera do direito privado, é necessário, também, mencionar a


relação entre o direito dos contratos e o direito público. Com o Direito Administrativo, a
teoria geral dos contratos civis inspira a regulamentação dos contratos administrativos.
Com o Direito Constitucional, principalmente a partir da Constituição Federal de 1988,
revela-se a posição de subordinação do direito dos contratos frente ao texto
constitucional.

2 – Breve evolução histórica do direito dos contratos

A análise destas relações do direito dos contratos com outros ramos do direito
nos leva a percorrer um interessante histórico do direito dos contratos, imprescindível
para compreender o significado e conteúdo atuais da teoria geral dos contratos estudada
no Direito Civil.

Para encurtar nossa resposta, vamos voltar apenas 200 anos, remetendo nossa
memória histórica ao ano de 1804, ano da publicação do famoso Code Napoléon, que
aniversaria nesta época.

Os acontecimentos históricos ocorridos previamente ao Código Civil francês


deram causa a um dos maiores marcos da nossa teoria geral dos contratos.

Dentre as causas deste marco, encontramos concepções políticas e


questionamentos sobre a relação entre Estado e Sociedade. O paradigma liberal sobre a
relação entre Sociedade e Estado justifica-se como reação ao paradigma absolutista,
modelo de um Estado sem limites no direito, autor de abusivas intervenções no setor
privado. Ao lado desse modelo, a estrutura de classes (nobreza, clero, plebe) fornecia os
elementos para a violenta reação que foi a Revolução Francesa, ou Revolução Burguesa,
ainda no final do século XVIII.

É nesta transição entre o absolutismo e o liberalismo que se encontram as raízes


de uma das mais fortes ideologias jurídicas do Direito Civil: o liberalismo econômico, o
individualismo, o voluntarismo.

A classe burguesa, classe econômica emergente, encontrava suas atividades


negociais limitadas a institutos de origem feudal, com dificuldade para a livre circulação
de riquezas e o livre acesso à aquisição de bens, além de outras questões políticas que,
infelizmente, não podemos abordar nesta resposta.

Para que esta classe expandisse suas atividades e, conseqüentemente, seu poder,
era necessária uma nova forma de regramento das relações privadas.

Os belos ideais da Revolução Francesa, principalmente a igualdade e a


fraternidade [04], foram incorporados ao discurso jurídico e fundamentaram dois
importantíssimos princípios da teoria clássica dos contratos: a igualdade formal das
partes contratantes e a liberdade de contratar (incluindo aí a liberdade contratual).

As reivindicações de que todos fossem iguais perante a lei e que todos fossem
livres, atendiam às necessidades da burguesia no que tange ao acesso a qualquer forma
de bens, inclusive aos que, historicamente, eram reservados à nobreza e ao clero.

Naquele contexto, o discurso era de que se todos fossem iguais perante a lei e
livres entre si e perante o Estado, poderiam estabelecer relações jurídicas contratuais
livremente, e o que fosse pactuado seria justo. Na expressão francesa: "qui dit
contractuel dit juste". A decorrência natural é o "pacta sunt servanda". Se o contratado
era justo (justiça decorrente da liberdade e da igualdade das partes), o pacto deveria ter
força obrigatória. Contratado desta forma, com base na autonomia da vontade, nem ao
Estado era permitido intervir no conteúdo da relação contratual, salvo raras exceções de
ordem pública e contrariedade aos bons costumes.

Foi este discurso o cristalizado no Código Civil francês de 1804.

São notórios os efeitos práticos da junção destes ingredientes. Com a liberdade


de contratar e a igualdade formal, o contrato acabou, muitas vezes, sendo um
instrumento de exploração do ser humano, com a chancela do direito.

Para adiantarmos a resposta, vamos considerar que foram tantos abusos, que
tanto liberalismo acabou gerando, também, uma reação. Aquele Estado mínimo liberal
recebia demandas crescentes de intervenção nas relações privadas, com o objetivo de
equilibrar as relações contratuais, estabelecer condições mínimas de igualdade entre as
partes e proteger os que se obrigassem em condições de vulnerabilidade.

Surge, assim, o Estado Intervencionista, ou Estado do Bem-Estar Social, com


funções de promoção impensáveis para o modelo liberal. Com a revolução industrial, a
urbanização, a economia de massa e as guerras européias, a intervenção do Estado nas
relações contratuais era inevitável.

Esta intervenção pública nos contratos provocou forte reação dos civilistas
clássicos, que denunciaram a publicização do direito civil, além da crise da autonomia
da vontade e da crise do contrato.

Foi com este intervencionismo que novos ramos do Direito se destacaram do


Direito Civil, como o D. do Trabalho e o D. do consumidor. Além disso, leis esparsas
foram surgindo para regulamentar contratos de fortes efeitos sociais, com [05] as leis do
inquilinato.

A descentralização do direito civil causou certo esvaziamento da teoria geral dos


contratos, pois leis extravagantes traziam novas regras que excepcionavam o Direito
Civil, formando-se micro-sistemas cujos fundamentos divergiam da doutrina liberal
clássica.

Deixando de lado vários outros acontecimentos, vamos à II Guerra Mundial para


ressaltar outro momento histórico que também refletiu na teoria geral dos contratos. Foi
aí que, por causa dos abusos e dos atentados contra a dignidade da pessoa humana, um
novo farol acendeu-se para a teoria geral dos contratos. As constituições da época
inseriram nos seus textos cláusulas gerais de proteção da dignidade da pessoa humana,
com reflexo no direito dos contratos, falando-se de uma despatrimonialização e de uma
repersonalização do Direito Civil. A preocupação era a valorização da pessoa humana,
em sua dignidade existencial, devendo este aspecto preponderar sobre as questões de
ordem patrimonial.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 representou, ao mesmo tempo, o


intervencionismo público, a "socialização", a "publicização", a "despatrimonialização" e
a "repersonalização" do direito civil. Ou, com certa licença poética, a Constituição
Federal de 1988 lançou as bases para a "civilização" do direito civil.
3 – Definição de contrato e seus elementos constitutivos: a relação jurídica
obrigacional decorrente do contrato

GENERALIDADES: CONTRATO (Orlando Gomes) – CONCEITO –


Figura jurídica que ultrapassa o âmbito do Direito Civil e nos domínios
deste, encontra-se presente: Direito de Família, Direito da Coisa, e das
Sucessões.

Todavia, os contratos de Direito Privado mais importantes à vida


econômica gravitam na órbita do Direito das Obrigações e são negócios
jurídicos bilaterais “itervivos” e de conteúdo patrimonial.

CONTRATO E ACEPÇÕES DA PALAVRA:

A) SENTIDO AMPLO – todo negócio jurídico que se firma pelo concurso


de vontades

B) SENTIDO ESTRITO – Negócio jurídico que tem a função específica de


criar obrigação patrimonial.

“ Não é o instrumento que dá existência ao contrato, mas o encontro de


duas declarações convergentes de vontades, emitidas no propósito de
constituir, regular ou extinguir, entre os declarantes uma relação jurídica
de conteúdo patrimonial” – ORLANDO GOMES – “Contratos” 4ª. Edição,
1973, Forense Rio.

CONCEITUAÇÃO DE CONTRATOS – é o negócio jurídico bilateral ou


plurilateral que sujeita as partes à observância de conduta idônea à
satisfação dos interesses que regularam

ALGUMAS CONSIDERAÇÃOES SOBRE CONTRATOS:

A) Negócio jurídico unilateral - contem uma só declaração de vontade.


B) Negócio jurídico bilateral – declarações convergentes que se
ajustam
C) Compondo interesses divergentes, os sujeitos da relação
contratual chama-se partes.
D) PARTE è diferente de PESSOA, pois uma única pessoa pode
representar as duas partes como no “autocontrato” ou “contrato
consigo mesmo” e uma só parte pode compor-se por diversas
pessoas. Parte é igual a um centro de interesses!!

PARA A PERFEIÇÃO DO CONTRATO

A) Existência de duas declarações;

B)Coincidência de fundo entre as duas declarações;

C) Declarações recíprocas de vontade para a produção de efeitos


jurídicos específicos
CARACTERIZAÇÃO: “ Elemento característico do contrato é
plurititularidade, isto é, a cooparticipação de titulares com interesses
econômicos divergentes. Diz-se até que o acordo de vontades
somente configura contrato quando as partes têm interesses opostos”

DECLARAÇÃO DE VONTADES:

A)A atividade convergente dos dois ou mais sujeitos tem de ser


desenvolvida no mesmo nível (O. Gomes).

B) Proposta ou Oferta – Declaração de quem tem a iniciativa, chamada


também de policitante ou proponente.

C) Aceitação – Quem aceita também é chamado de oblato.

“Consideradas individualmente, a oferta e a aceitação não constituem


negócio jurídico, embora a proposta, em certos casos, já produza
efeitos jurídicos, é entretanto ato de pré-negociação” – O. Gomes –

Há sempre sucessividade entre proposta e aceitação, podendo haver


intervalo, mais ou menos longo necessariamente quando os
interessados se comunicam mediante correspondência espitolar. Caso
contrário, a aceitação pode ser imediata se o intervalo é necessário,
surge o problema da determinação do exato momento em que se
forma o contrato.

A proposta e a aceitação devem, para que o consenso se dê, coincidir


no conteúdo. Necessa´ria a correspondência.

CONTRATO X RELAÇÃO

1) Contrato – Alguns efeitos só se produzem com a execução


(ex: trabalho)
2) Relação – Vínculo que produz efeitos
3) O contrato é subjetivo e a relação é objetiva na mesma
entidade jurídica.

ASPECTO MATERIAL DO CONTRATO

O Contrato apresenta-se como um conjunto de proposições.

A formulação dos interesses específicos obedece a norma consagrada


pela praxe. Daí a existência de formulários, embora não seja obrigatória o
uso de fórmulas sacramentais, mas o uso de expressões consagradas é
aconselhável para traduzir com segurança a intenção das partes,
possibilitando a análise mais específica, objetiva do aspecto externo.
É instrumento de qualquer contrato. Compõe-se essencialmente de
PREÂMBULO E CONTEXTO.

PREÂMBULO – Qualificação das partes, declara-se o objeto do contrato e


as razões determinantes de sua realização ou objetivo.

Não tem maior relevância, mas conforme o conteúdo podem constituir


parte integrante do contrato propriamente dito. Hipótese que valor para o
fim de interpretação deste – MESSINEO, Dotrina Generale Del Contartto,
pg 22)

CLÁUSULAS CONTRTUAIS:

1) ESSENCIAIS – aquelas sem as quais o contrato não pode existir


2) NATURAIS – próprias de sua natureza
3) ACIDENTAIS – as que figuram em virtude de proporção especial

PRINCIPIOS FUNDAMENTAIS DO REGIME CONTATUAL

1) AUTONOMIA DA VONTADE – Liberdade de contratar, autoregulando


interesses. Significa o poder dos indivíduos de contratar, suscitar,
mediante declaração de vontade, efeitos reconhecidos e tutelados
pela ordem jurídica.

• Toda pessoa capaz tem aptidão para provocar um


nascimento de um direito, ou para obrigar-se.

A produção de efeitos jurídicos pode ser determinada pela vontade


unilateral ou pelo concurso de vontades.

• Aspecto da liberdade de contratar, no qual o poder


atribuído aos particulares é o de traçarem determinada
conduta para o futuro relativamente às relações
disciplinadas na lei.
• O conceito de liberdade de contratar abrange os poderes
de autoregência de interesses, de livre discurssão das
condições contratuais e, por fim, de escolha do tipo de
contrato conveniente à função da vontade.

• TRÍPLICE ASPECTO DA VONTADE DE CONTRATAR

1. Liberdade de Contratar propriamente dita – é o poder


conferido às partes contratantes de suscitar os efeitos que
pretendem, sem que a lei imponha os preceitos que traça.
São livres em conclusão de determinar o conteúdo do
contrato, mas nos limites impostos pela lei.
PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE CONTRATAR

LEIS COATIVAS E SUPLETIVAS – as primeiras ordenam ou


proíbem algum ato, determinando o se deve ou não fazer.
Quando ordenam = IMPERATIVAS; Quando proíbem =
PROIBITIVAS.

Já as leis SUPLETIVAS são as que suprem ou complementam


a vontade do indivíduo, aplicando-se quando ele não a
declara.

A Liberdade de Contratar só é aplicada quando as normas


supletivas predominam no contrato. Não é um “Imperativo
Categórico”, sendo aplicada sem maior ou menor extensão a
depender da conveniência das partes.

LIMITAÇÕES À LIBERDADE DE CONTRATAR – A liberdade de


contratar propriamente dita jamais foi ilimitada. Duas
limitações de caráter geral sempre confinaram-se: A ORDEM
PÚBLICA e aos BONS COSTUMES.

DIRIGISMO CONTRATUAL - “A liberdade escraviza e as leis


que liberte”. O Contrato é uma operação dirigida seja pelo
poder público, legislador ou juiz ou até mesmo por um dos
contratantes

2. Liberdade de estipular o contrato – Faculdade de estipular


quaisquer efeitos obrigacionais, caracterizando-se pelo
poder de criar mediante vínculo contratual, as mais diversas
obrigações, aumentando, diminuindo, modificando, inovando
o esquema legal.

PROCESSOS TÉNICOS PARA COIBIR ABUSOS

- A Conversão de leis Supletivas em Imperativas

- O Controle de Atividade de Certas Empresas

- A Discussão Corporativa

3. Liberdade de estruturar o conteúdo do contrato.

2. PRINCÍPIO DO CONSENSUALISMO – nas civilizações anteriores


dominavam o formalismo e o simbolismo. Observavam à forma ritual. No
Direito Hodierno vigora o princípio do consensualismo pelo qual o acordo
de vontades é suficiente à perfeição do contrato. Considerado por alguns,
manifestação do liberalismo.
O consentimento forma os contratos, mas não significa que algumas
espécies não precisem se sujeitar à solenidade. Ex: Reais

A onerosidade excessiva não implica impossibilidade superveniente de


cumprir a obrigação. “Portanto, quando acontecimentos extraordinários
determinam radical alteração no estado de fato contemporâneo à
celebração do contrato, acarretando conseqüências imprevisíveis das
quais decorrem excessiva onerosidade no cumprimento da obrigação, o
vínculo contratual pode ser resolvido ou a requerimento do prejudicado, o
juiz altera o conteúdo do contrato, restaurando o equilíbrio desfeito” – O.
Gomes –

*** A alteração do estado de fato faz desaparecer a vontade contratual.

3. PRINCÍPIO DA BOA FÉ – O Código Civil Alemão expressa que as partes


devem agir com lealdade e confiança recíprocas. É necessário
colaboração entre credor e devedor na execução do contrato.

RELATIVIDADE DOS EFEITOS DO CONTRATO

Diz respeito à eficácia. Seus efeitos se produzem exclusivamente entre as


partes, não aproveitando nem prejudicando a terceiros.

Existência = Efeitos Internos = Direitos e Obrigações.

Eficácia Interna = Relativa.

Feitas estas considerações iniciais, indispensáveis para uma compreensão atual do tema,
passemos a uma análise conceitual dos contratos.

Os contratos, pactos ou convenções têm diversas raízes etimológicas. De


"conventio" apreendemos o sentido de "vir com". De "contratus" apreendemos a noção
de contrair, unir. São, de forma genérica, os sentidos atuais de uma relação obrigacional
que surge dos contratos.

No Direito Romano (ou numa fase dele, pois o Direito Romano foi formado por
fases diferentes entre si), havia o "pacto" e o "contractus". Através dos "pacta", o
vínculo criava apenas obrigações naturais. As obrigações jurídicas decorriam do
"contratus". Assim também o é no nosso direito atual: há convenções e pactos que não
geram obrigações jurídicas. Estas decorrem dos contratos, que são vínculos que
merecem proteção jurídica, por sua importância social e por estarem atendidos os
requisitos legais que lhe conferem validade.

Portanto, no nosso direito, os contratos são acordos feitos com base na vontade
das partes e na autorização jurídica, capazes de criar, regular, modificar ou extinguir
relações jurídicas de conteúdo patrimonial. Esta é a definição de contrato.

Se os contratos merecem proteção jurídica é porque são válidos. Não basta


existir o pacto, o consenso ou a convenção para que o direito reconheça eficácia
jurídica. Além dos elementos de existência do acordo, estes elementos devem apresenta
certos predicados para que estejamos diante de um contrato.

Assim, não basta que estejam presentes as partes, o objeto e o consenso, como
exteriorização da vontade das partes. É preciso que os sujeitos sejam capazes e
legitimados; que o objeto seja lícito, possível, determinável e econômico; e que a forma
de exteriorização das vontades seja a prescrita ou alguma não proibida. São os
requisitos de validade de todo negócio jurídico (art. 104 e seguintes).

Dizer que as partes sejam capazes significa exigir que elas não se enquadrem nas
hipóteses previstas nos arts. 3o. e 4o. do CC2002. Esta é a capacidade genérica. A
capacidade específica, ou legitimação (importando-se a expressão do direito processual
civil) decorrer da ausência de impedimento específico de realizar certo contrato com
certa pessoa. Como exemplo, João é maior, capaz, mas não pode doar uma casa para sua
concubina, se for casado. Embora João tenha capacidade genérica para praticar atos da
vida civil em geral, ele não pode realizar aquele contrato com aquela mulher.

Quanto ao objeto do contrato, este deve, inicialmente, ser lícito. Os requisitos da


licitude é amplo, não se restringindo à idéia de legalidade. Não basta não contraria a lei,
não deve contrariar moral, ordem pública e bons costumes. O objeto do contrato deve
ser também possível, física e juridicamente. Se a impossibilidade for absoluta e inicial,
o contrato é nulo, embora a impossibilidade relativa inicial e a absoluta superveniente
não afetem sua validade. O objeto do contrato deve também ser determinado ou, no
mínimo, determinável, se indicado pelo gênero, quantidade e qualidade. As partes
precisam saber a respeito do quê estão se obrigando. Admite-se, porém, a validade de
contrato cujo objeto ainda não exista, desde que haja potencialidade de vir a existir,
como nos contratos sobre coisa futura, na forma condicional ou aleatória. E, por fim,
como o contrato regulamenta relações jurídicas patrimoniais, seu objeto deve ser um
bem ou uma prestação patrimonial. (Fala-se também de idoneidade do objeto, ou seja,
sua adequação ao contrato escolhido, sendo inidôneo, por exemplo, um bem consumível
ser objeto de comodato.)

Vale ressaltar, antes de passar à análise da forma, que conteúdo do contrato e


objeto do contrato podem ser vistos de forma distinta. O conteúdo diz respeito aos
direitos e obrigações objeto de regulamentação pelas partes (e/ou pela lei), ou objeto
imediato. Como objeto mediato ou objeto propriamente dito, falamos dos bens e das
prestações.

Quanto à forma, esta é a maneira pela qual a vontade se exterioriza. O princípio


é o da liberdade da forma, ou princípio do consensualismo, em oposição ao princípio
romano do formalismo. Sendo a forma prescrita por lei, se esta não for obedecida, o
contrato padece de nulidade. Não havendo forma prescrita, o contrato pode ser feito por
qualquer forma lícita. Na antiga distinção, se a forma for "ad solemnitatem", ela é
requisito de validade. Se a forma for "ad probationem", as partes podem optar por
qualquer meio de exteriorização da vontade, devendo cuidar para garantir a prova de
que o vínculo foi contraído.

4 – Princípios do direito dos contratos


Feita a definição de contrato e tendo sido expostos seus elementos e requisitos
de validade, passemos aos princípios do direito dos contratos.

Segundo o princípio da relatividade, o contrato produz efeitos relativos, ou seja,


apenas entre as partes que dele participaram. O "contrato faz lei entre as partes" e
apenas entre as partes, não podendo atingir terceiros. Esse princípio é próprio do direito
das obrigações (onde os contratos se inserem), em oposição aos direitos reais, que são
oponíveis "erga omnes". Este princípio, contudo, encontra exceções e relativizações.
Citemos duas exceções: a transmissão das obrigações (e créditos) pela sucessão e a
estipulação em favor de terceiro. A relativização é fruto da função social dos contratos.
Já escrevemos que as obrigações, desde que fungíveis e salvo estipulação em contrário,
transferem-se aos herdeiros na abertura da sucessão. Quanto aos débitos, contudo, estes
não obrigam os herdeiros no que ultrapassar as forças da herança.

A estipulação em favor de terceiro vincula pessoa que não foi parte no momento
da formação do contrato, mas apenas em seu benefício, ou seja, este terceiro pode
adquirir vantagens, não obrigações. Este terceiro, a favor de quem se estipulou a
obrigação, tem direito de exigir seu adimplemento. Exemplo desta estipulação em favor
de terceiro é o seguro de vida, em que os efeitos ocorrem ultra-partes. Por outro lado,
um terceiro não pode ser obrigado por contrato do qual não participou. Se alguém, ao
contratar, promete fato de terceiro, este contrato não tem a eficácia de obrigar quem dele
não participou. Se o terceiro não executar a promessa realizada por João num contrato
com Maria, a responsabilidade é de João, não havendo nenhuma relação jurídica entre
João e o terceiro ou entre Maria e o terceiro.

Tanto a estipulação em favor de terceiro como a promessa de fato de terceiro


estão disciplinadas na teoria geral dos contratos, nos artigos 436 e 438 a 440 do Código
Civil.

Art. 436. O que estipula em favor de terceiro pode exigir o cumprimento da


obrigação.

Parágrafo único. Ao terceiro, em favor de quem se estipulou a obrigação, também é


permitido exigi-la, ficando, todavia, sujeito às condições e normas do contrato, se a ele
anuir, e o estipulante não o inovar nos termos do art. 438.

Art. 437. Se ao terceiro, em favor de quem se fez o contrato, se deixar o direito de


reclamar-lhe a execução, não poderá o estipulante exonerar o devedor.

Art. 438. O estipulante pode reservar-se o direito de substituir o terceiro designado


no contrato, independentemente da sua anuência e da do outro contratante.

Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição
de última vontade.

O princípio da relatividade dos contratos vem sendo relativizado, atualmente,


pelo princípio da função social dos contratos. Enquanto que, segundo o princípio da
relatividade, o contrato só produz efeitos entre as partes, o princípio da função social do
contrato realça os efeitos que o contrato produz além da esfera jurídica das partes.
O princípio da função social dos contratos, previsto no Código Civil de
2002 no art. 421 (Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites
da função social do contrato).

, integra nova doutrina contratual, ou o novo direito dos contratos, marcando a


superação do paradigma liberal clássico na teoria geral dos contratos. O princípio da
função social dos contratos tem a mesma função que, no direito das coisas, tem a função
social da propriedade. Quando se dá a passagem do paradigma liberal para o social (ou
intervencionista), alguns institutos do direito privado, sobretudo a propriedade e o
contrato, sofrem uma mudança no que se refere à sua relação com o contexto social. A
propriedade deixa de ser vista como um direito que serve exclusivamente os interesses
do titular e passa a ser considerada vinculada a certo contexto sócio-econômico. Do
Código Civil napoleônico, onde a propriedade era o direito de usar, gozar e dispor da
coisa da forma mais absoluta, passamos ao modelo alemão (e mexicano), no qual a
propriedade obriga. Em tempos de Estado do Bem-Estar Social, a propriedade tem uma
função que vai além da individual. Seu uso produz reflexos na sociedade. A titularidade
do direito recebe proteção na medida em que o exercício do direito for útil à sociedade,
não bastando atender aos interesses exclusivos do proprietário.

O mesmo ocorre com os contratos. Na nossa sociedade atual, um contrato pode


afetar um grupo de pessoas e toda uma cidade, ou até um país, com reflexos negativos
na sociedade, o que se busca regulamentar, por exemplo, na esfera do Direito
Econômico, para permitir a livre-concorrência. Sob este princípio, o contrato importa
também para a sociedade, não apenas para as partes contratantes, e servirá como limite
da atuação destas.

Ausente do texto do Código Civil de 1916 (pois a inspiração na época era a


liberal-individualista), muitos autores o inferem da Constituição Federal de 1988, seja
do art. 1o, III - dignidade da pessoa humana, do art. 5o, XXIII – função social da
propriedade, art. 182 e 186 - função social da propriedade urbana e rural e art. 170 –
princípios da ordem econômica. Num levantamento de jurisprudência, encontramos
julgados fundamentados na função social do contrato antes da publicação e da vigência
do Código Civil de 2002, no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.

Como estamos falando de "novos" princípios do Código Civil de 2002,


passemos ao princípio da boa-fé, também chamado de princípio da probidade ou da
eticidade dos contratos. É o princípio da boa-fé objetiva, art. 422 (Art. 422. Os
contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé).

É necessário, de início, distinguir boa-fé subjetiva de boa-fé objetiva. A boa-fé


subjetiva diz respeito a certo estado psicológico do sujeito, no qual desconhece vícios
ou impedimentos de determinada situação jurídica na qual está inserido. A boa-fé
subjetiva, prevista desde o Código de 1916, tem papel relevante, por exemplo, na posse
e na fraude contra credores. Diz respeito à intenção do sujeito, ao conhecimento ou
desconhecimento de certos detalhes da relação ou situação jurídica.

A boa-fé objetiva, contudo, não se liga à subjetividade do agente ou da parte,


mas a um padrão genérico de conduta, num determinado lugar e em certo momento.
Recorrer à boa-fé objetiva não é fazer uma investigação psicológica para concluir se o
possuidor sabia ou não que poderia estar com aquele bem, ou se o adquirente conhecia
ou não a insolvência do alienante. Recorrer ao princípio da boa-fé objetiva é buscar, em
certo contexto social, qual é o padrão de conduta do homem probo, correto, honesto,
leal.

O princípio da boa-fé objetiva determina que este padrão médio de probidade, de


ética, seja o padrão de conduta a reger o comportamento dos contratantes entre si.

Apontam-se três funções para o princípio da boa-fé, na esteira da doutrina de


Judith Martins-Costa. O princípio da boa-fé objetiva é fonte de deveres laterais ou
anexos. Como ressalta Fernando Noronha, a relação jurídica obrigacional é uma relação
jurídica complexa, sistêmica. Há mais deveres do que os criados expressamente nas
cláusulas do contrato. Além da execução da prestação, além da entrega do bem, há
inúmeros outros deveres implícitos ao contrato, que decorrem do que legitimamente se
espera que sejam as condutas das partes. São inúmeros os deveres que devem ser
observados pelas partes, tanto nas tratativas iniciais, como na formação, execução e pós-
execução do contrato, embora o art. 422 mencione apenas as fases de conclusão e
execução do contrato. São exemplos de deveres laterais ou anexos: dever de não
obstruir a consecução e o gozo da finalidade do contrato; dever de informar; dever de
informar com clareza; dever de não criar falsas expectativas; dever de garantir a
idoneidade do bem e/ou serviço; dever de segredo; dever de guarda etc.

Utilizando exemplos, podemos afirmar que age contrariamente à boa-fé a


empresa montadora/fabricante de automóveis que deixa de oferecer peças de reposição.
Esse caso deu origem a discussões jurisprudenciais e doutrinárias no direito europeu.
Também viola a boa-fé a parte que divulga segredos ou publica documentos a que teve
conhecimento através da relação contratual. Ou podemos questionar se age conforme a
boa-fé quem vende empresa e fundo de comércio e instala novo negócio do mesmo
ramo ao lado do estabelecimento vendido. Também no Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul, encontramos julgados que se fundamentam no princípio da boa-fé
objetiva antes da vigência do CC/2002, como no caso da fabricante de molho de
tomates que, anualmente, fornecia sementes de tomate aos agricultores e,
posteriormente, adquiria toda a safra. Um ano a fabricante não comprou a safra. Em
ação judicial, contestou afirmando que não havia contrato entre si e os agricultores.

Outras funções do princípio da boa-fé: é limitadora da autonomia privada


das partes contratantes e é regra de interpretação e de integração dos contratos. Podemos
citar, além do art. 422, também os arts. 112 ( “Nas declarações de vontade se atenderá
mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem”)

e 133 (“Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos,


em proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das
circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os
contratantes”)da Parte Geral do Código Civil.

Passemos a outro princípio, o da força obrigatória dos contratos, ou princípio da


obrigatoriedade. É revelado ela antiga expressão "pacta sunt servanda", de que já
escrevemos na evolução histórica dos contratos.
Ao lado do princípio da obrigatoriedade, devemos mencionar o princípio da
intangibilidade dos contratos, segundo o qual o contrato, uma vez formado, não pode
ser alterado unilateralmente.

Tratemos de ambos os princípios sob o nome do primeiro, para analisarmos a


teoria da imprevisão e a teoria da onerosidade excessiva, que o abrandam.

A teoria da imprevisão não foi tratada no CC de 1916, como era de se esperar,


dada sua inspiração liberal. Mas não é uma novidade trazida pelo art. 478 (Nos
contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do
contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação) do
CC2002, pois surgiu e se desenvolveu no Brasil a partir da jurisprudência. É farto o
número de julgados, anteriores ao CC de 2002 que decidem como prevê o art. 478.

Algumas críticas precisam ser feitas a este artigo 478. Comecemos pelo título
dado à Seção IV – Da resolução por onerosidade excessiva. O mais apropriado seria
substituir "onerosidade excessiva" por imprevisão. E substituir "resolução" por
"revisão". Não é a simples onerosidade excessiva que permite ao juiz revisar – e, não
sendo possível, resolver – o contrato. Precisamos somar a isso outras circunstâncias.
Esta onerosidade excessiva deve decorrer de fato extraordinário e imprevisível
(tomando como base a cautela normal). A simples onerosidade excessiva autoriza a
revisão judicial de um contrato de consumo, mas, para haver intervenção judicial num
contrato paritário, é preciso que haja a imprevisão. Este fato imprevisível e
extraordinário, por modificar a base objetiva do contrato, permite sua revisão, pois
desequilibra as prestações das partes contratantes. Neste ponto, o art. 478 merece outra
crítica, pois a jurisprudência e a doutrina já tinham entendido que à onerosidade
excessiva da obrigação de uma parte, não era necessário, obrigatoriamente, demonstrar
o injusto enriquecimento por parte da outra.

A teoria da onerosidade excessiva, pura e simples, se aplica nas relações de


consumo, onde são nulas as cláusulas que criarem excessiva onerosidade para o
consumidor, independentemente de esta onerosidade excessiva estar presente desde a
formação do contrato ou de surgir supervenientemente.

Cabe esclarecer, ainda, que a teoria da imprevisão se aplica aos contratos de


execução continuada ou diferida, bilaterais. Decorre da cláusula "rebus sic stantibus",
imanente a todos os contratos.

Passemos para outro princípio, o da autonomia privada. Dele decorrem a


liberdade de contratar e a liberdade contratual. A primeira diz respeito à liberdade de
estipular contratos e a segunda, sobre a liberdade de determinar o conteúdo deste. Com
a intervenção pública nas relações contratuais, chamada por alguns de dirigismo
contratual público, questionou-se a crise da autonomia privada. Vale ressaltar que
autonomia da vontade e autonomia privada não têm conteúdo idêntico. A autonomia da
vontade era o princípio do voluntarismo, segundo o qual o fundamento e a força
obrigatória dos contratos encontravam-se na livre vontade das partes. Com a mudança
de foco para a autonomia privada, compreende-se que a lei é fundamento do contrato, a
vontade conforme a lei gera o vínculo jurídico, não a vontade pura. Assim, a lei, a
ordem pública, a moral e os bons costumes compõem a autonomia privada, determinam
as fronteiras da liberdade contratual, como bem demonstrou Francisco Amaral.

Há ainda outros princípios, como o do consensualismo, o da atipicidade, mas


mudemos de assunto e avancemos na resposta.

5 – Relação entre contrato e responsabilidade civil, em especial: responsabilidade


pré-contratual, responsabilidade contratual e responsabilidade extracontratual [06]

6 – A interferência de terceiros na relação contratual [07]

Vamos analisar alguns aspectos entre a teoria dos contratos e a responsabilidade


civil. Sobre a responsabilidade por inadimplemento direto da obrigação estipulada no
contrato, ou responsabilidade contratual, o direito das obrigações está avançado.
Contudo, é necessário refletir sobre aspectos da relação contratual que podem estar
vinculadas com a responsabilidade extracontratual ou aquiliana.

Dois dispositivos fundamentam o sistema civil de responsabilidade por dano: o


art. 186 (Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito , que
define ato ilícito), e o art. 187 (Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes. que descreve o abuso de direito e o equipara a
ato ilícito).

Fala-se de responsabilidade pré-contratual por rompimento injustificado das


tratativas. Ainda na fase pré-contratual, se uma das partes cria na outra fundadas e
razoáveis expectativas de que o contrato era quase uma realidade consumada, e esta
segunda parte realiza investimentos função [08] deste contrato em vias de formação, e a
primeira parte, sem justo motivo, desiste do contrato, causando danos para a segunda
parte, a primeira deve responder pelos danos causados à segunda, com fundamento no
princípio da boa-fé objetiva e do abuso do direito.

O mesmo pode ocorrer após a extinção do contrato se, cumprida a obrigação, a


primeira parte age de forma a obstruir que a segunda goze dos benefícios do
cumprimento do contrato.

Convém, ainda sobre responsabilidade civil e contratos, mencionar a pouco


estudada interferência indevida de terceiro na relação contratual. No direito americano,
com base no "Restatement of torts", que prevê o "torts of induction", quando um
terceiro interfere numa relação contratual impedindo seu cumprimento ou causando seu
rompimento. É conduta ilícita, devendo o terceiro ser responsabilizado pelos danos
decorrentes do rompimento ou violação. Um caso, na jurisprudência americana, ilustra
o problema: Na década de 80, a Pennzoil e a Getty Oil, empresas americanas,
negociavam a compra uma da outra. A Pennzoil compraria a Getty Oil por 110 dólares a
ação, já havendo um "memorando" (ou pré-contrato [09], adaptado ao nosso direito) com
vários pontos decididos, faltando acertar detalhes secundários. A venda já havia sido
divulgada em Bolsa de Valores. Paralelamente e secretamente, intrometeu-se a Texaco,
negociou com a Getty Oil um valor de 128 dólares por ação e a Getty Oil desistiu do
contrato com a Pennzoil. Em razão deste "tort of induction", a Texaco foi condenada a
pagar 7,53 bilhões de dólares (sete) por indenização à Pennzoil e mais um bilhão por
"punitive damages".

Trazendo para a realidade brasileira, é a mesma racionalidade do triângulo


estabelecido entre a Nova Schin, Zeca Pagodinho e a Brahma (ou entre as agências de
publicidade).

7 – Formação dos contratos

1. GENERALIDADES:

Para a formação de um contrato, são necessárias duas ou mais


declarações de vontade que devem ser coincidentes.

2. PROPOSTA OU OFERTA:

A Proposta e a Aceitação são declarações receptícias de vontade. Seus


efeitos somente se produzem a partir do documento que são conhecidos
pela outra pessoa a quem se dirige. O vínculo contratual surge a partir
que as duas declarações se intercruzam.

Existe a expedição de aceitação, que o espaço de tempo entre Proposta e


Aceitação.

3. NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES:

É a proposta de entendimento destinada a sua melhor formulação.


Debatem nelas as suas condições; elaboração do futuro contrato; a
minuta que servirá de roteiro para a redação do contrato.

Não passam de mera tentativa para a realização de contratos, não se


confundindo com as negociações contratuais.

Não tem força vinculante, pois é neste momento que as partes verificam
se o negócio é vantajoso. Mas se um dos interessados cria expectativa de
contratar, obrigando-o a fazer despesas para possibilitar a realização do
contrato e depois sem motivo, põe a termo às negociações, é obrigado a
ressarcir o outro pelos danos causados. Há na verdade, uma
responsabilidade pré-contratual.

Culpa extra-contratual = conduta culposa no rompimento do pré-contrato.

4. PROPOSTA:

É a firme declaração receptícia de vontade dirigida à pessoa a qual se


pretende alguém celebrar o contrato. Exige-se que o seu conteúdo seja
completo de tal forma que para concluir basta se ter a aceitação.
5.PROPOSTA A AUSENTE:

A OFERTA poderá ser feita a quem não pode dar resposta imediata,
estabelecendo assim em que momento o tornará eficaz. Mas, a pessoa
que recebe a PROPOSTA, apesar de não poder dar a resposta imediata,
deverá ao menos conhecer.

O momento que se firma é o da RECEPÇÂO que deverá ocorrer desde que


corra tempo suficiente para que a proposta chegue até o destinatário.

Não há prazo fixo, uma vez que os meios de comunicação variam em


rapidez. Destinguem-se as PROPOSTAS entre ausentes: sem prazo, com
prazo, a que se segue retratação.

6. CADUCIDADE DA PROPOSTA:

Inoperante; por causa superveniente no exemplo morte do aceitante antes


da aceitação; não pôde atingir sua finalidade.

Quando o contrato está perfeito e acabado, embora o proponente não


tivesse tido o conhecimento da morte do aceitante, os herdeiros obrigam-
se a dar-lhe execução.

7. PROPOSTA A PRESENTE:

Com Prazo: Caduca-se se nele não for declarada

Sem Prazo: Aceitação imediata; caso cintrário deixa de ser obrigatória

8. ACEITAÇÃO:

É a aquisciência da proposta; o aceitante integra a sua vontade com a do


proponente, emitindo declaração expressa ou agindo de forma que a
exteriorize ou até mesmo silenciando quando deveria falar.

Para ser eficaz, tem que chegar ao conhecimento do proponente.

9. DISSENSO:

Quando divergem ou não se ajustam perfeitamente as declarações de


vontade; quando há dissenso em pontos essenciais = DISSENSO
MANIFESTO, do contrário é DISSENSO OCULTO que é causa de nulidade,
enquanto o MANIFESTO impede a formação do contrato. ( A aceitação é a
adesão para a proposta)

10. CONTRAPROPOSTA:

Quando o oblato incluía alterações na proposta que impedem a adesão


plena. Daí o oblato passa a ser proponente.
È a declaração com adições, restrições ou modificações, mas não é
CONTRAPROPOSTA a solicitação do aceitante ao proponente para que
faça oferta mais vantajosa.

11. RETRATAÇÃO

O aceitante deverá receber a RETRATAÇÃO antes que a proposta chegue


ao seu conhecimento ou ao mesmo tempo.

Duas situações:

- pode chegar depois de conhecida a proposta, mas antes de expedir a


resposta (aceitante)

- A retratação chegar depois de realizada e expedida a aceitação.

Quando não se formou não mais se formará; Se se formou o contrato, o


aceitante receberá por danos negativos – RESPONSABILIDADE PRÉ-
CONTRATUAL.

Na hipótese de já ter se formado o contrato, a RETRATAÇÂO é inválida;


mesmo que recusa a cumprir o contrato, portanto responderá por danos
positivos – RESPONSABILIDADE CONTRATUAL.

12. OBRIGAÇÃO DE ACEITAR:

Ninguém é obrigado a aceitar proposta de contrato, exceto:

- Quando da existência de CONTRATO PRELIMINAR ou PRÉ-CONTRATO;

- CONTRATOS OBRIGATÓRIOS quando a lei obrigar.

13. CONTRATOS MEDIANTE CORRESPONDÊNCIA:

- CONTRATO ENTRE PRESENTES – se formam instantaneamente

-CONTRATO ENTRE AUSENTES – quando há intervalo entr propsta e


aceitação

* Possibilidade de resposta imediata por meio de telefone é contrato entre


presentes.

14. SISTEMAS:

Pelo SISTEMA DE INFORMAÇÃO OU COGNIÇÃO, o contrato mediante


correspondência epistolar ou telegráfica forma-se no momento em que o
proponente toma conhecimento da aceitação do oblato

Pelo SISTEMA DA DECLARAÇÃO OU AGNIÇÃO, apresenta-se


diversificado em trás teorias:
- DECLARAÇÃO PROPRIAMENTE DITA – (ou da simples aceitação) –
considera-se formado o contrato no momento em que o oblato declara a
vontade de aceitar a proposta, independentemente de que a resposta seja
expedida ou chegue ao conhecimento do proponente. Momento que se
firma não se verifica com exatidão. Além disso teria o poder arbitrário de
concluir e desfazer o contrato ao escrever a aceitação ou rasgar.

- SISTEMA DE EXPEDIÇÃO – Considera-se formado o contrato quando a


aceitação é enviada e torna-se perfeito quando o oblato expede resposta
afirmativa. A vantagem é de retirar o poder do aceitante a possibilidade de
desfazer como permite a DECLARAÇÃO PROPRIAMENTE DITA, exceto no
caso autorizado de retratação. Considera-se insuficiente a
EXPEDIÇÂO,pois a carta pode extraviar-se, e por esta circunstância,
desfazer-se o contrato já perfeito e acabado.

- SISTEMA DE RECEPÇÃO – o contrato só se forma quando o proponente


recebe a resposta do aceitante. Pode ser considerado uma variante do
SISTEMA DA COGNIÇÃO, desde que a lei presuma o conhecimento no
momento em que a declaração chega ao destinatário.

15. LUGAR DE FORMAÇÃO DO CONTRATO:

Vigora a regra de que se considera celebrado o contrato nolugar em que


proposto.

Precisamos ainda dissertar sobre a formação do contrato no CC. A formação do contrato


é regida pela teoria da expedição e, secundariamente, pela teoria da recepção da
declaração de vontade, ambas teorias objetivistas, ficando de fora as teorias subjetivistas
da agnição e da cognição, por causarem muita insegurança jurídica.

Nem sempre a formação do contrato se dá instantaneamente. Na fase das


tratativas ou negociações preliminares, as partes não se obrigam (devendo-se observar a
boa-fé).

A minuta é instrumento usado nesta fase, mas não tem efeito jurídico, pois não
se formou o consenso. As partes ainda estão determinando o conteúdo da vontade
negocial.

O contrato preliminar é forma de se vincular juridicamente, pois ambas as partes


se obrigam a formar o futuro contrato. É, pois, bem diferente da minuta. O contrato
preliminar deve ter todas as informações e requisitos necessários essenciais ao contrato
futuro. Gera obrigação de fazer: fazer o contrato, obrigação de declarar vontade.

A disciplina do contrato preliminar, entre os arts. 462 e 466 do CC de 2002,


faz com que, praticamente, o contrato preliminar tenha os efeitos de um contrato
definitivo, cabendo, inclusive, suprimento judicial da declaração de vontade da parte
inadimplente. (Não confundir contrato preliminar, ou promessa de contrato, com o
compromisso irretratável e irrevogável de compra e venda, previsto no - Art. 1.417.
Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento,
celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de
Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel - de
CC2002.)

Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os
requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.

Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo


antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das
partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para
que o efetive.

Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.

Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade
da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a
isto se opuser a natureza da obrigação.

Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra
parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos.

Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a
mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no
que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.

Outras duas formas de pré-contratação com vinculação jurídica são o pacto de


opção e o pacto de preferência, que deixaremos de explicar para poder avançar na
resposta.

A fase de formação do contrato, propriamente dita, dá-se com a oferta, ou


proposta, ou policitação. A proposta obriga o policitante, embora possa ser objeto de
retratação, conforme as hipóteses do art. 428 , que consideramos desnecessário
transcrever. Se o policitante não cumpre a oferta, não havendo retratação válida, pode
responder por perdas e danos ao oblato.

Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:

I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-
se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação
semelhante;

II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para
chegar a resposta ao conhecimento do proponente;

III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo
dado;

IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a


retratação do proponente.
Com a aceitação, dá-se a conclusão ou formação do contrato. Formou-se o
consenso. Permite-se, também, ao oblato, retratar-se da aceitação, conforme previsto no
CC. Devemos esclarecer que aceitação é adesão integral à proposta feita pelo
policitante. Se a aceitação ocorrer fora do prazo, ou vier com modificação da proposta,
não tem o valor de aceitação, mas de nova proposta, invertendo-se os papéis entre
policitante e oblato.

Merece ser ressalvado o valor do silêncio na formação do contrato. Como


contrato é ato bilateral na sua formação, ele só se forma se houver declaração de
vontade de ambas as partes (pode ser multilateral também, como num contrato de
sociedade). Se uma parte se cala, em regra, não formou o consenso, elemento propulsor
do contrato. No direito, a regra não é "quem cala, consente". Se o silêncio dor
qualificado, por lei, pela oferta ou pelos costumes, este silêncio qualificado é válido
para gerar efeitos jurídicos, conforme o art. 11 do CC2002.

O momento e o lugar de formação do contrato são relevantes para determinação


de norma aplicável, foro competente, capacidade das partes etc. O lugar de formação do
contrato é onde a proposta é feita. Na LICC, é o do domicílio do policitante. No CDC é
o do domicílio do consumidor. O momento é o da expedição da aceitação, como regra,
ou da recepção da aceitação, como exceção.

8 – Classificação dos contratos

Passemos à classificação dos contratos. Vejamos as mais importantes.

1. CONTRATOS UNILATERAIS E BILATERAIS:

UNILATERAL – Formação: declaração de vontade de uma só pessoa

Efeito: obrigação para uma só parte

BILATERAL - Formação: concurso de vontades

Efeito: Obrigações para ambas as partes

***Por que o contrato é um negócio jurídico bilateral por excelência?

Devido às declarações coincidentes vontades. Assim, na formação todo


negócio jurídico é bilateral, mas nos efeitos pode ser um ou outro.

***Não se deve confundir bilateralidade da obrigação contratual com a


bilateralidade do consentimento: O segundo resulta do acordo de
vontades; o primeiro diz respeito à eficácia do negócio jurídico quanto ao
cumprimento por ambas as partes.

“A coisa perece com o credor” quando for unilateral e “a coisa perece


com o devedor” quando for bilateral.
Bilateral é o contrato que gera obrigações para ambas as partes. Unilateral é o que gera
obrigações para apenas uma parte. Há normas que se aplicam aos contratos unilaterais
[10]
, como a exceção do contrato não cumprido, prevista no 476 (Art. 476. Nos contratos
bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o
implemento da do outro), que deixamos de transcrever. O direito de exigir garantia do
cumprimento do contrato, previsto no 477 (Art. 477. Se, depois de concluído o contrato,
sobrevier a uma das partes contratantes diminuição em seu patrimônio capaz de
comprometer ou tornar duvidosa a prestação pela qual se obrigou, pode a outra recusar-
se à prestação que lhe incumbe, até que aquela satisfaça a que lhe compete ou dê
garantia bastante de satisfazê-la) também só cabe aos bilaterais. Da mesma forma, a
teoria da imprevisão ou onerosidade excessiva e a lesão. A cláusula resolutiva tácita,
imanente aos contratos, só pode ser invocada nos contratos bilaterais (vide art. 474 - A
cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação
judicial)

2. CONTRATOS GRATUITOS E ONEROSOS:

O primeiro, só uma das partes obtém proveito, a vantagem corresponde a


um sacrifício de uma das partes, consistente na diminuição do
patrimônio, exceto nos contratos desinteressados as exemplo do
comodato e mútuo.

*** Todo contrato bilateral é oneroso!!!

Oneroso é o contrato que gera vantagem para ambos contratantes. Gratuito é o que gera
vantagem para apenas uma parte, como o comodato, a doação pura. Há, também,
conseqüências jurídicas decorrentes da distinção, como regras especiais de interpretação
(restrita quanto a contrato gratuito) e riscos (nos gratuitos o devedor responde por dolo,
não por simples culpa). É possível um contrato ser unilateral e oneroso: o mútuo com
juros gera vantagem para ambos, mas obrigações só para o mutuário.

3. CONTRATOS COMUTATIVOS E ALEATÓRIOS:

Os contratos onerosos se subdividem em: comutativos e aleatórios.

A diferença entre os dois é a alternativa de ganho ou perda. Nos contratos


ONEROSOS COMUTATIVOS apresentação corresponde a
contraprestação, havendo certeza quanto as prestações.

Já nos CONTRATOS ONEROSOS ALEATÓRIOS uma das prestações


poderá falhar.

Obs: Os CONTRATOS ALEATÓRIOS são necessariamente bilaterais.


CONTRATOS ALEATÓRIOS X CONDICICIONAIS:

O primeiro, a eficácia fica na dependência de um acontecimento incerto; e


o segundo a incerteza ocorre em relação à extensão das vantagens
procuradas entre as partes. O risco está na alternativa de ganho ou perda.
Não se sabe qual das partes terá vantagem ou desvantagem.

CONTRATOS ALEATÓRIOS X COMUTATIVOS:

No que diz respeito à LESÃO. Somente o COMUTATIVO se submete à


disciplina no que tange a LESÃO, uma vez que consiste na desproporção
entra as prestações. Os Vícios Redibitórios e as ARRAS só justificam
neste.

No contrato comutativo as prestações devem ser equivalentes, devendo haver equilíbrio


entre as prestações. Nos aleatórios, as obrigações das partes podem se tornar
desproporcionais, dependendo da álea, da sorte, do risco contratado. Este risco pode ser
um risco absoluto ou um risco parcial. Na modalidade "emptio rei speratae", o risco
contratado é parcial. Se houver desproporção, as partes continuam obrigadas, exceto se
o objeto da obrigação de uma das partes não vier a existir. Na "emptio spei", o contrato
aleatório é de risco total, uma parte se mantém obrigada mesmo se o objeto da contra-
prestação não vier a existir.

Admite-se, ainda, o contrato sobre coisa atual sujeita a risco, conforme art.
460 (“ Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a
risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço,
posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato”)

Há também institutos que não se aplicam aos aleatórios, como a lesão e a


imprevisão, embora parte pequena da doutrina admita seu cabimento.

4. CONTRATOS CONSENSUAIS E REAIS:

Nos CONSENSUAIS, basta-se o consenso, o consentimento entre as


partes, mas nos REAIS ainda se exige a entrega da coisa. Exemplo: do
primeiro, compra e venda, locução e o mandato; no segundo, comodato,
mútuo e depósito.

Nos REAIS, o simples consentimento, no mínimo, dá lugar a um pré-


contrato e o contrato definitivo se dá com a entrega da coisa, por isso,
ambos são unilaterais. Se a execução fosse considerada antes da
entrega, seria bilateral.

Parte da doutrina diz que a entrega da coisa é simples pressuposto da


exigibilidade da obrigação de restituição. Obrigação fundamental é a
entrega sem o qual o contrato não se forma. JUSTIFICATIVA
INCONSISTENTE.
O contrato real perfaz-se com a tradição de seu objeto, como no depósito e no
mútuo, não bastando o consenso. O contrato formal deve seguir a forma prevista em lei,
sob pena de nulidade, podendo ser do tipo solene, se intervir obrigatoriamente
autoridade pública. O contrato consensual perfaz-se com o simples consenso, acordo de
vontades. É a regra.

5. CONTRATOS SOLENES E NÃO SOLENES:

Prevalece no direito moderno o Princípio da liberdade de forma e os


contratos se concluem, via de regra, pelo simples consentimento das
partes, seja qual for o modo de expressão da vontade – O. Gomes –

Mas para dar maior segurança ao comércio jurídico, a lei exige que certos
contratos obedeçam a determinada forma, elevando-a à condição de
requisito essencial à sua validade. Nesses casos, a vontade das partes,
não basta à formação do contrato.

- SOLENES – consentimento expresso pela forma prescrita na lei.


Também denominados de CONTRATOS FORMAIS. Solenidade exigida
consiste em serem lavrados por tabelião. Têm como forma a escritura
pública. Há CONTRATO SOLENE quando a forma é de sua substância.

- NÃO SOLENES – vontade declarada verbalmente ou por escrito


particular

DIFERENÇA ENTRE SOLENES E NÃO SOLENES – Os primeiros são nulos


se não obedecerem a forma, mas só se a solenidade se exigira na
declaração de vontade.

6. CONTRATOS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS:

ACESSÓRIOS – dependem de outros para existir. Também chamados de


DEPENDENTES. Tem como função garantir o cumprimento de obrigações
contraídas em CONTRATO PRINCIPAL.

PRINCIPAIS – Têm existência própria, independente, autônoma.

DIFERENÇA ENTRE ACESSÓRIOS E PRINCIPAIS – a primeira tem relação


de subordinação e acompanha a sorte do principal. Essa relação de
dependência é que vincula tais contratos.

7. CONTRATOS INSTANTÂNEOS E DE DURAÇÃO:

INSTANTÂNEO – execução única – consiste naqueles cujas prestações


podem ser realizadas em só instante. Cumprida a obrigação, exaurem-se
pouco importando ser imediato o vinculo ou se dê algum tempo depois.
DIFERENÇA ENTRE INSTANTÂNEO DE EXECUÇÃO IMEDIATA E DE
EXECUAÇÃO DIFERIDA – O primeiro a execução pode dar-se,
imediatamente após sua conclusão e no segundo, protrai-se para outro
momento (impõe-se, às vezes, como conseqüência da prestação
prometida, em virtude de uma cláusula que a subordine a um termo -
CONTRATOS A PRAZO)

DIFERENÇA ENTRE CONTRATOS DE EXECUÇÃO DIFERIDA E DE


DURAÇÃO – o primeiro é de execução instantânea e dependem do futuro,
e subordinada às regras da Teoria da Imprevisão e de duração ou
execução continuada ou de trato sucessivo as prestações se repetem, se
dividem no tempo ou se executam continuamente.

Quanto à execução, o contrato pode ser de execução diferida, continuada ou instantânea.


De execução instantânea é o contrato que deve ser cumprido à vista, no mesmo
momento da formação. De execução diferida é o cujo adimplemento se situa no futuro,
num único momento. De execução continuada é o que deve ser cumprido
sucessivamente, em várias prestações, também chamados de contratos de trato
sucessivo. A teoria da imprevisão só se aplica a estes dois, mas a da onerosidade
excessiva, prevista no CDC, aplica-se a todos.

8. CONTRATOS TÍPICOS E ATÍPICOS:

O primeiro está esquematizado em lei e no segundo não se encontram


Nominados ou típicos são contratos que têm "nome juris", previstos em lei.
Inominados ou atípicos são contratos criados pelas partes, sem que sua estrutura básica
esteja prevista em lei. A doutrina se refere também a atípicos mistos e atípicos
propriamente ditos.

especificamente regulado.

9. CONTRATOS PESSOAIS OU “INTUITU PERSONAE” E CONTRATOS


IMPESSOAIS:

O primeiro consiste na consideração da pessoa de um dos contraentes,


para o outro, o elemento determinante de sua conclusão (objeto é um
serviço infungível, ou seja, não pode ser executado por outra pessoa ou
porque só aquela seja capaz de fazê-la ou porque à outra parte interesse
que seja executada tão somente por ela.

Já nos IMPESSOAIS, são indiferentes a pessoa com que se contrata.

***A morte do devedor, os “intuitu personae” é causa de extinção do


contrato; não pode ser cedido devido a relação de causalidade
***O erro torna o contrato anulável (erro “in persona”)

Os contratos impessoais são infungíveis, podem ser transferidos ou executados por


pessoa diferente do obrigado. Os contratos pessoais têm como objeto obrigação
infungível, não sendo válido o "pagamento" feito por pessoa diversa da obrigada

O contrato paritário é o idealizado na teoria geral dos contratos civis,


pressupondo a igualdade formal das partes. Contrato por adesão é o cujo conteúdo é
preestabelecido rigidamente por uma das partes, com cláusulas padronizadas, fruto do
processo de "standardização" dos contratos. Há regras próprias de interpretação e
nulidade nos contratos por adesão que não se aplicam aos paritários, como os arts. 423e
424 e o CDC.

9 – Interpretação e integração dos contratos

Quanto à interpretação e integração dos contratos, sejamos breves, pois muito já


se falou sobre isso, esparçadamente [11], nos itens anteriores.

Nos contratos paritários, as partes podem estipular regras próprias de


interpretação, pois as previstas na teoria geral dos contratos são de natureza supletiva,
podendo ser afastadas por convenção.

Pothier sugeriu critérios de interpretação que se tornaram clássicos.

Dentre os vários critérios de interpretação, podemos citar: - interpretação contra


o predisponente no contrato de adesão [12], - de acordo com a boa-fé e os costumes, -
restrita nos contratos gratuitos ou benéficos, - pela conservação do contrato etc.

10 – Vícios redibitórios

Adiantemos e passemos para os vícios redibitórios. As regras sobre vícios


redibitórios aplicam-se aos contratos comutativos.

Vício redibitório é o defeito oculto que torna a coisa imprópria para o uso a que
destina, ou que desvaloriza a coisa. Fala-se que é oculto porque passa despercebido
pelas partes na formação do contrato. Se o alienante sabe do vício e se omite, trata-se de
dolo, cuja diferença prática quanto aos efeitos é que, provado, o alienante responde
também por perdas e danos.

Nesta situação, o adquirente pode mover uma ação redibitória ou uma ação
estimatória, conforme o seu interesse. Com a ação redibitória, ele rejeita a coisa e pede
pela extinção do contrato. Mas se o adquirente optar por ficar com o bem, ele tem
direito ao abatimento no preço, que pode ser conseguido através da ação estimatória.
Vale mencionar a regra do art. 444 (A responsabilidade do alienante subsiste
ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já
existente ao tempo da tradição )sobre perecimento do bem e as regras com os prazos de
decadência, no art. 445 (O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento
no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado
da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à
metade)., distinguindo os vícios "ocultos-aparentes" ou de fácil constatação e os
"ocultos-ocultos" ou de difícil constatação, pois seu conhecimento depende do uso da
coisa, talvez de forma prolongada.

É necessário ressaltar que os prazos são distintos no CDC, assim como as


opções do consumidor diferem um pouco das do CC2002.

11 – Evicção

A responsabilidade do alienante pela evicção cabe nos contratos onerosos.O


tratamento legal é previsto entre os arts. 447 (Nos contratos onerosos, o alienante
responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado
em hasta pública.)e 457 (Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a
coisa era alheia ou litigiosa)do Código Civil de 2002, não valendo a pena ocupar-se da
sua transcrição, pois o tempo voa e ainda temos que tratar da extinção dos contratos.

12 – Extinção do contrato

A forma natural de extinção do contrato é através de sua execução, ou seja, de


seu cumprimento. Incluam-se aí a consignação em pagamento, o pagamento com sub-
rogação, a dação, a compensação e outras formas, satisfativas ou não, de extinção das
obrigações.

Os contratos por tempo indeterminado podem se extinguir por denúncia, forma


de resilição unilateral. A resilição bilateral se dá pelo distrato, que exige acordo de
vontade das partes. A resilição unilateral também pode ocorrer por resgate, renúncia e
revogação. Estes últimos têm exemplo no contrato de mandato.

Como já mencionamos, extinguem-se os contratos também por cessação, ou


morte de uma das partes, se a obrigação for personalíssima ou se o contrato o previr.

Outras causas de extinção são o advento de condição e termo resolutivo, e por


não ocorrência de condição suspensiva (frustração da condição suspensiva).

Extinguem-se os contratos, ainda, por cláusula resolutiva (tácita ou expressa) e


por onerosidade excessiva.

Conclusão

Enfim, passamos por toda a teoria geral dos contratos prevista no Código Civil
de 2002, contextualizando os principais institutos, com destaque para as características e
fundamentos deste novo direito dos contratos. Alguns institutos são regulamentados em
detalhes no texto legal, como os vícios redibitórios, a evicção, a oferta e proposta.
Quanto a estes, optamos por não transcrever seu tratamento, posto que desnecessários,
já que sua transcrição não provaria conhecimento da candidata, já que as normas estão
na lei e sua consulta é permitida.

Notas
01
Ao iniciarmos a prova, antes de escrever o sumário, escrevemos: "Esta prova
escrita se desenvolverá (ou desenvolver-se-á, na forma culta) em doze etapas
principais:"
02
Na verdade, quis-se referir, por último, à responsabilidade pós-contratual.
03
Tendo sido uma prova manuscrita, com duração máxima de seis horas, nota-se o
uso dos nomes dos ramos do direito ora com letras iniciais maiúsculas, ora com iniciais
minúsculas, ao longo das páginas.
04
Quisemos escrever "a igualdade e a liberdade", sem a fraternidade. Pelo que
sabemos, a "fraternidade" não trouxe, para o Direito Civil, reflexos jurídicos relevantes.
05
Onde se lê "com", leia-se "como".
06
Na verdade, quis-se referir, por último, à responsabilidade pós-contratual.
07
Tendo em vista a proximidade do final da duração da prova e a relação entre os
temas, optamos por tratar os dois pontos de forma conjunta.
08
Leia-se "investimentos em função".
09
Na verdade, não equivaleria a um pré-contrato, mas a uma minuta.
10
Na verdade, quis-se escrever "bilaterais", no lugar de "unilaterais", obviamente.
11
O correto é "esparsamente".
12
Melhor seria ter escrito "contrato por adesão".

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