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1 – A relação do direito dos contratos com outros ramos do direito e sua topologia
no Direito Civil
O direito dos contratos, portanto, trata de uma das fontes das obrigações: o
contrato. (além do contrato, consideram-se fontes de obrigações os atos unilaterais e os
atos ilícitos.)
Desta forma, o estudo dos contratos se inicia já na Parte Geral do Código Civil,
com a teoria geral do negócio jurídico (que, no Código Civil de 1916, recebia a
denominação de ato jurídico).
Relaciona-se o direito dos contratos também com o direito das coisas, pois
podemos considerar que o contrato é instrumento essencial para a circulação de riquezas
e transmissão da propriedade. (Embora a propriedade se transfira através de tradição ou
de transcrição, estas são precedidas por contratos.)
Mesmo com o Direito de Família o direito dos contratos tem relação, sobretudo
se pensarmos nos pactos antenupciais e nos contratos de convivência. (Quanto ao
casamento, sua natureza contratual é contestada, não sendo, inclusive, admitida por
nós.)
No direito das sucessões, embora o testamento não seja contrato, mas ato
unilateral, importa o estudo dos contratos, por exemplo, para verificar doações
inoficiosas, feitas pelo autor da herança, ultrapassando a legítima. Importa também
lembrar a transferência das posições contratuais do "de cujus" para seus herdeiros,
fazendo com que os créditos e débitos daquele componham a herança, salvo se as
obrigações forem personalíssimas ou se o contrato previr como causa de extinção a
morte de uma das partes (cessação).
Também no século XX, vimos nova subtração ser feita à teoria geral dos
contratos do Código Civil, com o surgimento do Direito do Consumidor. Não é um novo
contrato que surge, mas, sim, uma nova forma de reger contratos cujas fattispecie estão
previstas no Código Civil. Uma nova principiologia surge, embora permita a aplicação
subsidiária da teoria geral dos contratos civis (ou paritários).
A análise destas relações do direito dos contratos com outros ramos do direito
nos leva a percorrer um interessante histórico do direito dos contratos, imprescindível
para compreender o significado e conteúdo atuais da teoria geral dos contratos estudada
no Direito Civil.
Para encurtar nossa resposta, vamos voltar apenas 200 anos, remetendo nossa
memória histórica ao ano de 1804, ano da publicação do famoso Code Napoléon, que
aniversaria nesta época.
Para que esta classe expandisse suas atividades e, conseqüentemente, seu poder,
era necessária uma nova forma de regramento das relações privadas.
As reivindicações de que todos fossem iguais perante a lei e que todos fossem
livres, atendiam às necessidades da burguesia no que tange ao acesso a qualquer forma
de bens, inclusive aos que, historicamente, eram reservados à nobreza e ao clero.
Naquele contexto, o discurso era de que se todos fossem iguais perante a lei e
livres entre si e perante o Estado, poderiam estabelecer relações jurídicas contratuais
livremente, e o que fosse pactuado seria justo. Na expressão francesa: "qui dit
contractuel dit juste". A decorrência natural é o "pacta sunt servanda". Se o contratado
era justo (justiça decorrente da liberdade e da igualdade das partes), o pacto deveria ter
força obrigatória. Contratado desta forma, com base na autonomia da vontade, nem ao
Estado era permitido intervir no conteúdo da relação contratual, salvo raras exceções de
ordem pública e contrariedade aos bons costumes.
Para adiantarmos a resposta, vamos considerar que foram tantos abusos, que
tanto liberalismo acabou gerando, também, uma reação. Aquele Estado mínimo liberal
recebia demandas crescentes de intervenção nas relações privadas, com o objetivo de
equilibrar as relações contratuais, estabelecer condições mínimas de igualdade entre as
partes e proteger os que se obrigassem em condições de vulnerabilidade.
Esta intervenção pública nos contratos provocou forte reação dos civilistas
clássicos, que denunciaram a publicização do direito civil, além da crise da autonomia
da vontade e da crise do contrato.
DECLARAÇÃO DE VONTADES:
CONTRATO X RELAÇÃO
CLÁUSULAS CONTRTUAIS:
- A Discussão Corporativa
Feitas estas considerações iniciais, indispensáveis para uma compreensão atual do tema,
passemos a uma análise conceitual dos contratos.
No Direito Romano (ou numa fase dele, pois o Direito Romano foi formado por
fases diferentes entre si), havia o "pacto" e o "contractus". Através dos "pacta", o
vínculo criava apenas obrigações naturais. As obrigações jurídicas decorriam do
"contratus". Assim também o é no nosso direito atual: há convenções e pactos que não
geram obrigações jurídicas. Estas decorrem dos contratos, que são vínculos que
merecem proteção jurídica, por sua importância social e por estarem atendidos os
requisitos legais que lhe conferem validade.
Portanto, no nosso direito, os contratos são acordos feitos com base na vontade
das partes e na autorização jurídica, capazes de criar, regular, modificar ou extinguir
relações jurídicas de conteúdo patrimonial. Esta é a definição de contrato.
Assim, não basta que estejam presentes as partes, o objeto e o consenso, como
exteriorização da vontade das partes. É preciso que os sujeitos sejam capazes e
legitimados; que o objeto seja lícito, possível, determinável e econômico; e que a forma
de exteriorização das vontades seja a prescrita ou alguma não proibida. São os
requisitos de validade de todo negócio jurídico (art. 104 e seguintes).
Dizer que as partes sejam capazes significa exigir que elas não se enquadrem nas
hipóteses previstas nos arts. 3o. e 4o. do CC2002. Esta é a capacidade genérica. A
capacidade específica, ou legitimação (importando-se a expressão do direito processual
civil) decorrer da ausência de impedimento específico de realizar certo contrato com
certa pessoa. Como exemplo, João é maior, capaz, mas não pode doar uma casa para sua
concubina, se for casado. Embora João tenha capacidade genérica para praticar atos da
vida civil em geral, ele não pode realizar aquele contrato com aquela mulher.
A estipulação em favor de terceiro vincula pessoa que não foi parte no momento
da formação do contrato, mas apenas em seu benefício, ou seja, este terceiro pode
adquirir vantagens, não obrigações. Este terceiro, a favor de quem se estipulou a
obrigação, tem direito de exigir seu adimplemento. Exemplo desta estipulação em favor
de terceiro é o seguro de vida, em que os efeitos ocorrem ultra-partes. Por outro lado,
um terceiro não pode ser obrigado por contrato do qual não participou. Se alguém, ao
contratar, promete fato de terceiro, este contrato não tem a eficácia de obrigar quem dele
não participou. Se o terceiro não executar a promessa realizada por João num contrato
com Maria, a responsabilidade é de João, não havendo nenhuma relação jurídica entre
João e o terceiro ou entre Maria e o terceiro.
Parágrafo único. A substituição pode ser feita por ato entre vivos ou por disposição
de última vontade.
Algumas críticas precisam ser feitas a este artigo 478. Comecemos pelo título
dado à Seção IV – Da resolução por onerosidade excessiva. O mais apropriado seria
substituir "onerosidade excessiva" por imprevisão. E substituir "resolução" por
"revisão". Não é a simples onerosidade excessiva que permite ao juiz revisar – e, não
sendo possível, resolver – o contrato. Precisamos somar a isso outras circunstâncias.
Esta onerosidade excessiva deve decorrer de fato extraordinário e imprevisível
(tomando como base a cautela normal). A simples onerosidade excessiva autoriza a
revisão judicial de um contrato de consumo, mas, para haver intervenção judicial num
contrato paritário, é preciso que haja a imprevisão. Este fato imprevisível e
extraordinário, por modificar a base objetiva do contrato, permite sua revisão, pois
desequilibra as prestações das partes contratantes. Neste ponto, o art. 478 merece outra
crítica, pois a jurisprudência e a doutrina já tinham entendido que à onerosidade
excessiva da obrigação de uma parte, não era necessário, obrigatoriamente, demonstrar
o injusto enriquecimento por parte da outra.
1. GENERALIDADES:
2. PROPOSTA OU OFERTA:
3. NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES:
Não tem força vinculante, pois é neste momento que as partes verificam
se o negócio é vantajoso. Mas se um dos interessados cria expectativa de
contratar, obrigando-o a fazer despesas para possibilitar a realização do
contrato e depois sem motivo, põe a termo às negociações, é obrigado a
ressarcir o outro pelos danos causados. Há na verdade, uma
responsabilidade pré-contratual.
4. PROPOSTA:
A OFERTA poderá ser feita a quem não pode dar resposta imediata,
estabelecendo assim em que momento o tornará eficaz. Mas, a pessoa
que recebe a PROPOSTA, apesar de não poder dar a resposta imediata,
deverá ao menos conhecer.
6. CADUCIDADE DA PROPOSTA:
7. PROPOSTA A PRESENTE:
8. ACEITAÇÃO:
9. DISSENSO:
10. CONTRAPROPOSTA:
11. RETRATAÇÃO
Duas situações:
14. SISTEMAS:
A minuta é instrumento usado nesta fase, mas não tem efeito jurídico, pois não
se formou o consenso. As partes ainda estão determinando o conteúdo da vontade
negocial.
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os
requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.
Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade
da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a
isto se opuser a natureza da obrigação.
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra
parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos.
Art. 466. Se a promessa de contrato for unilateral, o credor, sob pena de ficar a
mesma sem efeito, deverá manifestar-se no prazo nela previsto, ou, inexistindo este, no
que lhe for razoavelmente assinado pelo devedor.
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-
se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação
semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para
chegar a resposta ao conhecimento do proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo
dado;
Oneroso é o contrato que gera vantagem para ambos contratantes. Gratuito é o que gera
vantagem para apenas uma parte, como o comodato, a doação pura. Há, também,
conseqüências jurídicas decorrentes da distinção, como regras especiais de interpretação
(restrita quanto a contrato gratuito) e riscos (nos gratuitos o devedor responde por dolo,
não por simples culpa). É possível um contrato ser unilateral e oneroso: o mútuo com
juros gera vantagem para ambos, mas obrigações só para o mutuário.
Admite-se, ainda, o contrato sobre coisa atual sujeita a risco, conforme art.
460 (“ Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a
risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço,
posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato”)
Mas para dar maior segurança ao comércio jurídico, a lei exige que certos
contratos obedeçam a determinada forma, elevando-a à condição de
requisito essencial à sua validade. Nesses casos, a vontade das partes,
não basta à formação do contrato.
especificamente regulado.
10 – Vícios redibitórios
Vício redibitório é o defeito oculto que torna a coisa imprópria para o uso a que
destina, ou que desvaloriza a coisa. Fala-se que é oculto porque passa despercebido
pelas partes na formação do contrato. Se o alienante sabe do vício e se omite, trata-se de
dolo, cuja diferença prática quanto aos efeitos é que, provado, o alienante responde
também por perdas e danos.
Nesta situação, o adquirente pode mover uma ação redibitória ou uma ação
estimatória, conforme o seu interesse. Com a ação redibitória, ele rejeita a coisa e pede
pela extinção do contrato. Mas se o adquirente optar por ficar com o bem, ele tem
direito ao abatimento no preço, que pode ser conseguido através da ação estimatória.
Vale mencionar a regra do art. 444 (A responsabilidade do alienante subsiste
ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já
existente ao tempo da tradição )sobre perecimento do bem e as regras com os prazos de
decadência, no art. 445 (O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento
no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado
da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à
metade)., distinguindo os vícios "ocultos-aparentes" ou de fácil constatação e os
"ocultos-ocultos" ou de difícil constatação, pois seu conhecimento depende do uso da
coisa, talvez de forma prolongada.
11 – Evicção
12 – Extinção do contrato
Conclusão
Enfim, passamos por toda a teoria geral dos contratos prevista no Código Civil
de 2002, contextualizando os principais institutos, com destaque para as características e
fundamentos deste novo direito dos contratos. Alguns institutos são regulamentados em
detalhes no texto legal, como os vícios redibitórios, a evicção, a oferta e proposta.
Quanto a estes, optamos por não transcrever seu tratamento, posto que desnecessários,
já que sua transcrição não provaria conhecimento da candidata, já que as normas estão
na lei e sua consulta é permitida.
Notas
01
Ao iniciarmos a prova, antes de escrever o sumário, escrevemos: "Esta prova
escrita se desenvolverá (ou desenvolver-se-á, na forma culta) em doze etapas
principais:"
02
Na verdade, quis-se referir, por último, à responsabilidade pós-contratual.
03
Tendo sido uma prova manuscrita, com duração máxima de seis horas, nota-se o
uso dos nomes dos ramos do direito ora com letras iniciais maiúsculas, ora com iniciais
minúsculas, ao longo das páginas.
04
Quisemos escrever "a igualdade e a liberdade", sem a fraternidade. Pelo que
sabemos, a "fraternidade" não trouxe, para o Direito Civil, reflexos jurídicos relevantes.
05
Onde se lê "com", leia-se "como".
06
Na verdade, quis-se referir, por último, à responsabilidade pós-contratual.
07
Tendo em vista a proximidade do final da duração da prova e a relação entre os
temas, optamos por tratar os dois pontos de forma conjunta.
08
Leia-se "investimentos em função".
09
Na verdade, não equivaleria a um pré-contrato, mas a uma minuta.
10
Na verdade, quis-se escrever "bilaterais", no lugar de "unilaterais", obviamente.
11
O correto é "esparsamente".
12
Melhor seria ter escrito "contrato por adesão".