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Suelen Christine Caviquiolo

Iniciação Científica (PIBIQ/CNPq) 2005/2006

A Cerâmica Rio Branco e sua Trajetória no Design de Louça de Mesa

Relatório apresentado à Coordenadoria


de Iniciação Científica e Integração
Acadêmica da Universidade Federal do
Paraná por ocasião da conclusão das
atividades de Iniciação Científica - Edital
2005-2006.

Virginia Souza de Carvalho Borges Kistmann / Departamento de Design

A Louça de Mesa na Região Metropolitana de Curitiba /2001010124

Curitiba
Agosto, 2006
A LOUÇA DE MESA NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA:
A CERÂMICA RIO BRANCO E SUA TRAJETÓRIA NO DESIGN DE LOUÇA DE MESA

1. RESUMO

Este trabalho apresenta os resultados de uma investigação no campo do design


cerâmico, com foco na produção de louça de mesa da Cerâmica Rio Branco, empresa
localizada no município de Campo Largo-PR, que funcionou entre 1955 e 1997. Ele visa
contribuir para a identificação de elementos que possam influenciar a gestão do design
de louça de mesa daquela localidade na atualidade. Para tanto, ele buscou dados sobre
a formação, desenvolvimento e fechamento daquela empresa, apoiada nos relatos do seu
dono, Sr. Alberto Augusto e do senhor Balduíno Vidal Filho, auxiliar de fábrica, utilizando a
técnica de entrevistas abertas. Participaram também das entrevistas as senhoras Zita Augusto
Metzel e Olímpia Augusto, irmã e esposa do senhor Alberto Augusto, respectivamente,
que estavam presentes no momento das entrevistas. A pesquisa gerou também um banco
de imagens digitais das peças ainda existentes, coletadas junto ao seu fundador e outros
colaboradores. Os resultados encontrados apontam para o fato de que o design desenvolvido
na época se revestia de características administrativas predominantemente artesanais,
apesar da produção seriada, em descompasso com o franco período de industrialização
nacional, podendo ser considerado como um protodesign. Demonstra igualmente a presença
de elementos decorativos constituintes da configuração formal das louças pertinente a uma
estética de época presente em revistas, jornais, ilustrações e padronagens, porém não
associados aos movimentos estéticos de vanguarda, como apontam os autores do campo do
design cerâmico. A família constituiu-se como elemento decisivo tanto na formação quanto no
desenvolvimento e fechamento da empresa, demonstrando a força dos laços familiares como
determinantes do design da empresa. Observa-se também pelos relatos, como os fatores
macro econômicos influenciaram o desenvolvimento da empresa, atuando como agentes de
mudança, seja pela influência da mão-de-obra, de matérias primas e de mercados, os quais
levaram a uma restrição no elenco de produtos nos últimos anos. A história da Cerâmica Rio
Branco sob o ponto de vista do design reforça a idéia de que a produção cerâmica naquela
localidade esteve neste período muito permeada pelos fluxos de pessoas entre diversas
empresas e pela importância do elemento familiar nesta produção.
2. OBJETIVOS

A investigação tinha por objetivo geral estabelecer quais elementos foram importantes
para o desenvolvimento do design de produtos na região de Campo Largo. Para tanto,
trabalhou com os seguintes objetivos específicos:

- Levantar a história da empresa com base nos relatos de seu dono, ainda vivo, Sr.
Alberto Augusto;
- Recuperar peças produzidas, fotografá-las e catalogá-las;
- Formar um arquivo digital das fotos;
- Recuperar os dados ainda existentes e catalogá-los;
- Transformá-los em arquivos digitais;
- Analisar os produtos dentro do contexto local e mundial;

Como pontos norteadores da metodologia, estes objetivos levaram ao uso da técnica


de entrevista, que foi realizada com o antigo proprietário, seus parentes mais próximos e
antigo funcionário, utilizando um roteiro de entrevista aberto.

O registro fotográfico se apoiou no arquivo disponível na casa do proprietário e na


fábrica desativada. Ele foi realizado com máquina digital Sony Cybershot 5 megapixels. Optou-
se por montar arquivos impressos, com a reprodução das fotografias em papel e em arquivo
digital no programa Power Point, para apresentações futuras.

Além disso, foram consultados documentos existentes em posse do proprietário, sendo


estes também registrados digitalmente.

Para se atingir o objetivo de análise, foi realizada pesquisa bibliográfica no campo


do design cerâmico, história do design, teoria do design e história do Paraná e de Campo
Largo.
3. INTRODUÇÃO

Campo Largo é considerado um dos principais pólos cerâmicos nacionais, produtor de


louça de mesa e objetos de adorno. Em 2005, foi incluído pelo Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior como um Arranjo Produtivo Local e uma das dez cidades
selecionadas para integrar o projeto piloto do programa “Exporta Cidade” (ORBIS-MC, 2006).
Este fato está ligado à história local, que desde o início do século XX, demonstra a presença de
inúmeras empresas produtoras de louça em faiança, grés e porcelana, conforme informações
obtidas em relatos de moradores e jornais de época encontrados na sua Casa da Cultura.
Recentemente, estudos voltados para o desenvolvimento do design na região foram
iniciados no sentido de fortalecer as empresas atuantes em termos de desenvolvimento de
novos produtos (KISTMANN, 2005). Dentre estes estudos, aqueles que se voltam para as
questões específicas do design, ressaltam-se aqueles que visam compreender esta produção
ao longo do tempo, para, com estes dados, não apenas fundamentar trabalhos de design
futuros, mas também fortalecer o arranjo produtivo local, auxiliando na difusão da informação
a respeito do design da região.
Deste período, que vai desde o início do século XX e vem até o momento atual, pouco
pode se conhecer a respeito desta produção e seu design, na medida em que a literatura desta
área é muito escassa. A história destas empresas, no entanto, está ainda presente no relato
de alguns dos seus moradores mais idosos. Além disso, recentemente, a municipalidade local
se envolveu em um trabalho de conscientização do valor de suas empresas antigas, como a
Cerâmica Rio Branco, cujo proprietário ainda é vivo.
A Cerâmica Rio Branco teve seu fechamento em 1997, devido a problemas financeiros,
conforme relato do senhor Alberto Augusto, um de seus fundadores e proprietário. Desde
então, o prédio onde funcionava a fábrica continua sendo regularmente conservado por ele e
pelo seu antigo colaborador Balduíno Vidal.
Em virtude da crise financeira e da desistência do senhor Augusto em continuar com
a produção da sua empresa, a Cerâmica Rio Branco, o prédio foi colocado à venda. Ao tomar
conhecimento do fato, a Secretaria da Cultura do Município, considerando o patrimônio aí
encontrado de grande valor para a municipalidade, iniciou uma série de ações no intuito de
transformar a antiga fábrica em um museu vivo. Para tanto, continua até o presente momento
buscando soluções para a aquisição do prédio, realizando o seu tombamento. No entanto,
por razões familiares, que pressionam para a realização da venda o mais breve possível, esta
situação pode ser rapidamente alterada, em virtude da necessidade da transformação do
prédio em ativos financeiros. Portanto a situação da fábrica é muito instável (CAVIQUIOLO,
2005).
Muito do que representou a empresa foi perdido ao longo do tempo. No entanto,
o antigo proprietário, senhor Augusto, já com 85 anos, detém em sua memória uma série
de dados a respeito da empresa que não se encontram registrados, bem como alguns
documentos e material impresso, ferramentas, formas, desenhos etc que podem auxiliar na
reconstituição de uma história da fábrica, como podemos observar no vídeo realizado pela
Casa da Cultura (Campo Largo: 2005). Da mesma forma, seu colaborador, Balduíno, que
atuou na empresa atendendo a todos os seus setores entre 1977 e 1993, também detém uma
série de informações que podem auxiliar na construção da memória deste empreendimento.
Além dessas duas pessoas, muitas outras pessoas poderiam auxiliar na construção desta
história. Estas pessoas atuam hoje em outras empresas, algumas delas em cerâmicas locais.
No entanto, o relato de seu proprietário pode ser considerado de uma grande riqueza porque
ele participou de todo o ciclo de vida da empresa.
A importância deste trabalho se apóia no fato de que, além de constituir um APL e
estar no programa Paraná Exporta, Campo Largo é um município que se auto-denomina A
Capital da Louça. No entanto, apesar desta denominação, ele possui muito poucos registros
históricos que possam reconstituir a memória do fazer cerâmico local. Isto constitui não
apenas uma carência em termos gerais, mas, particularmente, no que se refere ao design e
sua gestão uma lacuna que interfere nas políticas de desenvolvimento de produtos.
Este trabalho de pesquisa é, portanto, uma forma de contribuição para a construção
de uma história local com respeito ao design cerâmico. Ele é o resultado de um levantamento
seguido de uma breve discussão a respeito da produção de cerâmica de mesa e objetos de
adorno da empresa Cerâmica Rio Branco, localizada na cidade de Campo Largo-PR, com o
objetivo de contribuir para a identificação de elementos que possam influenciar a gestão do
design na região, como um material de importância para o desenvolvimento do design e da
indústria local.
A pesquisa utilizou-se de técnicas de entrevista para coletar dados referentes à história,
produção e funcionamento da fábrica, além do registro em foto da fábrica e da louça, que
foram preservadas ao longo de sua história. Foram entrevistados o proprietário da fábrica, o
Sr. Alberto Augusto e seu auxiliar, Sr. Balduíno Vidal Filho, havendo também o registro dos
relatos da irmã e esposa do Sr. Alberto Augusto, que estavam presentes no momento do
registro.
Os dados levantados foram organizados e discutidos apoiando-se em bibliografia
relativa ao design, e relacionados com dados históricos referentes ao período de existência
da fábrica.
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste trabalho consideramos principalmente os campos da História do Design e do


Design Cerâmico.
No que se refere a atualidade da produção cerâmica do Município de Campo Largo,
encontramos informações nos documentos da Federação das Indústrias do Estado do Paraná,
onde o programa Exporta Cidade é divulgado, destacando a participação do município (FIEP,
2006).
Para Fernandes (1998 e 1999), o design cerâmico pode ser um importante auxílio no
desenvolvimento de produtos. Em seu trabalho ela apresenta uma nomenclatura própria para
a classificação de materiais e processos cerâmicos. Nesta bibliografia, o conceito de faiança
é apresentado como:
Em Kistmann (2001) podemos encontrar uma classificação dos processos decorativos;
Dentre estes temos os processos de estêncil e aplicação de decorações com aerógrafo e com
pincéis. Estes processos tem uma característica mais manual, diferentemente do processo de
decalque que já inclui alguns processos industriais.
Para Barnicot (1972), a linguagem gráfica apresenta modificações que acompanham
a linguagem estética. Portanto, podemos considerar que no design das peças cerâmicas, os
processo decorativos acompanham também este design. Este conceito é apontado também
por Kistmann (2003).
Com respeito ao contexto histórico e social, os documentos do IPARDES (1981 e
2003) apresentam os fatores que influenciaram o desenvolvimento da indústria cerâmica
local. Neles destaca-se a importância dos ciclos do mate e do café, como formadores de uma
nova classe social, com novas demandas de consumo e novas unidades produtivas a estes
padrões vinculadas.
Em Kretzen encontramos dados específicos a respeito deste perfil industrial relativo
ao período de formação da empresa Cerâmica Rio Branco.
O Município de Campo Largo não dispõe de grande participação na formação do perfil
industrial do setor cerâmico. Em consulta ao site, a relação dos prefeitos que se relacionam
com este setor pode ser verificada. Puppi participou do processo de transferência de uma das
empresas de Alberto Augusto. Schimaleski, um de seus sócios participou também de uma das
prefeituras locais (CAMPO LARGO, 2006).
A publicação Desenho Industrial de Hesket (1998) auxiliou na compreensão do
processo de desenvolvimento da produção cerâmica a nível mundial. Nele podemos observar
que as manufaturas do século XVIII apresentam processos ainda hoje utilizados na produção
de louça e de objetos decorativos.
No campo da metodologia científica, o trabalho de Mendes (2005) serviu como apoio
para o encadeamento do projeto e da realização das entrevistas.
5. MATERIAIS E MÉTODOS

A escolha neste trabalho por um método de pesquisa apoiado na história oral se apóia
no fato de que existe uma grande carência de documentos que possam fundamentar uma
visão sobre o design cerâmico na região. Além disso, devido às particularidades da empresa
Cerâmica Rio Branco, da qual o seu antigo proprietário, hoje com 86 anos, encontra-se ainda
vivo, bem como da eminência em se ter o seu patrimômio arquitetônico e empresarial como
bem cultural perdido, devido à situação presente da empresa, a escolha por este tipo de
pesquisa se reforça (fonte).
A idéia do seu proprietário, depois de ser levantada a possibilidade de transformá-
la em um museu vivo, passou a considerar a venda da empresa para a municipalidade em
sua integralidade, na medida em que o maquinário e os moldes utilizados anteriormente se
encontram ainda em bom estado, podendo se transformar em um museu vivo. No entanto,
pressões familiares vêm acelerando o processo de venda, passando a ser considerada a
utilização do local para outra atividade. Com isto, o patrimônio cultural existente se perderia
(CAVIQUIOLO, 2005).
Neste contexto, esta pesquisa visa registrar a história da empresa por meio do relato
do seu proprietário e daquilo que ainda se encontra em situação de possível registro, conforme
projeto de pesquisa já em andamento (KISTMANN, 2001). Portanto, esta pesquisa se apoiou
na história oral e no registro fotográfico do material fornecido pelos entrevistados que apontam
para o design que era desenvolvido pela empresa.
O método utilizado foi, portanto, de entrevista não estruturada focalizada. Para tanto,
foram elaborados dois roteiros diferentes (ANEXOS A e B) para os dois entrevistados, o Sr.
Alberto Augusto, fundador e proprietário da fábrica, e seu auxiliar, Balduíno Vidal Filho que
trabalhou na fábrica entre anos de 1977 a 1993. Eles são diferentes porque objetivam no
primeiro obter dados que registrem o processo de fundação e os aspectos mais gerenciais e
no segundo os aspectos mais operacionais. Os registros foram feitos por gravação em áudio,
em 2 fitas de 60min cada. As entrevistas foram realizadas entre junho de 2005 e julho de
2006. Além desses registros, houveram relatos coletados de maneira informal, que vieram
à complementar os depoimentos anteriores, relatos esses concedidos por Alberto Augusto,
Balduíno Vidal Filho, Regina Vidal (esposa de Balduíno), Olimpia Augusto (esposa de Alberto
Augusto) e Zita Augusto Metzel (Irmã Alberto Augusto).
Paralelamente às entrevistas, foram fotografadas digitalmente as louças que foram
preservadas, de propriedade de Alberto Augusto e de sua filha, Regina Vidal. Foram
também realizadas fotografias digitais do interior da fábrica como se encontra atualmente.
Os produtos e equipamentos que foram registrados fotograficamente se encontravam em
poder do proprietário, guardados dentro da própria fábrica, e outros em poder de sua filha,
em sua residência. Alguns exemplares de louça também foram doados a esta pesquisadora
pelo próprio Sr. Alberto Augusto e fotografados posteriormente. Houve também o registro
digital de um caderno de propriedade do senhor Alberto Augusto, que continha as ilustrações
desenvolvidas para a decoração das louças da empresa, que era aplicada com máscaras
(estêncil).
As imagens obtidas foram tratadas por meio de técnicas gráficas computadorizadas,
utilizando o software Corel Photo Paint, a fim de melhorar a qualidade das mesmas, ajustando-
se o brilho, contraste e cores. Elas foram classificadas posteriormente segundo o tipo de
produto, época de produção, configuração formal e decoração.
Serviu também de base para esta pesquisa a técnica de levantamento bibliográfico.
Neste aspecto, foram consultados livros sobre as temáticas apontadas na revisão da literaura,
compreendendo: design cerâmico, história do design, história da industrialização do Paraná,
história de Campo Largo e documentos e revistas de época.
Com base no material coletado e sua confrontação com o levantamento bibliográfico
realizado, elaborou-se uma discussão de forma a contextualizar a produção e funcionamento
da fábrica com a história do design de louça cerâmica e os acontecimentos históricos da
economia, política e cultura no Paraná, no Brasil e no mundo.
Com base nestes dados, elaboramos a redação deste documento.

6. RESULTADOS

6.1 Como a fábrica começou

Conforme relatos, Alberto Augusto, nascido em fevereiro de 1921, na cidade de Campo


Largo, foi o fundador da Cerâmica Rio Branco. Ele possui o mesmo de seu avô, de origem
polonesa, proprietário de terras em Campo Largo, deixadas como herança aos seus filhos,
dentre eles, Francisco Augusto, pai de Alberto, que se casou com Ana Falarz e com quem
teve seis filhos. Seu avô era comerciante, proprietário de um armazém próximo ao centro
de Campo Largo. Seu pai trabalhou como lavrador em Barro Fundo (hoje, é um bairro do
município de Balsa Nova) e foi empregado das fábricas Steatita e Brasileira, trabalhando na
função de servente em todos os setores da produção. Ele faleceu em 1951 (AUGUSTO, 2006
e VIDAL Fº, 2006).
Alberto Augusto e seu irmão Albino Augusto fundaram em 1953 a Cerâmica Rio Branco,
fruto de uma experiência anterior no ramo de 18 anos de trabalho no setor cerâmico. Alberto
iniciou sua prática na cerâmica quando ele tinha 14 anos, em 1935, como funcionário da
fábrica de louça Darcy Portela, onde trabalhou durante alguns anos. Posteriormente, trabalhou
em outra empresa do mesmo setor, a Cerâmica Brasileira, durante um ano, voltando a Darcy
Portela logo após.
Esta experiência anterior o levou a montar em 1940, sua própria fábrica de telhas,
tijolos e de louça “preta”, que o senhor Augusto considera a louça com vidrado na cor preta.
Esta fábrica ficava no bairro Botiatuva, em Campo Largo. Ela se chamava Fábrica
São João e nela a produção era obtida a partir de terracota. Até hoje existem exemplares das
telhas produzidas, em poder do Sr. Balduíno Vidal (VIDAL, Regina: 2006).
Em 1942, Alberto Augusto foi convocado para participar como pracinha junto ao
Exército Brasileiro na Segunda Guerra Mundial. Em seu relato verificamos como a guerra
teve um papel importante na sua vida:

“E eu menti que era cozinheiro lá! As cartas eram todas censuradas, então a minha carta, o
que censurava não cortava uma palavra, porque eu só falava coisas que não tinha problema.
(...) Porque eu não contava nada o que tava se passando, contava tudo diferente. Eu tava
lutando na frente né...’eu era cozinheiro’ , pra não deixar a mãe sentida. Eu tava bem na linha
de frente.”
(Augusto, entrevista, julho de 2005)

Em virtude de sua ida para a Itália, vendeu a sua parte da fábrica São João para o sócio,
Sr. Leonardo Gavalak, que logo depois vendeu-a para o Sr. Pedro Puppi. Este, mais tarde,
vendeu a fábrica para a empresa Dyer, que fabricava produtos elétricos. Esta fábrica estaria
localizada onde hoje se localiza a sede da Fábrica Lorenzetti, em Campo Largo (AUGUSTO,
2006).
Depois de passar um ano na Guerra, Alberto Augusto retorna em 1945 a Campo Largo
e volta a atuar no setor cerâmico, passando a exercer o cargo no setor de produção na então
Cerâmica Aurora, na rua Benedito Soares Pinto, próximo de onde é hoje o Fórum de Campo
Largo. Nesse período ele também construiu uma pequena olaria, na mesma quadra onde é
hoje a Cerâmica Rio Branco. Pouco tempo depois a vendeu para seu vizinho, Victorio Fallarz
(AUGUSTO, 2005).
Neste retorno, casou-se, em 1946, com Olímpia Perbecen, com quem teve um filho,
Luciano. A outra filha do Sr. Alberto, Regina, é, na verdade, sua sobrinha, que foi registrada
como sua filha adotiva, após a morte da mãe.
Olímpia é apontada pelo senhor Augusto como uma pessoa que muito apoiou no início
da montagem da Cerâmica Rio Branco, em 1953 (AUGUSTO, 2005). Segundo ele, este foi um
período muito difícil, pois trabalhava durante o dia na Cerâmica Aurora e à noite na construção
da fábrica. Para isso, foi necessária a participação de mais três sócios no investimento: Albino
Augusto, seu irmão; Herculano Shimaleski, prefeito da cidade de Campo Largo nos anos
de 1955 a 1959 (www.cmcampolargo.com.br/historico.asp) e o médico Orlando de Oliveira
Melo. Estes três sócios eram capitalistas que apoiaram a construção, enquanto que o senhor
Augusto exercia a função de diretor geral (AUGUSTO, 2005) A fábrica foi construída em dois
anos, sendo concluída em 1955. Embora nas entrevistas a atitude da senhora Olímpia tenha
sido sempre de se colocar em segundo plano, observa-se que ela também teve um papel
ativo na construção da fábrica:
“O começo todo mundo ajudou um pouquinho, depois ela foi se pagando com o trabalho.
Vendendo e, quando podia, comprava coisas. (...) A Olímpia ajudou muito. Pra trazer água
pra construção, tinha o poço onde nós morava lá primeiro, tinha uma biquinha de madeira,
ela enchia o tambor e vinha correndo. Naquele tempo nem se falava em mangueira! Acho que
nem existia! Que coisa né!”

Figura 1 - Construção da Cerâmica Rio Branco ao lado


da casa da mãe de Alberto Augusto. Fonte: Arquivo da
família, foto por Alberto Augusto, 1953

O primeiro forno foi construído em “serão”, no período da noite, em que Alberto não
estava trabalhando na Cerâmica Aurora. Nessa construção foram utilizados cerca de 90.000
tijolos, sem contar os tijolos refratários. O segundo forno, utilizado para a queima do esmalte,
foi construído através de “empreitada”, em 1956. Cerca de 20 anos mais tarde, esses mesmos
fornos foram reconstruídos para ampliação da capacidade. O primeiro a ser reformado foi o
forno para queima do biscoito, que possuia o dobro da capacidade do utilizado para a queima
do vidrado (AUGUSTO, 2005).

“Até aquela vez lá em cima do forno né, fazendo cerão, caiu uma pilha de tijolo lá... assustei o
povo. Daqui a pouco tava trabalhando outra vez! Não aconteceu nada, Graças à Deus. Tanta
coisa aconteceu e nada teve problema. Tudo sofrido! Aí tem valor!”
(Augusto, entrevista, julho 2005)
Figura 2 – Construção do forno Cerâmica Rio
Branco. Fonte: arquivo da família, foto por
Regina Vidal, sem data

A compra dos equipamentos era feita de forma lenta e gradual, e o pagamento


geralmente a prazo. À medida que a fábrica funcionava e a louça era vendida, os investimentos
começaram a dar o retorno esperado, o Sr. Alberto Augusto adquiriu para a fábrica as parcelas
de seus sócios. A primeira parcela comprada foi a de seu irmão, cerca de 15 anos após a
fundação da fábrica, logo após, Orlando de Oliveira Melo e Herculano Shimaleski venderam
suas parcelas também (Alberto Augusto, 2006).
Segundo Alberto Augusto, os períodos mais difíceis enfrentados pela fábrica foram
no começo de seu funcionamento e durante crise que levou ao fechamento da fábrica, crise
esta que foi causada pela entrada de produtos importados da China no mercado nacional e
o crescimento do consumo de louça em vidro. Já para Balduíno Vidal, o período mais difícil
para a fábrica foi de 1980 a 1986, devido às mudanças no governo e a criação de novos
impostos. A estratégia da Rio Branco foi a especialização em somente 3 tipos de produtos:
prato, saladeira e travessa, pois a região de Pedreira-SP já dominava o mercado de xícaras e
canecas.

6.3 A estrutura física da Cerâmica Rio Branco

A fábrica Rio Branco funcionou em Campo Largo entre 1953 e 1997 no endereço: Rua
Barão do Rio Branco nº1820
Figura 3 - Localização da Fábrica em Campo Largo. Fonte:
Desenho da autora

Ainda hoje podemos visitar as suas instalações, em situação muito similar ao da data
de seu fechamento, lembrando para alguns, uma fábrica fantasma.

Figura 4 – Interior da Cerâmica Rio Branco. Fonte: foto da


autora

Internamente a fábrica possui dois pisos. No primeiro estavam localizados os


equipamentos para a feitura da massa, como o batedor, a prensa filtro e a maromba. Entre os
dois pisos há um elevador que levava a massa para a conformação dos pratos, e retornava
com a louça que devia ser queimada no forno de biscoito. No segundo piso, a massa plástica
que saía da extrusora era cortada na espessura correta e logo ao lado eram conformados
os pratos no sistema de torno. A estufa era localizada no mesmo espaço onde acontecia a
conformação. No segundo piso também era misturada a barbotina para a conformação a
liquido.

Figura 5 – Seção para secagem dos


pratos conformados – Cerâmica Rio
Branco. Fonte: Foto da autora

6.4 Pessoas e processos

O processo de fabricação utilizado era o do fabrico de louças em faiança por meio de


dois tipos de conformação: massa plástica e massa líquida (barbotina).
Segundo o Sr. Alberto Augusto (2005), a massa era obtida a partir de argilas obtidas em várias
regiões, inclusive do estado de Santa Catarina. Ela era composta por:
a) argilas preta, marrom e branca
b) caulim
c) sabão de caboclo
d) sílica
e) feldspato
Segundo Fernandes, 1999, o caulim é a argila formada por desagregação de rochas
feldspáticas e apresenta-se extremamente branco e puro, enquanto que o principal componente
da sílica é o quartzo, auxilia na estrutura da massa, controlando dilatação e contração. O
feldspato é chamado de fundente, pois funciona como aglutinador dos outros componentes da
massa em alta temperatura (ibid). O sabão de caboclo é descrito como uma argila encontrada
em perfurações profundas (AUGUSTO, 2005).
O feldspato utilizado na fábrica era adquirido de uma empresa de Minas Gerais, e
queimado no forno de vidrado à temperatura de 1000ºC, assim era desmanchado com maior
facilidade e não foi necessária a aquisição de uma máquina específica para moê-lo (Augusto
2005).
A mistura da massa acontecia em um batedor, decantava em um tanque e ia para
a prensa-filtro. Nesta a barbotina (massa líquida) passava por um processo de filtração e
uma parte da água era retirada e novamente levada ao tanque com o auxílio de uma bomba
elétrica. Os discos de massa resultantes desse processo eram colocados em uma extrusora,
denominada “maromba”. A maromba homogeneiza a umidade da massa, e impede a
formação de bolhas (FERNANDES, 1999). A massa sai da maromba em um formato cilíndrico
e é colocada no elevador para a seção de conformação de massa plástica. Geralmente dois
funcionários eram encarregados da feitura da massa.
A massa líquida era utilizada como matéria prima na fabricação de canecas, leiteiras,
saleiros, estatuetas e outros objetos caracterizados por possuírem formas com uma maior
quantidade de detalhes. Foi também o primeiro processo utilizado na fábrica.
O procedimento para a conformação a líquido é caracterizado pelo enchimento, com barbotina,
de um molde de gesso, cuja forma interior é igual à forma exterior da peça que se deseja
fabricar. O gesso absorve a água da barbotina até a obtenção de uma parede que envolve o
interior do molde, e quando a espessura desejada é atingida, é feito o vazamento do excesso
de barbotina. A peça é seca dentro do molde, até adquirir consistência, e depois retirada
manualmente (FERNANDES, 1999).
O modelista da fábrica se chamava Osvaldo Fressatto, e era ele quem produzia os
moldes e contramoldes para a confecção das peças. (AUGUSTO, 2006)

Figura 6 – Molde para caneca - Cerâmica Rio


Branco. Fonte: foto da autora

A massa plástica era usada como matéria prima de pratos, saladeiras e travessas.
A conformação é feita por um torno tipo jaule, caracterizado por um molde em rotação e um
contramolde fixo. A massa era colocada sobre o molde e o contramolde era acionado pelo
operador através de um braço.

Figura 7 - Conformação de pratos – Cerâmica Rio


Branco. Fonte: foto da autora

O combustível para os fornos era a madeira de eucalipto e bracatinga, cuja plantação


era em uma propriedade da Rio Branco, mais tarde, o corte foi proibido pelo IBAMA, que
recomendou o reflorestamento da área para a obtenção de licença para a compra de madeira
de terceiros (VIDAL, 2005).
No forno para a queima do biscoito era utilizada a madeira de eucalipto, pois o calor é
mais intenso. Eram 30 horas de queima, as primeiras 12 horas em fogo baixo, e nas restantes
aumentava-se a quantidade de calor ao acrescentar madeira, a temperatura chegava a
1200ºC e consumia 60m3 de madeira. A bracatinga era utilizada no forno de vidrado porque
proporcionava uma temperatura mais baixa e, segundo o Sr.Balduíno, um “fogo mais limpo”,
eram 12m3 de madeira consumidos em 12 horas proporcionando uma temperatura de 1000ºC.
(AUGUSTO, 2006)
As peças iam para os fornos dentro de caixas de material refratário, chamadas
“cazão”, que também eram desenvolvidas na própria fábrica. O chamote, que é formado por
“argilas queimadas à temperatura igual ou superior à da massa e posteriormente moídas”
(FERNANDES, 1999), é a matéria prima das caixas-refratário. Esse material era conformado
em moldes de ferro fundido, com o auxílio de uma prensa, e a operação era realizada nos
períodos de folga dos funcionários.
Na década de 90, tentou-se implantar o sistema de forno a gás, porém a adaptação
à nova tecnologia era difícil, haja vista a grande experiência dos envolvidos na queima em
fornos à lenha. Segundo o Sr. Alberto, a queima em forno a gás não proporciona a mesma
durabilidade da louça queimada em fornos à lenha. Houveram poucas peças queimadas com
sucesso utilizando essa nova tecnologia, que não apresentou retorno ao investimento, pois a
fábrica fechou antes disso acontecer.
Figura 8 - Prensa de caixas-refratário
– Cerâmica Rio Branco. Fonte: foto da
autora.

Quanto aos funcionários, a fábrica chegou a ter o número máximo de 28, e diminuiu
até chegar ao número 12, no período de seu fechamento. Os funcionários da fábrica eram
considerados pelo Sr. Alberto como uma família. Nas entrevistas, quando citados, recebiam
elogios, como o modelista Osvaldo Fressato, que além de fazer os modelos ajudava em
funções como a retirada de louça dos fornos (AUGUSTO, 2006). O Sr. Alberto era quem
gerenciava o processo, cujas etapas eram realizadas por pessoas especializadas. Muitos dos
melhores funcionários da Cerâmica Rio Branco receberam propostas da Empresa Incepa, em
Campo Largo, e acabaram saindo da fábrica em busca de melhores salários (ibid).
Cada etapa do processo empregava um certo número de pessoas, na preparação da
massa eram duas pessoas, na conformação era necessário um único operador para o torno,
que repassava o produto conformado para outro indivíduo fazer a limpeza. Para a colocação
da louça nos fornos era necessário o emprego de 5 a 6 pessoas, e na decoração 4 pessoas.
Segundo o Sr. Alberto, as mulheres que trabalhavam na fábrica tinham a função de fazer o
acabamento e a decoração da louça. As encarregadas da decoração eram chamadas de
“chapeadeiras”, pois eram elas que, com o auxílio de um pincel, aplicavam o vidrado sobre
uma máscara vazada (chamada “chapa”), porém haviam também homens encarregados
do processo de decoração que se ocupavam da feitura do filete, que era uma linha que
acompanhava a borda de pratos e saladeiras. Eram ao todo quatro pessoas.

6.5 Caracterização dos produtos e seu design

Os primeiros produtos da Rio Branco eram de natureza experimental. Todos eram


cópias de outros existentes, porém com algumas alterações na forma e acabamento, e
produzidos através da conformação por enchimento, que permitia uma maior liberdade no
que se refere à variedade de peças. Segundo Alberto Augusto, a fábrica chegou a produzir 85
tipos diferentes de produtos, que iam desde objetos de adorno, como estátuas religiosas, a
leiteiras e canecos para chopp.

Figura 9 - Jarro em faiança da


Cerâmica Rio Branco da década de
50/60. Acervo do Sr. Augusto. Fonte:
foto da autora.

Por volta de 1977, os produtos recebem um tipo de padronização formal, gráfica e


cromática onde a produção é voltada para os pratos, saladeiras e travessas, todos decorados
com vidrado azul sobre fundo branco. Os motivos de decoração, mais simples e geometrizados
eram aplicados com máscaras vazadas. Durante essa época o Sr. Alberto também vinha
aperfeiçoando a cor azul aplicada na decoração na maioria nos produtos das décadas de 80
e 90 (VIDAL, 2006). Alguns pratos, a pedido dos clientes do nordeste, receberam o desenho
do Pinheiro do Paraná e do barco à vela, que segundo o Sr. Balduíno, eram os símbolos das
respectivas regiões.
Na década de 80, a variedade de peças diminuiu, segundo o Sr. Balduíno, em razão
do aumento de impostos e da especialização na fabricação de xícaras e canecas pela da
cidade de Pedreira-SP. Os produtos fabricados pela Rio Branco nessa época se restrigiam
aos pratos, conjuntos de saladeiras e travessas.
Figura 10 - Prato raso, Cerâmica Rio
Branco, déc. 80/90. Fonte: foto da autora

Aí esse aqui foi uma coisa que o freguês da Bahia pedia. Esse aqui quando ia pra Bahia ele
dizia que lá em Fortaleza, a região que vendia a decoração com o barquinho, vendia por
causa que lá eles tem o barco. (...) e pra nós no Paraná é o pinheiro. Era a louça do Paraná
que ia pra eles.
(Vidal Fº, 2005)

A Cerâmica Rio Branco possuía o seu próprio carimbo, porém não eram todas as
peças que o recebiam. O motivo, segundo o Sr. Alberto Augusto, era o fácil desgaste quando
entrava em contato com a peça biscoitada que era muito áspera, chegando a ser utilizado
mais de um carimbo por dia. Houve uma ocasião em que o desenho foi enviado à Alemanha,
através de um funcionário da empresa Bragussa, mas a qualidade do carimbo produzido lá
também não foi satisfatória.

Figura 11 – Cunho da Cerâmica Rio Branco Fonte: foto da


autora

A decoração da louça acontecia tanto na forma do produto, com relevos que faziam
alusão à natureza, como espigas de milho ou ramos de flores, quanto na superfície, com
acabamento de vidrados coloridos. Há também o registro de peças em terracota, lixadas e
pintadas à mão com tinta “duco”. A decoração da superfície era de tais tipos:
a) pistola: vidrado colorido aplicado com uma pequena pistola, o resultado era um efeito
gradiente na cor aplicada.
b) filete: vidrado aplicado com pincel enquanto a peça gira em um torno manual, desenhando
uma linha que contorna a louça.
c) “stêncil”: máscaras em estanho ou película plástica, onde figuras eram vazadas com o
auxílio de lâminas. As figuras eram cópias de estampas encontradas em tecidos adaptadas
pelo Sr. Alberto Augusto, ou criações dele próprio, que as desenhava em um caderno que
funcionava como um guia para a decoração das peças.
d) decalque: começou a ser utilizado na fábrica a partir da década de 80. Caracterizado por
motivos florais aplicados, geralmente, nos pratos.

Um pequeno caderno, contendo os motivos aplicados na louça da Cerâmica Rio


Branco foi emprestado à pesquisadora pelo Sr. Alberto Augusto. Este caderno, era na verdade
um catálogo de referência para as cores e motivos que eram aplicados na louça, e utilizado
como um guia para a compra de tintas e o recorte vazado das máscaras.
Essas imagens (em anexo) são motivos florais que, segundo Regina e Balduíno Vidal,
foram criados pelo Sr. Alberto Augusto, em composições de figuras que encontrava nas
estampas de tecidos e toalhas de mesa da época (CAVIQUIOLO, 2005).
Os grafismos encontrados nas últimas peças produzidas pela Rio Branco – prato,
saladeira e travessa – são mais sintéticos e geometrizados. Um deles, foi inclusive patenteado
para evitar a cópia de outros fabricantes. Pois foi relatado, por ambos entrevistados, um caso
onde um fabricante aplicou um motivo desenvolvido pelo Sr. Alberto Augusto em produtos de
baixa qualidade e os vendia como se fossem da Cerâmica Rio Branco.
Houve também a tentativa de utilização dos decalques, técnica dominada pelo Sr.
Balduíno, na década de 80. Um grande investimento foi feito na compra de folhas de decalques,
e muitos deles restam na fábrica até os dias de hoje. Pois, após a saída de Balduíno Vidal, em
1993, a aplicação de decalques não ocorreu até o fechamento da fábrica.

6.5.2 A venda e distribuição

A louça da Cerâmica Rio Branco sempre foi vendida na própria fábrica e chegava
ao consumidor através dos armazéns (Figura 12), feiras e dos vendedores ambulantes, que
estacionavam caminhões carregados de louça em pontos de grande circulação de várias
cidades. Antes da existência de ambulantes, comboios de empresas vindos do Rio Grande
do Sul carregavam seus caminhões com a louça de Campo Largo pois, segundo o Sr. Alberto
(2005), na década de 70-80, muita louça era vendida. Uma dessas empresas, Amorim, ia para
Campo Largo com 10 a 12 caminhões e comprava o que podia. Com o tempo essas vendas
foram diminuindo até o ponto em que os compradores vinham só com automóveis para fazer
as compras, fazendo o pedido e mandando o caminhão para buscá-las logo em seguida.
“Quando chegava freguês aqui, vinha muito do Rio Grande, eles vinham especular o preço.
Então eu mostrava a mercadoria e o preço, e soltava o freguês. Cansei de levar freguês
em outras fábricas. Daí ele via o preço, via a mercadoria, ele já conhecia, ele comprava lá
mas vinha comprar um pouquinho aqui. Tem que ser educado né. A louça dos outros é boa
também.”
(Augusto, entrevista, 2005)

A fábrica tinha clientes em Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul (ibid). Um dos clientes do Paraná, a empresa Irmãos
Gionedes, que possuía sedes em Londrina e Apucarana até hoje existe em Campo Largo. Um
dos comerciantes de Tijucas – SC, proprietário da empresa “Armarinhos Mônica” foi citado
pelo Sr. Balduíno, em seu depoimento, como um bom exemplo de comércio:

“Ele chegava aqui na fábrica, numa época que tava difícil de fazer dois, três tipos de pratos
[...], aí ele disse:’Você pegue e faça bastante decoração! [...]. ‘Porque daí eu chego num
estabelecimento se eu vender uma dúzia de prato, eu vou vender uma dúzia de barquinho, e
se eu tiver cinco tipos de prato eu vou vender cinco dúzias de prato!’ (risos)”.
(Vidal Fº, entrevista, 17 agosto 2005)

Figura 12 - Interior de armazém Loja com


produtos cerâmicos a venda de 1953. Fonte:
Imprensa Paranaense. Foto por Peter Scheier
“Aquele tempo do armazém que se pegava a erva, o açúcar o feijao tudo com aquela concha,
aí punha na balança e pesava”.
(Zita Augusto Metzel, entrevista, 15 julho 2005)

Segundo o Sr. Alberto Augusto, nunca foram necessários anúncios e propagandas da


fábrica, pois durante o auge da fábrica, onde existiam os “ambulantes” que faziam comboio para
comprar louça em Campo Largo, chegava a faltar produtos para a venda. Em complemento
ao relato, sua filha, Regina Vidal revelou que o único material promocional da fábrica foram as
“folhinhas” de calendário com o nome da empresa, elas eram distribuídas a clientes e amigos.
Outro indício de material promocional foi encontrado na própria fábrica, junto com a louça
que lá está armazenada, e se trata de um cinzeiro com a inscrição “Cerâmica Rio Branco”
impresso em decalque, e provavelmente desenhado em computador.

Figura 13 – Cinzeiro com decalque:


Cerâmica Rio Branco Fonte: foto da
autora

7. DISCUSSÃO

No Paraná, a indústria cerâmica, no período anterior à fundação da Cerâmica Rio


Branco, era caracterizada por um número muito maior de fábricas, cujos produtos eram
destinados principalmente à construção civil. Eram produtos tais como telhas e tijolos, Com
menos intensidade havia uma série de indústrias de louça de mesa. Este cenário local da
indústria cerâmica é descrito por KRETZEN (1951), do qual podemos entender o fato do Sr.
Alberto ter construído anteriormente duas olarias, uma delas a São João, para a produção de
telhas e tijolos.
Em virtude da pouca quantidade de produtores na época, havia uma oportunidade
para a abertura de fábricas de louça de mesa. Em 1950 o país avançava de modo mais
intenso no seu processo de industrialização, o que demandava com a nova classe operária
produtos para o seu consumo (KISTMANN, 2003):
“São pouco numerosas as firmas não fabricadoras de material para construções mas de
objetos de cerâmica ou vidro. Tão importante que se apresenta a industria cerâmica com
inclusão da produção de material para construções, tão insignificante é o resto da indústria
com a qual nos ocupamos aqui (...)” (KRETZEN, 1951, p.29)

Assim, a construção da Cerâmica Rio Branco se deu em uma época de surgimento de


um novo mercado consumidor, conseqüência do crescimento industrial proporcionado pelas
rendas da cafeicultura e erva-mate (MENDES, 2005, p.62).
A experiência do Sr. Augusto é fruto de uma vivência familiar, com experiência no setor
desde o seu pai, também nascido em Campo Largo. É possível perceber, nos relatos do Sr.
Alberto Augusto, que esta vivência no fazer cerâmico foi iniciada por seu pai, que atuou nas
fábricas Steatita e Brasileira. Posteriormente, esta vivência, como podemos observar no seu
relato, resultou em uma série de outros empreendimentos.
Quando iniciou sua experiência do fabrico de louça, Alberto tinha somente 14 anos.
Com uma dedicação à produção de louça de mesa e objetos de adorno de 62 anos, podemos
observar que ela se constituiu em uma série de ações que lhe deu um conhecimento empírico
no ramo: Trabalhou na Cerâmica Darcy Portela, na Cerâmica Aurora e voltou um ano depois
para a Cerâmica Darcy Portela.
A trajetória do Sr. Alberto também reflete seu caráter empreendedor, pois, antes da
construção da Cerâmica Rio Branco, ele já havia participado da construção de duas outras
fábricas, que se dedicavam à produção de telhas, tijolos e louça.
Podemos estabelecer uma comparação entre o início da produção da fábrica Rio
Branco e a produção manufatureira de louça de mesa na Inglaterra do séc. XVIII, ambas
de caráter predominantemente empírico e em que o seu proprietário. Isto porque algumas
semelhanças são identificadas, quando comparamos a descrição da firma de cerâmica de
Josiah Wedgwood (HESKETT, 1980: p.17): “Wedgwood não só foi um fantástico cientista
experimental, mas também um empresário de visão que percebeu a existência de um grande
mercado em potencial para utensílios de mesa bons e baratos”. No que se refere ao design
de louça de mesa, ambas eram caracterizadas por experimentos constantes em busca de
qualidade, beleza e baixo custo. Durante a trajetória da Cerâmica Rio Branco, a produção
era constantemente aperfeiçoada por meio das experiências do Sr. Alberto. Essa prática é
evidente no desenvolvimento do vidrado azul aplicado como decoração. Regina Vidal descreve
seu pai como “químico” da fábrica, que após observar o comportamento dos vidrados em altas
temperaturas, desenvolveu uma cor para a decoração que preservava suas características
mesmo após a queima.
Figura 14 - Bule de café da Cerâmica
Rio Branco c.1960. Foto da autora

Enquanto nos produtos da Cerâmica Rio Branco podemos observar, na década


de 50/60, um estilo eclético, que lembra a louça inglesa do século XVIII, temos, segundo
KISTMANN (2001), nos Estados Unidos uma louça caracterizada por “formas alegres,
coloridas, orgânicas” em uma produção alavancada pelo avanço da classe média. Na Europa,
observa-se uma tendência em simplificar os produtos, buscando oferecer preços mais baixos
em razão do contexto econômico da época. Já a vanguarda da louça de mesa, no período
pós-guerra, utilizava o design para se destacar no mercado.
Também se pode traçar um paralelo referente à decoração da louça que, no séc. XVIII,
já apresentava uma certa evolução nas técnicas de impressão e transferências de motivos. Na
Cerâmica Rio Branco, o processo de transferência ocorria por meio de máscaras em estanho
e, um tempo depois, polímeros. Os motivos de decoração das fábricas inglesas eram retirados
de publicações ou então livros de padrões desenvolvidos por designers e arquitetos. Tanto nas
manufaturas inglesas quanto na Rio Branco os padrões, formas e motivos eram alheios ao
processo de produção. Essa distância já ocorre no fato de os produtos serem cópias de outros
existentes e passa pela aplicação de motivos provindos de contextos diferentes. Os motivos
utilizados na decoração da louça de mesa da Cerâmica Rio Branco faziam parte do “universo
gráfico” em que Alberto Augusto vivia. Segundo Regina e Balduíno Vidal, muitas das imagens
presentes no catálogo da fábrica eram inspiradas em estampas de tecidos e toalhas de mesa.
Portanto, faziam parte da iconografia local e estavam presentes na vida dos produtores e
seus consumidores. Em busca de traçar uma comparação entre a cultura visual da época e os
motivos aplicados na louça, foram levantadas aleatoriamente imagens de revistas da época
(1953 a 1960) onde podem ser observadas certas semelhanças (TABELA 1).

“O desenho dos motivos, as cores utilizadas foram desenvolvidos ao longo do tempo em


parte como decorrência da evolução dos processos produtivos, porém sempre vinculados,
inicialmente, aos movimentos artísticos e, posteriormente, carregando uma estética
comercializada, vinculando-a ao mundo da moda e da decoração. (...) Outro fator determinante
na modificação dos hábitos de consumo de peças de porcelana foi a disseminação de revistas
e periódicos voltados para a mulher e, posteriormente, os demais meios de comunicação
utilizados pelas empresas no intuito de divulgar seus produtos e fomentar o consumo. Com
eles e por meio deles as empresas apresentavam seus novos lançamentos, que eram
noticiados e formavam uma cultura estética e de uso particulares. (...) Com isso os estilos
são também definidos a partir do que se denomina estado de espírito ou espírito de época.
(KISTMANN, 2001, p.110-111)

TABELA 1 – Semelhanças entre motivos presentes na louça e outros produtos da


época. Fonte: Catálogo de decoração Cerâmica Rio Branco; Anuário das Senhoras
v. 20, 1953, pgs 55 e 216.

Enquanto isso, o design gráfico de vanguarda no período 1950-1960 possuia uma


linguagem muito diferente da existente em publicações referentes ao cuidado do lar. Observam-
se também os contrastes entre a produção estadunidense (abundância de cores e formas
aerodinâmicas) e a européia, marcada pela simplicidade (BARNICOAT, 1972).
Na década de 70, ocorre uma redução na variedade de produtos, provavelmente
em razão de um amadurecimento quanto à segmentação de mercado, e a produção
racionalizada. O contexto econômico paranaense da época era de um grande crescimento
industrial comparado à década de 60 (IPARDES, 1981). O Sr. Alberto percebeu que as peças
conformadas em torno tinham um melhor acabamento em relação às conformadas a liquido,
pois, na segunda, era mais difícil manter uma espessura regular. Apesar de não produzir
mais tantas canecas, jarros e leiteiras, a conformação a líquido permaneceu na conformação
das travessas. Essa produção, mais racional, pode ser comparada à louça produzida nas
indústrias do início do século XX, em razão de sua decoração semelhante ao estilo Art Deco.

Figura 15 - Foto de louça da Cerâmica Rio


Branco. Foto da autora

Durante a década de 80, são aplicados os primeiros decalques, porém a decoração


com máscara em saladeiras e travessas continua a existir. Esses eram aplicados somente
nos pratos, e refletem uma certa perda de identidade nos produtos da fábrica, que costumam
ser identificados pela cor azul sempre presente em filetes e motivos decorativos. Na década
de 90, até o fechamento da fábrica, observa-se que o reflexo da situação econômica e
política vigente, afeta ainda mais a produção da fábrica, que chega a vender seus pratos em
vidrado branco. Esses pratos eram vendidos à outras empresas que aplicavam a decoração,
“agregando valor”, ao produto e obtendo lucros maiores.
Os processos desenvolvidos ao longo da trajetória da fábrica refletem o caráter
experimental da produção, e o domínio da técnica pelo Sr. Alberto. Após as primeiras
entrevistas, através de conversas informais com Alberto Augusto, Balduíno e Regina Vidal,
foi possível conhecer alguns dos “segredos” que envolviam a produção de louça na Cerâmica
Rio Branco. Segredos esses, que foram motivo de curiosidade por parte das pessoas que
visitavam a fábrica, e nos dias de hoje, as equipes de jornalismo que vêm produzindo matérias
sobre a fábrica. A sensibilidade do Sr. Alberto no fazer cerâmico é observada quando ele
relata que percebia o momento de se retirar a louça do forno pelo cheiro que sentia. Porém
foi possível observar que ele desenvolveu uma técnica única para descobrir a temperatura
correta, essa técnica utilizava-se de um pequeno recipiente de louça que ia para o forno e
era retirado com um gancho para se observar o comportamento da mesma. Quando esse
recipiente apresentava certas características, era hora de retirar a louça do forno. Esse mesmo
recipiente também foi utilizado nos testes para a obtenção do vidrado azul.
A partir de uma observação quanto à questão de gênero, percebe-se na Cerâmica
Rio Branco uma divisão sexual do trabalho, na qual a função de “chapeadeira” aparece
como uma função destinada às mulheres que aplicavam a decoração na louça através das
máscaras vazadas. A outra funcionária relatada, que não “chapeadeira”, era responsável
pelo acabamento da louça após a conformação. Interessante observar que havia homens
responsáveis pela decoração, no entanto exerciam a função de aplicação do filete. Esse tipo
de organização do trabalho é observável em várias fábricas, e foi analisado por MACHADO
(2003) na Indústria Senegália, localizada em São José dos Pinhais, Paraná.

“No campo das relações de gênero, ficam patentes as formas como normatizações sociais e
organização do trabalho se retro-alimentam para manutenção dos papéis sociais atribuídos
aos gêneros. Nesse aspecto, chegamos a um ponto crucial da divisão sexual do trabalho, que
também se traduz pela divisão técnica”.
(MACHADO, 2003, P.147.)

Através do registro dos produtos e dos relatos dos indivíduos ligados à Cerâmica Rio
Branco, é possível desenhar o cenário que levou ao fechamento da fábrica. O contexto em
que deu-se o fechamento é o da grande redução da produção de louça na região de Campo
Largo, encontrado em relatório do IPARDES (2003) que analisou os Arranjos Produtivos
Locais paranaenses na década de 90.

“Alguns segmentos da região metropolitana Sul-Curitiba apresentaram queda expressiva de


participação e mesmo redução no nível de atividade e emprego. (...) Os segmentos de minerais
não-metálicos vinculados à construção civil (cerâmica vermelha, revestimentos, louças
sanitárias e telhas) tiveram sua dinâmica fortemente afetada pela retração da construção
civil nos anos 90. O setor de cerâmica vermelha sofre também os efeitos negativos do
atraso tecnológico e da desqualificação da mão-de-obra. As indústrias de louças e porcelana
entraram em forte crise, com a concorrência da porcelana chinesa, provovada pela abertura
de mercado.”
(IPARDES, 2003, p.41, grifo da autora)

Também foi possível perceber a falta de estratégias a fim de conquistar novos mercados, pois
com o fim dos “ambulantes”, a fábrica não desenvolveu nenhuma forma de divulgação de seus produtos
em outros meios, já que a venda sempre foi feita no interior da fábrica. Nos depoimentos é corrente
o uso da palavra freguês, refletindo uma relação com os clientes na base da amizade e confiança, e
que muitas vezes resultava na falta de pagamento. Outro problema também relatado foi a migração de
funcionários para as grandes indústrias que se instalaram na região, provavelmente porque ofereciam
melhores condições de emprego, segundo o Sr. Alberto, os funcionários que permaneceram na fábrica
eram “muito ruins”.
8. CONCLUSÕES

Com este trabalho, é possivel identificar alguns elementos de influência na gestão do design de
louça de mesa na região de Campo Largo. Pois nele é possível visualizar uma trajetória que resultou no
fechamento da fábrica ocorrido principalmente em conseqüência da falta de estratégias competitivas
frente ao cenário econômico, político e cultural da época.
No entanto, por possuir informações baseadas na pesquisa oral, muitos dados permanecem
ocultos, e que por falta de perspicácia da pesquisadora no momento das entrevistas, não foi possível
identificá-las. Mas percebeu-se que esse tipo de imersão deve considerar um grande período de tempo,
para que a relação com os entrevistados seja mais íntima. Uma continuidade do trabalho a partir de
agora, permitiria uma complementação do material, permitindo avançar nas discussões propostas.
Além desta análise, com o banco de imagens coletadas, é possível um maior aprofundamento
no que se refere ao design de louça de mesa em novas pesquisas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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KISTMANN, Virginia Souza de Carvalho Borges. A caracterização do design nacional em um
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MACHADO, Maria Lúcia Büher. O Cotidiano do Trabalho na Indústria Senegaglia (1936-1976):


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(Mestrado em Tecnologia) – Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, Curitiba,
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MENDES, Mariuse Dunajski. Tradição e Modernidade na produção de móveis artesanais com


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VIDAL Fº, Balduíno. Entrevista concedida a Suelen Caviquiolo. Campo Largo: 2005.

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REFERENCIAS DAS FIGURAS

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FIELL, C. J.; FIELL, P. M. Design do Século XX. Köln: Taschen, 2001.

SERVIÇO DE IMPRENSA DO PARANÁ. Paraná 1953, Edição comemorativa do 1º Centenário


do Estado do Paraná. Fotos: Peter Scheier. Imprensa Paranaense.

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